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* Mestre em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança pelo Instituto de Estudos Estratégicos da Universidade Federal Fluminense e Assessor do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra (Rio de Janeiro). [email protected] Os matizes da Defesa na União de Nações Sul-Americanas (UNASUL) Ricardo Rodrigues Freire* 1. INTRODUÇÃO A UNASUL configura-se num organismo internacional que integra 12 (doze) países, a saber: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Tem como objetivo a construção de um espaço de integração cultural, econômica, política e social, sempre levando em consideração as realidades vividas em cada uma das nações membro 1 . Apesar de instituída oficialmente por meio do Tratado Constitutivo, assinado em Brasília, de 23 de maio de 2008 2 , já se delineava ao longo do século XX, ou mesmo antes, e ganhou intensidade nas Declarações de Brasília (agosto de 2000), Equador (julho de 2002), Cuzco (dezembro de 2004), Brasília (setembro de 2005) e Cochabamba (dezembro de 2006). Santos (2014), no Prólogo de sua obra, ressalta que “O estabelecimento da Unasul, menos de uma década depois da até então inédita reunião de presidentes sul-americanos, aponta para a importância crescente da noção de América do Sul para os doze países do continente”. O mesmo autor aponta uma das razões de criação desse organismo de integração sul-americano, quando afirma que, apesar de outras opções de contraposição à hegemonia dos EUA nas Américas, a UNASUL prevaleceu. Retornando aos eventos diplomáticos precitados, ocorridos no Equador, em Cuzco, Brasília e Cochabamba, entre 2004 e 2006, cabe recorrer aos escritos da diplomacia brasileira, a qual os descreve de maneira objetiva e sucinta, como se segue. “A I Reunião de Presidentes da América do Sul ocorreu em Brasília, em agosto de 2000 [...] serviu também para impulsionar a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Sul-Americana (IIRSA).” Já no Equador (2002), em II Reunião, foi aprovado o Consenso de Guayaquil sobre Integração, Segurança e Infraestrutura para o Desenvolvimento. Em Cuzco (2004), a III Reunião de Presidentes da América 1 BRASIL, 2015a, Tratado Constitutivo da União de Nações Sul-Americanas, p. 5-25. 2 UNASUR. Disponível em: <http://www.unasursg.org/es/historia>. Acesso em 29 out. 2016.

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* Mestre em Estudos Estratégicos da Defesa e da Segurança pelo Instituto de Estudos

Estratégicos da Universidade Federal Fluminense e Assessor do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra (Rio de Janeiro). [email protected]

Os matizes da Defesa na União de Nações Sul-Americanas (UNASUL)

Ricardo Rodrigues Freire*

1. INTRODUÇÃO

A UNASUL configura-se num organismo internacional que integra 12 (doze)

países, a saber: Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Chile, Equador, Guiana,

Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela. Tem como objetivo a construção

de um espaço de integração cultural, econômica, política e social, sempre levando

em consideração as realidades vividas em cada uma das nações membro1.

Apesar de instituída oficialmente por meio do Tratado Constitutivo, assinado

em Brasília, de 23 de maio de 20082, já se delineava ao longo do século XX, ou

mesmo antes, e ganhou intensidade nas Declarações de Brasília (agosto de 2000),

Equador (julho de 2002), Cuzco (dezembro de 2004), Brasília (setembro de 2005) e

Cochabamba (dezembro de 2006).

Santos (2014), no Prólogo de sua obra, ressalta que “O estabelecimento da

Unasul, menos de uma década depois da até então inédita reunião de presidentes

sul-americanos, aponta para a importância crescente da noção de América do Sul

para os doze países do continente”. O mesmo autor aponta uma das razões de

criação desse organismo de integração sul-americano, quando afirma que, apesar

de outras opções de contraposição à hegemonia dos EUA nas Américas, a UNASUL

prevaleceu.

Retornando aos eventos diplomáticos precitados, ocorridos no Equador, em

Cuzco, Brasília e Cochabamba, entre 2004 e 2006, cabe recorrer aos escritos da

diplomacia brasileira, a qual os descreve de maneira objetiva e sucinta, como se

segue. “A I Reunião de Presidentes da América do Sul ocorreu em Brasília, em

agosto de 2000 [...] serviu também para impulsionar a Iniciativa para a Integração da

Infraestrutura Sul-Americana (IIRSA).” Já no Equador (2002), em II Reunião, foi

aprovado o Consenso de Guayaquil sobre Integração, Segurança e Infraestrutura

para o Desenvolvimento. Em Cuzco (2004), a III Reunião de Presidentes da América

1 BRASIL, 2015a, Tratado Constitutivo da União de Nações Sul-Americanas, p. 5-25. 2 UNASUR. Disponível em: <http://www.unasursg.org/es/historia>. Acesso em 29 out. 2016.

2

do Sul deliberou pela constituição da Comunidade Sul-Americana de Nações

(CASA). E, novamente em Brasília, agora no ano de 2005, deu-se a I Reunião de

Chefes de Estado e de Governo da CASA, momento em que foi adotada uma

Declaração Presidencial e Agenda Prioritária, bem como um Programa de Ação para

o organismo recém- criado.

Em consequência dessas reuniões, no mesmo ano de 2005 criou-se a

Comissão Estratégica de Reflexão sobre o Processo de Integração Sul-Americano.

Essa Comissão, no ano seguinte (2006), reunida em Cochabamba (Bolívia), adotou

um Plano Estratégico para o Aprofundamento da Integração Sul-Americana. Com

bases nesse Plano, em 2007, na Ilha Margarita (Venezuela), durante a I Cúpula

Energética Sul-Americana, os dignitários acordaram que o processo de integração

regional passaria a denominar-se União de Nações Sul-Americanas – UNASUL

(GAMA, 2010).

Isto posto, este trabalho analisou as diferentes interpretações que o conceito

de Defesa possui nos países que integram a UNASUL. O propósito de tal análise foi

a busca de aspectos que pudessem propiciar condições mais favoráveis à

cooperação em termos de Defesa e, por simpatia, contribuir para a maior integração

regional. Para isso, por intermédio de uma análise qualitativa, baseada na retórica

oficial de cada um dos Estados membros desse organismo internacional, bem como

em algumas experiências de interação bem-sucedidas nesse segmento, foram

identificados sensos comuns, os quais podem permitir a cooperação, em melhores

condições, neste segmento estratégico, de acordo com os eixos constantes no

Plano de Ação do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS). O trabalho aborda

considerações gerais sobre os Estudos de Defesa, em suas distintas concepções, e

analisa o entendimento oficial de cada um dos doze países sul-americanos quanto à

Defesa. De posse dessa análise, foi elaborado um quadro sintético que permitiu

avaliar os aspectos comuns entre as visões de cada Estado e, diante dessa

composição, foram apresentadas propostas de ações que, para os primeiros

momentos de existência da UNASUL e do CDS, poderão facilitar a cooperação

nessa área estratégica e significativamente sensível, como é o caso da Defesa.

2. OS MATIZES DA DEFESA NA UNASUL

3

Ciência Política

Relações Internacionais

Estudos de Segurança

Estudos Estratégicos

Palavras significam coisas. O processo de comunicação só se completa no

momento em que aquele que decodifica a mensagem recebida o faz preservando o

mesmo conteúdo emitido pelo transmissor. Por isso, para se falar em “defesa” num

contexto de vários Estados considera-se necessário que exista um entendimento

comum do que esse termo expressa. Do contrário, a interação não ocorrerá por

completo.

Assim, esta pesquisa analisou os conceitos de cada Estado membro da

UNASUL sobre o termo “Defesa”, com a finalidade de identificar os pontos de

tangência existentes. Imagina-se que as ideias comuns do entendimento conceitual

(senso comum) devem favorecer o processo de integração no âmbito do CDS e,

consequentemente, no concerto geral da organização.

2.1 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS ESTUDOS DE DEFESA

Aprofundando as pesquisas no campo conceitual sobre o que vem a ser

“Defesa”, são encontrados estudos referentes ao tema com digitais de cunho anglo-

saxão, na roupagem de Estudos Estratégicos. Tal conceito, segundo Baylis et al

(2010, p. 3), vai muito além das análises das guerras e das campanhas militares.

Trata do emprego do poder do Estado, nos seus vieses políticos, econômicos,

psicológicos, sociais, geográficos, da estruturação das forças armadas e de suas

táticas de combate, tudo isso em prol da consecução dos objetivos traçados pelo

próprio agente estatal. Em síntese, tais estudos têm perspectiva interdisciplinar,

aplicáveis aos períodos de paz e de beligerância, e são afetos aos civis e aos

militares.

Num quadro sintético, esses autores resumem o enquadramento dos Estudos

Estratégicos no contexto geral das áreas do conhecimento, posicionando-os nos

universos da Ciência Política, das Relações Internacionais e dos Estudos de

Segurança, conforme consta da Figura 1.

Figura 1: Enquadramento dos Estudos Estratégicos nas áreas do conhecimento

4

Fonte: Baylis et al (2010, p. 12).

Na ótica de Saint-Pierre (2015, p. 30), os Estudos de Defesa tem espaço

próprio no contexto das Relações Internacionais, uma vez que, para ele

A reflexão sobre a destinação do monopólio legítimo da força por parte do Estado conduz a decidir sobre o lócus epistêmico dessa reflexão, que não diz apenas sobre a relação entre as Forças Armadas e o Estado, mas também, e principalmente, sobre a relação entre esses Estados com os quais convive num ambiente imprevisível.

Mais uma ideia interessante deste mesmo pensador reside no objeto dos

Estudos de Defesa. Comungando com outros estudiosos, afirma que “a ontologia do

objeto dos Estudos de Defesa é externa, sua referência é o outro, o xenos, o

estrangeiro” (SAINT-PIERRE, op. cit., p. 30). Ou seja, entende que a Defesa tem

como escopo principal a proteção do Estado contra atores exógenos.

Já Figueiredo (2015), afirma que há muitas imprecisões terminológicas,

atualmente, dentro das quais “A expressão ‘Estudos Estratégicos’ disputa lugar com

outras, tais como ‘Estudos da Defesa’, ‘Estudos da Segurança Internacional’,

‘Assuntos Estratégicos’, ou, simplesmente, ‘Estratégia’ ” (FIGUEIREDO, op. cit., p.

104).

Mais adiante, este autor diverge, de certa forma, do posicionamento

apresentado por Baylis et al (2010), ilustrado na Figura 1, apregoando as

especificidades dos Estudos Estratégicos. Nas suas palavras, essa área do

conhecimento humano requer saberes

[...] que não são ofertados pelas demais áreas do conhecimento científico, mesmo aquelas que podem ser consideradas próximas ou afins, tais como a Ciência Política ou as Relações Internacionais. Os Estudos Estratégicos não se confundem com essas, embora suas fronteiras conceituais se avizinhem. [...] o objeto de investigação dos Estudos Estratégicos é o complexo defesa nacional /

5

segurança internacional (FIGUEIREDO, op. cit., p. 104, grifo nosso).

Avesso, também, ao posicionamento de Saint-Pierre (2015) sobre o

entendimento dos Estudos Estratégicos como Estudos de Defesa, bem como de sua

inserção nas Relações Internacionais, Figueiredo advoga serem áreas distintas do

conhecimento. Para amparar sua argumentação, dentre outras bases, o autor

apresenta uma gama de temas relacionados com a Defesa Nacional e com a

Segurança Internacional – na sua percepção, são esses os objetos dos Estudos

Estratégicos –, além de asseverar que tais temas passam, normalmente, ao largo

dos estudiosos da Ciência Política e das Relações Internacionais (FIGUEIREDO,

2015, p. 108 e 109).

Assim sendo, o autor em pauta sintetiza seu pensamento afirmando que

[...] a natureza ontológica e epistêmica dos Estudos Estratégicos é política. Seu “ser” mais íntimo e profundo é político; sua episteme, também. É a partir da angulação política que os conhecimentos referentes ao seu objeto, o “complexo Defesa Nacional e Segurança Internacional”, são colhidos e integrados, ganhando substância conceitual (FIGUEIREDO, op. cit., p. 111).

Este autor também apresenta algumas visões sobre o conceito de Defesa

Nacional, parte delas defendidas por outros estudiosos, que se prendem aos

ângulos da perspectiva e da dimensão. Uma delas ressalta a abordagem “modal /

material”, compreendida como “ ‘meios ou métodos de proteção’; ou como a

‘capacidade de resistir a ataques’, ou ainda, ‘ao equipamento ou a estrutura de

proteção, ao complexo industrial que autoriza e supervisiona a produção e aquisição

de armamentos e demais recursos militares afins’ ” (DELGADO, 2003, p. 219 apud

FIGUEIREDO, 2015, p. 113).

Outra perspectiva se prende “à retórica oficial dos Estados”, constante de

suas políticas e outros diplomas legais (FIGUEIREDO, 2015, p. 113).

Acerca da amplitude conceitual, significativo ponto de debate, uma vez que se

faz presente no bojo das retóricas oficiais, a Defesa Nacional pode ser tomada de

maneira “restrita” ou “ampla”.

Em termos restritos, entende-se que se refere

6

[...] por uma parte, ao uso da força, e exibe caráter militar; e, por outra parte, ao emprego dos instrumentos diplomáticos que permitem, em situação de tensão entre Estados, a negociação dos interesses e objetivos das partes envolvidas, visando a manutenção da paz. Diz respeito à capacidade de dissuadir eventuais oponentes, quando a diplomacia se faz apoiada pela possibilidade do uso superior da força armada. Relaciona-se, ademais, e de modo ainda mais importante, à capacidade de, desfechado o ataque, resisti-lo, absorvê-lo e, em continuidade, manter a capacidade de contra-atacar com êxito de vitória final. [...] Tal noção de “defesa” pode ser compreendida, entretanto, de uma maneira “agressiva” por Estados poderosos ou “superpotências”. Esses, na medida em que divisam a projeção de seus interesses e objetivos para além de seus territórios nacionais, projetam suas estratégias de defesa nos espaços além de suas fronteiras. Entendem que quaisquer ameaças a eles se constituem em ameaças à sua própria “defesa”. Esse é o cerne, por exemplo, de uma política de defesa imperial (FIGUEIREDO, 2015, p. 113-114).

Já o conceito amplo da Defesa Nacional é citado como concernente

[...] ao estágio de desenvolvimento econômico e tecno-cientifico, à estrutura social prevalecente, à resiliência das instituições políticas, ao histórico da cultura de defesa, ao tamanho do território, à composição demográfica da sociedade, aos seus recursos naturais, à sua localização geográfica (sua inserção no mapa geopolítico), à capacidade de mobilização interna, etc. A defesa de uma dada sociedade, no plano mais profundo, radica-se no solo vivido da própria sociedade (FIGUEIREDO, op. cit., p. 114).

Diante do exposto, em face às distintas percepções sobre os estudos ligados

à Defesa no ambiente Acadêmico, não é de se estranhar que os Estados também

decodifiquem esse conceito de maneira variada. Tal ideia consta em Figueiredo

(2015, p. 113), de que “Países diferentes podem dispor de concepções diferentes

sobre o significado de Defesa Nacional”.

Assim, no prosseguimento destes escritos, em busca de terminologias mais

precisas e se furtando às dificuldades que decorrem da análise de diferentes linhas

de pensamento acadêmico sobre um mesmo tema, num conjunto de doze países,

serão analisados os conceitos oficiais de Defesa adotados pelos membros da

UNASUL – a “retórica oficial” descrita por Figueiredo (2015) –, na diligência das

metas traçadas para a presente pesquisa.

2.2 O CONCEITO DE DEFESA PARA OS MEMBROS DA UNASUL

7

As análises realizadas tomaram por base a Carta Magna de cada país, bem

como o Livro Branco de Defesa, as Políticas e Estratégias Nacionais de Defesa

(quando existentes), bem como outros marcos legais correlatos. Também foram

considerados, à guisa de complementaridade e esclarecimento, dados constantes

em Johnson e Fernandez (1993), CALEN (2013), CEED (2012), Donadio (2016),

além de outros autores específicos de alguns países, quando as preditas fontes não

se mostraram suficientemente elucidativas.

De todos os estudos sobre as fontes precitadas, na busca de melhor

compreender o entendimento que cada um dos Estados membros da UNASUL

possui sobre o conceito de Defesa Nacional, ficou evidenciado que as visões

existentes são de caráter amplo, segundo o critério definido por Figueiredo (2015),

exceção feita à Argentina, que apresenta uma leitura conceitual mais restrita.

Todavia, não deve ser descartada a percepção de que, em termos gerais,

todos os países também contemplam em suas compreensões conceituais, cada um

ao seu modo, uma perspectiva restrita e tradicionalista da Defesa Nacional,

perspectivas essas eivadas de arraigados sinais de responsabilidade para com a

preservação do Estado (soberania, independência e autodeterminação). Porém, em

virtude das realidades vivenciadas por cada país, o estamento militar acaba por

receber tarefas dos mais diversos matizes, na maioria dos casos ligados ao

desenvolvimento, à segurança interna e ao bem estar social da população.

Para sintetizar as informações amealhadas ao longo das análises realizadas,

foram condensadas no Quadro 1, a seguir, as principais ações derivadas da

interpretação do conceito de Defesa Nacional em cada Estado da UNASUL, todas

devidamente hierarquizadas de acordo com o seu caráter principal ou secundário,

conforme constam nos marcos legais consultados ao longo da pesquisa.

Pretende-se com essa ilustração condensar – para melhor identificação – as

ações que configuram o senso comum de todos os Estados sul-americanos em

matéria de Defesa Nacional. Considera-se que, a partir daquilo que é universal, a

cooperação dos países nessa área específica possa ocorrer com mais facilidade.

Enfim, aquilo que é comum pode apontar o caminho menos tortuoso para os passos

iniciais de uma longa e complexa trajetória.

8

Assim sendo, numa visão panorâmica do Quadro 1, observa-se que o senso

comum do conceito de Defesa Nacional na América do Sul reside nas ações ligadas

à preservação do país contra ameaças estatais externas, à garantia da

independência, da integridade territorial e da soberania, bem como à proteção do

Estado e de sua população. Ou seja, em que pesem as muitas ações de cunho

social, de desenvolvimento e de segurança interna atribuídas ao estamento militar à

quase totalidade dos países membros da UNASUL, as medidas de “defesa stricto

sensu” são aquelas que uniformizam a retórica sul-americana neste metiê.

Dessa forma, tudo leva a crer que para dar início a um processo de

cooperação em termos de Defesa entre as forças armadas sul-americanas, focar na

proteção dos Estados contra ameaças externas parece ser uma temática atrativa a

todos.

Outro aspecto interessante se prende às operações de paz patrocinadas por

organismos internacionais. Muito embora não apareçam no senso comum como

atribuição principal do estamento militar sul-americano – são de caráter secundário

para a maior parte dos Estados, mas tocam a todos3.

Fato análogo ocorre com as ações inerentes aos trabalhos e Defesa Civil. Tal

como nas missões de paz, não são prioritárias em todos os Estados para as forças

armadas, mas são compartilhadas por todos. Como tais ações também envolvem,

de uma forma ou de outra, a proteção da população – essa ideia, sim, é senso

comum e prevalente –, compreende-se que elas também podem ser indutoras de

programas cooperativos.

Tal paralelo se aplica, de forma semelhante, às operações afetas à segurança

interna. Estas também figuram no senso comum, muito embora não tendo caráter

prioritário em todos os países sul-americanos. Porém, considerada a sua

3 As fontes analisadas revelam experiências bem sucedidas de forças binacionais sul-americanas voltadas para as Operações de Paz, como por exemplo: a Compañía Binacional “José de San Martín” (Argentina-Peru, empregada no Haiti); a Força Binacional de Paz Argentino-Chilena “Brigada Cruz del

Sur” (stand by force à disposição da Organização das Nações Unidas para emprego em missões de

paz); e o Batallión Uruguay-Perú – URUPERBAT da United Nations Stabilization Mission in Haiti.

9

universalidade, também se mostra como matéria inspiradora na busca da

cooperação militar sul-americana.

Enfim, a sistematização abaixo apresentada aponta para uma considerável

linha de oportunidades de emprego conjugado das forças armadas dos países da

UNASUL, mediante atividades que constam na vocação de todos os partícipes.

Portanto, em termos conclusivos e até mesmo prescritivos, entende-se que,

especialmente nesta fase de baixo amadurecimento institucional da UNASUL,

qualquer plano de trabalho4 para cooperação, ou mesmo de integração em termos

de Defesa, que fuja aos pontos ora observados como comuns a todos os países,

tende a não prosperar. Essa assertiva se justifica, principalmente, por força do

sistema consensual próprio do processo decisório dessa organização internacional.

4 Conforme acordado no Conselho de Ministros de Estado da Defesa dos membros da UNASUL, o CDS deve balizar seus planos de ação com base em quatro eixos: (i) Política de Defesa; (ii) Cooperação Militar, Ações Humanitárias e Operações de Paz; (iii) Indústrias e Tecnologia de Defesa; (iv) Formação e Capacitação (SOUZA, 2016, p. 135).

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QUADRO 1 – Ações contidas no entendimento do conceito de Defesa Nacional nos países da UNASUL

Países5 ARG BOL BRA CHL COL ECU GUY PRY PER SUR URY VEN

Defender e garantir o desenvolvimento jurídico das instituições nacionais e/ou a ordem constitucional

- P P P P P P P P S P P

Defesa do país contra ameaças estatais externas P P P P P P P P P P P P

Garantir a autodeterminação P P P P - - - - - P P

Garantir a estabilidade do governo - P P - - - P P - P -

Garantir a honra nacional - P - - - - - - - - -

Garantir a independência P P P P P P P P P P P P

Garantir a integridade territorial P P P P P P P P P P P P

Garantir a soberania P P P P P P P P P P P P

Manter a consciência latente cívico-patriótica, a reverência e de respeito aos símbolos nacionais e o patrimônio e/ou identidade cultural

- P - S - - P S P S P -

Participar ativamente do desenvolvimento e da integração física e espiritual da nação

- P S S P P P P P S S S

Participar de forças multinacionais sul-americanas S - - S - S S - P S S -

Participar de operações de Segurança Interna S P P P P S S P P S S P

Participar de operações multilaterais da ONU S S S P S S S S P S S S

Prestar apoio em casos de calamidades em países amigos S - - - - - S - - - - -

Prestar apoio em casos de calamidades no país6 S S S S P S S S P S S S

Proteger o Estado P P P P P P P P P P P P

Proteger o povo P P P P P P P P P P P P

5 Código Internacional de Países – ISO 3. Disponível em: <http://country-code.cl/es/>. Acesso em: 9 nov. 2016. 6 Aqui inclusas as ações de busca e salvamento.

Fatores

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Países5 ARG BOL BRA CHL COL ECU GUY PRY PER SUR URY VEN

Proteger os recursos naturais, o meio ambiente e o patrimônio nacional

- P S S P P S P P S P P

Proteger recursos privados - - S - P - - P P S S P

Legenda: P – Ação principal / fundamental S – Ação secundária / subsidiária

Fonte: o autor.

Fatores

12

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao chegar à parte final destes escritos, julga-se necessário realçar alguns

aspectos considerados relevantes. Primeiramente, cabe sublinhar que o objetivo

maior desta investigação foi analisar o real entendimento dos conceitos de Defesa

propalados entre os países membros da UNASUL, na busca de uma compreensão

conceitual comum que favoreça ações cooperativas nessa área estratégica sui

generis.

Em segundo lugar, merece ser relembrado que a UNASUL é um organismo

internacional recente, criado por meio de um Tratado Constitutivo firmado em

Brasília, no ano de 2008, por 12 (doze) países da América do Sul, com o fito de

construir um espaço de integração cultural, econômica, política e social, preservando

as individualidades e realidades próprias de cada Estado membro, sendo o

consenso a marca de seu processo deliberativo.

Para dar suporte a esse ambiente integrado foram criados diversos

Conselhos Ministeriais, dentre eles o CDS, fórum de consulta, cooperação e

coordenação nesse segmento. Nota-se, portanto, que o CDS não se constitui numa

aliança militar, a exemplo do que se encontra noutras partes do mundo, como a

Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN)7.

Sobre o entendimento do conceito de Defesa, é fato que a sua compreensão,

mesmo no meio acadêmico, é imprecisa e divergente. Observou-se que existem

denominações diversas para matérias semelhantes, tais como Estudos Estratégicos,

Defesa Nacional, Estudos de Defesa, Assuntos Estratégicos, dentre outras. Com

isso, as análises realizadas foram focadas no referencial teórico firmado por

Figueiredo (2015), em particular no que concerne à amplitude conceitual contida na

retórica documentada dos Estados.

Fruto de trabalho analítico, foi possível concluir que a quase totalidade dos

países da UNASUL entendem a Defesa de uma maneira demasiadamente ampla.

Exceção feita à República Argentina, a qual possui uma concepção estratégica

7 As características da OTAN podem ser obtidas no Portal Eletrônico organização – The North Atlantic

Treaty – 1949. Disponível em: <http://www.nato.int/cps/en/ natolive/official_texts_17120.htm>. Acesso

em: 30 ago. 2017.

13

voltada para a proteção do Estado contra ameaças externas, as demais nações sul-

-americanas agregam ao conceito de Defesa ideias ligadas ao desenvolvimento, à

segurança interna, à preservação do meio ambiente, aos aspectos lato sensu da

segurança, dentre outros mais, cada um conforme suas peculiaridades.

Dessa forma, o trato do tema em si, por parte do CDS, é árduo, uma vez que

não existe senso comum sobre o dito conceito. Assim sendo, esta pesquisa buscou

desvelar o que há, na retórica e na prática, de mais universal na compreensão

conceitual da Defesa pelos diferentes países, de forma que os primeiros passos da

cooperação possam ser realizados sobre alicerce homogêneo.

Assim sendo, imagina-se que os Planos de Trabalho a serem desenvolvidos

pelo CDS contariam com maior adesão dos Estados membros se focados nos temas

que se conformam como senso comum.

Desta maneira, em se tratando do eixo “Políticas de Defesa”, considera-se

interessante a obtenção de um consenso sobre o entendimento conceitual do termo

“Defesa”. A partir daí, provavelmente as discussões envolvendo a respectiva

“Política” poderão se desenrolar de forma mais fácil e com a desejável objetividade.

No que concerne ao eixo “Cooperação Militar, Ações Humanitárias e

Operações de Paz”, tudo leva a crer que a realização de exercícios militares (reais

e/ou virtuais) focados nas operações combinadas e/ou conjuntas8 entre as forças

armadas sul-americanas aparentam ser interessantes para dar início ao processo de

aproximação militar na região. Aliado ao dito senso comum, levando-se em conta os

elevados custos que envolvem os adestramentos militares hoje em dia – que vão

desde as despesas com pessoal e material até as medidas para redução dos

impactos ambientais –, as operações internacionais podem otimizar as expensas

envolvidas, ao passo que permitiriam aos participantes o contato com diferentes

sistemas de armas, amplificar a interoperabilidade e, o mais importante, construir

sólidos laços de amizade, camaradagem e confiança mútua.

Também, outra vertente da cooperação pode se dar pelas operações

combinadas, ou combinadas/conjuntas (reais ou virtuais) para cenários de

prevenção de pandemias, com controle da população, por exemplo. O viés do

8 As definições sobre esses tipos de operação constam em Brasil (2015b, p. 190).

14

emprego do segmento militar na segurança interior poderia ser contextualizado e

explorado para intercâmbio de experiências.

Da mesma maneira, as formas de adestramento baseadas em operações de

manutenção da paz – embora não sejam de caráter prioritário para a maioria dos

países, figuram no entendimento conceitual de todos –, valendo-se das diversas

experiências de cooperação e integração internacional neste tipo de atividade.

Corrobora as presentes sugestões a pesquisa relatada em Souza (2016), com

entrevistas realizadas com autoridades e representantes do CDS – escopo restrito

às representações argentina e brasileira – sobre a cooperação regional em termos

de Defesa. O trabalho assinala boas experiências obtidas no exercício “UNASUL I,

voltado à construção de modelos de ‘interoperabilidade militar combinada em

matéria de planejamento e condução’, em que participaram em seu ‘desenho,

planejamento e implementação’ praticamente todos os países membros”, bem como

o “exercício combinado – UNASUL III, sob a carta de Operações de Manutenção da

Paz e Ajuda Humanitária [...] ‘incluiu nos exercícios, entre outros elementos, as

mulheres e a proteção de civis em operações de paz’ ” (SOUZA, 2016, p. 138).

No que tange ao eixo da “Indústria e Tecnologia de Defesa”, embora não

tenha sido enquadrado no conteúdo da presente investigação, é evidente que o

desenvolvimento e a fabricação, em âmbito regional, de materiais de emprego militar

direcionados às operações acima listadas seriam de interesse coletivo. A produção

de tais materiais com maior escala, atendendo às necessidades de todos os países

da UNASUL, além das vantagens econômicas, também favoreceria a

interoperabilidade entre as forças armadas da região e à capacitação de pessoal

especializado para emprego e manutenção desses equipamentos militares.

Sobre o prisma da “Formação e Capacitação”, acredita-se que a definição de

conceitos básicos para todos os países membros (como o de “Defesa” ora em foco)

e a conjunção de experiências colhidas nas operações internacionais desenvolvidas

regionalmente se constituem, e se constituirão, em excepcionais ferramentas de

preparo dos recursos humanos necessários para a estrutura de Defesa dos países

da UNASUL.

Além de tudo isso, e talvez o que de maior significado seja, está o clima de

confiança mútua entre os estamentos militares sul-americanos, em decorrência da

15

interação proporcionada pela cooperação consubstanciada em torno dos eixos

preconizados nos Planos de Trabalho do CDS.

Dessa maneira, entende-se que com foco na criação de ambiência propícia à

cooperação, qual seja, desenvolvendo atividades que espelhem a compreensão

comum de Defesa por parte dos Estados membros, a UNASUL, por intermédio de

seu Conselho de Defesa, em conjunção com os demais fóruns ministeriais,

conseguirá atingir o seu objetivo maior – a construção de um espaço de integração

cultural, econômica, política e social, sempre levando em consideração as

realidades vividas em cada uma das nações membro.

Quem sabe assim, a América do Sul desponte no Sistema Internacional como

espaço de convivência harmoniosa de entes diferenciados, que a despeito de suas

dessemelhanças em termos de poder, conseguem caminhar juntos, sem receios

mútuos e isentos de desconfianças, servindo, portanto, de exemplo para a

humanidade.

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