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1-FICHA PARA CATÁLOGO PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Título: A ESTÉTICA DA RECEPÇÃO E O MÉTÓDO RECEPCIONAL: UMA POSSIBILIDADE DE

LEITURA DE “O CORTIÇO” DE ALUÍSIO DE AZEVEDO

Autor Ivaneide Rovani

Escola de Atuação Colégio Estadual Mário de Andrade

Município da escola Francisco Beltrão

Núcleo Regional de Educação Francisco Beltrão

Orientador Valdeci Batista de Melo Oliveira

Instituição de Ensino Superior Unioeste

Disciplina/Área (entrada no PDE) Língua Portuguesa

Produção Didático-pedagógica Unidade Temática

Relação Interdisciplinar História

Público Alvo Alunos do Ensino Médio

Localização Rua Tenente Camargo

Apresentação:

Muito se discute sobre como tornar a leitura

literária atraente na escola, mas uma discussão

dissociada aos programas curriculares que ainda

se apresentam a partir da história da literatura.

Portanto, a busca de teorias que dêem suporte a

alternativas capazes de efetivar práticas de ensino,

partindo de metas definidas quanto à necessidade

dos alunos é fundamental para que chegue a

resultados produtivos. Neste sentido,

apresentaremos as contribuições da Estética da

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Recepção, onde a reflexão sobre a produção

literária é feita sob a ponto de vista do leitor, sendo

este, considerado importante e atuante no

processo, portanto remete a uma metodologia

onde há, necessariamente, a participação ativa do

aluno. Assim como o método é importante, uma

metodologia coerente torna-se primordial num

trabalho de abordagem textual. Pois é através da

sistematização das propostas de trabalho que

revelaremos que leitor queremos formar. Neste

sentido, a contribuição do Método Recepcional,

pode trazer para as salas de aula se dá,

exatamente, pela preocupação direta com o leitor,

seus conhecimentos prévios e a constatação de

seus horizontes de expectativas, assim o trabalho

com literatura potencializará uma prática

diferenciada com o Conteúdo Estruturante da

Língua Portuguesa (O Discurso como prática

social) e constituirá forte influxo capaz de fazer

aprimorar o pensamento trazendo sabor ao saber.

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SUMÁRIO

1 JUSTIFICATIVA – OBJETIVOS..............................................................................03

2 CONTEÚDO ESTRUTURANTE..............................................................................03

3 CONTEÚDOS BÁSICOS.........................................................................................03

4 DESENVOLVIMENTO – METODOLOGIA..............................................................04

5 PROPOSTA DE TRABALHO..................................................................................07

6 SUGESTÃO DE TRABALHO ................................................................................10

7 SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS - Determinação do horizonte de

expectativas...............................................................................................................10

8 SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS – Atendimento ao horizonte de

expectativas................................................................................................................12

9 SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS – Ruptura do horizonte de

expectativas................................................................................................................21

10 SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS – Questionamento do

horizonte de expectativas...........................................................................................22

11 SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS – Ampliação do horizonte de

expectativas................................................................................................................23

12 ESTRATÉGIAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO.........................................24

13 REFERÊNCIAS.....................................................................................................26

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1-JUSTIFICATIVA - OBJETIVOS

O ensino de literatura deve trazer significado para o aluno leitor. Para tanto,

o professor precisa pensar em metodologias onde o ato de ler aconteça de maneira

mais abrangente e contextualizada, onde a intertextualidade seja entendida como

um processo da escrita literária.

Neste sentido, é que acreditamos na contribuição da Estética da Recepção

(Jauss) a Teoria do Efeito (Iser), bem como, o Médodo Recepcional de Bordini e

Aguiar (DCE), pois são Fundamentos Teórico-Metodológicos que levam em conta as

relações dialógicas dos textos literários com outros textos e sua articulação com

outros campos: como a Sociologia que, ao tratar das relações sociais, determinam

procedimentos de produção de uma ideologia da qual a obra ficcional é o produto,

também, da História da Literatura que mostra como essa obra foi lida em diferentes

momentos históricos, inclusive como são lidas contemporaneidade. Este

Encaminhamento Teórico- Metodológico permite trazer a percepção da realidade

retratada pelos diversos segmentos da sociedade, ou seja, perceber a produção

Literária, como produção Estética e como representação humana que perpassa a

História. Este é o trabalho que objetivamos desenvolver a partir da Obra “O Cortiço”

de Aluísio de Azevedo.

2-CONTEÚDO ESTRUTURANTE: Discurso como prática social.

3-CONTEÚDOS BÁSICOS PARA AS PRÁTICAS DISCURSIVAS DE LEITURA,

ORALIDADE E ESCRITA – GÊNEROS SELECIONADOS: CANÇÃO,

REPORTAGEM, ARTIGO E ROMANCE:

• Discurso ideológico presente no texto;

• Ideologia presente no texto;

• Argumentatividade;

• Tema do texto;

• Interlocutor;

• Aceitabilidade do texto;

• Situacionalidade;

• Intertextualidade;

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• Elementos composicionais do Gênero; (canção, reportagem)

• Vozes sociais presentes no texto;

• Temporalidade;

• Marcas Linguísticas (uso das aspas);

• Elementos semânticos;

• Conteúdo temático;

• Contexto de produção: Estilo de época e estilo do autor.

4-DESENVOLVIMENTO - METODOLOGIA

A estética da recepção fundamenta-se no relativismo histórico e cultural,

propondo uma análise literária centrada no leitor, deixando para segundo plano a

obra e o autor. O que os principais articuladores da Estética da recepção – Jauss e

Iser – propõem, portanto, é conjugar harmoniosamente a qualidade estética com a

presença do leitor. Ao considerar o leitor e a obra no mesmo patamar, a obra literária

passa a ser uma provocadora de efeitos. Jauss (1994) organizou seus estudos em

sete teses:

A primeira tese aborda a relação dialógica entre leitor e texto: uma obra de

arte passa a existir no momento da recepção, no ato dialógico; também não é

atemporal uma vez que se atualiza a cada leitura.

A segunda destaca o saber prévio: toda obra remete a algo já conhecido,

não se constituindo, assim, totalmente no novo, no absoluto, mas reporta-se ao que

já é conhecido em outras obras e isso levará o leitor a reagir de maneira particular,

pois dependerá também das leituras anteriores que ele possa ter ou não.

A terceira enfatiza o horizonte de expectativas: refere-se à maneira como a

obra foi recebida pelos leitores. As reações (refutação, aprovação) que os mesmos

manifestarem irão determinar o valor estético da obra literária.

A quarta aponta a relação dialógica do texto: está relacionada à maneira

como a obra foi lida na época de sua produção e à maneira como é lida na

atualidade. Ela reconstitui o horizonte de expectativas quando traz respostas às

necessidades do público que a lê.

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A quinta discute o enfoque diacrônico: trata-se do processo histórico de

recepção e produção estética.

A sexta refere-se ao corte sincrônico: o caráter histórico da obra literária é

visto pelo viés atual.

A sétima trata do caráter emancipatório da obra literária: relaciona a

experiência estética com a atuação do homem em sociedade, permitindo a este, por

meio de sua emancipação, desempenhar um papel atuante no contexto social.

Assim, a principal contribuição da Estética da Recepção é a de refletir sobre a

produção literária sob o ponto de vista do leitor, sendo este considerado importante e

atuante no processo, o que remete, portanto, a uma metodologia onde há,

necessariamente, a participação ativa do aluno.

A Teoria do Efeito, de Wolfgang Iser (apud Lima, 2000), reflete acerca do

resultado estético da obra literária sobre o leitor durante a recepção: “É sensato

pressupor que o autor, o texto e o leitor são intimamente interconectados em uma

relação a ser concebida como um processo em andamento que produz algo que

antes inexistia.” (ISER, apud LIMA, 2000, p. 109).

Iser trabalha com três conceitos: o do leitor implícito. Trata-se de um leitor ideal, o qual nem sempre será o real. O conceito das Estruturas de Apelo: onde o texto literário permite múltiplas interpretações, uma vez que é na recepção que ele significa. No entanto, não está aberto a qualquer interpretação. E o conceito dos Vazios do texto: considerando que texto traz lacunas, vazios, que serão preenchidos conforme o conhecimento de mundo, as experiências de vida, as ideologias, as crenças, os valores, etc., que o leitor carrega consigo. (DCE, 2009).

Assim, entende-se que Iser considera que, no ato de recepção, não se deve

desconsiderar o autor e as previsões que o mesmo faz acerca do seu imaginário

leitor, assim como também as possíveis interpretações que esse leitor possa vir a

fazer da obra, por isso a leitura deve ser guiada pelas pistas que a obra oferece para

não cair em qualquer interpretação. Mas, ao mesmo tempo, a obra literária

significará conforme o conhecimento de mundo que o leitor possuir.

Bordini e Aguiar (1993) enfatizam a necessidade de uma metodologia na

abordagem textual:

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A tarefa de uma metodologia voltada para o ensino da literatura está em, a partir dessa realidade cheia de contradições, pensar a obra e o leitor e, com base nessa interação, propor meios de ação que coordenem esforços, solidarizem a participação nestes e considerem o principal interessado no processo: o aluno e suas necessidades enquanto leitor, numa sociedade em transformação. (BORDINI & AGUIAR 1993).

Assim como o método é importante, uma metodologia coerente torna-se

primordial num trabalho de abordagem textual, pois é através da sitematização das

propostas de trabalho que revelaremos que leitor queremos formar. Neste sentido, a

contribuição que o Método Recepcional (BORDINI & AGUIAR, 1993), pode trazer

para as salas de aula se dá, exatamente, pela preocupação direta com o leitor, seus

conhecimentos prévios e a constatação de seus horizontes de expectativas. Assim,

o trabalho com literatura “potencializará uma prática diferenciada com o Conteúdo

Estruturante da Língua Portuguesa (O Discurso como prática social) e constituirá

forte influxo capaz de fazer aprimorar o pensamento trazendo sabor ao saber” (DCE,

2009).

A proposta de trabalho, apresentada pelas autoras, consiste em cinco passos

básicos: 1º- Determinação do horizonte de expectativas; 2º- Atendimento ao

horizonte de expectativas; 3º- Ruptura do horizonte de expectativas; 4º-

Questionamento do horizonte de expectativas; 5º- Ampliação do horizonte de

expectativas:

O leitor possui um horizonte que o limita, mas que pode transformar-se continuamente, abrindo-se. Esse horizonte é o do mundo de sua vida, com tudo o que o povoa: vivências pessoais, sócio-históricas e normas filosóficas, religiosas, estéticas, jurídicas, ideológicas, que orientam ou explicam tais vivências. Munido dessas referências, o sujeito busca inserir o texto que se lhe apresenta no esquadro de seu horizonte de valores. Por sua vez, o texto pode confirmar ou perturbar esse horizonte, em termos das expectativas do leitor, que o recebe e julga por tudo o que já conhece e aceita. O texto, quanto mais se distancia do que o leitor espera por hábito, mais altera os limites desse horizonte de expectativas, ampliando-os. (BORDINI & AGUIAR, 1988, p. 87)

O método recepcional, em nossa avaliação, apresenta alternativas positivas

para as práticas de ensino de leitura de literatura na escola, uma vez que, de

maneira geral, objetiva aprimorar a competência discursiva do aluno – despertando

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nele a autonomia enquanto leitor e promovendo práticas de leitura, oralidade e

escrita pertinentes ao texto literário.

Ao propor um trabalho literário com as obras - “o Cortiço” de Aluísio de

Azevedo e “Cabeça de Porco”, do Sociólogo Luis Eduardo Soares, do músico Mv Bill e do

seu empresário Celso Atayde - não queremos esgotar todas as possibilidades de

estudo das obras, apenas apresentar algumas dessas possibilidades de desenvolver

a abordagem do texto literário pensada a partir dos pressupostos teórico-

metodológicos da Estética da Recepção.

5-PROPOSTA DE TRABALHO

Consideramos importante expor aos alunos o planejamento do projeto

pontuando as etapas de trabalho como: exibição de trabalhos; esquemas de

direcionamento dos comentários; exposição e discussão de idéias ; proposição de

atividades;

Para determinação do horizonte de expectativas* dos alunos,

começaremos apresentando um videoclipe do rap Mv Bill, juntamente com a letra

música impressa e, a partir dos mesmos iniciaremos um diálogo propondo questões

que abordem a recepção que os alunos fazem dos textos apresentados, destacando

o saber prévio, bem como, o reconhecimento do caráter artístico das abras em

questão, da maneira como elas foram e, são lidas e concebidas nos diferentes

contextos sociais, culturais e históricos.

Tendo detectado as aspirações dos alunos/leitores, procuraremos atender*

a esses interesses considerando dois aspectos importantes: no primeiro oferecer,

aos alunos, textos que correspondam ao esperado por eles; e no segundo organizar

estratégias de ensino que sejam do conhecimento dos alunos para, aos poucos,

acrescentar elementos novos nas atividades desenvolvidas.

Para tanto, utilizaremos o laboratório de informática, pois além de

complementar a etapa anterior, pesquisando sobre o ambiente Youtube, do qual

retiramos o videoclipe, e aprofundando os conhecimentos acerca dos ritmos rap e

hip-hop, é ainda um ambiente interessante e atraente para a leitura, iniciando pelo

sítio: http://www.favelaeissoai.com.br com o intuito de ler o texto “Rap-reportagem a

voz e a vez das comunidades”

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Atendido devidamente o horizonte de expectativas* dos alunos/leitores,

iniciaremos a terceira etapa prevista no método. Para tanto, introduziremos textos e

atividades que abalem as certezas e costumes dos alunos, mas sempre observando

para que essa ruptura* não se dê em todos os elementos de uma só vez. O papel

do professor, aqui, é dar condições para que os próprios alunos percebam que há

algo de estranho, de novo, no modo de proceder no, até então, conhecido.

A ruptura deve dar-se de maneira equilibrada para que os alunos não

rejeitem a experiência nova. Ou seja, o professor pode, por exemplo, continuar a

abordar a temática trabalhada na etapa anterior e promover a ruptura com esta:

quanto à forma, à linguagem, o gênero e/ou estratégias de trabalho com o texto.

Para tanto desenvolveremos atividades com enfoque diacrônico, ou seja,

no contexto em que a obra foi produzida, explorando o estilo do autor e da época e

sincrônico, como ela foi concebida ao longo da história. A partir de um capítulo de “O

Cortiço” estabelecendo relações mostrando as diferenças decorridas nos aspectos

formais, composicionais, reconhecendo o estilo que é próprio de cada autor, bem

como o estilo de cada época, considerando os recursos próprios da linguagem

literária.

Para a etapa seguinte, os alunos/leitores devem estar aptos para refletirem

sobre o trabalho desenvolvido até o momento, comparando as etapas anteriores a

fim de julgar qual delas exigiu maior grau de dificuldade e qual lhes proporcionou

maior satisfação.

Neste momento, apresentaremos a leitura de um capítulo do livro “Cabeça

de Porco” do Sociólogo Luis Eduardo Soares, o músico Mv Bill e seu empresário

Celso Atayde.

Para que o questionamento* se dê de maneira mais adequada, serão

desenvolvidas atividades que exijam mais dos alunos/leitores, maior participação e

discussão.

Esta etapa é resultante da reflexão anterior feita pelos alunos. É quase que

inteiramente da responsabilidade dos próprios alunos, uma vez que, são eles que

devem ter consciência das mudanças que ocorreram no seu aprendizado sobre o

ensino de literatura, cotejando seus anseios iniciais e os de agora.

Trata-se, portanto, de uma auto-avaliação por parte do aluno, para tanto

abordaremos questões referentes a leituras contemporâneas, abordando as leituras

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feitas nas etapas anteriores. Neste momento, cabe ao professor, fazer com que os

alunos/leitores tenham condições de avaliar eles próprios o seu crescimento e o que

ainda resta para ampliar* o seu horizonte de expectativas.

No processo dinâmico da recepção previsto no Método Recepcional, esta

última etapa coincide com o início de uma nova aplicação do método, porém, com a

grande vantagem de poder contar com a participação dos alunos desde o início do

processo.

Verifica-se claramente que o aluno leitor é o ponto principal do Método

Recepcional, assim como o leitor tem lugar de destaque nas teorias interacionistas

ao defender a idéia de que o “significado da obra literária se concretiza na recepção,

sem a constante participação ativa do leitor, a obra literária não existiria. ”DCE 2009

Consideramos que este método traz uma contribuição bastante valiosa,

tendo em vista que, a partir do momento em que se parte do próprio conhecimento

dos alunos/leitores o interesse pela leitura literária tende a ser cada vez maior.

Observa-se, ainda, que, seguindo paulatinamente as cinco etapas, os alunos/leitores

terão seus horizontes de expectativas cada vez mais ampliados, o que fará com que,

por sua vez seu conhecimento literário seja, também, cada vez maior.

Em todos esses momentos, a interferência do professor é condição primeira

para que o processo se estabeleça. Os textos, por si só, sem receber a intervenção

do professor, esclarecendo-os, em alguns pontos de mais difícil compreensão, não

oferecem aos alunos o mesmo recurso enriquecedor, pois na sala de aula o livro, a

obra literária, deixa de ser apenas uma leitura a mais para ser uma fonte de

aprendizagem e de descobertas. E o professor é o mediador de todo o

conhecimento que um texto pode despertar.

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6-SUGESTÃO DE TRABALHO

Sobre a letra da música:

7 - SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS

SOBRE O VÍDEOCLIP: Música Traficando Informação de Mv Bill

Você gostou do vídeo? Por quê?

O que mais chamou sua atenção? Por quê?

De que época você acha que é esse vídeo?

Você já tinha ouvido essa canção? Qual é o tema? Reconhece o autor?

Reconhece o cantor?

Preste atenção nas imagens, a que fatos remetem? Você acha que são

reais? Já assistiu a cenas assim? Onde e o que relatavam? De que época

eram? 8.6- Em sua opinião, as imagens, a letra e o ritmo então em

sintonia? Justifique.

O que você sabe sobre o autor do texto cantado?

E sobre o cantor? Que outras canções você conhece dele?

Quem produziu esse vídeo?

Com que frequência você acessa o youtube? Com que objetivo? O que

você acha sobre o uso geral desse ambiente virtual?

Para ampliar nossos conhecimentos, vamos ao Youtube buscar

informações sobre as questões anteriores que você ficou em dúvida ou que

não conseguiu responder.

PROFESSOR:

7-Determinação do horizonte de expectativas: Levantar questões que abordem

a relação entre o texto e o leitor, destacando o saber prévio do mesmo, bem

como, o reconhecimento do caráter artístico da obra literária, da maneira que ela

foi lida, concebida em diferentes momentos históricos, incluive de outras

manifestações artísticas como a da música e a do cinema.

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TRAFICANDO

INFORMAÇÃO – Mv

Bill

Seja bem-vindo ao meu mundo sinistro, saiba como entrar Droga, polícia, revólver não pode saiba como evitar Se não acredita no que eu falo Então vem aqui pra ver a morte de pertinho para conferir Vai ver que a justiça aqui é feita à bala A sua vida na favela não vale de nada Até os caras da praça, jogando uma pelada Discussão, soco na cara, começa a porrada Mente criativa pronta para o mal Aqui tem gente que morre até por um real E quando a polícia chega, todo mundo fica com medo A descrição do marginal é favelado, pobre, preto! Na favela, corte de negão é careca [...] Moleque de 9 anos experimentando maconha. Bala perdida, falta de emprego, moradia precária Barulho de tiro na noite É outra quadrilha querendo invadir minha área

Na minha casa, na madrugada, todo mundo deitado no chão Com medo da bala perdida, que não tem nome nem direção Pow Pow, um corpo no chão, Pow Pow, de um vacilão Um otário que agora é finado porque se achava o malandrão Amanheceu todo furado, do lado da lojinha Era um otário se achando malandro igual ao pai da minha sobrinha Fez filho na minha irmã, não assumiu, sumiu Pai, padrinho e tio da minha sobrinha sou eu, MV Bill Encontrei minha salvação na cultura Hip-Hop Tem outros que entraram na vida do crime querendo ganhar Ibope Se você tiver coragem vem aqui pra ver A sociedade dando as costas para a CDD Refrão: Traficando Informação (Diariamente conviver com esta situação) [...] Para ter acesso a letra na íntegra: http://letras.terra.com.br/mv-bill/80315/

SOBRE MV BILL

Vídeo: MV Bill na TV Câmara – 02

Nesta parte, exibição de um vídeo com uma biografia do MV Bill.

MV Bill responde perguntas e fala sobre o documentário "Falcão: Meninos do Tráfico", o

livro "Cabeça de Porco", sobre violência, famílias desestruturadas, educação, gravidez na

adolescência.

http://www.youtube.com/watch?v=5hK1W6x95j8&feature=related

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SOBRE O SITE

Equipe da ONG Favela é isso aí

7-SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS

Se você não soubesse que o texto acima fosse uma canção, só pela

leitura da letra daria para saber? Por quê?

Há alguma palavra no texto a qual você não conhece o significado?

Se houver, recorra ao dicionàrio. Registre o melhor verbete que se

encaixa no trecho da canção, lembre-se que não é qualquer

significado do dicionário que pode se adequar ao contexto.

Existem vários recursos empregados nas letras das musicas que as

fazem ficar mais expressivas e transmitir emoções. Como a

pontuação, a escolha das palavras na constituição dos versos e dos

refrões. Tais recursos quando proporcionam ritmo, rimas e a

possibilidades de criar imagens que dão às palavras um sentido mais

amplo, como se elas quisessem dizer algo a mais. Você percebe

esses recursos no texto de Mv Bill? Exemplifique.

A canção descreve cenas de uma condição humana que fica evidente

tanto pela descrição do ambiente quanto pelo comportamento

humano. Identifique esses aspectos.

Diante do exposto na canção, o que justifica o título da mesma:

”Traficando informação”?

PROFESSOR:

8- Atendimento ao horizonte de expectativas: Questões que dialoguem

com o vídeo anterior e sobre os elementos composicionais do gênero

reportagem, e remetam ao entendimento dos temas que compõem o rap e o

hip-hop.

Reportagem: “Favela é isso aí” Rap-reportagem a voz e a vez das

comunidades

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A ONG - Organização Não Governamental Favela é Isso Aí é uma

associação que surgiu como fruto do Guia Cultural de Vilas e Favelas,

idealizado pela antropóloga Clarice Libânio e publicado em agosto de

2004. O Guia apontou que a arte nas vilas e favelas desempenha papel

fundamental na elevação da auto-estima, inclusão social e combate à

violência. A organização foi criada com o objetivo de proporcionar a

construção da cidadania a partir do apoio e divulgação das ações de arte

e cultura da periferia. A ONG tem também o intuito de contribuir para a

redução da discriminação em relação aos moradores de vilas e favelas,

promover geração de renda para as artistas, ajudar a prevenir e minimizar

a violência, melhorar as condições do fazer artístico e acesso ao mercado

cultural.

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“Favela é isso aí” Rap-reportagem a voz e a vez das comunidades

O tema, geralmente, reporta ao cotidiano das comunidades, a música, o dia-a-dia, os projetos e

as curiosidades. Os cenários são vários: uma praça, um córrego, um ringue de Box ou uma festa

em uma favela. O repórter pode estar em uma bicicleta, no palco ou em baixo de um viaduto. A

narração em forma de rimas, entoadas pelo repórter é grande novidade.

O rap

O rap nas periferias do país apareceu como forma de manifestação cultural e de protesto

social. Segundo Marcos Aurélio Paz Tella, no seu artigo “Rap, Memória e Identidade”, o rap surge

no Brasil como forma de afirmação da negritude e também como protesto contra a discriminação

étnico-racial. Descendente direto do funk americano, o rap, em meados da década de 80, aparece

como novo gênero musical nas periferias de São Paulo e aos poucos se espalha por todo o Brasil.

[...]

O rap-reportagem: canal alternativo de comunicação

Fábio Féter, repórter da TV Brasil, foi o primeiro a fazer rap reportagem na televisão brasileira e

acha que “o rap é uma linguagem majoritariamente de jovens que fazem parte das favelas”.

Apesar, da arte e da cultura da periferia, aos poucos, ganhar espaço na mídia, na grande

maioria das vezes, o que se veicula nos meios de comunicação, quando o assunto é periferia, é a

violência. Nesse contexto, colocado pelos especialistas, o rap aparece como um canal alternativo

de comunicação ao conseguir firmar um discurso próprio, de oposição e de negação destes

estigmas.

Para Fábio Féter, o fato de utilizar a rima é o que aproxima ainda mais o telespectador do

repórter e o repórter dos entrevistados. Muitos deles participam, cantando o seu dia-a-dia, num

processo de troca de experiências, muito típico no hip-hop.

Féter conta que desde a sua adolescência escreve e canta rap, produz e dirige programas de

rádio. Ora era apresentador, ora locutor, atuava também como DJ de vez em quando. “Do acumulo

de vivências, percepções, em 2007 nasceu o quadro RAPERIFA e partir daí passei a praticar a

narrativa rap-reportagem num programa jornalístico independente exibido aos domingos na

emissora REDE TV. Em 2008 fui convidado a desenvolver a nova linguagem jornalística pela TV

Brasil”, narra Fábio.

Para o estudante de ciências sociais, Eduardo Caldeira, a primeira vista, esse método, causa

um certo espanto, em função “da forma diferenciada de se fazer reportagem”. Mas ao mesmo

tempo ele fica impressionado com o jeito de se trabalhar diferentes assuntos na rimas. Para o

rapper e grafiteiro, Juliano Pereira, “as pessoas se sentem mais próximas, porque esta forma de

abordar assuntos cotidianos acaba fugindo do formal”.

A partir de então, as matérias estão sendo exibida no programa jornalístico “Repórter Brasil”.

Os temas giram em torno de assuntos sócio-culturais, das ações sociais de comunidades e do

cotidiano. “É a minha visão de mundo, é o meu jeito de ser, vestir, falar, rimar e abordar assuntos,

personagens, projetos maravilhosos e importantes socialmente ainda não reportados, é a visão de

um favelado com a responsabilidade de respeitar as pessoas nas matérias que desenvolvo”, diz

Féter.

Sugestões de fonte:

1. Fábio Féter – repórter do “Repórter Brasil”

Contato: [email protected]

2. Juliano Pereira - rapper e grafiteiro, pesquisador da ONG Favela é Isso Aí

Contato: (31) 3282-3816

3. Eduardo Caldeira - estudante de Ciências Sociais

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Como a realidade é denunciada em diferentes épocas

Considerando os diversos filmes, livros, músicas que já tivemos a

oportunidade e ver, ler e ouvir, porque alguns permanecem e outros caem no

esquecimento?

Muitos escreveram e escrevem sobre as manifestações da vida diária,

representando comportamentos individuais e coletivos, valores morais crenças

8- SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS

Leitura, discussão e estudo da reportagem “Favela é isso aí”.

Onde foi veiculada a reportagem? Onde geralmente, encontramos

esse gênero discursivo?

O que está sendo discutido nesse texto? Qual é a relação com a

temática abordada na letra da música do vídeo anterior?

Qual é o público alvo dos dois textos? (Vídeo e reportagem). Como

você chegou a esta conclusão?

Numa reportagem predomina a sequência narrativa, contudo, na que

lemos, predominam as sequências argumentativas através de

diferentes vozes. Quais são as vozes presentes no texto e como

estão identificadas? Com que objetivo o autor fez uso de outras

vozes?

Quem é o autor do texto e que papel social exerce ao escrevê-lo?

A partir da reportagem e outras pesquisas aponte o que é “rap” e o

que é “hip-hop”.

PROFESSOR

10 -Ruptura do horizonte de expectativas: Atividades com enfoque

diacrônico, ou seja, no contexto em que a obra foi produzida, explorando os

estilos dos autores e das épocas, bem como estabelecendo relações entre

as obras selecionadas. Mostrar as diferenças decorridas do uso de palavras

e/ou expressões no sentido conotativo, reconhecendo o estilo que é próprio

de cada época, considerando recursos próprios da linguagem literária.

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religiosas e idéias políticas, procurando entendê-los e denunciá-los, mas nem

todos “sobrevivem” as fronteiras históricas e geográficas. Os que permanecem

possuem particularidades que estão na maneira de como esses temas são

abordados pelos escritores.

Quando a distância temporal e geográfica não impede o “diálogo” com a

obra, é sinal de que a mesma vem ao encontro dos nossos questionamentos a

respeito dos fatos da vida, muitas vezes trazendo respostas aos nossos

anseios.

Contextualizando no mundo:

Germinal de Émile Zola – VÍDEO

http://www.youtube.com/watch?v=eNORsDsZxSE&feature=related

9-SUGESTÃO DE ATIVIDADE PARA OS ALUNOS

Então podemos afirmar que a produção literária atravessa épocas e

permite uma transformação na sociedade, pois ao olharmos para o

passado, modificamos nossa visão do presente e como pretendemos

construir o futuro? Comente.

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CONTEXTUALIZANDO NO BRASIL

Veja as seguintes manchetes:

'Germinal' é o nome do primeiro mês da primavera no calendário da Revolução

Francesa. Ao usar essa palavra como título de seu livro, Zola associa as

sementes das novas plantas à possibilidade de transformação social- por mais

que se arranquem os brotos das mudanças, eles sempre voltarão a germinar.

Um dos grandes romances do século XIX, expressão máxima do naturalismo

literário, Germinal baseia-se em acontecimentos verídicos. É um espelho da

realidade. Para escrevê-lo, Émile Zola trabalhou como mineiro numa mina de

carvão, onde ocorreu uma greve sangrenta que durou dois meses. Atuando

como repórter, adotando uma linguagem rápida e crua, Zola pintou a vida

política e social da época como nenhum outro escritor. Denunciou as péssimas

condições de trabalho dos operários, a fome, a miséria, a promiscuidade, a falta

de higiene. Mostrou, como jamais havia sido feito, que o ambiente social exerce

efeitos sobre os laços de família, sobre os vínculos de amizade, sobre as

relações entre os apaixonados. 'Germinal' é o primeiro romance a enfocar a luta

de classes no momento de sua eclosão. A história se passa na segunda metade

do século XIX, mas os sofrimentos que Zola descreve continuam presentes em

nosso tempo. É uma obra em tons escuros. Termina ensolarada, com a

esperança de uma nova ordem social para o mundo.

http://www.cinemenu.com.br/filmes/germinal-1993

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Diariamente, vemos e ouvimos, nos diversos meios de comunicação,

manchetes como essas. Mas será que intrigas amorosas, corrupção,

exploração sexual e assédio homossexual são somente acontecimentos da

atualidade?

Para entender melhor tudo isso, vamos ler o capítulo I e II do livro “O

Cortiço” romance de Aluísio de Azevedo escrito em 1890 para ver de que forma

a literatura narra alguns fatos de uma realidade vivida há dois séculos.

UM POUCO DE “O CORTIÇO”, ALUÍSIO DE AZEVEDO E O NATURALISMO

Oscar D'Ambrosio*

Um caminho para penetrar na riqueza visual proporcionada pelo

maranhense Aluísio de Azevedo (1857 – 19130), no romance "O Cortiço"

(1890), é lembrar que os interesses iniciais do escritor eram o desenho e a

pintura. Trabalhou como caricaturista e, em 1876, viajou ao Rio de Janeiro para

estudar Belas Artes, obtendo seus primeiros ganhos com desenhos para

jornais. Só com a morte do pai voltou ao seu Estado natal e se dedicou à

literatura, escrevendo "O Mulato" (1881), considerado o primeiro livro da escola

naturalista nacional.

Esse amor à imagem gera, em "O Cortiço", uma narrativa em que as

estrelas não são João Romão, português que, com o objetivo de enriquecer,

constrói e aluga casas até ser proprietário de um imenso cortiço; o rico

compatriota Miranda, burguês que não vê com bons olhos a ascensão do

vizinho; e um grande bloco de personagens formado por brancos, pretos,

mulatos, lavadeiras, malandros, assassinos, vadios e benzedeiras, tratados

como animais movidos pela comida e pelo sexo. O grande astro é o próprio

cortiço. Ele tem vida autônoma, bem a gosto da estética naturalista, que atribui

vida própria aos agrupamentos humanos, segundo princípios científicos em

que o meio é determinante, senhor soberano dos destinos humanos.

Oscar D'Ambrosio, jornalista, mestre em Artes pelo Instituto de Artes

da Universidade Estadual Paulista (Unesp), é crítico de arte e integra a

Associação Internacional de Críticos de Artes (Aica - Seção Brasil).

Especial para a Página 3 Pedagogia & Comunicação

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http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u694.jhtm

Para saber mais sobre o Cortiço, Aluísio de Azevedo e sobre Realismo-

Naturalismo acessar o site acima.

9- SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS:

Agora que já lemos os capítulos de “O cortiço” e conhecemos o contexto em

que esta obra foi produzida, podemos discutir e comparar algumas

questões:

Os capítulos do romance “O Cortiço” não possuem nomes, são apenas

numerados. Que título você daria para aos capítulos que lemos?

Apesar de serem de épocas distintas o que há de comum na “realidade”

retratada na música de MV BILL e na Obra de Aluísio de Azevedo?

Como você descreve as condições físicas e humanas das personagens do

livro? Estas condições estão coerentes com as que, possivelmente, o povo

daquela época vivia? Quais as relações possíveis de inferir em relação à

vida das personagens da obra de Aluísio Azevedo e à sociedade

contemporânea citada por MV Bill em seu rap?

Conforme você assistiu no vídeo – Entrevista com MV Bill, a violência e a

discriminação para com o jovem da favela é decorrente de um círculo

vicioso, ou seja, da própria falta de informação até mesmo sexual, muitas

meninas acabam engravidando e gerando os novos garotos e garotas

discriminados. Há aí um „‟processo de seleção natural‟. Essa seleção natural

está presente também em O Cortiço. Retome a obra e aponte aspectos que

apresentam esse processo, ainda no século XIX e que persiste até os dias

de hoje.

Na época em que o romance foi escrito, não havia movimentos sociais ou

Ongs que defendessem causas sociais. Nesse sentido, como podemos

afirmar que os problemas sociais são decorrentes do processo de evolução

e transformação social?

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Logo nos dois primeiros capítulos evidencia-se que a ação do romance

transcorre em dois espaços distintos: O cortiço e o sobrado do Miranda.

Como é o relacionamento das personagens que vivem nesses espaços e

como eles resolvem seus conflitos?

Mais do que empregar os preceitos do Naturalismo, a obra mostra práticas

recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o

explorador vivia muito próximo ao explorado. As personagens de projeção

social mais elevada vivem em seus palacetes com ares aristocráticos e

temem o crescimento da classe oprimida. Por isso pode-se dizer que O

Cortiço não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil.

Quais as personagens de O cortiço que comprovam a afirmação acima? Por

quê?

Vamos retomar as manchetes iniciais e associá-las aos fatos do livro “O

Cortiço”.

Vamos criar manchetes para os possíveis acontecimentos relatados na

música “Traficando Informação” de Mv Bill.

“Aldeias do mal”

Governantes sempre associaram favelas ao crime e à falta de higiene

Romulo Costa Mattos

1/10/2007

Em 5 de julho de 1909, o jornal Correio da Manhã escreveu sobre o Morro da Favela: “É

o lugar onde reside a maior parte dos valentes da nossa terra, e que, exatamente por isso – por

ser o esconderijo da gente disposta a matar, por qualquer motivo, ou, até mesmo, sem motivo

algum –, não tem o menor respeito ao Código Penal nem à Polícia, que também, honra lhe seja

feita, não vai lá, senão nos grandes dias do endemoninhado vilarejo”.

Essa reportagem mostra que a percepção social da violência urbana nas favelas vem

de muito tempo, assim como o estigma imposto aos seus habitantes. Pelo menos desde a

década de 1900, os moradores das favelas são comumente vistos como grandes promotores

da criminalidade na cidade do Rio de Janeiro. Ainda mais antiga é a idéia de que as moradias

populares em geral seriam prejudiciais à ordem pública.

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Há projetos datados de 1855 que propunham a colocação de portões de ferro nos

cortiços, que deveriam ficar trancados a partir de certa hora. Mas foi nas últimas décadas do

século XIX que a crise de habitação assumiu maiores proporções. Isto se deu em virtude das

transformações desencadeadas pela decadência da cafeicultura no Vale do Paraíba, pela

abolição da escravatura e pelo desenvolvimento do processo de industrialização – ainda que este

último fosse incipiente.

Nesse contexto, muitos ex-escravos e europeus – principalmente portugueses –

acorreram para a cidade do Rio de Janeiro. O extraordinário crescimento populacional

sobrecarregou sua área central, que concentrava, havia décadas, as temidas habitações

coletivas. A perseguição a essas moradias populares culminou na demolição, em 1893, do

cortiço Cabeça de Porco, localizado próximo à região da Central do Brasil.[...]

Um grupo de ex-moradores do Cabeça de Porco conseguiu autorização para levar

consigo ripas de madeira – muitos quartos ali se assemelhavam aos barracões das futuras

favelas.

Caminharam então poucos metros até o Morro da Providência, onde levantaram novas

moradias. Entre 1893 e 1894, soldados que combateram a Revolta da Armada obtiveram licença

do governo para morar no Morro de Santo Antônio, no Centro. Começava assim a história das

favelas no Rio de Janeiro.

[...]

Assim como os antigos cortiços, as favelas do início do século XX eram vistas como um

problema de saúde pública e segurança. Mas o contexto no qual elas ganhavam notoriedade era

outro. O Rio de Janeiro estava sendo construído como uma nova cidade, moderna, europeizada,

capaz de ser o cartão-postal da recém-criada República. Contrariando esse ideal, as favelas

passaram a ser vistas como outras cidades, corpos estranhos dentro da urbe formal. [...]

Para ler na íntegra acesse:

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/aldeias-do-mal

Romulo Costa Mattos é doutorando em História pela Universidade Federal Fluminense

(UFF) e autor da dissertação “A „Aldeia do Mal‟: o Morro da Favela e a construção social das favelas

durante a Primeira República” (UFF, 2004).

PROFESSOR:

10-Questionamento do horizonte de expectativas:

Atividades de questionamentos e pesquisa abordando as leituras feitas na

etapa anterior, com o propósito de uma autoavaliação e percepção que, apesar

das dificuldades encontradas, houve uma ampliação dos seus horizontes de

expectativas.

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10-SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS:

Após ler o artigo acima, reúna-se com um colega e respondam

questão:

Por meio de indícios recolhidos em "O Cortiço" e na biografia do autor,

constatam-se dados interessantes sobre a modernidade que chegava ao Rio

de Janeiro em fins do século XIX. Os dez últimos anos do século XIX são

substanciais para entender o desenvolvimento das metrópoles brasileiras: em

1888 foi promulgada a abolição da escravatura, homens pobres livres de

todos os cantos do Brasil e de algumas regiões da Europa chegavam à capital

fluminense em busca de trabalho e oportunidades. Por que, apesar de toda a

evolução que obtivemos nos últimos dois séculos, o problema do

planejamento para receber estes contingentes que habitaram as estalagens,

casas de cômodos e cortiços que, mais tarde, fugindo da reforma urbana,

iriam povoar os morros do Rio, ainda não foi resolvido? Pelo contrário, as

desigualdades afloram cada vez mais?

Mais leituras interessantes:

http://www.favelaeissoai.com.br/noticias.php?cod=14

11- Ampliação do horizonte de expectativas:

Atividades de leitura e escrita com o objetivo de ampliar os conhecimentos

os aluno:

Fragmento do livro Cabeça de Porco de MV Bill, Celso Athayde e Luiz

Eduardo Soares. Objetiva, Rio de Janeiro.2005 ( Pág. 148 a 150 )– Recortar

e Colar: A Redenção pelo Hip-Hop.

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12 -ESTRATÉGIAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO

Sugestão de instrumentos para momentos avaliativos, bem como suas

estratégias.

Vale dizer que são apenas sugestões, tanto dos momentos, como dos

instrumentos e que, quando o professor constatar que será necessário retomar

algum dos conteúdos selecionados, deverá fazê-lo utilizando outras

metodologias e instrumentos de avaliação, desde que atendam os critérios

estabelecidos para a mesma, (recuperação de conteúdos).

1-Determinação do horizonte de expectativas: exposição oral

(relato) a partir da pesquisa proposta.

Nesta etapa, espera-se que o aluno utilize seu discurso de acordo com

a situação, neste caso, a formal, bem como, organize a sequência da fala de

modo que as informações não se percam.

11- SUGESTÃO DE ATIVIDADES PARA OS ALUNOS

O Capítulo: Recortar e colar: A Redenção pelo hip-hop faz parte do

Livro Cabeça de Porco, escrito pelo sociólogo Luiz Eduardo

Soares, pelo rapper MV Bill e seu empresário Celso Athayde em

2005. O livro narra as incursões dos mesmos em favelas de norte a

sul do Brasil, mostrando como a violência e a discriminação de

grande parte da juventude do nosso país ( negra, parda e pobre) e

vive em favelas, se multiplica.

Apesar de a realidade relatada ser desesperadora, no trecho lido,

percebe-se que ainda há esperança e é um convite à luta. Qual é a

“saída” que os autores apontam para a situação? Você acredita nessa

possibilidade? Será que este país tem jeito?

Com os conhecimentos obtidos sobre o rap e o hip-hop, produza uma

letra neste ritmo e apresente aos seus colegas. (os instrumentos de

som podem ser improvisados).

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2-Atendimento ao horizonte de expectativas: produção de um artigo

de opinião (escrito) a partir das questões levantadas nesta etapa.

Desta atividade, espera-se que o aluno expresse idéias com clareza,

atendendo a proposta dada quanto ao gênero, interlocutor, finalidade e tema,

utilizando adequadamente recursos lingüísticos como a pontuação e ortografia.

3-Ruptura do horizonte de expectativas: Debate regrado.

Nesta atividade é importante que o aluno demonstre objetividade na

exposição dos argumentos e defenda claramente suas idéias, respeite os

turnos da fala, contra-argumente idéias formuladas pelos colegas, utilizando de

forma intencional e consciente expressões faciais, corporais e gestuais, pausas

entonações.

4- Questionamento do horizonte de expectativas: Painel. Atividade

onde se apresenta os diferentes pontos de vista sobre o tema. A organização

do tempo nesta modalidade é importante para que a audiência possa participar

e opinar sobre o assunto em pauta. Um moderador concede alguns minutos

para a apresentação da posição de todos os participantes (em duplas) sobre o

tema. O moderador (o professor) não se manifesta sobre o assunto, tendo

somente o papel de organizador, controlador do tempo e da distribuição das

perguntas aos membros do painel.

Nesta etapa, considerar, principalmente, as evidências das leituras e

pesquisas propostas até então. O professor deve ficar atento para verificar se o

aluno conseguiu efetuar leituras compreensivas, globais, críticas e analíticas

dos textos dados, bem como se conseguiu localizar informações explícitas e

implícitas dos mesmos, sendo eles verbais ou não verbais.

5-Ampliação do horizonte de expectativas: Produção de texto:

produzir a letra de um rap a partir da realidade atual e apresentar na sala.

Esta produção deve demonstrar se o aluno conseguiu ampliar seu horizonte de

expectativa, ou seja, conseguiu produzir inferências e posicionar-se critica e

analiticamente diante da realidade, compreendendo as diferenças decorridas

do uso de palavras e expressões a partir do contexto, bem como o sentido

conotativo das mesmas e seus efeitos.

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13 -REFERÊNCIAS

AGUIAR, V. T.; BORDINI, M. G. Literatura e Formação do Leitor:

alternativas metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.

BAKHTIN, M. (Volochinov). Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. De

Michel lahud e Yara Frateschi. 0 ed. São Paulo, Hucitec, 1999.

____. Estética da Criação Verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

____. Problemas da poética de Dotoiesvski. Rio de Janeiro: Florence

Universitária, 1997.

BRAIT, B. PCNs, Gêneros e ensino de Língua: faces discursivas da

textualidade. In: ROJO, Roxane (org.). A prática de linguagem em sala de

aula: praticando os PCN. São Paulo: Mercado de Letras, 2000, p.20.

CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. São Paulo: Nacional, 1980, p. 6.

ISER, Wolfgang. O jogo do texto. In: Lima, Luiz Costa (org.) A literatura e o

leitor. SP: Paz e Terra. 2000.

JAUSS, H. R. A história da literatura como provocação a teoria literária.

São Paulo: Ática. 1994.

LAJOLO, Marisa.Leitura – literatura: mais que uma rima, menos do que uma

solução, ZILBERMA, Regina & SILVA, Ezequiel T., (org.) Leitura Perspectivas

Interdisciplinares. São Paulo, Ática 5ª Ed. 2004

PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares Estaduais – Língua Portuguesa. Curitiba: SEED, 2009.

SOARES, Luiz Eduardo. MB BILL. ATHAYDE, Celso. Cabeça de Porco. Rio

de Janeiro. Objetiva 2005.

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ZIBERMAN, Regina. Estética da Recepção Da Recepção e História da

Literatura. São Paulo. Ática. 1989.

SITES CONSULTADOS

http://www.favelaeissoai.com.br/noticias.php?cod=119 ACESSO EM 01 DE AGOSTO DE 2011

http://www.youtube.com/watch?v=eNORsDsZxSE&feature=reld ACESSO EM 01 DE AGOSTO DE 2011

http://www.cinemenu.com.br/filmes/germinal-1993 ACESSO EM 01 DE AGOSTO DE 2011

http://educacao.uol.com.br/biografias/ult1789u694.jhtm ACESSO EM 01 DE AGOSTO DE 2011

http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/aldeias-do-mal ACESSO EM 01 DE AGOSTO DE 2011