1. estrutura conceitual bÁsica da contabilidade...

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1. ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE Alguns conceitos Contabilidade: é um instrumento da função administrativa que tem por finalidade controlar o patrimônio, apurar o resultado e prestar informações sobre o patrimônio das empresas.1 Patrimônio: é o conjunto de elementos necessários à existência de uma entidade (empresa), ou seja, é o conjunto de bens, direitos e obrigações; Empresa ou Entidade: é qualquer pessoa física ou jurídica detentora de um patrimônio. Resulta da combinação de 3 fatores de produção: Natureza, Capital e Trabalho. Funções da Contabilidade: Administrativa: objetiva controlar o patrimônio das entidades e prestar informações; Econômica: objetiva apurar o Rédito (Lucro ou Prejuízo) Técnicas Contábeis Escrituração: registro dos fatos patrimoniais de forma contínua e metódica, tendo como apoio a documentação relativa a estes fatos; Demonstração: processo de prestação de informações úteis, oportunas e adequadas, conforme a necessidade do usuário2; Auditoria ou revisão: é a inspeção que se realiza sobre a escrituração contábil com a finalidade de verificar a exatidão dos fatos administrativos; Análise de Balanços: processo de transformação dos dados em informações úteis aos diversos usuários da informação contábil. Princípios Fundamentais de Contabilidade São os preceitos fundamentais em que se baseiam a doutrina e a técnica contábil. 1.1 PRINCIPIOS CONTABEIS Os Princípios Fundamentais da Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos cientifico e profissional de nosso País. O Princípio da Entidade – Reconhece o Patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição. O Principio da Continuidade – a continuidade ou não da Entidade, bem como sua vida, definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

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1. ESTRUTURA CONCEITUAL BÁSICA DA CONTABILIDADE

Alguns conceitos

Contabilidade: é um instrumento da função administrativa que tem por finalidade controlar o patrimônio, apurar o resultado e prestar informações sobre o patrimônio das empresas.1

Patrimônio: é o conjunto de elementos necessários à existência de uma entidade (empresa), ou seja, é o conjunto de bens, direitos e obrigações;

Empresa ou Entidade: é qualquer pessoa física ou jurídica detentora de um patrimônio. Resulta da combinação de 3 fatores de produção: Natureza, Capital e Trabalho.

Funções da Contabilidade:

� Administrativa: objetiva controlar o patrimônio das entidades e prestar informações; � Econômica: objetiva apurar o Rédito (Lucro ou Prejuízo)

Técnicas Contábeis

� Escrituração: registro dos fatos patrimoniais de forma contínua e metódica, tendo como apoio a documentação relativa a estes fatos; � Demonstração: processo de prestação de informações úteis, oportunas e adequadas, conforme a necessidade do usuário2; � Auditoria ou revisão: é a inspeção que se realiza sobre a escrituração contábil com a finalidade de verificar a exatidão dos fatos administrativos; � Análise de Balanços: processo de transformação dos dados em informações úteis aos diversos usuários da informação contábil.

Princípios Fundamentais de Contabilidade

São os preceitos fundamentais em que se baseiam a doutrina e a técnica contábil.

1.1 PRINCIPIOS CONTABEIS

Os Princípios Fundamentais da Contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos cientifico e profissional de nosso País.

O Princípio da Entidade – Reconhece o Patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por conseqüência, nesta acepção, o patrimônio não se confunde com aqueles dos seus sócios ou proprietários, no caso de sociedade ou instituição.

O Principio da Continuidade – a continuidade ou não da Entidade, bem como sua vida, definida ou provável, devem ser consideradas quando da classificação e avaliação das mutações patrimoniais, quantitativas e qualitativas.

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A continuidade influencia o valor econômico dos ativos e,em muitos casos, o valor ou o vencimento dos passivos ,especialmente quando a extinção da Entidade tem prazo determinado, previsto ou previsível.

O principio da Continuidade afirma que o patrimônio da Entidade, na sua composição qualitativa e quantitativa, depende das condições em que provavelmente se desenvolverão as operações da Entidade. A suspensão das suas atividades pode provocar efeitos na utilidade de determinados ativos, com a perda, até mesmo integral, de seu valor. A queda no nível de ocupação pode também provocar efeitos semelhantes.

A modificação no estado de coisas citado pode ocorrer por diversas causas, entre as quais as seguintes:

A. modificação na conjuntura econômica que provoquem alterações na amplitude do mercado em que atua a Entidade. Exemplo nesse sentido é a queda de poder aquisitivo da população, que provoca redução no consumo de bens, o que, a sua vez, resulta na redução do grau de ocupação de muitas Entidades;

B. Mudanças de política governamental, como, por exemplo, na área cambial, influenciando diretamente o volume das exportações de determinados ramos econômicos, com efeito direto nos níveis de produção de determinadas entidades;

C. Problemas internos das próprias entidades, consubstanciados em envelhecimento tecnológico dos seus processos ou produtos, superação mercadológica destes, exigência de proteção ambiental, falta de capital, falta de liquidez, incapacidade administrativa, dissensões entre os controladores da Entidade e outras causas quaisquer que levem a Entidade a perder suas condições de competitividade, sendo gradativamente alijada do mercado;

D. Causas naturais ou fortuitas que afetem a manutenção da Entidade no mercado, tais como inundações, incêndios, ausência de materiais primários por quebras de safras.

A situação limite na aplicação do Principio da Continuidade é aquela em que há completa cessação das atividades da Entidade. Nessa situação, determinados ativos, como, por exemplo, os valores diferidos, deixarão de ostentar tal condição, passando à condição de despesas, em face da impossibilidade de sua recuperação mediante as atividades operacionais usualmente dirigidas à geração de receitas. Mas até mesmo ativos materiais, como estoques, ferramentas ou máquinas, podem ter seu valor modificado substancialmente. As causas da limitação da vida da Entidade, não se influenciam o conceito da Continuidade; entretanto, como constituem informação de interesse para muitos usuários, quase nem sempre são de divulgação obrigatória, segundo norma específica. No caso de provável cessação da vida da Entidade, também o passivo é afetado, pois, além do registro das exigibilidades, com fundamentação jurídica, também deve ser contemplados os prováveis desembolsos, advindos da extinção em si.

O Principio da Oportunidade – Refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram.

O principio da Oportunidade exige a apreensão, o registro e o relato de todas as variações sofridas pelo patrimônio de uma Entidade, no momento em que elas ocorrem. Cumprindo tal preceito, chega-se ao acervo máximo de dados primários sobre o patrimônio, fonte de dados os relatos, demonstrações e analises posteriores, ou seja, o Principio da Oportunidade é a base indispensável à fidedignidade das informações sobre o patrimônio da Entidade, relativas a um determinado período e com o emprego de quaisquer procedimentos

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técnicos. É o fundamento daquilo e com o emprego de quaisquer procedimentos técnicos. É o fundamento daquilo que muitos sistemas de normas denominam de “representação fiel” pela informação, ou seja, que esta espelhe com precisão e objetividade as transações e ventos a que concerne. Tal tributo é, outrossim, exigível, em qualquer circunstancia, a começar sempre nos registros contábeis, embora as normas tendem a enfatiza-los nas demonstrações contábeis.

O principio da Oportunidade deve ser observado, como já dito, sempre que haja variação patrimonial, cujas origens principais são, de forma geral, as seguintes:

A. transações realizadas com outras Entidades, formalizadas mediante acordo de vontades, independentemente da forma ou da documentação de suporte, como compra ou venda de bens e serviços;

B. eventos de origem externa, de ocorrência alheia à vontade da administração, mas com efeitos sobre o Patrimônio, como modificações nas taxas de câmbio, quebras de clientes, efeitos de catástrofes naturais, etc.

C. movimentos internos que modificam predominantemente a estrutura qualitativas do Patrimônio, como as transformação de materiais em produtos semifabricados ou destes em produtos prontos, mas também a estrutura quantitativo-qualitativa, como na sucatagem de bens inservíveis.

O Principio da Oportunidade abarca dois aspectos distintos, mas complementares: a integridade ( necessidade de as variações serem reconhecidas na sua totalidade, isto é, sem qualquer falta ou excesso) e a tempestividade (obriga a que as variações sejam registradas no momento em que ocorrem).

O Princípio do Registro pelo Valor Original- os componentes do Patrimônio devem ser registrados pelos valores originais das transações com o mundo exterior, expressos a valor presente na moeda do país, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores, inclusive quando configurarem agregações ou decomposições no interior da entidade.

O principio do Registro pelo Valor Original ordena que os componentes do patrimônio tenham seu registro efetuado pelos valores ocorridos na data das transações havidas com o mundo exterior à Entidade, estabelecendo, pois, a viga mestra da avaliação patrimonial: a determinação do valor monetário de um componente do patrimônio.

O principio da Atualização Monetária - os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis através de ajustamento da expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

A atualização monetária não representa nova avaliação, mas, tão-somente, o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores, ou outros elementos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em dado período.

O Principio da Atualização Monetária existe em função do fato de que a moeda – embora universalmente aceita como medida de valor- não representa unidade constante de poder aquisitivo. Por conseqüência, sua expressão formal deve ser ajustada, a fim de que permaneçam substantivamente corretos- isto é, segundo as transações originais- os valores dos componentes patrimoniais e, via de decorrência, o Patrimônio Liquido. Como se observa , o Principio em causa constitui seguimento lógico daquele do Registro pelo Valor Original,pois preceitua o ajuste formal dos valores fixados segundo este, buscando a manutenção da substância original, sem que isso implique qualquer modalidade de reavaliação.

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O Principio da Competência - as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.

O Princípio da Competência determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido estabelecendo diretrizes para classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Principio da Oportunidade.O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.

As receitas consideram-se realizadas:

a. Nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumiremcompromisso firme de efetiva-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente pertencentes à Entidade, quer pela fruição de serviços por esta prestados; b. Quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem odesaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior; c. Pela geração natural de novos ativos, independentemente da intervenção de terceiros;d. No recebimento efetivo de doações e subvenções.

As despesas consideram-se incorridas:

a. quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedadepara terceiros; b. pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;c. pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

O Principio da Prudência - Também conhecido como Conservadorismo, determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo, sempre que se apresentarem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio liquido.

O principio da prudência impõe a escolha da hipótese de que resulte menor Patrimônio Liquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios Fundamentais da Contabilidade.

A aplicação do Principio da Prudência ganha ênfase quando, para definição dos valores relativos às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvem incertezas de grau variável.

A aplicação do Principio da Prudência- de forma a obter-se o menor Patrimônio Liquido, dentre aqueles possíveis diante de procedimentos alternativos de avaliação está restrita às variações patrimoniais posteriores às transações originais com o mundo exterior, uma vez que estas deverão decorrer de consenso com os agentes econômicos externos ou da imposição destes. Esta é a razão pela qual a aplicação do Principio da Prudência ocorrerá concomitantemente com o Principio da Competência.

2. PATRIMÔNIO

2.1. CONCEITO CONTÁBIL E COMPONENTES PATRIMONIAIS

PATRIMÔNIO: É O CONJUNTO DE BENS, DIREITOS E OBRIGAÇÕES.

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BENS: tudo que pode ser avaliado economicamente e que satisfaça as necessidades humanas; Tangíveis: têm existência física, existe como coisa ou objeto. Ex. Dinheiro, mercadoria p/ revenda, imóveis, máquinas, veículos, móveis, equipamentos, etc. Intangíveis: Exs.: Marcas e patentes, ações ou Quotas de Capital. DIREITOS : são bens de nossa propriedade que se encontram em poder de terceiros. (valores a receber). Ex.: duplicatas a receber, títulos a receber, notas promissórias a receber, aluguéis a receber, clientes, dinheiro em banco, aplicações financeiras, etc.

OBRIGAÇÕES: são bens de propriedade de terceiros que se encontram em nosso poder. (valores a pagar). Ex.: duplicatas a pagar, títulos a pagar, notas promissórias a pagar, aluguéis a pagar, fornecedores, impostos a recolher, etc.

2.2. ITENS PATRIMONIAIS

ATIVO: conjunto de bens e direitos (parte positiva). Chamado de Patrimônio Bruto PASSIVO: conjunto de obrigações (parte negativa). Também chamado de Capital de Terceiros ou Passivo Exigível.

PATRIMÔNIO LÍQUIDO : diferença entre o Ativo e o Passivo. Representa as obrigações da entidade para com os sócios ou acionistas. É a parte do Patrimônio que vai medir ou avaliar a situação ou condição da entidade; é chamado, também, de Passivo não exigível ou Situação Líquida.

2.3. EQUAÇÃO PATRIMONIAL E SUAS VARIAÇÕES

PATRIMÔNIO LÍQUIDO = ATIVO - PASSIVO

Situações Patrimoniais

a) ATIVO > PASSIVO

� Patrimônio Líquido é POSITIVO / SUPERAVITÁRIO � Situação Favorável � PL + ou SL + � Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) excedem o valor das obrigações com terceiros (Passivo Exigível)

b) ATIVO < PASSIVO

� Patrimônio Líquido é NEGATIVO / DEFICITÁRIO � Situação Desfavorável � PL (-) ou SL (-) ou Passivo a Descoberto � Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) forem menores que as obrigações com terceiros (Passivo Exigível)

c) ATIVO = PASSIVO � Patrimônio Líquido é NULO / EQUILIBRADO

� Situação NULA , Equilíbrio Aparente � A = PE, logo PL = 0 � Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) forem iguais às obrigações com terceiros (Passivo Exigível); nessa hipótese o patrimônio líquido será nulo.

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d) ATIVO = PATRIMÔNIO LÍQUIDO� Situação Plena ou Propriedade Total � A = PL, logo PE = 0 � Ocorre quando os bens e direitos (Ativo) forem iguais ao patrimônio líquido, nessa hipótese, as obrigações com terceiros (Passivo Exigível) serão nulas.

e) PASSIVO EXIGÍVEL = PATRIMÔNIO LÍQUIDO

� Situação de Inexistência de Ativos � PE = ( PL ) , logo A = 0 � Ocorre quando as obrigações com terceiros (Passivo Exigível) for igual ao patrimônio líquido negativo; nessa hipótese, o ativo será nulo.

2.4. REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS ESTADOS PATRIMONIAIS

Na representação gráfica apresentada temos, de um lado, os Bens e os Direitos, que formam o grupo dos ELEMENTOS POSITIVOS; e, do outro lado, as Obrigações, que formam o grupo dos ELEMENTOS NEGATIVOS.

� Na maioria das empresas comerciais, o Ativo suplanta o Passivo Exigível (obrigações). Assim, a representação mais comum do patrimônio de uma empresa comercial assume a forma:

Ativo = Passivo Exigível + Patrimônio Líquido

3. CONCEITOS DE CAPITAL

CAPITAL SOCIAL - é a obrigação da empresa para com os sócios originária da entrega de recursos para a formação do capital da entidade. Corresponde ao patrimônio líquido (PL) CAPITAL PRÓPRIO - são os recursos originários dos sócios ou acionistas da entidade ou decorrentes de suas operações sociais.

CAPITAL DE TERCEIROS - representam recursos originários de terceiros utilizados para a aquisição de ativos de propriedade da entidade. Corresponde ao passivo exigível (PE)

DIFERENÇA ENTRE CAPITAL E PATRIMÔNIO

CAPITAL: é o conjunto de elementos que o proprietário da empresa possui para iniciar suas atividades. Ex.: Ph Formulários Contínuos subscreve em dinheiro um capital der 1.000. Logo, esses 1.000 em dinheiro constituem o seu

4. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL

4.1. CONCEITO DE DÉBITO E CRÉDITO

Na terminologia contábil, essa palavra tem vários significados, os quais raramente correspondem aos da linguagem comum. Enquanto não se conscientizar disso, dificilmente aceitará que débito pode representar elementos positivos, o que prejudica sensivelmente a aprendizagem. Portanto, muito cuidado com a terminologia. Na terminologia contábil, a

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palavra crédito também possui vários significados. As mesmas observações que fizemos para a palavra débito aplicam-se à palavra crédito. Portanto é importante memorizar:

4.2. CONTAS CONTÁBEIS: SUA NATUREZA E SUA MOVIMENTAÇÃO

Mecanismo de Débito e Crédito

Contas NATUREZA Aumentos Diminuições

4.3 PLANO DE CONTAS:

É constituído pelo conjunto de normas e procedimentos sobre a utilização das contas integrantes do sistema contábil da entidade. O Plano de Contas é composto pelas seguintes partes: Elenco das contas, Codificação das Contas, Função das Contas e Funcionamento das Contas.

LEI Nº 11.638, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2007.

Altera e revoga dispositivos da Lei . 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras.

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OPRESIDENTEDAREPÚBLICA: Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1 o Os arts. 176 a 179, 181 a 184, 187, 188, 197, 199, 226 e 248 da Lei . 6.404, de 15 de dezembro de

1976, passam a vigorar com a seguinte redação: “Art. 176................................................................................................................................ IV – demonstração dos fluxos de caixa; e V – se companhia aberta, demonstração do valor adicionado § 6º A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhõesde reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa.” (NR) “Art. 177.................................................................................................................................. § 2º As disposições da lei tributária ou de legislação especial sobre atividade que constitui o objeto da companhiaque conduzam à utilização de métodos ou critérios contábeis diferentes ou à elaboração de outras demonstrações não elidem a obrigação de elaborar, para todos os fins desta Lei, demonstrações financeiras em consonância com o disposto no caput deste artigo e deverão ser alternativamente observadas mediante registro:I – em livros auxiliares, sem modificação da escrituração mercantil; ou II – no caso da elaboração das demonstrações para fins tributários, na escrituração mercantil, desde que sejam efetuados em seguida lançamentos contábeis adicionais que assegurem a preparação e a divulgação de demonstrações financeiras com observância do disposto no caput deste artigo, devendo ser essas demonstrações auditadas por auditor independente registrado na Comissão de Valores Mobiliários. ....................................................................... § 5º As normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários a que se refere o § 3o deste artigo deverão serelaboradas em consonância com os padrões internacionais de contabilidade adotados nos principais mercados de valores mobiliários. § 6o As companhias fechadas poderão optar por observar as normas sobre demonstrações financeiras expedidaspela Comissão de Valores Mobiliários para as companhias abertas. § 7o Os lançamentos de ajuste efetuados exclusivamente para harmonização de normas contábeis, nos termos do§ 2o deste artigo, e as demonstrações e apurações com eles elaboradas não poderão ser base de incidência deimpostos e contribuições nem ter quaisquer outros efeitos tributários.” (NR) “Art. 178.......................................................... § 1o.......................................................................................................................................c) ativo permanente, dividido em investimentos, imobilizado, intangível e diferido.§ 2o.......................................................................................................................................d) patrimônio líquido, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservasde lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados........................................................................” (NR) “Art. 179................................................................................................................................ IV – no ativo imobilizado: os direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e controle desses bens; V – no diferido: as despesas pré-operacionais e os gastos de reestruturação que contribuirão, efetivamente, para o aumento do resultado de mais de um exercício social e que não configurem tão-somente uma redução de custos ou acréscimo na eficiência operacional; VI – no intangível: os direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido.................................................” (NR) “(VETADO) Art. 181. (VETADO)” “Patrimônio Líquido Art. 182........................................................... § 1o.......................................................................................................................................c) (revogada);d) (revogada)........................................................................§ 3º Serão classificadas como ajustes de avaliação patrimonial, enquanto não computadas no resultado doexercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuído a elementos do ativo (§ 5o do art. 177, inciso I do caput do art. 183 e § 3o do art. 226 desta Lei) e do passivo, em decorrência da sua avaliação a preço de mercado........................................................................” (NR) “Critérios de Avaliação do Ativo Art. 183............................................................ I - as aplicações em instrumentos financeiros, inclusive derivativos, e em direitos e títulos de créditos, classificados no ativo circulante ou no realizável a longo prazo: a) pelo seu valor de mercado ou valor equivalente, quando se tratar de aplicações destinadas à negociação oudisponíveis para venda; e

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b) pelo valor de custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais,ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior, no caso das demais aplicações e os direitos e títulos de crédito; VII – os direitos classificados no intangível, pelo custo incorrido na aquisição deduzido do saldo da respectiva conta de amortização; VIII – os elementos do ativo decorrentes de operações de longo prazo serão ajustados a valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante. § 1o........................................................................................................................................d) dos instrumentos financeiros, o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação nãocompulsória realizada entre partes independentes; e, na ausência de um mercado ativo para um determinado instrumento financeiro: 1) o valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares; 2) o valor presente líquido dos fluxos de caixa futuros para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; ou 3) o valor obtido por meio de modelos matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros. § 2o A diminuição do valor dos elementos dos ativos imobilizado, intangível e diferido será registradaperiodicamente nas contas de: § 3º A companhia deverá efetuar, periodicamente, análise sobre a recuperação dos valores registrados noimobilizado, no intangível e no diferido, a fim de que sejam: I – registradas as perdas de valor do capital aplicado quando houver decisão de interromper os empreendimentos ou atividades a que se destinavam ou quando comprovado que não poderão produzir resultados suficientes para recuperação desse valor; ou II – revisados e ajustados os critérios utilizados para determinação da vida útil econômica estimada e para cálculo da depreciação, exaustão e amortização........................................................................” (NR) “Critérios de Avaliação do Passivo Art. 184................................................................................................................................... III – as obrigações, encargos e riscos classificados no passivo exigível a longo prazo serão ajustados ao seu valor presente, sendo os demais ajustados quando houver efeito relevante.” (NR) “Demonstração do Resultado do Exercício Art. 187................................................................................................................................... VI – as participações de debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; § 2º (Revogado).” (NR)“Demonstrações dos Fluxos de Caixa e do Valor Adicionado Art. 188. As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 desta Lei indicarão, no mínimo: I – demonstração dos fluxos de caixa – as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: a) das operações;b) dos financiamentos; ec) dos investimentos;II – demonstração do valor adicionado – o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, tais como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída................................................................... ”(NR) “Reserva de Lucros a Realizar Art. 197............................................................ § 1o.......................................................................................................................................II – o lucro, rendimento ou ganho líquidos em operações ou contabilização de ativo e passivo pelo valor de mercado, cujo prazo de realização financeira ocorra após o término do exercício social seguinte..............................” (NR) “Limite do Saldo das Reservas de Lucro Art. 199. O saldo das reservas de lucros, exceto as para contingências, de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá ultrapassar o capital social. Atingindo esse limite, a assembléia deliberará sobre aplicação do excesso na integralização ou no aumento do capital social ou na distribuição de dividendos.” (NR) “Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão Art. 226................................................................................................................................... § 3º Nas operações referidas no caput deste artigo, realizadas entre partes independentes e vinculadas à efetivatransferência de controle, os ativos e passivos da sociedade a ser incorporada ou decorrente de fusão ou cisão serão contabilizados pelo seu valor de mercado.” (NR)

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“Avaliação do Investimento em Coligadas e Controladas Art. 248. No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas sobre cuja administração tenha influência significativa, ou de que participe com 20% (vinte por cento) ou mais do capital votante, em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas:...............................................” (NR)

Art. 2 o A Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 195-A: “Reserva de Incentivos Fiscais Art. 195-A. A assembléia geral poderá, por proposta dos órgãos de administração, destinar para a reserva de incentivos fiscais a parcela do lucro líquido decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos, que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório (inciso I do caput do art. 202 desta Lei).” Demonstrações Financeiras de Sociedades de Grande Porte

Art. 3 o Aplicam-se às sociedades de grande porte, ainda que não constituídas sob a forma de sociedades por ações, as disposições da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, sobre escrituração e elaboração de demonstrações financeiras e a obrigatoriedade de auditoria independente por auditor registrado na Comissão de Valores Mobiliários.

Parágrafo único. Considera-se de grande porte, para os fins exclusivos desta Lei, a sociedade ou conjunto de sociedades sob controle comum que tiver, no exercício social anterior, ativo total superior a R$ 240.000.000,00 (duzentos e quarenta milhões de reais) ou receita bruta anual superior a R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais).

Art. 4 o As normas de que tratam os incisos I, II e IV do § 1º do art. 22 da Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, poderão ser especificadas por categorias de companhias abertas e demais emissores de valores mobiliários em função do seu porte e das espécies e classes dos valores mobiliários por eles emitidos e negociados no mercado.

Art. 5 o A Lei 6.385, de 7 de dezembro de 1976, passa a vigorar acrescida do seguinte art. 10-A: “Art. 10-A. A Comissão de Valores Mobiliários, o Banco Central do Brasil e demais órgãos e agências

reguladoras poderão celebrar convênio com entidade que tenha por objeto o estudo e a divulgação de princípios, normas e padrões de contabilidade e de auditoria, podendo, no exercício de suas atribuições regulamentares, adotar, no todo ou em parte, os pronunciamentos e demais orientações técnicas emitidas. Parágrafo único. A entidade referida no caput deste artigo deverá ser majoritariamente composta por contadores, dela fazendo parte, paritariamente, representantes de entidades representativas de sociedades submetidas ao regime de elaboração de demonstrações financeiras previstas nesta Lei, de sociedades que auditam e analisam as demonstrações financeiras, do órgão federal de fiscalização do exercício da profissão contábil e de universidade ou instituto de pesquisa com reconhecida atuação na área contábil e de mercado de capitais.”

Art. 6 o Os saldos existentes nas reservas de reavaliação deverão ser mantidos até a sua efetiva realização ou estornados até o final do exercício social em que esta Lei entrar em vigor.

Art. 7 o As demonstrações referidas nos incisos IV e V do caput do art. 176 da Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976, poderão ser divulgadas, no primeiro ano de vigência desta Lei, sem a indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior.

Art. 8 o Os textos consolidados das Leis nºs 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e 6.385, de 7 de dezembro de 1976, com todas as alterações nelas introduzidas pela legislação posterior, inclusive esta Lei, serão publicados no Diário Oficial da União pelo Poder Executivo.

Art. 9 o Esta Lei entra em vigor no primeiro dia do exercício seguinte ao de sua publicação. Art. 10. Ficam revogadas as alíneas c e d do § 1o do art. 182 e o § 2º do art. 187 da Lei 6.404, de 15 de

dezembro de 1976. Brasília, 28 de dezembro de 2007; 186o da Independência e 119o da República.

LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Arno Hugo Augustin Filho

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Resolução CFC 1.157, de 13.02.2009 - – DOU de 17.02.2009

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 11.638/07 E MP 449/08

As principais alterações promovidas pela Lei nº. 11.638-07 e MP nº. 449-08, que trouxeram impacto nos procedimentos e práticas contábeis, podem ser assim resumidas: a) Classificação do Ativo e do Passivo em “Circulante” e “Não Circulante”;b) Extinção do grupo Ativo Permanente;c) Restrição ao longo do exercício de 2008 e extinção, na data de 5-12-08, do subgrupo “Ativo Diferido”;d) Criação do subgrupo “Intangível” no grupo do Ativo Não Circulante;e) Proibição da prática da reavaliação espontânea de ativos;f) Aplicação, ao final de cada exercício social, do teste de recuperabilidade dos ativos (teste de impairment);g) Registro, em contas de ativo e passivo, dos contratos de arrendamento mercantil financeiro (leasing);h) Extinção do grupo Resultados de Exercícios Futuros;i) Criação, no Patrimônio Líquido, da conta de “Ajustes de Avaliação Patrimonial”;j) Destinação do saldo de Lucros Acumulados;k) Alteração da sistemática de contabilização das doações e subvenções fiscais,anteriormente contabilizadas em conta de Reserva de Capital; l) Alteração da sistemática de contabilização dos prêmios nas emissões de debêntures, anteriormente contabilizados emconta de Reserva de Capital; m) Extinção da classificação das Receitas e Despesas em Operacionais e Não-Operacionais;n) Substituição da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) pela Demonstração dos Fluxos de Caixa(DFC) no conjunto das Demonstrações Contábeis obrigatórias; o) Obrigatoriedade da elaboração da Demonstração do Valor Adicionado (DVA) pelas Companhias Abertas;p) Criação do Regime Tributário de Transição (RTT);q) Implantação da apuração do Ajuste a Valor Presente de elementos do ativo e do passivo.

4.4 PRINCIPAIS ALTERAÇÕES

4.5 - MONTANDO UM PLANO DE CONTAS

4.5.1 - Objetivos do Plano de Contas

Seu principal objetivo é estabelecer normas de conduta para o registro das operações da organização e, na sua montagem, devem ser levados em conta três objetivos fundamentais:

a) atender às necessidades de informação da administração da empresa;

b) observar formato compatível com os princípios de contabilidade e com a norma legal deelaboração do balanço patrimonial e das demais demonstrações contábeis (Lei 6.404/76, a chamada "Lei das S/A”);

c) adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos, principalmente às dalegislação do Imposto de Renda.

4.5.2 Elenco de contas e correspondente conjunto de normas

O Plano de Contas, genericamente tido como um simples elenco de contas, constituí na verdade um conjunto de normas do qual deve fazer parte, ainda, a descrição do funcionamento de cada conta - o chamado "Manual de Contas", que contém comentários e indicações gerais sobre a aplicação e o uso de cada uma das contas (para que serve, o que deve conter e outras informações sobre critérios gerais de contabilização).

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4.5.3 Contas do balanço patrimonial

A empresa deve manter escrituração contábil com base na legislação comercial e com observância das Normas Brasileiras de Contabilidade.

O balanço patrimonial é uma das demonstrações contábeis que visa a evidenciar, de forma sintética, a situação patrimonial da empresa e dos atos e fatos consignados na escrituração contábil.

ATIVO PASSIVO

CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO INVESTIMENTOS IMOBILIZADO INTANGÍVEL

CIRCULANTE NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Como exemplo, temos a conta "Caixa", que registrará o dinheiro em espécie (papel-moeda) disponível na tesouraria da empresa. Trata-se de uma conta do Ativo Circulante, subgrupo Disponibilidades.

Nível 1:

Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido, Receitas, Custos e Despesas.

Nível 2:

Ativo: Circulante, Não Circulante / Passivo e Patrimônio Líquido: Circulante, Não Circulante e Patrimônio Líquido. / Receitas: Receita Bruta, Deduções da Receita Bruta, Outras Receitas Operacionais / Custos e Despesas Operacionais.

Nível 3: Contas que evidenciem os grupos a que se referem, como por exemplo:

Nível 1 - Ativo Nível 2 - Ativo Circulante Nível 3 - Bancos Conta Movimento

Nível 4: Sub-contas que evidenciem o tipo de registro contabilizado, como por exemplo:

Nível 1 - Ativo Nível 2 - Ativo Circulante Nível 3 - Bancos Conta Movimento Nível 4 - Banco A Nível 5 – Banco A

Abaixo, segue um exemplo bem simples de uma estrutura de plano de contas em 4 níveis, segundo a lei 11.639/07:

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1 ATIVO

1.1 ATIVO CIRCULANTE 1.1.1 Caixa 1.1.1.01 Caixa Geral 1.1.2 Bancos C/Movimento 1.1.2.01 Banco Alfa 1.1.3 Contas a Receber 1.1.3.01 Clientes 1.1.3.02 Outras Contas a Receber 1.1.3.09(-) Duplicatas Descontadas 1.1.4 Estoques 1.1.4.01 Mercadorias 1.1.4.02 Produtos Acabados 1.1.4.03 Insumos 1.1.4.04 Outros

1.2 NÃO CIRCULANTE 1.2.1 Contas a Receber 1.2.1.01 Clientes 1.2.1.02 Outras Contas 1.2.2 INVESTIMENTOS 1.2.2.01 Participações Societárias 1.2.3 IMOBILIZADO 1.2.3.01 Terrenos 1.2.3.02 Construções e Benfeitorias 1.2.3.03 Máquinas e Ferramentas 1.2.3.04 Veículos 1.2.3.05 Móveis 1.2.3.98 (-) Depreciação Acumulada 1.2.3.99 (-) Amortização Acumulada 1.2.4 INTANGÍVEL 1.2.4.01 Marcas 1.2.4.02 Softwares 1.2.4.99 (-) Amortização Acumulada

2 PASSIVO

2.1 CIRCULANTE 2.1.1 Impostos e Contribuições a Recolher 2.1.1.01 Simples a Recolher 2.1.1.02 INSS 2.1.1.03 FGTS 2.1.2 Contas a Pagar 2.1.2.01 Fornecedores 2.1.2.02 Outras Contas 2.1.3 Empréstimos Bancários 2.1.3.01 Banco A - Operação X

2.2 NÃO CIRCULANTE

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2.2.1 Empréstimos Bancários 2.2.1.01 Banco A - Operação X

2.3 PATRIMÔNIO LÍQUIDO 2.3.1 Capital Social 2.3.2.01 Capital Social Subscrito 2.3.2.02 Capital Social a Realizar 2.3.2. Reservas 2.3.2.01 Reservas de Capital 2.3.2.02 Reservas de Lucros 2.3.3 Prejuízos Acumulados 2.3.3.01 Prejuízos Acumulados de Exercícios Anteriores 2.3.3.02 Prejuízos do Exercício Atual

3 CUSTOS E DESPESAS

3.1 Custos dos Produtos Vendidos 3.1.1 Custos dos Materiais 3.1.1.01 Custos dos Materiais Aplicados 3.1.2 Custos da Mão-de-Obra 3.1.2.01 Salários 3.1.2.02 Encargos Sociais

3.2 Custo das Mercadorias Vendidas 3.2.1 Custo das Mercadorias 3.2.1.01 Custo das Mercadorias Vendidas

3.3 Custo dos Serviços Prestados 3.3.1 Custo dos Serviços 3.3.1.01 Materiais Aplicados 3.3.1.02 Mão-de-Obra 3.3.1.03 Encargos Sociais

3.4 Despesas Operacionais 3.4.1 Despesas Gerais 3. 4.1.01 Mão-de-Obra3.4.1.02 Encargos Sociais 3.4.1.03 Aluguéis

3.5 Perdas de Capital 3.5.1 Baixa de Bens do Ativo Não Circulante 3.5.1.01 Custos de Alienação de Investimentos 3.5.1.02 Custos de Alienação do Imobilizado

4 RECEITAS

4.1 Receita Líquida 4.1.1 Receita Bruta de Vendas 4.1.1.01 De Mercadorias 4.1.1.02 De Produtos

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4.1.1.03 De Serviços Prestados 4.1.2 Deduções da Receita Bruta 4.1.2.01 Devoluções 4.1.2.02 Serviços Cancelados

4.2 Outras Receitas Operacionais 4.2.1 Vendas de Ativos Não Circulantes 4.2.1.01 Receitas de Alienação de Investimentos 4.2.1.02 Receitas de Alienação do Imobilizado

BALANCO PATRIMONIAL NAS NOVAS NORMAS

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DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

EMPRESA xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx DATA: 31/12/XX

4.6 ANALISE FINANCEIRAS

4.6.1 - INDICES DE LIQUIDEZ

RECEITA OPERACIONAL BRUTA/FATURAMENTO BRUTO vendas/serviços (-) DEDUÇÕES E ABATIMENTOS vendas canceladas/devolução de vendas icms sobre vendas pis sobre faturamento cofins sobre faturamento descontos incondicionais concedidos (=) RECEITA OPERACIONAL LIQUIDA (-) CUSTOS .CPV; CMV, CSP, outras (=) RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (LUCRO/PREJUÍZO BRUTO/RCM) (-) DESPESAS OPERACIONAIS .vendas comissões do vendedor; Fretes sobre vendas propaganda e publicidade ..outras contas.. .administrativas despesas com água despesas salariais despesas de depreciação ..outras contas.. .resultado financeiro liquido (+)despesas financeiras (-)receitas financeiras .outras despesas operacionais amortização de ágio de investimentos resultado negativo em participações societárias ..outras contas.. (+) OUTRAS RECEITAS OPERACIONAIS resultado positivo em participações societárias reversão de provisões receitas de aluguéis .....outras contas.... (=) RESULTADO OPERACIONAL LIQUIDO (+/-) RESULTADO NÃO OPERACIONAL receitas de vendas do ativo permanente (-) custo contábil dos bens do ativo permanente (=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL (-) CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LIQUIDO (=) RESULTADO DO EXERCÍCIO ANTES DO IMPOSTO DE RENDA (-) PROVISÃO DO IMPOSTO DE RENDA (=) RESULTADO DO EXERCÍCIO DEPOIS DO IR (-) PARTICIPAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES (, empregados, administradores outros) (=) RESULTADO LIQUIDO DO EXERCÍCIO (LUCRO OU PREJUIZO LIQUIDO

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Evidenciam a capacidade de pagamento da empresa em decorrência da existência ou não de solidez financeira que garanta o pagamento de compromissos assumidos a longo ou curto prazo ou prazo imediato. São calculados com base em valores extraídos do Balanço Patrimonial.

Como avaliam a capacidade de pagamento, alguns autores utilizam o seguinte jargão quanto a interpretação destes quocientes: Quanto maior, melhor.

4.6.1.1 - LIQUIDEZ IMEDIATA ou INSTÂNTANEA

Fórmula: Disponibilidades / Passivo Circulante

Revela a capacidade pagamento da empresa para saldar seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto a empresa possui de dinheiro em caixa, bancos e aplicações de liquidez imediata para cada um real de Passivo Circulante.

Limitações da Liquidez Imediata

* Faz relação entre valores imediatamente disponíveis com obrigações vencíveis até o finaldos próximos doze meses; *Apesar das empresas terem certos limites de valores a integrarem o disponível um altoíndice na liquidez imediata demonstra falta de planejamento financeiro.

4.6.1.2 – LIQUIDEZ CORRENTE ou COMUM

Fórmula: AtivoCirculante / Passivo Circulante

Revela a capacidade financeira da empresa para cumprir os seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto a empresa tem de Ativo Circulante para cada um real de Passivo Circulante.

Limitações da Liquidez Corrente

* Não revela a composição dos itens do Ativo Circulante e nem a qualidade dos mesmos;* Não evidencia a sincronização entre recebimentos e pagamentos;

4.6.1.3– LIQUIDEZ SECA

Fórmula: Ativo Circulante – Estoques / Passivo Circulante

Considerando que os estoques dependem de diversos fatores para sua venda (a vista ou a prazo) inclusive imprevistos, este quociente revela a capacidade da empresa para cumprir os seus compromissos de curto prazo, isto é, quanto a empresa tem de Ativo Circulante sem utilização de seus estoques para cada um real de Passivo Circulante.

4.6.1.4 – LIQUIDEZ GERAL

Fórmula: Ativo Circulante+ Ativo Realizável a Longo Prazo / Passivo Circulante+Passivo Exigível a Longo Prazo*

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* Exigível Total

Evidencia se os recursos financeiros aplicados no Ativo Circulante e no Ativo Realizável a Longo Prazo são suficientes para cobrir as obrigações totais (Passivo Circulante e Exigível a Longo Prazo).

Limitações da Liquidez Geral

* Assim como a Liquidez Corrente não revela a composição dos itens do AtivoCirculante e Realizável a Longo Prazo e nem a qualidade dos mesmos;

* As divergências na sincronização entre recebimentos e pagamentos tendem aaumentar, em função de que neste índice consideramos também o longo prazo;

4.7 - ESTRUTURA DE CAPITAL

Os quocientes de estrutura de capitais servem para evidenciar o grau de endividamento da empresa em decorrência das origens dos capitais investidos no patrimônio. Eles mostram a proporção existente entre os Capitais próprios e os Capitais de Terceiros, quais obrigações tem suas datas de vencimentos em maior parte (curto ou longo prazo),sendo calculados com base em valores extraídos do Balanço Patrimonial.

As obrigações com terceiros decorrem basicamente de: * Dívidas de funcionamento: fornecedores, salários a pagar, impostos a pagar, outras

contas a pagar (aluguéis, luz, água, seguros,etc); * Dívidas para aplicações no Ativo: decorrentes da necessidade de ampliação, expansão,

modernização. Apesar de serem elevadas geram aplicações que deverão gerar recursos futuros ajudando

a saldar os compromissos assumidos; * Refinanciamento de dívidas: empréstimos e financiamentos sucessivos por dificuldade

de geração de recursos para liquidação das obrigações. Como avaliam a relação entre os capitais investidos na empresa alguns autores utilizam

o seguinte jargão quanto à interpretação destes quocientes: Quanto menor, melhor.

4.7.1 – PARTICIPAÇÃO DE CAPITAIS DE TERCEIROS

Revela qual a proporção existente entre Capital de Terceiros e o Capital próprio, isto é, quanto a empresa utiliza de Capital de Terceiros para cada um real de Capital Próprio, retratando a dependência da empresa em relação aos recursos externos.

Fórmula: Exigível Total* / Patrimônio Líquido

* Exigível Total= Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo

Do ponto de vista estritamente financeiro, quanto maior a relação Capital de Terceiros/ Patrimônio Líquido, menor a liberdade de decisão financeira da empresa, ou maior a dependência a esses Terceiros.

Do ponto de vista de obtenção de lucro, pode ser vantajoso para a empresa trabalhar com capitais de terceiros, desde que a remuneração para esses capitais de terceiros seja inferior ao lucro obtido com sua aplicação nos negócios.

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Portanto, sempre que se aborda o índice de participação de Capitais de Terceiros, está se fazendo análise exclusivamente do ponto de vista financeiro, ou seja, do risco de insolvência e não em relação ao lucro ou Prejuízo.

4.7.2 - GARANTIA DO CAPITAL PRÓPRIO AO CAPITAL DE TERCEIROS

Fórmula: Patrimônio Líquido / Exigível Total Revela qual a proporção do Capital próprio em relação ao Capital de Terceiros.

4.7.3 - COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO

Este índice tem por objetivo evidenciar a composição da dívida em curto e longo prazo em relação às obrigações totais possibilitando uma análise da composição da dívida, pois: *Endividamento a curto prazo normalmente é utilizado para financiar o curto prazo;* Endividamento a longo prazo geralmente é utilizado para financiar o Ativo Permanente.

C.E. = Passivo Circulante / Exigível Total

A proporção favorável geralmente é a de maior montante das obrigações de longo prazo, propiciando a empresa um tempo maior para geração de recursos. Se a composição do endividamento for maior a curto prazo dependendo da situação do mercado se houver reversão ou retração a empresa poderá não conseguir gerar recursos em tempo hábil para liquidação da obrigações gerando acréscimos financeiros e negociações com credores. Geralmente empréstimos de curto prazo são mais onerosos do que os de longo prazo.

4.7.4 – IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Este quociente demonstra quanto do Patrimônio Líquido a empresa aplicou no Ativo Permanente. I.P.L. Ativo Permanente / Patrimônio Líquido

Os principais pontos a serem observados em relação ao índice de imobilização segundo Silva (2004:292):

* De que formas ocorreram variações no Patrimônio Líquido no período;* Ocorrência de reavaliação de ativos;* A participação de cada um dos componentes no Ativo Permanente;* É importante conhecer a idade dos bens, o grau de modernização, a localização das unidadesfabris e o critério de depreciação.

4.7.5 – IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO-CORRENTES

Revela a proporção existente entre o Ativo Permanente e os Recursos Não Correntes, isto é, quanto a empresa investiu no Ativo Permanente para cada um real de Patrimônio Líquido mais Exigível a Longo Prazo.

Fórmula: Ativo Permanente / Patrimônio Líquido + Passivo Exigível a Longo Prazo

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Servem para medir a capacidade econômica da empresa, isto é, evidenciam o grau de êxito econômico obtido pelo capital investido na empresa. São calculados com base em valores extraídos da Demonstração do Resultado do Exercício e do Balanço Patrimonial.

4.8 – GIRO DO ATIVO

Este quociente evidencia a proporção existente entre o volume das vendas e os investimentos totais efetuados na empresa, isto é, quanto a empresa vendeu para cada um real de investimento total.

Fórmula: Vendas líquidas / Ativo Total

4.9 – MARGEM LÍQUIDA

Revela a margem de lucratividade obtida pela empresa em função do seu faturamento, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada um real de vendas líquidas.

Fórmula: Lucro Líquido / Vendas líquidas

4.10 – RENTABILIDADE DO ATIVO OU RETORNO DO INVESTIMENTO

Esse quociente evidencia o potencial de geração de lucros por parte da empresa, isto é, quanto a empresa obteve de lucro líquido para cada real de investimentos totais.

Fórmula: Lucro Líquido / Ativo Total

Através da regra de três, é possível identificarmos a quantidade de anos necessários para que haja o retorno do capital investido.

4.11 – RENTABILIDADE DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Esse quociente revela qual foi a taxa de rentabilidade obtida pelo Capital próprio investido na empresa, isto é, quanto a empresa auferiu de lucro líquido para cada real de capital próprio investido.

Fórmula: Lucro Líquido / PL

4.12 – TAXA DE RETORNO E MARGEM Versus GIRO

A Taxa de Retorno pode decompor-se em dois elementos que contribuem para a análise:

MARGEM LÍQUIDA E GIRO DO ATIVO

A margem líquida evidencia quantos centavos restaram de lucro líquido de cada um real de vendas.

O Giro do Ativo evidencia a eficiência com que a empresa utiliza seus Ativos na geração de receita.

A taxa de retorno do investimento pode ser obtida por meio da multiplicação da Margem de Lucro pelo Giro do Ativo. As empresas que ganham mais na margem, normalmente ganham no preço e as que ganham mais no giro, visam quantidade. A rentabilidade de uma

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empresa é obtida por meio de uma boa conjugação entre Preço e Quantidade, ou seja entre lucratividade e giro.

Margem Líquida X Giro do Ativo = TRI (Taxa de Retorno do Investimento)

4.13 - PRAZO MÉDIO DE RECEBIMENTO DAS VENDAS

Indica quantos dias, em média, a empresa leva para receber suas vendas. As vendas a prazo seguem uma política de crédito adotada pela empresa, que seja

adequada ao seu tipo de atividade, e que seja alinhada com os objetivos estratégicos do negócio.

Do ponto de vista de análise de risco, o prazo médio de recebimento das vendas é um indicador do tipo “quanto maior, pior”. Tão importante quanto o volume de duplicatas a receber é a qualidade das duplicatas, considerando o risco do crédito concedido.

P.M.R.V (anual) = Duplicatas a Receber x 360 / Vendas Líquidas + Impostos (utilizando esta fórmula a resposta encontra é em dias)

Análise Horizontal

A análise horizontal é obtida através de números-índices. Primeiramente é necessário estabelecer uma data-base. No exemplo utilizaremos o ano 20X1 como data-base que terá o valor índice 100. Para encontrarmos os valores dos próximos anos efetuamos a regra de três para cara ano, relacionado com a data-base. Para o ano 20X2 obtivemos o índice 173,0 (($397.900/$230.000)x100) e em 20X3 o índice 126,0 (($289.800/$230.000)x100).

Em outras palavras, as vendas líquidas cresceram 1,73 ou 73% e 1,26 ou 26% em 20X2 e 20X3, respectivamente, tomando como base os valores do ano 20X1. Com uma rápida análise podemos verificar que o aumento do lucro bruto no ano 20X2 (69%) não acompanhou o aumento das vendas (73%), denotando-se maior consumo dessas receitas pelos custos deprodução. Porém, no ano 20X3 ocorre a situaçao inversa, ocorrendo evolução proporcionalmente maior do lucro bruto em relação as receitas.

Importante ressaltar que os valores para análise horizontal devem estar convertidos em uma mesma moeda, de forma a apurar os resultados reais.

Há outra maneira mais simplificada de se calcular a análise horizontal, seria pegando o valor do último ano no caso dividindo pelo ano anterior a ele e do resultado subtrai-se 1 e depois multiplicaria por 100 tendo assim o valor desejado.

Análise Vertical

A análise vertical é um processo comparativo onde se extrai relacionamentos percentuais entre itens pertencentes a uma mesma demonstração financeira de um ano. A

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finalidade é dar uma idéia da representatividade de um item ou subgrupo de uma demonstração financeira relativamente a um determinado total ou subtotal tomado como base. Tomando como exemplo, obtemos os valores percentuais de cada item pelo ativo total que corresponde 100%:

No exemplo acima podemos verificar, a partir do ativo total da empresa, um descréscimo da participação relativa dos investimentos de curto prazo (Ativo circulante), que passaram a representar de 50% para 46% do ativo total em 20X2. De maneira inversa verificamos que aplicações de longo prazo (realizável e permanente) aumentaram suas participações relativas de um ano para o outro.

A análise vertical, apesar de poder ser utilizada para todas as Demonstrações Financeiras, ganha mais importância na utilização de Demonstração de Resultados (DRE), onde podemos expressar os vários itens em relação às vendas, brutas ou líquidas, e, dentro das despesas, representar cada uma delas em relação ao total de despesas.

4.13.1 - OBJETIVOS DA ANÁLISE VERTICAL/HORIZONTAL

Conforme Matarazzo, na Análise Vertical/Horizontal conjuntamente, destacam-se os seguintes objetivos:

a ) A estrutura do Ativo e Passivo, bem como suas modificações

O balanço evidencia os recursos tomados, financiamentos e as aplicações desses recursos – investimentos. A análise Vertical mostra, de um lado qual a composição detalhada dos recursos tomados pela empresas, qual a participação dos capitais próprios e de terceiros, qual o percentual de capitais de terceiros a curto e longo prazo, qual a participação de cada um dos itens de capitais de terceiros (fornecedores, bancos, etc ).

De outro lado a Análise Vertical mostra quanto por cento dos recursos totais foi destinado ao Ativo Circulante e quanto ao Ativo Permanente. Dentro do Ativo Circulante, a Análise Vertical mostra que percentagem de investimentos que foram destinadas a cada um dos itens principais, como estoques e Duplicatas a Receber. A comparação dos percentuais da Análise Vertical da empresa com os de concorrentes permite saber se a alocação dos recursos no Ativo é típica ou não para aquele ramo de atividade. A análise do percentual de cada item do Ativo permite detectar a política de investimento da empresa em relação a estoques, duplicatas, imobilizado, enquanto no Passivo permite visualizar a política financeira de obtenção de recursos.

A Análise Horizontal do Balanço mostra quais itens do Ativo a empresa vem dando ênfase na alocação de seus recursos e, comparativamente, de quais recursos adicionais se vem valendo. Por exemplo, a Análise Horizontal pode mostrar que a empresa investe prioritariamente em bens do Ativo Permanente, enquanto o principal incremento de recursos se verifica no Passivo Circulante; daí se conclui que a empresa tomou financiamento de curto prazo para investir no Ativo Permanente.

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b ) Analisar em detalhes o desempenho da empresa

A Análise Vertical atinge seu ponto máximo de utilidade quando aplicada à Demonstração do Resultado. Toda a atividade de uma empresa gira em torno das vendas. São elas que devem determinar o que a empresa pode consumir em cada item de despesa. Por isso, na Análise Vertical da Demonstração do Resultado, as Vendas Líquidas são igualadas a de Aplicação de Capitais, adotados pela empresa no período analisado, e assim termos condições de relatar a evolução patrimonial da empresa. Para os comentários deveremos procurar responder perguntas, tais como:

ANÁLISE HORIZONTAL

1. Qual o crescimento verificado no período?2. Esse crescimento foi sustentado por capital próprio, de terceiro ou ambos?3. Se com capitais de terceiros, quais? Fornecedores, Contas a Pagar, Financiamentos,Debêntures, Desconto de duplicatas (Curto ou Longo Prazo?). 4. Se com capital próprio, qual? Lucros, integralização em moeda ou reservas (Ágio Emissãode Ações, Ágio Debêntures, etc.) 5. Houve alteração de Capital? de que forma? Integralização em moeda ou incorporação dereservas? 6. Houve alteração no Patrimônio Líquido? qual a causa da alteração?

ANÁLISE VERTICAL

1. Onde estão aplicados os recursos no Ativo? Quais grupos? Quais subgrupos?2. Como é a estrutura de aplicação de capitais na empresa?3. Qual o crescimento das Vendas?4. O Resultado do Exercício cresceu tanto quanto às Vendas?5. Quais os itens da DRE que causaram redução da receita ou que contribuíram para amelhoria do resultado? 6. Qual o comportamento dos custos e das despesas?

4.14. MÉTODOS DE ESCRITURAÇÃO

MÉTODO DAS PARTIDAS DOBRADAS - é o método pelo qual cada débito efetuado em uma ou mais contas, deve corresponder um crédito em uma ou mais contas, de tal forma que o total debitado seja sempre igual ao total creditado. Escrituração: é o conjunto de lançamentos contábeis. A Escrituração completa é composta pelos lançamentos contábeis e pelas demonstrações financeiras elaboradas no encerramento de cada exercício social.

Função da Escrituração:

� Histórica = consiste no registro dos fatos na ordem cronológica (Livro Diário); � Sistêmica = consiste na organização dos elementos contábeis de acordo com sua natureza e valores respectivos (Livro Razão);

Processo de Escrituração:

� Pode ser manual, mecanizado ou por processamento de dados;

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� Todo lançamento deve estar apoiado em documentos hábeis e idôneos e adequados ao tipo de operação, Registro dos fatos no livro Diário; Transcrição dos registros para o livro Razão; Elaboração do Balancete de Verificação; � Apuração do Resultado e elaboração das demonstrações contábeis (Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício), transcrevendo-se estas demonstrações no livro Diário.

4.14.1. LANÇAMENTOS

Lançamento

Ex.: Compra de uma máquina a prazo , no dia 01/04, conforme NF nº 51, no valor de $ 400, emitida pela MARELA.

Rio de Janeiro, 01 de abril de Xo

Máquinas a Duplicatas a Pagar 400

Fórmulas de Lançamento

1ª Fórmula Simples – apenas uma conta é debitada e uma única conta é creditada.

2ª Fórmula Composta - apenas uma conta é debitada e mais de uma conta é creditada. 3ª Fórmula Composta - mais de uma conta é debitada e uma única conta é creditada. 4ª Fórmula Complexa - mais de uma conta é debitada e mais de uma conta é creditada.

4.15. PRINCIPAIS LIVROS CONTÁBEIS

Dos vários livros usados pelas empresas, vamos mencionar apenas os utilizados pela contabilização dos atos e fatos administrativos. Os principais livros utilizados pela Contabilidade são:

� Livro Diário � Livro Razão � Livro Caixa � Livro Contas-Correntes

4.15.1. LIVRO DIÁRIO

O Diário é um livro obrigatório pela legislação comercial. Por ser obrigatório, o Diário está sujeito às formalidades legais extrínsecas e intrínsecas.

Elementos Essenciais do Lançamento no Livro Diário

� 1º - local e data; � 2º - conta ou contas debitadas; � 3º - conta ou contas creditadas, precedida(s) da partícula “a”; � 4º - Histórico da operação; � 5º - valor da operação.

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4.15.2. Livro Razão

O Razão é um livro de grande utilidade para contabilidade porque registra o movimento de todas as contas. A escrituração do livro Razão passou a ser obrigatória a partir de 1991. Na Contabilidade moderna, o Razão é escriturado em fichas.

4.15.3. LIVRO CONTAS-CORRENTES

O Contas-Correntes é o livro auxiliar do Razão. Serve para controlar as contas que representam Direitos e Obrigações para a empresa.

4.15.4. LIVRO CAIXA

O livro Caixa também é auxiliar. Nele são registrados todos os fatos administrativos que envolvam entradas e saídas de dinheiro.

4.16 DEMONSTRATIVOS CONTABEIS

4.16.1 - DEMONSTRAÇÃO DAS ORIGENS E APLICAÇÕES DE RECURSOS (DOAR)

Até 31.12.2007, a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) era obrigatória para as companhias abertas e para as companhias fechadas com patrimônio líquido, na data do balanço patrimonial, superior a R$ 1.000.000,00 (limite este atualizado pela Lei nº 9.457/97). A DOAR indica as modificações na posição financeira da companhia.

Os financiamentos estão representados pelas origens de recursos, e os investimentos pelas aplicações de recursos, sendo que o significado de recursos aqui não é simplesmente o de dinheiro, ou de disponibilidades, pois abrange um conceito mais amplo; representa capital de giro líquido que, na denominação dada pela lei, é Capital Circulante Líquido.

A partir de 01.01.2008, a DOAR foi extinta, por força da Lei 11.638/2007, sendo obrigatória para apresentação das demonstrações contábeis encerradas somente até 31.12.2007.

FORMA DE APRESENTAÇÃO

A DOAR indicará as modificações na posição financeira da companhia, discriminando:

1 - as origens dos recursos, agrupadas em: a) lucro do exercício, acrescido de depreciação, amortização ou exaustão e ajustado pelavariação nos resultados de exercícios futuros; b) realização do capital social e contribuições para reservas de capital;c) recursos de terceiros, originários do aumento do passivo exigível a longo prazo, da reduçãodo ativo realizável a longo prazo e da alienação de investimentos e direitos do ativo imobilizado;

2 - as aplicações de recursos agrupadas em: a) dividendos distribuídos;b) aquisição de direitos do ativo imobilizado;c) aumento do ativo realizável a longo prazo, dos investimentos e do ativo diferido;

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d) redução do passivo exigível a longo prazo;

3 - o excesso ou insuficiência das origens de recursos em relação às aplicações, representando aumento ou redução do capital circulante líquido;

4 - os saldos no início e no fim do exercício, do ativo e passivo circulantes, o montante do capital circulante líquido e o seu aumento ou redução durante o exercício.

ORIGENS DE RECURSOS

As origens de recursos são representadas pelos aumentos no Capital Circulante Líquido, e as mais comuns são:

a) das próprias operações, quando as receitas (que geram ingressos de capital circulantelíquido) do exercício são maiores que as despesas, ou seja, resultam do lucro líquido apurado exclusivamente das operações regulares da empresa.

Assim, se houver lucro, teremos uma origem de recursos, se houver prejuízo, teremos uma aplicação de recursos;

b) dos acionistas, pelos aumentos de capital integralizados pelos mesmos no exercício, já quetais recursos aumentaram as disponibilidades da empresa e, conseqüentemente, seu capital circulante líquido;

c) de terceiros, por empréstimos obtidos pela empresa, pagáveis a longo prazo, bem como dosrecursos oriundos da venda a terceiros de bens do Ativo Permanente, ou de transformação de Realizável a Longo Prazo em Ativo Circulante.

Os empréstimos feitos e pagáveis a curto prazo não são considerados como origem de recursos para fins dessa demonstração, pois não alteram o Capital Circulante Líquido. Nesse caso há um aumento de disponibilidades e, ao mesmo tempo, do Passivo Circulante.

A depreciação, amortização ou exaustão, por representarem uma recuperação de fundos, devem ser adicionadas ao lucro líquido apurado no exercício, para efeito de elaboração da demonstração das origens e aplicações de recursos.

APLICAÇÕES DE RECURSOS

As aplicações de recursos são representadas pela redução do Capital Circulante Líquido entre o início e o término de determinado período.

As aplicações de recursos mais comuns que implicam na variação do Capital Circulante Líquido são as seguintes:

1) Imobilizações

Ocorrendo a aquisição de bens para o Ativo Imobilizado, investimentos permanentes ou aplicação de recursos no Ativo Diferido, tais fatos representam aplicação de recursos e, conseqüentemente, refletem numa variação líquida negativa do Capital Circulante Líquido.

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2) Redução do Passivo Exigível a Longo Prazo

A amortização de empréstimos a longo prazo significa, em princípio, uma redução do passivo exigível a longo prazo e representa uma aplicação de recursos. Por outro lado, a obtenção de um novo financiamento representa uma origem de recursos.

Tendo em vista que o conceito de recursos é o de Capital Circulante Líquido, a mera transferência de um saldo de empréstimo do Exigível a Longo Prazo para o Passivo Circulante, por vencer no exercício seguinte, representa uma aplicação de recursos, pois reduziu o Capital Circulante Líquido.

c) Remuneração de dividendos:

A remuneração de acionistas, decorrente de dividendos, representa uma aplicação de recursos, refletindo numa variação negativa do Capital Circulante Líquido.

CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

O Capital Circulante Líquido é a diferença entre o ativo circulante (disponível, contas a receber, estoques e despesas pagas antecipadamente) e o passivo circulante (fornecedores, contas a pagar e outras exigibilidades do exercício seguinte) em determinada data.

Quando o Ativo Circulante é maior do que o Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante Líquido próprio.

Quando o Ativo Circulante é menor do que o Passivo Circulante, tem-se um Capital Circulante Líquido negativo ou de terceiros.

TRANSAÇÕES QUE NÃO AFETAM O CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO

Além das origens e aplicações relacionadas anteriormente, há inúmeros tipos de transações efetuadas que não afetam o Capital Circulante Líquido, mas são representadas como origens e aplicações simultaneamente, como por exemplo:

a) aquisição de bens do Ativo Permanente (Investimentos ou Imobilizado) pagáveis a LongoPrazo. Nesse caso, há uma aplicação pelo acréscimo do Ativo Permanente e, ao mesmo tempo, uma origem pelo financiamento obtido pelo acréscimo no Exigível a Longo Prazo no exercício, como se houvesse entrado um recurso que fosse imediatamente aplicado;

b) conversão de empréstimos de longo prazo em capital, caso em que há uma origem peloaumento do capital e, paralelamente, uma aplicação pela redução do Exigível a Longo Prazo, como se houvesse ingresso de recurso de capital aplicado na liquidação da dívida;

c) integralização de Capital em bens do Ativo Permanente, situação também sem efeito sobreo Capital Circulante Líquido, mas representada na origem (aumento de capital) e na aplicação(bens do Ativo Permanente recebidos), como se houvesse essa circulação do recurso;

d) venda de bens do Ativo Permanente recebível a Longo Prazo, operação que também deveser demonstrada na origem, como se fosse recebido o valor da venda e, na aplicação, como se houvesse o empréstimo sido feito para recebimento a longo prazo;

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e) depreciação, amortização e exaustão. Tais valores, lançados como despesa do exercício,diminuem o resultado, mas não reduzem o capital circulante líquido; representam redução no Ativo Permanente e redução no Patrimônio Líquido, mas não alteram os valores de Ativo e Passivo Circulantes. Desta forma, o valor desses itens registrados no ano devem ser adicionados ao Lucro Líquido para apuração do valor efetivo dos recursos gerados pelas próprias operações;

f) variação nos resultados de exercícios futuros representa lucros que, pelo regime decompetência, pertencem a exercícios futuros, porém, já afetaram o Capital Circulante Líquido, ou seja, se o saldo de Resultados de Exercícios Futuros tem um aumento no exercício, significa que a empresa já o recebeu, aumentando o Capital Circulante Líquido, mas sem que o tenha registrado como receita, não fazendo parte do lucro do ano. Assim, como se trata derecebimento originário pelas operações da empresa, deve ser agregado ao resultado do exercício. Se houver redução do saldo desse grupo, deve ser diminuído do Lucro Líquido;

g) lucro ou prejuízo registrado pelo método da equivalência patrimonial para investimentosem coligadas ou controladas, esse resultado, que afeta o lucro da investidora, não afeta o seu Capital Circulante Líquido. Por isso, na apuração da origem de recursos das operações, esse valor deve ser diminuído do Lucro Líquido, se for receita; ou a ele acrescentado, se for despesa;

h) ajustes de exercícios anteriores; esses ajustes são registrados diretamente na conta deLucros ou Prejuízos Acumulados, não afetando, portanto, o Lucro Líquido do ano. Neste caso, os ajustes são efetuados nos saldos iniciais do balanço, nas contas a que se refere, como se já houvesse sido registrado nos anos anteriores, assim sendo, as origens e aplicações de recursos do ano já ficarão expurgadas desse efeito;

i) variações monetárias de dívidas de longo prazo, essas despesas afetam o lucro mas, porreduzirem o Patrimônio Líquido e aumentarem o Exigível a Longo Prazo, não alteram o Capital Circulante Líquido. Devem, por isso, também ser adicionadas ao Lucro Líquido do exercício.

OCORRÊNCIA DE PREJUÍZO

Quando as operações consomem Capital Circulante Líquido, isso representa uma aplicação e, como tal, deve ser apresentado na demonstração, no grupo de aplicações, como o primeiro item do grupo.

Isso ocorre quando a empresa está operando com prejuízo. Entretanto, se a empresa está com prejuízo, mas em decorrência dos ajustes citados, as operações próprias apresentam uma origem de recursos (lucro), a apresentação do prejuízo e de seus ajustes deve ser no agrupamento das origens.

No caso da empresa apresentar lucro, mas os ajustes evidenciarem uma aplicação de recursos (prejuízo), a apresentação do lucro e seus ajustes deve ser no agrupamento de aplicações.

4.16.2 - DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS (DLPA)

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A DLPA evidencia as alterações ocorridas no saldo da conta de lucros ou prejuízos acumulados, no Patrimônio Líquido.

De acordo com o artigo 186, § 2º da Lei nº 6.404/76, adiante transcrito, a companhia poderá, à sua opção, incluir a demonstração de lucros ou prejuízos acumulados nas demonstrações das mutações do patrimônio líquido. "A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido, se elaborada e publicada pela companhia."

OUTRAS SOCIEDADES

A DLPA é obrigatória para as sociedades limitadas e outros tipos de empresas, conforme a legislação do Imposto de Renda (art. 274 do RIR/99).

COMPOSIÇÃO

A demonstração de lucros ou prejuízos acumulados deverá discriminar:

1. o saldo do início do período e os ajustes de exercícios anteriores; 2. as reversões de reservas e o lucro líquido do exercício; e3. as transferências para reservas, os dividendos, a parcela dos lucros incorporada aocapital e o saldo ao fim do período.

AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES

Como ajustes de exercícios serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil, ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior, e que não possam ser atribuídos a fatos subseqüentes.

REVERSÕES DE RESERVAS

Correspondem às alterações ocorridas nas contas que registram as reservas, mediante a reversão de valores para a conta Lucros Acumulados, em virtude daqueles valores não serem mais utilizados.

LUCRO OU PREJUÍZO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

É o resultado líquido do ano apurado na Demonstração do Resultado do Exercício, cujo valor é transferido para a conta de Lucros Acumulados. TRANSFERÊNCIAS PARA RESERVAS

São as apropriações do lucro feitas para a constituição das reservas patrimoniais, tais como: reserva legal, reserva estatutária, reserva de lucros a realizar, reserva para contingências.

SUBSTITUIÇÃO PELA DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

De acordo com o § 2º do artigo 186 da Lei nº 6.404/76 a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio

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líquido, se elaborada e divulgada pela companhia, pois não inclui somente o movimento da conta de lucros ou prejuízos acumulados, mas também o de todas as demais contas do patrimônio líquido.

4.16.3 DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO (DMPL)

A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) é facultativa e, de acordo com o artigo 186, parágrafo 2º, da Lei das S/A, a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) poderá ser incluída nesta demonstração.

A DMPL uma demonstração mais completa e abrangente, já que evidencia a movimentação de todas as contas do patrimônio líquido durante o exercício social, inclusive a formação e utilização das reservas não derivadas do lucro.

MUTAÇÕES NAS CONTAS PATRIMONIAIS

As contas que formam o Patrimônio Líquido podem sofrer variações por inúmeros motivos, tais como:

1 - Itens que afetam o patrimônio total: a) acréscimo pelo lucro ou redução pelo prejuízo líquido do exercício;b) redução por dividendos;c) acréscimo por reavaliação de ativos (quando o resultado for credor);d) acréscimo por doações e subvenções para investimentos recebidos;e) acréscimo por subscrição e integralização de capital;f) acréscimo pelo recebimento de valor que exceda o valor nominal das ações integralizadasou o preço de emissão das ações sem valor nominal; g) acréscimo pelo valor da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição;h) acréscimo por prêmio recebido na emissão de debêntures;i) redução por ações próprias adquiridas ou acréscimo por sua venda;j) acréscimo ou redução por ajuste de exercícios anteriores.

2 - Itens que não afetam o total do patrimônio: a) aumento de capital com utilização de lucros e reservas;b) apropriações do lucro líquido do exercício reduzindo a conta Lucros Acumulados paraformação de reservas, como Reserva Legal, Reserva de Lucros a Realizar, Reserva para Contingência e outras; c) reversões de reservas patrimoniais para a conta de Lucros ou Prejuízos acumulados;d) compensação de Prejuízos com Reservas.

PROCEDIMENTOS A SEREM SEGUIDOS

A elaboração da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido é relativamente simples, pois basta representar, de forma sumária e coordenada, a movimentação ocorrida durante o exercício nas diversas contas do Patrimônio Líquido, isto é, Capital, Reservas de Capital, Reservas de Lucros, Reservas de Reavaliação, Ações em Tesouraria e Lucros ou Prejuízos Acumulados.

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Utiliza-se uma coluna para cada uma das contas do patrimônio da empresa, incluindo uma conta total, que representa a soma dos saldos ou transações de todas as contas individuais. Essa movimentação deve ser extraída das fichas de razão dessas contas.

As transações e seus valores são transcritos nas colunas respectivas, mas de forma coordenada.

Por exemplo, se temos um aumento de capital com lucros e reservas, na linha correspondente a essa transação, transcreve-se o acréscimo na coluna de capital pelo valor do aumento e, na mesma linha, as reduções nas contas de reservas e lucros utilizadas no aumento de capital pelos valores correspondentes.

MODELO

Tecnicamente, a elaboração da DMPL é bastante simples e seus componentes em linha vertical são os mesmos da DLPA. Na linha horizontal do quadro serão consignados os elementos componentes do patrimônio líquido.

CIA. NACIONAL - DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO FINDO EM 31.12.X2 EM MILHARES DE R$

Histórico Capital Realizado

RESERVAS DE CAPITAL

RESERVAS DE LUCROS Lucros Acumulados

Total

Ágio na Emissão de Ações

Sub-venções para Inves-timentos

Reserva Para Contingência

Reserva Estatutária

Reserva Legal

Saldo em 31.12.x1

Ajustes de Exercícios Anteriores:

efeitos de mudança de critérios contábeis

retificação de erros de exercícios anteriores

Aumento de Capital:

com lucros e reservas

por subscrição realizada Reversões de Reservas:

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De contingências de lucros a realizar

Lucro Líquido do Exercício: Proposta da Administração de Destinação do Lucro:

Transferências para reservas Reserva legal Reserva estatutária Reserva de lucros para expansão

Reserva de lucros a realizar

Dividendos a distribuir (R$ ... por ação)

Saldo em 31.12.X2

4.16.4 - DFC - DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) passou a ser um relatório obrigatório pela contabilidade para todas as sociedades de capital aberto ou com patrimônio líquido superior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais). Esta obrigatoriedade vigora desde 01.01.2008, por força da Lei 11.638/2007, e desta forma torna-se mais um importante relatório para a tomada de decisões gerenciais. A Deliberação CVM 547/2008 aprovou o Pronunciamento Técnico CPC 03, que trata da Demonstração do Fluxo de Caixa. De forma condensada, esta demonstração indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa em determinado período e, ainda, o Resultado do Fluxo Financeiro. Assim como a Demonstração de Resultados de Exercícios, a DFC é uma demonstração dinâmica e também está contida no balanço patrimonial. A Demonstração do Fluxo de Caixa irá indicar quais foram às saídas e entradas de dinheiro no caixa durante o período e o resultado desse fluxo. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DE FLUXO DE CAIXA Seguindo as tendências internacionais, o fluxo de caixa pode ser incorporado às demonstrações contábeis tradicionalmente publicadas pelas empresas. Basicamente, o relatório de fluxo de caixa deve ser segmentado em três grandes áreas: I - Atividades Operacionais; II - Atividades de Investimento;

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III - Atividades de Financiamento. As Atividades Operacionais são explicadas pelas receitas e gastos decorrentes da industrialização, comercialização ou prestação de serviços da empresa. Estas atividades têm ligação com o capital circulante líquido da empresa. As Atividades de Investimento são os gastos efetuados no Realizável a Longo Prazo ou no Ativo Permanente, bem como as entradas por venda de ativos imobilizados. As Atividades de Financiamento são os recursos obtidos do Exigível a Longo Prazo e do Patrimônio Líquido. Devem ser incluídos aqui os empréstimos e financia-mentos de curto prazo. As saídas correspondem à amortização destas dívidas e os valores pagos aos acionistas a título de dividendos, distribuição de lucros.

4.16.5 - DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO – DVA

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é o informe contábil que evidencia, de forma sintética, os valores correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e sua respectiva distribuição. Obviamente, por se tratar de um demonstrativo contábil, suas informações devem ser extraídas da escrituração, com base nas Normas Contábeis vigentes e tendo como base o Princípio Contábil da Competência. A riqueza gerada pela empresa, medida no conceito de valor adicionado, é calculada a partir da diferença entre o valor de sua produção e o dos bens e serviços produzidos por terceiros utilizados no processo de produção da empresa. A utilização do DVA como ferramenta gerencial pode ser resumida da seguinte forma: 1) como índice de avaliação do desempenho na geração da riqueza, ao medir a eficiência daempresa na utilização dos fatores de produção, comparando o valor das saídas com o valor das entradas, e 2) como índice de avaliação do desempenho social à medida que demonstra, na distribuiçãoda riqueza gerada, a participação dos empregados, do Governo, dos Agentes Financiadores e dos Acionistas. O valor adicionado demonstra, ainda, a efetiva contribuição da empresa, dentro de uma visão global de desempenho, para a geração de riqueza da economia na qual está inserida, sendo resultado do esforço conjugado de todos os seus fatores de produção.. A Demonstração do Valor Adicionado, que também pode integrar o Balanço Social, constitui, desse modo, uma importante fonte de informações à medida que apresenta esse conjunto de elementos que permitem a análise do desempenho econômico da empresa, evidenciando a geração de riqueza, assim como dos efeitos sociais produzidos pela distribuição dessa riqueza.

Modelo de DVA

Demonstração do Valor Adicionado Cia. Produtiva

em R$ mil 20X1 20X2

DESCRIÇÃO

1-RECEITAS

1.1) Vendas de mercadoria, produtos e serviços

1.2) Provisão p/devedores duvidosos – Reversão/(Constituição)

1.3) Não operacionais

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2-INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS (inclui ICMS e IPI)

2.1) Matérias-Primas consumidas

2.2) Custos das mercadorias e serviços vendidos

2.3) Materiais, energia, serviços de terceiros e outros

2.4) Perda/Recuperação de valores ativos

3 – VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

4 – RETENÇÕES

4.1) Depreciação, amortização e exaustão

5 –VALOR ADICIONADO LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

6 – VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA

6.1) Resultado de equivalência patrimonial

6.2) Receitas financeiras

7 – VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)

8 – DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO

8.1) Pessoal e encargos

8.2) Impostos, taxas e contribuições

8.3) Juros e aluguéis

8.4) Juros s/ capital próprio e dividendos

8.5) Lucros retidos / prejuízo do exercício

* O total do item 8 deve ser exatamente igual ao item 7.