1 cadernão 1o ano 1 - grecia - dom bosco

29
1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno PROF ROF° . A . AUGUSTO UGUSTO T TRINDADE RINDADE IDADE ANTIGA CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS I GRÉCIA ANTIGA www.domboscobelem.com.br 1

Upload: augusto-trindade

Post on 15-Feb-2015

95 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

PPROFROF°°. A. AUGUSTOUGUSTO T TRINDADERINDADE

IDADE ANTIGACIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS I

GRÉCIA ANTIGA

www.domboscobelem.com.br 1

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

O que é estudar? O ato de estudar

(Material adaptado por Marilene Feijão (Pedagoga) e Ana Cristina Pinheiro (Psicóloga)

Tinha chovido muito toda à noite. Havia enormes poças de água nas partes baixas do terreno. Em certos lugares, a terra de tão molhada, tinha virado lama. Às vezes, mas do que escorregar, os pés se atolavam na lama até acima dos tornozelos. Era difícil andar. Pedro e Antônio estavam transportando em uma camioneta cestos cheios de cacau para o sítio onde deveriam secar.Em certa altura, perceberam que a camioneta não atravessaria o atoleiro que tinha pela frente. Pararam. Desceram da camioneta, olharam o atoleiro que era um problema para eles, atravessaram os dois metros de lama defendidos, por suas botas cano longo, sentiram a espessura do lamaçal, pensaram, discutiram como resolver o problema. Depois, com a ajuda de algumas pedras e galhos secos, deram ao terreno a consistência mínima para que as rodas da camioneta passassem se atolar. Pedro e Antônio estudaram. Procuraram compreender o problema que tinham a resolver e, em seguida, encontraram uma resposta precisa. Não se estuda apenas na escola. Pedro e Antônio estudaram enquanto trabalhavam. Estudar é assumir uma atitude séria e curiosa diante de um problema. Esta atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos, caracteriza o ato de estudar. Não importa que o estudo seja feito no momento o no lugar de nosso trabalho, como no caso de Pedro e Antônio, que acabamos de ver. Em qualquer caso o estudo exige sempre esta atitude séria e curiosa na procura de compreender as coisas e os fatos que observamos. Um texto para ser lido é um texto para ser estudado. Um texto para ser estudado é um texto para ser interpretado. Não podemos interpretar um texto se o lemos sem atenção, sem curiosidade, se desistimos da leitura quando encontramos a primeira dificuldade. O que seria da produção de cacau naquela fazenda se Pedro e Antônio tivessem desistido de prosseguir o trabalho por causa do lamaçal? Se um texto às vezes é difícil, insista em compreendê-lo. Trabalhe com ele, como fizeram os personagens da nossa história.

Estudar exige Disciplina. Estudar não é fácil porque exige criar e recriar, e não repetir o que os outros dizem.

Estudar é um dever revolucionário!(Adap. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. 23ª ed. São Paulo, Cortez, 1989.)

Como estudar melhor!

- Ler deitado não dá. De costas pode levar ao sono. De bruços força a coluna vertebral, o abdômen, os músculos dos braços e do pescoço. Corpo e mente funcionam melhor se você estuda sentado.- Aprendizagem e atividades: Mude de postura durante o período de estudo. Por exemplo: levante-se e leia em voz alta; se dispuser de uma lousa, reproduza a matéria como se estivesse dando aula. Faça desenhos, diagramas e esboços do assunto. A visualização facilita a compreensão e a fixação das apostilas e dos livros.- De acordo com a ambiente o cérebro se prepara para determinada atividade. Por isso é melhor sempre estudar no mesmo local, arejado e com boa iluminação.- Um mínimo de arrumação do material sobre a mesa evita que você interrompa a concentração para procurar alguma coisa. Deixe lápis, borracha, caneta, cadernos, papéis e livros bem à mão.- Nada de deixar tudo para última hora e varar a noite lendo. O cérebro se cansa, É preciso fazer um intervalo depois de 50 minutos de concentração. Médicos e especialistas recomendam que, nessa pausa, o estudante faça alguma coisa com as mãos, como preparar o próprio suco, para dar uma folga a atividade mental.- Não seja um devorador compulsivo de livros e apostilas. Habitue-se a refletir, questionar, debater e duvidar. Lembre-se de que os atuais vestibulares baseiam-se na interação de conhecimento das diferentes disciplinas.- Crescer! Você é um jovem adulto. Neste momento é fundamental que o adulto prevaleça sobre a criança que ainda existe dentro de vocÊ. Isto é, enquanto você não for capaz de adiar pequenos prazeres, em função dos compromissos assumidos, não estará suficientemente maduro para enfrentar o desafio do vestibular.- Futuro profissional: Enfrente as dificuldades e faça o que puder, da melhor maneira. Se não entrar, prepare-se de novo. Vestibular não é

www.domboscobelem.com.br2

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

definição de vida. É somente uma etapa importante, talvez o primeiro grande desafio da sua vida estudantil.

E então? Agora é só arregaçar as mangas e mãos à obra! Controle seu tempo

O controle do tempo pode servir para uma conquista de pleno domínio de si mesmo. Quem zela pela assiduidade e pontualidade quase sempre é uma pessoa que tem respeito por si próprio e pelos outros. Resta dizer, que o melhor controle de tempo, se expressa no seu bom uso. Do contrário, passa inutilmente, e já não podemos recuperá-lo. Não deixemos para estudar amanhã. Amanhã é porta fechada e trancada que deixa muita gente do lado de fora. Se você souber utilizar essas orientações suas chances de sucesso aumentam e você poderá alcançar e descobrir horizontes e rumos inacreditáveis. Tente! Acredite em você!- Fonte: Como passar no vestibular - Dr. Lair Ribeiro. Psicologia da Educação - Claudia Davis, São Paulo, Cortez, 1997.

EIS AQUI UM ROTEIRO DE COISAS SIMPLES QUE VOCÊ PODE FAZER PARA FICAR COM TUDO EM CIMA, DURANTE A MARATONA

DAS PROVAS.

TRÊS MESES ANTES - ORGANIZAÇÂO

Faça um cartaz com as datas mais importantes: Dia de comprar manuais, datas de inscrições e provas. Coloque-o num lugar visível. Organize sua agenda de forma equilibrada, reservando um pouco de tempo de estudo para cada matéria. E sabe aqueles jornais e revistas que nunca chamaram a sua atenção? Leia-os durante meia horinha por dia. Assim você se prepara para provas de conhecimentos gerais, além de melhorar as suas chances na redação.

DOIS MESES ANTES - TREINAMENTO

Simulados podem ser chatos, mas são ótimos para verificar como você se sai em relação aos concorrentes. Muitos cursinhos promovem simulados abertos mesmo a quem não é aluno matriculado. Leve-os em conta para fazer ajustes na agenda, de forma a não se sobrecarregar. Considere que, além da escola, existem trabalho, refeições, estudo, horas de sono, lazer. Faça e siga uma programação semanal e diária apenas das coisas que você se propõe a cumprir.

UM MÊS ANTES - AJUSTES

Se sentir sono durante o dia, descanse por uma ou duas horas após o almoço. Sem culpa. O estudo vai render muito mais. Passe pelo menos quatro horas em cima dos livros, mas uma pausa de 10 a 15 minutos a

cada duas horas é boa para esfriar a cabeça. Ainda dá para atacar pontos fracos. Portanto, aumente na agenda o tempo dedicado às matérias em que você não sente muita firmeza.

DUAS SEMANAS ANTES - LOGÍSTICA

Lápis, borracha, caneta, deixe tudo à mão. E tenha certeza de que você tem todos os documentos necessários para o exame. Procure nos jornais ou na internet a lista com o local das provas. Estude o percurso e calcule o tempo de viagem até seu local de prova. Proteja-se da lei de Murphy, aquela que diz: se algo pode dar errado, então dará.

NA VÉSPERA - CONCENTRAÇÃO

Dificilmente você vai aprender algo decisivo de hoje para amanhã. Mas você pode dar uma espiada em algumas anotações se isso o deixar menos ansioso. Não invente de justamente hoje experimentar o leitão à pururuca com torresmo daquele restaurante famoso, sob risco de ficar fora de combate durante as próximas 72 horas. E, por favor, durma cedo.

NO DIA - AQUECIMENTO

Pelo menos hoje, obedeça a sua mãe: tome um café da manhã reforçado, bem bonitinho. Atleta não faz alongamento antes de entrar em campo? Então resolva um exercício de cada matéria só para aquecer o cérebro. Faça um almoço leve e carregue uma barrinha de cereais para comer durante a prova. Certifique-se de sair de casa com tempo suficiente para chegar ao local da prova sem afobação. A última coisa de que você precisa agora, é de crise de ansiedade.

NA HORA - VOCÊ SABE

Em vez de se apavorar com aquelas fórmulas de química orgânica que você nunca entendeu direito, que estão ali, piscando para você logo nas primeiras questões, dê uma geral na prova. Vai ver que existe um monte de perguntas que você sabe responder. Resolva logo referentes a assunto que você domina. Deixe um relógio à mão, mas nada de ficar de olho pregado nos ponteiros. Tente resolver um pouco mais de 50% das questões na metade do tempo da prova.

DEPOIS - RELAXE

Nada de voltar correndo de volta para casa e procurar nos livros a respostas para aquelas questões que você acha que errou. E nem pense em estudar a noite para os exames que ainda estão pela frente. Acabado esse estresse todo, a ordem é reunir a galera numa pizzaria e... relaxar! Dar um tempo para o corpo e a cabeça e a cabeça vai ajudá-lo a enfrentar as outras etapas.

www.domboscobelem.com.br 3

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

PPROFROF°°. A. AUGUSTOUGUSTO T TRINDADERINDADE

IDADE ANTIGA CIVILIZAÇÕES CLÁSSICAS I

GRÉCIA ANTIGA

A ORGANIZAÇÃO DO ESTADO NA ANTIGUIDADE1 – UM OLHAR SOBRE O POVOAMENTO DA1 – UM OLHAR SOBRE O POVOAMENTO DA

GRÉCIAGRÉCIA

O processo de formação das cidades-estados na Grécia antiga está diretamente ligado às invasões dos povos indo-europeus os gregos dos tempos históricos, que datam de cerca de 750 a.C., acreditavam ser descendentes de uma raça lendária de heróis. Esses heróis, homens de físico e energia prodigiosos, navegaram até o fim do mundo em busca de uma pele de carneiro de ouro, fizeram guerra aos troianos durante dez anos em torno de uma bela mulher, e um deles limpou sozinho, num dia, estrebarias. Durante muitos séculos os estudiosos presumiram que esses heróis e suas aventuras fossem pura ficção, mas hoje sabemos que tinham alguma base na realidade.

Há mais de um século, os arqueólogos vêm descobrindo vestígios de uma rica civilização, com seu centro na cidade de Micenas, que floresceu entre 1600 e 1200 a.C. – e Micenas era a pátria de Agamenon, o rei que, de acordo com a lenda, comandou os AQUEUS (antigo nome dos gregos) na guerra de Tróia.

Esse mundo micênico há muito perdido foi a princípio o desenvolvimento de um mundo ainda mais velho, a brilhante civilização minoana de Creta, que dominou o mar Egeu de cerca de 1600 a 1400 a.C.

Segundo a tradição religiosa, na ilha de Creta, havia a lenda do monstro híbrido chamado Minotauro, que exigia, a cada 7 anos às cidades próximas a ilha de Creta, o pagamento de tributos aos cretenses sob forma de 7 donzelas e 7 jovens para serem entregues em sacrifício. O micênico TESEU dispôs-se livrar a cidade da dominação cretense. Para tanto, Teseu entrou no labirinto do palácio de Cnossos e com a ajuda de sua mulher: ARIADNE, filha do lendário rei Minos, que o auxiliou segurando um novelo na entrada do labirinto enfrentou e venceu o Minotauro. Na verdade a lenda do Minotauro, explica o processo de dominação cretense sobre as ilhas do mar Egeu. Durante anos, os cretenses dominaram a região do sul da península balcânica, exercendo uma verdadeira TALASSOCRACIA (governo dos mares). Neste contexto surge a lenda do Minotauro, como uma narrativa que justifica tal situação. Contudo, segundo a lenda, a presença do herói Teseu como personagem que vence o monstro, reflete o processo de autonomia das cidades do Egeu em relação aos cretenses, bem como a formação de uma civilização que apresentava importantes elementos tanto de Creta quanto da cidade de Micenas, terra de origem de Teseu: Creto-Miceniana.

1.1 – A CIVILIZAÇÃO CRETO-MICENIANA:

Os minoanos era um povo energético, sensual e amante dos prazeres – gostavam de cores vivas, jogos complicados (jogavam uma espécie de gamão) e roupas elegantes. As suas casas, às vezes de cinco andares de altura, tinham poços de iluminação e terraços recuados. Os seus palácios continham um sistema de água encanada (tinham até vasos sanitários com descarga) sem termo de comparação em matéria de elegância sanitária até aos tempos vitorianos. Os seus herdeiros micênios adotaram algumas habilidades técnicas de minoanos, quando não todos os refinamentos que caracterizaram sua cultura.

Também os micênios foram notáveis construtores. Levantavam os seus palácios dentro de imensas cidadelas com muralhas de

www.domboscobelem.com.br4

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

três metros de espessura e alguns dos seus túmulos reais eram enormes estruturas em feitio de colméia de abelhas feitas de pedras que chegavam a pesar 120 toneladas.

Eram também muito ricos principalmente em metais, e de modo especial em ouro.

Os escavadores têm encontrado nos túmulos micênicos máscaras mortuárias e peitorais de ouro, espadas e punhais de bronze, taças de ouro e prata, anéis e diademas de ouro e folhas finas de ouro usadas para amortalhar os corpos de duas criancinhas reais. Os túmulos revelam também algumas características físicas desse povo. Eram em geral mais altos e de rosto mais largo do que os minoanos. Os homens usavam bigodes e às vezes barba.

As decisões do rei de Micenas e de sua corte eram executadas por um corpo oficial que compreendia, em ordem decrescente, chefes militares, funcionários administrativos, cocheiros e prefeitos do grupo de aldeias que cercavam a cidade. Os arqueólogos descobriram os próprios arquivos, mantidos por essa eficiente burocracia, de lançamentos de impostos, propriedade territoriais, reservas agrícolas e inventários de escravos, cavalos, carros de guerra e peças desses carros (“um par de rodas revestidas de prata, um par de rodas revestidas de bronze, imprestáveis”).

Esses registros, inscritos em placas de barro numa escrita (chamada Linear B pelos estudiosos) só recentemente decifrada, relacionam também mais de 100 profissões dos micênicos. Entre elas estão as de ourives, construtores navais, pedreiros, padeiros, cozinheiros, lenhadores, mensageiros, estivadores, remeiros, seleiros, pastores, limpadores a seco, médicos, arautos, oleiros, guardas florestais, carpinteiros, fabricantes de arcos, tecelões, serventes de banhos e preparadores de ungüentos, e muitos outros misteres exercidos por esse povo.

Em resumo, os micênicos foram um povo talentoso e empreendedor, digno sucessor dos minoanos. Mas se distinguiam dos pacíficos minoanos por um aspecto importante: uma das principais atividades dos micênios parece tersido a guerra ou, para falar mais diretamente, o banditismo e a pirataria. As empresas militares levaram os micênios para muito longe da sua terra em aventurosas missões 1.300 anos antes do nascimento de Cristo. Bandos de aqueus pilhavam e flagelavam a costa da Ásia Menor em meados do século XIII a.C. Numa expedição sitiaram a cidade de Tróia, na guerra que a lenda

diz ter sido travada por causa do rapto da Princesa Helena pelo Príncipe Paris, filho do Rei Príamo, e que durou dez anos.

1.2 – A GUERRA DE TRÓIA

A guerra de Tróia deve ter se iniciado por volta do século XII a.C. Uma luta entre aqueus e troianos pela hegemonia comercial dos mares Egeu e Negro. Segundo a tradição, a crise que levou à guerra começou quando (Páris filho do rei de Tróia, Príamo) visitou Esparta e seduziu Helena, esposa de Menelau, levando consigo para Tróia.

Para resgatar Helena e vingar a afronta, Agamenon (rei de Micenas) convocou todos os príncipes da Grécia para uma expedição punitiva. As esquadras desses príncipes se reuniram e partiram para Tróia. Atingiram a foz do Rio Scamander e permaneceram acampados por nove anos, durante os quais Tróia resistiu. Explica-se essa resistência pela ajuda que Tróia recebeu de vários povos vizinhos, e da costa do Mar Egeu e da Europa.

Após a luta de nove anos, Tróia foi capturada, mediante o ardil do “cavalo de madeira”. Os gregos simularam abandonar o cerco e induziram os troianos a arrastar um cavalo de madeira para dentro da cidadela. A noite, os soldados que estavam escondidos dentro do cavalo abriram as portas da cidade e essa foi destruída e saqueada.

Com a queda de Tróia, afastou-se do caminho a única potência militar capaz de opor às iniciativas dos helenos na Ásia Menor e abriu-se a possibilidade para a colonização grega nessa região.

2 – A CHEGADA DOS DÓRIOS

www.domboscobelem.com.br 5

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

Menos de um século depois essa civilização vigorosa e esplêndida atravessou uma difícil experiência. Foi arrasada por invasões sucessivas de gregos do norte: os Dórios.

Os dórios atacaram as cidades micênicas e as destruíram quando estavam enfraquecidas pela guerra. Os conquistadores viveram como intrusos nos palácios micênicos incendiados, mas não os reconstruíram. Não se fizeram mais registros e a arte da escrita regrediu à níveis extremamente baixos.

O artesanato decaiu com lamentável rapidez. Armas de bronze finamente trabalhadas foram substituídas por armas, que se do ponto de vista estético eram ‘grosseiras’, apresentavam importantes eram bem mais eficientes, pois eram feitas de ferro. O sepultamento em túmulos magníficos foi em grande parte substituído pela cremação simples.

A sociedade micênica perfeitamente organizada desintegrou-se por completo diante do assalto dório. Muitos micênicos se tornaram homens errantes. Após saquear as cidades micênicas, os dórios se encaminharam para o sul e ocuparam a planície da Lacônia. Do continente grego atravessaram o Mediterrâneo rumo a Creta, que foi posteriormente subjugada. E de Creta o caminho era curto para Rodes e as ilhas vizinhas, como Cnido, Cós, Samos e Quios, que tiveram o mesmo destino.

Embora restassem aqui e ali alguns vestígios da velha cultura micênica – na ilha de Chipre, nas montanhas da Arcádia, na Ática, agrupados em torno da pequena cidade de Atenas – a maior parte do velho mundo aqueu se desmoronou.

Hesíodo, um dos mais antigos e mais conhecidos poetas da Grécia, viveu quase no fim desse período e descreveu-o minuciosamente na esperança de que a isso pudesse levar os gregos a mudar de rumo. Para a Hesíodo:

A era micênica incorporava tudo o que havia de belo e de bom. O seu tempo, em virtude da chegada dos dórios era cheio de violência e brutalidade e indiferença, fraudes e mentira.

3 – MAS AFINAL, O QUE FORAM AS

COMUNIDADES GENTÍLICAS?

O período de constituição das comunidades gentílicas tem como ponto de partida fontes históricas as obras atribuídas ao poeta grego Homero: a ILÍADA e a ODISSÉIA. Como as lendas e mitos gregos que tratam de

heróis, as obras homéricas também nos permitem muitos conhecimentos acerca das ações econômicas, técnicas, políticas, sociais e culturais dos gregos daqueles tempos.

A obra chamada Ilíada descreve uma espécie de sociedade anterior ao que aparece na outra obra homérica: a ODISSÉIA. Os poemas de Homero narram a ordem gentílica na Grécia. O estudo da sociedade creto-micênica (aqueus), mostram que os indo-europeus ao fixarem na Grécia, estavam organizados sob o regime gentílico, em que o genos era a unidade básica. Contudo algumas questões devem ser discutidas em relação a esse tipo de organização. Por exemplo, segundo a versão mais corrente no senso comum, inclusive de alguns professores que há anos não mudam o material:

O genos seria formado por um conjunto de indivíduos ligados por laços de parentesco e / ou religiosos; isto é, acreditavam descender de um mesmo ancestral, venerado em cultos coletivos. Nenhum estranho podia ser admitido nos rituais religiosas.

Nesse tipo de interpretação o sistema Gentílico seria Constituído por uma organização coletiva dos meios de produção, bem como pela divisão com uma certa tendência a igualdade, pois todos trabalhariam para manter a produção agrícola da comunidade.

Muito bem, desse modo parece até que as comunidades não conheceram a exploração e muito menos, a desigualdade.

O único problema relacionado a essa interpretação diz respeito ao período em questão: os tempos homéricos, ou seja, época para qual as principais fontes são as obras de Homero: Ilíada & Odisséia.

Tendo tais obras como referência, chegamos a seguinte conclusão, concordando inclusive com o historiador Ciro Flamarion da Universidade Federal Fluminense (UFF). Segundo Flamarion:

“Cada genos era o núcleo em tono do qual se organizava uma ‘casa real’ ou nobre, o OIKOS, que se reunia pessoas – além da família, diversas categorias de agregados livres e de escravos – e bens variados (terras, rebanhos, o ‘palácio’ de afto bem modesto), e um tesouro”. Ciro Flamarion Cardoso. A Cidade-Estado Antiga. Ática; 1990 p.20.

Após a constatação de que nas obras atribuídas a Homero não há referência sobre a

www.domboscobelem.com.br6

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

existência de uma possível comunidade gentílica nos moldes tradicionais.

Portanto, ESQUEÇA aquela história de que as comunidades gentílicas experimentaram o processo de desagregação porque foi sendo constituída a propriedade privada. Uma vez que a mesma já existia no interior do sistema e era um de seus componentes.

4 – A FORMAÇÃO DA POLIS

A formação da pólis do tipo aristocrática se consolidou com o processo de desaparecimento da monarquia. Nas cidades gregas a evolução política durante o período homérico foi bastante, semelhante, contudo a evolução política das cidades assumiu características diferentes. Nesse sentido, em substituição aos poderes até então concentrados nas mãos dos reis, surgiram magistrados leitos pela própria nobreza, contudo dividindo as atenções com um velho conhecido: o Conselho, que de um simples órgão consultivo tornou-se o elemento fundamental nesse processo de constituição das Polis.

O surgimento da cidade-estado antiga também está associado ao crescimento populacional. Esse crescimento, adicionado ao desenvolvimento tecnológico, comercial e artesanal contribuiu para o processo de urbanização em rápida escala.

4.1 – AS CARACTERÍSTICAS DAS CIDADES–

ESTADO

A Pólis arcaica apresentava dois tipos de características: as TOPOGRÁFICAS e as INSTITUCIONAIS.

Do ponto do vista topográfico havia:

ACRÓPOLE: colina fortificada (parte mais alta) e centro religioso

ASTY: também conhecida corno cidade baixa, cujo centro servia corno local para a

realização das trocas e práticas comerciais, Local propício para as atividades mercantis.

ÁGORA: Local conhecido como praça central onde eram realizadas as reuniões de caráter político e/ou religioso.

Do ponto do vista político-institucional podemos enumerar algumas importantes características atribuídas as Poleis da antiguidade.

Nas cidades-estados antigas sempre houve as seguintes instituições:

MAGISTRATURAS: Criadas para estabelecer o processo de divisão das atividades político –jurídicas, bem como impor limites à concentração do poder, a fim de impedir a concentração de um regime autoritário ou tirânico nas cidades-estados.

Os cidadãos atenienses conheciam os ARCONTES; Os espartanos, os ÉFOROS, e finalmente os romanos, os MAGISTRADOS.

CONSELHO: Geralmente formado pelos anciãos, este conselho tinha funções de elaboração das leis a serem aplicadas sobre as sociedades.

Por exemplo, em Esparta chamava-se GERUSIA. Em Atenas; AREÓPAGO e em Roma; SENADO.

ASSEMBLÉIA: Reunida para decidir os destinos das cidades. Apresentavam como elementos fundamentais os cidadãos, ou seja, os sujeitos sociais que possuíam direitos políticos.

Havia nomes próprios para esta instituição em cada cidade-estado. Em Roma, ASSEMBLÉIA CENTURIATA. Na cidade de Atenas, ECLÉSIA. Já os espartanos a conheciam pela dominação ÁPELA.

ATENASATENAS

ESTADO, RELAÇÕES DE TRABALHO E CIDADANIA

1 – ASPECTOS GERAIS: AS ORIGENS

O Passado remoto de Atenas nos é conhecido, através das narrações míticas. Algumas interpretações sobre o caráter “autóctone” dos atenienses foram descartadas, muito em função da arqueologia, da toponímia e até mesmo por certas tradições míticas que tendem a indicar que a Ática já era habitada antes da chegada dos gregos à península balcânica a partir do 2000 a.C.

www.domboscobelem.com.br 7

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

Com efeito, a Ática apresentava-se, então, como um aglomerado de pequenos “principados”, e a tradição conservou a memória das lutas que empreendiam entre si - às vezes isoladamente; outras, agrupadas no seio de comunidades constituídas em torno de um santuário. Pensa-se, comumente, que a unificação partiu do tetrakornia de Maratona, e o nome do Teseu continua ligado ao sinecismo que teria reunido, em uma mesma cidade, as diferentes povoações da Ática.

Somente cidades como Elêusis e Salamina conservaram por mais tempo sua autonomia antes de, por sua vez, caírem sob o jugo dos “reis” de Atenas. De quando data o sinecisrno? É quase impossível dizê-lo.

É igualmente difícil saber a partir de que momento o poder do rei yiu-se limitado pelo controle de um conselho aristocrático, com sede na colina do Areópago, e depois partilhado com três magistrados eleitos, a partir de então, por um período que foi, afinal, fixado em um ano. Um fato permanece de pé: mesmo que Atenas, a partir do final do século VIII a.C., seja uma polis, as peculiaridades regionais não deixam de substituir, e formam a base das disputas que se tratavam entre os principais chefes dos genos , das famílias aristocráticas.

“Com efeito, quando, a partir de certas representações alegóricas e, sobretudo, a partir de certas tradições que há muito se perpetuaram, tentamos imaginar o que poderia ter sido a sociedade ateniense, por volta do inicio do século VII a.C. Ela aparece dominada por uma aristocracia guerreira. Senhora da terra e do poder político, e que tinha em suas mãos os principais sacerdotes, a distribuir a justiça e o direito”. (CIaude Mossé, Atenas: A história de uma democracia. Brasília, UnB; 1987).

2 – A ORGANIZAÇÃO DA VIDA SOCIAL EM ATENAS

a) OS EUPÁTRIDAS: Os proprietários das terras mais férteis (localizadas na região do Pédium) e de escravos. Eram chamados “Eupátridas”, os

“bem nascidos”. No inicio tinham a exclusividade no referente ao exercício da cidadania, ou seja, desempenhavam as mais importantes funções políticas e militares até o ano de 594 a, C, quando Sólon ascendeu ao cargo de arconte / legislador, quando foi modificado o critério de acesso à cidadania.

b) GEORGÓIS OU GEOMORES: Eram os pequenos proprietários das terras pouco férteis, junto às montanhas (região de Paraíba). À principio não gozavam de direitos políticos. Em tempo de crise muito Georgóis viam-se obrigados a tomar empréstimos junto aos “bem nascidos” podendo, caso empenhassem a si próprios, tornaram-se escravos. A maioria passou a ter importante condição social e política a partir das reformas Solonianas (Criação das quatro classes censitérias & lei Seisachteia)

c) DEMIURGOS: Eram artesões que submetiam seus préstimos à comunidade. Possuíam importantes fontes de renda, provenientes das atividades mercantis desenvolvidas por eles. Apesar da importância econômica que dispunham na sociedade ateniense, somente após a época de Sólon terão acesso à cidadania, através das reformas sócio-econômicas do Legislador.

d) METECOS: Eram os Estrangeiros residentes, vinham de várias regiões para habitar em Atenas. Praticavam diversas atividades urbanas, como o comércio e o artesanato. Constituíam o contigente e trabalhadores livres. Sua presença em território ateniense foi bastante estimulada por seus dirigentes, principalmente à época de Péricles, pois o meteco artesão e livre iria desenvolver suas práticas, auxiliando o progresso econômico da cidade de Atenas. Os metecos contribuíam para o estado ateniense através de um imposto chamado de Metoikion. Nem todos os metecos eram ricos, estes principalmente os grandes comerciantes e possuidores de oficinas nas cidades. A maioria dos metecos constituía-se de homens livres que vendiam sua força de trabalho.

e) ESCRAVOS:Trazidos à força de outras regiões para Atenas em função das guerras de conquistas e das negociações de produtos entre os mercadores. Eram a maior parcela dos estrangeiros em Atenas, principalmente após a lei Seisachteia decretada por SóIon, pela qual aboliu as dívidas come critério à escravização entre os atenienses Desenvolviam várias funções. Desde as atividades nas oficinas, passando pelas domésticas até as intelectuais.

www.domboscobelem.com.br8

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

Obs. A massa da população constitui, à aristocracia uma espécie de clientela, reunida no seio das frátrias para o culto do ancestral comum aos genos às vezes, estas eram consultadas em assembléias, do tipo daquelas do que nos falam os poemas homéricos, mas econômica e socialmente eram dependentes sem que se possa determinar, de modo preciso, em que consistia essa dependência. Entre a aristocracia e a c!asse camponesa dependente.

Há um grupo intermediário de aldeões livres, suficiente abastados para poderem adquirir uma panóplia e servir na falange pesada dos hoplitas que, a partir de meados do século, constituem a força militar da cidade.. (Claude Mossé. Op. Cit.)

3 – AS LUTAS SOCIAIS E OS EMBATES POLÍTICOS

Nos últimos decênios do século VII a.C., é que Atenas, a qual tinha se conservado afastada do grande movimento de colonização — iniciado por volta de meados do século VIII a.C, entra propriamente no processo histórico. O primeiro episódio conhecido é a tentativa de um certo Clion do apoderar-se da tirania, aproximadamente em 630 a.C. Jovem aristocrata, vencedor dos jogos olímpicos. Cílon assenhoreou-se cia Acrópole, com a ajuda de alguns amigos e de reforços enviados por seu sogro, Teágenes, tirano do Mégara.

O Arconte Mégacles, porém, chamou às armas o povo, que acudiu em massa para assediar a Acrópole. Cílon e seus companheiros tiveram que se render e foram condenados à morte, por ordem do Mégacles que, naquela conjuntura, não levou em conta o caráter sagrado da Acrópole e cometeu, assim, um sacrilégio cuja mácula, recairia sobre todos os membros de seu genos , o dos alcmeônidas, que, pouco depois, tiveram que tomar o caminho do exílio.

Devemos a Heródoto e a Tucídides a narrativa da tentativa do Cílon. Ambos fizeram uso de uma fonte favorável aos alcmeônidas que aparecem, assim, como os “protetores” naturais do povo. Dai a concluir como certos historiadores contemporâneos, que Cílon tentara tomar o poder para defender os interesses da nobreza, ameaçados pela confecção das leis, vai uma grande distância.

É mais verossímil colocar a tentativa do Cílon no quadro das lutas entre facções aristocráticas, que continuarão durante parte do

século seguinte. No que tange ao papel das populações campesinas, é duvidoso que tenha sido tão ativo quanto pretende Tucidides, e não se chega a entender por que teriam tomado o partido de Méqacles contra Cílon.

4 – OS LEGISLADORES, AS REFORMAS SOCIAIS E A EVOLUÇÃO DA CIDADANIA

DRÁCON: Não há dúvida, entretanto, que o povo começava a adquirir uma importância cada vez maior na vida da cidade. As transformações no exército tiveram como conseqüência a ampliação da classe dos homens em condição de portar armas. E estes começaram a aspirar a substituição do direito dos qenos por uma lei observada por todos, e capaz de por fim às vendettas que dividiam as famílias aristocráticas.

O Código de Drácon, elaborado nos últimos anos do século VII a.C.. constitui a primeira tentativa, ainda Imitada a casos de assassinatos, de instituir um direito comum a todos, e do pôr termo à prática de vinganças das famílias. A despeito do que afirmam os oradores do século IV a.C. Segundo a grande historiadora francesa Claude Mossé em seu livro sobre a história da Democracia ateniense.

“É discutível que Drácon tenha redigido um código de leis completo e, mais ainda, que tenha dotado Atenas do uma nova constituição. Embora prejudicando os privilégios judiciários dos antigos genos, as leis de Dracón de modo algum feriram o monopólio político da aristocracia, assim como não ameaçaram sua dominação social” (Claude Mossé. Op.cit.)

As reforma do Drácon deram satisfação aos atenienses mais ricos que não fossem aristocratas, mas não aos camponeses pobres. Estes, através do mecanismo do endividamento, tornavam-se “clientes” (Pelátai) e “arrendatários” (hectomoroi) dos ricos, pagando (as interpretações divergem) um sexto ou cinco sextos da colheita como aluguel da terra que haviam perdido ao não poder ressarcir o que deviam; e mesmo, persistindo sua insolvência a ponto de não pagarem o aluguel, e já que as dívidas eram garantidas por suas pessoas e as de seus familiares, podiam, com suas mulheres e filhos, ser vendidos como escravos fora da Ática, ou nesta trabalhar como servos de seus credores. A terra estava concentrada em poucas mãos.

“Uma tal situação levou que os nobres e a multidão entrassem em conflito durante longo

www.domboscobelem.com.br 9

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

tempo” (Aristóteles, Constituição de Atenas, II, 1II e V).

SÓLON: Em 592-591 a.C SóIon foi eleito arconte com amplos poderes. Encarregado de proceder as reformas socais políticas. Ele não efetuou a redivisão das terras reclamada pelos populares, mas realizou urna radical abolição das dividas e proibiu, no futuro, tomar as próprias pessoas como garantias de dívidas. Ao que parece, os pequenos proprietários que haviam perdido suas terras voltaram à plena propriedade destas; os que haviam sido vendidos como escravos no exterior foram, na medida do possível, comprados aos seus donos pelo Estado ateniense e alforriados. Sólon foi responsável pela decretação da Seisachtéia.

As reformas do SóIon foram cruciais na medida que garantiram espaço político mais amplo aos demais grupos sociais de Atenas, possibilitando a progressiva quebra da hegemonia, até então, exercida pela aristocracia Eupátrida.

4.1 – REFORMAS SÓCIO-POLÍTICAS

Sólon criou 4 classes censitárias estabelecendo como critério de acesso à cidadania: a Renda. Neste sentido, assim se organizava a sociedade política segundo as reformas de Sólon. Por conta destas transformações o regime político à época de SóIon foi denominado por alguns historiadores como Plutocracia: o governo dos ricos.

4.2 – AS CLASSES CENSITÁRIAS CRIADAS POR SÓLON

PENTACOSIOMEDIMNOS: isto é aqueles cujas terras rendessem quinhentas medidas de cereais e azeite. eram os únicos que poderiam tomar conta das funções dentro do Arcontado. Além de poder participar das outras instituições anteriores.

HÍPEIS OU CAVALEIROS: Eram aqueles cujo rendimento anual equivalia a 400 medimnos. Logo após os Eupátridas, particiipavam das mais importantes magistraturas.

ZEUGITAS: terceira classe censitária criada por Sólon, que possuía uma renda equivalente 300 medimnos. Tal rendimento credenciava o zeugita participar da vida pública,

desempenhando as funções dos tribunais Heliastes, além de ocupar um espaço significativo do exército ateniense na condição de Hoplitas.

THETAS: eram aqueles cuja riqueza era equivalente ou inferior a 200 medimnos por ano, muitos thetas eram considerados marginais. Os thetas eram isentos do pagamento de impostos, contudo deveriam participar da infantaria ligeira.

Sólon através de suas reformas ampliou o acesso à cidadania, principalmente à participação popular no governo, permitindo o ingresso dos não -eupátridas nas fileiras públicas. Mas o fato de que essa classificação se tenha feito, a partir de então, em função da fortuna e não do nascimento — o que explicava, antes de mais nada, a divisão dos privilegiados em duas classes distintas — revela não apenas uma profunda alteração das mentalidades, mas também a vontade de Sólon de substituir, por novos critérios, os antigos costumes aristocráticos (instituiu o critério censitário) - Sólon também criou algumas instituições como O Conselho Dos Quatrocentos1, cuja autoridade encontrava-se entre o Areópago e a Eclésia

Na verdade, Sólon fixava-Ihe limites aos quais a evolução ulterior (a democracia escravista) daria pleno significado. Admite-se geralmente, que é a partir de Sólon que a agricultura da Ática modifica-se, com as culturas arbustivas desenvolvendo-se em detrimento das de cereais— o que supõe, de uma parte, a possibilidade de abastecimento regular de grão estrangeiro; de outra parte, exige uma moeda de troca para pagar as importações. É mister, pois, admitir que o trigo importado era pago, quer com vasos — sabemos, porém, que a exportação de vasos áticos somente começa a adquirir real importância no segundo quartel do século VI a.C- — quer com outros produtos - no caso, o azeite, que era o único produto agrícola cuja exportação estava autorizada.

4.3 – A TIRANIA DE PSÍSTRATO E DE SEUS FILHOS

Apesar da importância das reformas de SóIon é certo que, nos anos seguintes às mesmas, operam-se transformações, na vida de Atenas, que terão grande relevância no futuro da cidade: a orientação da agrIcultura para as culturas arbustivas, a busca de um abastecimento regular de cereais e o

1 Este conselho criado por Sólon, mais tarde remodelado e recebeu a denominação de Bulé, composta por 500 membros, durante a época de Clistenes.

www.domboscobelem.com.br10

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

desenvolvimento da indústria cerâmica. Essas transformações contribuíram para modificar a estrutura social do Ática, mas constituíram mudanças lentas que somente adquiriram real importância em fins do século.

“De imediato, o problema agrário, ao que SóIon parcialmente se subtraiu, continuou sendo fundamental. Não é surpreendente ver a agitação renascer nos anos que se seguem ao seu abandono da vida pública. Esta agitação situava-se num duplo plano: por um lado, as lutas das facções entre genes aristocráticas recrudesciam, cada vez mais, e houve mesmo dois anos de anarquia”, durante os quais não se pôde designar urm arconte epônimo; por outro lado, persistia a agitação dos camponeses.” (Claude Mossé. Op. Cit.)

Nesse momento a agitação mobilizou as três facções políticas de Atenas. Os Principais grupos políticos de Atenas já tinham uma forma bastante definida. Surgidos em decorrência dos embates políticos, as facções representavam os interesses sociais há muito tempo em conflito.

4.4 – PEDIANOS, PARALIANOS E DIACRIANOS: OS PARTIDOS POLÍTICOS DE ATENAS

OS PEDIANOS: Eram os habitantes das planícies. Seu partido era aristocrático-conservador, formado pelos grandes proprietários de terra e escravos, os Eupátridas (bem-nascidos). O principal objetivo do partido pediano era defender seus privilégios e a restauração da situação anterior à reforma de SóIon, situação esta que beneficiava os aristocratas.

OS PARALIANOS: Eram os habitantes do litoral. Este partido defendia os interesses dos comerciantes e artesãos, até então, bastante favorecidos pelas reformas de Sólon, no entanto temiam as concessões às classes menos favorecidas, também realizadas por SóIon. Por isso, adotavam uma posição moderada, sem maiores questionamentos, principalmente para evitar a eclosão de um movimento radical.

OS DIACRIANOS: Eram habitantes da montanha — em geral eram pequenos proprietários de terras pouco férteis, antigos Hectemores libertados pela legislação de Sólon (Iei Seisachteia) e thetas em geral, que defendiam reformas mais radicais, principalmente maior participação política, trabalho e acesso ás terras.

As constantes agitações sociais e políticas produziram as condições necessárias para o aparecimento de indivíduos que se apoderaram do poder, exercendo-o de modo ilegal, pessoal e contrário às leis. Aquele que tomava o poder pela força era chamado Tirano2

4.4 – O PAPEL DE PSÍSTRATO E A EVOLUÇÃO SÓCIO-POLÍTICA EM ATENAS

O primeiro tirano de Atenas foi Psístrato, ele era um aristocrata ligado ao partido diacriano. Através de um qolpe muito bem articulado, Psístrato apoderou-se da Acrópole, centro do poder político, religioso e militar. Governou Atenas de 560 a 527 a.C. Mesmo sendo expulso duas vezes de Atenas e de permanecer 14 anos no exílio, Psístrato manteve-se no poder durante um período de 19 anos. Durante seu governo, empreendeu, várias reformas importantes. No conjunto essas reformas indicam, sob outros aspectos, segundo alguns historiadores, que o tirano Psístrato aparece como um precursor do grande estratego do século V a.C. (Péricles).

Psístrato, em matéria de política exterior, foi o primeiro a orientar os negócios de Atenas para o Mar Egeu e a região dos Estreitos. Apoiou o estabelecimento da tirania de seu amigo (Ligdamis) em Naxos, assenhoreou-se de Sigeu, no Helesponto, e estimulou Milcíades a fundar uma colônia ateniense em Quersoneso, na Trácia. Na verdade, estas ações constituíam-se em importantes maneiras para garantir as vias de acesso ao trigo da Rússia meridional que, nos séculos V a.C. e IV a.C., alimentaria Atenas. Para pagar esse trigo, fomentou o desenvolvimento da cerâmica ateniense e mandou cunhar as primeiras “Corujas” com a efígie de Atena.

Procurando consolidar a unidade da Ática, favoreceu o desenvolvimento dos cultos que podiam congregar todos os atenienses. Em primeiro lugar, o de Atena, a deusa tutelar da cidade, cujos festejos conheceram, então particular brilho; o de Dionísio, o Deus popular do campo, e o das duas deusas de Elêusis. Enfim, a época dos Pisistrátidas foi a das primeiras grandes construções na Acrópole e dos notáveis

2 A expressão tirania não é de origem grega, o que faz supor que esta forma de governo nasceu fora da Grécia. No início, a expressão não tinha o sentido pejorativo; tirano era apenas um governante que não havia sido eleito, posteriormente quando as formas democráticas tornaram-se hegemônicas, o tirano passou a ser identificado como opressor, ditador, que governa usando a força. Esta denominação refere-se a família da qual pertencia o arconte Clístenes, o responsável pela implantação da democracia.

www.domboscobelem.com.br 11

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

trabalhos de adução d’água, bem como das primeiras grandes obras da escultura ática, às quais se liga o nome de Antenor. Psístrato e Seus filhos — os quais nada fizeram, além de retomar a política do pai — foram, pois, os primeiros a revelar aos atenienses o caminho de sua futura preeminêncIa econômica, intelectual e artística. Mas os Pisistrátidas, tiranos que eram, confundiam a glória da cidade com a sua própria. Ora, a grandeza de Atenas provinha, principalmente, do fato do que esta devia ser de todo o povo. Isso propiciava uma revolução, a qual foi obra de um aristocrata, o alcmeônidas Clístenes.

Psístrato, dentre outras reformas: dividiu as propriedades; determinou a participação dos cidadãos na Assembléia e nos Tribunais (fato este já comentado); estimulou o comércio marítimo; construiu obras públicas, como portos, templos, canais, aquedutos, esgotos, bibliotecas públicas. As reformas de Psístrato, tenderam a beneficiar principalmente os pequenos proprietários (Georgóis e Thetas), em detrimento dos grandes proprietários (Eupátridas).

Após a morte de Psístrato, em 527 a. e., o poder passou a Hiparcos e Hípias, seus filhos. Estes não conseguiram vencer as vicissitudes que haviam presidido à ascensão ao poder por parte de seu pai. Além do mais, afeitos ao poder pessoal, viam-se tentados a exercê-lo de modo mais autoritário e, sobretudo, mais “principesco”. Enquanto Psístrato, por vontade própria, queria levar a vida de um simples particular, seus filhos fizeram-se cercar de pomposa corte, atraindo a Atenas poetas, escritores e artistas. Entretanto, os primeiros anos de seu reinado conjunto foram relativamente calmos.

A maior parte dos membros das grandes famílias aristocráticas tinham retornado a Atenas e, como já vimos, não hesitavam em disputar os mais altos cargos. Contudo, a realidade do poder escapava-lhes, e isto devia afigurar-se-lhes intolerável. Parece, no entanto, que não tentaram qualquer ação digna do nota antes do assassinato de Hiparcos. Conhecemos essa sombria história através de uma narrativa do Tucidides. Como ponto de partida,há a questão do ciúme Hiparcos, que teria se apaixonado pelo belo Harmôdios, que o rejeitou. O resto da história é obscuro.

“Harmôdios, então no apogeu de sua beleza juvenil, tinha como amante Aristógiton, um cidadão da classe média. Hiparcos, filho de Pisístratos, tentou seduzi-lo, mas sem sucesso, e

Harmôdios o denunciou a. Aristógiton; este, como todos os amantes, ficou muito magoado e temendo que, com seu poder, Híparcos lhe tomasse Hamôdios à força, tramou imediatamente a extinção da tirania, usando o prestígio que desfrutava”.(Tucídides. História do Peloponeso, Livro VI – cap. 54, p. 313).

Para se vingar, Híparcos teria humilhado a irmã de Harmôdios, e este, com a ajuda de seu amante, Aristógiton, teria preparado o assassínio do tirano. Depois disso, Harmônimos e Aristógiton, os “tiranicidas”, seriam reverenciados pela democracia como heróis e, ainda no século IV a.C., seus descendentes gozariam de vários privilégios.

Na verdade, a morte de Híparcos não pôs fim à tirania— a qual duraria ainda quatro anos. Ademais, se dermos crédito a Aristóteles, o assassinato do Hiparcos, Hípias interpretou o crime como uma forma de contestação política e começou a perseguir os aristocratas atenienses. Estes então reagiram e expulsaram o governante de Atenas, em 510 a.C. Segundo Tucídides:

“Depois disso a Tirania se tornou mais dura para os atenienses, e Hípias, desde então dominado, pela apreensão, não somente mandou matar muitos cidadãos, mais também voltou os olhos para a o exterior, querendo ver se em alguma parte poderia encontrar refugio em caso de revolta”.(Tucídides .História do Peloponeso. Livro VI — Cap. 59 — p. 315.)

Dois anos depois, lságoras, um aristocrata, nomeado arconte, iniciou uma política de restauração dos privilégios da aristocracia. A forte oposição dos grupos populares obrigou-o a pedir auxílio aos aristocratas de Esparta. Liderados pelo Rei Cleômenes, os espartanos intervieram em Atenas para garantir a supremacia dos aristocratas. Então os Diacrianos e Paralianos, liderados por um aristocrata progressista .— Clístenes —, se uniram e expulsaram o inimigo comum.

5 – A DEMOCRACIA DE CLÍSTENES

Clístenes tentou, em diversas ocasiões, tornar a Ática, mas seus esforços foram fracassados. Um fato significativo é que o povo, que não desempenhara qualquer papel na morte de Hiparcos, permaneceu passivo e que não é uma sublevação popular, mas uma intervenção estrangeira a de Cleômenes — Rei de Esparta, convocado pelos aristocratas atenienses — que causou a derrocada do tirano (510 a.C.).

www.domboscobelem.com.br12

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

Aparentemente o fim da tirania significava, pois, o puro o simples retorno ao passado. E, com efeito, enquanto o exército do Rei de Esparta acampava nos Arredores de Atenas, as disputas entre as facções aristocráticas não tardaram a recrudescer, com redobrado vigor. Dois homens contendiam, em especial: o alcmeônidas Clístenes e Isáqoras, amigo pessoal de Cleômenes, Rei de Esparta. Lsáqoras, favorecido pela ameaça que o exército espartano representava, foi eleito para o arcontado em 508 a.C.

Clístenes, decidiu apoiar-se no povo, revivendo, de certo modo, a manobra que permitira a Psistrato instalar-se no poder, meio século antes. Com efeito, no final do século VI a.C., o povo ateniense ainda não era a grande força política que viria a ser no século seguinte (época de Péricles), e se pôde influir na orientação que o alcmeônida daria à constituição ateniense, promovendo uma aliança que teria conseqüências extremamente importantes para a história de Atenas.

Clístenes não é bem-conhecido, ao contrário de Sólon e de Péricles. Se Clístenes não fez mais que apoiar-se no povo, para dominá-lo e chegar ao poder, terá sido um oportunista ou, no melhor dos casos, um político hábil que, aproveitando-se da importância que, há meio século, o povo adquirira na vida da cidade, disso teria tirado as conseqüências pertinentes, e com este se congraçado, por meio de uma profunda reforma nas instituições. Até as naturalizações de estrangeiros, a que procedeu, derivam da prática “tirânica” em curso, cujo propósito tradicional era o de adquirir clientela (apoio sócio-político).

Os alcmeônidas constituíam um genos que, há muito, vivia à margem da aristocracia tradicional. Na época clássica, seus bens patrimoniais localizavam-se nas proximidades da cidade; podiam ter interesse em aumentar o número de seus clientes, apoiando-se em uma população urbana, de origem relativamente recente, e tanto mais fácil de conquistar quanto não estava presa pelos laços tradicionais de clientela. Tudo isto é patente, mas não explica o caráter das reformas de Clístenes. Estas reformas, portanto, nada têm de “demagógicas”. Os profundos transtornos que se operam na estrutura da sociedade ateniense não são, nem foram, imediatamente perceptíveis.

5.1 – AS REFORMAS DE CLÍSTENES E O CAMINHO DA DEMOCRACIA

Clístenes, com efeito, modificou o território da Ática, utilizando as seguintes estratégias:

A) As novas tribos da Ática: o primeiro passo, neste sentido foi, substituir as quatro tribos antigas, de origem Jônica, por dez novas que congregam os habitantes de uma mesma parte do território da Ática.

B) O território do cada tribo compreende três partes, três Tritias: uma situada no litoral (reunia Os Paralianos), outra na cidade e seus arredores (os pedianos), e a terceira no interior (os Diacrianos)

C) Cada tritia congrega um número variável de “demos”, circunscrições territoriais de base, ocupando as terras dos antigos vilarejos, sem, de modo algum, identificarem-se com os mesmos. Evidentemente, não é preciso ressaltar que, assim agindo, Clístenes solapava as bases da dominação social da antiga aristocracia.

O historiador Horódoto já havia percebido isto. Comparava suas reformas às que seu avô, o tirano Clístenes, implantara em Sicione. Mas, se o desejo de abater a aristocracia tradicional e de minar as bases de sua autoridade é idêntico nos dois casos, o que constitui, medida humilhante por parte do tirano de Sícione torna-se reconstrução sistemática, reforma do espaço cívico, por parte do neto.

“Os modernos tentaram, explicar o caráter sistemático das reformas Clisteneanas, pesquisando os modelos que poderiam ter inspirado o alcmeônida. Alguns acreditavam existir influência das especulações Pitagóricas”(Claude Mossé. op. Cit).

Mais recentemente, tem-se ressaltado o “geometrismo” herdado dos miIésios. De qualquer modo, é incontestável que Clístenes concebeu a reforma antes de impô-Ia. Todavia, esta não consistia apenas numa reforma do espaço cívico. A própria reforma tinha um sentido político que ia muito além da simples debilitação das famílias aristocráticas.

“evidenciaram, ao criar as novas tribos, Clístenes integrava mais intimamente as diferentes partes da Ática, e concluía a obra de unidade já iniciada por Psístrato. Enquanto outras partes do mundo grego jamais haveriam de alcançar a unidade, Clístenes criava “cidade-estado” que, unida, iria poder enfrentar o perigo das guerras médicas” P.Lévêque e P. Vidal –Naquet

www.domboscobelem.com.br 13

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

A Tritie ou demo era o mais importante elemento nas reformas de Clístenes, o novo regime por ele instituído passou a se chamar democracia, isto é, governo do demos.

5.2 – O FUNCIONAMENTO DA DEMOCRACIA DE CLÍSTENES

Clístenes organizou, o governo de Atenas, com base nessa nova divisão territorial. Para proceder à escolha dos membros dos diversos organismos, adotou o método decimal:

“Escolheu 50 membros de cada tribo para formar o Conselho dos 500 (BouIé); escolheu 10 arcontes, 1 por tribo; criou 10 unidades de infantaria (uma de cada tribo); 10 esquadrões de cavalaria (um de cada tribo); e, para comandar esses efetivos, escolheu 10 estrategos (generais)”. José Jobson Arruda – História antiga e medieval – Ed. Ática;1979

Poder legislativo era composto pelo Conselho dos 500 (Bulé) e pela Assembléia (Eclésia). Cada grupo de 50 membros do Conselho governava durante um mês (o calendário administrativo tinha 10 meses) com a atribuição de preparar os projetos de lei. A Assembléia se reunia mensalmente, para discutir e aprovar todos os projetos preparados pelo Conselho dos 500.

A direção do poder judiciário estava sob responsabilidade de 6000 cidadãos escolhidos, através de sorteio, que exerciam a justiça nos 12 tribunais de Heliastes. De cada tribo eram escolhidos 600 cidadãos, perfazendo o total de 6000. Cada um dos 12 tribunais ficava sob a responsabilidade de 500 cidadãos, subdivididos em 10 grupos do 50, um para cada mês. A alta justiça, encarregada de julgar principalmente a constitucionalidade dos atos públicos, era exercida pelo Areópago (antigo órgão aristocrático), composto por ex-arcontes. O poder executivo, foi transferido para os Estrategos ou Estrategas, em número de 10. Eleitos pela Assembléia para mandatos de 1 (um) ano (podiam ser reeleitos), formavam um órgão coletivo de governo; um deles, o Estratego-Mor, ocupava um cargo semelhante ao de presidente da República.

Urna outra importante medida de Clístenes foi a instituição do Ostracismo, que consistia na suspensão dos direitos políticos dos cidadãos considerados nocivos ao Estado. Os crimes sujeitos ao ostracismo eram votados na Assembléia; usavam-se pedaços de cerâmica com o formato de ostra (ostrakon), nos quais

eram escritos os nomes dos culpados; o cidadão que tivesse seu nome escrito mais de 6000 vezes no ostrakon era exilado por 10 anos, sem confisco de bens.

Com as reformas de Clístenes, Atenas começou um período de estabilidade para a cidade de Atenas. Essa estabilidade, permitiu a formação de um sistema coeso, capaz de enfrentar com sucesso um longo período de perturbações externas — como as guerras médicas —, que ajudaram a consolidar ainda mais as instituições atenienses. No entanto é preciso ressaltar que a democracia ateniense excluía as mulheres, os estrangeiros e os escravos do direito à cidadania.

ESPARTA:ESPARTA:

ESTADO, RELAÇÕES DE TRABALHO E CIDADANIA

1 – PEQUENA E SINGULAR HISTÓRIA DE ESPARTA

A cidade de Esparta foi, provavelmente, fundada pelos dórios ra região da Lacônia. Entre o período da época Arcaica e início dos tempos clássicos, Esparta nos aparece como uma polis extremamente atípica. Em primeiro lugar porque, o processo de urbanização da cidade nunca se completou: permanecia constituída por um conjunto de aldeias e seus templos e construções não mostravam esplendor nem arte refinada. Em segundo lugar: o termo que designava oficialmente a Pólis espartana — “Os Lacedemônios” não era sinônimo do conjunto dos cidadãos como nas outras cidades-Estados: compreendia, sem dúvida, os cidadãos espartanos ou esparciatas, mas também os periecos, os quais gozavam de autonomia interna em suas cidades e povoados, mesmo não podendo exercer a cidadania. Em terceiro, o território controlado por Esparta, depois da conquista da Messênia, era de pouco mais de 5 000 km, em contraste com os 2 506 km da Ática, que era já considerada grande em comparação com a maioria dos territórios das cidades-Estados helênicas.

Esparta tendia a ser auto-suficiente em cereais e, coisa ainda mais rara na Grécia, dispunha de minas de ferro na Lacônia. Por fim, e principalmente, os esparciatas constituíam um caso extremo de especialização militar: importantes atividades econômicas eram deixados aos periecos e aos hilotas, “escravos” do Estado-espartano postos a serviço dos esparciatas, vivendo estes últimos, segundo

www.domboscobelem.com.br14

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

Platão “como exército acampado e não como pessoas fixadas em cidades” e, a tal ponto que os homens adultos tomavam em comum as refeições públicas chamadas SYSSÍTIAS, repartidos em grupos que na guerra combatiam juntos, em lugar de fazê-lo em suas casas. Embora alguns dos traços da organização espartana — o hilotismo e as refeições coletivas, por exemplo — fossem encontrados também em outras cidades do mundo grego (as de Creta em especial), no conjunto tratava-se de um caso muito peculiar.

Como explicá-lo?. Buscar-se-á na religião os elementos para resposta. Os próprios espartanos e seus contemporâneos da Época Clássica atribuíam a constituição espartana — resumida num documento conhecido como “Grande Retra” — a um período muito antigo e a um legislador mítico inspirado pelo Deus Apolo: Licurgo.

“Estudos recentes, principalmente no campo da arqueologia mostram que por muito tempo Esparta teve uma evolução similar à de outras cidades da Grécia, por exemplo em matéria de lutas socais e de história intelectual, e que somente entre 660 e 500 a.C. se completou o processo que a transformou num caso à parte. Esparta era a única cidade-estado grega que possuía um exército permanente. Acredita-se que o episódio fundamental no sentido de dar forma a Esparta tal como a conhecemos foi a conquista da Messênia, região do Peloponeso vizinha à Lacônia, e a “transformação” de seus habitantes em hilotas, como já ocorrera com parte da população da Lacônia”.

2 - A ORGANIZAÇÃO DA SOCIEDADE

OS ESPARTANOS OU ESPARCIATAS: Os esparciatas, chamados “os iguais” (homois ou homoloi) eram os cidadãos que gozavam de plenos direitos Políticos. Os adultos entre eles, ou seja, os chefes de família capazes de portar armas e dotados de lotes de terra (Cleros / Kleros), nunca foram muito numerosos; além disso seu número diminuiu sem cessar: talvez

nove ou dez mil quando da houve redivisão da terra cívica em porções iguais, eram oito mil no início do século V. a.C. e não mais de dois mil no século IV a.C.

Esta situação aponta a uma tremenda concentração da propriedade sobre a terra cívica a se processar nos tempos clássicos, caindo com o tempo a maioria dos esparciatas na situação dos “inferiores” ou “hipomeiônios”, ao não poder mais contribuir com alimentos e vinho refeições coletivas (Sissytias). De fato, no começo tanto a terra cívica quanto os hilotas eram propriedades do Estado, atribuindo-se somente o seu usufruto aos cidadãos; mas com o tempo os esparciatas passaram a tratar estes bens como propriedade privada, o que possibilitou a sua concentração, num processo cujos detalhes, aliás, nos escapam.

OS PERIECOS: Entre os súditos dos esparciatas, os Periecos tinham situação relativamente favorável. Se por um lado não podiam participar da vida cívica de Esparta — o que não os eximia do combate como hioplitas (tipo de soldado que se arma às próprias custas), sob mando esparciata — monopolizavam o comércio e o artesanato, podiam ter bens e terras (distintas das terras cívicas - O KIeros) e comprar escravos. Governavam as suas comunidades com autonomia, porém sob a vigilância de um governador esparciata, nomeado para cada uma delas; naturalmente não podiam ter uma política externa própria. Não são conhecidas revoltas de periecos a não ser tardiamente.

OS HILOTAS: Os hilotas, camponeses que durante muito tempo foram vistos erroneamente como “escravos públicos”, trabalhavam nos lotes atribuídos aos esparciatas, entregando-lhes de início a metade da colheita e, mais tarde, segundo parece, uma quantidade fixa de produtos (Apófora). Podiam possuir bens e constituir família, mas eram tratados com grande dureza. Iam a guerra em princípio como auxiliares e serviçais. Contudo, a intensificação das guerras externas fez com que fosse necessário amar como hoplitas a muitos hilolas. Estes só podiam ser alforriados pelo estado. Suas revoltas - cruelmente reprimidas, no entanto sempre recomeçadas — e o fato de juntos eles e os periecos com o tempo passassem a constituir a grande maioria do exército espartano foram fatores de enfraquecimento do regime tradicional.

3 – A ORGANIZAÇÃO DA POLÍTICA E INSTITUIÇÕES

www.domboscobelem.com.br 15

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

Do ponto do vista político, os espartanos recorreram em primeiro lugar dois reis (Diarquia), hereditários (não necessariamente em linha direta, nem segundo o princípio de primogenitura). Os reis tinham altas funções religiosas e comandavam o exército; não tinham poderes políticos efetivos, a não ser como membros ex-ofício do Conselho de anciãos, eram obrigados a jurar lealdade a constituição e vigiados de perto pelos magistrados ou Éforos. Para muitos intelectuais da época o sistema de governo em Esparta apresentava características muito importantes, por exemplo, segundo Platão em sua obra As Leis:

“Um Deus, parece, se ocupou de vós: prevendo o futuro, implantou das estirpes gêmeas dois Reis, em lugar de uma única [...] Introduziu o comedimento do sábio poder exercido pela velhice na força arrogante que se apoiava sobre o nascimento, tornando a competência dos vinte e oito gerontes igual à dois Reis na votação dos assuntos mais importantes [...] Constatando que o governo ainda era cheio de orgulho e desconfiança, impôs-Ihe à guisa de freio a soberania dos Éforos [...]”.

A Gerusia era composta pelos dois reis, mais 28 cidadãos com mais de sessenta anos (isto é liberado das obrigações militares). Eram vitalícios e eleitos de forma curiosa: os candidatos ao cargo — ao abrir-se vaga peIa morte de algum dos gerontes —, desfilavam diante da assembléia popular e eram aplaudidos; juízes fechados numa casa próxima, de onde não podiam ver o destilo e que desconheciam a ordem (estabelecida por sorteio) em que passariam, avaliavam qual dos candidatos fora o mais aplaudido — se o primeiro, o segundo, o terceiro, etc., sendo este o vencedor.

A Gerusia aparentemente tinha funções semelhantes às da Bulé ateniense quanto à preparação dos projetos de lei a serem votados pela assembléia, e funcionava como tribunal para a justiça criminal. Quanto à Assembléia Popular ou Apela, formada pelos cidadãos de mais de trinta anos e em pleno gozo dos direitos, reunia-se ao ar livre, elegia os gerentes e os Éforos e votava sem discutir— por aclamação ou, em caso de dúvida, dividindo-se em dois grupos — as propostas que lhe fossem submetidas pelos Éforos ou pela Gerúsia. Se tentasse ir contra o costume e discutir as propostas, ou tomar qualquer decisão contrária à constituição os reis e a (Gerúsia tinham o poder de dissolvê-la. Os únicos magistrados

espartanos eram os cinco Éforos, eleitos por um ano pela Ápe!a entre os esparciatas, sem qualquer distinção de riqueza ou nascimento).

No século VI a.C. parece ter ocorrido um reforço de suas atribuições. O presidente do colégio dos Éforos era epônimo, ou seja dava o seu nome ao ano em que exercia suas funções. Presidia a Apela, em especial quando eram recebidos embaixadores estrangeiros ou se votava a paz ou a guerra. Em caso de guerra, os éforos ordenavam a mobilização e estabeleciam a estratégia a ser seguida; dois deles acompanhavam o rei que, para a campanha em questão recebesse o comando supremo.

A função principal dos Éforos era, na verdade; a de controlar a educação dos jovens e vigiar a vida social política de Esparta, com a finalidade de evitar qualquer desvio em relação ao regime tradicional. Tinham grandes atribuições judiciárias, podendo julgar mesmo os reis. Seu enorme poder era limitado pelo caráter anual e colegiado do cargo. No conjunto, então, apesar da presença dos reis, o regime espartano era oligárquico e não monárquico, mas de um tipo muito especial.

A necessidade e participar de grandes guerras no exterior do Peloponeso a partir do século V a.C, foi o principal fator que contribuiu para o enfraquecimento e posterior dissolução do sistema espartano, ao favorecer o poder individual dos reis e generais, as diferenças de fortuna, a mobilização militar crescente dos periecos e dos hilotas, bem como o recurso a tropas mercenárias. O desequilíbrio já era claro no regime de Esparta no inicio do século IV a.C.: revolta dos cidadãos decaídos (“inferiores” ou “hipomeiônios”) tentada por Cinadon; independência da Messênia em 370 a.C. formando os messênios uma nova Pólis. Tal desequilíbrio só fez aumentar com o passar do tempo, preparando a violenta crise política e social atravessada pela debilitada Esparta no século III a. C.

www.domboscobelem.com.br16

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

4 – EDUCAÇÃO E CIDADANIA EM ESPARTA

O tipo de sistema educacional praticado em Esparta atendia aos interesses do estado, pois procurava incutir nas mentes dos cidadãos de Esparta um conjunto do códigos culturais que buscavam perpetuar o Status quo do lugar. Uma das primeiras práticas desenvolvidas pelo estado sobre a população era baseada nos princípios do Eugenismo, ideal de beleza física. A prática do eugenismo levava ao infanticídio, pelo qual as crianças portadoras de alguma deficiência física ou mental seriam assassinadas, ou utilizando um eufemismo, haveria uma seleção dos melhores da raça para manter a pureza do povo ariano ou espartano, ou seja, seriam atirados do Monte Taigeto.

Uma criança espartana vivia em boas condições, desde que sobrevivesse à sua primeira quinzena. Durante dez dias depois do nascimento os pais examinavam o bebê, e se o achasse deformado ou fraco podia ordenar que fosse exposto em algum lugar público para morrer. Mas quando eram aprovadas as “maravilhas” apareciam, havia vários tipos de brinquedos, chocalhos de terracota com pedras para as crianças menores. Para as mais velhas, balanços, gangorras, papagaios, bolas a toda a espécie de jogos.

Durante os primeiros anos eram as mães que tomavam conta das crianças, proporcionando-lhes uma vida sem medo e dor nos três primeiros anos, e cheia de esportes e divertimentos nos três anos seguintes. A idade de ouro terminava então. Depois do sexto aniversário meninos e meninas eram separados dos seus pais. As crianças esparciatas com idades de sete anos eram separadas de suas famílias e recebiam uma educação pré-militar.

“(...) Na idade de sete anos, o jovem espartano é tirado de sua família, e sua educação (a agogé) é o estado que se encarrega dela. A partir de então, irá viver e exercitar-se com os jovens da mesma idade (..)“ (Austin, Michel & Naquet-vidal, Pierre. Economia a sociedade na Grécia antiga. Lisboa, edições 70, 1986. pp 87-88).

Quando completavam a idade de 13 anos, eram novamente separados; porém, agora, a educação que receberiam seria bastante diferente. Os meninos eram mandados para a escola, a fim de aprender a ser homens, segundo o modelo do ideal espartano.

Aos dezoito anos começa o serviço militar propriamente dito —— o qual compreendia um ritual de iniciação (ou de passagem como diriam

os antropólogos) do jovem espartano do mundo dos adultos conhecido como Criptia, ou kriptia, que incluía operações de terrorismo ou “guerrilha” contra os hilotas, com a finalidade de reprimir preventivamente os líderes de possíveis revoltas e controlar o crescimento da população de hilotas. Porém uma outra finalidade da Criptia era selecionar os mais bem preparados para exercer a função Írens ou irenes.

Somente aos trinta anos o esparciata se casava e adquiria direitos políticos, continuando até os sessenta anos a ser um soldado sempre disponível para o combate.

“(...) O jovem espartano é então obrigado a casar-se, porém a cerimônia do casamento tem um caráter triste e furtivo, e não marcará o início da vida normal, como no resto da Grécia. Durante muito tempo o espartano visitará a mulher raras vezes, pois mesmo casado continuaria a conviver com seus companheiros, inclusive tomando suas refeições em comum(...)” (Austin, Michel & Naquet-Vidal, Pierre. Economia e sociedade na Grécia antiga. Lisboa, edições 70, 1986).

A importância desses dados cronológicos, bem como o peso da idade eram fatores fundamentais no caminho do cidadão espartano, pois quanto mais velho, tão experiente militarmente seria, bem como conservador (inclusive hoje, ainda ocorre um processo semelhante. Sabia que a idade mínima para ser senador é superior a 30 anos. Será que existe alguma relação com o pensamento conservador de Esparta influenciando as nossas leis?).

Muitos indícios mostram que a pretendida “Igualdade” entre os esparciatas nunca foi conseguida, apesar de algumas medidas drásticas como a severa limitação da circulação monetária, a proibição da permanência de estrangeiros em território no espartano e de viagens dos cidadãos ao exterior. Boa prova disso é o fato de nove esparciatas terem obtido doze vitórias nas corridas de carros - esporte extremamente caro – nos jogos Olímpicos, entre 550 e 400 a.C.

www.domboscobelem.com.br 17

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

4.1 – A MULHER EM ESPARTA

As meninas ficavam em casa com as mães com a finalidade de aprender noções “básicas” de casa cia. Na verdade, era bastante complexo ser mulher em Esparta, pois além de aturar na “educação doméstica” as meninas deveriam lhe dar com práticas esportivas e quando cresciam tinham que estar preparadas para assumir funções masculinas, como a administração do patrimônio familiar, uma vez que os homens geralmente estavam ausentes. Sem maiores preocupações econômicas, uma vez que havia ao seu dispor os hilotas, que como já se sabe eram os responsáveis pelas atividades do trabalho em Esparta. Esta situação de ausência dos maridos contribui para o desenvolvimento de práticas de homossexualismo entre as mulheres espartanas (práticas chamadas de (Tribadismo) e de masturbação, pois a solidão das mulheres espartanas era muito intensa e longa, devido às guerras e preparações dos homens).

Conservadores e militaristas, os espartanos viviam para guerra. A educação tinha por objetivo a obediência e o desenvolvimento do espírito de luta.

É evidente, que num estado militar como era Esparta, a mulher deveria se adaptar às necessidades de uma sociedade em que os elementos da classe dominante viviam para guerra.

Comparavelmente, a situação da mulher espartana era muito melhor do que a da mulher ateniense. Educadas de forma semelhante aos homens, gozavam de algumas importantes liberdades e eram bastante respeitadas pelos seus concidadãos. As mulheres espartanas deveriam comer bem, realizar intensos exercícios físicos tendo como objetivo: darem à luz a crianças fortes e sadias. Os raquíticos e doentes deveriam ser executados. Somente aqueles que poderiam tornar-se bons guerreiros ou saudáveis mães eram preservados.

As mulheres espartanas, em que pese o fato de possuírem a condição de cidadania, eram responsáveis pela gestão dos bens do marido, sendo tratado por este com respeito e igualdade.

EXERCÍEXERCÍWWWWWW WWCIOSCIOS

Questão 01. (CESUPA 2001) “Nas cidades todos se esforçam para ganhar todo o dinheiro possível (..) mas Licurgo proíbe os homens de exercerem qualquer tarefa lucrativa, e assegurar a liberdade ao Estado é, segundo ele, a única

atividade da qual devem se ocupar (...)”. (Xenofonte - A República dos Lacedemônios. In: Van Acker, Teresa. Grécia - a vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994)

Documento 2

“(...) Aquele que por natureza, não pertence a si mesmo senão a outro, sendo homem, esse é naturalmente escravo (...)”. (Aristóteles - Política - In: Pinsky, Jaime. 100 Textos de História Antiga. São Paulo: Hucitec, 1872)

A partir da leitura dos documentos acima e dos estudos historiográficos sobre Antiguidade clássica responda:

a)A que cidade-estado e respectivo segmento social o Documento 1 Se refere?

b)Considerando as colocações do Aristóteles (Documento 2) é correto afirmar que os escravos, em Atenas, estivessem desprovidos de direitos? Justifique Sua resposta.

Questão 02. (Vunesp /2000) observe o documento apresentado.

“Existem numerosos tipos de alimentação que determinam diversos modos-de-vida, tanto nos animais como nos homens (...) Os mais indolentes são pastores (...) Outros homens vivem da caça, alguns, por exemplo, vivem da pilhagem, outros vivem da pesca: são aqueles que vivem perto do lago, dos pântanos, dos rios ou de um mar piscoso; outros alimentam-se de pássaros ou de animais selvagens. Mas, de um modo geral, a raça humana vive, principalmente, da terra do cultivo de seus produtos” (Aristoteles. Política, século IV a.C)a) Qual o conceito de economia expresso pelo texto do Aristóteles?b) Aponte uma diferença entre o conceito de economia de Aristóteles e o conceito de economia no capitalismo.

Questão 03. Leia atentamente o fragmento abaixo, e responda ás indagações sobre ele:

“Mas em data difícil de ser precisada, e talvez progressivamente, no decorrer do século VI, a evolução foi completamente detida, e toda energia de raça se consagrou à manutenção destas instituições arcaicas que, enrijecendo-se ainda mais, acabaram por esclerosar-se. Embora os antigos tenham afirmado e admitido sem discussão que as leis de Lacedemônia eram devidas à sabedoria do legislador Licurgo tão ilustre quanto desconhecido, pensa-se atualmente que esta que esta atribuição de patrono servia para disfarçar a obra de poderosas famílias, desejosas de perpetuar o

www.domboscobelem.com.br18

1º ANO Instituto Dom Bosco 1º. Caderno

estado de coisas que mais he dava proveitos. A vida política é, então, dominada pelos cinco éforos (...) guardiões dos costumes e das leis”.(Paul Petit A escravidão no mundo antigo)

a) 0 fragmento retirado da obra de Petit refere-se a que cidade-Estado antiga?

b) Nessa cidade indique e explique dois mecanismos que garantiam a dominação oligárquica.

Questão 04. De acordo com seus conhecimentos sobre o assunto responda às questões propostas:

“Os filhos dos espartanos não tinham por domésticos, escravos ou assalariados, Licurgo proibia-os. Em Esparta, ninguém tinha permissão para criar e educar o filho a seu gosto”.(Plutarco. A Vida de Licurgo)

a) Tendo como fundamento as palavras de Plutarco , explique por que “ninguém tinha permissão para criar e educar o filho a seu gosto”?

Questão 05. No Peloponeso, os costumes da cidade-Estado que dominava a região foram muito bem representados e descritos através das palavras do historiador Plutarco. Neste sentido, assim se expressava o historiador:

“Os magistrados mandavam os jovens mais inteligentes percorrerem o país, tendo apenas punhais e víveres necessários. Disseminados aqui e ali. Durante o dia, mantinham-se ocultos em esconderijos (...) à noite, saíam e estrangulavam os Hilotas que Ihes caiam nas mãos”.

“Em Esparta, o homem livre é inteiramente livre, e o hilota é inteiramente o hilota”. (Plutarco. A Vida de Licurgo)

a) Explique a importância desta etapa na vida do cidadão, enquanto mecanismo do controle sobre os hilotas?

b) Qual a importância dos hilotas no processo de construção da cidadania na referida cidade-Estado?

Questão 06. Explique as frases sublinhadas no trecho abaixo:

“Um Deus, parece, se ocupou do vós: prevendo o futuro, implantou das estirpes gêmeas dois Reis, em lugar de uma única (...) Introduziu o comedimento do sábio poder exercido pela velhice na força arrogante que se apoiava sobre o nascimento, tomando a competência dos vinte e oito Gerontes igual à dois Reis na votação dos assuntos mais

importantes (...) Constatando que o governo ainda era cheio de orgulho e desconfiança, impôs-lhe à guisa de freio a soberania dos Éforos (...).

Questão 07.

“SóIon, não sendo um tirano, estava investido de poder supremo para mediar as azedas lutas sociais entre os ricos e os pobres que irromperam na Ática ao virar do século VI. A sua medida decisiva foi a abolição da servidão por dívidas no campo, o mecanismo típico por meio do qual os pequenos camponeses caiam nas mãos dos grandes proprietários fundiários e se tornavam seus cultivadores dependentes, ou os cultivadores ficavam cativos dos proprietários aristocratas”. (ANDERSON. Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. Porto. Afrontamento. 1976. p. 33).

a) Explique como a Principal medida de Sólon favoreceu aos pequenos camponeses

Questão 08.

“Mas em data difícil de ser precisada, e talvez progressivamente, no decorrer do século VI, a evolução foi completamente detida, e toda energia de raça se consagrou à manutenção destas instituições arcaicas que, enrijecendo-se ainda mais, acabaram por esclerosar-se. Embora os antigos tenham todos afirmado e admitido sem discussão que as leis de Lacedemônia eram devidas à sabedoria do legislador Licurgo tão ilustre quanto desconhecido, pensa-se atualmente que esta que esta atribuição de patrono servia para disfarçar a obra de poderosas famílias, desejosas de perpetuar o estado de coisas que mais he dava proveitos. A vida política é, então, dominada pelos cinco éforos criaturas da oligarquia, guardiões dos costumes e das leis”. (Paul Petit História Antiga, Lisboa. Ática. 1976.p.8)

a) A que cidade da Grécia antiga refere-se o texto acima?

b) Nesta cidade quais eram os mecanismos que garantiam a dominação da oligarquia ?

Questão 09.

“Todos aqueles que nada tem de melhor para nos oferecer que o uso de seu corpo e de seus membros condenados pela natureza à escravidão. É melhor para eles servir que serem abandonados a si próprios”. (Aristóteles)

Com base no texto, qual o fundamento usado por Aristóteles para legitimar o escravismo?

www.domboscobelem.com.br 19

suplemento 2012 Instituto Dom BoscO 1º ANO

Questão 10.

Na democracia ateniense havia uma curiosa contradição aos nossos olhos contemporâneos, que era a manutenção do escravismo, bem explicitada por um historiador norte-americano, Moses Finley, com sua famosa frase: “Liberdade e escravidão em Atenas andam de mãos dadas”. Com base no texto de Aristóteles e na frase do “Prol Finley”, explique porque a democracia ateniense era escravista, ressaltando a visão dos cidadãos atenienses sobre esta relação: cidadania e escravismo.

Questão 11. Leia o documento apresentado

Quando uma criança nascia, o pai não tinha o direito de cria-Ia e devia leva-Ia a um lugar chamado Lesche. Lá assentavam-se os anciãos da tribo. Eles examinavam o bebê. Se a achavam bem encorpado e robusto, eles a deixavam. Se era mal nascido e defeituoso, jogavam no que se chama os Apotetos, um abismo ao pé do Taigeto. Julgavam que era melhor, para ele mesmo e para a cidade, não deixar viver um ente que, desde o nascimento, não estava destinado a ser forte e saudável...”

PLUTARCO, A Vida de Licurgo In, PINSKI, Jaime (org.)100 textos de História Antiga São Paulo:Contexto. 1988 Textos e Documentos

a) Em qual cidade-estado desenvolvia-se esta prática?

b) Qual o objetivo deste Estado em adotar esta prática?

Questão 12

Expliquem quais eram os regimes políticos que caracterizaram as cidades de Atenas e Esparta, respectivamente.

www.domboscobelem.com.br20