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1 Letramento UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte CCHLA – Departamento de Letras Alana Driziê Dayveson Noberto Fernanda Nayara

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Letramento

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do NorteCCHLA – Departamento de Letras

Alana DriziêDayveson NobertoFernanda Nayara

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Sumário

• O que não é letramento

• O que é, então, letramento?

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O que não é letramento

Letramento não é:

Método

Alfabetização

Habilidade

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Letramento não é um método

• Vários professores entendem que o método do processo de aprendizagem da escrita é um fator determinante no desenvolvimento do aluno. Por isso, buscam abordagens metodológicas que compreendam esse ponto da educação.

• Um exemplo dado pela autora é sobre o “método Emília Ferreiro”, a qual como pesquisadora de psicologia escreveu sobre o desenvolvimento da criança e como professora falou sobre a melhor forma de ensinar escrita, resultados esses que foram transformados em método.

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Letramento não é um método

• Não existe um “método de letramento”, mas a imersão da criança no mundo da escrita, e essa imersão podem ser:

a) Adotar práticas diárias de leituras de livros, revistas e jornais em sala de aula;

b) Arranjar paredes, chão e mobília da sala de tal modo que textos, ilustrações, alfabeto, calendários, livros, jornais e revistas penetrassem todos os sentidos do aluno-leitor em formação;

c) Fazer um passeio-leitura com os alunos pela escola ou pelo bairro.

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Letramento não é alfabetização

• Trata-se de dois conceitos diferentes, mas que estão associados, uma vez que a “alfabetização é uma das práticas de letramento que faz parte do conjunto de práticas sociais de uso da escrita da instituição escolar”. Portanto, a alfabetização é inseparável do letramento.

• Tendo a alfabetização como uma prática, envolve diversos saberes, tipos de participantes e os instrumentos pedagógicos. A alfabetização são eventos restritos a sala de aula, onde o professor se encarrega de ensinar sistematicamente o código lingüístico e o funcionamento de uso.

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Letramento não é alfabetização

• A alfabetização se refere também ao processo de aquisição das primeiras letras (alfabético) e, como tal, envolve sequência de operações cognitivas, estratégias, modos de fazer. Quando se fala que uma criança está sendo alfabetizada, se trata da aprendizagem do sistema da língua escrita (ortográfico).

• Uma pessoa pode ser considerada analfabeta, mas nunca iletrada. Pois, mesmo não sabendo código lingüístico, a pessoa está imersa na sociedade sabendo reconhecer a função de um bilhete, da carta e de rótulos.

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Letramento não é habilidade

• O letramento, embora exija

habilidades e competências nas

situações que envolvam a língua

escrita, como a leitura de um jornal,

vai mais além do que esse conjunto de

habilidades. É necessário que tenha

também conhecimento de mundo e

outras leituras que lhes façam

reconhecer determinados aspectos.

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Então, o que é o letramento?

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Como surgiu o conceito de letramento

• Original: literacy

• Mary Kato

No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguistica (1986)

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Como surgiu o conceito de letramento

• Paulo Freire: alfabetização como prática sociocultural de uso da língua escrita, podendo ser libertadora.

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Como surgiu o conceito de letramento

• Surge o letramento como um conjunto de práticas de uso da escrita que vêm se modificando na sociedade, mais amplo do que a escrita escolar.

Práticas sociais de uso da escrita

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Abrangência

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Prática coletiva e colaborativa

Prática coletiva e colaborativa

versus

Prática individual e competitiva

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Prática coletiva e colaborativa

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Prática situada

Prática situada

versus

Abstração

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Prática situada

• Nas práticas de letramento, os objetivos, os modos de realizar as atividades, os recursos mobilizados pelos participantes, os materiais utilizados serão diferentes segundo as características da situação, da atividade desenvolvida e da instituição.

• Segundo o ‘modelo ideológico’ proposto por Street (1984), o letramento não corresponde a um fenômeno universal (‘modelo autônomo’), mas a um conjunto de práticas sociais ligadas à leitura e à escrita em lugares específicos, para objetivos específicos. A escola, portanto, deve ser vista como detentora de um contexto específico.

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Prática situada

• “Embora as práticas variem substancialmente no que diz respeito à sua natureza e complexidade, três características básicas podem ser a elas atribuídas, segundo Chouliaraki e Fairclough (1999): a) são formas de produção de vida social, não apenas no sentido de que produzem um efeito econômico, mas no sentido de que produzem também efeitos culturais e políticos; b) são localizadas dentro de uma rede de relações com outras práticas, sendo que as relações externas determinam a sua constituição interna; têm uma dimensão reflexiva, haja vista que as pessoas constantemente geram representações a respeito do que fazem”. (OLIVEIRA, 2008).

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Situação 1

• Instituição: escola localizada em um assentamento rural• Situação: aulas de Língua Materna na EJA• Eventos de letramento locais: • Recontar histórias da tradição oral – lendas do folclore• Relatar acontecimentos reais – “causos pitorescos”• Anotar modo de preparo de alimento – receita culinária• Adquirir produtos na “venda” local – nota de compra,

fatura• Comprar mediante pagamento adiado – caderneta de fiado• Verificar data de vencimento do produto na embalagem –

embalagem• Verificar a data da vacinação – panfleto da campanha de

vacinação• Marcar a colheita no caderno – registro de produção• Ler histórias da Bíblia – parábola• Assistir ao culto ou missa – oração, ladainha, cântico

religioso• Ler (escutar) letra de canção sertaneja - Música

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Situação 1

• Atividades: elaboração de cartazes e convites divulgando a festa na igreja da comunidade, escrita de textos instrucionais sobre o manuseio de uma ferramenta de trabalho para a lida no campo, elaboração de um relatório sobre o que foi semeado na terra...

• Evento de letramento: • Participantes: alunos alfabetizados (adultos)• Material: cartolinas, canetas, tinta...• Ações: para a primeira atividade – escolher e

comprar o material, escrever o texto do cartaz e anexá-los em locais que permitam a sua visibilidade, preencher convites e entregá-los às pessoas que não moram na região...

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Situação 2

• Instituição: escola privada localizada em uma zona nobre da capital potiguar

• Situação: aulas de Língua Materna no ensino fundamental• Eventos de letramento locais:• Leitura de jornais – vários • Leitura de livros – vários• Elaborar planilhas – planilha de vendas, planilha de

despesas...• Programar atividades – agenda• Sacar ou depositar dinheiro – vários• Pagamento de contas – cata de água, conta de luz, conta de

telefone...• Leitura de narrativas – contos, fábulas...• Acesso às redes sociais – depoimentos, recados, perfil• Verificar a caixa de e-mail – e-mail

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Situação 2

• Atividades: preparação de uma receita culinária, encenação de uma peça teatral, leitura de contos, fábulas e lendas, escrita de uma carta ...

• Evento de letramento:• Participantes: alunos analfabetos

(crianças)• Material: alimentos, livros, lápis,

papeis...• Ações: para a primeira atividade –

escolher uma receita, comprar os ingredientes, preparar a iguaria e distribuí-la entre os alunos e professores.

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Mesmo texto, diferentes leitores e diferentes modos de ler

Situação 3

Situação 4

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Mesmo sujeito, diferentes práticas

• “Assim como um mesmo texto pode ser lido de modos diferentes segundo os elementos da situação que contextualizam a leitura, um mesmo leitor mobiliza diferentes estratégias, saberes e recusos de leitura (e deprodução textual) segundo as características da prática situada”. (KLEIMAN, 2005)

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Enfim...

[...] os letramentos, vistos como práticas sociais, necessitam ser melhor entendidos nos seus contextos sociais e históricos; são fruto de relações de poder; servem a propósitos sociais na construção e troca de significados; formatam e são formatados pela cultura; sofrem interferência de posições ideológicas, podendo estas serem explícitas e implícitas; são dinâmicos à medida que são determinados por injunções de natureza econômica (globalização), tecnológica (recursos da mídia e da internet), política (políticas públicas de educação) e histórica (certas práticas valorizadas numa determinada época que perdem o seu valor noutro tempo). [...] (OLIVEIRA, 2008, p.329)

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Bibliografias

KLEIMAN, A. Linguagem e Letramento em foco. Cefiel / IEL / Unicamp. 2005

OLIVEIRA, Maria do Socorro; KLEIMAN, Angela Bustos (Org.). Letramentos múltiplos: agentes, práticas, representações. Natal/RN: EDUFRN, 2008.

OLIVEIRA, Maria do Socorro. Projetos de Letramento e formAÇÃO de professores de língua materna. / Maria do Socorro Oliveira, Glícia Azevedo Tinoco, Ivoneide Bezerra de Araújo Santos – Natal: EDUFRN, 2011.