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1 - Apresentação
O stop motion é uma arte que vem sendo desvalorizada ao longo do tempo devido ao
crescente número de animações digitais 3d. Diretores como o norte-americano Tim
Burton, ainda sim, continuam a explorar essa técnica devido a possibilidade de
dialogar com áreas diversas como a fotografia, animação, iluminação, composição,
modelagem e outras, além de ser uma técnica que pode produzir resultados
fantásticos como forma de animação..
O designer gráfico deve valorizar esses elementos, de forma com que estes funcionem
para enriquecer o trabalho. A possibilidade de trabalhar com elementos que possam
gerar novas formas de comunicação visual é um papel fundamental que deve ser
exercido pelo profissional designer gráfico.
Além de ser uma área que abrange inúmeras possibilidades de atuação profissional,
possibilita aprendizado e aplicação de conhecimentos aprendidos no curso que pode
trazer referências visuais a uma nova forma de comunicação.
Como proposta de estudo do mundo visual do diretor Tim Burton através de sua
filmografia, foi criado uma animação em stop motion, aplicando suas principais
características como diretor.
Estas se mostram através de cores, formas, música, palavras, movimentos, cenários,
figurinos, texturas e todas as características que marcam a obra do diretor.
Trabalhar com as referências visuais de um dos grandes diretores da atualidade na
utilização do stop motion é uma forma de proporcionar ao projeto riqueza visual,
estudos e a possibilidade de transformá-lo em referências futuras para estudantes de
animação e designer gráfico.
Além de proporcionar a interdisciplinaridade dos conteúdos de disciplinas como
Fotografia, Composição I e II, Animação, Computação Gráfica I,II e III, Semiótica,
Linguagem dos Quadrinhos, Tipografia, Desenho de Observação e Expressão,
Modelagem, Métodos e Técnicas de Estudo, contribuindo para a construção do
projeto.
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2. Referencial Teórico
A animação stop motion é uma forma de arte que abrange inúmeros elementos técnicos e
criativos para sua construção. Técnica que requer muito trabalho e dedicação, além do
conhecimento em diferentes áreas para que seja realizada. Antes do produto final, que é a
animação, tudo começa com uma idéia, seja ela um roteiro, história, storyboards, roughs,
etc. De acordo com PERSIANO, tudo começa com a síntese de imagens, (1989, p.02) “A
síntese de imagens parte da descrição de objetos tais como a reta, polígonos, poliedros,
esferas,etc.”, seja ela uma animação stop motion, em forma de desenho, ou animação
tridimensional. Uma animação deve se iniciar a partir da formação de elementos básicos
que compõem o desenho, tais como retas, polígonos, círculos. Diante disso, WONG (1998)
descreve que o desenho tem um propósito em si, comunicar, seja na forma como é feito ou
na forma como se expressa. O stop motion é uma das inúmeras formas de animação
existentes nos dias de hoje, mais a idéia de movimento já vem sendo expressa muito antes
dos desenhos animados. Partindo dos primórdios do que seria a animação, BAGNARIOL
(1997) mostra que o movimento em forma simbólica já acontecia na pré-história quando os
homens desenhavam animais em pedras, com rasuras que possivelmente foram os
primeiros quadrinhos da história.
BARROSO (1999) revela que a história em quadrinhos abrange o mesmo processo que o
cinema, porém de forma estática. O cinema são quadros em movimento, enquanto a
historia em quadrinhos são quadros estáticos que trazem textos, onomatopéias, etc.
O stop motion é uma animação feita a partir de fotografias, quadro a quadro (24 por
segundo), gerando a ilusão de movimento. Animações convencionais sobre o papel e as
que utilizam o 3D digital seguem o mesmo parâmetro de produção de animação, porém, a
forma como são produzidas são diferentes.
Partindo dessa premissa, ALEXANDER (1980) afirma que a fotografia foi uma revolução
nas invenções, se tornando popular e primordial ao inicio do cinema. Basicamente o
cinema é feito por fotografias em seqüência que geram a idéia de movimento, que por sua
vez seguem o mesmo preceito da animação stop motion, que são fotos em seqüência que
geram a idéia de movimento. Do mesmo ponto de vista, LUCENA (2005) afirma que o
cinema de animação começa a mudar devido a grande experimentação. O mundo de hoje
abrange várias formas de animação tais como recortes, stop motion, 3D digital,
desenhada. O crescimento da computação gráfica vem passando por cima de animações
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tradicionais que possuem um conceito de arte, ficando obsoletas. “O cinema de animação
começa a experimentar uma verdadeira revolução” (LUCENA, 2005) .
Por outro lado, REISK (1978) aponta que não basta saber animar e colocar o filme no
cinema. A montagem de cenas com o recurso do zoom, visões de ângulos e diferentes
enquadramentos são essenciais apara um animador e, consequentemente, uma animação
ficar interessante. A composição dos elementos na tela é extremamente importante para
que sejam interessantes de serem vistos. Não basta dar movimento aos personagens, é
necessário captar a emoção das imagens, e transmiti-las através dessas mesmas
imagens. Nesse sentido, PIOLOGO (2005) mostra que a animação deve ser perceptiva e
observada. A dedicação do animador para com os movimentos é essencial. Produzir bons
movimentos gera boas expressões. O corpo expressa inúmeras características pela forma
como se move, sendo possível transmitir dor, tristeza, alegria, saudade e muitos outros
sentimentos através dos gestos. Nessa mesma direção, WILLIANS (1995) afirma que
animar é uma arte. Uma boa animação expressa e comunica; o movimento bem executado
fala por si.
DUTRA (1997) afirma que para dar vida a algo inanimado, saber movimentá-lo não é
suficiente. Além disso, é preciso estudar técnicas para que a animação flua de forma real,
tais como relação de tempo, organização do movimento, ação primaria, ação secundaria e
ação final. O stop motion requer conhecimentos como estes para que o resultado final seja
bom e profissional. Essas ações se destacam por dar sentido à animação, pois a mesma
precisa de parâmetros para que seja executada de forma correta.
As ações primarias de uma animação são os primeiros movimentos que devem ser feitos
para se gerar a idéia de algum movimento (Ex. O personagem corre, anda, etc.). A ação
secundaria, é considerada a ação de vida. São movimentos intermediários entre uma ação
e outra. (Ex: O personagem para e pensa, ação secundaria). Já a ação final é o desfecho
de um movimento de animação, onde o movimento termina.
Um dos artistas que ainda hoje utilizam o meio de animação stop motion é o diretor Tim
Burton, que aplica em suas produções características próprias que marcam sua obra.
Burton abusa do uso do preto em seus trabalhos, tendo sempre um interesse grande por
obras imaginarias, denominadas “fantásticas”, justamente pelo caráter fantasioso, tendo
por característica de apresentar personagens diferentes do mundo real como gigantes,
cavaleiro sem cabeças, homem com mãos de tesoura etc., alem de usar muito humor
negro em suas obras.
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De acordo com FINNEY (2005), “existe sempre um lado sombrio nas obras de Tim Burton”
(informação verbal)¹. Tim Burton busca sempre demonstrar o lado gótico e característico
em seus filmes, misturando magia, o inusitado, o assustador e o humor negro. Nesta
direção, LUMLEY afirma que o diretor “combina duas coisas muito bem: o lado negro com
o belo humor” (informação verbal)².
A animação em stop motion é uma arte em que é possível expressar varias formas de
conhecimento, tais como fotografia, cinema, modelagem, etc. A utilização desses
elementos será feita em cada parte do processo de criação e animação do projeto. Seja na
captação das imagens utilizando-se da fotografia; na modelagem, identificando as
principais características faciais, corporais, expressivas e de vestuários dos personagens;
na criação da historia, storyboards, desenhos, rouggs, buscando identificar as relações
com as obras do diretor; na utilização das cores e o que estas podem transmitir nos filmes
de Tim Burton, entre outros aspectos.
A importância de cada um dos conhecimentos é fundamental para que se consiga atingir o
objetivo de identificar e expressar as características visuais do diretor, presentes em sua
obra.
O mundo visual de Tim Burton é característico, podendo ser notado em seus projetos em
stop motion. Uma característica do diretor é segregação entre “mundos”, o da imaginação
e o mundo real .
________________
¹ Notícia fornecida por Albert Finney no Making off do filme “Corpse Bride” de Tim Burton, Pela Warner Bros.
Entertainmente inc, 2005.
² Notícia fornecida por Joanna Lumley no Making off do filme “Corpse Bride” de Tim Burton, Pela Warner Bros.
Entertainmente inc, 2005.
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De acordo com SANDERS, “em uma época de computação gráfica é ótimo que alguém
com a visão de Tim Burton diga que podemos fazer animação em stop motion” (informação
verbal) ³.
Na animação “Corpse Bride (2005)”, de acordo com GRANGEL, o mundo dos mortos
apresentaria personagens com estilo e diversão e, ao mesmo tempo, não poderia ser uma
coisa grosseira (informação verbal)¹. O diretor faz isso constantemente em suas obras: a
segregação de mundos por cores que expressem sentimentos diferentes, como o preto e o
branco e as cores fortes, o absurdo e o real. Seguindo a mesma linha de pensamento
SAUNDERS afirma que “no filme A Noiva Cadáver há dois mundos. O mundo dos vivos e
o mundo dos mortos” (informação verbal)². Assim como JOHNSON, que aponta que “no
filme é clara a definição dos mundos de Tim Burton por cores: o mundo dos mortos é muito
mais vibrante, muito mais interessante, como se fosse mais divertido que o próprio mundo
dos vivos”. (informação verbal)³
Os personagens de Tim Burton são sempre muito bem caracterizados. Segundo
MACKINNON, “os personagens de Tim sempre são um desafio de se fazer tridimensionais
no stop motion, pois tendem a ser sempre altos e magros e com os pés pequenos”
(informação verbal)¹. Desenvolver todo esse processo que envolve uma produção em stop
motion é trabalhoso e leva tempo, mas o resultado final pode ser satisfatório. Para uma
animação em stop motion, além de personagens e cenários, é necessário também um
planejamento de como será feita a animação. Nesse processo, de acordo com SELICK,
“fazemos primeiro a lista de storyboards que definem o que será feito em cada cena para
auxiliar na hora da animação” (Informação verbal)². O planejamento do projeto e criação de
storyboards é essencial para se mapear o que será feito, como será fotografado, animado
e finalizado o projeto.
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³ Notícia fornecida por Peter Sanders no Making off do filme “Corpse Bride” de Tim Burton, Pela Warner Bros.
Entertainmente inc, 2005.
¹ Notícia fornecida por Carlos Grangel no Making off do filme “Corpse Bride” de Tim Burton, Pela Warner Bros.
Entertainmente inc, 2005.
² Notícia fornecida por Peter Saunders no Making off do filme “Corpse Bride” de Tim Burton, Pela Warner Bros.
Entertainmente inc, 2005.
³ Notícia fornecida por Mike Johnson no Making off do filme “Corpse Bride” de Tim Burton, Pela Warner Bros.
Entertainmente inc, 2005.
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Tim Burton preocupa-se também com a presença da música e da fotografia do filme.
Apesar de ser um fator de extrema importância num longa metragem, a interação que o
diretor faz entre imagem e música é muito significativa, sendo uma característica marcante
em suas obras, em filmes como “ O estranho Mundo de Jack (1993)”, “Sweedney Todd
(2007)”, “A Noiva Cadaver (2005)” entre outros, são exemplos de que a musica é um fator
marcante em seus filmes. De acordo com o próprio diretor BURTON, “a fotografia e a
musica são muito importantes para se passar um sentimento. O que eu gosto em roteiros é
poder colocar imagens e cores que expressem sentimentos que são difíceis de se
expressar verbalmente”(informação verbal)³.
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¹ Notícia fornecida por Ian Mackinnon no Making off do filme “Corpse Bride” de Tim Burton, Pela Warner Bros.
Entertainmente inc, 2005.
² Notícia fornecida por Henry Salick no Making off do filme “The Nigthmare Before Chrismas” de Tim Burton,
Pela Warner Bros. Entertainmente inc, 1993.
³ Notícia fornecida por Tim Burton no Making off do filme “The Nigthmare Before Chrismas” de Tim Burton, Pela
Warner Bros. Entertainmente inc, 1993.
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3. Desenvolvimento do projeto
3.1 – Levantamento de dados
O inicio da pesquisa aconteceu a partir da filmografia completa do diretor Tim Burton e a
busca por elementos que apontassem suas principais características. Essa pesquisa se
deu a partir de análises entre os filmes para que pudessem ser selecionadas na fase da
criação do roteiro. Foram assistidos todos os filmes de Tim Burton, conforme lista abaixo:
“A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (Sleepy Hollow – EUA – ALEMANHA - 1999), de Tim
Burton.
“A Noiva Cadáver” (Corpse Bride – EUA - 2005), de Tim Burton.
“Batman” (Batman – – EUA – REINO UNIDO - 1989), de Tim Burton.
“Batman Returns” (Batman – EUA – REINO UNIDO - 1992), de Tim Burton.
“Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands – EUA - 1990), de Tim Burton.
“Ed Wood” (Ed Wood – EUA - 1994), de Tim Burton.
“Frankenweenie” (Frankenweenie – EUA - 1988), de Tim Burton
“Marte Ataca” (Mars Attacks! – EUA - 1996), de Tim Burton.
“O Estranho Mundo de Jack” (The Nightmare Before Christmas – EUA - 1993),de Henry Selick
“Os Fantasmas se Divertem” (Beetlejuice – EUA - 1988), de Tim Burton.
“Peixe Grande” (Big Fish – EUA - 2003), de Tim Burton.
“Sweeney Todd. O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (Sweeney Todd: The Demon Barber
of Fleet Street – EUA – REINO UNIDO - 2007), de Tim Burton.
“Vincent” (Vincent – EUA - 1982), de Tim Burton
Foram feitos a partir dos filmes resumos e seleções das características presentes em suas
obras. Algumas se assemelhavam em todos os filmes como a presença do preto e branco,
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de canções em quase todos os filmes, do imaginário, a diferenciação de cores por mundos
diferentes (Ex. Mundo do natal era colorido, do Halloween preto e branco, O mundo de
Edward mãos de tesoura era preto e branco em tons melancólicos, o da cidade era em
tons pastéis vivos.) A presença de personagens com características inusitadas, como
homem sem cabeça, com mãos de tesoura, gigantes, etc.
A partir da seleção se teve a necessidade de eliminar alguns elementos que, apesar de
significativos, foram tendo de ser reajustados para que o roteiro do curta-metragem a ser
produzido pudesse ser executado. Um das características que não foi selecionada foi o
gosto pelo humor negro, utilizado pelo diretor. Apesar de ser um elemento muito
significativo em suas obras, aparecendo em filmes como; “O Estranho Mundo de Jack
(1993)”, “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999)”, “BetleeJuice (1988)”, “A Noiva
Cadaver (2005)”, “Marte Ataca (1996)” foi decidido que seria eliminado para que o roteiro
do curta-metragem se focasse melhor na história do personagem do curta “O Espantalho”,
proposta deste trabalho. O curta-metragem trata da historia de amor de um espantalho,
que foi amaldiçoado por uma feiticeira após pedir para trazer seu amor de volta a vida,
após tê-la perdido em uma tragédia. Elementos como solidão, a diferenciação de cores e
etc, foram utilizados para destacar a obra como inspiração no diretor.
Além da pesquisa filmográfica, foi feita também uma pesquisa referencial sobre a
animação stop motion e programas de computação gráfica que pudessem ser úteis na
captação de imagens e animação do projeto como um todo.
Nessa parte da pesquisa foi utilizado um programa que era próprio para a técnica,
chamado Stop Motion Pro 6.0, mais que tardiamente também foi abandonada pela falta de
fontes para se encontrar o programa, tendo sido escolhido o software de edição After
Effects e Premiere, utilizados para a animação do curta-metragem.
A partir da pesquisa dos filmes foram feitos muitos roughs sobre a animação a ser
produzida. Cenas, o personagem e a historia, tendo sempre a base em obras do diretor
Tim Burton e suas características visuais.
Além das referencias visuais do diretor Tim Burton foram pesquisados em bancos de
imagem na internet diversas imagens que pudessem servir de inspiração na construção do
projeto, como espantalhos, arvores, milharais, bruxas, feiticeiras, chapéus, casais, e tudo
aquilo que pudesse servir para estudo ao roteiro que estava sendo escrito.
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3.2 Conceituação e diferenciação do Projeto
A idéia central do projeto é explorar a animação stop motion como forma de estudo e
apresentar uma área de atuação para o design gráfico.
A animação possibilita não somente aplicar conhecimentos do curso de Design Gráfico
como gera novos conhecimentos em animação, modelagem, construção de roteiros,
desenhos de expressão, montagem de cenários, iluminação, fotografia, tratamento de
imagens, estudo de técnicas do cinema, criação, desenvolvimentos de storyboards, e
muitas outras áreas das quais muitos profissionais podem atuar.
O estudo direcionado ao mundo visual do diretor Tim Burton é uma forma de proporcionar
à animação uma riqueza de elementos do universo visual de um dos mais aclamados
diretores do gênero em stop motion. Para Villas-Boas (2001),
“O design gráfico, enquanto tal, necessariamente tem como função transcrever a mensagem a ser
transmitida - seja de qual enfoque for - para o código simbólico estabelecido, sob pena de não
efetivar-se enquanto prática comunicacional. E, é exatamente por isso que ele surgiu “
(VILLAS-BOAS, 2001, p.27)
O designer gráfico como comunicador visual deve explorar esses elementos visuais tais
como cor, forma, ponto, linha, música, composição, estética, etc. e aplicá-los ao projeto
como forma de enriquecer o material apresentado. Segundo Dondis, “Os elementos visuais
constituem a substancia básica daquilo que vemos, e seu número é reduzido: o ponto, alinha, a
forma, a direção, o tom, a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.” (DONDIS, 1997, pag
78.).
Através desse projeto, pretende-se atingir animadores, profissionais de arte, designers
gráficos e todos os profissionais que podem exercer funções em uma animação stop
motion, alem de apresentar o conteúdo sobre a referencia visual do diretor Tim Burton.
Como completa Astiz (2004, p.22), “o design é formador de opinião, com discurso ativo
na produção de novas formas de conhecimento”.
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Execução do Projeto
Após o estudo sobre as obras do diretor e a seleção de suas principais características, era
necessário construir um roteiro para a animação em stop motion.
Alguns fatores foram levados em consideração para que pudesse escrever o roteiro, como
o tempo do projeto, que não poderia ser muito grande por se tratar de um tipo de animação
extremamente lenta de ser produzida, além de ser uma animação que lembrasse o mundo
visual do diretor Tim Burton.
A principio foram escritos várias historias que além de serem muito complexas eram
grandes, inapropriadas para o formato de um curta-metragem, o que inviabilizaria sua
produção. Essas idéias foram sendo substituídas ao longo do processo de criação. O
estudo das obras do diretor possibilitou limitar o que seria interessante de ser feito e
apresentado no projeto.
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* Roteiros do curta metragem “O Espantalho”
O fato de ter um só personagem que levasse toda a trama era interessante, pois não
prolongaria o enredo da historia. A partir do estudo dos filmes de Tim Burton foi percebido
que sempre havia personagens marcantes que levavam todo o enredo da historia,
normalmente sendo “diferentes” do habitual, não sendo “humanos”, e sempre tinham
alguma característica que os deixavam carismáticos.
Fiz a seleção dos principais personagens como Edward, no filme “Edward Mãos de
Tesoura (1990)”, Amily em “A Noiva Cadaver (2005)” e Jack em “O estranho Mundo de
Jack (1993)”. Este foi o principal inspirador do personagem do curta “O Espantalho”. Todos
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estes personagens tinham algo em comum, sendo diferentes dos demais personagens,
sofriam de algo, se sentiam solitários e todos acabam vivendo uma historia de amor.
Através desse estudo foi possível focar em como seria a historia para o curta-metragem.
Um personagem principal, que era diferente, e que tinha algum sofrimento em relação ao
amor.
A idéia de halloween foi a primeira que surgiu, mais qual personagem seria o mais
adequado a viver uma historia romântica em um curta que fosse inspirado visualmente e
esteticamente nas obras de Tim Burton? Já havia Jack como Rei Abóbora, uma noiva
cadáver, Betleejuice como morto vivo, Cavaleiro sem cabeça e um ser com mãos de
tesoura.
A idéia escolhida foi a de usar um espantalho como personagem principal. Não se tinha
muito conhecimento sobre a historia de seu surgimento, sendo um ser que vive solitário
exercendo uma função de proteger o milharal e sombrio como as obras do diretor Tim
Burton e poderia viver uma historia de amor.
Foram feitos junto com o roteiro os roughs de como seria o personagem, a historia e o
cenário, todos baseados em elementos selecionados em filmes do diretor como referência
visual para o projeto. “O desenho e um processo de criação visual que tem um propósito.”
(WONG, 41p : 1998). Era clara a necessidade se fazer desenhos para que se pudesse
ter a visão de como seria o processo de criação, desenvolvimento, roteiro, etc.
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* Estudos do roteiro e roughs do curta “O Espantalho”
Um elemento que seria fundamenta,l além da história, é a presença da música. A musica é
uma das principais características do diretor. Após a criação do roteiro (anexo abaixo),
iniciou-se a execução da composição da música que faria parte do enredo. Nesse
momento ficou decidido que a historia teria duas partes, sendo a primeira uma narração
introdutória e a segunda descreveria o lamento do espantalho em forma de música. De
acordo com Canevacci (2001, p.09) “O visual refere-se às muitas linguagens que ele
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veicula: a montagem, o enquadramento, o comentário, o enredo, o primeiro plano, as
cores, o ruído, as linguagens verbal, corporal e musical”.
* Composição da música principal do curta “O Espantalho”
Após a definição do roteiro, música, roughs, ilustrações, composição, tempo do projeto, era
necessário escolher qual caminho seria o primeiro para começar.
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Roteiro Final
“O Espantalho”
Parte I
“Há muitos e muitos anos, em uma pequena vila, vivia um simples camponês e sua amada esposa.
O amor dos dois era admirado por todos. Ate que uma tragédia levou a vida da pobre moça.
O Rapaz inconformado com sua perda procurou uma velha feiticeira que há tempos havia sido
banida da vila por seus atos sombrios e a pediu que a trouxesse de volta.
O que ele não sabia é que esse pedido lhe custaria mais do podia imaginar condenando-o a viver
uma terrível maldição durante toda a eternidade.
Obrigado a viver no mundo de uma forma bem diferente do que estava acostumado, o homem
perdeu a razão pelas coisas. Já não sentia mais frio, fome ou dor. Restando-lhe somente a
esperança de reencontrar sua amada e voltar a ser como era antes.
Durante invernos e outonos ele esperou consumido pela maldição que vivia dentro dele, foi se
esquecendo do tempo e do amor que sentia.
Quando finalmente percebeu no que havia se transformado, a fúria consumiu o seu corpo, e a ele
só importava espantar as criaturas que o incomodassem. Transtornado, transformou-se em um ser
amargo e solitário, em meio a um velho milharal. “
Parte II
Musica Espantalho
“À noite espero , a solidão
Não há mais lágrimas, ao meu perdão
Deste vazio que vive em mim
E em ver aquilo que me transformei.”
“Pela noite assombrar, tudo aquilo que se aproximar
Só queria que soubessem como estou..
Na escuridão, me perdi
No vazio, sou fúria e dor
Mais tua falta faz estar aonde estou.
E tudo aquilo que me resta
Esta guardado em sua flor
Me tiraram algo bem maior, o amor
E eu estou aqui a espera,
Incompleto, só espero, pelo fim.
E eu te espero, e eu te quero, meu amor.
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E o meu canto, vive junto a sua flor.”
Com a trilha, a voz e a locução previamente prontas, foi possível determinar o tempo exato
em que começaria e terminaria a historia, sendo montados no computador por softwares
de edição de áudio. O passo seguinte foi a modelagem do personagem principal (boneco)
e dos elementos que fariam parte do cenário.
O material escolhido para fazer grande parte dos elementos foi o fio de cobre, arame e
durepox, devido à flexibilidade deles, em função dos movimentos para a animação. Outros
materiais como pano para a roupa do personagem, tecidos de algodão para fazer o
enchimento, solda e ferro de solda, alicates e tesouras para os detalhes foram utilizados.
* Montagem do personagem “O Espantalho”
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O personagem “O Espantalho” foi inspirado nos próprios personagens do diretor Tim
Burton, que apresentam estrutura alta e magra, geralmente possuem pernas bem finas,
além de mãos e troncos maiores. Alguns exemplos são Jack do filme “O Estranho Mundo
de Jack (1993)”, e “Vincent (1982)” de “A Noiva Cadáver (2005)”. Todos possuem
aparência pálida no rosto, característica utilizada no rosto esbranquiçado do personagem
espantalho.
* Cenas do curta “O Espantalho”
* Cena do filme “O Estranho Mundo de Jack (1993)”
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As roupas do personagem tiveram estampas listradas e xadrezes, muito utilizado pelo
diretor em quase que a totalidade de seus filmes. O estilo antigo e clássico em roupas
como Jack “O Estranho Mundo de Jack (1993)”, Betleejuice em “Betleejuice (1998)”, e
muitos outros personagens de seus filmes.
* Imagem do personagem “O Espantalho”
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* Cenas dos filmes “O Estranho Mundo de Jack(1993)” e “BetleeJuice (1988)” .
As cores utilizadas no curta metragem foi inspirada na divisão de mundos feitos por Tim
Burton, como em “Edward mãos de Tesoura (1990) ”, em que o mundo de Edward é preto
e branco, triste, mostrando sua solidão.
Já o “mundo real” onde vivem as pessoas comuns é muito colorido, sempre no estilo da
década de 1930. Em “O Estranho Mundo de Jack (1993)” o mundo do natal é muito mais
colorido que o mundo vivido pelo personagem Jack no seu mundo o “Halloween”.
“Como a percepção da cor é mais emocional dos elementos
específicos do processo visual, ela tem grande força e pode ser
usada com muito proveito para expressar e intensificar a informação
visual.
(DONDIS.p.61, 1997)
A história “O Espantalho” basicamente se divide em duas partes: a parte da historia
narrada introdutória, onde mostra a historia de como o personagem se transforma em
espantalho, sendo colorida e viva, trazendo a idéia de um mundo real, na qual o
personagem passa por uma crise traumática após perder sua mulher amada.
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* Cenas do Filme “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “Edward Mãos de Tesoura” (1990)
* Cenas do Curta “O Espantalho”
Já a parte que descreve seu lamento é mais obscura, mostrando a tristeza, solidão,
ilustrada por tons de cores inspiradas no file A Noiva Cadáver, chamado de daguerreótipo
e ferreótipo , e um tipo de tom de metal acinzentado para o preto e branco, dando idéia de
ambiente morto, precário, abandonado, o que ilustra a solidão vivida pelo personagem.
“Os tons variáveis de cinza nas fotografias, no cinema, na televisão,
nas águas-fortes, nas gravuras à maneira-negra e nos esboços tonais
são substitutos monocromáticos, e representam um mundo que não
existe, um mundo visual que só aceitamos devido ao predomínio dos
valores tonais em nossas percepções.”
(DONDIS.p.127,1997)
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* Cena do Curta “O Espantalho”, Cenas do Filme “A Noiva Cadaver” (2005)
Na parte inicial da história, foram usadas cores que passam a idéia do sentimento vivido
pelo personagem, como no trecho em que se descreve a morte de sua amada, em tons
avermelhados que lembram sangue e o preto do luto. O preto também é muito usado em
toda a composição do projeto, impressão marcante em todas as obras do diretor Tim
Burton. Além do preto e branco, Tim Burton utiliza também muito significativamente as
cores verde e vermelho em seus filmes.. Essas são cores complementares na escala
cromática, ou seja o inverso da outra, o que também traz a idéia de opostos. Geralmente
aparecem em seus filmes para simbolizar um momento marcante, temeroso ou um
personagem importante. De acordo com DONDIS; “Enquanto o tom está associado a questões
de sobrevivência, sendo portanto essencial para o organismo humano, a cor tem maiores afinidades
com as emoções”. Em “Batman (1989)” aparece com freqüência através do personagem de
Jack Nickson, “O coringa” no filme. Em “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça (1999)”
aparece em todos os momentos em que o sangue das vitimas, assim como “Sweedney
Todd (2007)”, “Vermelho significa perigo, amor, calor e vida, e talvez mais uma centena de
coisas... O vermelho, cor de sangue, é um símbolo.” (DONDIS, 132p, 1997) .
Em “O Estranho Mundo de Jack (1993)” a cor verde aparece quando se mostra o
personagem “Bicho papão” e em “Betleejuice (1988)”, quando o personagem entra na terra
dos vivos, cena muito similar ao do filme ” A Noiva Cadáver (2005)”. Nesse filme, os
mortos aparecem na terra simbolizada pela cor verde. A cor vermelha foi usada no projeto
para simbolizar a morte, o momento em que o personagem pega a maldição pelo feitiço e
na flor do personagem. A cor verde é utilizada para marcar o momento em que ele aparece
para assustar os corvos.
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“Quando misturamos duas cores complementares, vermelho
e verde, amarelo e púrpura, elas não apenas neutralizam
seu respectivo croma, ou matiz, que passa a cinza, mas
também produzem, através de sua mistura, um tom
intermediário de cinza.”
(DONDIS.p.127,1997)
A afirmação de DONDIS (1997) pode explicar o gosto do uso desse tipo de cores
pelo diretor Tim Burton, tendo como resultado o uso do “intermediário do cinza”, o
que explica o tom acinzentado em suas produções. A idéia de ambiente morto e
mórbido que é resultado da mistura dessas cores. “Como a percepção da cor é o
mais emocional dos elementos específicos do processo visual, ela tem grande
força e pode ser usada com muito proveito para expressar e intensificar a
informação visual” (DONDIS, p.135,1997).
* Cena do Curta “O Espantalho”
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* Cenas do Filme “Batman” (1989)
* Cenas do Filme “O Estranho Mundo de Jack” (2005)
* Cenas do Filme “A Noiva Cadaver” (2005)
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* Comparação das cenas de “A Noiva Cadaver” (2005) e “BetleeJuice” (1988)
Outro elemento que aparece nos filmes do diretor é a presença da neve, além das cores
que simbolizam muito o natal, bastante explorado pelo diretor em filmes como “O Estranho
Mundo de Jack (1993)”, “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999)”, “A Fantástica Fábrica
de Chocolates (2005) ”, “Batman”, “A Noiva Cadáver (2005)”, “Sweedney Todd (2007)” e
“Batman (1989)”.
* Cenas do Curta “O Espantalho”
* Cenas do Filme “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e “A Noiva Cadaver” (2005)
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A vinheta inicial do curta foi inspirada na vinheta feita para o filme “A Lenda do Cavaleiro
Sem Cabeça (1999)”, com o uso da nevoa entre os nomes iniciais, com uma ar de mistério
e sombrio, similar ao do filme citado.
* Comparação da vinheta do filme “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” e do Curta “O Espantalho”
A música inicial do curta-metragem foi inspirada na introdução de filmes do diretor. O
estudo feito de sua filmografia possibilitou selecionar imagens que se adequassem às
usadas no mundo visual de Tim Burton. A introdução de filmes como “Edward Mãos de
Tesoura (1990)”, “Batman (1989)”, “A Fantástica Fábrica de Chocolates (2005)”, “A Lenda
do Cavaleiro sem Cabeça (1999)” e a “A Noiva Cadáver (2005)” iniciam com um zoom nas
imagens, não revelando de imediato o que é cada uma. Destes filmes, “Edward Mãos de
Tesoura (1990)”, “Batman (1989)” e “A Noiva Cadáver (2005)” se assemelham mais com o
do curta “O espantalho”.
* Cenas do Curta “O Espantalho”
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* Cenas do Filme “A Noiva Cadaver” (2005) e do Filme “Edward Mãos de Tesoura” (1990)
Os elementos que foram usados como cenário foram arvores, milharais, um portão e uma
grade. A árvore foi inspirada nas árvores contorcidas que aparecem em muitos de seus
filmes.
* Cena Curta metragem “O Espantalho”
* Cenas do filme “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça” (1999)
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A utilização do portão se deu com na ausência de elementos que ilustrassem o cenário,
sendo uma releitura do portão utilizado no filme “O Estranho Mundo de Jack (1993)”, na
cena em que o personagem Jack canta o seu lamento no cemitério.
* Cenas do Curta “O Espantalho”
Cenas do Filme “O Estranho Mundo de Jack” (1993)
A música do curta metragem foi feita a partir de um estudo baseado nas obras em que os
personagens cantavam, que são “O Estranho Mundo de Jack (1993)”, “A Noiva Cadaver
(2005)”, “Big Fish (2003)” e “Sweedney Todd (2007)”. No roteiro inicial não havia o projeto
da utilização da música, que foi incluída tendo em vista que essa é uma das características
principais do diretor, principalmente de trilhas que marcam os seus trabalhos.Toda a
expressão do personagem, movimentos e lamento foi inspirado no filme “ O Estranho
Mundo de Jack (1993)”, por se assimilar muito com o roteiro de “O Espantalho”, e se tratar
de um lamento como o do próprio personagem Jack. A expressao corporal do
personagem era fundamental para se passar o sentimento que ele vivia, de tristeza
e solidão.
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* Comparação das cenas de Jack em “O Estranho Mundo de Jack” com as cenas do curta “O espantalho”.
No rosto do personagem Espantalho, optou-se pelo uso da computação gráfica,
usando sincronismo labial a partir de desenhos de bocas.
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Nesta etapa foram feitos juntos o sincronismo labial, a cabeça do personagem e a
sua animação.
* Animação e rosto do personagem
Além da animação, um elemento de extrema importância foi a iluminação do
cenário, sendo que um bom uso traria ao projeto a idéia do sombrio e do obscuro.
“ O que a luz nos revela e oferece é a substância através da qual o
homem configura e imagina aquilo que reconhece e identifica no
meio ambiente, isto é, todos os outros elementos visuais: linha,
cor, forma, direção, textura, escala, dimensão, movimento.”
(DONDIS, 125p. 1997)
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A pesquisa de iluminação feita nos filmes de Tim Burton também foi de extrema
importância para se captar a essência na qual o personagem vivia. A iluminação
daria o aspecto de solidão, de abandono e vazio. O estudo da iluminação usada no
filme “O Estranho Mundo de Jack (1993)” foi fundamental para o projeto.
* Comparação das cenas do Filme “O Estranho Mundo de Jack” (1993) e o Curta “O Espantalho”
Com as cenas em mãos de acordo com o roteiro, a próxima etapa foi a pós-
produção, com a correção de imagens, animação das fotografias através de
softwares de computador e finalização do projeto.
Na pós-produção da segunda parte do curta metragem foi necessário adaptar a
iluminação e o sentimento do personagem ao enredo. Outra questão foi junção da
cabeça do personagem ao corpo, tendo em vista que sua cabeça foi produzida em
3d digital, além da finalização do projeto, como vinheta e créditos finais. “A
Computação Gráfica é a arte e a ciência em que o computador e incorporado no processo de
criação e apresentação visual” (LUCENA,p. 162, 2005). A computação gráfica apresenta
novas possibilidades de finalização ao projeto, tendo em vista a variedade de
ferramentas.
A primeira parte desse processo foi a animação quadro a quadro, logo que as
fotografias foram tiradas. Em todo o projeto foram feitos cerca de 3 minutos e meio
de fotografias a 24 quadros por segundo, o que resultou em cerca de 5040
fotogramas de animação. “O movimento surge a partir de quadros que juntos fazem o nosso
olho criar a impressão de movimento.” (BARROSO, p.99, 1999). Nessa etapa foi utilizado o
programa After Effects para a animação e pós-produção de todo o projeto e
montagem do personagem, juntamente com o seu rosto e cenário.
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* Pós- Produção das cenas do curta “O Espantalho”
A primeira parte da história foi feita usando elementos em silhueta para apresentar
os fatos. Ao contrario do mundo do espantalho, sombrio e triste, com tons
acinzentados e obscuros, o mundo mostrado pela historia é colorido e vivo,
semelhante ao utilizado pelo diretor Tim Burton. A referência da cor teve como
intuito acentuar a diferenciação dos mundos, sendo que o mundo apresentado na
narrativa era totalmente diferente do mundo ao qual o espantalho vivia em sua
maldição, sendo muito mais vivo, interessante do que depois que ele se
transformou em espantalho e canta o seu lamento.
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* Referência dos mundos de Tim Burton em “O Estranho Mundo de Jack” com o do curta “O Espantalho” cena mostrando o
mundo do Natal e do Halloween Vivido por Jack Skellington e o do Espantalho na sua historia antes de se transformar em
espantalho e depois.
As cenas montadas referentes à história foram feitas tendo por base uma pesquisa
de banco de imagens e desenhos que pudessem simbolizar oa sentimento
apresentados na história. As cenas foram montadas no programa After Effects e
animadas individualmente.
Foram pesquisadas imagens de arvores, casais, bruxas, espantalhos, corvos,
florestas, casas, milharais e todos os elementos que simbolizassem o tipo de vida
que o personagem poderia ter, sendo transformados em silhuetas para a
representação da historia como um todo.
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* Referências de imagens
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* Imagens Curta Metragem “O Espantalho”
A composição das cenas foi importante para que o processo fosse organizado com o
planejamento inicial previsto no roteiro. O roteiro é uma espécie de controlador e
organizador da animação, possibilitando ver como será o processo de criação,
organizando o processo de animar as cenas.
“O processo de composição é o passo mais crucial na solução dos problemas
visuais. Os resultados das decisões compositivas determinam o objetivo e o
significado da manifestação visual e têm fortes implicações com relação ao que é
recebido pelo espectador.”
(DONDIS, 102p,1997)
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* Comparação de algumas cenas com o storyboard do curta “O Espantalho”
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* Logo Criada para o curta “O Espantalho”
A marca criada para o curta-metragem foi inspirada no filme “A Noiva Cadaver
(2005)”, por suas contorções e pontas que dão a idéia do sombrio, temática muito
usada no curta-metragem “O Espantalho”.
Com as cenas animadas, montadas e produzidas foram encaixadas ao áudio por
auxilio do software Adobe Premiere, editadas e finalizadas em forma de um DVD.
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Conclusão
Realizar um projeto como esse um desafio muito grande. Já se esperava uma
grande dificuldade por se tratar de um processo muito lento de animação, que ao
caminhar foi tendo de ser reescrito e adaptado devido às dificuldades que foram
aparecendo.
O estudo realizado a partir da obra do diretor foi exigindo mais da animação como
projeto de design gráfico. Havia muitos processos que tinham que acontecer
sempre simultaneamente para que funcionassem de forma correta. Como esses
procedimentos de deram de forma individual, acredito que foi a parte mais difícil de
execução, ao mesmo tempo em que se tinha controle do que estava acontecendo,
tinha de me preocupar com todas as tarefas ao mesmo tempo, para que
caminhassem de forma que o projeto não atrasasse. Apesar de ter varias pessoas
que me auxiliaram durante o processo, a parte principal que era definir o roteiro,
modelar, animar, iluminar, pós-produzir, editar, gravar, compor, escrever, desenhar
e adaptar tudo ao roteiro foi um trabalho extenso e intenso.
Apesar de tudo, profissionalmente foi uma realização muito grande, pois me
permitiu conhecer muitas áreas de atuação do designer gráfico em uma animação.
O conhecimento adquirido sobre animação e o mundo visual do diretor Tim Burton,
a partir de uma animação em stop motion, além dos conhecimentos sobre
iluminação, fotografia e materiais que podem ser usados para animar, montagem
de cenários, pós-produção, técnicas de tratamento de imagens, edição e muitos
outros elementos que me trouxeram uma boa experiência graças ao conhecimento
adquirido no curso de design gráfico.
A interdisciplinaridade aplicada ao projeto foi uma forma de executar grande parte
dos conhecimentos que tive no curso em prol do projeto que foi a animação stop
motion.
Apesar de nem todas as idéias a principio terem sido aplicadas ao projeto final,
serviram de opção para que pudesse escolher e adaptar o que se encaixaria da
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melhor forma na animação, servindo como estudo e aprendizado para animações
posteriores.
Como conclusão, acredito que o projeto foi uma forma aprendizagem muito grande,
na qual pude aplicar conhecimentos adquiridos em vários conteúdos do curso
como Fotografia, Animação, Composição, nas cenas e montagem dos planos, no
aspecto das características do mundo visual do diretor Tim Burton, além de
conteúdos de disciplinas como Métodos e Técnicas de Estudo, sendo um dos
conteúdos fundamentais para organização do projeto e execução de várias etapas
ao mesmo tempo; Plástica e Modelagem, na construção dos bonecos e cenários, e
Linguagem dos Quadrinhos, na construção dos roughs, storyboards e roteiros do
curta.
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“A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (Sleepy Hollow – EUA – ALEMANHA - 1999), de Tim Burton.
“A Noiva Cadáver” (Corpse Bride – EUA - 2005), de Tim Burton.
“Batman” (Batman – – EUA – REINO UNIDO - 1989), de Tim Burton.
“Batman Returns” (Batman – EUA – REINO UNIDO - 1992), de Tim Burton.
“Edward Mãos de Tesoura” (Edward Scissorhands – EUA - 1990), de Tim Burton.
“Ed Wood” (Ed Wood – EUA - 1994), de Tim Burton.
“Frankenweenie” (Frankenweenie – EUA - 1988), de Tim Burton
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“Marte Ataca” (Mars Attacks! – EUA - 1996), de Tim Burton.
“O Estranho Mundo de Jack” (The Nightmare Before Christmas – EUA - 1993), de Henry Selick
“Os Fantasmas se Divertem” (Beetlejuice – EUA - 1988), de Tim Burton.
“Peixe Grande” (Big Fish – EUA - 2003), de Tim Burton.
“Sweeney Todd. O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet
Street – EUA – REINO UNIDO - 2007), de Tim Burton.
“Vincent” (Vincent – EUA - 1982), de Tim Burton
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ANEXOS