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15 1 INTRODUÇÃO 1.1 – O Lixo Urbano Gerado pelas Embalagens Descartáveis de Bebidas. A poluição causada pelo descarte de embalagens é responsável por inúmeros prejuízos ao meio ambiente, à saúde e à segurança da população. A escala dos problemas é gigantesca. Praticamente todas as áreas urbanas do país convivem com inundações provocadas pelo assoreamento de valas, rios e canais, pelo entupimento de galerias pluviais, cursos d’água, contaminação do solo e do lençol freático. As embalagens empilhadas nas encostas ocasionam desabamentos e a sua incineração sem controle, que ocorre com freqüência, produz dioxinas cujos efeitos nocivos à saúde humana não são completamente conhecidos. (IBAM, 2000). O problema agravou-se demasiadamente nos últimos anos com o advento da chamada “cultura do descartável”, onde passamos a seguir os atuais padrões de consumo dos países capitalistas (1º mundo), que dão preferência às embalagens descartáveis por constituírem uma comodidade para os usuários e uma grande fonte de lucro para as empresas. Este consumismo irresponsável é uma das características mais marcantes do mundo contemporâneo. (DIAS & ROSAS, 2000). Apesar da comodidade oferecida à sociedade e do lucro auferido pelas empresas, o custo relacionado ao aumento considerável da geração de embalagens e resíduos de embalagens provenientes do pós-consumo ficou somente a cargo do poder público, sobrecarregando a coleta, os aterros, diminuindo a sua vida útil e tornando crescente as suas externalidades. (BUGLIONE, 2000). Junto a estes fatos, a dificuldade em se estabelecer normas para destinação das embalagens descartáveis (plásticas, vidros, latas, papéis) e a existência cada vez menor de

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INTRODUÇÃO

1.1 – O Lixo Urbano Gerado pelas Embalagens Descartáveis de Bebidas.

A poluição causada pelo descarte de embalagens é responsável por inúmeros prejuízos

ao meio ambiente, à saúde e à segurança da população. A escala dos problemas é gigantesca.

Praticamente todas as áreas urbanas do país convivem com inundações provocadas pelo

assoreamento de valas, rios e canais, pelo entupimento de galerias pluviais, cursos d’água,

contaminação do solo e do lençol freático. As embalagens empilhadas nas encostas ocasionam

desabamentos e a sua incineração sem controle, que ocorre com freqüência, produz dioxinas

cujos efeitos nocivos à saúde humana não são completamente conhecidos. (IBAM, 2000).

O problema agravou-se demasiadamente nos últimos anos com o advento da chamada

“cultura do descartável”, onde passamos a seguir os atuais padrões de consumo dos países

capitalistas (1º mundo), que dão preferência às embalagens descartáveis por constituírem uma

comodidade para os usuários e uma grande fonte de lucro para as empresas. Este consumismo

irresponsável é uma das características mais marcantes do mundo contemporâneo. (DIAS &

ROSAS, 2000).

Apesar da comodidade oferecida à sociedade e do lucro auferido pelas empresas, o

custo relacionado ao aumento considerável da geração de embalagens e resíduos de

embalagens provenientes do pós-consumo ficou somente a cargo do poder público,

sobrecarregando a coleta, os aterros, diminuindo a sua vida útil e tornando crescente as suas

externalidades. (BUGLIONE, 2000).

Junto a estes fatos, a dificuldade em se estabelecer normas para destinação das

embalagens descartáveis (plásticas, vidros, latas, papéis) e a existência cada vez menor de

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áreas disponíveis para a disposição final, tornou as embalagens descartáveis um dos grandes

problemas dos municípios brasileiros.

“Os lixões e aterros sanitários começaram a receber diariamente um volume de lixo muito maior, com toneladas e mais toneladas de latas e garrafas de refrigerante, embalagens longa vida, garrafas plásticas, lâmpadas, pilhas e baterias de celulares, tornando insuficiente o serviço de coleta prestado pelo Poder Público”. (LEITE, 2000).

A título de exemplificação, temos o caso das indústrias de refrigerante que

substituíram os vasilhames de vidro ou “cascos”, pelas garrafas plásticas conhecidas como

“PET” (politereftalato de etileno). Há pouco tempo atrás, a troca dos vasilhames fazia parte da

cultura popular, havendo quase que um perfeito ciclo de reaproveitamento que foi quebrado

pelo surgimento do PET. (DIAS & ROSAS, 2000).

Para os consumidores, as garrafas que utilizam a resina PET possuem inúmeras

vantagens: são leves, seguras e resistentes a choques. Para os fabricantes é um investimento

muito barato, ao contrário do que ocorria com as garrafas de vidro, o que acabou reduzindo o

preço do produto final, tornando-o mais acessível. (GONÇALVES, 1997)

Ocorre que, sendo necessários mais de 100 (cem) anos para que o PET se decomponha

na natureza, a sua disposição feita em aterros dificulta e prejudica a decomposição dos

materiais biologicamente degradáveis, pois criam camadas impermeáveis que afetam a troca

de líquidos e gases gerados no processo de biodegradação da matéria orgânica.(PINTO,

1995).

Além deste problema, as embalagens plásticas lançadas indevidamente no ambiente,

acumulam-se nas galerias pluviais e encostas de morros, contribuindo para inundações e

deslizamentos em comunidades de baixa renda. (IBAM, 2000)

São seis bilhões de garrafas PET ao ano, o equivalente à população do Planeta. Segundo

depoimento do ex-presidente de Portugal, Mário Soares, atual coordenador da fundação

Oceanos, 60% do lixo oceânico atual é originário das embalagens de resíduos plásticos, dentre

as quais, 60% são representadas pelos vasilhames PET. (http://pragas.terra.com.br, acesso em

12/07/2004).

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“No Rio de Janeiro, essas garrafas são responsáveis por mais de 50% do volume de lixo flutuante encontrado na Baia da Guanabara, levadas ao mar principalmente pelas chuvas fortes” (DIAS & ROSAS, 2000).

Hoje, devido a suas propriedades como transparência, resistência mecânica, brilho e

barreira de gases, a resina de PET está sendo utilizada em outras linhas de produtos, como

óleos comestíveis, isotônicos, água mineral, produtos de higiene e limpeza, cosméticos e

fármacos. (www.abipet.com.br).

Estudos sobre o tema de geração de lixo de embalagens e resíduos de embalagens,

provenientes do pós-consumo passaram a ser relevantes, na medida que podem contribuir para

a solução deste problema e conseqüentemente, para a minimização do impacto ambiental.

Além disso, podem trazer benefícios às empresas através de ganhos econômicos, a população,

ganhos sociais e ambientais, aos municípios com ganhos ambientais e financeiros, decorrentes

da redução de custos com disposição e coleta do lixo. (ROLIM, 2000).

Segundo WIEBECK (1997), Dentre os materiais recicláveis, as embalagens (pets,

tetra-pack, latas) representam um resíduo de grande aceitação para ser submetido ao processo

de reciclagem.

Em DEMAJOROVIC (1995), os resíduos sólidos possuem valor econômico agregado,

podendo ser reaproveitados. O mesmo autor afirma que:

“... em contraposição aos antigos sistemas de tratamento desses resíduos, que tinham como prioridade à disposição destes, os atuais devem ter como prioridade um “ecological cycle management”, o que significa a montagem de um sistema circular, onde a quantidade de resíduos a serem reaproveitados dentro do sistema produtivo seja cada vez maior e a quantidade disposta, menor” (DEMAJOROVIC, 1995).

Então, as prioridades na gestão dos resíduos sólidos urbanos deve ser primeiramente a

redução da geração desses resíduos, através de mudanças de hábitos de consumo e a produção

de produtos com menor quantidade de material, feitos de material reciclável. Depois, a

preocupação deve se voltar para a sua destinação: reuso, reciclagem, incineração e disposição,

nesta ordem. (DEMAJOROVIC, 1995 VALLE, 1995).

Diante desse quadro, perguntamos: a atividade produtiva e de comercialização não

pode mais ficar alheia aos problemas que ela mesma trouxe com o lançamento desses

produtos no mercado, cada empresa deve assumir as responsabilidades que lhe cabe pelo

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modo como afetam o meio ambiente e a qualidade de vida das pessoas? A atividade

empresarial deve internalizar uma parte dos custos externos que foram impostos injustamente

à coletividade de uma maneira geral, já que os mais prejudicados com a poluição por eles

gerada, no caso dos resíduos sólidos mais especificamente, são as camadas mais pobres que

não possuem acesso a esses produtos.

Flagrante incoerência, pois aqueles que não consomem ou menos consomem são os

mais lesados pela poluição, são os que pagam o custo social e ambiental do

“desenvolvimento”. Mas, como impedir, a difusão indeterminada e injusta desses custos para

toda a sociedade, onde a maioria paga indiscriminadamente sob a forma de péssima qualidade

de vida, especialmente as populações de baixa renda?

1.2 – Objetivos

1.2.1 – Objetivo Geral

- Determinar uma forma de atuação responsável, quanto à geração do lixo de

embalagens e resíduos de embalagens provenientes do pós-consumo e que ao mesmo tempo

promova e assegure a inclusão social dos catadores e cooperativas de catadores:

1.2.2 – Objetivo Específico

- Descrever o funcionamento da proposta de distribuição reversa.

- Mensurar os ganhos que trará a proposta à sociedade se for implementada

- Identificar aspectos legais da proposta que se antecipe ao cumprimento das

obrigações legais ou que antecipam as legislações ambientais

1.3 – Justificativa

No Brasil, ainda há um longo caminho a ser percorrido para que sejam

implantadas ações que de fato contemplem o entendimento sistêmico para os resíduos sólidos

oriundos de embalagens e resíduos de embalagens descartados após o uso pelo consumidor

final.

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Este tema vem ganhando enorme importância, em razão da urgente

necessidade de se dividir os custos da prevenção e recuperação do meio ambiente com as

empresas, principalmente aquelas que estão diretamente vinculadas à cadeia de embalagens

(fabricantes, envasadores, e varejista).

É bom lembrar que no Brasil não há legislação específica que responsabilize as

empresas pelo ciclo total de suas mercadorias. Além de que o referencial bibliográfico é

disperso e é raro estudo sobre a responsabilidade pós-consumo de embalagens de bebidas

PETs, apesar de que sua disposição inadequada ser uma grande fonte de poluição para o meio

ambiente e sua coleta um grande ônus para o Poder Público (DIAS & ROSAS, 2000)

O presente trabalho é inovador, pois apresenta uma tentativa de se promover a

internalização dos custos ambientais propondo um modelo, uma infra-estrutura que possibilite

o retorno destes resíduos e seu posterior aproveitamento. Tenta com isso criar uma

oportunidade de negócio, responsabilizando toda a cadeia de embalagens pelos problemas

gerados com a venda de seus produtos.

1.4 – A Estrutura da Dissertação

Esta dissertação está dividida em nove capítulos. O primeiro capítulo introduz o

problema da pesquisa dando uma visão geral da situação das embalagens e os resíduos de

embalagens provenientes do pós-consumo, além de trazer o problema da pesquisa, os

objetivos, a justificativa e a estrutura apresentada na seqüência.

Procedeu-se no segundo capítulo desta dissertação à revisão da literatura,

considerando a problemática das embalagens e resíduos de embalagens como um todo, e

trazendo à tona a discussão da logística reversa e da reciclagem implantados no mundo

através de instrumentos de comando e controle. Foram relatadas as experiências desta

logística reversa nos Estados Unidos da América, na Comunidade Européia e no Brasil.

No terceiro capítulo descreve-se o procedimento metodológico utilizado para realizar a

pesquisa de campo, com a delimitação da pesquisa, tipos de coleta e análise dos dados.

Analisa-se no capítulo quatro os dados referentes ao sistema de gestão do lixo urbano,

sua produção, os custos dos serviços de limpeza pública e a composição física do lixo

domiciliar do municipio de Manaus.

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O capítulo cinco apresenta o mercado de bebidas no Brasil, a produção e consumo de

bebidas não alcoólicas envasadas em embalagens de politereftalato de etileno e o índice de

reciclagem destas embalagens.

No capitulo seis é exposto o mercado de bebidas não alcoólicas e de embalagens de

politereftalato de etileno no municipio de Manaus, dimensionando sua produção, consumo e a

reciclagem.

O capitulo sete abordar a viabilidade econômica da reciclagem, esboçar a proposta de

logística reversa e apresenta as conclusões da pesquisa.

Nos capítulos finais são elencados as referencias bibliográficas utilizadas e os anexos

do estudo.

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A LOGÍSTICA REVERSA E A RECICLAGEM

“Entre as diferentes variáveis que afetam o ambiente de negócios, a preocupação ecológica da sociedade tem ganhado um destaque significativo, tendo em vista sua relevância para a qualidade de vida das populações” (DONAIRE, 1995).

Alguns canais reversos se estruturam normalmente pelas leis de mercado e pelo fato de

sua comercialização e sua reutilização apresentarem condições econômicas, tecnológicas e

logísticas que garantem a rentabilidade aos agentes envolvidos em seus diversos elos. Mas, na

maioria dos casos, os custos somados da coleta dos produtos de pós-consumo até a sua

reintegração ao ciclo produtivo superam as vantagens econômicas de reutilizá-los em

substituição as matérias-primas originais, sendo necessário criar condições para desbloquear

estes canais, para que eles se estruturem e apresentem rentabilidade operacional em todas as

suas fases.

“Estas condições são identificadas como de intervenção governamental e alteram as condições naturais de equilíbrio do mercado e são uma reação aos impactos causados no meio ambiente pelo excesso dos resíduos do pós-consumo e pela sua crescente dificuldade de disposição final”. (LEITE, 2003).

Estas regulamentações têm sido promulgadas em diversos países e visam intervir em

fases reversas, de modo a melhorar a oferta e o aproveitamento de resíduos de pós-consumo

disponíveis, as condições de mercado dos produtos confeccionados com materiais reciclados,

etc. (FULLER & ALLEN, 1995).

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Uma das idéias básicas que orientam estas legislações é responsabilizar os fabricantes,

direta ou indiretamente, pelo impacto de seus produtos no meio ambiente, por meio de leis

dirigidas às etapas de reciclagem ou, indiretamente, por meio de proibições de disposições em

aterros sanitários, de uso de certos tipos de embalagens plásticas até a devida utilização e

estruturação dos canais reversos. (LEITE, 2003).

“Os governos, como agente destas mudanças, têm representado um papel importante no desenvolvimento de alguns canais reversos, pois a implantação por parte das empresas de canais reversos, em muitos casos desonera dos custos o próprio governo e, conseqüentemente a sociedade, criando condições de viabilidade econômica em diversas etapas reversas de determinado material ou grupo de produto do pós-consumo. Propiciando melhores condições de implementação destes fluxos reversos, organizando os canais de distribuição reversos e estabelecendo novas relações de interesse econômico e parcerias entre as empresas” (FULLER & ALLEN, 1995).

Esta maior percepção e sensibilidade ecológica manifestada pela sociedade e pelos

governos por meio de legislações restritivas, exigem por parte das empresas uma redefinição

no seu papel perante o meio ambiente. O exemplo de diversos países tem mostrado que as

empresas freqüentemente se antecipam e colaboram com o poder público no correto

estabelecimento destas legislações. Desenvolvem programas, diretrizes e estratégias de gestão

de resíduos; estabelecendo parcerias e constituindo suas redes de distribuição reversas,

tornando os seus produtos menos agressivo ao meio ambiente. (LEITE, 2000)

Destacamos as principais legislações e experiências identificadas em diversos países

sob a visão da logística reversa, ressaltando alguns aspectos que ajudam a criar, modificar ou

implantar a cadeia reversa de pós-consumo e implementar seu funcionamento sem a

pretensão, de exaurir todos os aspectos abordados.

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2.1 - A Logística Reversa e a Reciclagem nos EUA

“Os Estados Unidos, continua gerando volumes crescentes de resíduos. Em 2000 foram gerados 409 milhões de toneladas de resíduos sólidos, já em 2002 483 milhões de toneladas de resíduos sólidos. Dados estes baseados em informações de 47 estados, não incluídos o Alabama, Alasca e Montana”. (KAUFMAN, 2004).

Segundo LEITE (2003), os Estados Unidos, de uma forma geral, tem se revelado

muito atuante e intervencionista quanto as legislação sobre resíduos sólidos, acreditando

intensamente na reciclagem como solução para os mesmos e orientando legislações

responsabilizando principalmente os governos locais para as soluções dos problemas. Para se

ter uma idéia da carga legislativa, entre os anos de 1988 a 1991 foram promulgadas cerca de

400 novas leis e regulamentações sobre resíduos sólidos e reciclagem no país. Além de outras

visando os aspectos da procura de materiais de pós-consumo, incentivando sua adoção,

provocando significativa modificação e estabelecendo novas relações de interesse econômico.

“Grande parte dessas legislações restringe a criação de novos aterros, forçando a redução de resíduos sólidos domiciliares, a redução na concepção dos bens e de suas embalagens, a reciclagem e a incineração de materiais, visando evitar os custos sociais impostos pelo crescimento das quantidades dos resíduos domiciliares” (FULLER & ALLEN, 1995).

Todo este movimento legislativo, no sentido de melhorar as condições de coleta

(captação) dos materiais de pós-consumo, se deveu à famosa crise dos aterros sanitários

americanos dos anos 80, onde cerca de 70% dos mesmos ou foram considerados saturados ou

foram impedidos de receber certos tipos de produtos de pós-consumo, pneus, baterias, listas

telefônicas, móveis velhos, etc., (produtos de pós-consumo de bens duráveis não eram aceitos

há longo tempo nestes aterros). (LEITE, 2003).

“Nos Estados americanos, destacam-se três grandes grupos de regulamentações: leis sobre a disposição final dos produtos e sistema de coleta seletiva; leis para o incentivo de mercado para produtos com um conteúdo mínimo de reciclados e leis relativas à redução de resíduos na fonte” (LEITE, 2003).

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Como conseqüência das leis sobre disposição final nos aterros sanitários e coletas

seletivas obrigatórias, o número de programas de coleta seletiva aumentou de 1.042

programas, em 1988 para 5.404 programas, em 1992 e para 8.800 programas em 1996. Em

2001, 9.709 programas foram informados na pesquisa, diminuindo para 8.875, em 2002.

(EPA, 2002). Essas legislações alteraram bastante a quantidade de resíduos sólidos destinados

aos aterros, reduzindo em cerca de 25% (BIOCYCLE, 2002).

Figura 2.1 – E.U.A - Número de Programas de reciclagem FONTE: U.S ENVIROMNENTAL PROTENCTION AGENCY <www.epa.gov/epaoswer/non-hw/muncpl/factbook/4-5.pdf > acesso em 25.07.2004

Este aumento expressivo de coletas seletivas apresentou resultados tão expressivos que

o aumento da oferta de produtos descartáveis superou substancialmente a demanda para os

mesmos, o que provocou desequilíbrios nos preços destes materiais e dificuldades

conseqüentes no mercado em geral. (KAUFMAN, 2004).

Para compensar este desequilíbrio de oferta houve necessidade de legislações de

incentivo ao uso de reciclados como leis sobre produtos com certo conteúdo de reciclados,

governos incentivando as compra destes produtos, etc. As leis de conteúdo de reciclado

dispõem sobre um certo mínimo destes no produto final e estão presentes em grande parte dos

estados americanos, principalmente no caso do papel de imprensa e em menor escala para as

sacolas de plásticos, vasilhames de plásticos, de vidro e listas telefônicas (LEITE, 2003).

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“Com a legislação de aumento de papel reciclado nos jornais norte-americanos, ocorreu enorme crescimento da rede de fábricas especializadas na eliminação das tintas de papeis de pós-consumo para a sua reciclagem. Quando da promulgação das primeiras Leis nos Estados de Connecticut e da Califórnia, em 1989, havia 9 fábricas especializadas neste tipo de operação. Em 1992, esse número havia aumentado para 27 fábricas, com projetos de mais 12 fábricas em curso naquele ano”. (CONSIL LOGISTIC MANAGEMENT, 1993).

As legislações sobre produtos duráveis, por vezes denominadas taxas de disposição

avançadas são projetadas para internalizar os custos do gerenciamento de resíduos sólidos dos

produtos industrializados e suas embalagens. De fato, a taxação de produtos representa uma

taxa externa através da qual os produtos são "penalizados" de acordo com seu potencial

lesivo. Desse modo, a taxação de produtos não inclui somente o custo de industrialização de

um determinado produto, mas também o custo estimado ao meio ambiente pela disposição de

tal produto e sua embalagem. Exemplos comuns de itens de referência na taxação de produtos

nos Estados Unidos são baterias, fraldas descartáveis, pneus e óleos de motores usados. Estas

taxações sobre produtos foram dirigidas, aos fabricantes e estabeleceu uma maior

responsabilidade empresarial. Os fabricantes passaram a ser responsáveis pela organização

dos canais reversos dos produtos após seu fim de vida, organizando a coleta, o desmanche e a

reciclagem ou o reuso dos componentes. No caso dos plásticos, umas séries de legislações

foram criadas relativo à redução de peso de embalagens, número mínimo de reutilização das

embalagens, embalagens com conteúdo crescente de reciclados, chegando até a 50% em 2002

(TAYLOR, 2000).

“Taxas de disposição são pagamentos feitos pelos manuseadores de resíduos pela disposição final de Resíduos Sólidos Municipais (RSM), tanto para incineração, como para aterros sanitários. Por causa da conveniência da medição, essas taxas são geralmente baseadas no peso e não no volume. Em alguns casos, as taxas são diferenciadas de acordo com o potencial em particular de algumas classes de resíduos causarem danos ao meio ambiente. Por exemplo, a taxa de disposição por tonelada de resíduos oriundos da construção civil (entulho) será menor do que para a disposição de resíduos orgânicos oriundos de domicílios e estes custarão menos do que a disposição de pneus de veículos ou óleo de motor utilizado. Recentemente, as taxas de disposição aumentaram consideravelmente. O grande aumento dessas taxas foi ocasionado por causa da crescente escassez de áreas disponíveis para a disposição de resíduos em muitas áreas urbanas, das síndromes "não no meu quintal" (NIMBY) e "não aceitação de utilização da área próxima" (LULU) e crescentes exigências das normas ambientais que devem ser atendidas na implantação de novos aterros sanitários. Exemplos dos aumentos por tonelada das taxas de aterros são um aumento para o dobro em Minneapolis, Minnesota, entre 1982 e 1992 e aumentos médios nos

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Estados Unidos oscilando entre 43% no Sul e 269% no Nordeste entre 1986 e 1990”. (TAYLOR, 2000).

Vários sistemas são utilizados pela rede de distribuição direta dos produtos no sentido

de incentivar estes canais, desde o depósito monetário obrigatório na compra do bem

(depósito / retorno), como forma de garantir a devolução após o uso, como taxas monetárias

para fundos de pesquisa de reciclagem acrescidas ao preço de venda do produto. O

instrumento depósito/retorno é aplicado a produtos e embalagens que são duráveis,

reutilizáveis ou recicláveis, e que não são consumidos ou dissipados durante o consumo. Os

itens predominantemente cobertos por estes sistemas são embalagens de bebidas (mais

comumente de aço, alumínio ou vidro). Em determinadas situações, outros itens também são

cobertos como: baterias, lâmpadas, latas de tinta, etc. (KAUFMAN, 2004).

Estes sistemas são utilizados para proverem incentivos para a redução de resíduos,

como: reenchimento de embalagens de bebidas, seletividade de resíduos (reciclagem de

embalagens de bebidas não-reutilizáveis) e redução do volume de lixo. Os consumidores

incorrem em dois custos principais com esses sistemas: maiores preços dos produtos (para

cobrir os custos das embalagens) e a inconveniência de terem que separar, estocar e

posteriormente retornar as embalagens aos centros de coleta, o que é pior do que

simplesmente jogar no lixo de casa. Em compensação a esses custos, no entanto, tem-se a

satisfação psicológica ambiental que as pessoas sentem ao retornarem as embalagens para

reutilização ou reciclagem e a satisfação pessoal interna obtida com o recebimento com o

pagamento do reembolso pelo retorno dos containeres. (LEITE, 2003).

Além de toda esta legislação, os EUA têm uma larga experiência com os sistemas de

taxas variáveis - primeiro sistema conhecido de taxa variável foi estabelecido nos EUA, em

1916. Com os sistemas de taxas variáveis, os munícipes (domicílios) pagam pela coleta e

disposição de RSM de acordo com a quantidade de lixo gerado. Neste sistema os munícipes

sabem que, quanto mais resíduos eles geram, mais eles terão que pagar pela coleta e

disposição dos mesmos. Para evitar pagar mais, eles buscarão alternativas para reduzir sua

disposição de resíduos através de redução na geração e seletividade, em vez de gerarem toda a

quantidade de lixo que em outra situação eles estariam inclinados a fazerem. Tendo em vista

este efeito de substituição no comportamento dos munícipes, a minimização de resíduos é

geralmente muito maior do que os efeitos na renda dos munícipes, os sistemas de taxas

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variáveis exercem um papel mais importante do que os de taxa única no gerenciamento de

RSM. (PRICE, 2001)

As opções mais comuns de sistemas de taxas variáveis são: sistemas variáveis de latas

de lixo, no qual os munícipes optam por um número e tamanho determinado de latas de lixo

para serem coletadas; sistemas sacola pré-paga, selo ou etiquetas, nos quais as agências de

coleta de lixo somente coletam o lixo disposto em referidas sacolas ou exibindo determinados

selos ou etiquetas; sistemas baseados no peso nos quais os munícipes pagam de acordo com o

peso do lixo disposto. (TAYLOR, 2000).

“Principalmente com a finalidade de se reduzir possíveis problemas de destinação ilegal de resíduos (lixões), os sistemas de taxas variáveis geralmente são introduzidos acompanhados de programas de redução / seletividade do lixo (reciclagem, compostagem etc.). Tais programas de minimização de resíduos têm o escopo de prover incentivos econômicos para os munícipes reduzirem o volume de resíduos por eles gerados, bem como passarem a selecionar o lixo que eles geram destinando-o para propósitos mais benignos. À medida que os munícipes produzem menos lixo em resposta ao sistema de taxas variáveis, os custos das agências de coleta e destinação ficam menores, as escassas áreas urbanas para aterramento são conservadas e as possibilidades de degradação do meio ambiente associada à incineração e aterro de resíduos são reduzidas. Na medida que os munícipes reciclam e reutilizam itens que do contrário seriam dispostos, os escassos recursos naturais são conservados, a energia na”. Industrialização”. de produtos novos será freqüentemente economizada e a poluição do ar e da água será também reduzida.” (TAYLOR, 2000).

A imposição de toda esta legislação, também forçou as companhias americanas de

diferentes setores industriais a empreender parcerias, tais como: a Waste Management Inc.,

uma das maiores empresas no ramo de coleta de resíduos sólidos estabeleceu parceria com a

Eastman Chemical Co, para operar as instalações de resíduos desta empresa na cidade de

Kingsports, no Tennessee, em 1989. Esta parceria se estendeu para a comunidade de

Kingsports, por meio da criação da Recycle América Tri-Cities. A Waste Management Inc.,

também formou parceria com as empresas de embalagens, Stone Container e American Can,

que utilizam o material coletado em sua linha de produção; a Browning Ferris, grande

empresa de coleta de lixo, com a Wellman, maior fabricante de fibras de poliéster a partir de

resíduos de pós-consumo de garrafas e de filmes de PET; a empresa DuPont desenvolveu uma

rede de parcerias com mais de 350 empresas que realizam a coleta de filmes radiográficos

(PET), usados em hospitais, clínicas e laboratórios fotográficos. Esta atividade transformou-se

em um novo negócio estratégico da empresa que fornece, atualmente, serviços especializados

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em “Reverse Supply Chain” a outras empresas para vários tipos de materiais. (ROGERS &

TIBBEN-LEMBKE, 1999)

As empresas Owen-Brockway e Procter & Gamble, influenciadas pela legislação do

Estado da Califórnia, em 1993, estabeleceram uma parceria para aumentar o conteúdo de

reciclados em suas garrafas de plásticos. Para acomodar a nova tecnologia, fabricar garrafas

com dupla e tripla camada, alteraram parte de seu processo produtivo, ocasionando a

eliminação de odores e coloração diferente nos seus produtos finais. (LEITE, 2003).

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Figura 2.2. – A logística reversa e a reciclagem do lixo nos E.U.A.

1. PAYT (pague conforme joga), também conhecido como programa de taxa variável, pague pela sacola, pague por kilo, preço baseado na unidade. É cobrado dos munícipes pela coleta de lixo com base na quantidade de lixo descartada. Este programa tem reduzido os custos dos resíduos sólidos municipais, aumentados à reciclagem e diminuído a geração de lixo. Os munícipes são continuamente lembrados a reduzir seu lixo, uma vez que os serviços de remoção do mesmo são pagos por eles de acordo com o saco, a lata, o carrinho, o contentor, o peso ou a metragem cúbica, dependendo de como o programa ao qual estão subordinados estiver estruturado. A implementação dos bem sucedidos programas PAYT, no entanto, exige um fácil e conveniente acesso a uma grande variedade de programas de reciclagem (Buy recicle). O governo incentiva as empresas através de legislações de conteúdo mínimo de reciclado em certos produtos, normalmente dispondo de certa porcentagem mínima de reciclados. Estas legislações de conteúdo de reciclado estão presentes na maioria dos Estados Americanos 2. As taxas de disposições finais e taxas sobre o produto são aplicadas diretamente ao produtor e não sobre o consumidor, isso pela premissa de que aqueles que impõem tais custos à sociedade devem pagar pelos mesmos (Princípio do Poluidor Pagador). A taxa sobre produto é também denominada de taxas de disposição avançadas. É são projetada para internalizar os custos do gerenciamento de resíduos sólidos dos produtos industrializados e suas embalagens a taxação de produtos não inclui somente o custo de industrialização de um determinado produto, mas também o custo estimado ao meio ambiente pela disposição de tal produto e sua embalagem. 3. As Comunidades Municipais contratam ou firmam parcerias com empresas de coleta do lixo e de coleta seletiva. 3.1 As empresas coletam o lixo dos domicílios e comércios e encaminham para os canais de reciclagem ou para disposição final. 4. Como a legislação exigiu dos fabricantes a responsabilidade pela organização dos canais reversos dos produtos após seu fim de vida, organizando a coleta, o desmanche e a reciclagem ou o reuso dos componentes (automóveis, eletrodomésticos em geral, mobiliários, baterias elétricas, pneus, listas telefônicas, óleo lubrificante, etc.), as indústrias formam parcerias ou contratam com as empresas de coleta do lixo e coleta seletiva, com empresas especialistas em logísticas e com empresas que utilizem o material coletado para recupera-los, como exemplo: a Browning Ferris, com a wellman, maior fabricante de fibra de poliéster a partir de pós-consumo de garrafas Pets. 5. Este instrumento (depósito-devolução), é aplicado a produtos e embalagens que são duráveis, reutilizáveis ou recicláveis, e que não são consumidos ou dissipados durante o consumo. Os itens predominantemente cobertos por estes sistemas são embalagens de bebidas (mais comumente de aço, alumínio ou vidro). Em determinadas

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

1

2

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

Empresas de

Coleta

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

5

Fluxo de Eliminação

4

4

3

13.1

3.1

5

5

5

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situações, outros itens também são cobertos (baterias, lâmpadas, latas de tinta). Este sistema simultaneamente envolve taxas e subsídios. A taxa é a sobrecarga paga quando um produto ou embalagem potencialmente poluidor é comprado. O subsídio é o reembolso recebido como pagamento pelo retorno de um produto ou embalagem para um centro de coleta aprovado e, são utilizados para proverem incentivos para a redução de resíduos (reenchimento de embalagens de bebidas), seletividade de resíduos (reciclagem de embalagens de bebidas não-reutilizáveis) e redução do volume de lixo. (TAYLOR, 2000).

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2.2 - A Logística Reversa e a Reciclagem na Comunidade Européia

Os estados membros da União Europeus têm adotado diferentes sistemas de gestão de

resíduos de embalagens procedente do uso e consumo de produtos nos domicílios Apesar da

diferença que existem na legislação especifica de cada país, todos eles tem orientado sua

política de gestão de resíduos sólidos de maneira que permita um alto nível de proteção

ambiental, no qual a prioridade máxima é a prevenção na geração de resíduos, seguida pela

valorização, deixando em último lugar a eliminação segura dos mesmos.

Neste sentido, criou a diretiva 94/62/CE relativa às embalagens e resíduos de

embalagens, adotado em 1994 e posteriormente modificada pelo parlamento europeu em 13

de junho de 2003.

“A diretiva comunitária, responsabiliza os agentes econômicos que colocam embalagens no mercado pela sua gestão e destino final. Contudo, essa responsabilidade pode, nos termos da lei, ser transferida para uma entidade devidamente licenciada. Em face dessa exigência, foi testado, primeiramente na Alemanha, o Sistema de Grüner Punkt, com êxito significativo, e depois adaptado a vários países da UE. Em dezembro de 1996, foi criados uma instituição (Pro-Europe – Packing Recovery Organization Europe) com o objetivo de promover a utilização do símbolo Ponto Verde, em embalagens não-reutilizáveis, pelos países membros que tenham um sistema de gestão de resíduos de embalagens que aplique a Diretiva 94/62/CE” (COMMISSION EUROPÉENNE, 2001.)

Com as obrigações imposta pela legislação, o setor privado desenvolveu os sistemas de ponto verde como resposta à introdução da responsabilidade estendida dos produtores (EPR) na legislação européia e nacional, concernente à poluição ambiental provocada pelas embalagens e resíduos de embalagens produzidas pelo consumo.

“O padrão de Ponto Verde e a opção mais difundida nos estados membros. Consiste numa taxa, um subsidio cobrado sobre as embalagens usadas pelos produtos, cujos ingressos financiam o sistema de coleta seletiva, a classificação e em alguns casos a valorização dos resíduos de embalagem. O pagamento deste gravame sobre as embalagens, concede aos fabricantes e distribuidores o direito de porém um símbolo, chamado de ponto verde que indica aos consumidores, que aquele produto contribui financeiramente com o sistema de gestão e valorização dos resíduos de embalagens - coleta seletiva, classificação e reciclagem”. (PRO EUROPE, 2001.)

Segundo Analisi Economic Ambiental de la Recogida de Resíduos de Envases, estudo

realizado pelo Instituto para a Sustentabilidade dos Recursos - ISR-CER, em 2003, a diretriz

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deixou aos estados membros o cuidado de determinar quais as pessoas responsáveis pela

poluição causada pelas embalagens e os resíduos de embalagens, o que acabou levando a uma

pluralidade de sistemas com maior ou menor implicações para as autoridades locais. Dentre

estes

- O financiamento do sistema, de recursos financeiros, disponíveis para instituir

e por em marcha o sistema de coleta seletiva, classificação e reciclagem das

embalagens usadas.

- a transferência do setor público para o setor privado, de toda ou parte da

responsabilidade de criar, organizar e negociar estes sistemas de coleta dos resíduos de

recipientes.

- a partilha de competências entre o setor público e privado definindo o sistema

de operação de coleta seletiva, as técnicas de classificação ou triagem, a

comercialização de materiais secundários, as prescrições mínimas de qualidade dos

materiais secundários, a criação de campanhas de informação e sensibilização, etc.

- a taxa de cobertura, o financiamento do custo da eliminação do lixo de

embalagens assegurado pelo industrial.

É interessante detalhar estes diferentes sistemas de administração reversa do lixo de

embalagens e seus respectivos arranjos, principalmente o sistema alemão e, o sistema francês

que tem servido de exemplos para a criação do sistema de gestão em outros países membros.

Atualmente este tipo de sistema existe na Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha,

França, Finlândia, Grécia, Holanda, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal e Suécia.

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Alemanha

O Decreto de embalagens alemão (Töpfer), que entrou em vigor 12 de junho de 1991,

posteriormente modificado em 21 de agosto de 1998, foi uma reação do Ministério do Meio

Ambiente a uma forte crise proporcionada pelo declínio da capacidade dos aterros sanitários,

combinado com a incapacidade das autoridades locais (responsáveis pela gestão do lixo), de

gerir o elevado volume de embalagens e resíduos de embalagens provenientes do consumo de

produtos industrializados.

O Decreto Töpfer sujeita as empresas a serem responsáveis pelo retorno e reciclagem

de embalagens provenientes da comercialização de seus produtos, envolvendo todos os

produtores e demais participantes da cadeia direta de distribuição - fabricantes, distribuidores

e varejistas. No caso das embalagens, provenientes de domicílios e pequenos negócios. A

legislação permite as companhias transferirem suas responsabilidades individuais a um

sistema integrado de gestão de resíduos de embalagens, organizado de maneira privada.

“Em resposta a legislação estabelecida, 95 companhias provenientes da indústria de embalagens e envases, bem como de bens de consumo e do setor comercial; fundaram o Duales system Deutschland – Gmbh em 28 de setembro de 1990, responsável por organizar a coleta, classificação e a reciclagem de embalagens provenientes de domicílios e pequenos negócios.” (DUALES SYSTEM DEUTSCHLAND AG, 2000).

“O DSD é uma organização sem fins lucrativos, dirigidos por um comitê executivo formado por 3 (três) membros, a qual é controlado por um conselho supervisor composto por 12 (doze) pessoas, constituído por: 3 (três) membros das industrias, dos embaladores; do setor de bens de consumo, do setor comercial e da indústria de gestão de resíduos. Existe também um setor de assessoria, que é formado por representantes da área política, da indústria e comércio; da ciência e tecnologia e de organizações de consumidores e, cuja função consiste em estimular o progresso do DSD e atuar como intermediário entre o Ponto Verde e diversos grupos sociais”. (DREE, 2001).

O Dual System Deustschland – DSD, financia suas atividades licenciando o símbolo

do Ponto Verde (grüner punkt), aos fabricantes, aos envasadores e aos importadores de

embalagens. Este pagamento concede as empresas o direito a estampar o símbolo do Ponto

Verde nas embalagens dos produtos comercializados, indicando que aquele produto está

contribuindo financeiramente para o sistema de gestão. Todas as empresas associadas ao DSD

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realizam controles regulares para verificar se o Selo Verde está sendo utilizado corretamente.

(ISR-CER, 2003)

Este pagamento é calculado com base no tipo de material usado (plástico, alumínio,

etc), o peso e o número de unidades vendidas. Além dos custos incorridos com a coleta e

classificação dos materiais de embalagens, no caso dos plásticos, pela reciclagem. Em 1999, a

média paga para os plásticos (energia + reciclagem) foi de 354 € por tonelada de plástico

enviado para valorização. (DREE, 2001)

O DSD firma contratos com empresas públicas ou privadas de gestão de resíduos para

que realizem a coleta e triagem das embalagens e pela reciclagem das embalagens plásticas.

Atualmente os pagamentos realizados pelo DSD em contrapartida pelos serviços de coleta e

triagem, dependem dos preços específicos de cada material na saída da planta de classificação

calculados por habitante. Quanto maior a entrada de materiais por habitante, maior e o

pagamento realizado pelo DSD, incluindo nestes pagamentos a eliminação dos resíduos do

processo de triagem. (DSD, 2000).

Nos contratos, o DSD estipula que as empresas contratadas são obrigadas a

entregarem aos recicladores sem nenhum encargo extra as embalagens de plásticos e de

bebidas coletadas e classificadas. Enquanto, para o alumínio e aço, as contratadas têm a

liberdade de comercializarem estes metais com os canais recicladores. (DREE, 2000)

Segundo o informativo de negócios Gechäftsbericht, em 2000, o DSD tinha 537

contratantes, dos quais 104 eram empresas públicas municipais, 76, empresas privadas com

participação pública e 357 empresas inteiramente privadas.

O DSD também colabora com as autoridades municipais com apoio econômico e

tecnológico para o desenvolvimento dos processos de triagens de embalagens das plantas de

classificação (incluindo a separação de 4 frações diferentes de plásticos).

“Os custos do DSD durante 1999 para a coleta, transporte e triagem dos resíduos de embalagens foram 1.217,9 milhões de euros, o que implica um custo de 588 € por tonelada. Estes custos têm sido reduzidos devido a melhorias nos processos de coleta e classificação dos resíduos de embalagens”. (DSD, 2000).

A legislação também obriga o sistema a estabelecer uma coordenação com as

autoridades municipais de maneira que o sistema estabelecido respeite o sistema de coleta e

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valorização já existentes. Também reconhece que esta parceria não deve ser obstáculo para a

concessão de contratos de serviços de gestão de resíduos em bases competitivas.

Atualmente o DSD é o único sistema estabelecido em escala nacional para a coleta de

embalagens do pós-consumo (domiciliares). Apesar das vantagens apresentadas pelo DSD,

existem críticas, porque ele praticamente é um monopólio e existe a intenção de estabelecer

um sistema alternativo, cujos gastos sejam inferiores.

Figura 2.3 – A logística reversa e a reciclagem do lixo de embalagens na Alemanha FONTE: Circle National du Recyclage, 2003.

1. DSD remove resíduos de embalagens proveniente das vendas, principalmente dos domicílios. Para isso fecham um contrato com qualquer dos operadores privados ou com as comunidades locais que se tornam os contratantes do DSD 2. Belland-Vision e especialista nos resíduos provenientes dos hospitais, dos restaurantes e dos hotéis, mas a sociedade não cobre todo o território alemão (a sociedade e baseada em Nürnberg, na Baviera). 3. Os operadores econômicos da cadeia de embalagens, assumem eles mesmos suas obrigações referentes às embalagens ou associam a um organismo que as assume. (DSD, Belland-Vision).

Belland

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

1

2

3

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

DSD

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

3

Fluxo de Eliminação

3

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Áustria

A diretiva comunitária 94/62/CE relativa às embalagens e resíduos de embalagens, foi

desenvolvida na Áustria pelo decreto de embalagens N.º 646/1992, que entrou em vigor em

1993 e posteriormente modificado pelo decreto N.º 649/1996, de dezembro de 1996. Esta

legislação estende a todos os fabricantes, envasadores, distribuidores e importadores a

obrigação de retornar as embalagens e resíduos de embalagens de seus produtos postos à

venda no mercado, recupera-los ou recicla-los por si mesmos ou a aderirem a um sistema

nacional de gestão de resíduos de embalagens.

O sistema austríaco, Altstoff Recycling Austria – ARA, de gestão de resíduos austríaco,

distingue-se da maioria dos outros sistemas europeus, pois recolhe além das embalagens

domiciliares, outras embalagens similares provenientes de outros estabelecimentos, assim

como as embalagens da indústria e do comércio.

“O sistema ARA recolhe, recupera e recicla anualmente 600.000 toneladas de embalagens, das quais 350.000 toneladas, proveniente de domicílios e de pequenos negócios integrados na coleta domiciliar e cerca de 250.000 toneladas, proveniente da indústria e comércio”. (ISR-CER, 2003)

Para cumprir com as obrigações legais, a indústria austríaca fundou o sistema ARA,

em 1993. O sistema está constituído por ARA AG (Altstoff Recycling Austria AG) e por

outras oito empresas, que são responsáveis pela coleta e recuperação de diversos tipos de

material de embalagem. Segundo o Informativo de atividade - Geschäftsbericht, 2000, estas

empresas são:

- Altapier Recycling Organisations Gesellschaft Gmbh (ARO), coleta e recicla

papel.

- Áustria Glas Recycling Gmbh (AGR), coleta e reciclagem de vidro·

- Verpackungsverwertungs-Gesellschaft m.b.h (ARGEV), recolhe e classifica as

embalagens plásticas, metal, madeira, têxteis, cerâmicas e materiais compostos.

- Österreichischer Kunststoff Kreislauf AG (ÖKK), pela recuperação de

embalagens plásticas e têxteis.

- Aluminium Recycling Gmbh (ALU REC), coordena a reciclagem de

embalagens de alumínio.

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- FerroPack Recycling GMBH, coordena a reciclagem de embalagens de metais

férricos

- Verein für Holzpackmitte (VHP), coleta e recupera as embalagens de madeira;

- Arbeitsgemeinschaft Verbundmaterialien Gmbh (AVM), encarregada da

valorização e reciclagem de embalagens de distintos materiais, com exceção de

embalagens de bebidas cartonadas.

Com o fim de assegurar que a coleta, classificação e valorização e reciclagem aconteça

em nível nacional, tanto em distritos urbanos como rurais, e para diferentes setores da

indústria. O sistema ARA, firma acordos com todos os municípios austríacos e com mais de

100 empresas relevantes do setor de gestão de resíduos. Todas as empresas do Sistema ARA

são sem fins lucrativos, os benefícios de cada ano não são distribuídos, e sim utilizados para

reduzir o custo do Ponto Verde para os materiais de embalagens no ano seguinte.

O sistema ARA é financiado pelas tarifas estabelecidas para os materiais específicos

de embalagens que são pagos a ARA pelas empresas austríacas. Desta maneira cada empresa

transfere ao sistema ARA as obrigações impostas pelo decreto de embalagens, pagando por

uma cota que depende da quantidade e tipo de resíduos produzidos pelas embalagens que elas

comercializam.As cotas pagas a ARA se calculam multiplicando a quantidade de embalagens,

por exemplo: em função do peso pela tarifa respectiva.

Conforme o ARA Report, 2000, os elementos cobertos pela cota são entre outros:

- Atividade de licença por parte da ARA

- Organização da coleta por parte da ARGEV

- Pagamentos aos municípios pelas localizações dos containeres e a limpeza dos

mesmos e,

- Classificação dos materiais em função das especificações técnicas

estabelecidas pela empresa de reciclagem correspondente.

A ARGEV cobre todo o território nacional, sendo a empresa responsável por realizar a

coleta e a classificação da fração leve do lixo: das embalagens plásticas, dos metais e outros

materiais. Para isso, firma contratos na maioria dos casos (80%), com empresas privadas de

gestão de resíduos que realizam a coleta. Estes contratos têm uma duração de 3 a 5 anos, com

possibilidade de renovação automática. Nos 20% restantes, o município é que realiza a coleta,

destacando entre eles a cidade de Viena. As embalagens coletadas são entregues a

organizações setoriais, com os quais já havia negociado garantias de reciclagem (ÖKK para

plásticos, FERROPACK para o aço, ALUREC para o alumínio, ARO para o papel).

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“A ARGEV coopera com 546 sócios no setor público, tanto cidades, como grupos de comunidades e associações. Os contratos estabelecidos com estes sócios datam de 1993/1994, e incluem atividades como esvaziar containeres, limpeza, triagem, etc. Os custos do sistema, em 1999, foi de 298,63 €/T. A diferença de custo entre a coleta de

embalagens domiciliares e do resto foi: 298.63 – 70.42 = 228.21 €/T”. (ARA, 2000)

Figura 2.4 – A logística reversa e a reciclagem do lixo de embalagens na Áustria. FONTE: Circle National du Recyclage, 2003.

1. A ARA coleta por intermédio de empresas locais os resíduos de embalagens primárias e terciárias provenientes dos domicílios, das indústrias e do comércio. A ARA distribui aos domicílios os sacos amarelos ou bolsas amarelas para os mesmos coletaram os resíduos. 2. A Öko-Box Sammelgesellschaft, não faz parte do sistema ARA, mas esta conectada com ele. A mesma e encarregada da coleta e reciclagem das embalagens de bebidas cartonadas (tetra pack). A Oko-Box paga as embalagens de bebidas cartonadas eventualmente coletadas pela ARA. Além de contribuir por informações prestadas a ela pelo sistema e ao conselho de meio ambiente. 3. O sistema ARA e financiado pelas tarifas estabelecidas por materiais específicos de embalagens que são pagos pelas empresas austríacas associadas ao sistema. As empresas transferem ao sistema ARA as obrigações impostas pela legislação, pagando uma cota que depende da quantidade e tipo de resíduos produzidos por suas embalagens comercializadas. Com o fim de assegurar a correta distribuição dos custos, as tarifas do Ponto Verde Austríaco se estabelecem sobre as bases dos gastos incorridos com a coleta, classificação e valorização ou a reciclagem de cada um dos materiais de embalagens. As cotas paga a ARA, são calculadas multiplicando a quantidade de embalagens (por exemplo, em função do peso) pela tarifa respectiva. As empresas com quantidades pequenas de embalagens chegam a pagar 1.816,82 € de cota e podem registrar suas vendas e pagar suas cotas anualmente. O pagamento da cota por determinada empresa, dá direito a levar o Ponto Verde em suas embalagens. O sistema ARA não paga somente a coleta, a triagem e a recuperação dos resíduos, também realiza uma a contribuição às autoridades locais para campanhas de informação e sensibilização.

ÖKO-BOX

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

1

2

3

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

ARA

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

3

Fluxo de Eliminação

2

1

3

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Espanha

Na Espanha, a diretiva européia 94/62 propiciou a promulgação da Lei 11/97, de 24

de abril, de embalagens e resíduos de embalagens, desenvolvida mais tarde pelo Decreto real

782/1998, de 30 de abril e da Ordenação do Ministério do Ambiente, de 27 de abril de 1998.

Neste sentido a Lei 11/97, estabelece os objetivos de redução, reciclagem e

valorização que deverá ser cumprido mediante um sistema de depósito, devolução e retorno

ou mediante sistemas integrados de gestão de resíduos de embalagens e embalagens usadas.

Para esta segunda suposição, a Lei 11/97 estabelece em seu Art. 10 que:

“Os sistemas integrados de gestão de resíduos de embalagens e embalagens usadas financiarão a diferença de custo entre o sistema ordinário de gestão de resíduos e o sistema de coleta seletiva, incluindo o importe de amortização e da carga financeira em investimentos que seja necessário realizar em materiais móveis e infra-estruturas”.

O modelo espanhol de recuperação de embalagens e resíduos de embalagens projetado

nesta Lei seque fundamentalmente o modelo que foi implantado na França com a coleta sendo

feita pelas autoridades locais conjuntamente com a coleta do resto dos resíduos urbanos.

A legislação espanhola responsabiliza todos as empresas envasadoras e comerciantes

de produtos envasados (embalados) pela sua comercialização e estão obrigados a:

- Cobrar de seus clientes uma quantia individualizada por cada recipiente que é

objeto de transação;

- Aceitar a devolução e retorno das embalagens e resíduos das embalagens dos

produtos usados; cujo tipo, formato ou marca eles comercializem, devolvendo uma

quantia idêntica ao que foi cobrado;

- Estes agentes econômicos poderão eximir-se das obrigações prévias, quando

participem de um sistema integrado de gestão de resíduos de embalagens e resíduos de

embalagens usadas, derivadas dos produtos por eles comercializados, que garanta a

coleta periódica no domicilio do consumidor ou em sua vizinhança.

Em maio de 1997, começou as atividades da Ecoembes Espanha S. A, companhia sem

fins lucrativos cuja missão é garantir o desenvolvimento dos sistemas orientados de coleta

seletiva e recuperação de resíduos de embalagens e embalagens usadas, assegurando e

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cumprindo os objetivos de redução, reciclagem e valorização definida na Lei 11/97, de 24 de

abril de 1997.

“A Ecoembes, é composta por 55 empresas e associações de empresas divididas em quatro grupos: grupo de envasadoras; grupo de distribuição e comércio; grupo de matérias–primas e grupo de recicladores. Em 2001, o número de empresas aderidas a Ecoembes alcançou a marca de 11.475, aumentando a quantidade de embalagens para 2.236.148 toneladas. Destas empresas, 47,1% pertence ao setor de alimentação, 4,9% a serviços pessoais e domiciliares; l7,5 % a Bebidas e 4,9% a industria têxtil e farmacêutica entre outros” ( ISR-CER, 2003.)

Em virtude de convênios firmados com as comunidades, os municípios e os distritos,

responsáveis pela coleta do lixo domiciliar, a Ecoembes:

- paga uma compensação econômica ao município em razão da diferença de

custo entre o sistema ordinário de coleta, transporte e tratamento dos resíduos em

aterro controlados e o sistema de coleta seletiva, separação e classificação dos resíduos

de embalagens gerados;

- oferece assistência e apoio na implantação do sistema de gestão, que seja mais

apropriado as características da região geográfica, dependendo esta da densidade

populacional, infra-estrutura, meios de transporte, etc.

- colaborar com as campanhas publicitárias e de sensibilização necessárias para

estimular a participação dos cidadãos na separação dos resíduos.

- garante a recuperação dos materiais selecionados na planta de seleção, postos a

disposição da Ecoembes;

- controla e fiscaliza as atividades de coleta seletiva, separação, classificação e

reciclagem das embalagens e resíduos de embalagens, possibilitando o retorno

continuo de experiências e conhecimentos

As atividades realizadas pela Ecoembes são financiadas através de cotas que as

empresas associadas pagam (ponto verde). Estas tarifas estabelecem as quantidades que as

empresas devem contribuir ao sistema integrado de gestão em função do volume de

embalagens que ponham no mercado e do material que as mesmas são fabricadas. Esta

quantia e, idêntica em todo o território em que esta implantada a Ecoembes. As empresas

associadas a Ecoembes não estão sujeitas a nenhuma tributação e desfrutam da garantia de

utilizarem o símbolo do Ponto verde. Desde 1998, as tarifas do Ponto Verde permanecem

congeladas.

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Figura 2.5 – A logística reversa e a reciclagem do lixo de embalagens na Espanha. FONTE: Circle National du Recyclage, 2003.

1. O industrial e o comerciante e obrigado a recuperar os seus próprios resíduos de embalagens. 2. Porém, se desejarem, eles também podem aderir ao sistema representado por Eco-Embalajes. Neste caso, os resíduos são coletados pela municipalidade. 3. As indústrias embaladoras podem associar-se a um organismo, mas pagam uma contribuição de acordo com uma escala fixa. 4. Casos contrários são obrigadas a recuperarem e a valorizarem o lixo das embalagens produzidas por elas. 5. Os organismos reembolsam as coletividades municipais, por uma parte de seus custos engendrados pela coleta seletiva e a triagem.

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

2

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

Eco-Enbalajesou

Eco-Vidrio

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

1

3 5

4

4

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França

A França desenvolveu a Diretiva 94/62 CE de embalagens e resíduos de embalagens,

graças a quatro legislações.

- Decreto nº 92-377, de 1 de abril de 1992, relativo ao abandono de resíduos de

embalagens domésticos, modificada pelo Decreto 99-116 de 21 de dezembro de 1999

- Decreto 94-609, de 13 de julho de 1994, resíduos comerciais e industriais;

- Decreto 96-1008 de 18 de novembro de 1996, relativo às plantas de eliminação

de resíduos domiciliares e similares;

- Decreto de 20 de julho de 1998 – requisitos essenciais

O Decreto Lalonde nº 92-377, de 1 de abril de 1992, relativo à eliminação de resíduos

e a recuperação de materiais têm aplicação para todas as embalagens cujo possuidor final seja

os domicílios. O Decreto estipula em seu Art. 3º que

“Todo produtor e importador, cujos produtos sejam comercializados em embalagens, recipientes e ou suporte destinado a conter um produto, facilitar seu transporte e sua apresentação para a venda, mesmo não sendo possível identificar seus produtores e importadores, a pessoa responsável pela primeira colocação no mercado, deve contribuir e proporcionar a eliminação do conjunto de resíduos de embalagens provenientes destes produtos.”

Também, exige o Decreto Lalonde, o estabelecimento de uma companhia que assuma

a responsabilidade pela valorização e reciclagem das embalagens suscetíveis de uso e

consumo domésticos além de obrigar os fabricantes e importadores aceitar a responsabilidade

pelos seus produtos embalados.

As empresas que recorrerem aos serviços de uma organização ou companhia para

eliminarem suas embalagens, devem estabelecer um contrato que especifique principalmente:

a natureza das embalagens usadas a serem eliminadas; a previsão do volume dos resíduos a

coletar anualmente; as prescrições técnicas que deverão ser cumpridas para cada fluxo de

materiais de embalagens usadas quando a empresa contratante assim o estabeleça e,

finalmente, fixa as bases dos pagamentos a serem efetuados a companhia contratada

assegurando as autoridades territoriais um reembolso pelo custo devido pela separação dos

resíduos.

No caso das empresas desejarem levar elas mesmas a eliminação dos resíduos

resultantes do consumo de embalagens que utilizam, devem:

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- estabelecer um sinal distintivo em suas embalagens de forma visível;

- organizar um depósito de embalagens ou locais especificamente destinados a

este fim, depois de serem aprovados conjuntamente pelos Ministérios do Meio

Ambiente; da Indústria e Ministério da Agricultura, as modalidades de controle do

sistema que lhes permita medir as proporções de resíduos de embalagens coletados e

eliminados com relação às embalagens comercializadas.

O Decreto de novembro de 1996 desenvolve os objetivos de reciclagem e recuperação,

os mesmos que a diretiva européia. A reciclagem e a incineração com recuperação energética

têm a mesma prioridade e devem estar apoiados pela compostagem, quando é possível.

“A legislação levou a criação pela indústria francesa da Eco-Emballages S.A. Esta companhia é responsável por organizar e apoiar a coleta seletiva, classificação, reciclagem e valorização dos resíduos de embalagens. A Eco-Emballages é uma companhia privada cujo capital surge principalmente dos envasadores (70% através da ECOPAR, que reúne a 200 envasadores e importadores), como também dos distribuidores (10%) e recicladores e produtores de materiais (20% compartilhados pelos recicladores de alumínio, aço, vidro, papel e plástico). Das companhias relacionadas com a cadeia de embalagens, 80% (10.000 companhias em 1999), decidiram unir-se a Eco-emballages”. (ISR-CER, 2003).

O sistema é marcado pela responsabilidade e os custos compartilhados entre Eco-

Emballages, as organizações de recicladores de materiais (vidro, plásticos, alumínio) e as

autoridades locais, as bases do processo são:

- As empresas firmam um contrato por 3 anos e pagam uma cota para obter os

serviços da Eco-Emballages e colocarem o Ponto Verde em suas embalagens (91 %

com ponto verde)

- As autoridades locais recebem este dinheiro e usa para o estabelecer o sistema

de coleta e desenvolvimento de mercados finais para os produtos reciclados;

- As autoridades locais obtêm financiamento adicional por cada tonelada

classificada enviada a reciclagem – reprocessadores.

A contribuição do Ponto Verde foi calculada inicialmente para cobrir os custos

adicionais gerados pela valorização dos resíduos das embalagens domésticas. Por exemplo: a

diferença entre os custos da coleta seletiva, classificação e incineração e o custo da coleta para

a incineração junto com recuperação energética (para outros resíduos domésticos).

A Eco-Emballages também, subvenciona os municípios para que instalem um sistema

de coleta seletiva e classificação, compensando os custos adicionais em que os mesmos

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incorrem para valorizar estes resíduos de embalagens. Este financiamento está sujeito a um

contrato em que cada comunidade local se compromete a:

- definir objetivos de recuperação compatíveis com as tarefas da Eco-

emballages, e a obter uma recuperação de 75% (energia e materiais)

- estabelecer um plano de ação e levar a cabo um projeto para informar e educar

a população.

- respeitar os critérios de qualidade dos materiais classificados em linha com as

especificações técnicas ambientais.

As autoridades locais conservam sua autonomia de tomada de decisões definida as

técnicas de coleta seletiva e as instalações de acordo com o seu objetivo.

A quantidade paga pelas empresas, e estabelecida a partir de uma cota por peso,

(diferente para cada tipo de material), mas uma cota por embalagem.

A cota por embalagem está estabelecida em torno de 0,001 €. No caso da cota

estabelecida por peso seja igual ou maior de 0,001 €, então a cota total e resultado da soma da

cota por peso e cota por embalagens (0,001 €). No caso da cota por peso seja menor de 0,001

€, então a cota total será o dobro da cota por peso (peso x 2)

Existe também subvenção para recuperação energética (elétrica e térmica), que é um

meio de valorizar as embalagens por diversas razões (sujas, demasiadas pequenas, que não

exista recicladores, etc), que são menores que a da coleta seletiva e classificação. Estas

subvenções somente se conseguem pela incineração, um complemento da reciclagem e

depende da quantidade de resíduos reciclados.

“A ADELPHE se estabeleceu em 1993, fundada pela indústria de vinhos e licores, tem a responsabilidade de coletar e reciclar todos os recipientes de vidro. Deste 1996 a sociedade tem obtido junto com a renovação de sua permissão a extensão de sua intervenção a outros materiais. Em sua função principal (embalagens de vidro), A Adelphe estabeleceu acordos que beneficiam a 9500 municípios e 17 milhões de habitantes (20% dos municípios franceses)”. (ISR-CER, 2003).

As contribuições são organizadas por meio de um sistema de licenças (os importadores

e envasadores pagam uma cota. Esta cota que varia de 1 a 2,5 centésimos de euros de acordo

com a embalagem), que mantém o sistema de coleta e recuperação das embalagens. A

Adelphe tem cerca de 12.000 membros.

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A Adelphe também subvenciona as autoridades locais para porem em marcha à coleta,

a classificação e recuperação de embalagens domésticas. Os municípios podem beneficiar-se

da garantia de retorno de materiais, graças aos convênios firmados pela Adelphe com distintas

associações de materiais: Vidros (CSVMF), plásticos (Valorplast), cartão (Revipac), alumínio

(France Aluminium Recyclage) e aço (Sollac). Além de prestar ajuda e apoio a numerosos

estabelecimentos públicos e de cooperação intermunicipal.

Há dois tipos possíveis de contratos:

- monomaterial, somente vidro. Os municípios que firmam o contrato

monomaterial se beneficiam de um IVA reduzido sobre as prestações relacionadas

com a coleta seletiva e o tratamento do vidro. Esta subvenção se dá quando o vidro é o

único material coletado.

- multimaterial, duração de 6 anos, quando existem outros materiais.

Em qualquer caso a subvenção ao vidro será prevista no contrato.

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Figura 2.6 – A logística reversa e a reciclagem do lixo de embalagens na França FONTE: Circle National du Recyclage, 2003.

1. As indústrias administram diretamente o canal de reciclagem de suas embalagens e resíduos de embalagens, com exceção dos resíduos assimilados. Quanto aos resíduos domiciliares fazem um contrato com os municípios para coletarem 2. Os comerciantes obedecem às mesmas regras que as indústrias, de fato seus resíduos são removidos pela coleta municipal. 3. O resíduo de embalagens domiciliar, é coletado porta a porta ou entrega voluntária, mas freqüente no meio rural. 4. As indústrias embaladoras que não recuperam seus resíduos, aderem um organismo credenciado, de acordo com uma programação ascendente. As outras recuperam seus resíduos. 5. O organismo credenciado reverte às coletividades territoriais uma soma calculada de acordo com uma escala, em função dos materiais triados e da sua qualidade. 6. Os domicílios pagam um imposto ou taxa pelos serviços de eliminação do lixo, inclusive as embalagens. 7. Os canais readquirem os materiais classificados por um preço nulo ou positivo das coletividades. 8. Uma parte da diferença entre as receitas e as despesas das organizações, especialmente da Eco-emballages é usada para desenvolver pesquisas que beneficiam, indiretamente, os fabricantes de embalagens ou de matérias-primas.

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

2

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

Eco-Emballagesou

Adelphe

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

3

1

8

4

6

5

7

4

4

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47

Itália

O Decreto Legislativo 22/97 de 05 de fevereiro de 1997, sobre embalagens e resíduos

de embalagens (Decreto Ronchi), representa a transposição da Diretiva 94/62/CE para a Itália.

Este decreto estabelece, quais são os principais autores do sistema italiano, a saber:

“Os produtores (fabricantes e importadores de embalagens vazias ou materiais de embalagem), os usuários (comerciantes, distribuidores, envasadores, usuários de embalagens, importadores de produtos embalados). Os consumidores (usuários finais) e, por último as administrações públicas que administram o serviço público de coleta de resíduos”.

O Decreto Ronchi distingue entre embalagens primárias por um lado e secundárias e

terciárias por outro. Com respeito às embalagens primárias e para garantir os objetivos de

recuperação e reciclagem e o acordo necessário entre as administrações públicas

(responsáveis pela coleta seletiva), os produtores e usuários.(Decreto Legislativo nº 22/97,

Art. 41.). Os produtores constituíram um consórcio nacional de embalagens, o CONAI.

“Em 30 de outubro de 1997 o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Economia aprovaram os estatutos do CONAI. Os membros de CONAI reapresentam a cadeia completa de embalagens de materiais plásticos, vidro, metais, papel e papelão e madeira”. (CONAI, 2001).

O CONAI é financiado por uma cota paga por todos os operadores econômicos em

função da renda das mercadorias que ponham no mercado. Uma contribuição ambiental

adicional e cobrada pelo primeiro utilizador das embalagens.

Entre as Funções do CONAI se encontram as seguintes:

- definir, de acordo com as regiões italianas e com as administrações públicas

interessadas, os espaços territoriais nos quais podem operar um sistema integrado de

embalagens que compreenda a coleta, a seleção, e o transporte dos materiais

selecionados aos centros de tratamento.

- repartir entre os produtores e usuários, os custos da coleta seletiva, da

reciclagem e da recuperação dos resíduos de embalagens primárias e daquelas outras

afetadas pelo serviço público de coleta seletiva. Em proporção à quantidade total, ao

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peso e ao tipo de material de embalagens posto no mercado nacional e a quantidade

exata de embalagens usadas e reutilizadas no ano procedente por tipo de material;

- organizar, de acordo com as Administrações Públicas, campanhas de

informação e sensibilização;

O sistema CONAI se baseia na atividade de seis consórcios, um para cada tipo de

material. Os consórcios são: CNA (aço); CIAL (alumínio); COMIECO (embalagens de

celulose); RILEGNO (madeira); COREPLA (plástico) e COREVE (vidro). Os consórcios

agrupam todas as empresas importantes que determina o ciclo de vida dos respectivos

materiais.

O CONAI dirige e coordena a atividade dos seis Consórcios, encarregados da

operação de recuperação e reciclagem, garantindo a relação necessária entre estes e as

Administrações Públicas.

Segundo a Agência Nacional de Meio Ambiente da Itália – ANPA, 2001, a tarefa de

cada consorcia e, coordenar, organizar e incrementar:

- a retirada dos resíduos de embalagens que afetam o serviço público;

- a coleta dos resíduos de embalagens das empresas industriais e comerciais;

- a reciclagem e a recuperação dos resíduos de embalagens;

- a promoção e a busca da inovação tecnológica com o fim de melhorar a

recuperação e reciclagem das embalagens.

Para tal fim, os consórcios estabelecem convênios em escala local com os municípios

e contrata a empresa municipal, que a administração delegou o serviço de coleta seletiva.

Todos os operadores fabricantes ou utilizadores de embalagens são obrigados a aderir

ao CONAI. As empresas aderem a um dos consórcios de materiais, ou estabelecem seu

próprio sistema de retorno, coleta e recuperação. Para outros tipos de embalagens os

fabricantes e distribuidores de embalagens estão obrigados a recolher as embalagens

secundárias e embalagens de transporte sem encargo e transporta-las ao ponto de coleta

estabelecido.

“Em 8 de julho de 1999, se firmou o acordo entre ANCI (Associação Nacional de Municípios Italianos) e CONAI. Este Acordo é um dos principias instrumentos para a atividade do sistema de gestão de embalagens CONAI. Em 23 de Julho de 2001, fez-se um adendo ao acordo ANCI/CONAI, com relação à recuperação energética das embalagens procedentes da coleta seletiva dos resíduos urbanos (combustível derivado de resíduos)”. (CONAI, 2001).

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O acordo ANCI-CONAI define, em particular, as retribuições por quilo de resíduos

(Kg) coletados e triados entregue pelos municípios ao CONAI (consórcios). O contrato de

serviço de coleta com respeito a 5 ou 6 materiais de embalagens (aço, alumínio, papel,

madeira e plástico). O acordo estabelece:

- a retirada dos resíduos de embalagens mediante coleta seletiva de acordo com o

programa geral de prevenção e gestão – as formas de efetuar as compensações entre os

distintos municípios territoriais e as condições econômicas para as quantidades que

superem os objetivos fixados no programa geral de prevenção;

- modalidade de organização, parâmetros de qualidade, transporte, campanhas de

informação e eventual pré-tratamento para valorização de cada material;

- a coleta dos resíduos de embalagens e frações similares;

- a retribuição econômica para a fração de resíduos de embalagens destinados à

valorização energética, diretamente através da produção do CDR.

O acordo se articula mediante convênios de operações específicos entre os consórcios

de materiais e os municípios italianos e agrupações destes e os gestores do serviço de coleta

seletiva. A validade do contrato é de 5 anos.

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Figura 2.7 – A logística reversa e a reciclagem do lixo de embalagens na Itália. FONTE: Circle National du Recyclage, 2003.

1. As coletividades municipais estatutariamente assumem a coleta e a triagem e classificação dos resíduos de embalagens . O CONAI. paga-lhes uma indenização por tonelada, em função da pureza dos materiais triados. A montante desta indenização foi fixada por um acordo entre CONAI e ANCI. 2. Todos os operadores econômicos do canal de embalagens (fabricante, envasadores ou distribuidor) são obrigados a aderir ao CONAI. Eles pagam uma cota em função do número de mercadorias que ponham no mercado ou de sua receita financeira. 3. O primeiro utilizador da embalagem paga uma contribuição ambiental que reverte para o CONAI. Esta contribuição é determinada em função da embalagem.

Fluxo de Resíduos

Industrias

Coletividades municipais

2

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

C.O.N.A.I.

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

1

3

Produtor de Matéria-prima

1

2

2

2

3

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51

Portugal

O Decreto Lei n° 366-A/97 transpõe a diretiva européia 94/62 para a legislação

portuguesa, estabelecendo princípios e normas aplicáveis ao sistema de gestão do lixo

proveniente de embalagem e resíduos de embalagens. Neste sentido, estabelece que as

empresas devem escolher, entre recuperar elas próprio o lixo proveniente de embalagens e

resíduos de embalagens ou aderir a uma entidade credenciada que desenvolva esta atividade.

O Decreto em seu Art. 5, no parágrafo 2º, anuncia que:

“A responsabilidade dos operadores econômicos pela administração do lixo proveniente de embalagens e resíduos de embalagens pode ser transferida a uma entidade credenciada para desenvolver esta atividade”.

A coleta é feita pelas coletividades municipais, as embalagens domiciliares,

comerciais e industriais são coletadas conjuntamente com o resto dos resíduos urbanos. As

autoridades locais conservam sua autonomia de tomada de decisões definida as técnicas de

coleta seletiva e as instalações de triagem de acordo com o seu objetivo.

O sistema de valorização dos resíduos de embalagens português foi estabelecido em

janeiro de 1998, e em julho de 2001 foi ampliado para as embalagens industriais e comerciais.

Sendo a coleta destas feita em conjunto pelas coletividades municipais.

A Sociedade Ponto Verde S. A., e o organismo credenciado para gerir o sistema e

também responsável por cobrir a diferença entre o custo da coleta seletiva e a coleta normal,

além da triagem e da comunicação necessária para o bom funcionamento deste.

As embalagens de bebidas vendidas em restaurantes, hotéis e cafés, a reutilização

destas, é obrigatória.

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Figura 2.8 – A logística reversa e a reciclagem do lixo de embalagens em Portugal. Fonte: Circle National du Recyclage, 2003.

1. As coletividades municipais assumem a coleta e a triagem e classificação dos resíduos de embalagens. As embalagens domiciliares e as embalagens industriais e comerciais são coletadas juntas. 2. Os operadores econômicos, eles próprios assumem a recuperação do lixo proveniente de embalagens e resíduos de embalagens, ou aderem a um organismo que as assume. (Sociedade Ponto Verde S. A.). 3. O organismo credenciado reembolsa as coletividades municipais pela diferença entre a coleta seletiva e a coleta normal, a triagem e campanhas publicitárias. A reutilização das embalagens de bebidas é largamente encorajada pelas autoridades.

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

Sociedade PontoVerde

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

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53

Reino Unido

A diretiva européia relativa aos resíduos de embalagens foi transporta para a legislação

britânica através dos regulamentos de 1997, relativos as obrigações de responsabilidade do

produtor de embalagens (Producer Responsability Obligations Packaging Waste - 1997) e,

completado em 1998 através da Packaging Regulation - (regulações de embalagens) e da

Packaging Essential Requirements- (exigências essenciais para embalagens, art. 9º e 11º EC).

No que concerne a Irlanda do Norte. Os regulamentos são similares, mas entraram em vigor

em 1 de junho de 1999.

“Enquanto muitos países têm a visão de que a responsabilidade compartilhada do produtor no que diz respeito a resíduos de embalagens irá envolver ao mínimo uma parceria entre o consumidor, autoridades locais e indústria; o Reino Unido tem uma definição muito mais específica e limitado. A responsabilidade compartilhada do produtor para resíduos de embalagens no Reino Unido refere-se tão somente às indústrias que produzem ou utilizam embalagens. Se, é quando as autoridades locais e os consumidores ingressarem no processo, será para ajudar os produtores de embalagens a satisfazerem suas obrigações”. (COOPER, 1998).

Nos Estados membros da comunidade Européia a responsabilidade compartilhada do

produtor, implica que todos os autores (indústria, consumidores e autoridades locais)

compartilham a responsabilidade pela coleta e valorização dos resíduos de embalagens.

Enquanto no Reino Unido a responsabilidade pela gestão dos resíduos de embalagens está

compartilhada somente pelos quatro setores da atividade da cadeia de embalagens, que são:

- produtores de matérias-primas (6% da responsabilidade);

- produtores de embalagens (9%);

- envasadores (37%) e,

- comerciantes (48%).

As porcentagens representam a contribuição que cada um destes setores participam

para sufragar os custos da coleta seletiva de embalagens domiciliares e se aplicam sobre o

peso dos resíduos de embalagens.

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Este enfoque foi adotado com a intenção de envolver a todas as empresas que

participam da cadeia de envasados para a consecução dos objetivos nacionais de coleta e

valorização de resíduos de embalagens.

Constituem responsabilidade dos municípios a coleta e triagem dos resíduos de

embalagens domiciliares e de uma parte dos resíduos emitidos pelo comércio. Esta é realizada

por empresas públicas ou empresas privadas que tenham firmado contratos com estas. Foi

estabelecido um sistema de coleta seletiva dos materiais recicláveis, através de contribuição

voluntária em instalações específicas (estacionamentos de carro e supermercados), em vez do

porta a porta. Estima-se que os custos da coleta de produtos recicláveis são de 130-200 €,

sendo o limite superior correspondente à coleta de plásticos.

No entanto a normativa britânica e igual à de outros estados membros no que refere

aos produtores serem responsáveis eles mesmos pela coleta e valorização de seus resíduos de

embalagens ou façam parte de uma companhia credenciada como forma de cumprir as

obrigações estabelecidas na legislação.

Segundo o estudo do ISR-CER - Analisi Economic Ambiental de la Recogida de

Resíduos de Envases, 2003, A legislação britânica estabelece as seguintes obrigações para

uma empresa que administra embalagens.

- Estar registrada na Agência de Proteção Ambiental da Inglaterra e Gales ou na

Agencia Escocesa de Proteção Ambiental;

- Cumprir os objetivos de reciclagem e valorização de cada material,

dependendo da atividade que desenvolvam e dos objetivos globais estabelecidos para

um determinado ano;

- Facilitar toda informação relativa à comercialização de embalagens que seja

solicitada pelas autoridades competentes e;

- Compartilhar a responsabilidade da gestão dos resíduos de embalagens com os

restos dos autores da cadeia de embalagens.

Os Certificados de Valorização de Resíduos de Embalagens – PRNs, são documentos que somente podem ser entregues pela Agência Ambiental de Inglaterra e Gales ou da Agência Escocesa de Proteção Ambiental aos canais de reciclagens credenciadas. (ISR-CER, 2003).

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Os PRNs, somente se constituem para assegurar o cumprimento dos objetivos de

reciclagem e valorização.

O sistema vem sendo criticado pela falta de transparência e ineficácia no

desenvolvimento de novos mercados para a reciclagem.

Quando um dos autores entrega uma determinada quantidade de resíduos de

embalagens aos canais de reciclagem autorizados e paga por sua valorização, recebem da

empresa recicladora o PRN correspondente a esta quantidade, que certifica que os resíduos de

embalagens gerados foram reciclados e valorizados para poderem provar as autoridades

competentes que realizaram as suas obrigações. Estima-se que se paga por tonelada de

alumínio menos de 15 € e menos de 75 € por tonelada de plástico.

Atualmente, existe no Reino Unido, um total de 17 organismos credenciados, o

principal, é a VALPAK, que opera em nível nacional e agrupa empresas que pertencem a

vários setores.

Os outros organismos são especializado em um setor de atividade em particular, em

um tipo de lixo ou em uma área geográfica. As empresas e os organismos credenciados tem a

liberdade de decidir qual e a melhor maneira de cumprir as obrigações, sempre que

adquirirem legitimamente os PRNs. Em determinadas circunstâncias, os Organismos

credenciados podem estabelecer acordos para compartilhar os custos com as autoridades

locais (municípios). No Reino Unido não se utiliza o símbolo do Ponto Verde.

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Figura 2.9 – A logística reversa e a reciclagem do lixo de embalagens no Reino Unido. FONTE: Circle National du Recyclage, 2003.

1. Os resíduos são recolhidos pelas coletividades e vendidos aos recicladores. 2. Os recicladores compram o lixo coletado. Após a reciclagem, os recicladores providenciam o PRN (nota de reciclagem do lixo de embalagens) e vende ao industrial, que demonstra que reciclou ou valorizou a quantidade de lixo de embalagens. 3. O industrial pode delegar a compra dos PRNs a um organismo credenciado pelas agencias ambientais.

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

1

2

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

OrganismosCredenciados

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

1

6 %

9 %

37 %

48 %

3

3

3

3

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2.3. - A logística Reversa e a Reciclagem no Brasil

“Dos 5.500 municípios brasileiros, 3.502 municípios brasileiros, ou seja, 63,6% do total, usam lixões para -depositarem seus resíduos” (IBGE, 2000).

“Apenas 31% dos 645 Municípios do Estado de São Paulo destinam seus resíduos em instalações classificadas como adequadas pelo órgão ambiental”. (CETESB, 2002).

Nos municípios brasileiros, as cidades, especialmente as grandes, enfrentam a

crescente falta de espaços para a construção de aterros. A esta dificuldade e desvantagem de

destinação para aterros sanitários, acrescenta-se os altos custos para instalação e

gerenciamento deste tipo de infra-estrutura levando os municípios a optarem por destinar os

detritos coletados em lixões localizados nas periferias de seus núcleos urbanos, em áreas

próximas a cursos d’água, nas encostas de morros, nas margens de estradas, provocando

impactos no solo, na qualidade da água e do ar. Outra face da questão é o gravíssimo quadro

social que envolve a presença de crianças, adolescentes e adultos vivendo dos e nos inúmeros

lixões e muitas vezes em aterros sanitários e controlados. Estas pessoas coletam alimentos e

materiais recicláveis para daí extraírem sua sobrevivência. (IBAM, 2001).

“... quanto às latas de aço, a taxa de reciclagem de 58% em 1999 nos Estados Unidos, deveu-se às campanhas municipais de reciclagem lançadas no final dos anos 80. No Brasil, onde o desemprego é alto, a reciclagem de latas de alumínio tornou-se uma grande fonte de emprego. Cerca de 150.000 brasileiros ganham a vida recolhendo latas usadas e levando-as aos centros de reciclagem, recebendo US$ 200 por mês, contra um salário mínimo de aproximadamente US$ 80. 45 latas podem ser trocadas por um quilo de feijão preto, e 35 latas por um quilo de arroz. O sistema desenvolvido no Brasil para a reciclagem de latas de alumínio hoje emprega mais gente do que a indústria automotiva”. (BROWN, 2003).

Segundo o IBAM (2001), o problema da disposição final assume uma magnitude

alarmante. Considerando apenas os resíduos urbanos e públicos, o que se percebe é uma ação

generalizada das administrações públicas locais ao longo dos anos em apenas afastar das

zonas urbanas o lixo coletado, depositando-o por vezes em locais absolutamente inadequados,

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como encostas florestadas, manguezais, rios, baías e vales. Mais de 80% dos municípios

vazam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos d'água ou em áreas ambientalmente

protegidas, a maioria com a presença de catadores entre eles crianças, denunciando os

problemas sociais que a má gestão do lixo acarreta.(GRIMBERG & BLAUTH, 1998).

“São pelo ao menos 35 mil crianças em lixões e uma estimativa de 200 mil a 800 mil catadores trabalhando em depósitos a céu aberto e nas ruas em todo o país”. (GRIMBERG & BLAUTH, 2004).

Por outro lado, os chamados aterros controlados, são uma modalidade de disposição de

resíduos extremamente frágeis e, portanto questionável como forma adequada de tratamento.

Este tipo de aterro não dispõe de impermebialização de base (compromete a qualidade das

águas subterrâneas), nem de sistema de tratamento de chorume ou de dispersão dos gases

gerados (CONSONI, 1995). Podendo facilmente tornam-se lixões.

Além do que, à verba arrecadada com a cobrança da taxa de limpeza urbana na

maioria dos casos é insuficiente para cobrir as despesas com coleta e disposição do lixo

municipal. Para agravar a situação, a grande maioria dos Municípios sequer cobra os impostos

de sua competência, entre eles, o IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e ISS (Imposto

Sobre Serviços), colaborando para o déficit público municipal. (DIAS & ROSAS, 2000)

“Um dos problemas identificados é a falta de recursos. Em geral, os gastos com esse serviço são maiores que os recursos arrecadados para esse fim. Em 28,7% das cidades não existe arrecadação específica para esse setor e os gastos são cobertos com verbas de outras fontes”. (MINISTERIO DAS CIDADES, 2004).

A Constituição Federal nos incisos I e V do artigo 30 e no inciso IX do artigo 23

conferiu aos Municípios brasileiros, a competência para organizar e prestar os serviços

públicos de interesse local, inserindo nestas tarefas as de limpeza pública, coleta, transporte e

disposição do lixo municipal.

Mas, diferente do que acontece na Europa, o Brasil não tem uma legislação específica

que atribua ao fabricante, ao importador, ao envasador e ao comerciante à responsabilidade

pós-consumo. Principalmente a relacionada à poluição de embalagens e resíduos de

embalagens proveniente da comercialização de seus produtos. Também, não existe nenhuma

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legislação que obrigue a indústria a reciclar. O que foi alcançado até agora é resultado de um

esforço espontâneo das empresas. Parte deste esforço de reciclagem tem suas origens nas

dificuldades econômicas, já que os catadores encontram nessa atividade uma forma de

contornar o desemprego e garantir fonte de renda alternativa. (PIMENTEIRA, 2000).

“A legislação em nível federal sobre resíduos sólidos em geral e em particular sobre sua reciclagem é bastante escassa, para não dizer inexistente. O tratamento e a disposição adequados dos resíduos sólidos, entretanto, são condições para a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, a sadia qualidade de vida, a saúde da população, razão pela qual, na legislação ambiental, encontram-se as linhas mestras que devem nortear o administrador público nessa questão”. (MARTINS JURAS, 2000).

Apesar de que a responsabilidade pós-consumo, estar implicitamente prevista na Lei

6.938, de 31 de agosto de 1981, que poucos resultados práticos produziu até agora.

Art.3 - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por:

...

IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental;

Art.14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não-cumprimento das medidas necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: ...

§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.

“Os fabricantes, comerciantes e importadores são responsabilizados pelo ciclo total de suas mercadorias, do “nascimento” a sua “morte”, procedendo à destinação final ambientalmente correta, mesmo após o uso pelo consumidor final, já que a disposição inadequada de seus produtos constitui uma grande fonte de poluição para o meio ambiente e um grande ônus para o Poder Público”. (DIAS & ROSAS, 2000).

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60

A Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que “dispõe sobre as sanções penais e

administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras

providências”, é relevante mencionar os artigos 54, 60 e 68, nos quais são tipificadas como

crime as seguintes condutas:

Art. 54. Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora: Pena: reclusão, de um ano a quatro anos, e multa.

§ 2º Se o crime:

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos: Pena: reclusão, de um a cinco anos.

Art. 60. Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos competentes, ou contrariando as normas legais e regulamentares pertinentes: Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.

Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de fazê-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental:

Pena detenção, de um a três anos, e multa.

O CONAMA, felizmente, deu início ao trabalho, regulamentando a responsabilidade

“pós-consumo”, prevista na Lei N. º 6.938/81 dos fabricantes e importadores de pilhas,

baterias e pneumáticos, através das Resoluções N. º 257 e 258.

A Resolução de N. º 257, prevê que as pilhas e baterias, após seu esgotamento

energético, deverão ser devolvidas pelos usuários aos estabelecimentos que as comercializam

e/ou à rede de assistência técnica autorizada. Após a devolução pelos usuários, as baterias e

pilhas serão repassadas aos fabricantes e aos importadores para providenciarem diretamente,

ou por intermédio de terceiros, a adequada destinação final.

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“Em São Paulo são descartadas anualmente no meio ambiente cerca de 152 milhões de pilhas comuns e 40 milhões de pilhas alcalinas; e, cerca de 12 milhões de baterias de celular, que contém metais pesados prejudiciais à saúde humana”. (CETESB, 2002).

“Os destinos convencionais desses produtos são os aterros e as usinas de compostagem, isto quando não são despejados em lixões a céu aberto. Nos aterros, expostas ao sol e à chuva, as pilhas se oxidam e se rompem; os metais pesados atingem lençóis freáticos, córregos e riachos. Eles entram nas cadeias alimentares através da ingestão da água ou de produtos agrícolas irrigados com água contaminada. Nas usinas de compostagem, a maior parte das pilhas é triturada junto com o lixo doméstico e o composto gira nos biodigestores liberando os metais pesados. O adubo resultante contamina o solo agrícola e até o leite das vacas que pastam em áreas que recebem a adubação. O cádmio e o chumbo provocam disfunção renal e problemas pulmonares, mesmo em pequenas quantidades; o manganês e o mercúrio afetam o sistema neurológico e o cérebro; o zinco e o cloreto de amônia atacam o pulmão”. (http://www.minc.com.br/artigos/pilhas.htm, acesso em 25.10.2004.).

A destinação final dos pneus, que constituem um grande transtorno para o meio

ambiente, foi objeto de regulamentação pelo CONAMA através da Resolução N. º 258/99,

segundo a qual, “as empresas fabricantes e as importadoras de pneumáticos ficam obrigadas a

coletar e dar destinação final, ambientalmente adequada, aos pneus inservíveis existentes no

território nacional, na proporção definida nesta Resolução relativamente às quantidades

fabricadas e/ou importadas”. Assim, pelo disposto na Resolução 258/99, a partir de 1º de

janeiro de 2002, para cada quatro pneus novos ou fabricados no País ou pneus importados,

inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as

importadoras devem dar destinação final a um pneu inservível. A proporção cresce até 2005,

quando: para cada quatro pneus novos ou fabricados no País ou pneus novos importados,

inclusive aqueles que acompanham os veículos importados, as empresas fabricantes e as

importadoras devem dar destinação final a cinco pneus inservíveis; - para cada três pneus

reformados importados, de qualquer tipo, as empresas importadoras devem dar destinação

final a quatro pneus inservíveis. Essas normas devem ser revistas, conforme determina a

própria Resolução 258/99 do CONAMA, no quinto ano de sua vigência.

Relativamente a agrotóxicos, vale citar a Lei Nº 9.974, de 06 de junho de 2000, a qual,

por sua vez, alterou a Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989. As principais alterações

introduzidas pela Lei Nº 9.974/00 são:- obrigação da devolução pelos usuários das

embalagens de agrotóxicos vazias; - responsabilização das empresas produtoras e

comercializadoras de agrotóxicos quanto à destinação das embalagens vazias, dos produtos

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apreendidos pela ação fiscalizatória, bem como dos produtos impróprios para utilização ou em

desuso, com vistas à sua reutilização, reciclagem ou inutilização.

“Em apenas um ano o Paraná aumentou em 152,8% o índice de recolhimento de embalagens vazias de agrotóxicos. Entre os meses de janeiro e julho de 2003, foram devolvidas pelos agricultores 846 toneladas de embalagens; no mesmo período em 2004, o volume foi de 2.139 toneladas. Cada tonelada representa 25 mil embalagens retiradas do meio ambiente. De acordo com levantamento do INPEV, nos sete primeiros meses deste ano foram entregues nas Unidades de Recebimento paranaenses 59,4% das embalagens de agrotóxicos utilizadas na agricultura do Estado. No acumulado entre janeiro e julho de 2004, o Paraná atingiu o volume de 2.139 toneladas de embalagens recolhidas, seguido pelo Mato Grosso, com 2.125, e São Paulo, com 1.550 toneladas”. (SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DO PARANÁ, 2004)

No Plano estadual vale destacar:

No Estado do Rio Grande do Sul, a responsabilidade pós-consumo foi consolidada

pela Lei Estadual Nº. 9.921/93, regulamentada pelo Decreto N. º 38.356 de 01/04/1998, que

impôs aos fabricantes, importadores e comerciantes de agrotóxicos a responsabilidade pela

destinação ambientalmente correta das suas respectivas embalagens colocadas no mercado.

Posteriormente, esta responsabilização pós-consumo pelas embalagens de agrotóxicos foi

regulamentada em âmbito nacional pela Lei Federal N. º 9.974, de 06/06/2000.

Em Mato Grosso, a Lei Nº 2.222, de 11 de abril de 2001, que responsabiliza os

fabricantes, distribuidores e comerciantes, inclusive os importadores pela destinação final das

embalagens plásticas. Obriga, ainda, as empresas a destinarem 10% do faturamento anual a

campanhas educativas. Como alternativa para identificar as embalagens plásticas recicladas,

as mesmas receberão um selo da cor verde informando da possibilidade de reutilização e

proibição de descarte no ambiente. (SCHIO, 2001).

O Estado do Rio de Janeiro merece destaque por preconizar em sua Constituição, no

Art. 258, segundo SAYAGO (1998), a adoção de política tributária que implementa o

princípio poluidor-pagador e a criação de taxas correspondentes aos custos de fiscalização,

recuperação e manutenção da qualidade ambiental. Assim como as Leis:

A Lei N. º 4191, de outubro de 2003, Política Estadual de Resíduos Sólidos, que

define a destinação final dos resíduos sólidos.

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“As prefeituras passam a ter o prazo de um ano, a partir da promulgação da lei, para dispor todo o lixo gerado em aterros sanitários adequados, com separação de pilhas, tratamento do chorume e apoio às cooperativas de catadores” (COMLURB, 2004).

A Lei Nº. 3183/99 da coleta seletiva de pilhas e baterias e a Lei nº. 3369/00, Para a

reciclagem de plásticos e PET, regulamentada em 2002.

“As empresas que produzem e comercializam plásticos e PET são responsabilizadas pela recompra e pela destinação e são obrigadas a apoiarem as cooperativas de catadores com depósitos, prensas ou transporte”. (MINC, 2004).

Na esfera Federal, estar em tramitação no congresso nacional o projeto de Lei Nº 203,

de 1991, de competência da União e sobre ela foram apensadas dezenas de projetos de lei,

visando a fins bastante variados e com imensa variedade de modos de tratamento das questões

dos resíduos sólidos.

“Ao PL 203/91 encontram-se apensos 74 projetos de lei. É grande a variedade de temas e abrangência no conjunto das proposições em pauta. Algumas são bastante abrangentes, incluindo a instituição de uma política nacional de resíduos sólidos, e outras atêm-se a temas mais específicos, como pilhas e baterias, pneus usados, embalagens, reciclagem, importação de resíduos e outros.” (COMISSÃO ESPECIAL DESTINADA A DAR PARECER AO PROJETO DE LEI Nº 203 E APENSOS - 3º VERSÃO, 2002)

O Substitutivo ao Projeto de Lei Nº 203, de 1991 (e seus apensos):

“Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, seus princípios, objetivos e instrumentos, e estabelece diretrizes e normas de ordem pública e interesse social para o gerenciamento dos diferentes tipos de resíduos sólidos”.

Em seu Art. 1º.

“Esta Lei, com fundamento nos incisos VI, VIII e XII do art. 24 e no art. 225 da Constituição, institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, seus princípios,

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objetivos e instrumentos e estabelece diretrizes e normas de ordem pública e interesse social para o gerenciamento dos diferentes tipos de resíduos sólidos”.

A criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos é uma ótima oportunidade que se

apresenta para a regulamentação explícita da responsabilidade pós-consumo, visando eliminar

as dúvidas ainda existentes. Os gastos a serem despendidos com a destinação final dos

resíduos devem ser distribuídos entre todos os responsáveis, de maneira especial às empresas

que criaram seus produtos sem se preocupar com os prejuízos que trariam ao meio ambiente

e, conseqüentemente, aos Municípios.

O substitutivo, em seu Capítulo II, Art. 9º:

VIII - Responsabilidade dos produtores ou importadores de matérias primas, produtos intermediários ou acabados, transportadores, distribuidores, comerciantes, consumidores, administradores e proprietários de área de uso público e coletivo, coletores e operadores de resíduos em qualquer das fases de gerenciamento;

IX - Responsabilidade pós-consumo compartilhada entre o Poder Público, os fabricantes, importadores, comerciantes e o consumidor, de maneira que este último cumpra as determinações de separação do lixo domiciliar e de adequada disponibilização para coleta;

X - Cooperação entre o Poder Público, o setor produtivo e a sociedade.

XVII - Poluidor pagador;

Esta inquestionável responsabilidade civil dos poluidores indiretos, que possui

fundamento legal na Lei de Política Nacional do Meio Ambiente, na Constituição Federal e

nos princípios de Direito Ambiental, precisa ser prontamente cobrada pelos nossos

governantes.

O substutivo, na Subseção XII, Art. 110, define resíduos de embalagens como:

“Consideram-se resíduos de embalagem, para os fins previstos nesta Lei, todos os materiais descartados após o uso e que tenham sido, confeccionados ou utilizados para

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conter, proteger, transportar, armazenar e apresentar mercadorias, desde matérias-primas até produtos acabados, independentemente de suas dimensões e características”.

§ 1º - Todos os artigos descartáveis, utilizados para os mesmos fins, são considerados embalagens.

No art. 110, § 2º, classifica as embalagens em:

I - embalagens de venda ou embalagens primárias, concebidas com o objetivo de constituir uma unidade de venda ao fabricante de um produto ou do consumidor final;

II - embalagem agrupada ou embalagem secundária, concebida com o objetivo de constituir, no ponto de venda, uma agrupagem de determinado número de unidades, quer estas sejam vendidas como tal, quer sejam apenas utilizadas como meio de organização no ponto de venda. Este tipo de embalagem pode ser retirado do produto sem afetar as suas características;

III - embalagem de transporte ou embalagem terciária, concebida com o objetivo de facilitar a movimentação e o transporte de uma série de unidades de venda ou embalagens grupadas, a fim de evitar danos físicos durante a movimentação e o transporte.

Já, em seu Art. 114, afirma: São co-responsáveis com o Poder Público pelo gerenciamento dos resíduos de embalagens:

I - o fabricante e o importador da embalagem quando esta constituir produto de venda específico e independente, com utilidade própria, colocada à disposição do consumidor;

II - o utilizador da embalagem ou envasador, quando esta constituir veículo necessário ao acondicionamento do produto fabricado;

III - o usuário final, em relação ao cumprimento das normas regulamentadoras instituídas para fins de descarte ou devolução da embalagem ou resíduo de embalagem.

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Diante do exposto, quanto a grave situação de disposição e tratamento dos resíduos

sólidos, da falta de recursos destinado ao setor e da inexistência de uma legislação especifica

para o lixo proveniente do pós-consumo. Constatamos que os Municípios, não podem ser

responsabilizados com exclusividade pela correta destinação dos resíduos sólidos produzidos,

e sim que ela deva ser dividida entre os produtores, importadores, comerciantes e

consumidores. Partindo deste principio, urge, pois; votar, esta proposta de substutivo que

responsabilize o setor privado quanto à destinação dos resíduos gerados e ao mesmo tempo

promova a inserção dos catadores em toda a cadeia produtiva para que o ônus da prevenção e

recuperação da degradação do meio ambiente não recaia somente sobre os “ombros” do

Município, enquanto as empresas repartem seus lucros entre os acionistas. (DIAS & ROSAS,

2000).

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Fig. 10 – A Logística Reversa e a Reciclagem do Lixo no Brasil.

1. Há duas formas de prestação direta dos serviços públicos de limpeza urbana: diretamente pela Administração Pública: através de um departamento da Prefeitura, com funcionários próprios (municípios pequenos). Nesta forma a remuneração é feita através da cobrança de taxa, sendo o respectivo lançamento efetuado junto com o Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU. E por meio da outorga da concessão dos serviços a terceiros, através de licitação. A concessão pode ser feita de duas formas: a uma entidade municipal, autarquia, empresa pública ou a uma empresa particular. Na primeira hipótese, a municipalidade cria uma autarquia ou constitui uma empresa para ser a concessionária dos serviços de limpeza pública, coleta domiciliar e disposição final do lixo. Na concessão (autarquia, empresa pública ou privada) deve ser cobrada tarifa, que constitui um preço público, pois nesse caso a obrigação de seu pagamento decorre de um contrato administrativo, em que se aplica a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, incompatível com a natureza da taxa. Os investimentos do setor ficam a cargo da empresa concessionária cabendo à municipalidade a fiscalização da concessão. Mas a municipalidade permanece indiretamente responsável pelo serviço, pois sendo a titular da empresa municipal arca com as despesas. 2. O lixo e recolhido dos domicílios e comércios pelas empresas públicas e ou privadas; depois de triado e vendido aos canais de reciclagem ou dispostos em lixões, aterros controlados e aterros sanitários. Quando existe parceria entre o poder público e cooperativas de catadores, o lixo coletado e triado pelos cooperados para posterior venda aos canais de reciclagem. 3. Os Catadores ou Cooperativas de catadores recolhem o lixo dos domicílios, comércios e revendem para os canais de reciclagem. 4. Os fabricantes de Pilhas, baterias (CONAMA N. º 257), Pneus (CONAMA 258) e Agrotóxicos (Lei Nº 9.974/00), lâmpadas fluorescentes, são obrigados a recolherem a embalagens de seus produtos para reciclarem ou fazerem a disposição final correta dos mesmos. 5. As empresas são responsáveis pelos resíduos de seu processo produtivo (ISO 14. OOO).

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Coletividades municipais

5

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

Autarquias, Empresas Públicas

e ou Privadas

Distribuidores Atacado/varejo

Industrias envasadores

Fabricantes de embalagens

Canais de

Reciclagem

1

Fluxo de Eliminação

2

3

5

4

3

Catadores

1

2

4

4

4

1

2

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3

A VIABILIDADE ECONÔMICA DA LOGISTICA REVERSA

“Reciclagem é o canal reverso de revalorização, em que os materiais constituintes dos produtos descartados são extraídos industrialmente, transformando-se em matérias-primas secundárias ou recicladas que serão reincorporadas à fabricação de novos produtos. Para que essa reintegração se realize, são necessárias as etapas de coleta, seleção, preparação, reciclagem industrial e reintegração ao ciclo produtivo”. (LEITE, 2003).

No presente estudo, para avaliar a viabilidade econômica da proposta de logística

reversa acerca da reciclagem de embalagens PETs, seguimos a abordagem metodológica

sugerida por CALDERONI (1998). Esta metodologia promove a mensuração dos ganhos

proporcionados pela reciclagem sob uma ótica macroeconômica, refletindo os interesses da

sociedade como um todo, bem como de cada um dos agentes envolvidos neste processo. Além

disso, introduz inovações considerando em sua avaliação os ganhos ambientais decorrentes da

economia de energia, de matérias-primas, de recursos hídricos e controle ambiental.

De acordo com esta metodologia a viabilidade econômica da reciclagem é aferida pela

comparação entre o montante alcançado com a venda dos materiais recicláveis e o custo

envolvido na coleta e separação de tais materiais. Por esta metodologia, prevaleceria a

seguinte formulação:

G = V – C

Onde:

G = Ganho com a reciclagem V = Venda dos materiais recicláveis

C = Custo do processo de reciclagem

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Para CALDERONI (1998), o item “V”, é nulo, pois é o resultado liquido das

transações internas do mercado de recicláveis. Portanto, a formulação anterior, somente é

valida do ponto de vista de quem vende (a prefeitura, sucateiro, catador), Para quem compra,

o sinal é negativo, como no caso das indústrias e sucateiros que compram dos catadores.

“... o item V, ou seja, a venda dos materiais recicláveis, é ao mesmo tempo receita para uns e, ao mesmo tempo, é despesa para outros. Assim, o item V deve figurar uma segunda vez na equação desta feita com sinal negativo. Então a equação passa a ser: G = (V – V) – C” (CALDERONI, 1998).

Na metodologia acima exposta não foi considerado o custo evitado de disposição final.

Este custo abrange as despesas com aterros, a incineração e com as operações de coleta,

transporte e transbordo. Nos custos de aterros e incineradores deve ser considerado tanto os

custos de implantação, como os de operação e manutenção, o mesmo aplicando-se a frota dos

veículos utilizados no transporte e transbordo.

Considerando os custos evitados, na formulação de DUSTON, (1993).

G = (V – V) – C + E

Onde:

G = Ganho com a reciclagem

V = Venda dos materiais recicláveis

C = Custo do processo de reciclagem

E = Custo evitado de coleta, transporte, transbordo e disposição final.

Além do interesse de cada agente econômico envolvido no processo de reciclagem,

CALDERONI (1998), acrescenta na formulação anterior os ganhos decorrentes da economia

de energia, de matérias-primas, com consumo de água e controle ambiental proporcionados

pela reciclagem.

Tem-se, portanto a seguinte formulação.

G = (V-V)-C+E+W+M+H+A+D

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Onde:

G = Ganho com a reciclagem

V = Venda dos materiais recicláveis

C = Custo do Processo de reciclagem

E = Custo Evitado de Disposição Final

W = Ganhos Decorrentes da Economia do Consumo de Energia

M = Ganhos Decorrentes da Economia de Matérias-Primas

H = Ganhos Decorrentes da Economia de Recursos Hídricos

A = Ganhos com a Economia do Controle Ambiental

D = Demais Ganhos Econômicos (divisas, subsídios, vida útil dos equipamentos).

Nesta acepção metodológica, o presente trabalho buscará realizar aproximações no

sentido de avaliar algumas das variáveis sugeridas por CALDERONI (1998); E, W e M,

tentando complementarmente trazer indicações para D, H e A. Com tais aproximações e

indicações chegar ao valor de G, estimando esta magnitude, como o ganho de toda a

sociedade, caso seu valor seja positivo, a proposta de logística reversa será uma atividade

econômica viável.

Para avaliar a viabilidade econômica da proposta, deve-se, primeiramente conhecer a

quantidade de embalagens de bebidas (politereftalato de etileno) produzidas, a quantidade

reciclada e a disposta em aterros. Com base nestes dados é que se pode calcular a economia

de energia (W), matéria-prima (M) e água (H), bem como a redução dos dispêndios com o

controle ambiental (A) e com a coleta, transporte e disposição final do lixo (E).

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Tabela 3.1 – Ganho de cada agente econômico com o processo de reciclagem

Agente Equação

Município de Manaus G1 = E + V1 - C1

Indústria G2 = - V + W + M + H + A + D1

Sucateiro G3 = V2 - C3

Catador G4 = V3

Governo Estadual G5 = D2

Governo Federal G6 = D3

Sociedade G = (V - V) - C + E + W + M + H + A + D

G = E (G1 a G6); V = E (V1 a V3); C= E (C1 a C2); D = E (D1 a D3); (C < V).

Onde,

G = Ganho com a reciclagem G1 = Ganhos do agente i

V = Valor de venda dos materiais

C = Custo do processo de reciclagem

E = Custo evitado de disposição final

w = Ganhos decorrentes do consumo de energia (Kw)

M = Ganhos decorrentes da economia de matérias-primas

H = Ganhos decorrentes da economia de recursos hídricos

A = Ganhos decorrentes da economia com controle ambiental

D = Demais ganhos econômicos

FONTE: CALDERONI, 1998.

Cumpre aqui, também distinguir os ganhos tangíveis dos intangíveis:

Os ganhos tangíveis focalizados no presente trabalho advêm da formulação de

CALDERONI (1998), e por si só já produzem resultados eloqüentes quanto à viabilidade do

modelo de reciclagem de embalagens e resíduos de embalagens sob o ponto de vista social.

Quanto aos ganhos econômicos intangíveis de cada setor envolvido no modelo

proposto de logística reversa, serão apenas enumerados, devido às dificuldades metodológicas

envolvidas para quantificá-los em termos monetários. Estas advêm de fatores como saúde

pública, qualidade ambiental, sedimentação de clientes, credibilidade empresarial, etc.

Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica e exploratória. Bibliográfica pela

realização de uma investigação teórica do assunto, servindo de embasamento para confrontar

com a realidade em estudo.

3.1 Metodologia de Aquisição de Dados

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A pesquisa foi iniciada com uma revisão bibliográfica sobre as legislações existentes

nos Estados Unidos da América e na Comunidade Européia, que estabeleceram a

responsabilidade pós-consumo das empresas (fabricante, envasador, distribuidor, varejista,

importador), pelo lixo originado de seus produtos postos à venda no mercado, especialmente o

lixo produzido pelas embalagens de seus produtos provenientes do consumo doméstico.

Com relação ao Brasil, a revisão bibliográfica abordou as resoluções do CONAMA e

as Legislações Estaduais e Federais referentes à responsabilidade pós-consumo e o projeto de

Lei que Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos,

O primeiro passo da pesquisa de campo, foi estruturar distintos questionários para

aplicar nas diferentes empresas a serem pesquisadas. Estas possuem características diferentes

(fabricantes, envasadores, recicladores, etc).

O passo seguinte foi o estabelecimento de um contato inicial com os entrevistados,

possibilitando aos entrevistados um antecipado preparo da visita. Este contato foi estabelecido

através de telefone, e-mail ou visita previa a instituição.

As primeiras entrevistas foram com a Secretária de limpeza pública – SEMULSP, as

empresas TUMPEX e a ENTERPA, concessionárias da coleta do lixo em Manaus, com o

objetivo de obter informações quantitativas do volume de resíduos gerados, o custo do serviço

de limpeza urbana, a geração per capita de resíduos, a composição gravimétrica dos resíduos,

o sistema de tratamento e disposição final dos resíduos.

Conhecendo a situação da produção, composição, custos e destinação dos resíduos

sólidos do município, o passo seguinte foi procurar as empresas fabricantes de embalagens, as

empresas envasadores e distribuidoras, com o fim de identificar a cadeia geral de embalagens,

a forma de comercialização, os custos das embalagens e o volume de embalagens colocadas

no mercado local.

Já, nas empresas “Recicladoras”, foi pesquisado a estrutura do mercado de reciclados,

a quantidade de material reciclado, preço da matéria-prima, fornecedores dos resíduos, o

processo e a tecnologia usada, a comercialização dos materiais reciclados, principais clientes

e dificuldades.

Os dados obtidos foram analisados quantitativamente

Como suporte ao trabalho foram pesquisadas as seguintes fontes secundárias de

informações:

- Arquivos dos órgãos da administração direta municipal e estadual (secretarias,

departamentos, autarquias, empresas públicas) e empresas privadas prestadoras de

serviços de limpeza pública;

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73

- Órgãos federais: Ministérios, Fundações, Institutos (IBGE, IBAMA, CETEA,

etc);

- Artigos Científicos e Acadêmicos, Dissertações, Teses, Revistas Técnicas,

Periódicos, Livros,

- Associações (CEMPRE, PLASTIVIDA, ABIQUIM, ABIPET, ABIA, ABAS,

etc.), Ong’s, Associações de Catadores;

- Empresas de Pesquisa voltadas para o ramo de embalagens como a: Datamark,

A. C. Nielsen, Muller e Associados, etc.;

- “Sites” especializados

3.2 As Embalagens Descartáveis.

A pesquisa foi motivada pelo crescimento expressivo de embalagens e resíduos de

embalagens proveniente do consumo domestico presentes no lixo urbano. Esta crescente

participação das embalagens no total do lixo urbano, com toneladas e mais toneladas de latas,

garrafas plásticas, embalagens longa vida, pilhas, baterias, etc, materiais cada vez menos

biodegradáveis, tornou-as um dos principais problemas ambientais dos municípios brasileiros.

“a existência de padrões de produção e consumo não sustentáveis podem quadruplicar ou quintuplicar até o ano 2025 a quantidade de resíduos produzidos no mundo” . (AGENDA 21, 1996).

Outro fator que torna as embalagens um importante foco para estudo é a maior

possibilidade de reciclagem e reaproveitamento deste tipo de resíduo, tanto devido à maior

facilidade de separar o material, como pelos vários benefícios para a sociedade ao reduzir

externalidades associadas a gastos com a coleta e disposição; impactos ambientais; uso de

matéria-prima virgem e outros insumos.

Portanto, este trabalho vem propor e esboçar o funcionamento de uma cadeia reversa

ambiental que promova o reaproveitamento, a reciclagem e a coleta seletiva do lixo de

embalagens e resíduos de embalagens provenientes do pós-consumo e que ao mesmo tempo

ofereça subsídios suficientes para promover uma parceria entre a cadeia direta de embalagens

e as associações de catadores.

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74

3.3 Abrangência do Estudo

Este trabalho tem como abrangência espacial o Município de Manaus, sendo

considerado unicamente os resíduos de origem domiciliar, ou mais precisamente, os resíduos

recolhidos pelo Serviço de Limpeza Urbana de Manaus. Os resíduos domiciliares focalizados

no trabalho serão as embalagens plásticas de bebidas (politereftalato de etileno), mais

popularmente conhecidas como embalagens Pets.

Estas embalagens plásticas (Pets), são os artefatos mais facilmente encontrados no

lixo, pois, apresentam uma duração de vida útil muito pequena. O tempo que leva da sua

fabricação, envase, comercialização, utilização pelo consumidor até o seu descarte é questão

de dias.

No estudo realizado pelo Compromisso Empresarial para Reciclagem - CEMPRE, os

plásticos utilizados na confecção de embalagens são os mais encontrados no lixo doméstico.

Destes, o polietileno de baixa e alta densidade (PEBD e PEAD); e o politereftalato de etileno

(PET), conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 3.2 - Composição dos plásticos por tipo, proveniente do lixo seco.

Utilizados na produção de

artefatos de uso doméstico Material

Símbolo %

Polietileno de baixa densidade PEBD

Polietileno de alta densidade PEAD

38

Politereftalato de Etileno PET

21

Policloreto de Vinila PVC

13

Polipropileno PP

10

Poliestireno OS

Poliuretanos PU

Poliacetato de Etileno Vinil EVA

20

Fonte: PACHECO & HEMAIS, 2000.

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75

4

O SISTEMA DE LIMPEZA PÚBLICA EM MANAUS: O LIXO

DOMICILIAR.

4.1 A Situação Atual dos Serviços de Limpeza Urbana

O serviço de limpeza urbana no município de Manaus é de responsabilidade da

Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços públicos – SEMULSP, sendo executado pelas

empresas concessionárias, TUMPEX e ENTERPA1 e, envolvem a coleta domiciliar, coleta

Hospitalar, a remoção mecânica, a remoção manual, a coleta de poda e a coleta seletiva.

A Tabela 4.1 apresenta o histórico do lixo coletado por serviço de 1997 a 2005. Nota-

se que de 1997 a 2004, houve um acréscimo de lixo coletado de 127,94 %, correspondendo

este aumento a 776.292,48 toneladas. Em 2005, das 716.085,55 toneladas de resíduos urbanos

recolhidos pelas concessionárias, a coleta domiciliar participou com 56,67 %, 405.836,91

toneladas, despontando em segundo lugar a remoção mecânica com 35,52 %, 254.402,11

toneladas; em terceiro lugar a remoção manual com 6,83 %, 48.923,68 toneladas. Os outros

serviços como: coleta hospitalar, coleta de poda, coleta seletiva não responderam por 1,0 %

do total do lixo coletado.

Na tabela 4.1, nota-se, que a coleta domiciliar entre os anos de 1997 a 2005, teve um

acréscimo de 60,65 %, que constitui 153.213,95 toneladas, seguida da coleta hospitalar, com

50,24 %, que representa 884,54 toneladas. Os outros serviços de coleta como remoção manual

e remoção mecânica tiveram um decréscimo respectivamente de 26,67 %, que corresponde a

17.797,62 toneladas e 7, 12 %, com 19.517,03 toneladas.

1 A ENTERPA substituiu a LIMPEL, a partir de agosto de 2005.

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76

A SEMULPS, paga melhor a tonelada coletada de poda do que a domiciliar. Por esta

razão a coleta de poda que era feita junto com a coleta domiciliar, a partir de 2004, passou a

ser feita em separado pelas concessionárias.

Tabela 4.1 - Quantidade de lixo coletado por serviço, por tonelada - 1997 a 2005.

Concessionárias

Anos Total

Total Coleta

DomiciliarColeta

HospitalarRemoção Mecânica

Remoção Manual

Coleta de Poda

Coleta Seletiva

Poliguin-cho

Terceir.

1997 662.864,05 606.781,36 252.622,96 1.637,73 273.919,14 66.721,29 - - 11.880,25 56.082,69

1998 778.044,45 709.788,54 351.931,39 2.950,57 276.280,73 72.928,31 - - 5.697,55 68.255,92

1999 775.284,45 699.268,89 373.231,99 4.454,21 264.465,13 47.982,94 - - 9.134,63 76.015,56

2000 902.932,91 802.721,21 377.271,24 5.052,61 345.052,51 67.826,36 - - 7.518,48 100.211,70

2001 932.929,83 842.749,04 331.388,88 4.393,72 435.846,48 64.343,09 - - 6.776,87 90.180,79

2002 1.159.188,461.066.153,76 309.951,02 3.523,27 627.606,42 118.225,55 - - 6.847,52 93.034,70

2003 1.142.708,891.051.233,34 384.817,16 3.440,62 505.173,34 153.585,69 - 4.216,54 91.475,54

2004 1.458.013,211.383.073,84 442.708,34 3.216,59 731.613,30 205.067,90 467,716 - - 74.939,37

2005 792.148,76 716.085,55 405.836,91 2.522,27 254.402,11 48.923,68 3.877,24 523,34 - 76.063,21

FONTE: SEMULPS, 2005.

Na tabela 4.2, observa-se que em 2005 ocorreu uma redução considerável no lixo

coletado pelas concessionárias, cerca de 45,67 %, 665.864,45 toneladas em relação a 2004.

Esta redução ocorreu principalmente nos serviços de remoção manual, 76,14 %, que

representa 156.144,22 toneladas, na remoção mecânica, 65.23 %, com 477.211,19 toneladas e

na coleta hospitalar, 21,59 %, com 694,32 toneladas. Na coleta domiciliar a redução ocorrida

foi apenas de 8,33 %, com 36.871,43 toneladas, comparado com o coletado em 2004.

Segundo a SEMULPS, esta diferença na quantidade de resíduos coletados entre os

anos de 2004 e 2005, pode ser explicada por possível erro da balança do aterro municipal.

Irregularidade constatada por auditoria do IPEM, solicitada pela Prefeitura de Manaus em

janeiro de 2005, que encontrou um desvio na balança, de 1,07 %, acima do permitido pelas

normas técnicas, sem possibilidade de precisar desde quando vinha ocorrendo esta defasagem.

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77

Tabela 4.2 - Coleta de lixo por serviço e disposição final - 2004 / 2005.

Acumulado de Janeiro a

Dezembro (em toneladas) Serviços de coleta e disposição final

2004 2005

Diferença em toneladas (2005-2004)

Variação Porcentual

Total 1.458.013,21 792.148,76 665.864,45 -45,67

Coleta Domiciliar 442.708,34 405.836,91 36.871,43 -8,33

Coleta Hospitalar 3.216,59 2.522,27 694,32 -21,59

Remoção Mecânica 731.613,30 254.402,11 477.211,19 -65,23

Remoção Manual 205.067,90 48.923,67 156.144,22 -76,14

Coleta de Poda 467,72 3.877,24 -3.409,53 728,97

Coleta Seletiva 0,00 523,34 -523,34 -

Terceiros 74.939,37 76.063,21 -1.123,83 1,50

Disposição Final 1.458.013,21 791.625,42 666.387,79 -45,71

FONTE: SEMULPS, 2005.

Somente a partir da data do laudo, 28 de janeiro, que a SEMULSP tomou as

providências para o início dos serviços de calibragem da balança, passando a descontar da

remuneração das duas concessionárias de coleta de lixo, o percentual de 1,07 %.

Os serviços de manutenção da balança do Aterro começaram no dia 14 de março de

2005 pela Empresa Toledo, ao custo total de R$ 40.000,00; referente à troca de peças e de

placas, reparos de alvenaria, instalação do novo software de controle da pesagem e

treinamento da equipe de operadores. A balança voltou a operar no dia 1º de maio daquele

ano.

E bom ressaltar que a diferença ocorrida nos serviços de coleta e disposição final do

lixo, entre os anos de 2004 / 2005, merece uma investigação mais detalhada por parte da

Prefeitura de Manaus e da SEMULPS, pois, o desvio de 1,07 % na calibragem da balança do

aterro municipal, não é uma explicação convincente, para esta redução gritante de 45,65 %,

665.864,45 ton,.

Apesar desta drástica redução da geração de lixo ocorrido em 2005,. Percebe-se no

gráfico 4.1, que a coleta domiciliar ampliou sua participação relativa no lixo coletado,

enquanto a remoção mecânica e a remoção manual apresentaram decréscimo expressivo.

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Gráfico 4.1 – Participação Relativa da Coleta domiciliar de 1997 a 2005.

FONTE: SEMULPS

Observa-se, Na tabela 4.3, que nos meses de maio a julho, um decréscimo nas

quantidades de lixo da coleta domiciliar e mecânica. Segundo a SEMULPS, esta redução

ocorreu pelas seguintes razões: dificuldades operacionais da concessionária LIMPEL

substituída a partir de agosto pela ENTERPA e a implantação de um regime de meio turno de

trabalho para a maioria dos garis durante período de mudança no sistema de ajuda-

alimentação que passou de quentinha para tíquete refeição.

O mês de dezembro apresentou um aumento na quantidade de lixo domiciliar coletado,

em função das festas de final de ano e maior motivação para compra causada pelo pagamento

do 13º salário.

Também, nota-se que a partir de março houve redução na entrada dos resíduos de

terceiros (indústrias, supermercados, etc.), em virtude do maior controle sobre as cargas

oriundas destes segmentos, não permitindo a entrada de produtos contaminantes e recicláveis.

Vale ressaltar, o impacto positivo na otimização do uso da Lixeira Municipal, causada

pelo crescimento da coleta seletiva e poda, pois, os resíduos da coleta seletiva vão para as

cooperativas de catadores que comercializam o material junto às empresas recicladoras e, os

resíduos de poda, seguem para a compostagem municipal, coordenada pela SEMULSP em

funcionamento em um espaço da Lixeira Municipal.

56,67

36,61

41,63

49,58

53,37

47,00

39,32

32,0129,07

38,92 37,8242,99

58,87

51,7245,14

52,90

48,06

35,53

6,838,45 7,636,86

11,00 10,27 11,09

14,61 14,83

0

10

20

30

40

50

60

70

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Col. Domiciliar

Rem. Mecanica

Rem. Manual

%

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Tabela 4.3 - Quantidade de lixo coletada, por serviço e por mês, em toneladas -2005.

Concessionárias Meses Total

Total Coleta

Domiciliar Coleta

HospitalarRemoção Mecânica

Remoção Manual

Coleta de Poda

Coleta Seletiva

Terceiros

Jan. 61.613,00 54.459,00 33.077,00 226,00 18.401,00 2.737,00 18,00 - 7.154,00

Fev. 54.513,47 46.515,54 27.143,94 200,33 16.881,34 1.967,62 299,68 22,63 7.997,93

Mar. 76.233,31 66.641,74 31.771,85 250,84 31.417,68 2.758,21 394,47 48,68 9.591,57

Abr. 78.638,24 70.434,88 32.843,90 246,84 31.743,27 5.356,45 200,71 43,72 8.203,36

Mai. 64.452,93 58.741,15 27.919,00 224,65 24.951,67 5.310,43 310,38 25,02 5.711,78

Jun. 56.009,76 50.076,40 26.212,60 165,40 17.972,35 5.355,64 325,28 45,13 5.933,36

Jul. 56.347,34 50.744,14 27.063,08 186,48 17.263,94 5.883,27 306,24 41,14 5.603,20

Ago. 64.412,52 59.428,14 36.839,32 175,45 17.463,75 4.267,24 635,25 47,13 4.984,38

Set. 69.794,09 64.808,74 38.644,84 194,00 22.165,73 3.544,04 213,53 46,59 4.985,35

Out. 71.081,30 66.615,46 38.694,57 222,95 23.603,20 3.789,54 243,85 61,35 4.465,84

Nov. 63.918,21 58.691,66 40.327,53 210,94 13.881,55 3.942,99 261,09 67,56 5.226,55

Dez. 75.134,60 68.928,71 45.299,29 218,39 18.656,63 4.011,24 668,76 74,39 6.205,89

Total 792.148,76 716.085,55 405.836,91 2.522,27 254.402,11 48.923,67 3.877,24 523,34 76.063,21

FONTE: SEMULSP, 2005.

Na tabela 4.4, das 792.148,760 toneladas de lixo recolhido em 2005, a média diária

correspondeu a 2.170,27 toneladas. Deste total, as concessionárias responderam por 91,40 %,

com média diária de 1.961,88 toneladas de lixo, enquanto terceiros respondeu por 9,6 %, com

média diária de 203.39 toneladas de lixo.

Das 1.961,88 toneladas de lixo recolhido diariamente pelas concessionárias; a coleta

domiciliar respondeu por 1.111,88 ton. / dia; a remoção mecânica com 696,99 ton. / dia e a

remoção manual com 134,04 ton. / dia.

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Tabela 4.4 - Participação relativa e média diária por serviço de coleta do lixo em Manaus – 2005

Serviços Toneladas de lixo coletado

Participação Porcentual (%)

Média diária (tonelada/dia)

Total 792.148,76 100,00 2.170,27

Terceiros 76.063,21 9,60 208,39

Total dos Serviços 716.085,55 91,40 1.961,88

Coleta Domiciliar 405.836,91 56,67 1.111,88

Coleta Hospitalar 3.877,24 0,49 10,62

Remoção Mecânica 254.402,11 35,53 696,99

Remoção Manual 48.923,68 6,83 134,04

Coleta de Poda 2.522,27 0,35 6,91

Coleta Seletiva 523,341 0,07 1,43

FONTE: SEMULSP, 2005.

4.2 A Disposição Final

Em 1986 começou a deposição de resíduos sólidos urbanos no aterro controlado,

situado no km 19 da rodovia estadual AM-010. Este é o único local que Manaus dispõe,

oficialmente, para a deposição de todos os resíduos sólidos urbanos. Neste são recebidos os

resíduos sólidos domiciliares, os resíduos de feiras e mercados, das unidades de serviços de

saúde, do parque industrial de Manaus, de terceiros e os resíduos oriundos dos serviços

complementares do sistema de limpeza urbana como capinação, varrição, jardinagem, limpeza

de igarapés e poda de árvores.

O gráfico 4.2 mostra o histórico das quantidades de lixo coletado por serviços entre

1997 a 2005. Percebe-se neste, que entre os anos de 1997 a 2005 foram depositados no aterro

8.603.613,68 toneladas de resíduos urbanos, com uma media anual de 955.957.08 toneladas.

A disposição final em 1997 correspondeu a 675.036,28 toneladas, alcançando no ano de 2004

o máximo de disposição, com 1.458.037,21 toneladas. No ano de 2005, houve uma queda

acentuada na disposição final de 45,71 %, 666.411,79 toneladas, com relação à disposição

final de 2004.

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81

Gráfico 4.2 – Disposição Final do Lixo – 1997 a 2005. FONTE: SEMULPS – 2005

Os resíduos das industriais instaladas no Distrito industrial e das empresas de

construção civil não são recolhidos pelo sistema de limpeza urbana do município. Estas

contratam empresas especializadas (terceiros) para a coleta e transporte de seus resíduos, as

quais utilizam caminhões basculantes no sistema "roll on - roll of", de capacidade até 40 m³.

Estes resíduos têm o mesmo destino final dos demais resíduos, ou seja, o aterro do km 19 da

AM A10. As indústrias, as construtoras e terceiros não pagam pela disposição dos resíduos

depositados no aterro municipal, o município é que arca com o ônus de toda esta disposição.

Na tabela 4.6, verifica-se que em 2005 de um total de 792.148,76 toneladas coletadas,

foram dispostos no aterro 791.625,42 toneladas. As concessionárias responderam em media

por 90,40 %, de todo o resíduo depositado, que constitui 716.085,55 toneladas. Os terceiros

contribuíram com 9,60 %, de todo os resíduos depositados, que representa 76.063,21

toneladas. A disposição das 76.063,21 toneladas de terceiros acarretou um custo para o

município de R$ 504.272,16.

A cobrança de uma taxa de disposição final pelo município, internalizaria o custo dos

resíduos industriais e entulho de construção destas empresas, obrigando-as a buscarem

alternativas para reduzir e ou aproveitar as sobras da produção de seus produtos.

932.929,83

902.932,91

775.284,45

765.870,23

675.036,28

1.142.708,89

791.625,42

1.458.037,21

1.159.188,46

0

100.000

200.000

300.000

400.000

500.000

600.000

700.000

800.000

900.000

1.000.000

1.100.000

1.200.000

1.300.000

1.400.000

1.500.000

1.600.000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Tonelad

as

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Tabela 4.5 - Disposição final de resíduos, por procedência e participação relativa por mês – 2005.

Toneladas de lixo por procedência Participação relativa por mês

Mês

Concessionárias Terceiros Coleta Seletiva Total Concessionárias Terceiros Total (%)

Total 716.085,55 76.063,21 523,34 791.625,42 90,40 9,60 100,00

Jan 54.459,00 7.154,00 0,00 61.613,00 88,39 11,61 100,00

Fev 46.515,54 7.997,93 22,63 54.490,84 85,33 14,67 100,00

Mar 66.641,74 9.591,57 48,68 76.184,63 87,42 12,58 100.00

Abr 70.434,88 8.203,36 43,72 78.594,53 89,57 10,43 100,00

Mai 58.741,15 5.711,78 25,02 64.427,91 91,14 8,86 100,00

Jun 50.076,40 5.933,36 45,13 55.964,63 89,41 10,59 100,00

Jul 50.744,14 5.603,20 41,14 56.306,20 90,06 9,94 100,00

Ago 59.428,14 4.984,38 47,13 64.365,39 92,26 7,74 100,00

Set 64.808,74 4.985,35 46,59 69.747,50 92,86 7,14 100,00

Out 66.615,46 4.465,84 61,35 71.019,95 93,72 6,28 100,00

Nov 58.691,66 5.226,55 67,56 63.850,65 91,82 8,18 100,00

Dez 68.928,71 6.205,89 74,39 75.060,21 91,74 8,26 100,00

FONTE: SEMULPS, 2005.

No gráfico 4.3, observa-se que das 76.063,21 toneladas dispostas no aterro por

terceiros, quatro empresas depositaram 51,85 %, ou seja, 39.438,78 toneladas. A Copel Rio

foi responsável por 32,01 %, que equivale a 24.345,99 toneladas; a Manaus Limpa por 10,12

%, com 7.698,53 toneladas, a Kata Entulho 6,12 %, com 4.714, 88 toneladas, a Norte Cleam

3,60 %, com 2.738,48 toneladas.

As empresas que compram materiais para reciclarem, como: Reciclam; G. Gomes

reciclagem; K. L. Reciclagem; Cometais; Coplast; também depositam no aterro os materiais

não reaproveitáveis decorrentes da reciclagem. O aterro industrial é o grande ausente no atual

modelo de gestão municipal.

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83

Gráfico 4.3 - Disposição Final de Terceiros FONTE: SEMULPS, 2005.

4.3 A Coleta Seletiva

Deste janeiro de 2005, a SEMULSP começou uma ação conjunta com a SEMINF e

SEMASC, para retirada dos catadores da lixeira municipal. Nesta ação, foram cadastrados

130 catadores. Após o treinamento básico, firmou-se um acordo de parceria, devendo todo o

material da coleta seletiva feita pelas concessionárias, ser doado aos grupos de catadores de

Santa Etelvina e as associações de catadores como: ACR, COOPERSOL, ARPA, DOROTH

STANG e AMAR.

Estas associações receberam em 2005, 545,60 toneladas de lixo seletivo. Destas, 523,

34 toneladas foram coletadas pelas concessionárias nos roteiros urbanos e 22,26 toneladas

foram coletadas em outros locais (escritórios, supermercados, câmara municipal, etc.).

No gráfico 4.4, nota-se que das 523,34 toneladas coletadas foram comercializadas

pelos catadores 45,18 %, ou seja, 262,23 toneladas, arrecadando com a venda R$ 45.106,18

reais.

Segundo Elisa Miller, chefe do programa de coleta seletiva, a variação nas quantidades

coletadas do lixo seletivo nos meses de fevereiro a setembro de 2005; detectada no gráfico

Copel RioManaus Limpa

Kata Entulho

Norte Cleam

Coplast

Limpex

Rio Limpo

Cometais

J. Nasser

KL Reciclagem

G. G. Reciclagem

Rapa Entulho

Reciclam

J. S. ReciclagemOutros

0 2.500 5.000 7.500 10.000 12.500 15.000 17.500 20.000 22.500 25.000

Toneladas

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4.2; decorre da dificuldade de implantar o programa de coleta seletiva e conscientizar a

população dos roteiros para fazerem a separação dos materiais no próprio domicilio. Que

Somente a partir do mês de outubro, é que tiveram uma melhor receptividade dos munícipes,

com a coleta seletiva crescendo ininterruptamente.

Gráfico 4.4 – Quantidade de lixo seletivo coletado e comercializado por mês - 2005 FONTE: SEMULPS, 2005.

Na tabela 4.6, verifica-se que das 262,233 toneladas comercializadas, o papel e

papelão responderam por 57,48 %, seguido dos plásticos com 24,17 %, o vidro com 13,10 %

e o alumínio e ferro com 5,25 %. Destes materiais o mais valorizado foi o plástico, sendo

pago a R$ 0,28 / kg, enquanto o papel e papelão auferiram apenas R$ 0,14 / kg, uma diferença

de 89,73 % no preço comercializado em relação ao plástico.

56,62

45,13

48,68

74,39

73,03

49,90

41,1443,72

25,0222,63

65,34

15,10

22,57

9,4516,66

2,34

27,85

49,34

35,06

28,23

39,84

15,80

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Fev Mar Abr Mai Juh Jul Ago Set Out Nov Dez

Coletado

Vendido

Coletado : 523,34 TonVendido : 262.23 Ton (45,18%)Arrecadado : R$ 45.106,18

Tonelad

as

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Tabela 4.6 - Materiais recicláveis comercializados,

Por quantidade, percentual e valor - 2005.

Material Quantidade

(kg) % Valor (em R$)

Papel e Papelão 150.732,18 57,48 21.852,40

Plásticos 63.373,84 24,17 17.431,74

Vidro 34.350,05 13,1 4.912,88

Alumínio e Ferro 13.776,20 5,25 909,16

Total 262.232,27 100,00 45.106,18

FONTE: SEMULPS, 2005.

4.4 A Geração Per Capita de Lixo.

No gráfico 4.5 podemos observar a geração per capita de lixo na cidade de Manaus.

Em 2005, Segundo a SEMULPS, a geração de lixo foi de 1,320 kg / hab./ dia. Observa-se que

a coleta domiciliar contribuiu com 51,26 por cento, 0,676 gramas; a remoção mecânica 32,12

%, 0,424 gramas; a remoção manual 6,14 %, Estes três serviços responderam por 90,00 % da

geração per capita do lixo no Município de Manaus.

Gráfico 4.5 – Geração per capita por serviço de coleta. FONTE: SEMULPS, 2005.

0,676

0,424

0,081

0,006 0,004 0,001

0,1267

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

ColetaDomiciliar

RemoçãoMecânica

RemoçãoManual

Coleta dePoda

ColetaHospitalar

ColetaSeletiva

Terceiros

Geração Per Capita : 1,320 K / H / Dia.

População de Manaus: 1.644.690 habitantes (IBGE 2005).

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O Panorama de Resíduos Sólidos do Brasil (2005), inventário realizado anualmente

pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais –

ABRELPE, estima à geração per capita do lixo do município de Manaus em 1,300 kg / hab. /

dia, adotando como referência o mesmo índice populacional da SEMULPS, ou seja,

estimativa populacional fornecida pelo IBGE (1.644,690 hab.).

Em outras duas pesquisas, uma realizada pelo Ministério das Cidades, “Diagnóstico

do Manejo de Resíduos Sólidos Urbanos”, divulgada em 2004, avalia em 1,400 kg / hab. / dia,

a outra efetuada pelo Programa Nacional de Saneamento Básico – (PNSB, 2000), considera a

geração per capita de lixo em Manaus de 1,550 kg / hab. / dia.

Na tabela 4.7, percebe-se que abril foi o mês que teve a maior geração per capita de

lixo, devido ao aumento da remoção manual ocorrido de abril a junho. Quanto à coleta

domiciliar nos meses de agosto a dezembro, ocorreu um aumento contínuo e gradativo na

geração per capita do lixo, sugerindo uma tendência de aumento desta para 2006.

Tabela 4.7 - Geração per capita de lixo em Manaus, por serviços e por mês - 2005.

Geração per capita por serviço

Concessionárias Mês Total

Total Coleta

DomiciliarRemoção Mecânica

Remoção Manual

Coleta de Poda

Coleta Hospitalar

Coleta Seletiva

Terceiros

Jan 0,1026 0,0907 0,05510 0,00038 0,03065 0,00456 0,00003 - 0,01192

Fev 0,0908 0,0775 0,04522 0,00033 0,02812 0,00328 0,00050 0,00004 0,01332

Mar 0,1270 0,1110 0,05293 0,00042 0,05234 0,00459 0,00066 0,00008 0,01598

Abr 0,1310 0,1173 0,05471 0,00041 0,05288 0,00892 0,00033 0,00007 0,01367

Mai 0,1074 0,0979 0,04651 0,00037 0,04156 0,00885 0,00052 0,00004 0,00951

Jun 0,0933 0,0834 0,04366 0,00028 0,02994 0,00892 0,00054 0,00008 0,00988

Jul 0,0939 0,0845 0,04508 0,00031 0,02876 0,00980 0,00051 0,00007 0,00933

Ago 0,1073 0,0990 0,06137 0,00029 0,02909 0,00711 0,00106 0,00008 0,00830

Set 0,1163 0,1080 0,06437 0,00032 0,03692 0,00590 0,00036 0,00008 0,00830

Out 0,1184 0,1110 0,06446 0,00037 0,03932 0,00631 0,00041 0,00010 0,00744

Nov 0,1065 0,0978 0,06718 0,00035 0,02312 0,00657 0,00043 0,00011 0,00871

Dez 0,1252 0,1148 0,07546 0,00036 0,03108 0,00668 0,00111 0,00012 0,01034

Total 1,3196 1,1929 0,6760 0,0042 0,4238 0,0815 0,0065 0,0009 0,1267

FONTE: SEMULPS, 2005.

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Vale relatar que o Programa Nacional de Saneamento Básico (2000), concluiu que

cidades com populações superiores a 500 mil habitantes, como São Paulo, Rio de Janeiro,

Salvador, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte tem uma produção per capita de resíduos

sólidos com valores superiores a 1,500 kg / hab. /dia.

4.5 Os Custos do Serviço de Coleta do Lixo e Disposição Final.

A tabela 4.8 apresenta o histórico dos custos com os serviços de coleta e disposição

final do lixo entre 1997 a 2005. Neste período os custos com os serviços de coleta do lixo

aumentaram 90,97 %, o equivalente a R$ 12.735.212,21. Tendo a coleta domiciliar um

acréscimo de 146,78%, equivalente R$ 10.879.116,54; a coleta hospitalar com 125,80 %, R$

85.552,96; a remoção mecânica com 40,73%, R$ 1.781.627,70 e a remoção manual com 5,95

%, R$ 102.862,65. Posteriormente, em 2005, houve uma redução dos custos destes serviços,

excetuando os serviços de coleta domiciliar e coleta de poda.

Também, nota-se que em 2003, a despesa com a disposição final do lixo foi de R$

11.989.049,99, um acréscimo de 165,20%, R$ 7.468.214,98; confrontado com a disposição

final de 2002. Esta despesa respondeu por um terço do custo total do município com o sistema

de limpeza pública naquele ano.

E interessante relatar que a disposição final em 2002 foi de 1.159.188,46 toneladas,

um aumento de 16.479,58 toneladas em relação ao ano de 2003, com 1.142.708,89 toneladas.

Em 2005, o gasto total com a gestão do lixo municipal foi de R$ 33.521.465,01; 5,3

%, do orçamento municipal. Dos R$ 33.521.465,01, os serviços de coleta do lixo responderam

por R$ 26.734.312,96. Destes serviços, a coleta domiciliar representou 68,41%, R$

18.291.074, 12; a remoção mecânica por 23,02 %, R$ 6.156.116,31; a remoção manual com

6,84 %, R$ 1.830.276,39; a coleta de poda com 0,91%, R$ 243.986,88; a coleta hospitalar,

0,57 %, R$ 153.559,12; e a coleta seletiva 0,22 %, R$ 59.229,64 do total gasto com os

serviços de coleta de lixo.

Também, verifica-se na tabela 4.8, um aumento na participação relativa da coleta

domiciliar nos custos do sistema de gestão do lixo municipal. Em 1997, a coleta domiciliar

respondia por 44,61%, do custo total, em 2000, 49,57% e no ano de 2005 aumentou sua

participação para 54,27 %.

Quanto à remoção mecânica, observa-se que nos anos de 2001 a 2002, o custo deste

serviço teve um aumento súbito da ordem de 44,00 %, passando de R$ 6.960.468,24 em 2001

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para R$ 10.022.874,50 em 2002, superando neste ano a despesa com a coleta domiciliar. Em

2004 o gasto foi de R$ 13.995.762,37, caindo 43,98 %, R$ 6.156.316,31, em 2005.

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Tabela 4.8 - Custos com o serviço de coleta do lixo, por serviço e disposição final - 1997 a 2005.

FONTE: SEMULSP – 2005

Custos com os serviços de coleta do lixo

Anos Custo Total

Custos Coleta

Domiciliar Coleta

Hospitalar Remoção Mecânica

Remoção Manual

Coleta de Poda

Coleta Seletiva

Poliguincho

Limpeza de Igarapés

Educação Ambiental

Disposição Final

1997 16.614.152,27 13.999.100,75 7.411.957,58 68.006,14 4.374.488,61 1.727.414,24 - - 417.234,18 - - 2.615.051,52

1998 19.903.853,58 16.948.677,89 10.325.666,88 122.595,97 4.412.203,18 1.888.113,92 - - 200.097,94 - - 2.955.175,69

1999 19.938.180,58 16.922.293,19 10.950.626,44 185.072,21 4.223.508,20 1.242.278,32 - - 320.808,02 - - 3.015.887,39

2000 22.331.074,60 18.809.636,26 11.069.138,27 209.935,86 5.510.488,65 1.756.024,46 - - 264.049,02 - - 3.521.438,34

2001 22.408.249,71 18.769.823,37 9.722.949,71 182.559,19 6.960.468,24 1.665.842,52 - - 238.003,71 - - 3.638.426,34

2002 27.085.408,14 22.564.573,13 9.093.962,78 146.391,66 10.022.874,50 3.060.859,39 - - 240.484,80 - - 4.520.835,01

2003 39.933.507,71 27.707.604,90 12.008.830,01 153.131,54 10.380.910,81 5.016.647,83 - - 148.084,71 - 236.852,82 11.989.049,99

2004 42.329.956,85 36.126.774,10 15.583.333,66 157.645,06 13.995.762,37 6.367.358,14 22.674,87 - - - 516.837,61 5.686.345,13

2005 33.521.465,01 26.734.312,96 18.291.074,12 153.559,12 6.156.116,31 1.830.276,89 243.986,88 59.299,64 - 985.777,53 553.178,10 5.248.196,42

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A tabela 4.9 confronta os custos dos serviços de coleta de lixo dos anos de 2004 /

2005. Nesta, observa-se uma queda acentuada dos custos com os serviços de coleta,

principalmente na remoção manual com 71,26%, R$ 4.537.081,26, na remoção mecânica com

56,01%, R$ 7.839.646,06; a disposição final com 7,71%, R$ 438.148,71 e a coleta hospitalar

com 2,59 %, 4.085,93.

Já, as coletas de poda e a coleta domiciliar tiveram um aumento respectivo de: 976,02

%, 221.312,00 e 17,38 %, R$ 2.707.740,46.

Tabela 4.9 - Custo com serviços de coleta e disposição final do lixo - 2004 / 2005

Acumulado de janeiro a dezembro (R$) Serviços de coleta e

disposição final

2004 2005

Diferença em R$

(2004 / 2005)

Variação percentual (%)

Custo Total 41.813.119,23 31.982.509,38 9.830.609,85 -23.51

Coleta de Lixo 36.126.774,10 26.734.312,96 9.392.461,14 -26,00

Coleta Domiciliar 15.583.333,66 18.291.074,12 -2.707.740,46 17,38

Coleta Hospitalar 157.645,06 153.559,12 4.085,93 -2,59

Remoção Mecânica 13.995.762,37 6.156.116,31 7.839.646,06 -56,01

Remoção Manual 6.367.358,14 1.830.276,89 4.537.081,26 -71,26

Coleta de Poda 22.674,87 243.986,88 -221.312,00 976,02

Coleta Seletiva - 59.299,64 - -

Disposição Final 5.686.345,13 5.248.196,42 438.148,71 -7,71

FONTE: SEMULSP – 2005

A participação relativa da coleta domiciliar, tanto nos custos dos serviços de coleta de

lixo, como nos custos de disposição final vem crescendo ano a ano.Em 1997 a coleta

domiciliar abrangia dos gastos com os serviços de coleta e 37,42 % dos gastos com disposição

final; no ano de 2005 aumentou sua participação para 51,27 por cento destes gastos.

No gráfico 4.6, verifica-se que no período de 1997 a 2005, o custo médio da tonelada do

serviço de coleta de poda teve um aumento 62,93 %, a coleta domiciliar de 53,61 %, a

remoção mecânica de 51,22 %, a coleta hospitalar 46,61 %, e a remoção mecânica 44,50 %.

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Quanto à disposição final, constata-se que apesar do decréscimo sofrido entre 2003 a

2004, de 62,83 %; o preço da tonelada de lixo disposta no aterro cresceu 71,13 %, entre 1997

a 2005.

Entre 1997 a 2002, observa-se no gráfico 4.5, que os custos por toneladas dos serviços

de coleta e da disposição final foram constantes. Somente a partir de 2003, e que os serviços

de coleta e disposição final apresentaram um acréscimo no preço da tonelada pago as

concessionárias. Neste período o maior aumento ocorreu com a coleta domiciliar, 40,84 %,

que equivale a R$ 13,86; em segundo a coleta hospitalar com 34,44 %, R$ 16,37; em terceiro

a coleta de poda com 29,80 %, R$ 14,45; em quarto a remoção mecânica com 19,59 %, R$

3,65; e em quinto a remoção manual com 15,55%, R$ 4,75.

Gráfico 4.6 - Custo médio dos serviços de coleta e disposição final - 1997 a 2005. FONTE: SEMULPS - 2005

Observa-se no gráfico 4.6 que o custo da coleta seletiva em Manaus é de R$ 115,00 /

Ton, que equivale a US$ 49,15 / Ton, 2 enquanto algumas capitais brasileiras, segundo

pesquisa realizada pela ABRELPE (2005), chega a custar 8 vezes a mais que a coleta normal,

a saber:: Belo Horizonte US$ 203,00 / Ton., Brasília US$ 57,00 / Ton, Curitiba US$ 76,00 /

Ton.76, Rio de Janeiro US$ 95,00 / Ton, Florianópolis US$ 67,70 / Ton, Porto Alegre US$

2 US$ 2.3399, cotação de 31 de dezembro de 2005.

24,20

29,34 29,34 29,34 29,34 29,34 29,34

35,2031,21

45,07

20,55 19,1315,9715,9715,9715,97 15,97 15,97

25,89 25,89 25,89 25,89 25,8931,05

37,41

32,6625,89

62,93

48,4841,52 41,55 41,55 41,55 41,55 41,55 44,5149,01

60,88

113,31

3,87 3,86 3,89 3,90 3,903,90 10,49

3,906,63

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00

90,00

100,00

110,00

120,00

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Coleta Domiciliar Remoção Mecânica

Remoção Manual Coleta de Poda

Coleta Hospitalar Coleta Seletiva

Disposição final

R$

/ T

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60,50 / Ton. A única capital com o custo da coleta seletiva inferior a Manaus foi Salvador

com US$ 37,00 / Ton.

4.6 A Caracterização Física do Lixo Domiciliar de Manaus

Para quantificar o ganho decorrente da reciclagem do lixo das embalagens de

politereftalato de etileno, precisamos conhecer três grandezas, a quantidade de embalagens

disposta no aterro, a quantidade reciclada e a quantidade produzida ou consumida de

embalagens na cidade de Manaus. Nota-se que é suficiente o conhecimento de duas dessas

três grandezas para que se possa determinar a terceira.

Para determinar a composição gravimétrica do lixo urbano de Manaus, ANDRADE

(1992), selecionou seis amostras provenientes de quatro áreas distintas, sendo uma amostra do

centro da cidade, duas amostras da zona leste, duas amostras da zona oeste, uma do bairro

Praça 14 e uma do bairro Cachoeirinha. Estas duas últimas substituíram as amostras

provenientes do Distrito Industrial. ANDRADE (1992), utilizou tambores de 200 Litros como

amostra final.

Em São Paulo, ORTH & MOTA (1998), utilizaram latões de 100 litros para retirar

amostras do conteúdo dos veículos coletores de lixo.

Na cidade de Vitória, BRAGA ET ALL (2000), considerou como amostra à carga do

veículo coletor compactador com taxa de compreensão 1:3, cujos pesos variaram de 4.010 kg

a 5.820 kg, utilizando tambores de 200 litros como amostra final.

No estudo realizado por STROSKY (2002), este optou pelo método utilizado por

ANDRADE (1992), mas, caracterizou os resíduos urbanos, de acordo com a origem que estes

são produzidos: domiciliar, industrial e a remoção mecânica (lixo público).

Com o propósito de obter resultados finais os mais representativos possíveis,

STROSKY (2002), considerou como amostra para o lixo domiciliar, uma carrada, de um

roteiro escolhido anteriormente, de cada uma das seis divisões geográficas (zonas urbanas) da

cidade de Manaus. Divisão esta, instituída pelo Decreto nº. 2924, de 07 de agosto de 1995, a

saber: norte, Sul, Leste, Oeste, Centro-sul e Centro-oeste.

Assim, no período compreendido entre os dias 07 a 10 de fevereiro de 2006, na lixeira

municipal, situada na AM 010, foi realizado o trabalho de caracterização física do lixo

domiciliar, com a finalidade de auferir a quantidade de embalagens de politereftalato de

etileno (Pets), encaminhadas à disposição final.

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A figura 4.1 mostra o método adotado neste trabalho para caracterizar e quantificar os

resíduos domésticos dispostos no aterro municipal.

Figura 4.1: Método para determinar a composição gravimétrica

O primeiro procedimento foi definir um roteiro de cada divisão geográfica da cidade

de Manaus, com os itinerários fornecidos pela SEMULPS, como mostra a tabela 4.10.

QuarteamentoAmostra

Zona / Rota / Carrada

10 Tambores de 100 L

1º Ensaio

200 L

2º Ensaio Amostra Final

Dilaceramento Homogeneização

Orgânica Plásticos Papel

Papelão

MetaisPET Vidros Tetrapack Outros

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Tabela 4.10 - Zonas geográficas, por concessionária, por rotas de coletas e abrangência.

Zona Conc. Placa Rota Hora Turno Abrangência

Norte TUMPEX JXM 2119 T 536 16:24 Diurno

Bairro Riacho Doce I; Riacho Doce II; Conj. Cidade Nova I - Núcleo 08; Conj. Cidade Nova I - ruas Rouxinol e Atroari; Conj Cidade Nova I - baixada fluminense; Conj. Ribeiro Junior; Conjunto César Souza Pinto II e Avenida Noel Nutles.

Sul ENTERPA JWL 4119 L 805 02:12 NoturnoAv. Álvaro Maia; Viad.Josué Cláudio de Souza; bairro praça 14 de janeiro - Visconde de Porto Alegre e General Glicério; Caxangá; Manaus Moderna; 4º Bat.de trânsito da Policia Militar

Leste ENTERPA JXJ 06 57 L 712 12:07 Diurno Bairro São José II e Bairro São José dos Campos

Oeste TUMPEX JXR 6450 T 508 11:45 Diurno

Conj. dos Advogados; Cond. Abraham Pazzuelo; Conj. House Ville;Cond. Rio Tupanã; Conj. Asa; Cond. Ayapuá; Conj. Cophasa; Est. Ponta Negra; Cond. Jardim Europa; Cond. Jardim da Américas; Bairro Ponta Negra; Res. Itapuranga; Res. Rio Rei; Cond. Jardim Santorini; Conj. Parque do Lago; Conj. Jardim Friburgo; Av. do Turismo; Av. do Futuro; Conj. Jardim de Versalhes; Conj. Mediterrâneo; Res. Portinari e Comunidade Portal da Cachoeira.

Centro Sul

TUMPEX JWT 0551 T 624 02:30

e 04:00

Noturno

Bairro Vitória Régia, Conj. Maria da Fé; Conj. Cidade Jardim; Conj. Le Village Blanc; Vila Militar Bafururu; Conj. Jornalista; Cond. Jussara; Conj. Bosque dos Ingleses; Conj. Beverlly Hills; Conj. Tocantins I e II e Conj. Jardim Haydéa II.

Centro Oeste

TUMPEX JWY 2608 T 628 02:58 NoturnoConj. D. Pedro I e II; Bairro Nova Jerusalém; Bairro Promorar e Conj. Encontro das águas.

FONTE: SEMULSP, 2005; Decreto Nº 2.924, 1995.

Tivemos o cuidado de não incluir nenhuma rota que viesse do Distrito Industrial e da

remoção mecânica, já que este trabalho tem como referencia o pós-consumo (domiciliar) de

embalagens Pets.

No procedimento subseqüente foram pesados 18 tambores de plásticos, 10 amarelos e

oito brancos, com capacidade de 100 litros cada tambor.

Destes tambores, 10 tambores amarelos foram numerados de um a dez e usados para

obter a amostra de um metro cúbico (1m3) de cada roteiro.

Os oitos tambores brancos foram usados para separação manual dos componentes,

com cada tambor branco representando um componente: materiais orgânicos, plásticos, Pet,

papel e papelão, tetrapack, metais, vidro e rejeitos.

A tabela 4.11, mostra os pesos das sete carradas, dos roteiros escolhidos de cada zona

geográfica. Estes variaram de 3.300 toneladas até 10.240 toneladas. O peso bruto total das

carradas foi de 131.720 toneladas e, o peso líquido de 56.980 toneladas. A média geral liquida

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foi de 8.140 toneladas. Nota-se que na rota T 624, da zona Centro-Sul, o caminhão coletor

precisou de duas carradas para completar o roteiro.

Tabela 4.11 - Relação das carradas, dos pesos das amostras para a composição gravimétrica da coleta domiciliar

– Manaus – 2006.

Zona Rota Carrada Turno Peso Bruto Peso Líquido

Norte T 536 1 Diurno 21.630 10.240

Sul L 805 1 Noturno 19.850 9.270

Leste L 712 1 Diurno 18.930 7.710

Oeste T 508 1 Diurno 18.470 8.560

Noturno 13.120 3.300

Centro-Sul T 624 2

Noturno 17.720 7.900

Centro-Oeste T 628 1 Noturno 22.000 10.000

Total 7 131.720 56.980

Assim, após a coleta dos resíduos nas zonas e nos roteiros indicados na tabela 4.10, o

conteúdo de cada caminhão coletor (carrada) foi descarregado em uma área pavimentada,

previamente selecionado, dentro do aterro municipal.

Cada roteiro selecionado (carrada) foi trabalhado separadamente; já que a intenção era

fazer a caracterização dos resíduos por zona geográfica e no final, fazer a média aritmética

das zonas, encontrando assim, a composição gravimétrica do lixo domiciliar de Manaus.

Em seguida com a atuação de sete garis, conforme figuras 4.2.A e 4.2.B, foi feito o

dilaceramento dos sacos plásticos de cada roteiro selecionado, para proporcionar aos resíduos

as características de lixo solto.

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Figura 4.2. A e 4.2. B: Dilaceramento dos sacos.

Após, os resíduos do roteiro, com o cuidado de seu não esmagamento, foram

misturados, para homogeneizá-los.

No procedimento seguinte foi efetuado o quarteamento do lote de resíduo da rota,

conforme figuras 4.3.A e 4.3.B, e posteriormente foi selecionado aleatoriamente um quarto do

lote.

Figura 4.3. A e 4.3. B: Quarteamento das amostras.

Os 10 tambores de plásticos amarelos foram completamente cheios com os resíduos do

quarto anteriormente escolhido e pesados novamente.

Destes, foram escolhidos quatro tambores, divididos em dois pares, com capacidade de

200 litros cada, em seguida cada par foi espalhado no pátio, um par por vez, para posterior

separação manual em dez principais grupos de componentes ver as figuras 4.4.A e 4.4.B.

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Figura 4.4. A e 4.4. B: Separação manual dos componentes.

Após a separação dos componentes, cada tambor branco, representando um

componente, foi pesado isoladamente na balança.

Em seguida foi calculada junto ao setor de estatística da SEMULPS, a porcentagem de

cada componente em relação ao peso total da amostra.

Os materiais como: pano e trapo, madeira, pedra, osso, borracha, couro e terra foram

agregados como rejeitos.

Vale ressaltar que os procedimentos acima descritos foram repetidos com os seis

roteiros selecionados de cada zona geográfica.

A tabela 4.12 apresenta a caracterização física do lixo por zona geográfica.

Observa-se que a matéria orgânica e predominante em quase todas as zonas com

exceção da zona sul onde os plásticos a superam com 35,10 %.

Na zona Centro-oeste a matéria orgânica teve seu maior índice, 45,30 %. Nesta zona,

o componente papel e papelão ficou em segundo, com 20,39 %, superando os plásticos que

obtiveram 18,77 %.

Na Zona Leste, o papel e papelão obteve o segundo lugar com 25,86 %, superando os

plásticos com 15,75 %.

Nas zonas Oeste e Centro-Oeste, bairros predominantemente de classe média; é a

região onde as embalagens Pet apresentam melhor percentagem.

Pela tabela 4.12, verifica-se que os materiais recicláveis descartáveis pelos domicílios

atingem à média de 57,86 %, o que vem confirmar uma coleta seletiva insignificante e um

grande desperdício de materiais reaproveitáveis, principalmente plásticos e o papel e papelão,

que atingem 46,43 % do total dos materiais dispostos diariamente no aterro municipal.

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Tabela 4.12 - Composição física do lixo domiciliar por zona geográfica - 2006

Composição por zona geográfica (%) Componentes

Norte Sul Oeste Leste Centro Sul Centro-Oeste

Media

Recicláveis 53,64 72,95 61,31 51,96 56,97 50,31 57,86

Plástico 27,27 35,10 26,15 15,75 28,48 18,77 25,25

Papel e Papelão 15,91 28,44 18,83 25,86 17,62 20,39 21,18

Metais 6,76 2,35 2,07 2,65 4,18 2,82 3,47

Vidro 0,00 2,20 2,07 2,95 1,25 1,00 1,58

PET 2,56 3,61 5,42 3,63 2,92 6,39 4,09

Tetrapack 1,14 1,25 6,77 1,12 2,51 0,94 2,29

Matéria Orgânica 38,64 21,95 29,59 37,74 41,80 45,32 35,84

Rejeitos 7,72 5,10 9,10 10,30 1,24 4,38 6,31

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Calculando a média aritmética das zonas geográficas, deparamos com a caracterização

física do lixo domiciliar de Manaus, apresentada no gráfico 4.7. Neste, verifica-se que a

matéria orgânica com 35,84 % é predominante no lixo domiciliar de Manaus, seguido dos

plásticos com 25,25 %, papel e papelão com 21,18 %, rejeitos (terra, couro, borracha,

madeira, etc.), com 6,31 %, PETs com 4,09 %, metais com 3,47 %, tetrapack com 2,29 % e

vidro com 1,58 %.

Gráfico 4.7: Composição física do lixo domiciliar da cidade de Manaus - 2006

Plásticos 25,25 %

Metais3,47 %

PET4,09 %

Papel e Papelão21,18 %

Rejeitos6,31 %Vidro

1,58 %

Matéria Orgânica35,84 %

Tetrapack2,29 %

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Comparando a tabela 4.12, com os números apresentados na tabela 4.13, os números

obtidos por LIMA (1981); ANDRADE (1990) e STROSKY (2001). Observa-se, que nos

últimos vinte anos, houve uma redução no teor da matéria orgânica de 51.12 %, em 1981 para

35,84 %, em 2006, um decréscimo de 29,80 %. Enquanto no mesmo período, ocorria um

aumento gradativo e continuo dos plásticos.

Tabela 4.13 - Histórico da composição física do lixo Domiciliar, Manaus – 1981 / 2006.

Composição gravimétrica por materiais

Histórico da composição gravimétrica (%) Componentes

1981 1990 2001 2006

Recicláveis 43,30 34,10 43,00 57,86

Plástico 2,80 8,60 18,50 25,25

Papel e Papelão 29,00 18,90 18,90 21,18

Metais 6,80 4,30 3,60 3,47

Vidro 4,70 2,20 2,00 1,58

Pet - - - 4,09

Tetrapack - - - 2,29

Matéria Orgânica 51,10 58,70 45,20 35,84

Rejeitos 5,60 7,30 11,80 6,31

Pano e estopa 2,60 2,60

Pedra, osso, cerâmica. 1,20 3,00

Couro e borracha

3,50

0,50 1,00

Terra - - 1,60

Madeira 2,10 2,90 3,60

Total 100,00 100,00 100,00 100,00

FONTE: LIMA (1981), LADISLAW, (1990), STROSKY (2001).

Segundo LIMA (1981), em 1981 o plástico era encontrado no lixo domiciliar de

Manaus com uma participação de 2,80 %. Na avaliação feita por ANDRADE (1990)

aumentou para 8,60 %, na de STROSKY (2001), dobrou, tornando-se o terceiro componente

em peso, com 18,50 %, praticamente o mesmo teor de papel e papelão, 18,90 %, e no presente

estudo chegou a 25,25 %, sendo o segundo componente do lixo domiciliar de Manaus.

O papel e papelão apresentou uma retração em sua participação no lixo domiciliar, no

estudo de LIMA (1981), respondia com 29,00 % do lixo domiciliar, em 2006 caiu para 21,18

%, uma redução de 27,00 %, apesar de ter tido um acréscimo da ordem de 12,06 % entre o

estudo de STROSKY (2001) e o do presente trabalho, efetuado em 2006.

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Na tabela 4.13 nota-se que o componente de materiais recicláveis – plásticos, papel e

papelão, metais, vidro, pet e tetrapack – vem aumentando sua participação no lixo domiciliar

de Manaus. Em 1981 participava com 43,30 %, em 2006 somou 57,86 %.

O componente plástico e, papel e papelão somados, responderam em 2006 por

46,43%, de todo o lixo domiciliar disposto no município de Manaus e por 80,25 %, dos

materiais recicláveis. Enquanto os metais e vidro vêm diminuindo gradualmente e

consecutivamente sua participação no lixo domestico da cidade de Manaus,

Dos materiais recicláveis, as embalagens de politereftalato de etileno, representam

4,09 %, 16.598,73 toneladas, das 405.836.91 toneladas de lixo da coleta domiciliar disposta

no aterro municipal. Estas 16.598,73 toneladas de embalagens Pets representaram para a

prefeitura de Manaus um gasto de R$ 858.154,32, R$ 748.104,74 com a coleta domiciliar e

110.049,58 com a disposição final.

As embalagens tetrapack responderam por 2,3 %, 9.285,55 toneladas, do total do lixo

domiciliar disposto no aterro municipal. Com estas a Prefeitura de Manaus gastou R$

480.062,86, R$ 418.499,67, com a coleta domiciliar e R$ 61.563,19, com a disposição final.

As embalagens de politereftalato de etileno e tetrapack não foram dimensionadas nos

estudos anteriores de LIMA (1981), ANDRADE (1990) e STROSKY (2001).

Segundo OLIVEIRA & PASQUAL (1998), estas alterações inversas entre matéria

orgânica e plástica revelam os efeitos do processo de industrialização na geração de resíduos e

a mudança nos hábitos da população que cada vez mais consome produtos pré-elaborados,

aumentando na mesma proporção o descarte de materiais e embalagens no ambiente, que, não

sendo reciclados, têm como destino final o aterro, interrompendo assim, o ciclo de vida dos

materiais e dos produtos oriundos dos mesmos.

Este processo de modificação na composição do lixo domiciliar também foi observado

nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. A tabela 4.14, apresenta a composição

gravimétrica da cidade do Rio de Janeiro entre 1981 a 2004. Nesta, nota-se claramente que os

plásticos nos últimos anos superaram o papel e papelão; enquanto os metais decresceram e o

vidro permaneceu constante.

Também, Observa-se na Tabela 4.14, que a matéria orgânica vem apresentando um

ritmo crescente a partir de 1993 e os materiais recicláveis vêm decrescendo suas participações

no lixo do Rio de Janeiro. Esta alteração é causada pelos programas de coleta seletiva mantida

pela Companhia de Limpeza Urbana do Rio de Janeiro – COMLURB, junto às associações de

catadores e aos postos de entrega voluntária instalados em áreas estratégicas da cidade, que

recolhem o lixo seletivo da população.

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Tabela 4.14 – Histórico da composição física do lixo no Município do Rio de Janeiro - 1995 – 2004

Componentes (%) 1981 1986 1989 1991 1993 1995 1997 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Recicláveis 55,86 54,64 50,42 45,25 44,93 45,23 43,23 47,39 43,26 43,96 41,1 40,14 32,85

Papel – Papelão 41,72 38,54 31,54 27,11 23,95 24,05 21,08 21,85 19,77 18,71 18,78 16,06 12,48

Plástico 6,56 9,63 12,55 12,71 15,27 15,07 16,11 19,9 17,61 19,77 17,61 19,17 15,44

Vidro 3,70 2,84 2,83 2,19 2,19 2,62 3,22 3,48 3,22 3,52 2,74 2,99 3,23

Metal 3,88 3,63 3,50 3,24 3,52 3,49 2,82 2,16 2,66 1,96 1,97 1,92 1,7

Matéria Orgânica 34,96 32,79 40,98 48,56 40,60 45,43 49,09 50,05 51,27 51,65 55,96 53,05 59,72

Rejeitos 9,18 13,00 8,60 6,20 14,50 9,34 7,68 2,56 5,47 4,39 2,94 6,82 7,42

Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

FONTE: COMLURB, 2005.

Já, em São Paulo, o plástico que não era encontrado em meio ao lixo aparece em 1993

com 11,00 %, os metais passaram de 1,7 % para 3,2 %, e a matéria orgânica que participava

em 82,5% sofreu uma diminuição para 57,5 %. Além disso, a produção per capita saiu de 1,0

kg/dia, para perto de 1,5 kg/dia, com um aumento de aproximadamente 50% (RAMO, 1995).

HAMADA (1994), confirma as modificações ocorridas nos últimos anos no lixo

domiciliar brasileiro, citando que o teor de resíduos orgânicos vegetais e animais que já foi

superior a 70 %, é da ordem de 45 % a 55 %.

O estudo realizado pela Japan International Cooperation Agency – JICA (2004),

confirmou que houve uma queda no percentual do peso da matéria orgânica na composição do

lixo da cidade de São Paulo, enquanto ocorreu um crescimento nos teores de plásticos,

superando o papel e papelão e os metais.

WALSH (2002), afirma que os resíduos orgânicos de Nova York, eram em

torno de 65 % em 1900 e caíram para 30% em 1939. Em 1971 eram 16 % e em 1989

estabilizaram-se em 13 %, essas quedas ocorreram a partir dos anos 50 com a refrigeração e

principalmente com a comida congelada que começava a ser vendida nos supermercados,

diminuindo o desperdício.

Já o vidro e o metal juntos são responsáveis por aproximadamente de 10 % a 35 % por

cento dos resíduos desde 1939. Porém, no fim do século a quantidade descartada desses

resíduos cai drasticamente devido ao uso do plástico. (WALSH, 2002).

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102

Esta redução da matéria orgânica e incremento dos plásticos vêm ocorrendo deste a

década de 80, em decorrência da comodidade, praticidade e mimetismo das resinas plásticas à

fabricação de qualquer produto da vida moderna (roupas, eletrodomésticos, eletrônicos,

embalagens).

Também a estabilidade econômica do país e o aumento na renda per capita podem ser

considerados fatores que estimulam o aumento no consumo de produtos industrializados.

Segundo o IBGE (2004), a cidade de Manaus tem a terceira maior renda per capita (por

pessoa) do Brasil, somente atrás de Vitória e Brasília, tendo um Produto Interno Bruto da

ordem de R$ 20.355.938.000,00, representando 81,30 % do PIB do Estado, com o Pólo

Industrial de Manaus respondendo por R$ 13.949.000.000,00 deste total, o que vem

demonstrar uma alta concentração da atividade econômica e industrial no município.

No que se refere à matéria orgânica, o teor do município 35,84 %, está se

aproximando dos teores encontrados em resíduos urbanos dos países desenvolvidos. Segundo

SILVEIRA (2004), “as grandes cidades dos paises desenvolvidos, as quais têm uma produção

máxima de 30 %, de matéria orgânica na composição do lixo, fruto de outros cuidados

alimentares, maior poder aquisitivo e programas de taxas e coleta seletiva implementados há

mais tempo e talvez, por isso, mais eficientes”.

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103

5

A ESTRUTURA DO MERCADO DE BEBIDAS CARBONATADAS, A

PRODUÇÃO, O CONSUMO E A RECICLAGEM DE EMBALAGENS DE

POLITEREFTALATO DE ETILENO NO BRASIL.

5.1 A Estrutura do Mercado de Bebidas Carbonatadas no Brasil: Produção e

Consumo.

No Brasil os dados referentes ao setor de bebidas não alcoólicas foram obtidos junto a

Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas – ABIR. A

ABIR, fundada em 1950, é a entidade que congrega fabricantes de refrigerantes, sucos,

refrescos, chás, isotônicos, energéticos e águas do país. O volume de vendas do conjunto de

empresas associadas à ABIR corresponde à cerca de 75% de toda a indústria de refrigerantes,

93% de toda a indústria de isotônicos, 80% de toda a indústria de energéticos e 55% de toda a

indústria de chás prontos para o consumo no Brasil.

O Setor é composto por 835 fabricantes de refrigerantes, 512 fabricantes de sucos, 238

fabricantes de outras bebidas não alcoólicas (chás, isotônicos, energéticos, água de côco, etc)

e 505 fabricantes de águas, gerando na cadeia produtiva 60 mil empregos diretos e 520 mil

empregos indiretos. Segundo estimativas da ABIR, são um milhão de postos de revenda

comercializando 3.500 marcas de bebidas não alcoólicas.

O setor de bebidas não alcoólicas é o maior demandante de açúcar, adoçantes e sucos

concentrados do país.

Percebe-se no gráfico 5.1, que no período 1994 a 1999 a produção anual de

refrigerantes no país praticamente dobrou, saindo de um patamar de 6.440.397 bilhões de

litros para 11.052.303 bilhões de litros, um aumento de 71,6 %. Em 2002, a produção de

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104

11,968.630 bilhões de litros colocou o Brasil como o terceiro maior produtor de refrigerantes

do mundo, segundo dados da ABIR.

Gráfico 5.1 – Evolução do mercado de refrigerantes no Brasil – 1994 a 2005 FONTE: ABIR, 2005.

No ano de 2004 a produção anual foi de 12.208.950 bilhões de litros, com um

faturamento de R$ 14,2 bilhões de reais. Em 2005, a produção foi de 12.422.058 bilhões de

litros, equivalente a R$ 14, 5 bilhões de reais.

O Brasil é o terceiro maior mercado de refrigerantes do mundo, com amplo potencial

de crescimento em função do baixo volume de consumo per capta, 65 litros per capta, quando

comparado aos Estados Unidos da América, com 198 litros per capta e o México, com 147

litros per capta.

O mercado de refrigerantes passou por intensa reestruturação, bastante distinta da

concentração experimentada pelo setor alimentício na década de 90. Nos últimos anos, tem

sido observado um intenso crescimento de pequenas empresas (atuação predominantemente

regional), constituindo um grande processo de desconcentração (SANTOS e AZEVEDO,

1999). No período entre 1990 e 1999, o aumento da participação das pequenas empresas neste

mercado cresceu de 9,2 % para 33 % (SEAE, 2000). Atualmente, segundo a ABIR, as

tubainas (empresas regionais) representam 29,80 % do mercado nacional.

6.44

0.39

7

9.14

6.04

1

9.86

1.49

3

10.5

74.5

28

11.0

29.3

51

11.0

52.3

03

11.5

16.5

98

11.5

85.8

68

11.9

68.6

30

11.5

71.9

45

12.2

08.9

50

12.4

22.0

58

1994

1996

1997

1998

1995

2000

1999

2001

2002

2003

2004

2005

Litros (bilhões)

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105

Um dos fatores que proporcionou o crescimento destas pequenas e médias empresas

de refrigerantes foi o aparecimento das embalagens de polietileno tereftalato (PET). Segundo

SANTOS e AZEVEDO (1999), em 1999, o Brasil já contava com cerca de 700 empresas

fabricantes de refrigerantes, a maioria criada após a introdução desse tipo de embalagem. Esse

crescimento se justifica pela possibilidade de faturamento garantido, baseado na oferta com

preços reduzidos, proporcionados pelas embalagens Pets, estimulando o surgimento de novas

marcas. A estabilidade econômica fortaleceu as marcas regionais, assim como a liberação de

preços e o acesso a novas tecnologias.

Pela tabela 5.1 e gráfico 5.2 podemos observar que o mercado de refrigerantes ainda

continua respondendo pela maior parte do consumo do PET produzido no Brasil. Dos

12.422.058 bilhões de litros consumidos em 2005, 80,21 %, que equivale a 9.963.732 bilhões

de litros foram engarrafados em PET. Deste total a garrafa de 2 litros a 2,5 litros, representou

68,21 %, ou seja, 6.796.262 bilhões de litros produzidos.

Apesar de no Brasil a resina PET ser utilizada principalmente no envase de bebidas

carbonatadas e de outras aplicações convencionais como óleos, aguardentes, águas, sucos,

etc., há um leque enorme de novas oportunidades de mercado para este tipo de embalagem.

Os mercados de cervejas, bebidas isotônicas, comésticos, farmacêutico, alimentícios e

pesticidas agrícolas apresentam potencial para o crescimento das embalagens proveniente da

resina PET.

No mercado de óleo está havendo um interesse por PET em função do preço. Os

fabricantes de óleo estão buscando embalagens mais baratas do que as latas, que tiveram seus

preços elevados face às exigências de qualidade e da redução de subsídios ao aço.

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106

Tabela 5.1 - Participação de embalagens no mercado de bebidas, por tipo, por materiais, Brasil - 2005.

Participação de embalagens por mês (%) Por tipo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Total

Garrafa até 300ml Retornável

5,30 5,60 5,90 5,80 5,90 6,00 6,10 6,10 6,10 6,10 6,20 6,00 5,93

Garrafa até 300ml Descartável

0,80 0,90 1,00 1,10 1,10 1,10 1,10 1,10 1,00 1,00 1,00 0,90 1,01

Garrafa de 500ml Descartável

0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,16

Garrafa de 600ml Retornável

2,70 2,80 2,90 2,90 3,00 3,10 2,80 2,80 2,70 2,70 2,80 2,70 2,83

Garrafa de 600ml Descartável

3,30 3,50 3,70 3,70 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60 3,60 3,50 3,50 3,57

Garrafa de 1L Descartável

1,70 1,80 1,90 1,90 1,90 2,00 2,00 2,00 2,00 1,90 2,00 1,90 1,92

Garrafa de 1L + 1,25L Retornável

2,30 2,60 2,70 2,80 2,90 3,00 3,00 3,10 3,10 3,30 3,40 3,40 2,97

Garrafa de 1,5L + 1,75L Descartável

1,90 1,90 1,80 1,90 2,00 2,10 2,20 2,30 2,30 2,30 2,30 2,30 2,11

Garrafa de 2L + 2,5L Descartável

69,90 69,40 69,00 68,10 68,10 67,80 67,90 67,80 67,90 67,80 67,60 67,20 68,21

Garrafa de 2,5L + 3L Descartável

4,00 2,70 2,70 3,40 3,30 2,90 3,00 3,10 3,10 3,20 3,20 4,20 3,23

Lata 350 ml 7,90 8,60 8,20 8,20 8,00 8,10 8,00 7,80 7,90 7,80 7,70 7,60 7,98

Outras Embalagens 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Vidro 10,30 11,00 11,50 11,50 11,80 12,10 11,90 12,00 11,90 12,10 12,40 12,10 11,72

PET 81,70 80,30 80,20 80,20 80,10 79,70 80,00 80,10 80,10 80,10 79,80 80,20 80,21

Lata 7,90 8,60 8,20 8,20 8,00 8,10 8,00 8,00 7,90 7,90 7,70 7,60 8,01

Outras Embalagens 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10 0,10

Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Garrafa 92,0 91,3 91,7 91,7 91,9 91,8 91,9 92,1 92,0 92,1 92,2 92,3 91,92

Lata 7,9 8,6 8,2 8,2 8,0 8,1 8,0 7,8 7,9 7,8 7,7 7,6 7,98

Outras Embalagens 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,1 0,10

Total (%) 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100 100

FONTE: ABIR, 2005.

O gráfico 5.2 mostra a participação das embalagens, por tipo no mercado de bebidas

no Brasil. Observa-se que o PET continua respondendo pela maior parte do consumo de

embalagens no setor.

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Gráfico 5.2 – Participação de embalagens por tipo – 1994 a 2005. FONTE: DATAMARK (1998); BNDS (2004); ABIR (2005).

A tabela 5.2, mostra a participação das indústrias envasadoras no mercado de

refrigerante. A Coca-Cola e a líder do mercado abocanhando em 2005, 53 % do mercado

nacional de refrigerantes, em segundo a AMBEV, com 17,20 %. As regionais detêm 29,80 %,

do mercado, representam a produção total de refrigerantes das várias empresas regionais

(tubainas) no mercado brasileiro.

Tabela 5.2 - Participação das empresas, em volume no mercado de refrigerantes – 2005.

Ano Coca-Cola AMBEV Regionais

2003 50,03 % 16,63 % 33,34 %

2004 50,40 % 17,30 % 32,30 %

2005 53,00 % 17,20 % 29,80 %

FONTE: ABIR, 2005.

Além de acompanhar a evolução do mercado de refrigerantes, a resina PET se

beneficia do “boom” de setores como os de água mineral, sucos e chás prontos – bebidas

52,1 %

38,3 %

26,4 %

19,7 %

15,1 %12 %

11 % 9,5 % 9,3 %

10,1 % 10,3 %11,7 %

2,5 %

6,2 % 8,1 % 8,3 %10,4 %11 %

12 % 11,7 %10,1 %

9,5 % 8,9 % 8 %

75 %72 %

69 %

62 %

52 %

40,7%

76 %78 %

80 % 80,2 % 80,6 % 80,2%

4,7 %

3,5 % 3,5 % 3 % 2 % 1% 0,8 % 0,6% 0,2% 0,2 % 0,1 %2,5 %0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

Vidro

Lata

Pet

Outras (Post Mix)

%

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108

saudáveis, que se encaixam perfeitamente nos novos hábitos dos consumidores. (ABIR,

2004). Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais, o Brasil tem a maior

reserva de água mineral do mundo, mas explora apenas 8% desse total e ainda importa o

produto, conseqüentemente é grande o campo para o setor crescer, tanto no mercado interno

como no externo. Não obstante, o crescimento de 35 % do setor de 1999 para 2000,

(ABINAM, 2004)

A atratividade, o brilho, a resistência e a leveza das embalagens PETs, aliadas às

facilidades de processabilidade e transporte, fazem desta resina uma opção cada vez mais

freqüente como material para todos os tipos de recipientes de água mineral, deste os garrafões

de 20 litros às práticas garrafas de 300 ml.

No segmento de sucos, o PET, que já era utilizado nas embalagens do produto

concentrado, vem conquistando também o mercado de suco pronto para consumo. Para o

consumidor, pesam a atratividade da embalagem e a comodidade de carregar uma garrafa

leve, e que não quebra quando transportado para a academia, para o futebol, para o cinema,

para a mesa da praça de alimentação do shopping, etc. Como os sucos, também os chás

prontos para consumo estão em alta, às embalagens de chá de 1,5 litros em PET já estão

definitivamente incorporadas à rotina de bordo dos aviões no País.

Uma outra novidade recente no mercado brasileiro, – os medicamentos genéricos,

também tiveram reflexos positivos para a resina PET, presente nas embalagens de xaropes e

de comprimidos. Grandes indústrias têm descoberto na resina PET uma boa resposta para o

desenvolvimento de embalagens que, além de garantir a conservação do produto, reúne

ingredientes que cativam o consumidor: beleza, brilho, designs e formatos diferenciados.

5.2 - O Mercado de Resina de Politereftalato de Etileno no Brasil.

Os dois principais produtores de PET no Brasil são a Rhodia-Ster (controlada pelo

Grupo Mossi & Grisolf) e a Braskem. A capacidade instalada de produção anual da Rhodia-

Ster é de 290 mil toneladas por ano, utilizando o ácido tereftálico (PTA) como intermediário,

enquanto a da Braskem é de 70 mil toneladas por ano, utilizando o dimetil tereftalato (DMT)

como intermediário. A Vicunha e a Ledervin possuem unidades focadas no segmento de

poliéster para a indústria têxtil. (ABIQUIM, 2004).

As unidades instaladas no Brasil não possuem escala competitiva e, além disso, a

tecnologia da unidade da Braskem (que utiliza a rota do DMT em vez do PTA como

intermediário) é menos eficiente e, hoje, obsoleta. As capacidades instaladas no país não são

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109

suficientes para atender à demanda interna, situada em torno de 400 mil toneladas, em 2004;

apenas do polímero em grau garrafa. O resultado da escassez de oferta no mercado nacional é

a importação crescente de resina PET, 137.092 mil toneladas em 2004, e de pré-formas de

PET para garrafas (ABIQUIM, 2004) (GOMES, DVORSAK, HEIL, 2005).

O acido tereftálico (PTA) consumido no Brasil, destina-se, quase exclusivamente, à

produção de PET, nos seus diversos graus. A Rhodiaco, controlada pelo grupo italiano Mossi

& Grisolfi, localizada em São Paulo, tem capacidade para a produção de 250 mil toneladas

ano, sendo o único produtor de PTA no país.

A instalação de unidades de PET e PTA integradas e com escala adequada seria

extremamente importante para atender à demanda nacional e aumentar a competitividade da

resina PET e da cadeia de fibras de poliéster no país. Recentemente, foi anunciada a intenção

do Grupo Mossi & Grisolfi de instalar uma unidade de PET em Recife com capacidade de

450.000 toneladas por ano e outra de PTA em conjunto com a Petrobrás. (BNDES, 2005).

A tabela 5.3 apresenta uma projeção feita pela associação brasileira das indústrias

químicas (ABIQUIM) e a câmara setorial de plásticos (COPLAST), para o Fórum de

Competitividade da Cadeia do Plástico, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento,

Indústria e Comércio Exterior. Esta estimativa considera a elevada elasticidade histórica dos

produtos petroquímicos em relação ao PIB. Ponderando um crescimento do PIB de 4,5 % em

2006, e de 5 % ao ano a partir de 2007.

Comparando-se a projeção de demanda apresentada com a capacidade instalada da

indústria petroquímica, desconsiderando qualquer futuro projeto de expansão, o superávit /

déficit de capacidade em toneladas / ano, por resina, para os anos de 2008 e 2013, pode ser

verificado na Tabela 5.3. O crescimento da demanda tem levado a um aumento da utilização

da capacidade instalada em quase todos os grupos de produtos da cadeia petroquímica,

principalmente do PET. Com isso, em poucos anos será atingido o limite de utilização da

capacidade instalada. Podendo levar a oferta de produtos a ser insuficiente e,

conseqüentemente, elevar as importações, caso novos investimentos não sejam realizados

para a ampliação da produção de resinas.

Dessa forma, para poder atender ao crescimento da demanda interna e ainda

possivelmente alcançar o mercado externo, caso o cenário de preços internacionais continue

atrativo para as exportações. O investimento em instalações de unidades de PET e PTA

integradas e com escala adequada seria extremamente importante para atender à demanda

nacional e aumentar a competitividade da resina PET e da cadeia de fibras de poliéster no

país.

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110

Tabela 5.3 - Projeção da demanda e do déficit / superávit das principais resinas termoplásticas em toneladas, Brasil - 2006 a 2013

Projeção de demanda das principais resinas termoplásticas em toneladas

Ano PPEB PEBDL PEAD PP PS PVC PET

2006 645.100 465.585 847.007 1.347.754 336.761 776.261 581.625

2007 698.571 543.973 959.174 1.555.300 367.619 886.895 676.592

2008 756.473 635.590 1.086.059 1.794.806 402.500 968.111 787.066

2009 819.175 742.566 1.229.806 2.071.195 440.690 1.081.141 915.577

2010 887.074 867.589 1.392.579 2.390.148 482.504 1.207.376 1.066.072

2011 690.602 1.013.661 1.576.896 2.756.213 528.285 1.348.346 1.238.976

2012 1.040.223 1.184.327 1.785.609 3.182.960 578.411 1.505.775 1.441.275

2013 1.126.445 1.383.727 2.021.946 3.673.115 633.292 1.681.585 1.676.605

Projeção de déficit / superávit das principais resinas termoplásticas em toneladas

Ano PPEB PEBDL PEAD PP PS PVC PET

2008 37.527 114.440 145.941 (469.806) 219.120 (257.111) (394.068)

2013 (332.445) (633.727) (789.946) (2.348.116) (11.672) (970.585) (1.283.685)

FONTE: ABIQUIM / COPLAST (2004); GOMES, DVORSAK,HEIL (2005).

5.3 - A Produção, Consumo e Reciclagem de Embalagens de Politereftalato de

Etileno no Brasil

Inicialmente, a resina de polietileno tereftalato, destinava-se unicamente a aplicações

têxteis e, somente no fim dos anos 70 começou a ser produzido em garrafa para a indústria de

embalagens. Hoje, a demanda da indústria de embalagens é bem superior à da indústria têxtil.

A tabela 5.4, mostra a produção da resina de politereftalato de etileno no Brasil no

período de 1994 a 2004. Nesta tabela, observa-se que a maior parte da produção da resina é

consumida na fabricação de embalagens de bebidas. Com esta aplicação representando 72 %

da produção da resina no ano de 2004.

O mesmo ocorre com a reciclagem das garrafas PETs. Em 2004, o índice de

reciclagem foi de 48,05 %, que correspondeu a 178.000 mil toneladas de resina de

politereftalato de etileno. (ABIPET, 2005).

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111

Tabela 5.4 - Produção, consumo e reciclagem de resina de. Politereftalato de Etileno, Brasil. 1994 a 2004.

Em toneladas

Ano Produção total

Consumo embalagens

Reciclagem embalagens

Consumo / Reciclagem

(%)

1994 93.433 69.149 13.000 18,80%

1995 168.629 70.866 18.000 25,40%

1996 180.518 104.762 22.000 21,00%

1997 256.664 185.185 30.000 16,20%

1998 383.213 224.000 40.000 17,90%

1999 407.753 244.858 50.000 20,42%

2000 418.930 255.044 67.000 26,20%

2001 482.403 270.517 89.000 32,90%

2002 423.493 300.000 105.000 35,00%

2003 465.071 329.070 141.500 43,00%

2004 514.286 370.448 178.000 48,05%

FONTE: ABIQUIM (2004); ABIPET (2005).

Segundo a ABIPET (2004), O PET reciclado é utilizado principalmente para a

produção de embalagens flexíveis (37,1%), resinas químicas (6,7%), tubos (6,2%), chapas

laminadas (5,7%) e fitas de arquear (5,1%), além de exportações (8%).

O PET reciclado não volta para a fabricação de recipientes para alimentos. Contudo,

recentemente, têm surgido novas tecnologias cuja utilização já foi aprovada pelo ‘‘US FOOD

& DRUG ADMINISTRATION’’ (FDA), que possibilitam a re-utilização de PET reciclado

em forma de filmes nas paredes externas dos recipientes de PET, de modo a não entrar em

contato com o alimento. Estas tecnologias são o ‘‘Supercycle’’ da Jonhson Control e o

‘‘EcoClear’’ da Wellman Co. O Brasil já possui legislação aprovando o uso de PET reciclado

para contato com alimentos desde que haja uma camada interna de material virgem como

barreira funcional.

Outro sistema de reciclagem de PET é o “bottle-to-bottle” (garrafa a garrafa). Este

sistema representa um passo a frente na historia da reciclagem em virtude da possibilidade de

renovar as características e propriedades da resina de politereftalato de etileno, restituindo-

lhes suas especificidades para que volte a se comportar como resina virgem.

Esta tecnologia foi registrada e patenteada em l998. No mesmo ano, recebeu a

aprovação do Instituto Fraunhofer, da Alemanha e, um ano depois, do FDA, dos EUA.

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112

Este processo, já testado e aplicado na Europa e Estados Unidos, que recupera o PET

pós-consumo animou o mercado nacional e incentivou produtores de embalagens de PET,

como a Bahia Pet, a pedir a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, autorização

para implantar o novo sistema.

Fábricas com os mesmos padrões tecnológicos aos que serão instalados na unidade da

Bahia Pet já vêm operando em várias partes do mundo. Na Alemanha, a recicladora Pkr Pet,

que deste 1999, emprega essa tecnologia. Na Holanda a recicladora Texplast, que esta

prevendo instalar uma nova fábrica no México, e duas outras nos Estados Unidos, operando a

mesma tecnologia “bottle to bottle”.

No Brasil, a Ferrostaal do Brasil será a responsável técnica pela instalação no Brasil da

primeira fábrica de reciclagem mecânica de PET pelo processo bottle-to-bottle (garrafa-a-

garrafa). O empreendimento, considerado um dos mais modernos do mundo, pertence à Bahia

Pet, grande fabricante nacional de pré-formas de PET, utilizadas na produção de embalagens

sopradas para bebidas carbonatadas e não-carbonatadas. A construção da nova fábrica se dará

ao longo do primeiro semestre de 2006, no Centro Industrial de Aratu, na Bahia.

Este processo desenvolvido e patenteado pela empresa alemã OHL, que leva o nome

de “Stehning Bottle-to-Bottle”, não tem concorrentes, pois “é o único que pode aumentar a

viscosidade dos pellets de PET em até 1,2 DL/grama, bem como extrair todas as impurezas da

resina, promovendo a sua descontaminação completa por sistema mecânico, sem adicionar

qualquer tipo de substância química ao processo, o que faz com que não haja interferências e

mantém os granulados com teores de acetaldeído abaixo de 1 ppm., permitindo, assim, o

contato direto com os alimentos” (REVISTA PLASTICO, 2006).

Para ser aplicada no Brasil, a tecnologia “bottle-to-bottle”, aprovada na Europa e nos

Estados Unidos, depende de análises que demonstrem que a pureza do material reciclado

equivale à do material virgem, nestes paises a tecnologia “bottle to bottle” é permitida, o

produto descartado é de boa qualidade, ao contrário das garrafas pós-consumo brasileiras, em

boa parte retirada dos lixões e aterros.

5.4 Principais Indicadores

A tabela 5.5 apresenta os principais indicadores relativos aos ganhos da reciclagem

para o Brasil.

Observa-se que a reciclagem de plástico proporciona grande economia de energia

elétrica. Na produção da matéria-prima virgem, o consumo de energia é de 6.740 kwh / ton.,

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113

caindo para 1.440 kwh / ton. no caso da reciclagem, ou seja, uma economia é de 5.300 kwh /

ton.

Tabela 5.5 - Reciclagem de embalagens de Politereftalato de etileno PET - Principais Indicadores, Brasil – 2005.

Nº Indicadores Valor Fonte

1 Índice de reciclagem de embalagens PET no Brasil em 2005. (%)

48,05 ABIPET, 2005; CEMPRE, 2005.

2 Quantidade de resina PET produzida no Brasil em 2005 (Ton.)

370.448 ABIPET 2005, CEMPRE 2005; ABIQUIM, 2005.

3 Quantidade de PET reciclados no Brasil (Ton.) 178.000 ABIPET 2005, CEMPRE 2005; ABIQUIM, 2005.

4 Economia de energia elétrica obtida pela reciclagem de PET no Brasil, em dez. de 2005. (R$)

184.151.680,00Linha 4 = 178.000 Ton. (Linha 3) X 5,3 MWh / Ton. (Linha 9) X 195,20 R$ / MWh (linha 10)

5 Economia de Energia elétrica perdida pela não reciclagem de PET no Brasil em dez. 2005. (R$)

199.099.002,88Linha 5 = 370.448 Ton. (Linha 2) - 178.000 (Linha 3) X 5,30 MWh (Linha 9) X 195,20 R$ / MWh (Linha 10)

6 Economia de matéria-prima obtida pela reciclagem do PET no Brasil em dez. 2005. (R$).

634.162.380,00Linha 6 = 178.000 (Linha 3) X 3.621,27 (Linha 11)

7 Consumo de energia elétrica na produção a partir da matéria-prima virgem. (KWh / Ton)

6,74 D. HUFFAM, Metal Box Co. citado por CALDERONI, 2003.

8 Consumo de energia elétrica na produção através da reciclagem. (KWh / Ton)

1,44 D. HUFFAM, Metal Box Co. citado por CALDERONI, 2003.

9 Economia de energia elétrica na produção através da reciclagem. (KWh / Ton)

5,30 D. HUFFAM, Metal Box Co. citado por CALDERONI, 2003.

10 Valor da tarifa de energia elétrica para consumidores Industriais em dez. 2005.(R$ / MWh)

195,20 ANEEL, 2005.

11 Preço da resina PET virgem. (R$ / Ton.). 3.562,71

Linha 11 = U$ 1.550,00 (MOSSI GRISOLF; BRASKEN) + U$ 1.500,00 (VORIDIAN;

CELANESE, EASTMAN CHEMICAL, INVISTA) / 2 X 2,3362 (U$ em 01.01.06).

12 Preço pago pelas industrias recicladoras aos sucateiros, em dez de 2005. (R$ / Ton.).

1.200,00 CEMPRE, 2005; ABIPET, 2005.

FONTE: CEMPRE, 2005; ABIPET, 2005; ABIQUIM, 2005; BNDES, 2005; ANEEL, 2005.

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114

6

A ESTRUTURA DO MERCADO DE BEBIDAS CARBONATADAS:

PRODUÇÃO, CONSUMO E A RECICLAGEM DE EMBALAGENS

DE POLITEREFTALATO DE ETILENO NO MUNICIPIO DE

MANAUS.

6.1 - O Mercado de Bebidas Carbonatadas no Município de Manaus

Segundo o IBGE, em 2005, o resultado industrial do Amazonas superou em 12,1% o

obtido em 2004. Este crescimento fez o Estado do Amazonas apresentar o maior desempenho

industrial do Brasil, três vezes maior que a média nacional, que foi apenas 3,1%, superior aos

resultados obtidos no ano de 2004.

O Pólo Industrial de Manaus no ano de 2005 teve um faturamento da ordem de US$

18,964.108,11, que equivale a R$ 44.374.116,57, um crescimento de 12,81 %, em relação ao

ano anterior. Foi o melhor desempenho da história do PIM, superando em muito as projeções

iniciais de US$ 16 bilhões. As exportações foram 86,30% a mais do que em 2004, chegando a

US$ 2.020.000,00, e, o número de empregos superou a marca dos 100 mil postos de trabalho.

Entre os produtos exportados pelo PIM, os concentrados, as bases e os edulcorantes

para preparação e elaboração de bebidas não alcoólicas, foram um dos que mais atraíram o

interesse do mercado internacional. O concentrado de refrigerante, que sempre esteve entre os

principais artigos exportados para o mercado exterior, ficou atrás apenas dos aparelhos de

celular e das motocicletas.

Dos concentrados para bebidas não alcoólicas, o concentrado para refrigerante de

guaraná foi um dos principais produtos exportados, ficando atrás apenas dos aparelhos

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115

celulares e das motocicletas. (SUFRAMA, 2005). Segundo enquête da ABIR (2005), o sabor

guaraná responde por 37 % da preferência nacional, batendo o sabor coca, com 33%.

Na lista de empresas que trabalham com concentrados de bebidas, que apresentaram

crescimento nas exportações estão a Recofarma da Amazônia, que registrou US$

33.300.000,00, a Pepsi-Cola da Amazônia, com US$ 5.800.000,00, a Exnama da Amazônia,

com US$ 2.800.000,00 e a Arosuco Ltda, com US$ 1.600. 000,00 entre outras.

Este crescimento industrial impulsionou o setor de alimentos e bebidas, que

apresentaram um crescimento de 9,6 %, comparado com o desempenho obtido em 2004,

fazendo o setor ficar entre os cinco setores que mais cresceram no Estado.

Valendo-se destes fatores e levadas pela boa aceitação dos produtos que valorizam a

marca Amazônia, as empresas regionais, começaram a expandir sua atuação, cada vez mais

buscando mercados fora das fronteiras brasileiras. Um exemplo, e a Santa Cláudia, que como

estratégia de marketing modificou a embalagem de seu produto de Real Champagne para Real

da Amazônia. Além, de ter flexibilizado a comercialização de seu produto, que pode ser

comercializado através de um sistema de franquia, com a marca Real da Amazônia ou

distribuída com um nome escolhido pelo próprio cliente. Na Espanha, país responsável pela

distribuição na Europa do guaraná Real da Amazônia, este recebe a denominação de

Lamanita. Além da Europa há negociação com os Estados Unidos, México e alguns países da

África.

Em Manaus, o mercado local de bebidas é altamente competitivo, com a preferência

dos consumidores sendo disputada por cinco grandes fabricantes, Manaus Refrigerantes, Cia

Brasileira de Bebidas – AMBEV, Santa Claudia S.A., Amazon Refrigerantes Ltda, J. Cruz

Ind. e Com. Ltda.

As empresas locais são bastante expressivas, com portifólios bem diferenciados e com

marcas consolidadas, tanto no mercado estadual como no regional. A chegada de novos

“players” no mercado, caso da Real Bebidas da Amazônia Ltda, franqueada da Royal Crown

Cola, terceira maior marca de refrigerante nos EUA, vai acirrar ainda mais a concorrência

local.

Com relação à água mineral, são quatro as empresas autorizadas pelo Departamento

Nacional de Produção Mineral – DNPM para produzir e comercializar água subterrânea no

Amazonas, todas localizadas no município de Manaus. As concessionárias são: Águas Santa

Cláudia S.A., Gelocrim Ind. e Com. de Gelo Ltda, Minalar Águas e Refrigerantes Ltda, J.

Cruz Ind. e Com. Ltda.; juntas estas empresas produziram 85,25 milhões de litros contra

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116

74,53 milhões do ano anterior, o que representa aproximadamente 1,8 % da produção

nacional, que atualmente está com 4.790.000.000 de litros. (DNPM, 2005)

Vale destacar que as duas maiores empresas locais que exploram o setor detêm 68,6 %

da produção geral. As líderes também são responsáveis por 57,4 % do faturamento obtido

pelo setor em 2004. (DNPM, 2005)

Cruz (2005) calcula o consumo per capita de água mineral da ordem de 94 litros / ano

/ pessoa, utilizando a estimativa de 2004, 85.250.000 litros, valor bastante expressivo para o

cenário nacional.

A tabela 6.1 apresenta as principais indústrias envasadoras de bebidas do município

de Manaus. Ressalta-se que estas empresas, estão sofrendo deste o ano de 2000, na Vara

Especializada do Meio Ambiente e Questões Agrárias do Estado do Amazonas, Ação

Civil Pública, impetrado pelo Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público do

Estado do Amazonas (MPE). Esta ação, também arrola o Governo do Estado do Amazonas

(Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) e o Município de Manaus (Secretaria

Municipal de Meio Ambiente)

O Parquet requere em relação a cada um dos réus, as seguintes medidas:

a) quanto ao Estado do Amazonas – a obrigação de fazer no sentido de exigir,

quando da aprovação do licenciamento ambiental ou sua renovação, como condição

sine qua non, que as empresas, ora Requeridas, que utilizem as embalagens PET em

seus produtos, apresentem um plano de coleta e destinação final ambientalmente

correta para os referidos produtos, sob pena de em não o fazendo, incorrer o Estado

(Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM) em crime de

responsabilidade e multa diária no valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais);

b) quanto ao Município de Manaus – que promova a construção de depósito(s)

adequado(s) ao recebimento do lixo produzido pelas embalagens PET ou recicle-o,

sob pena de em não o fazendo em 5 (cinco) meses incorrer na multa diária de R$

2.000,00 (dois mil reais);

c) quanto às empresas Antarctica Indústria de Bebidas, J. Cruz Ind. e Com.

Ltda., Empresa de Águas Santa Cláudia Ltda., Cia. Cervejaria Brahma, Manaus

Refrigerantes Ltda., Amazon Refrigerantes Ltda. e Água Mineral Yara: que

promovam o recolhimento e conseqüente reciclagem das embalagens plásticas que

utilizaram, sendo-lhes fixados os seguintes prazos: que em 2 (dois) meses iniciem o

efetivo recolhimento dos vasilhames que produzirem e colocarem no mercado; não o

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117

fazendo no prazo acima, seja-lhes fixada uma multa diária no valor de R$ 2.000,00

(dois mil reais) para cada uma das empresas, durante 3 (três) meses; mesmo assim,

caso não cumpram a obrigação que ora se requer, ao final dos três meses do item

anterior, seja-lhes vedada à introdução no mercado dos referidos vasilhames.

Tabela 6.1 - Principais indústrias envasadoras de bebidas do Município de Manaus – 2005

Empresa Produtos Principais Marcas

Manaus Refrigerantes Ltda. Refrigerantes sucos e

isotônicos. Coca-Cola, Fanta, Tuchaua, Sprite, Kuat, e Belágua (água mineral).

Ambev Cervejas, refrigerantes,

Sucos e Isotônicos.

Pepsi-Cola, Baré, Antarctica Guaraná, Soda, Pop, Polar, Isotônicos e Cervejas (Antarctica, Brahma e Skol).

J. Cruz Ind. e Com. Ltda. Refrigerantes e água

mineral. Magistral, Magistral Gold, Grapette,Gun e Yara (água mineral).

Amazon Refrigerantes Ltda. Refrigerantes Tauá, Bizz, Flash, e Sucos X - tapa.

Santa Cláudia Ltda. Refrigerantes e água

mineral.

Guaraná Real, em três versões (Clássico, da Amazônia e Diet), Planet Cola, Orange, Água Mineral Premium a cerveja Dona Beer, Sucos Dell Valle.

Minalar águas e Refrig. Ltda. Agua Mineral Minalar

Gelocrim Ind. e Com de Águas Ltda. Água mineral. Águacrim

A tabela 6.2 mostra os dados obtidos referentes à produção de bebidas não alcoólicas

envasadas em embalagens de politereftalato de etileno. Estes dados foram obtidos nas

seguintes indústrias envasadoras: Manaus Refrigerantes Ltda, Ambev, Santa Claudia Ltda, e

Minalar Águas e Refrigerantes Ltda e no Sindicato, que congrega os fabricantes de

refrigerantes, sucos, isotônicos e águas do Estado do Amazonas. A de se observar que estes

dados referem-se ao Estado do Amazonas como um todo.

As empresas J. Cruz Ind. e Com. Ltda., Amazon Refrigerantes Ltda e Gelocrim Ind. e

Com. de Gelo Ltda., não cederam os dados referentes a sua produção de bebidas, alegaram

que estas são informações confidenciais e estratégicas das empresas.

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118

Tabela 6.2 – Quantidade de Embalagens de bebidas não alcoólicas envasadas em Politereftalato de Etileno, por mês, Manaus –

2005.

FONTE: Manaus refrigerante Ltda (2005); AMBEV (2005); Santa Claudia Ltda (2005); Minalar Águas e Refrigerantes Ltda. (2005).

Refrigerantes Tipo

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total

Garrafa até 350ml Descartável 477.861 255.302 277.087 480.543 446.044 592.468 288.612 487.167 426.172 328.552 377.534 403.395 4.840.737

Garrafa de 500ml Descartável - - - - - - - 31.956 145.080 228.636 227.016 158.172 790.860

Garrafa de 600ml Descartável 1.115.081 818.624 717.823 980.451 950.683 1.046.076 1.123.893 1.027.556 992.436 901.311 892.206 960.558 11.526.698

Garrafa de 1,5L Descartável 903.124 873.618 784.472 887.112 653.538 854.622 828.468 946.536 966.018 995.412 933.510 875.130 10.501.560

Garrafa de 2L até 2,5L Descart. 2.758.920 2.504.5672.389.007 2.510.861 2.903.699 2.915.286 2.774.525 3.465.0883.146.618 3.765.509 3.345.511 2.952.690 35.432.281

Total 5.254.986 4.452.1114.168.389 4.858.967 4.953.964 5.408.452 5.015.498 5.958.3035.676.324 6.219.420 5.775.777 5.349.945 63.092.136

Águas Minerais

Garrafa até 350ml Descartável 98.868 75.049 115.019 54.717 101.035 156.682 100.277 90.733 95.757 99.249 103.676 * 99.187 * 987.386

Garrafa de 500ml Descartável 20.568 19.872 15.216 12.636 7.968 9.192 5.784 13.800 13.272 16.260 13457 * 13457 * 134.568

Garrafa de 1,5L Descartável 6.852 4.002 4.656 2.676 2.100 3.294 1.644 2.520 3.282 3.444 34.470

Garrafa de 2L até 2,5L Descartável 3.742 3.380 3.206 3.415 4.141 4.292 6.585 4.888 5.480 5.490 5.628 4.568 54.815

Garrafa de 5,1L até 10L Descart 280 580 214 220 475 526 325 512 228 49 3.409

Garrafão de 10,1L até 20L Descart 64.680 55.240 84.843 71.800 85.735 81.816 112.041 103.735 92.048 60.950 119.630 84.774 1.017.292

Total 194.990 158.123 223.154 145.464 201.454 255.802 226.656 216.188 210.067 185.442 125.258 89.342 2.231.940

Total Geral 5.449.976 4.610.2344.391.543 5.004.431 5.155.418 5.664.254 5.242.154 6.174.4915.886.391 6.404.862 5.901.035 5.439.287 65.324.076

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119

A tabela 6.3 apresenta a produção de refrigerantes e água mineral por empresas,

nesta observa-se que os três principais produtores são a Manaus Refrigerante Ltda., com

44.304.156 milhões de embalagens PETs, em segundo a AMBEV, com 15.487.636 e em

terceiro a Santa Cláudia Ltda., com 3.300.344. A embalagem mais comercializada é a

garrafa de 2L até 2,5L com 56,16 %, 22.892.043 milhões. Quanto à água mineral a

embalagem mais comercializada é o garrafão de 10,1L a 20L.

São 65.561.429 milhões de embalagens de politereftalato de etileno colocadas no

mercado pelas empresas Manaus Refrigerante Ltda., AMBEV, Santa Claudia Ltda. e Minalar

Águas e Refrigerantes Ltda.

Tabela 6.3 - Quantidade de Embalagens de bebidas não alcoólicas em Politereftalato de Etileno em Manaus – 2005.

Garrafa

até 350ml

Descart.

Garrafa de 500ml Descart.

Garrafa de 600ml

Descart.

Garrafa de 1,5L Descart.

Garrafa de 2L até

2,5L Descart.

Garrafa de 5,1L até 10L Descart

Garrafão de 10,1L até 20L Descart

Empresas

Refrigerantes

Total

Manaus Refrig Ltda. (Coca-Cola).

- 790.860 10.119.693 10.501.560 22.892.043 - - 44.304.156

AMBEV (Antártica e Brama)

4.445.455 - 973.091 - 10.069.091 - - 15.487.636

Santa Cláudia Ltda. 395.282 - 433.915 - 2.471.147 - - 3.300.344

J. Cruz Ind. e Com. Ltda. (magistral)

- - - - - - - -

Amazon Refrig. Ltda. - - - - - - - -

Total 4.840.737 790.860 11.526.698 10.501.560 35.432.281 - - 63.092.136

Empresas Água Mineral Total

Santa Claudia Ltda. 246.185 - - - 54.815 - 1.017.292 1.318.293

J. Cruz Ind. e Com. Ltda. (Magistral)

- - - - - - - -

Amazon Refrig. Ltda. - - - - - - - -

Minalar Águas e Ref. Ltda.

944.064 161.482 0 41.364 0 4.091 - 1.151.000

Gelocrim Ind. E Com. de Gelo Ltda.

- - - - - - - -

Total 1.190.249 161.482 0 41.364 54.815 4.091 1.017.292 2.469.293

Total Geral 6.030.986 952.342 11.526.698 10.542.924 35.487.096 4.091 1.017.292 65.561.429

FONTE: Manaus refrig. Ltda. (2005); AMBEV (2005); Santa Claudia Ltda. (2005); Minalar Águas e Refrig. Ltda. (2005).

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120

A figura 6.1 mostra a estrutura do setor de bebidas, sendo composta pelas indústrias

que fabricam os concentrados, as bases e os edulcorantes para elaboração de bebidas, pelas

indústrias envasadoras e a sua rede de distribuição. A figura apresenta a estrutura do setor de

bebidas no município de Manaus.

Figura 6.1 – Estrutura do setor de bebidas no município de Manaus.

6.2 - O mercado de Pré-forma em Manaus

O pólo de injeção de pré-formas da Zona Franca de Manaus, o maior núcleo nacional

do gênero, abriu o ano com uma barreira incomum para as indústrias que desfrutam as

isenções tarifárias do porto livre de Manaus. A Portaria Interministerial Nº. 15, baixada em 25

de janeiro de 2006, estabeleceu o Processo Produtivo Básico (PPB) para pré-forma de resina

PET industrializada na Zona Franca. O PPB determina que a injeção, a extrusão e o

acabamento final da pré-forma deverão ser realizados no Pólo Industrial de Manaus.

O PPB, também obriga os transformadores locais de pré-formas a utilizarem pelo

menos 50 % do total das aquisições de resina PET, em peso, proveniente de produção

nacional.

Ind. Concent, base e edulcorantes.

Indústrias Envasadoras

Distribuidoras

Mercado

Consumidor Final (domicílios e

pessoas físicas).

Recofarma Ind. da Amazônia Ltda Pepsi-Cola Ind. da Amazônia Ltda Arosucos Aromat. e Sucos Ltda

G e F Concent. da Amazônia Ltda Sabores Vegetais do Brasil Ltda

Stratus Iind. E Com. Ltda Nidala da Amazônia Ltda.

Tholor do Brasil Ltda

Manaus Refrigerante Ltda AMBEV

J. Cruz Ind e Com. Ltda Águas Santa Claudia Ltda Amazon Refrigerantes Ltda Minalar Águas e Refrig. Ltda Gelocrim Ind. e Com. de Gelo

Exportações

Supermercado (DB, Carrefour), Restaurantes, Mercearias

Padarias, Clubes, Bares, Etc.

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121

Carlos Pinhel, gerente no Brasil da Voridian Company (divisão da Eastman Chemical

- líder mundial em PET), define o PPB como o segundo passo dado pelo governo para

dificultar a entrada do PET importado em meio à insuficiente oferta doméstica da resina. O

primeiro movimento, aponta, foi a aprovação de polêmica sobretaxa antidumping decretada

em setembro passado para PET da Argentina e EUA. (PLASTICO EM REVISTA, 2006)

Pinhel avalia que o Brasil possua capacidade instalada para injetar em torno de

500.000 toneladas ao ano de pré-formas de PET, das quais uma parcela de 120.000 a 130.000

toneladas é proveniente dos transformadores de Manaus. (PLASTICO EM REVISTA, 2006).

Estimativas da cadeia industrial dimensionam na faixa de 400.000 toneladas ou 11 bilhões de

unidades a capacidade brasileira de pré-formas para sopro de PET, a cargo de mais de 60

indústrias – as maiores operam na Zona Franca de Manaus, parcialmente supridas por PET

importado pelo porto livre local. (PLASTICO NO BRASIL, 2005)

As Indústrias de pré-formas instaladas no Pólo Industrial de Manaus são detentoras de

25% da capacidade instalada no Brasil. Estas são abastecidas em boa parte por resina

importada devido às isenções fiscais do PIM. Estas isenções, também bafejam a penetração no

Brasil, de pré-formas importadas do Mercosul (bloco comercial do Brasil, Argentina, Uruguai

e Paraguai). Em regra, os fabricantes de pré-formas do Mercosul importam PET (inclusive de

fora do Mercosul) com o objetivo de exportar o material na condição de produto semi-

acabado (a pré-forma). Isso lhes garante isenção da alíquota de exportação e o alvo lógico é o

grande mercado vizinho do Brasil. Com base nessa exportação subsidiada e sob a escora

adicional de acordos comerciais bilaterais, os transformadores instalados na Argentina e

Uruguai contribuem assim para reduzir o consumo de resina PET e acentuar o excedente de

pré-formas no Brasil. (PLASTICO NO BRASIL, 2004)

As principais indústrias transformadoras do PIM são: Amcor Embalagens da

Amazônia S. A, Plastipack Packaging da Amazônia Ltda; Engepack Embalagens da

Amazônia Ltda, A Brasalpla da Amazônia Ltda e a uruguaia Cristal Pet. Estas empresas

juntas produzem 123 milhões de pré-formas por mês que são comercializadas no mercado de

Manaus, Nordeste, Sudeste, etc.

Devido a isenções fiscais da Zona Franca de Manaus, estas empresas compram o

politereftalato de etileno em forma primária dos Estados Unidos (Estaman / Wellman e

Invista), do México (Celanese), da Argentina (Voridian) e de várias empresas da União

Européia e da Ásia. Também, compram a resina da Mossi & Grisolf (Rodhia-Ster) e da

Braskem, principais produtores brasileiros..

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122

A tabela 6.4 mostra as importações de resina de politereftalato de etileno e de pré-

formas feitas pelas empresas transformadoras do Pólo Industrial de Manaus. Observa-se nesta,

que a Ásia figura como maior exportador de resina de politereftalato de etileno para o PIM,

com 24.234.294, oferecendo a U$ 1,20 kg. Em segundo aparece os Estados Unidos da

América com 15.356.194 e em terceiro o Mercosul com 14.978.230.

Tabela 6.4 - Importações de resina e pré-formas de Politereftalato de Etileno - Manaus – 2005

Tereftalato de Polietileno em forma primária

Garrafas, Garrafões, frascos, artigos semelhantes de

plásticos. Blocos Comerciais

kg US$ U$ / kg kg US$ U$ / kg

ALADI (excet. Mercosul) 1.227.770 1.637.901,00 1,33

Ásia 24.234.294 29.009.294,00 1,20 39 142,00 3,64

Mercosul 14.978.230 21.272.413,00 1,42 103.060 271.154,00 2,63

México 1.227.770 1.637.901,00 1,33

EUA 15.356.194 22.600.324,00 1,47 10.745 80.721,00 7,51

União Européia 1.783.740 2.236.617 1,25 13.890 66.540 4,79

Total 58.807.998 78.394.450 1,34 127.734 418.557 4,64

FONTE: MDIC (Aliceweb), 2005.

A figura 6.2, apresenta a cadeia de embalagens PETs no Município de Manaus, com as

principais indústrias produtoras de pré-formas. Segundo Miranda, gerente financeiro da

Amcor Embalagens da Amazônia, 85 % das pré-formas fabricadas é comercializada no sul e

sudeste do Brasil.

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123

Figura 6.2 – Cadeia de embalagens de politereftalato de etileno

6.3 - O Mercado de Reciclagem em Manaus.

A catação de papel e papelão é o forte do mercado do lixo em Manaus, os catadores e

as cooperativas de catadores têm preferência por catar papel e papelão, apesar do PET ser

mais valorizado. Esta preferência deve-se a grande procura por papel e papelão pelas

indústrias do PIM, Orsa Embalagens da Amazônia S.A., Rigesa da Amazônia S.A., Sovel da

Amazônia S.A., Benaion Indústria de Papel e Celulose e PCE Papel Caixas e Embalagens

Ltda, que usam as aparas para a fabricação de papel higiênico, embalagens, etc.

O mercado pós-consumo de embalagens plásticas (PET), é muito pulverizado,

consistindo em sua maioria de pequenos e médios intermediários (sucateiros), em grande

parte informais que compram o lixo recolhido pelos catadores predatórios e das cooperativas

de catadores e vendem para os grandes depósitos que por sua vez o revendem as indústrias

recicladoras. Estes pequenos e médios atravessadores trabalham com caminhões recolhendo o

lixo seletivo de porta em porta ou ficam em pontos estratégicos para comprar a sucata dos

Ind. de Resina Pet

Ind. Transfor. de

pré-forma

Exportações

IndústriasEnvasadoras

Distribuidores

Mercado

Injepet Embal. Da Amaz. Ltda

Plastipack da Amaz. Ltda Engepack Embal. da Amaz.

Ltda Brasalpa da Amazonia Ltda

Importações Voridian – Argentina Celanese - Mexico

Eastaman Chemical – EUA Invista (ex-Kosa) – Eua

Asia

Mossi & Grisoli Brasken

Recofarma Ind. da Amaz Ltda Pepsi-Cola Ind. da Amaz Ltda Arosucos Arom. e Sucos Ltda G e F Conc. da Amaz. Ltda Sabores Veget. do Brasil Ltda

Stratus Iind. e Com. Ltda Nidala da Amaz. Ltda.

Manaus Refrigerante Ltda Ambev

J. Cruz Ind e Com. Ltda Águas Santa Claudia Ltda

Amazon Refrigerantes Ltda Minalar Águas e Refrig. Ltda

Gelocrim Ind. e Com. de Gelo Ltda.

Supermercado (DB, Carrefour),

Restaurantes, Mercearias Padarias, Clubes, Bares, Etc.

Ind. Concent, base e edulcorantes.

Consumidor Final (domicílios, e

Pessoas Físicas)

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124

catadores predatórios e no final do dia se dirigem a um grande depósito (sucateiro) para

vender o que conseguiram acumular ao longo do dia.

Isto acontece pela necessidade dos catadores predatórios não terem escala

suficientemente para suprir a demanda dos grandes sucateiros e devido à necessidade de

possuírem uma renda monetária imediata para sua sobrevivência, o que as cooperativas não

podem proporcionar.

Já as cooperativas de catadores guardam sua produção, com o objetivo de revender

para o grande depósito (sucateiro) ou a indústria de reciclagem. Esta prática é utilizada para se

obter escala de produção, uma vez que nenhuns dos dois compradores recolherão um volume

pequeno de material.

Diferentemente do pequeno e médio intermediário, as cooperativas não têm a intenção

de obter lucro com a venda da sucata, sua receita está ligada ao fato de que ela precisa se

manter. O lucro obtido com a venda da sucata e repassado para os cooperados com a compra

de seus produtos por um preço maior do que é pago pelos pequenos e médios atravessadores

ao catador predatório. .

Os catadores cooperados têm que aguardar um prazo de 15 a 30 dias entre a entrega e

a venda da sucata para poder receber o dinheiro do material vendido. No longo prazo, há uma

tendência para que os catadores predatórios se tornem cooperados, pois irão obter um ganho

monetário maior e as cooperativas lograrão competir em igual condição com os grandes

depósitos.

Os grandes depósitos (grandes sucateiros) compram diretamente dos pequenos e

médios intermediários e das cooperativas de catadores. Estes funcionam como centro de

triagens, separando o material e vendendo para as empresas recicladoras de Recife e São

Paulo, no caso das embalagens de PETs.

Segundo CALDERONI (2003), nesta cadeia, o poder de barganha do comprador é

sempre muito superior. "Do lado de suas relações com os carrinheiros e catadores, os preços

pagos pelos sucateiros já se encontram nos níveis mínimos possíveis para permitir a

subsistência desse amplo contingente de mão de obra, cuja existência representa reserva capaz

de garantir segurança de suprimento e continuidade de operações". "Os compradores de

sucata vendem as sucatas com lucros de até 80%" (COSENZA, 1994).

Porém, não são os sucateiros os que ficam com a parte do leão. "Nas relações da

indústria com os sucateiros prepondera o maior poder da primeira. A indústria mantém os

preços pagos nos níveis mínimos necessários à sobrevivência dos sucateiros, os quais

prestam-lhe importantes serviços". (CALDERONI, 2003).

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125

Das cooperativas de catadores a ACR é a única que cata as embalagens PETs de

bebidas. Dos grandes depósitos, a Eco Clean e a Reciclam são os únicos que compram o PET,

mas, devido ao alto teor de sujeira, 80 % de suas compras são provenientes das sobras e

perdas das indústrias do Distrito Industrial.

A L. M. da Amazônia Ltda., é a única empresa “recicladora” de embalagens de PETs,

esta compra o PET e o transforma em telhas de plásticos. Esta processa 30 toneladas de PET

por mês, sendo que 70 % desta matéria-prima, também provem do pós-industrial, as perdas e

sobras das indústrias instaladas no Distrito Industrial.

CALDERONI (2003), afirma que a contribuição do plástico para a viabilidade

econômica da reciclagem do lixo, em geral é potencialmente muito elevado, sobretudo em

função da economia de matéria-prima que proporciona. Mas, a reciclagem de materiais

plásticos é realizada principalmente de sobras industriais, e apenas em pequena proporção é

retirado do lixo doméstico, devido ao custo do sistema de despoluição e a qualidade do

material.

A figura 6.3, apresenta a cadeia de geração e coleta do lixo proveniente do pós-

consumo de bebidas. Observa-se, que existem dois fluxos: a coleta formal e seletiva, a cargo

do poder público e suas concessionárias TUMPEX e ENTERPA; e a coleta informal formado

pelos catadores predatórios, carrinheiros e cooperativas de catadores que vendem sua catação

para os pequenos e médios sucateiros.

Existe um terceiro fluxo, o pós-industrial decorrente de sobras e perdas de material

das indústrias que revendem diretamente para os grandes depósitos, como exemplo: a Injepet

Embalagens da Amazônia, fabricante de pré-formas, que vende as pré-formas que não passam

pelo controle de qualidade para a Reciclam. Este fluxo não trabalha diretamente com o

processo do lixo, mas com rejeitos de seu próprio processo produtivo.

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Consumidor Final

Coleta Formal

Aterro

Coleta Seletiva

Peq. e Médios Intermediários

Pós-Consumo

Indústria

Tumpex Enterpa Limpex

Coleta Informal

Grandes depósitos

Catadores Cooperados

Catadores Predatórios

Cooperativas e Associações

ACR, COOPERSOL, ARPA, Doroth Stang,

AMAR, Santa Etelvina.

Novo produto

Reciclam

L.M da Amaz Ltda. Sudeste, Nordeste

6.3 – Cadeia de produção e coleta de lixo domiciliar em Manaus.

6.4 - Principais Indicadores.

A tabela 6.5, os principais indicadores relativos aos ganhos da reciclagem na cidade de

Manaus.

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127

Tabela 6.5 - Reciclagem de embalagens de Politereftalato de Etileno – Principais Indicadores, Manaus – 2005.

Nº Indicadores Valor Fonte

1 Quantidade total de lixo domiciliar produzida no município de Manaus em 2005. (Ton)

405.836,91 Linha 1 = (Tab - 4.1 - Tonelada de lixo coletado por serviço, em tonelada 1997 a 2005.).

2 Participação de embalagens de bebidas PETs na massa total dos resíduos sólidos gerados no município de Manaus. (%)

4,09 Linha 2 = (Tab 4.12 - composição gravimétrica do lixo domiciliar de Manaus em 2006).

3 Quantidade anual de embalagens de bebidas presente no lixo gerado no município de Manaus (Ton)

16.598,73 Linha 3 = 405.836,91(Linha 1) x 4,09 % (Linha 2)

4 Quantidade de embalagens de bebidas PETs recicladas no município de Manaus. (Ton)

126,49 Linha 4 = 523,34 Ton X 24,17 % (Tab. 4.5 - Materiais recicláveis comercializados por quantidade, percentual e valor).

5 Índice de reciclagem de embalagens PETs no município de Manaus em 2005.

0,76 Linha 5 = 126,49 (Linha 4) X 100 / 16.586,55 (Linha 3).

6 Economia de energia obtida com a reciclagem de embalagens de bebidas PETS no município de Manaus em 2005.

156.624,85 Linha 6 = 126,490 (Ton. Linha 5) X 5,3 MWh / Ton. (Linha 12) X 233,63 R$ / MWh (Linha 17)

7

Economia de energia perdida pela não reciclagem de embalagens de bebidas PETS no município de Manaus em 2005 (KWh / Ton)

26.137.459,09Linha 7 = 16586,55 Ton. (Linha 3) - 126,49 (Linha 4) X 6,74 MWh (Linha 10) X 263,33 R$ / MWh (Linha 17)

8 Economia de matéria-prima obtida pela reciclagem de embalagens PETS no município de, Manaus em 2005 (KWh / Ton.)

395.978,21 Linha 8 = 126,490 (Linha 4) X 3.130,51 (Linha 18)

10 Consumo de energia elétrica na produção a partir da matéria-prima virgem. (KWh / Ton)

6,74 D. HUFFAM, Metal Box Co. citado por CALDERONI, 2003.

11 Consumo de energia elétrica na produção através da reciclagem. (KWh / Ton)

1,4 D. HUFFAM, Metal Box Co. citado por CALDERONI, 2003.

12 Economia de energia elétrica na produção através da reciclagem. (KWh / Ton)

5,3 D. HUFFAM, Metal Box Co. citado por CALDERONI, 2003.

13 Preço pago pelas recicladoras aos sucateiros em dez. de 2005 (R$ / Ton.)

750,00 L.M da Amazônia Ltda, Reciclam, Sucateiros.

14 Preço pago pelos sucateiros aos catadores e cooperativas pelo PET, em dez. de 2005. (R$ / Ton.).

350,00 Sucateiros e SEMULPS, 2005.

15 Custo da PMM com a coleta domiciliar (R$ / Ton.)

45,07 Linha 15 = R$ 18.291.074,12 (Plan 4.8 - Custo da coleta domiciliar) / 405.836,91 (Plan. 4.1 - Lixo domiciliar coletado.)

16 Custo da PMM pelo lixo domiciliar disposto no aterro (R$ / Ton)

6,63 Linha 16 = R$ 5.248.196,42 (Plan 4.8 - Custo da disp. Final) / 791.625.419 (Plan. 4.2 - Coleta de lixo por serviço e disp. Final).

17 Preço da energia elétrica em Manaus (MWh / Ton.)

233,63 ANEEL, 2005.

18 Preço da resina PET em Manaus (R$ / T) 3.130,51 Linha 18 = U$ 1,34 Kg X 2,3362 (cotação em 02.01.06) X 1000.

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128

7

OS GANHOS DA RECICLAGEM E A PROPOSTA DE LOGISTICA

REVERSA

Conforme exposto anteriormente, busca-se, neste trabalho, efetuar a mensuração do

ganho decorrente da reciclagem do lixo referente às embalagens de bebida de politereftalato

de etileno (PETs). Isso envolve o conhecimento de três quantidades: a produzida, a reciclada e

a disposta em aterros. É com base nelas que se pode calcular a economia de energia, matéria-

prima e água, bem como a redução dos dispêndios com o controle ambiental e com a coleta,

transporte e disposição final do lixo.

Nota-se que a quantidade disposta no aterro, somada à reciclagem, perfaz a quantidade

produzida ou consumida no mercado de Manaus. Desta forma, é suficiente o conhecimento de

duas dessas três grandezas para que se possa determinar a terceira.

Por estas razões fizemos a composição física do lixo de Manaus (cap.4 ), onde foi

dimensionada a quantidade de embalagens de bebidas em PET, que e disposta no aterro

municipal. São 4,1 %, que equivale a 16.639,31 toneladas, das 405.836,91 ton de lixo

domiciliar disposta.

Depois tentamos junto às empresas envasadoras de bebidas de Manaus: Manaus

Refrigerante Ltda., AMBEV, Santa Cláudia Ltda., J.Cruz Ind. e Com. Ltda., Amazon

Refrigerante Ltda., Minalar Águas e Refrigerantes Ltda., Gelocrim Ind. e Com. De Gelo

Ltda.; dimensionar o consumo de embalagens PETs que estas necessitam para comercializar

sua produção de bebidas.

A J.Cruz Ind. E Com. Ltda., a Amazon Refrigerante Ltda. e a Gelocrim Ind. E Com de

Gelo Ltda., não cederam os dados afirmando que estes são dados confidenciais e estratégicos

da empresa.

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A tabela 7.1, apresenta a quantidade de embalagens de politereftalato de etileno,

consumida pelas linhas de produção de PETs, das indústrias envasadoras de bebidas

(refrigerante e água mineral). Foram consumidas 65.324,076 embalagens PETs. Destas

63.092.136 de refrigerantes e 2.231.940 embalagens de água mineral. Nota-se, que foram

produzidos, 129.225.313,82 litros, que equivale a 28.393,15 toneladas de embalagens PETS.

A produção de refrigerantes foi de 87,70 % do total, 113.338.749,49 litros, que corresponde a

28.113,75 toneladas. Já, a produção de água mineral correspondeu a 12,29 % do total,

15.886.564,33 litros, que equivale a 279,41 toneladas. A garrafa de 2L a 2,5L, respondeu por

68,65 %, de toda a produção de bebida, 88.717.740,00 litros e, por 66,24% do peso total das

garrafas PETS, 18.808,168 toneladas.

Tabela 7.1 - Quantidade de embalagens de bebidas envasadas em politereftalato de etileno, em litros e toneladas - Manaus - 2005.

Refrigerantes Tipo Garrafas

Quantidade (Q) Produção (Q X Vol.)

Pré-forma Peso (P)

Tonelada (Q X P)

Garrafa até 350ml Descartável 4.840.737 1.694.257,85 0,20 968,15

Garrafa de 500ml Descartável 790.860 395.430,00 0,27 213,53

Garrafa de 600ml Descartável 11.526.698 6.916.018,91 0,27 3.112,21

Garrafa de 1,5L Descartável 10.501.560 15.752.340,00 0,48 5.040,75

Garrafa de 2L até 2,5L Descartável 35.432.281 88.580.702,73 0,53 18.779,11

Total 63.092.136 113.338.749,49 28.113,75

Água Mineral Tipo Garrafas

Quantidade (Q) Produção (Q X Vol.)

Pré-forma Peso (P)

Tonelada (Q X P)

Garrafa até 350ml Descartável 987.386 345.585,10 0,20 197,48

Garrafa de 500ml Descartável 134.568 67.284,00 0,27 36,33

Garrafa de 1,5L Descartável 34.470 51.705,00 0,48 16,55

Garrafa de 2L até 2,5L Descartável 54.815 137.037,27 0,53 29,05

Garrafa de 5,1L até 10L Descartável 3.409 25.567,50 0,00

Garrafão de 10,1L até 20L Descart 1.017.292 15.259.385,45 0,00

Total 2.231.940 15.886.564,33 279,41

Total Geral 65.324.076 129.225.313,82 28.393,15

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130

As informações repassadas por estas empresas, foram dados globais, referentes à

produção total de refrigerantes em PETs, não dimensionando o que produziram para o

município de Manaus.

Então, procuramos dimensionar o índice de reciclagem de PETs na cidade de Manaus,

devido à desorganização do mercado de reciclagem, não obtemos esta informação, dado que

os pequenos e médios intermediários e as cooperativas de catadores não guardam registros de

suas transações de compra e venda de materiais recicláveis. Além do que o mercado de lixo

em Manaus é voltado principalmente para a catação de papel e papelão.

As únicas informações que conseguimos provém da Reciclam, da Ecocleam, da L. M

da Amazônia Ltda. Estas empresas compram os resíduos PETS em sua maioria (80 %), do

pós-industrial, pois o material do pós-consumo não tem boa qualidade, vem sujo de materiais

orgânicos e outros detritos, demandando um alto custo para limpeza e lavagem do material.

A tabela 7.2, apresenta estudo publicado pela PLASTIVIDA (2004), este apresenta a

região Norte consumindo 22.903 toneladas de politereftalato de etileno e não reciclando

nenhum material plástico do pós-consumo.

Tabela 7.2 - Geração e reciclagem de lixo plástico no pós-consumo, por tipo de resíduo plástico, por região, em tonelada.

Geração de plástico pós-consumo Região

PET PEAD PVC PEBD / PELBD

PP OS Outros Total

Norte 22.903 22.660 6.209 36.539 30.197 8.075 4.537 131.120

Nordeste 84.953 84.053 23.030 135.534 112.012 29.952 16.829 486.363

Centro-oeste

24.979 24.714 6.772 39.851 32.935 8.807 4.948 143.006

Sudeste 187.816 185.824 50.916 299.641 247.637 66.217 37.207 1.075.258

Sul 59.747 59.113 16.197 95.320 78.777 21.065 11.836 342.055

Brasil 380.398 376.364 103.124 606.885 501.558 134.116 75.357 2.177.802

Reciclagem de plástico pós-consumo Região

PET PEAD PVC PEBD / PELBD

PP OS Outros Total

Norte - - - - - - - -

Nordeste 23.221 10.817 4.903 5.796 7.480 - - 52.217

Centro-oeste

- 3.742 - 3.575 1.618 - - 8.935

Sudeste 88.615 14.177 7.481 46.272 26.558 3.550 2.058 188.711

Sul 37.742 33.871 4.669 24.198 5.383 2.753 925 109.541

Brasil 149.578 62.607 17.053 79.841 41.039 6.303 2.983 359.404

FONTE: PLASTIVIDA, 2004.

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131

Entre os Estados pesquisados, o campeão da reciclagem pós-consumo foi o Rio

Grande do Sul, com taxa de 27,6 %. Abaixo dele estão Ceará, com 21,3 % e Rio de Janeiro,

com 18,6 %, seguidos da Bahia, 9,4 % e Minas Gerais, 5,6 %. Na região metropolitana de São

Paulo o índice ficou em 15,8%. Em conjunto, esses Estados apresentam capacidade instalada

para reciclar 340 mil toneladas/ano, movimentando cerca de R$ 225 milhões anuais, com

geração de 3,8 mil empregos diretos. Em todos os casos, a proporção da reciclagem de

plástico pré-consumo (pós-industrial) é maior que a do pós-consumo. (PLASTIVIDA, 2004).

a tabela 7.3, apresenta a origem dos resíduos plásticos advindo da reciclagem, que

foram consumidos por região. Observa-se, que o material plástico reciclado na região Norte,

3,2 %, equivale a 12.264 toneladas. Este material vem de perdas e sobras industriais,

confirmando que a reciclagem de embalagens plásticas pós-consumo na região Norte, é

insignificante.

Tabela 7.3 - Origem dos resíduos plásticos reciclados, consumidos por região. – 2004.

Pós-Industrial Pós-Consumo Consumo Total Região

Ton /ano % Ton /ano % Ton /ano %

Centro-Oeste 14.636 3,90 10.106 2,60 24.742 3,20

Norte 12.264 3,20 - - 12.264 1,60

Nordeste 18.933 4,90 57.921 14,70 76.854 9,90

Sul 121.356 31,70 94.565 24,00 215.920 27,80

Sudeste 215.871 56,40 231.515 58,70 447.386 57,60

Brasil 378.980 100,00 398.186 100,00 777.166 100,00

FONTE: PLASTIVIDA, 2004.

Somente a partir de 2005, que começa a existir interesse por parte dos catadores, das

cooperativas de catadores e pequenos e médios sucateiros por catar e comercializar as

embalagens PETs, devido a sua maior valorização em relação ao papel e papelão e a procura

desta sucata por empresas instaladas no Distrito Industrial.

O único dado oficial que temos é o da coleta seletiva efetuada pela Prefeitura

Municipal de Manaus, que entre fevereiro e dezembro de 2005 coletou 523.340 ton. de

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132

materiais recicláveis, sendo comercializado somente 262.232 ton. Destas, 63.373 ton. foram

de plásticos. Sendo o plástico, dos materiais reciclados o mais valorizado.

7.1 A Economia de Energia (W)

A tabela 7.4, mostra a economia possível, com a reciclagem de PET no Brasil, em

2005, foi da ordem de R$ 383.250.682,88, dos quais foram alcançados R$ 184.151.680,00,

representando 48,05 %, e perdidos R$ 199.099.002,88, expressando 51,05 %, pela não

reciclagem.

No município de Manaus, a economia de energia possível é da ordem de R$

20.709.836,41, tendo sido obtido economia de R$ 156.624,98, e perdido um montante de R$

20.553.211,44, perda equivalente a 99,24 %.

Tabela 7.4 - Economia de energia decorrente da reciclagem do lixo domiciliar

Consumo (Dis. final + reciclag.)

Reciclagem Índice de

reciclagem

Economia de

energia

Economia por

tonelada

Economia Obtida

Economia perdida

Economia possível

PETs

(Ton.) (Ton.) (%) (MWh/ Ton)

(R$ / Ton) (R$) (R$) (R$)

Brasil 370.448 178.000 48,05 5,30 1.042,37 184.151.680,00 199.099.002,88 383.250.682,88

Manaus 16.725,22 126,49 0,76 5,30 1.238,24 156.624,98 20.553.211,44 20.709.836,41

No Brasil, a industrial paga em média 195,20 R$ / Mwh. Já na região Norte o preço

médio pago pela indústria é 263,33 R$ / Mwh3.

Nota-se que a economia de energia pela reciclagem de garrafas plásticas (PET), seria

muito expressiva se os programas de coleta seletiva tornassem mais eficientes.

7.2 - A Economia de Matéria-Prima (M) Com os dados do capitulo precedente já é possível calcular a economia de matérias-

primas que a reciclagem pode proporcionar.

3 Os valores das tarifas de energia elétrica, por classe de consumo e por região, referentes a janeiro de 2006, foram obtidas na Agencia Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

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133

A tabela 7.5, mostra à economia de matéria-prima resultante da reciclagem de

embalagens PETs. No Brasil a economia possível é de R$ 1.319.798.794,08, a economia

obtida foi de R$ 634.162.380,00, a perdida nos aterros é da ordem de R$ 685.636.414,08.

No município de Manaus a economia possível e da ordem de R$ 52.358.435,01, mas,

somente foi obtida através da reciclagem uma economia de R$ 395.977,96, representando

0,76 %, e perdido um montante de R$ 51.962.457,05, equivalente a 99,24 % no aterro

municipal.

Tabela 7.5 - Economia de matéria-prima resultante da reciclagem do lixo domiciliar

Dados básicos Economia

Consumo Reciclada

Custo por tonelada Obtida Perdida Possível PETs

Ton / ano Ton / ano (R$ / Ton) (R$) (R$) (R$)

Brasil 370.448 178.000 3.562,71 634.162.380,00 685.636.414,08 1.319.798.794,08

Manaus 16.725,22 126,49 3.130,51 395.977,96 51.962.457,05 52.358.435,01

7.3 – Os Custos Evitados pelas Prefeituras

Não há dados para fazer o cálculo de tais gastos no Brasil como um todo e no estado

do Amazonas, mas é possível este cálculo para o município de Manaus.

Os custos evitados pela prefeitura Municipal de Manaus referem-se aos custos com a

coleta, transbordo e disposição final. Em Manaus, o custo de transbordo está incluído nos

custos da coleta, pois as concessionárias transportam o lixo diretamente para o aterro

municipal.

Os custos da coleta domiciliar são de R$ 45,07 / ton, e a disposição final de R$ 6.63 /

ton. A coleta seletiva custa R$ 115,00 / ton, multiplicando este valor pelo número de

toneladas de PETs coletados, 126,49 ton., teremos um custo de R$ 14.891,35, para a

Prefeitura de Manaus. Com os pequenos sucateiros4 pagando o PET a R$ 0,35 / kg,

multiplicando pelas 126,49 toneladas coletadas, teremos uma receita de R$ 44.271,50, receita

esta que e repassada para as cooperativas de catadores.

A tabela 7.6, apresenta o gasto da Prefeitura Municipal de Manaus com as embalagens

de bebidas PETs. Em 2005, o custo evitado através da reciclagem foi de R$ 6.539,53 e os 4 R$ 0,35 / kg, preço de mercado, pago pelos pequenos sucateiros aos catadores.

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134

custos não evitados foram da ordem de R$ 872.700,69, se todas as embalagens PETs tivessem

sido reciclados o custo evitado seria da ordem de R$ 879.240,72.

Tabela 7.6 - Custos da PMM com coleta e disposição final, em toneladas- 2005.

Disp. fInal coleta Coleta

Seletiva Custos Consumo Reciclagem(R$ 6,63/ Ton.) (R$ 45,07/Ton.) (R$ 115/ton.)

Total (R$)

Custos Evitados 838,63 5.700,90 6.539,53

Custos Não Evitados 110.049,58 748.104,76 14.546,35 872.700,69

Custos Possíveis

16.725,22 126,49

110.888,21 753.805,67 14.546,35 879.240,72

7.4 - Redução dos Custos com Controle Ambiental (A) A reciclagem do lixo enseja uma redução considerável dos custos que as indústrias

tem para se adequarem às disposições da legislação ambiental. Tal redução refere-se,

sobretudo aos custos com controle ambientais ligada a poluição de água e do ar.

A tabela 7.7, mostra os custos de redução na água e ar dos materiais recicláveis.

Tabela 7.7 - Redução da poluição da Água e Ar

Recicláveis Água Ar

Lata de alumínio 97% 95%

Vidro 50% 20%

Papel 35% 74%

Plástico - -

Lata de aço 76% 85%

FONTE: CALDERONI, 2003, citando Powelson, 1992.

Apesar de o PET ter alto poder calorífico, com valor de cerca de 20.000 BTUS / kg, no

Brasil, a sua incineração não é recomendada, mesmo para a recuperação de energia. Pois,

libera gases residuais como monóxido e dióxido de carbono, acetaldeído, benzoato de vinila e

ácido benzóico.

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135

Como, a Prefeitura de Manaus, não tem nenhum incinerador em operação e o PET

somente produziria poluição do ar se este fosse incinerado, não teremos a possibilidade de

calcular os custos de redução da poluição no ar.

Quanto à poluição da água, esta é causada pelo descarte irregular das garrafas PETs,

nos igarapés, nos cursos d’água, provocando o assoreamento, inundações e inconvenientes

estéticos. Como não foi possível estimar, os valores de redução decorrente do controle

ambiental, podemos somente indicar que no ano de 2005, a limpeza dos igarapés custou a

Prefeitura de Manaus, R$ 985.777,53.

7.5 - A Economia de Água (H)

Na produção de 1 litro de refrigerante envasado em garrafas de PET, são utilizados 2

litros de água - inclusive aquela que será bebida. Os sistemas retornáveis (garrafas de vidro)

gastam 6,5 litros de água para produzir o mesmo litro de refrigerante. A diferença está na

água usada na lavagem da garrafa retornável. Água essa que não retorna jamais.

(IMBELLONI, 2005).

Na revalorização (reciclagem), após a prensagem e trituração, o PET passa por uma

etapa de lavagem com água para a retirada dos contaminantes, separando-os por diferença de

densidade em fluxo de água ou ar, devem ser retirados da sucata os resíduos de refrigerantes e

demais detritos, o rótulo (PVC, polietileno ou papel), tampa (polipropileno, polietileno de alta

densidade ou alumínio). É necessário que a água da lavagem receba um tratamento para sua

reutilização ou emissão como efluentes.

Apesar dos esforços não conseguimos determinar quanto uma indústria recicladora

gasta de água (m3) para reciclar uma tonelada de PET.

7.6 – O Mercado de Transações de Produtos Recicláveis (V) e os Custos do

Processo de Reciclagem.

Por mercado de transações de produtos recicláveis entende-se, no presente estudo, a

soma das receitas auferidas pelo conjunto dos sucateiros com a venda (V) desses recicláveis.

A tabela 7.8 e 7.9 explicita os resultados alcançados na mensuração do volume das transações

realizado no mercado de PET reciclável no Brasil e no Município de Manaus.

No Brasil, as transações possíveis com resíduos de embalagens provenientes de PETs

teriam alcançado respectivamente em 2005, R$ 444.537.600,00, se todo o PET tivesse sido

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reciclado, mas somente foram obtidos R$ 230.937.600,00 e perdido com a não reciclagem R$

19.903.860,00.

Tabela 7.8 - Valor das transações com PET reciclável no Brasil – 2005.

Dados básicos Valor das transações Brasil

Consumo Reciclagem

Preços (R$ / Ton)

Obtido Perdido Possível

Indústria 1.200,00 444.537.600,00 230.937.600,00 444.537.600,00

Sucateiro 800,00 142.400.000,00 153.958.400,00 296.358.400,00

Catador

370.448 178.000

350,00 62.300.000,00 67.356.800,00 129.656.800,00

Assim, podemos estimar o montante total obtido nas transações realizadas com

resíduos PETs recicláveis no município de Manaus se esta tivesse sido integral. Em 2005, as

transações possíveis teriam alcançado respectivamente, R$ 20.222.052,00, mas somente

foram obtidos R$ 151.788,00 e perdido com a não reciclagem R$ 19.918.476,00.

Tabela 7.9 - Valor das transações com PET reciclável em Manaus – 2005

Dados básicos Preços Valor das transações Manaus

Consumo Reciclagem (R$ / Ton) Obtido Perdido Possível

Industria 1.200,00 151.788,00 19.918.476,00 20.070.264,00

Sucateiro 750,00 94.867,50 12.449.047,50 12.638.782,50

Catador

16.725,22 126,49

350,00 44.271,50 5.809.555,50 5.898.098,50

As transações de produtos recicláveis ocorrem em vários níveis: da indústria com

sucateiros de grande porte, destes com sucateiros que operam em escalas menores; e destes

últimos com cooperativas de catadores, carrinheiros e catadores.

Os custos do processo de reciclagem, ou seja, a coleta, a triagem, o processamento e o

transporte dos materiais acham-se já inteiramente coberto pelos preços praticados neste

mercado.

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137

O custo incorrido da reciclagem (C), foi definido no presente trabalho como o custo de

transporte, de armazenagem e enfardamento e de lavagem, além de outras possíveis

modalidades de beneficiamento.

Os custos de coleta e triagem são representados pela receita dos catadores e

cooperativas de catadores (R$ 0,35 / kg) e, pela receita dos sucateiros (R$ 0,75 / kg) para

Manaus. Neste caso o que é custo para o sucateiro e receita para o catador. Para a sociedade,

ponto de vista adotado nesta pesquisa, trata-se somente de mera transferência de renda interna

entre os agentes envolvidos. Não há, portanto nem ganho nem custo para a sociedade.

Há também o lucro do sucateiro, novamente trata-se de despesa para a indústria e

receita para o sucateiro, havendo, apenas uma transferência de renda interna decorrente do

processo de reciclagem.

Cabe notar que as transações de recicláveis são realizadas no mercado de forma que C,

o custo da reciclagem, seja parte do preço dos recicláveis, pago pelas indústrias aos

sucateiros.

Ressalva-se que na formulação de CALDERONI (2003), o sinal “V” é neutro, pois os

preços vigentes não afetam os ganhos da sociedade. “V” apresenta o mercado de transações

com recicláveis, sendo este negativo para a indústria, que paga pelos recicláveis, e positivo

para quem recebe, os sucateiros. Portanto, sob o ponto de vista da sociedade o item “V”, é

nulo, pois é o resultado liquido das transações internas do mercado de recicláveis.

7.7 - Demais Ganhos Econômicos

Um primeiro ganho seria o alongamento da vida útil dos equipamentos, decorrente do

processo de reciclagem. Não foi possível obter junto às indústrias, as informações necessárias

para se obter os ganhos envolvidos.

Outro ganho seria o decorrente da economia de energia elétrica, que evitaria os

investimentos do governo federal na produção de energia elétrica, os quais são realizados a

custos marginais crescentes.

Cumpre mencionar os ganhos referentes à divisas. É o caso da produção com base em

matérias-primas importadas cujo consumo, com a reciclagem do lixo, reduziria. Isto se aplica

ao consumo de petróleo e a importação do acido tereftalato de etileno (PTA) e do Dimetil,

usados para produção de garrafas PETs.

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138

Os problemas metodológicos envolvidos na avaliação destes ganhos da reciclagem

alcançam complexas avaliações metodológicas referentes ao financiamento destas divisas e

sua repercussão em termos de política econômica interna e externa5.

7.8 – Os Resultados Globais

As tabelas 7.10 e 7.11 mostram a economia possível, a economia perdida e a economia

obtida na reciclagem de PETs no Brasil e em Manaus.

Para o Brasil os principais ganhos de economia decorrem da economia de energia e da

economia de matéria-prima e da venda dos materiais recicláveis

Para o município de Manaus, os ganhos decorrem principalmente da economia de

energia elétrica. Quanto a matéria-prima os ganhos são pequenos devido a reciclagem de

embalagens PETs ser insignificante.

CALDERONI (2003), afirma que a contribuição do plástico para a viabilidade

econômica da reciclagem do lixo em geral é potencialmente muito elevado, sobretudo em

função da economia de matéria-prima que proporciona. Mas, a reciclagem de materiais

plásticos é realizada principalmente de sobras industriais, e apenas em pequena proporção é

retirado do lixo, devido ao custo do sistema de despoluição e a qualidade do material.

5 Vide, CONTADOR, Cláudio Roberto. Avaliação Social de Projetos - Custo social da geração de divisas e seus diferentes enfoques metodológicos, São Paulo, Editora Atlas, 1988.

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139

Tabela 7.10 - Economia com a reciclagem de embalagens de politereftalato de etileno no Brasil – 2005.

Consumo ReciclagemÍndice de

reciclagem Energia elétrica

Matéria-prima Água Controle ambiental

Custos incorridos

Total Vendas de recicláveis Brasil

(Ton. / ano)

(Ton. / ano) (%) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)

Possível 383.250.682,88 1.319.798.794,08 -97.798.272,00 1.605.251.204,96 444.537.600,00

Perdida 199.099.002,88 685.636.414,08 -50.806.272,00 833.929.144,96 230.937.600,00

Obtida

370.448 178.000 48,049929

184.151.680,00 634.162.380,00 -46.992.000,00 771.322.060,00 213.600.000,00

Tabela 7.11 - Economia com a reciclagem de embalagens de politereftalato de etileno, Manaus – 2005.

Consumo Reciclagem Índice de

reciclagemEnergia elétrica

Matéria-prima água Controle ambiental

Custos da PMM

Custos incorridos

Total Vendas de recicláveis Manaus

(Ton. / ano) (Ton. / ano) (%) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$) (R$)

Possível 20.709.836,41 52.358.435,01 - - 879.240,22 -4.139.491,95 69.808.019,70 20.070.264,00

Perdida 20.553.211,44 51.962.457,05 - - 872.700,69 -4.108.185,68 69.280.183,51 19.918.476,00

Obtida

16.598,73 126,49 0,76

156.624,98 395.977,96 - - 6.539,53 -31.306,28 527.836,19 151.778,00

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140

A tabela 7.12 mostra os ganhos de toda a sociedade com a reciclagem de embalagens

PETs para bebidas no Brasil, o ganho possível, se todas as embalagens fossem recicladas,

pode ser estimada em R$ 1.605.251.204,96. Deste total, foi obtida uma economia de R$

771.322.060,00 e, perdida pela não reciclagem R$ 833.929.144,96.

A economia de matérias-primas constitui o principal fator de economia, respondendo

por 82,22 % do total possível e do total obtido.

7.12 - Economia resultante da reciclagem das embalagens de politereftalato de etileno, Brasil - 2005.

G = V - V - C + W + M + H + A

Brasil Ganho

Vendas de recicláveis

Vendas de recicláveis

Custo de reciclagem

Economia de energia

Economia de matéria-prima

Econ. Recur.

Hidricos

Econ. Custos

Ambent.

Possível 1.605.251.204,96 444.537.600,00 (444.537.600,00) (97.798.272,00) 383.250.682,88 1.319.798.794,08 - -

Obtida 771.322.060,00 213.600.000,00 (213.600.000,00) (46.992.000,00) 184.151.680,00 634.162.380,00 - -

Perdida 833.929.144,96 230.937.600,00 (230.937.600,00) (50.806.272,00) 199.099.002,88 685.636.414,08 -

A tabela 7.13 apresenta os ganhos de toda a sociedade com a reciclagem de PETs no

município de Manaus. O ganho possível, se todas as embalagens fossem recicladas, seria da

ordem de R$ 69.778.713,42, mas somente foi obtidos R$ 527.836,19 e perdidos R$

69.248.877,23 pela não reciclagem.

A matéria-prima constitui o principal fator de economia, respondendo por 69,43 %, do

ganho total possível e por 72,27 %, do ganho total obtido.

7.13 - Economia resultante da reciclagem das embalagens de politereftalato de etileno, Manaus - 2005.

G = V - V - C (+) E + W + M + H + A

Manaus Ganho

Vendas de recicláveis

Vendas de recicláveis

Custo de reciclagem

Custos da PMM

Economia de energia

Economia de matéria-prima

Econ. Recur. Hidric.

Econ. Custos Amb.

Possível 69.776.713,42 20.070.264,00 (20.070.264,00) (4.170.798,23) 879.240,22 20.709.836,41 52.358.435,01 - -

Obtida 527.836,19 151.788,00 (151.788,00) (31.306,28) 6.539,53 156.624,98 395.977,96 - -

Perdida 69.248.877,23 19.918.476,00 (19.918.476,00) (4.139.491,95) 872.700,69 20.553.211,44 51.962.457,05 -

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141

Observa-se que o importante para a sociedade é os ganhos que a produção via

reciclagem proporciona quando comparada com a produção a partir de matérias-primas

virgens, energia, água (não mensurada) e controle ambiental.

7.9 - As Perspectivas Econômicas com a Reciclagem.

As Perspectivas Econômicas do Governo Federal e do Governo Estadual

Consiste na Economia de energia, economia de recursos hídricos (não quantificado), a

geração de empregos e renda e, ganhos referentes ao meio ambiente e a saúde publica (ambos

de difícil quantificação).

Estes ganhos, de elevada magnitude, são suficientes para justificar o engajamento do

Estado na proposta aqui defendida.

A Perspectiva Econômica do Governo Municipal

É a redução dos seus custos decorrentes da diminuição do lixo domiciliar, pelo qual

teria que se responsabilizar provendo uma coleta e disposição final.

A Perspectiva Econômica dos Sucateiros

Os sucateiros sempre serão necessários, pois, a indústria não interessa verticalizar o

processo, para não arcar com o ônus decorrente das flutuações de preço do mercado.

Além do que os sucateiros prestam-lhe serviços especiais, pois contratam catadores

sem pagar os encargos que a legislação exige e os custos economizados por estes, são

repassados as indústrias sob a forma de preços baixos.

Acha-se vinculada ao crescimento do mercado de recicláveis, no nível de oferta, de

preços e a estabilidade de tais preços.

A Perspectiva Econômica da Indústria

E o segmento que mais ganho aufere com o processo de reciclagem. Seus ganhos

advêm da economia de matéria-prima, energia e da diminuição de seus custos com controle

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142

ambiental (não quantificado), exigidos pela legislação. Além do alongamento da vida útil dos

equipamentos e máquinas.

A Perspectiva Econômica dos Catadores

Os catadores devido à situação de clandestinidade que se encontram, oferecem pouca

resistência na negociação dos preços de venda dos recicláveis junto aos sucateiros, sua

remuneração tende a manter-se próximo ao nível de subsistência.

O advento das cooperativas os catadores que as integram. Sua perspectiva está

relacionada aos preços do material reciclado.

É importante ressaltar que com a implantação dos Ecopontos, as cooperativas de

catadores teriam força na negociação dos preços de venda dos materiais recicláveis,

eliminariam a intermediação (transforma os catadores que as integram em sucateiros),

proporcionando garantias e proteções ao catador cooperado, como: o recolhimento do INSS,

férias, 13ºsalário ou ainda um auxílio para os casos de doença dos associados.

Alem do que a inclusão social proporcionada pelos Ecopontos faria os catadores

saírem da marginalização sendo reconhecidos seus serviços pela população.

A Perspectiva Econômica da sociedade.

A sociedade participa do processo de reciclagem do lixo, através do pagamento da

taxa de limpeza pública e da produção do lixo, incluindo a coleta, a disposição final e os

custos administrativos envolvidos.

Com a implantação dos Ecopontos, a sociedade participaria como “parceira”, já que

levaria seu lixo seletivo para os Ecopontos proporcionando uma melhoria de qualidade de

vida aos catadores e ao meio ambiente.

A tabela 7.14 mostra a distribuição dos ganhos entre os participantes do processo da

reciclagem, nota-se que os principais ganhos são da indústria.

7.10 Distribuição dos ganhos dos participantes do processo de reciclagem. A tabela 7.14 apresenta as principais áreas de interesse dos agentes que participam do

processo de reciclagem

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143

7.14 – Áreas de interesse dos participantes do processo de reciclagem.

Participantes do Processo

Energia elétrica

Matéria-prima

águaControle ambiental

Custos evitados

PMM

Custos Incorridos

Vendas de

recicláveis

Taxa de

limpeza

Custo gestão do lixo

Industria X X X X X X

Sucateiros X X

Catadores X X

PMM X X X X

Governo do Estado X X

Governo Federal X X X

População X X X

FONTE: CALDERONI, 2003.

A tabela 7.15 apresenta a distribuição dos ganhos dos participantes do processo de

reciclagem. Observa-se que a industria obtém os maiores ganhos.

7.15 Distribuição dos ganhos dos participantes do processo de reciclagem.

Ganhos possíveis Ganhos Obtidos Ganhos perdidos Obtidos / Possíveis

Perdidos / PossíveisParticipantes

do Processo (R$) % (R$) % (R$) % % %

Industria 80.499.752,92 85,62 457.735,43 81,86 60.066.620,99 81,85 0,57 74,62

Sucateiros 6.740.684,00 7,17 50.596,00 9,05 6.639.492,00 9,05 0,75 98,50

Catadores 5.898.098,50 6,27 44.271,50 7,92 5.809.555,50 7,92 0,75 98,50

PMM 879.240,22 0,94 6.539,53 1,17 872.700,69 1,19 0,74 99,26

Governo do Estado

Governo Federal

TOTAL 94.017.775,65 100,00 559.142,47 100,00 73.388.369,18 100,00 0,59 78,06

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144

7.10 - A Proposta de Rede Reversa

Esta proposta de rede reversa é de extrema relevância, pois é um primeiro passo que

envolve mudanças e uma nova postura, quanto à busca de um novo paradigma – o da

responsabilidade ambiental e social das empresas, de toda cadeia produtiva de bebidas, com a

geração de resíduos de embalagens pela comercialização de seus produtos.

Por esta razão é primordial a participação dos importadores, fabricantes de pré-formas

de garrafas, das indústrias envasadoras, dos distribuidores, enquanto principais responsáveis

pelos resíduos de embalagens produzidos no pós-consumo.

Esta abordagem prioriza a inclusão social do segmento dos catadores e cooperativas de

recicláveis de maneira mais efetiva, além de outros agentes que estarão participando do

processo de recuperação de materiais recicláveis do pós-consumo.

O alvo do programa é oferecer à população uma alternativa ambientalmente adequada

para a disposição dos resíduos de embalagens, este padrão é utilizado com sucesso na França,

sendo denominado “decheterie”.

Esta rede reversa de pós-consumo, aqui denominada de “Ecopontos”, seriam

instalações criadas para recebimento gratuito de resíduos de embalagens transportados pela

população, estimulando a revalorização econômica destes resíduos, dando ênfase também a

revalorização ecológica e social.

A construção e instalação dos Ecopontos seriam realizadas por meio de parcerias

firmadas pelo município de Manaus (SEMULPS) e pela cadeia de produção e

comercialização de bebidas (indústria de embalagens, indústrias envasadoras, distribuidores e

importadores), principais responsáveis pela produção dos resíduos de embalagens, tanto de

politereftalato de etileno, como de latas de alumínio. Esta nova logística bancada pela cadeia

de bebidas, entregaria os Ecopontos para a SEMULPS, e esta os disporia para as cooperativas

de catadores e entidades filantrópicas gerenciarem.

O emprego dos Ecopontos (pontos ecológicos) reduziria os danos ambientais, os

prejuízos estéticos, a proliferação de vetores a acumulação de resíduos sólidos em áreas

públicas e terrenos baldios, incentivaria a separação de materiais recicláveis do lixo domestico

pela população em geral e incluiria socialmente os catadores e as cooperativas de catadores.

Alem de consolidar uma política ambiental para a cidade de Manaus, gerando empregos e

absorvendo mão-de-obra local.

Neste sentido existem várias experiências a nível nacional, para citar algumas: a

TOMRA LATASA implantou em parcerias com diversos supermercados e fabricantes de

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145

bebidas, o “Replaneta”, que é constituído de diversas lojas, nos quais são instaladas máquinas

de fabricação própria que recebem os produtos de pós-consumo, embalagens de alumínio e

garrafas PETs, e devolvem um cupom de desconto nos supermercados associados. As

máquinas reconhecem o tipo de embalagem por um sistema ótico, distinguindo as latas de

alumínio das garrafas PETs e moendo-as em seguidas, para reduzir o seu volume para o

transporte. A empresa espera ampliar o sistema para outras regiões e com isso aumentar a

coleta desses produtos. (LEITE, 2003).

A ALCAN desenvolveu uma estratégia de negócios com as lojas da rede de

Supermercados Extra, onde foram montadas áreas para o recolhimento tanto de PETs quanto

de embalagens de alumínio. Por cada garrafa plástica entregue para reciclagem, a pessoa

recebe um vale no valor de R$ 0,01 para gastar no supermercado (descartados de alumínio

valem R$ 0,02). Na primeira semana do programa, 4 mil embalagens plásticas foram

recolhidas. Atualmente, são cerca de 30 mil unidades por semana. (HENNIGEN, 2003)

Na cidade de Fortaleza, a rede de supermercados Pão-de-Açucar disponibilizou

estações de coleta de materiais recicláveis para a comunidade. O Projeto “Estações de

Reciclagem” é realizado pelo PÀO DE AÇUCAR e UNILEVER e, no Ceará, conta com uma

parceria com a Prefeitura de Fortaleza e a Cooperativa Pré-beneficiamento de Materiais

Recicláveis do Ceará (COOPREMARCE), visando estimular a reciclagem entre

consumidores e comunidade. (MATOS, 2005). Estas Estações ainda aliam preservação

ambiental e à inclusão social. A contribuição efetiva da UNILEVER no projeto acontece com

o apoio das marcas OMO, HELLMANN’S e ADES. A parceria permitiu a instalação de 100

pontos de entrega voluntária (PEVs) de embalagens recicláveis, em 6 Estados e 17

municípios. (GRUPO PÃO DE AÇUCAR, 2006).

Em Belo Horizonte, a Prefeitura implantou um sistema de troca de materiais

recicláveis (ferrosos, plásticos, vidros e papéis) por gêneros alimentícios, brinquedos,

materiais escolares e de construção, que, por sua vez, eram comprados com o dinheiro da

venda dos recicláveis. O envolvimento da população foi enorme: associações de moradores,

entidades filantrópicas, escolas, igrejas, hotéis, comércio e pessoas, individualmente, se

integram ao sistema, ou por “consciência ecológica” ou, na maioria dos casos, pela vantagem

pessoal oferecida pela troca de resíduos por bens de consumo. A troca foi implantada em

novembro de 1993. À época, a coleta seletiva recolhia em média 3,5 toneladas/mês de

recicláveis. Em janeiro de 1994 passou para 11,8 toneladas e, em 1996, para 90 toneladas. Os

parceiros do programa são as indústrias, que cederam os equipamentos da unidade de

beneficiamento dos materiais; somente uma prensa é da Prefeitura. O sistema de troca baseia-

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se em pontuação. Os pesos dos recicláveis e respectivos pontos são registrados para cada

participante. Os interessados devem acumular um número suficiente de pontos para poder

trocarem seus recicláveis por bens, conforme critérios pré-estabelecidos. (GRIMBERG &

BLAUTH, 1998)

Na cidade do Rio de Janeiro, a COMLURB montou Centros de Recepção e Seleção de

Material Reciclável. Estes Centros de Recepção e Seleção são cedidos pela prefeitura para os

catadores sob a forma de comodato, e se situam sob viadutos, pontes e em terrenos baldios.

São construções simples, cobertas, com instalações elétricas, sanitárias (com duchas) e

escritório. Balanças, tambores, containers e máquinas para beneficiar recicláveis, como

prensas e trituradores de vidro, são obtidas de indústrias recicladoras (Klabin, Císper, etc.). A

prefeitura ainda fornece uniforme, equipamentos de segurança, crachás, carrinhos para coleta

individual, e o apoio de três caminhões para coleta de papéis no centro da cidade. O governo

municipal também garante aos cooperativados a venda para as indústrias recicladoras que

oferecerem melhor preço. Cada cooperativado recebe de acordo com sua produção. (BRITO

ET ALL, 2004)

A Lei 5.764/71, que regulamenta o cooperativismo no Brasil, é um mecanismo que

contribui para a continuidade do programa. As cooperativas são registradas na Junta

Comercial e na Secretaria Municipal da Fazenda, e são isentas de imposto. A COMLURB

instrui os cooperativados a respeitar as áreas por eles escolhidas, e a população, a entregar a

eles os materiais pré-selecionados. Esta coleta seletiva feita por catadores também facilita o

recolhimento de materiais em favelas, onde é difícil, ou impossível, o acesso do caminhão

coletor de lixo. (BRITO ET ALL, 2004)

O programa de Camaçari, na Bahia, denominado “Lixo Reciclável no Saco, Feijão e

Farinha no Prato” – estimula a troca de recicláveis por cestas básicas, para garantir que a

população participe separando materiais nos domicílios. (GRIMBERG & BLAUTH, 1998)

Em Angra dos Reis, RJ, para maximizar o recolhimento de recicláveis, a prefeitura

não promove nem campanhas, nem gincanas, mas um programa permanente de troca de

resíduos por produtos diversos (alimentos, materiais de construção, etc.) nos postos de coleta,

segundo uma tabela de pontos. (GRIMBERG & BLAUTH, 1998)

Observa-se que as experiências citadas acima evidenciam a idéia de troca, “lógica da

troca”, utilizando prêmios (vales, produtos alimentícios, etc.) para estimular a população a

separar e entregar o material reciclável em determinado local.

A proposta dos Ecopontos diverge totalmente da linha de pensamento presente nas

experiências de coleta seletiva enumeradas acima. Esta evidencia a necessidade de inserção

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das comunidades de baixa renda e de pessoas portadoras de necessidades especiais no

mercado de trabalho propiciando geração de renda e melhoria da qualidade de vida nas

cidades.

O estimulo a população para separar e entregar o material reciclável nos Ecopontos

veria da filantropia, já que a venda do lixo coletado reverteria para instituições de caridade e

as cooperativas de catadores.

A Estrutura dos Ecopontos

A estrutura física dos ecopontos seria constituída por uma estrutura leve, desmontável,

coberta com telhas plásticas e identificada com placas. Este teria duas máquinas uma que

trituraria o PET, transformando-os em “flakers” e a outra uma prensa para filmes plásticos,

latas e papel e papelão. O Ecoponto contaria com dois atendentes (catadores) encarregados da

recepção da população que procura os Ecopontos para depositar seus resíduos de embalagens.

Os catadores (em geral dos mais experientes e readaptados para serviços leves) seriam

especialmente treinados para manter cada Ecoponto perfeitamente limpo e arrumado, receber

e orientar os clientes e para lidar com as máquinas.

Localização dos Ecopontos

Os Ecopontos seriam colocados em lugares estratégicos, principalmente

estacionamentos de supermercados e shoppings, postos de combustíveis, terrenos baldios e

praças, onde a população pode, por iniciativa própria, após a separação em casa, levar os

resíduos ao ponto de entrega mais próximo de sua residência.

A escolha dos locais de implantação dos Ecopontos seria feita a princípio pela Divisão

de Coleta Seletiva da SEMULPS, que atualmente gerencia a coleta seletiva. Esta, faria a

fiscalização do recolhimento do material de todos os Ecopontos (operados pelas cooperativas

e entidades filantrópicas) e, avaliaria a composição física e quantitativa do material reciclável,

assim como áreas que apresentem um grande potencial para futura implantação dos

Ecopontos.

Divulgação e Educação

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Seriam colocados outdoors nas principais vias do município, panfletos setorizados,

distribuídos para todas as residências em duas etapas, uma antes da implantação da nova

logística e, outra dois meses após sua implantação; panfletos sociais, distribuídos juntamente

com os setorizados na segunda etapa da divulgação, estes por sua vez tratam de elucidar à

população o destino dado aos resíduos secos dispostos para a coleta.

A SEMULPS faria o trabalho de conscientização, chamando a atenção para a

responsabilidade dos próprios moradores em relação ao lixo e destacando principalmente a

inclusão social operada pelos ecopontos e seus benefícios ambientais.

As ações educacionais seriam feitas no entorno dos Ecopontos (residências)

objetivando conscientizar e estimular a população a participar do programa de forma efetiva,

onde são mostrados os resultados e o propósito dos mesmos.

O processo de divulgação por intermédio de parcerias: dos jornais, internet, foulders e

de material informativo distribuído à população nos supermercados, para que as pessoas

quando fossem as compras levassem o “lixo reciclado” aos ecopontos administrados pelas

cooperativas e pelas entidades filantrópicas. As parcerias (empresas) ganhariam espaço nos

informativos para seu marketing ambiental.

A Comercialização

A comercialização dos resíduos de embalagens seria feito pela divisão de coleta

seletiva da SEMULPS e pelos representantes das cooperativas de catadores ou entidades

filantrópicas com as indústrias recicladoras ou grandes depósitos, pois teriam maior poder de

negociação, vendendo os materiais recicláveis por um preço médio.

Nota-se que as indústrias recicladoras preferem os recicláveis quando estes são de

“alta” qualidade (bem limpos) e em grande quantidade (15 ou 20 ton./mês), com a qualidade

também influindo no seu valor. Os materiais recicláveis coletados nos ecopontos viriam

limpos, pois passariam por uma pré-triagem nos domicílios e os catadores (recepcionistas)

antes de colocarem os PETs na máquina trituradora, tirariam os rótulos das embalagens, a

tampa e o gargalo, em seguida seriam beneficiados, transformados em “flakers”.

Também, o recolhimento do material reciclado dos ecopontos poderia ser acordado

com os grandes depósitos e ou empresas recicladoras.

As Responsabilidades

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Do Poder Público Municipal

Apoiaria a estruturação das cooperativas de catadores cedendo área pública para

instalação dos ecopontos, técnicos para capacitação das pessoas envolvidas na recepção e

triagem de materiais recicláveis, bem como assessoria jurídica e administrativa para

constituição das entidades, enfim cooperação que pode ser reforçada com outras medidas

institucionais e também pela estruturação de estratégias e ações que mobilizem o conjunto da

sociedade para implementação da gestão sócio-ambiental compartilhada com a inclusão

social, incentivando a instalações de industrias recicladoras no município através da redução

de impostos e criando um arcabouço jurídico que cobra a responsabilidade ambiental das

empresas quanto ao lixo proveniente do consumo de seus produtos.

Legislação que encontra-se implantada em alguns Estados brasileiros, como: Mato

Grosso, Lei Nº 2.222/01, que responsabiliza os fabricantes, distribuidores e comerciantes,

inclusive os importadores pela destinação final das embalagens plásticas; o Rio Grande do

Sul, consolidou a responsabilidade pós-consumo através da Lei Estadual Nº. 9.921/93, Estado

do Rio de Janeiro, com a Lei Nº 3369/00. (Cap. 2.3)

Um exemplo a mais: o Município de Belém, que através da Lei Nº8301/2004,

Art. 2º, instituiu que: “Todas as empresas que produzam, distribuam ou comercializem

produtos que utilizem garrafas e embalagens plásticas, ficam responsáveis por sua destinação

final ambientalmente adequada, que deve ser orientada para a preservação ambiental”, ... “§ 3º

- A destinação final ambientalmente adequada referida no caput será implantada de acordo

com o seguinte cronograma: I – no prazo de dois anos da publicação desta Lei, a destinação

final ambientalmente adequada, de no mínimo, cinqüenta por cento das embalagens

comercializadas; II – no prazo de três anos da publicação desta Lei, a destinação final

ambientalmente adequada, de no mínimo setenta e cinco por cento das embalagens

comercializadas; III – no prazo de quatro anos da publicação desta Lei, a destinação final

ambientalmente adequada, de no mínimo, cem por cento das embalagens comercializadas”.

Da Cadeia de Produção de Bebidas

Ficaria responsável por financiar a construção e instalações dos Ecopontos adequando-

se a ação movida pelo Ministério Público Federal e Estadual na Vara do Meio Ambiente

(Cap.6), a legislação ambiental brasileira e a futura Política Nacional de Resíduos Sólidos

(Cap.2.3), que implementa a responsabilidade pós-consumo compartilhada entre o Poder

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Público, a cadeia produtiva e o consumidor, de maneira que este último cumpra as

determinações de separação do lixo domiciliar e de adequada disponibilização para coleta.

Um outro motivo é que as empresas que participassem do programa ganhariam um

selo verde, podendo usar este selo e os Ecopontos como marketing ambiental, fortalecendo

sua imagem institucional junto à população e clientes.

Ressalte-se que a reciclagem é uma exigência para os certificados ambientais da série

ISO (14000 e 21000). Para obter esses certificados, as empresas precisam realizar a coleta

seletiva interna em suas unidades, além de apoiar iniciativas das comunidades.

Das Cooperativas de Catadores e as Entidades Filantrópicas

Receberiam os Ecopontos em forma de comodato ou concessão gerenciando e

mantendo os ecopontos. A inserção das cooperativas de catadores nesse mercado propiciaria

geração de renda e melhoria da qualidade de vida dos catadores na cidade, pois com

capacitação e conscientização ambiental, seriam transformando-os em agentes multiplicadores

e educadores.

A figura 7.1 apresenta a cadeia da proposta reversa ambiental, para a cidade de Manaus.

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Ind. de Resina Pet

Ind. de pré-forma

Ind.Envasadoras

Distribuidores

MercadoConsumidor Final

(Domicílios)

Coleta Formal

Coleta Seletiva

Coleta Informal

Cooperativas e Associações de Catadores

Grandes Sucateiros

Ind. deReciclagem

IndustriaNovo Produto

ACR, COOPERSOL, ARPA, DOROTH S TANG, AMA R,

SA NTA ETELV INA

Injepet Embal. Da Amaz. LtdaPlastipack da Amaz. Ltda

Engepack Embal. da Amaz. LtdaBrasalpa da Amazonia Ltda

Cr istal Pet (Tex pet) LtdaCamargo Ferraz Metalurgica Ltda

Manaus Refrigerante LtdaAmbev

J. Cruz Ind e Com. LtdaÁguas Santa Claudia Ltda

Amazon Refrigerantes LtdaMinalar Águas e Refrig. Ltda

Geloc rim Ind. e Co m. de Gelo Ltda .

Mossi & Grisolf i (Brasil)Brasken (Brasil)

Vor idian (Argentina)Celanese (Mexico)

Eastaman Chemical (EUA)Invista (ex-Kosa) (EUA)

Asia 0

Aterro

Comércios, Supermercados, Clubes , Bares,Lanches, e tc.

TumpexEnterpaLimpex

Pequenos e Médios

Sucateiros

Pós-consumo

Garrafas PETs

Fluxo de Resíduos

Fluxo Reverso

Auto Eliminação

ECOPONTOS

Figura 7.1 - Cadeia reversa ambiental para os Ecopontos.

A figura 7.3 apresenta a estrutura física dos Ecopontos, composta por uma prensa e

uma máquina que transforma os PETs em “flakers” para posterior venda.

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Figura 7.2 - Estrutura física dos Ecopontos

A figura 7.3 mostra como funcionária o fluxo de materiais recicláveis nos Ecopontos.

Nota-se que os Ecopontos se integrariam perfeitamente ao sistema atual de gestão do lixo,

podendo futuramente receber outros materiais recicláveis, como latinhas de alumínio e aço.

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Ecopontos

Cooperativas de Catadores

Fluxo de Resíduos

Industrias

Produtor de Matéria-prima

Fabricantes de embalagens

Industrias envasadores

Coletividades municipais

Distribuidores Atacado/varejo

Canais de

Reciclagem

1

1

4

5

2

Comércios Domicílios

Fluxo Financeiro

Auto Eliminação

36

6 6

6

7

Figura 7.3 – Sistema e fluxo do lixo nos Ecopontos.

1. Todos os operadores econômicos do canal de embalagens (fabricante, envasadores ou distribuidor) são obrigados a financiar os Ecopontos. Este financiamento é em função do número de mercadorias que ponham no mercado ou de sua receita financeira. 2. Município recebe os Ecopontos da cadeia de embalagens e capacita e acompanha os catadores. 3. Município repassa os Ecopontos através de contratos e ou parcerias as Cooperativas de catadores ou Instituições beneficentes (sem fins lucrativos). 4. Os Ecopontos recebem o lixo de embalagens selecionado pelos domicílios e comércios. 5. As cooperativas ou associações revendem para os canais de reciclagem o lixo de embalagem selecionado.. 6. As indústrias de Pilhas, baterias (CONAMA N. º 257), Pneus (CONAMA 258) e Agrotóxicos (Lei Nº 9.974/00), lâmpadas fluorescentes, pneus, são obrigados a recolherem a embalagens de seus produtos para reciclarem ou fazerem a disposição final correta dos mesmos. 7. As outras indústrias são responsáveis pelos resíduos de seu processo produtivo (ISO 14. OOO).

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7.11 Considerações Finais

É evidente que a reciclagem de embalagens PETs é economicamente viável no

município de Manaus, pois oferece a oportunidade de se obter grandes ganhos econômicos e

ambientais, seja, para a sociedade como um todo, seja para cada um dos segmentos

envolvidos. A dimensão deste mercado no município é de R$ 69.776.713,42.

Mais, por maior que seja a reciclagem, por maior que seja sua importância ambiental e

econômica, esta não pode desenvolver-se sem a contribuição do setor público. Entretanto a

omissão dos governos Estadual e Municipal somado a má gestão dos resíduos sólidos,

deixando esta questão por conta do setor privado, tem provocado inúmeros prejuízos ao meio

ambiente, a saúde e a segurança da população.

Vale ressalvar que a administração pública tem importante papel no desenvolvimento

e consolidação deste mercado, seja, por meio de parcerias, incentivos fiscais e crediticios,

legislações que responsabilize aos importadores, envasadores e distribuidores pelos resíduos

de embalagens advindo da comercialização de seus produtos.

O selo verde adotado pelos diversos países membros da comunidade européia, que

num processo adequadamente gerenciado pelas empresas sem fins lucrativos denominadas

“Ecoembalagens” suporta os gastos gerais dessa cadeia de negócios, é um bom exemplo a ser

seguido por nossos legisladores e gestores públicos.

A instituição dos Ecopontos constituiria um fator de grande importância para o

crescimento do mercado de recicláveis, já que; diminuiria drasticamente as perdas de

materiais recicláveis que acontece com os processos erráticos de coleta e disposição; melhoria

a qualidade do produto do pós-consumo, evitando os elevados custos de limpeza e separação

do material; integraria os catadores e cooperativas de catadores na cadeia de embalagens,

proporcionando melhoria de vida e tornando as cooperativas menos vulneráveis na

negociação dos preços dos recicláveis, igualando-os ao nível dos sucateiros.

Para novos estudos e pesquisas que envolvam a reciclagem e possível elaborar

algumas recomendações.

a. Estudo do impacto na cadeia de embalagens e nos consumidores a

implantação de uma legislação que responsabilize as empresas pelo lixo de

embalagens e resíduos de embalagens provenientes do consumo de seus

produtos;

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b. avaliar a viabilidade econômica de uma industria de reciclagem de

embalagens PETs, com o sistema “bootle to bootle” no município de

Manaus;

c. analisar a cobrança de uma taxa avançada de disposição final para as

industrias, que permita internalizar os prejuízos ambientais advindo da

disposição de seus produtos;

d. estudar junto a receita Federal e o Governo do Estado, a possibilidade de

optar pelo imposto diferido, que trata-se da postergação do ICMS, para a

industria de reciclagem;

e. estudos continuados da composição física dos resíduos sólidos urbanos do

município de Manaus. A identificação dos diversos tipos de resíduos e seus

possíveis usos pós-consumo, permitirá a realização de atividades de

reaproveitamento dos materiais recicláveis.

f. avaliar o impacto que os Ecopontos teriam se forem implantados na melhoria

de qualidade de vida dos catadores, em sua alto estima e na sociedade

Lembrando que a reciclagem dos resíduos que produzimos é, na verdade, o início de

uma reciclagem de atitudes, valores e comportamentos. Este é o ponto principal, reciclar

atitudes diante do dia-a-dia, da vida, do mundo. É preciso repensar nosso modo de viver,

consumir e produzir.

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166

9

ANEXOS

Roteiros de Entrevistas

Anexo I Questionário - SEMULPS e Concessionárias

Anexo II Questionário - Empresas recicladoras e Sucateiros.

Anexo III Questionário - Industrias Envasadoras.

Anexo IV Questionário - Industrias de pré-forma

Anexo V Questionário enviado a ABIPET e ABIR

Anexo VI Formulário da Composição gravimétrica

Anexo VII Zonas geográficas da cidade de Manaus

Anexo VIII Mapa do roteiro 536

Anexo IX Mapa do roteiro 624

Anexo X Mapa do roteiro 628

Anexo XI Mapa do roteiro 712

Anexo XII Mapa do roteiro 805

Anexo XIII Mapa do roteiro 808

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Anexo I

Roteiro de Entrevista

SEMULPS e Concessionárias DADOS DA EMPRESA

1. Razão Social:

2. Endereço: 3. Tel. / Fax:

4. Entrevistado: 5. Cargo / Função:

6. Número de funcionários: 7. Ano de início das atividades:

8. Quantidade de resíduo sólidos produzidos e coletados entre 1995 a 2005, por serviço,

por ano?

9. Quantidade de resíduos sólidos encaminhados a disposição final, por serviço, por ano?

Entre 1995 a 2005?

10. Quantidade de resíduos sólidos produzidos no ano de 2005, por serviço, por mês?

11. Quantidade de resíduos sólidos encaminhados a disposição final por terceiros?

12. Custo da gestão do lixo urbano, por serviço entre os anos de 1995 a 2005?

13. Quantidade per capita do lixo, por serviço?

14. Existe programa de coleta seletiva? Quanto e coletado? E como e comercializado o

lixo seletivo?

15. Qual o porcentual do orçamento municipal destinado aos serviços de limpeza e ou

coleta do lixo:

16. Qual o percentual de domicílios do Município de Manaus tem o lixo coletado:

17. Qual a composição do lixo domiciliar coletado:

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Anexo II

Roteiro de entrevistas

Empresas Recicladoras e Sucateiros. DADOS DA EMPRESA

1. Razão Social:

2. Endereço: 3. Tel. / Fax:

4. Entrevistado: 5. Cargo / Função:

6. Número de funcionários: 7. Ano de início das atividades:

ASPECTOS GERAIS

8. Tipo (s) de plástico (s) reciclado (s):

9. Quantidade de resíduo pós-consumo de PET / mês reciclada?

10. Quantidade de resíduo industrial PET / mês reciclado?

11. Quais foram às motivações para a reciclagem?

12. Qual foi a produção em 2005?

FORNECEDORES

13. Quem são os principais fornecedores de resíduos plásticos pós-consumo, onde se

localizam e qual a quantidade comprada de cada um deles por mês?

14. Como é a oferta de resíduo pós-consumo no em Manaus? Regularidade de

fornecimento? Qualidade? Grau de contaminação? Sazonalidade influencia?

15. Qual o preço médio pago no último mês pelos resíduos plástico pós-consumo? E pelos

resíduos industriais? Principalmente o PET?

ASPECTOS TECNOLÓGICOS

16. Como é o processo de reciclagem utilizado pela empresa? Quais as etapas realizadas e

os equipamentos utilizados?

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17. A empresa introduziu alguma inovação? Qual? Se afirmativo, como ela é desenvolvida

pela empresa?

18. Quais são os resíduos gerados pela empresa e qual o seu destino?

OPORTUNIDADES E BARREIRAS

19. Qual a forma de venda do(s) produto(s) reciclado(s) (pellets, flakes, outra) e quanto foi

comercializado em 2005?

20. Quem são os principais clientes e onde se localizam?

21. Qual o preço de venda do plástico reciclado pela empresa?

22. Como é a demanda por plástico reciclado?

23. Quais as possíveis aplicações do plástico reciclado pela empresa? A que segmentos de

empresas de transformação se destina o plástico reciclado?

24. Quais os benefícios proporcionados pela reciclagem de resíduos plásticos e pela sua

comercialização?

25. Quais as dificuldades encontradas para a reciclagem dos resíduos plásticos e para a sua

comercialização?

26. Sugestões para o aumento das atividades de reciclagem de plásticos pós-consumo no

Estado (para as etapas de coleta, separação, transformação, para os municípios, para as

universidades, para a legislação, etc).

TENDÊNCIAS

27. Quais são os planos futuros da empresa?

28. Como a empresa vê a atividade de reciclagem nos próximos anos (oportunidades e

barreiras)?

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Anexo III

Roteiro de entrevistas

Industrias Envasadoras.

DADOS DA EMPRESA

1. Razão Social:

2. Endereço: 3. Tel. / Fax:

4. Entrevistado: 5. Cargo / Função:

6. Número de funcionários: 7. Ano de início das atividades:

8. Produção de refrigerante, por tipo de embalagens?

9. Produção de água mineral, por tipo de embalagens?

Tipo 2000 2001 2002 2003 2004

Garrafa até 350ml Descartável

Garrafa de 500ml Descartável

Garrafa de 600ml Descartável

Garrafa de 1L Descartável

Garrafa de 1L até 1,25L Descartável

Garrafa de 1,5L Descartável

Garrafa de 2L até 2,5L Descartável

Garrafa de 2,6L até 5L Descartável

Garrafa de 5,1L até 10L Descartável

Garrafão de 10,1L até 20L Descartável

Outras embalagens

Total

Tipo 2000 2001 2002 2003 2004

Garrafa até 300ml Retornável

Garrafa até 300ml Descartável

Garrafa de 500ml Descartável

Garrafa de 600ml Retornável

Garrafa de 600ml Descartável

Garrafa de 1L Descartável

Garrafa de 1L até 1,25L Retornável

Garrafa de 1,5L Descartável

Garrafa de 2L até 2,5L Descartável

Lata 350ml

Outras embalagens Total

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171

10. Produção de refrigerante, por tipo de embalagens, em 2005?

Tipo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Garrafa até 300ml Retornável

Garrafa até 300ml Descartável

Garrafa de 500ml Descartável

Garrafa de 600ml Retornável

Garrafa de 600ml Descartável

Garrafa de 1L Descartável

Garrafa de 1L até 1,25L Retornável

Garrafa de 1,5L Descartável

Garrafa de 2L até 2,5L Descartável

Lata 350ml

Outras embalagens

Total (%)

11. Produção de água mineral, por tipo de embalagens, em 2005?

Tipo Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Garrafa até 350ml Descartável Garrafa de 500ml Descartável Garrafa de 600ml Descartável Garrafa de 1L Descartável Garrafa de 1L até 1,25L Descartável Garrafa de 1,5L Descartável Garrafa de 2L até 2,5L Descartável Garrafa de 2,6L até 5L Descartável Garrafa de 5,1L até 10L Descartável Garrafão de 10,1L até 20L Descartável Outras embalagens

Total (%) Obs: Se existir volume (ml) de embalagem que não está no quadro, por favor, acrescentar. 12. Volume em litros em 2005, de refrigerante e água mineral?

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172

FORNECEDORES

13. Quem são os principais fornecedores de pré-formas, onde se localizam e qual a

quantidade comprada de cada um deles por mês?

14. Qual o preço médio pago no último mês pela tonelada de pré-forma? Principalmente o

PET?

TENDÊNCIAS

15. A empresa tem algum programa de reciclagem, como é feito, qual os parceiros?

16. Sugestões para o aumento das atividades de reciclagem de plásticos pós-consumo no

Estado (para as etapas de coleta, separação, transformação, para os municípios, para as

universidades, para a legislação, etc)

17. Quais são os planos futuros da empresa?

18. Como a empresa vê a atividade de reciclagem nos próximos anos (oportunidades e

barreiras)?

2005 Litros Acumulado

Água Mineral

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

2005 Litros Acumulado

Refrigerantes

Janeiro

Fevereiro

Março

Abril

Maio

Junho

Julho

Agosto

Setembro

Outubro

Novembro

Dezembro

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173

Anexo IV

Roteiro de entrevistas

Industrias de pré-forma.

DADOS DA EMPRESA

1. Razão Social:

2. Endereço: 3. Tel. / Fax:

4. Entrevistado: 5. Cargo / Função:

6. Número de funcionários: 7. Ano de início das atividades:

ASPECTOS TECNOLÓGICOS

8. Como é o processo de produção da pré-forma utilizado pela empresa? Quais as etapas

realizadas e os equipamentos utilizados?

9. A empresa introduziu alguma inovação? Qual? Se afirmativo, como ela é desenvolvida

pela empresa?

10. Qual a capacidade instalada da empresa?

11. Qual o peso das pré-formas das garrafas de 300. 350, 500 e 600 ml?

12. Qual o peso das pré-formas de 1,5 L, 2,0, 2,5 L ?

13. Quais são os resíduos gerados pela empresa e qual o seu destino?

OPORTUNIDADES E BARREIRAS

14. Qual a forma de venda da(s) pré-formas? e quanto foi comercializado em 2005?

15. Quem são os principais clientes e onde se localizam?

16. Qual o preço de venda das pré-formas pela empresa?

17. Produção de pré-forma, por tipo no ano de 2005?

18. Como é a demanda por pré-forma?

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174

19. Quais as possíveis aplicações da pré-forma? A que segmentos de empresas se

destinam as pré-formas?

20. Quais empresas de pré-forma atuam no mercado de Manaus e a que grupos

pertencem?

21. Qual o total da capacidade instalada destas empresas?

FORNECEDORES

22. Quem são os principais fornecedores de resina, onde se localizam e qual a quantidade

comprada de cada um deles por mês?

23. Qual o preço médio pago no último mês pela tonelada de resina? Principalmente o

PET? CIF em Manaus?

TENDÊNCIAS

24. A empresa tem algum programa de reciclagem, como é feito, qual os parceiros?

25. Sugestões para o aumento das atividades de reciclagem de plásticos pós-consumo no

Estado (para as etapas de coleta, separação, transformação, para os municípios, para as

universidades, para a legislação, etc)

26. Quais são os planos futuros da empresa?

27. Como a empresa vê a atividade de reciclagem nos próximos anos (oportunidades e

barreiras)?

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175

Anexo V

Roteiro de entrevistas

Questionário enviado a ABIPET , ABIR.

1. Quais as possíveis aplicações do plástico reciclado?

2. Quais os benefícios proporcionados pela reciclagem de resíduos plásticos pós-

consumo?

3. Quais as dificuldades encontradas para a reciclagem dos resíduos plásticos pós-

consumo?

4. Quais produtos de plástico descartados pelos consumidores não são atualmente

reciclados no Brasil? Por quê? Em que condições seriam reciclados?

5. Como a instituição acredita que a população vê a atividade da reciclagem e os

produtos originados dela?

6. Sugestões para o aumento das atividades de reciclagem de plásticos pós-consumo

(para as etapas de coleta, separação, transformação, para os municípios, para as universidades,

para a legislação, etc.)?

7. Como a instituição vê a atividade de reciclagem de plástico pós-consumo nos

próximos anos (oportunidades de negócios e barreiras)? Quais são as tendências?

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176

Anexo VI

Formulário para composição gravimétrica

FORMULÁRIO DA COMPOSIÇÃO GRAVIMETRICA

1. PLACA: EMPRESA:

2. ROTA:

3. ABRANGÊNCIA:

4. HORÁRIO DA PESAGEM:

5. PESO BRUTO (KG) : 6. PESO LIQUIDO (KG)

DADOS DOS ENSAIOS

7. ÁREA DO MONTE DE LIXO PARA QUARTEAÇÃO :

8 NÚMERO DE TAMBORES PREENCHIDOS COM LIXO:

MEDIDAS DOS TAMBORES USADOS PARA A SEPARAÇÃO

No do TAMBOR TARA (EM KG)

PESO BRUTO (EM KG)

PESO LIQUIDO (EM KG)

VOLUME (EM LITROS)

COMPOSIÇÃO DO LIXO DOS TAMBORES

TAMBOR Nº ________ e Nº_______ TAMBOR Nº ________ e Nº_______

MATERIAL PESO BRUTO (EM KG)

PESO LIQUIDO (EM KG)

PESO BRUTO (EM KG)

PESO LIQUIDO (EM KG)

Plástico

Papel e Papelão

PET

Ferro e Alumínio

Vidro

Material orgânico

Rejeitos

total

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177

Anexo VI

Zonas geográficas da Cidade de Manaus

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178

Anexo VII

Mapa do roteiro 536

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179

Anexo VIII

Mapa do roteiro 624

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Anexo IX

Mapa do roteiro 805

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Anexo X

Mapa do roteiro 808

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182

Anexo VIII

Mapa do roteiro 808