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 LUCIANO PIRES MEU EVEREST REALIZANDO UM SONHO NO TETO DO MUNDO 6 a  edição REVISTA E ATUALIZADA 10 ANOS DA VIAGEM

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Primeiro Capítulo do livro 'Meu Everest' lançado pela Giz Editorial.

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LUCIANO PIRES

MEU EVERESTREALIZANDO UM SONHO NO TETO DO MUNDO

6a ediçãoREVISTA E

ATUALIZADA

10 AN OS DA VIAGEM

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Sumário

Preácio .......................................................................17

10 anos da viagem ......................................................19

Introdução ..................................................................21

CAPÍTULO 1 A ebre do Everest ......................................................23

CAPÍTULO 2

 A preparação ..............................................................31

CAPÍTULO 3

On the road ................................................................57

CAPÍTULO 4

Eu estava no Nepal! ....................................................69

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CAPÍTULO 5

 Adrenalina no vôo para Lukla ....................................81

Capítulo 6

Encontrando meu sonho em Pahkding .....................93Capítulo 7

Me arrastando para chegar em Namche ....................99

Capítulo 8

Namche Bazar ......................................................... 109

CAPÍTULO 9

Éca! ...........................................................................117

CAPÍTULO 10

Tyangboche: deslumbre aos pés do Ama Dablan .... 125

CAPÍTULO 11

Desolação em Dingboche ........................................ 133

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CAPÍTULO 12

Dzugla: esse lugar tem nome? ................................. 145

CAPÍTULO 13

Os mortos do Everest: Lobuche .............................. 149CAPÍTULO 14

 Aundando na neve em Gorak Shep ....................... 161

CAPÍTULO 15

O Campo Base do Everest ........................................ 167

CAPÍTULO 16

Sozinho no Kala Pattar ............................................. 183

CAPÍTULO 17

Cegueira da neve em Pheriche ................................ 193

CAPÍTULO 18

O abominável Homem das Neves ............................ 197

CAPÍTULO 19

Dor de dente em Tyangboche.................................. 201

CAPÍTULO 20

Rock’n Roll em Namche .......................................... 205

CAPÍTULO 21

Oito horas até Lukla ................................................ 211

CAPÍTULO 22

Voltando para casa ...................................................221

CAPÍTULO 23

Sem rodas ................................................................. 237

CAPÍTULO 24

Fim ...........................................................................241

EPÍLOGO

10 anos depois... ....................................................... 275

Dicas de leitura sobre o Everest .............................. 327

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“ O que o Everest nos dá é um estado de consciênciaque é muito diícil de explicar a qualquer pessoa que

não tenha tido a mesma experiência.”(Alicia Calleros)

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Para Denise, Daniel e Gabriela.Pelo amor e incentivo que me levaram a conquistar o meu Everest.

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Luciano, no Kala Pattar, com seu Everest ao fundo.

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prefácio 17

Prefácio

Por que o meu Everest? Porque existem vários Everests.Pode ser aquele maciço de pedra, considerado o ponto mais alto

do planeta, com seus 8.850 metros.Pode ser aquela montanha mística que embalou os sonhos de mi-

lhares de aventureiros, azendo a ama de alguns e a desgraça de outros.Pode ser aquele ícone que atrai milhares de turistas de todo o

mundo e impulsiona a indústria turística, principal onte de recursosdo Nepal.

Pode ser aquele ponto geográfco que separa a China do Nepale que reina soberano sobre as rotas de uga dos tibetanos que tentam

 buscar um uturo melhor do “ lado de cá”.Pode ser o monte nevado que encanta a todos nos pôsteres e nos

cartões postais

E pode ser o meu Everest.O meu Everest não é apenas uma montanha.É um sonho. Uma visão. Uma viagem.Tem começo, meio e fm. É a história que conto neste livro.O meu Everest é dierente de qualquer outro. Ele é eito de

uma montanha, de um país distante, de expectativas, de medos, de de-safos, de constatações, de deslumbramentos, de sensações muito pró-prias, que vão variar a cada pessoa.

Cada um terá o seu Everest.Tentei contar a história do meu, da orma mais despojada possí-vel. Do mesmo jeito que qualquer pessoa comum aria.

Qual meu propósito? Um relato de viagem? Um guia para os inte-ressados? Uma crônica? Acho que tudo isso, mas principalmente, o de-sejo de dividir com outras pessoas comuns uma experiência incomum.

Com prazer, descobri que o exercício de preparar o site www.

meueverest.com.br e depois escrever este livro tem sido a orma de pro-

longar minha aventura muito além dos 15 ou 20 dias em que perma-neci no Nepal.

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Rever uma, duas, três, dez vezes cada oto.Recordar os atos e os detalhes.Pesquisar na literatura os nomes e as datas.

Experimentar as reações das pessoas que tomam contato com mi-nha experiência no Himalaia tem me dado um prazer quase tão grandequanto a viagem em si.

Um prazer que não se encerra neste livro.Um prazer que vou carregar comigo pelo resto da vida.Bem-vindo ao meu Everest.

Luciano Pires

[email protected] www.lucianopires.com.br 

www.meueverest.com.br 

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10 anos da viagem 19

10 anos da viagem

Bem, lá se vai uma década. Nem parece. Acho que ninguém ja-mais tirou tanto proveito de uma viagem como eu.

Foram 10 anos com o Everest, especialmente com a palestra OMeu Everest que nasceu quando lancei este livro. Nunca mais parei deazê-la e, a cada apresentação, volto para a viagem de meus sonhos. Souum privilegiado. As pessoas pagam para que eu conte a elas as minhasaventuras, sem saber que eu sou quem mais se diverte.

Bem, a ideia de reeditar este livro comemorando os 10 anos da via-gem ao Everest me proporcionou a oportunidade de rever o que escrevi ereparar como o mundo mudou em uma década. Na revisão do livro, mepeguei rindo sozinho diante da perplexidade ao comentar sobre a internet,que estava nascendo. O que era uma novidade absoluta em 2001, e quetransparece claramente em meu texto, hoje é uma banalidade absoluta.

Também rolei de rir quando vi minha ênase em recomendar queos aventureiros levem consigo um CD player , pode? Esse trambolho nãotem mais vez diante de um tocador de mp3.

E ao comentar sobre o equipamento otográfco? Hoje com ascâmeras digitais ninguém mais tem desculpa para retornar de uma via-gem sem um material de primeira qualidade.

Mesmo em relação aos equipamentos e preços de passagens ouao conorto na trilha, tudo mudou. Aliás, apenas cinco meses depois de

meu retorno, dois aviões e duas torres gêmeas mudaram para sempre ahistória da humanidade.De qualquer modo, decidi deixar no texto as impressões originais,

pois entendi que, assim, este livro cumpre uma outra missão: a de demons-trar como em 10 anos a tecnologia pode mudar radicalmente nossas vidas.Ela só não muda uma coisa: o amor pela montanha. Esse só tende a crescer.

Bem vindo ao Meu Everest, 10 anos depois.E não esqueça: eu estou me divertido mais que você.

Santana de Parnaíba, Abril de 2011.

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introdução 21

Introdução

Nasci em Bauru, São Paulo, em 1956. Tive uma inância normal,de garoto de interior, numa cidade pereitamente plana. Montanha eu sóvi em Poços de Caldas, ou descendo a Serra do Mar, a caminho de Santos.

 Aos 18 anos mudei para a Capital para estudar Comunicação naUniversidade Mackenzie, onde me ormei em 1977. Trabalhei como jor-nalista, como diretor de criação de minha própria agência de propagan-da e na agência de terceiros até entrar, em 1982, no setor de autopeças,como executivo da Dana, uma grande empresa global de abricação decomponentes e sistemas automotivos. Autopeças, para ser menos resco.

Cresci, casei, tive flhos, virei diretor e um dia resolvi encarar umsonho: chegar até o CampoBase do Everest. Um progra-ma muito em moda, com

aquela besteira do períodosabático, que alguém crioupara dar outro nome às ériasdos executivos estressados.Não oi meu caso. Nada desabático. Talvez um bocadode estressado, mas sem essaveadagem toda.

Resolvi que ia e ui.Este livro descreve porque resolvi ir, o que tive de azer para acharquem me levasse até lá, como tive de me preparar e como oi a viagem.

Não sou trekker  militante, não sou montanhista, muito menospraticante adepto de esportes radicais. Sou apenas um executivo de umamultinacional que decidiu experimentar algo novo: um desafo ísico emental completamente ora dos padrões a que estou acostumado.

Deu certo. E um pouco do que acho importante está aqui.

Talvez, em alguns momentos, eu pareça deslumbrado. Noutros,incomodado com detalhes aparentemente sem importância. Talvez,

O Dani, a Gabi, eu e a Denise em 2001.Foi difícil deixar a família para trás.

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meio convencido. Acontece que sou humano. Igual a você. E todos oslivros que li sobre o Everest oram escritos por gente, digamos, inco-mum. Aventureiros profssionais, alpinistas, super-homens que pare-

cem não sentir ome, rio, dor de barriga ou cansaço. Eu senti tudo isso.E escolhi alar das pequenas coisas que me incomodaram, ou que medeslumbraram, do ponto de vista de uma pessoa comum, igualzinha avocê. Aliás, esta história poderia ter acontecido com você.

O que aprendi? Que nada resiste a um passo de cada vez: peque-no, devagar, mas constante e sistemático. E que existem outros planetasdentro do planeta Terra. O Nepal é um deles...

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a febre do everest 23

CAPÍTULO 1

 A febre do Everest 

Desde moleque, me interessei pelas aventuras dos exploradoresdo século passado. E do retrasado. E do anterior. Eu me lembro de quequeria ser paleontólogo quando crescesse. Houve uma época em que eucomprava tudo quanto era livro sobre o assunto. Devia ter meus doze,treze anos. Levou algum tempo para descobrir que eu me interessavamais pelo processo da descoberta dos ósseis do que pelos ósseis em si.Ficava ascinado com os relatos das expedições ao deserto de Gobi, naMongólia. Com as pinturas rupestres nas grutas de Lascaux, na Françae, principalmente, com os exploradores que realizavam as proezas. Nãooi à toa que assisti aos três flmes de Indiana Jones várias vezes. Ele oiinspirado num dos mais amosos caçadores de ósseis americanos: RoyChapman Andrews.

Desenterrando ósseis, como Chapman; buscando a nascente do

Nilo, como Richard Burton; encontrando a tumba de Tutankhamon,

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como Howard Carter; a caminho dos Polos Norte e Sul, como Roald  Amundsen; buscando a passagem norte entre os Oceanos Atlântico ePacífco, como John Franklin; sendo caçado e caçando leões comedores

de homens na Árica, como o Coronel H. Patterson; fcando meses pre-so no gelo da Antártida, como Ernest Shackleton; chegando ao cumedo Everest, como Edmund Hillary e Tenzing Norgay. Não importa ondenem como. Essas aventuras sempre me ascinaram. Viajei junto comesses meus heróis pelo mundo todo através de livros, flmes e internet.

Especifcamente, o Everest sempre exerceu um ascínio sobre mim.Igual ao que exerce sobre todo mundo. A montanha mais alta do mundo.Sempre morrendo gente por lá. Aquele país místico que é o Nepal. Tudo

muito longe, muito caro, muito diícil, muito perigoso, muito...Por causa desse ascínio pelos exploradores, na minha primeira

viagem aos Estados Unidos em 1984, coloquei no programa de NovaIorque o Museu de História Natural e nunca mais deixei de, estando emNova Iorque, ir visitá-lo. Lá estão os exploradores que eu sempre admi-rei, representados por suas histórias, pelos ósseis e arteatos exibidos.

Não consigo descrever, por exemplo, meu estado de excitação,ansiedade e deslumbramento quando, no começo de 2000, estive lá, vi-

sitando a exposição Endurance, sobre a aventura de Ernest Shackletone seu grupo, presos e perdidos no gelo da Antártida por quase dois anos.

Ver in loco os objetos, apreciar as otos todas... Até hoje me arre-pio quando lembro do momento em que botei a mão no James Caird, o

 bote que levou Shackleton até as Ilhas George e propiciou o salvamen-to de seus homens...

Para alar a verdade, estou escrevendo no dia 23 de junho de 2001,enquanto aguardo o embarque para meu voo de volta ao Brasil, no ae-roporto JFK, em Nova Iorque, onde dei um jeito de fcar um dia apósuma viagem a trabalho só para ir até o Museu Americano de HistóriaNatural.

Pois estava eu pelos Estados Unidos quando fquei sabendo, em1997, da exibição de um flme chamado Everest no ormato Imax. Eunem me lembro se estava a trabalho ou em érias. Sem saber do que setratava, mas me interessando pelo tema, ui assistir.

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a febre do everest 25

Saí do cinema completamente ascinado pelas imagens, pela mú-sica, pelo show que é o documentário.

Os caras tinham conseguido levar para o alto do Everest uma pe-

sadíssima câmera e gravado as imagens mais espetaculares da maiormontanha do mundo. Filmado e projetado no sistema Imax, cuja telagigantesca coloca as pessoas “dentro” do flme,o Everest tornou-se um dos mais impressio-nantes documentários da história do cinema.Na época, eu quase nada sabia da então recentetragédia de 10 de maio de 1996, quando váriosalpinistas morreram durante uma tempestade

na montanha. Afnal, alpinista morrendo noEverest deixou de ser novidade há muito, mui-to tempo. O documentário alava do assunto,mas não trazia a dramaticidade da história.

Em 1998 ou 1999, tive a oportunidade deler No Ar Rareeito, do jornalista Jon Krakauer,que oi um dos sobreviventes daquela tragédia.O livro passa a agonia e o tormento daqueles

dias e impressiona pela sequência de históriasde vida e morte que se sucederam em algumashoras na montanha mais alta do mundo.

Pouco tempo depois, me vi outra vez em Nova Iorque diante deoutro cinema que passava Everest. Fui ver de novo. Dessa vez, sabendode toda história, o flme tomou outra dimensão e eu me apaixonei devez pelo tema. Por causa de No Ar Rareeito, e já contaminado pela e-

 bre do Everest, comprei A Escalada, de Anatoli Boukreev, o guia russoque oi herói e bandido durante a tragédia. Ele dava sua interpretaçãoaos atos.

Mais do que a tragédia em si, o que me ascinava na história eratentar entender o que levava um sujeito a largar sua amília, seu tra-

 balho, seu conorto para morrer no alto de uma montanha depois decomer o pão que o diabo amassou para chegar até lá. E também, a cons-tatação de que o Everest liquidava até os mais treinados e experientesalpinistas. Não importando o preparo, os equipamentos, a inra-estru-tura e os cuidados, a montanha é soberana sobre o destino de quem seaventura em suas alturas.

.

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Essa mistura de coragem e risco, a região remota... Isso me atraiu,e comecei a ler tudo o que caía em minhas mãos sobre o assunto. Coma internet, então, oi uma esta. Li High Exposure, livro que conta a

história de David Breashers, diretor do documentário Everest, respon-sável por levar aquela câmera até o alto da montanha e que participouativamente do salvamento das vítimas daquela tempestade. Esse livrooi recentemente editado em português.

Li Everest — Mountain with no Mercy, de Broughton Coburn,espetacular livro que relata a experiência da equipe da Imax durante asflmagens. É, talvez, o melhor livro que li até hoje sobre o Everest. De-pois, veio Tudo pelo Everest, de Waldemar Niclewietz. Mais tarde veio

Lost on Everest, the Search or Mallory and Irvine, de Peter Firstbrook,relatando a busca pelo corpo de George Mallory, legendário alpinistainglês que desapareceu no Everest em 1924 e cujo corpo oi encontradoem 1999, mais de 70 anos depois.

  Aí, comprei Ghosts o Everest, de Jochen Hemmleb, Larry A. Johnson e Eric R. Simonson, com o mesmo tema. Espetacular livro re-latando como, a partir do trabalho teórico de um jovem alemão, umaequipe descobriu o corpo de George Mallory no Everest. Vale muito

ler esse livro, que já tem edição em português. Em seguida, veio Na Es-trada do Everest, de Airton Ortiz, que desmistifcou as difculdades dotrekking até o Campo Base. Pô, era desconortável, perigoso, distante,mas dava para ir!

Finalmente, veio The Arc contando a história do mapeamentoda Índia e do descobrimento e batismo do Everest. Nessas alturas, semtrocadilho, eu estava muito por dentro do tema. E fcava naquela do“um dia vou até lá”.

Pois um dia entrei na internet disposto a descobrir se existiam paco-tes turísticos que levassem a gente até o Campo Base. Afnal, se havia em-presas que levavam clientes ao topo do Everest, poderia descobrir algumaque chegasse até o Campo Base. Achei um monte. Inclusive brasileiras.

Conversei com várias empresas que oereciam pacotes dieren-tes, chegando a entrar em contato diretamente com alguns sherpas noNepal. Escolhi duas empresas: Mountain Madness e Adventure Con-sultants. Por coincidência, ou talvez não, empresas que pertenceram adois dos mais experientes alpinistas do mundo que morreram naqueleatídico 10 de maio de 1996 no Everest: Scott Fischer e Rob Hall.

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Por que as duas? Porque eram as únicas que oereciam a estadiano Campo Base. A maioria, inclusive as brasileiras, oerecia visitas, diziaque dava para enxergar... Mas eu queria dormir lá. Queria saber comoé que devia ser passar uma ou duas noites no Campo Base, numa barraca,

exatamente como fzeram os exploradores de minha inância. Acabei optando pela Mountain Madness. Um pacote que me cus-

tou quase 3 mil dólares e que incluía tudo, menos a passagem aérea.Vale a pena dar uma olhada no www.mountainmadness.com. Eu seria oúnico estrangeiro na equipe. E acertei tudo com eles em abril de 2000,para a viagem que aconteceria em abril de 2001.

Uma coisa que é legal mencionar: algumas pessoas experientesme disseram que, para chegar ao Campo Base, não é preciso comprar

pacote nenhum com empresa alguma. Basta ir para Kathmandu e acer-tar um guia por lá mesmo. Em vez dos 3 mil dólares, dá para azer oprograma por 600.

É verdade. Vi isso por lá, de montão. E cruzei com um mundo degente azendo assim. Pois é, mas acontece que sou casado. Tenho doisflhos. Não sou um aventureiro acostumado a botar a vida em risco.Tenho de pensar nos meus em primeiro lugar. Por isso, eu queria umaempresa que me desse segurança, que tivesse experiência e tradição.

Seria meu primeiro trekking . Eu ia começar de cara com o maispesado, mais amoso, mais alto, mais mais...

Fiquei com a Mountain Madness.Eu tremia enquanto lia meu primeiro email, já como cliente vir-

tual deles:

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11 de abril de 2000

Bom dia, Luciano,

 Estou incluindo o itinerário para o Trek de Suporte ao Everest. Ainda nãodefnimos as datas para 2001, mas elas devem ser muito próximas das datas de

 2000. Eu adoraria ajudá-lo a atingir seu objetivo de visitar o Campo Base do Eve-

rest. Será certamente a viagem da sua vida! Você voará para Kathmandu onde

será recebido por um representante de nosso escritório local. Eles vão transportá-

-lo para o Hotel Sherpa onde você fcará hospedado enquanto estiver em Kath-

mandu. Para reservar seu lugar na viagem você deve preencher a requisição e nos

mandar 500 dólares. A orma de pagamento está no ormulário de inscrição, que

você pode baixar de nosso site. O único equipamento que você vai precisar é o deuso pessoal como mochila, saco de dormir, etc. Quando você se inscrever para a

viagem vamos mandar-lhe um kit de viagem que explica tudo o que você precisa

 azer para se preparar para a sua aventura. Para se preparar fsicamente para a

caminhada você terá que treinar com uma mochila leve, reorçando suas pernas e

costas e aumentando sua capacidade aeróbica. Será uma caminhada cansativa,

com a altitude sendo um dos maiores desafos.

Se houver mais alguma coisa que eu puder azer 

 para ajudá-lo a “azer acontecer”, me diga.

 Patty Flanagan

Business Manager 

 Mountain Madness, Inc

4218 SW Alaska St 

Seattle, WA 98116

 

meu everest8

Se houver mais alguma coisa que eu puder 

 para ajudá-lo a “azer acontecer”, me diga.

 Patty Flan

Business Ma

 Mountain Madnes

4218 SW Alas

Seattle, WA

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Preenchi o termo de adesão. Sentei e fquei olhando o papel, len-do, relendo e trilendo. Também olhava para o aparelho de ax, bemna minha rente. Era só ligar e passar os documentos. Apenas alguns

segundos me separavam da corrida para meu sonho. Foi uma sensa-ção esquisita. Eu tinha medo e excitação. O estômago estava gelado eo coração batendo orte. Pensei muito naquele instante, passaram porminha cabeça os perigos todos e a possibilidade de eu não voltar paracasa inteiro...

Enquanto aquele papel corria pela bobina do ax, meu coraçãosaía pela boca. Acredite, eu suava rio.

 — Pai nosso, que estais no céu...

Pronto. Foi. E daquele momento em diante, eu deixei de ser umsonhador para ser um aventureiro realizando seus preparativos para irao Everest.

Eu disse E-V-E-R-E-S-T! — Me aguentem!Logo chegaria a primeira cobrança e, dali para rente, não tinha

mais volta. Aliás, tinha. Mas seria uma covardia. A passagem aérea acertei com a Domenico Turismo, do meu ami-

go Sérgio.

Um pacote excelente, pela South Arican Airlines.São Paulo/Johannesburgo/Bangkok/Kathmandu e volta. Total:

1.440 dólares.Havia outras ormas de ir, mais caras. E, possivelmente, até mais

 baratas. Mas eu preeri seguir esse roteiro e aproveitar para conhecerBangkok.

 Aí, era começar a tratar do corpo e dos equipamentos... Tinhaum ano para isso.