1 1 – introduÇÃo a guiné-bissau fica situada na costa ocidental

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau 1 1 INTRODUÇÃO A Guiné-Bissau fica situada na costa ocidental da África, entre o Senegal (ao Norte) e a Guiné-Conakri (a Leste e ao Sul). É um país pequeno, com área de 36.125 km², dos quais 22% constituem zonas fluviais, com numerosas ilhas ao longo da costa bastante recortada; apresenta na parte continental a extensão máxima de 300 km e a maior largura com 250 km Tem abundante floresta hidrófila, regiões pantanosas e manguezais, estes sob a influência das marés de grandes amplitudes podendo a entrada de águas marinhas ir além dos 100 km, no seu interior (Reinner, 2002). A costa da Guiné-Bissau (Figura 1) tem cerca de 280 km de extensão, com numerosos estuários, entre os quais se destacam os dos rios Cacheu, Geba, Cacine, Mansoa, Corubal e Tombali, bem como muitos canais, alguns destes navegáveis por embarcações de grande porte (Silva et al., 1991). O país conta ainda com o Arquipélago de Bijagós, formado por diversas ilhas de origem vulcânica, com alta diversidade de habitats marinhos, o qual oferece condições propiciais para abrigar grande diversidade de crustáceos, moluscos e peixes (Claudi, 1992). A plataforma continental tem cerca de 15.000 km² (Figura 2), estendendo-se para sudeste do arquipélago de Bijagós e, ao longo desta, existem três áreas de pesca bem delimitadas: a) uma faixa com profundidades inferiores a 10 m, com mais ou menos 200 km² de extensão, acessível a pirogas e outras embarcações artesanais; b) uma faixa com profundidades de 10 – 20 m, com cerca de 28.000 km², onde opera a maior parte das frotas estrangeiras; c) a última faixa tem de 20 – 200 m de profundidade, com fundos irregulares e acidentados, onde se encontram abundantes recursos pesqueiros (Reiner, 2002). Entre as latitudes 10º N e 12º N, o país possuiu uma fachada marítima com extensão aproximada de 90 milhas náuticas, orientadas em NW / SE, com um clima composto principalmente de duas estações, sendo uma chuvosa de maio a outubro e outra seca de novembro a abril. A economia da Guiné-Bissau baseia-se na explotação de recursos naturais, de modo que sua principal fonte de rendimento, além das ajudas e empréstimos internacionais, são as concessões de licenças de pesca e a exportação de castanha de caju. Estudos realizados nos anos 80 na plataforma continental levaram a considerar que a biomassa total de peixes, crustáceos e moluscos era da ordem de 150 x 10 3 t / ano. Assim estimava-se, no final daquela década, que o nível permissível de captura seria de aproximadamente 106 x 10 3 t / ano de pescado (PAGRM / MP, 1996).

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Page 1: 1 1 – INTRODUÇÃO A Guiné-Bissau fica situada na costa ocidental

TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

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1 – INTRODUÇÃO

A Guiné-Bissau fica situada na costa ocidental da África, entre o Senegal (ao Norte) e a

Guiné-Conakri (a Leste e ao Sul). É um país pequeno, com área de 36.125 km², dos quais 22%

constituem zonas fluviais, com numerosas ilhas ao longo da costa bastante recortada; apresenta

na parte continental a extensão máxima de 300 km e a maior largura com 250 km Tem

abundante floresta hidrófila, regiões pantanosas e manguezais, estes sob a influência das marés

de grandes amplitudes podendo a entrada de águas marinhas ir além dos 100 km, no seu interior

(Reinner, 2002).

A costa da Guiné-Bissau (Figura 1) tem cerca de 280 km de extensão, com numerosos

estuários, entre os quais se destacam os dos rios Cacheu, Geba, Cacine, Mansoa, Corubal e

Tombali, bem como muitos canais, alguns destes navegáveis por embarcações de grande porte

(Silva et al., 1991).

O país conta ainda com o Arquipélago de Bijagós, formado por diversas ilhas de origem

vulcânica, com alta diversidade de habitats marinhos, o qual oferece condições propiciais para

abrigar grande diversidade de crustáceos, moluscos e peixes (Claudi, 1992). A plataforma

continental tem cerca de 15.000 km² (Figura 2), estendendo-se para sudeste do arquipélago de

Bijagós e, ao longo desta, existem três áreas de pesca bem delimitadas: a) uma faixa com

profundidades inferiores a 10 m, com mais ou menos 200 km² de extensão, acessível a pirogas e

outras embarcações artesanais; b) uma faixa com profundidades de 10 – 20 m, com cerca de

28.000 km², onde opera a maior parte das frotas estrangeiras; c) a última faixa tem de 20 – 200

m de profundidade, com fundos irregulares e acidentados, onde se encontram abundantes

recursos pesqueiros (Reiner, 2002). Entre as latitudes 10º N e 12º N, o país possuiu uma fachada

marítima com extensão aproximada de 90 milhas náuticas, orientadas em NW / SE, com um

clima composto principalmente de duas estações, sendo uma chuvosa de maio a outubro e outra

seca de novembro a abril.

A economia da Guiné-Bissau baseia-se na explotação de recursos naturais, de modo que

sua principal fonte de rendimento, além das ajudas e empréstimos internacionais, são as

concessões de licenças de pesca e a exportação de castanha de caju.

Estudos realizados nos anos 80 na plataforma continental levaram a considerar que a

biomassa total de peixes, crustáceos e moluscos era da ordem de 150 x 103 t / ano. Assim

estimava-se, no final daquela década, que o nível permissível de captura seria de

aproximadamente 106 x 103 t / ano de pescado (PAGRM / MP, 1996).

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Figura 1 - Costa da Guiné-Bissau, na África Ocidental, tendo ao norte o Senegal e ao sul a

Guiné-Conakri.

As informações disponíveis no Plano Anual de Gestão de Recursos Pesqueiros,

preparado pelos técnicos do Ministério das Pescas, mostram o potencial máximo de captura

de camarões peneídeos, nas águas costeiras do País, estimado em torno de 5 x 103 t / ano,

gerando algo em torno de US$.30 milhões.

Além destes estudos, destacam-se aqueles realizados pelo Plano de Ação para Países

Menos Avançados, em dezembro de 2000 (PMA), indicando que a biomassa existente nas

águas territoriais da Guiné-Bissau é de cerca de 900 x 103 t, o que significa que é possível

pescar cerca de 200 x 103 t / ano de pescado sem reduzir a capacidade de reprodução da fauna

existente. Dados da pesca industrial apontam para a concessão de 315 a 320 licenças anuais

emitidas pelo Ministério das Pescas, das quais cerca de aproximadamente 60% se destinam à

pesca do camarão. Portanto, a pressão exercida pela pesca de camarão nas águas continentais

do País é considerável, o que tem refletido tanto na quantidade como na qualidade das

capturas.

A contribuição do setor das pescas para o equilíbrio do Produto Interno Bruto (PIB)

girava em torno de 3% a 4% entre 1991 e 1997 (PMA, 2000). No entanto, trata-se de um dos

maiores recursos, não só pela contribuição para a segurança alimentar das populações, como

do ponto de vista das exportações pesqueiras e da geração de divisas para o País. Apesar de

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ser um setor de grande importância para a economia do País, observa-se uma carência enorme

de informações sobre aspectos do ciclo de vida de alguns peneídeos capturados ao longo da

plataforma continental do País.

O aumento da pressão pesqueira e a importância social e econômica desse recurso

geram a necessidade de que se obtenham informações para o desenvolvimento de um plano de

manejo adequado. Entre estas informações, o conhecimento da dinâmica reprodutiva é uma

das mais importantes, já que esse processo é responsável pela renovação do estoque. Por outro

lado, a importância de se conhecer o estado atual dos recursos pesqueiros, em especial os

camarões, sua biologia e os impactos econômicos e ambientais sobre os mesmos, constituem

os objetivos deste trabalho, que podem ser sumarizados nos seguintes pontos:

- Contribuir para explotação sustentável, principalmente dos camarões de maior valor

comercial, de forma a trazer o máximo de beneficio sócio-econômico para o País;

- Estabelecer o nível máximo de captura e período de defesa para as principais espécies

de camarões explotados pela pesca de arrasto;

- Propor políticas administrativas que garantam a sustentabilidade das espécies de valor

comercial, exploradas pela pesca industrial;

- Caracterizar as frotas camaroneiras em operação nas águas costeiras da Guiné-Bissau.

1.1 - Atuais pescas marítimas da Guiné-Bissau

A atividade pesqueira na Guiné-Bissau, antes da Independência (1974), era apenas de

um único sistema de produção – o artesanal, com métodos primitivos de pesca, apresentando

características de atividade de subsistência. Entretanto, foi a primeira forma de explotação de

recursos pesqueiros, que empregava centenas de pessoas, principalmente do sexo feminino,

que atuaram como intermediárias entre os pescadores e os consumidores, vulgarmente

chamadas de “bideiras.”

A pesca artesanal na Guiné-Bissau é realizada, em maior parte, por canoas, que podem

ser de dois tipos: motorizadas e movidas a remo ou vela. O tamanho das canoas motorizadas

varia entre 10 – 15 metros de comprimento total, com potência de motor entre 14 – 40 HP; o

tamanho das pirogas ou canoas movidas a remo ou à vela, varia entre 5 – 7 metros de

comprimento total (Silva et al., 1991).

Um outro grande segmento da pesca artesanal é um contingente de mulheres que atuam

na coleta de moluscos bivalves durante a baixa maré. A participação destes ainda é verificada

no setor de transformação do pescado, tais como salga e defumação.

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Figura 2 - Plataforma continental da Guiné-Bissau. Fonte: Instituto Nacional de Estudos

e Pesquisa (INEP) – Planificação costeira.

É difícil quantificar o peso das capturas realizadas por embarcações de pesca artesanal,

por se tratar de setor bastante desorganizado, com sérios problemas financeiros. Para alguns,

as capturas efetuadas pela pesca artesanal são insignificantes, visto que nunca chegam a

ultrapassar 2 x 103 t / ano. Os estudos realizados por Silva et al (1991), indicam que a

produção máxima atingida pela pesca artesanal foi em 1987, quando esta atingiu algo em

torno de 1,9 x 103 t, baixando, significativamente, nos anos seguintes. Segundo estes autores,

a queda de produção pode estar relacionada à liberalização dos preços do pescado no

mercado, uma vez que os pescadores que atuam nas pescas artesanais preferem comercializar

o seu produto diretamente no local em vez de vender aos projetos de pesca artesanal

existentes no País. Após estes estudos, não se teve conhecimento de nenhum outro trabalho,

de maneira que se torna impossível ter o conhecimento real das capturas realizadas pela pesca

artesanal, nas águas da plataforma continental da Guiné-Bissau.

Por outro lado, as autoridades não se mostram interesse algum em promover o

desenvolvimento sustentável das pescarias artesanais e, é bom lembrar que este subsetor é,

potencialmente, tão importante quanto o de pesca industrial, por sua contribuição na dieta

alimentar e na geração de empregos para a população de baixa renda.

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O segundo segmento de atividade pesqueira é o de pesca industrial, caracterizado pelo

emprego de métodos e tecnologias apropriadas, como barcos de grande porte, em geral,

equipados com aparelhos que auxiliam na navegação e detecção de cardumes. Esta atividade

teve início logo após a Independência, com assinatura de Acordos de Pesca com países

estrangeiros. Com isso, foi criada a Comissão dos Transportes e Comunicações, cujo objetivo

era elaborar políticas e implementar medidas para gestão de recursos pesqueiros, promovendo

o desenvolvimento sustentável das pescarias nas águas da plataforma continental. Em 1977,

esta Comissão foi substituída pela Secretaria de Estado das Pescas, órgão que detinha

autonomia de executar as políticas pesqueiras elaboradas pelo Governo.

Dado o potencial de pesca e sua grande importância na economia do País, através da

exportação de pescado e da geração de emprego, em 1989 o Governo substituiu a Secretaria

de Estado das Pescas pelo Ministério das Pescas, estrutura mantida até a presente data. Sem

quaisquer meios para realizar as pescarias industriais, por não ter uma frota pesqueira

nacional para atuar além das 12 milhas marítimas, o país passou a assinar Acordos de Pesca

com países estrangeiros.

1.2 - Acordos de pesca com diferentes parceiros

A política nacional pesqueira, em relação aos protocolos de Acordos de Pesca assinados

entre a Guiné-Bissau e seus parceiros, nomeadamente União Européia, China, Senegal e

outros, tem sido objeto de crítica por parte de cientistas pesqueiros, por não se enquadrar

dentro das perspectivas de desenvolvimento sustentável e por não trazer benefícios sócio-

econômicos para o país.

A pesca sob regime de licenças começou em 1978 e, desde então, vem sendo dominada

pela frota industrial da União Soviética, que era o parceiro mais importante da Guiné-Bissau

na época, visto que este país teve papel importantíssimo na guerra contra o colonialismo

português. Segundo dados da Missão Pesqueira da União Soviética, entre 1981 e 1990, as

capturas da frota soviética foram de aproximadamente, 130 x 103 t / ano, com uma receita em

torno de US$ 2,5 milhões / ano (PAGRM / MP, 1996).

Com o passar do tempo e o fortalecimento de relações diplomáticas com países da

Europa, Ásia e do continente africano, a Guiné-Bissau fez um conjunto de acordos no

domínio das pescas; frota da Rússia (antiga União Soviética) foi sendo lentamente substituída

pelas frotas da União Européia e dos países asiáticos, que explotam diferentes estoques de

crustáceos, moluscos e peixes na Zona Econômica Exclusiva do País. As frotas da União

Européia (UE), representada por Espanha, Itália e Portugal, atualmente dominam as pescarias

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industriais nas águas da plataforma continental da Guiné-Bissau e gozam de fortes

privilégios, no que respeita à concessão de licenças para os seus armadores.

Os primeiros acordos entre o governo e a UE datam de 1983, com uma receita de,

aproximadamente, 13 milhões de Francos Franceses. Desde então, sete protocolos de acordos

de pesca já foram renovados, e o mais recente data de 15 de junho de 2004 (Tabela I). A

contrapartida financeira gira em torno de 51 milhões de euros para o País, por um período de

5 anos. Este protocolo de Acordo “fixa as possibilidades de pesca e a contrapartida

financeira prevista no Acordo entre a União Européia e o governo guineense, respeitante à

pesca ao largo da costa da Guiné-Bissau, em relação ao período compreendido entre 16 de

junho de 2001 e 15 de junho de 2006” (Jornal Oficial das Comunidades Européias, 2002).

O artigo 4º do último protocolo do Acordo de Pesca mostra a contrapartida financeira

destinada a financiar as seguintes ações:

a) programa cientifico ou técnico guineense, cujo objetivo é capacitar os técnicos de

maneira a produzir conhecimentos que possam servir na gestão e no monitoramento do

estado dos recursos na Zona Econômica Exclusiva do País;

b) financiar o funcionamento do Laboratório de Investigação Pesqueira Aplicada

(CIPA), designadamente no que respeita ao melhoramento das condições sanitárias no

domínio da pesca, com um montante de 200 mil euros / ano;

c) financiar bolsas de estudo e formação de recursos humanos nas várias disciplinas

cientificas, técnicas e econômicas relativas à pesca, no montante de 150 mil euros / ano;

d) apoiar os investimentos no setor de pesca artesanal, com o montante de 250 mil euros /

ano;

e) financiar a fiscalização marítima, incluindo a instalação de um sistema de

monitoramento dos barcos de pesca por satélite, no montante de 300 mil euros / ano;

f) apoio institucional ao Ministério das Pescas, no montante de 60 mil euros / ano;

g) assistência técnica à instauração e acompanhamento das ações supracitadas, no

montante de 40 mil euros / ano.

Os valores acima mencionados serão recebidos anualmente pelo governo guineense por

um período de cinco anos, contando da data da assinatura do protocolo de Acordo de Pesca.

Apesar de alguns benefícios que o país tem tido nestes protocolos de Acordo de Pesca,

alguns problemas podem ser identificados, tais como:

a) Sobredimensionamento das frotas pesqueiras da União Européia;

b) Descumprimento das medidas de conservação de recursos pesqueiros;

c) Falta de delimitação de um nível máximo sustentável das capturas disponíveis para as

frotas dos países parceiros da Guiné-Bissau.

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d) O valor das taxas de licenças pagas pelos armadores da frota da União Européia é

insignificante, em relação ao valor de mercado.

A República Popular da China, Coréia e Japão são os países representantes do continente

asiático, sendo o primeiro o parceiro mais importante, no domínio das pescas, para a Guiné-Bissau.

A China explora vários estoques de peixes, crustáceos e moluscos, sob o regime de concessão de

licenças por parte do governo guineense, mesmo critério adotado para todos os países que atuam na

área de pesca. Os Acordos com estes países cobrem um longo período.

A falta de planos anuais de gestão de recursos marítimos tem sido um dos grandes problemas

com os quais o País se depara. As medidas de conservação são constantemente comprometidas pela

excessiva pressão exercida sobre os recursos pesqueiros. Hoje nota-se uma preocupação por parte

dos representantes da União Européia, através do seu departamento que coordena a política

pesqueira na Guiné-Bissau, obrigando o país a tomar precauções, uma vez que os estoques dos

principais recursos pesqueiros estão diminuindo de forma drástica.

2 - ASPECTOS OCEANOGRÁFICOS NA COSTA OCIDENTAL DA ÁFRICA

A hidrologia do Oceano Atlântico e os seus aspectos climáticos são muito

diversificados, e os afloramentos costeiros que ocorrem durante a estação quente, faz desta

região uma das mais produtivas do globo. Os ciclos de produção primária e secundária são

regulados pelo regime de afloramento, condicionados pela dinâmica dos grandes giros

atmosféricos e oceânicos (Dias, 1996). O regime dos ventos na costa africana, entre os

paralelos 10º - 30º N é dominado pelos Ventos Alísios dos setores N-NE a N-NW. O regime

estacional é o resultado do deslocamento dos anticiclones dos Açores e da migração da Frente

Intertropical (FIT).

O seu deslocamento estacional acompanha o deslocamento zenital do sol, com um atraso de cerca

de seis semanas. Em janeiro, atinge a posição meridional extrema, cerca de 6º N junto à costa e

toda a zona costeira desde o Senegal até a Mauritânia, fica submetida a um regime de ventos dos

setores N e NE. Este deslocamento estacional do regime de ventos corresponde a épocas de

afloramento ao longo da costa africana associados ao regime de Ventos Alísios presentes sobre a

plataforma continental (Wooster et al., 1976; Speth et al., 1987).

A sul de 20º N o afloramento costeiro ocorre durante o inverno e a primavera. Entre 20º e 25º N, o

afloramento é permanente, atingindo o máximo na primavera e outono. A norte de 25 º N o

afloramento ocorre no verão e outono, com o máximo em volta de 30º N.

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Tabela I - Quadro recapitulativo dos protocolos relativos aos Acordos de Pesca União

Européia/Guiné-Bissau.

POSSIBILIDADES DE PESCA PROTOCOLO

Pesca de arrasto Pesca de tunídeos

CONTRAPARTIDA FINANCEIRA

TOTAL

(€)

16/6/01-

15/6/04

Camarões: 9 600 TBA

Peixes/cefalópodes : 2 800 TBA

Atuneiros cercadores: 40

Atuneiros com canas/palangreiros:

36

51 000 000

(10 000 000 euros por ano nos três

primeiros anos e 10 500 000 euros nos

dois últimos anos)

16/6/01-

15/6/06

16/6/04-

15/6/06

Camarões: 4 400 TBA

Peixes/cefalópodes : 4 400 TBA

Atuneiros cercadores: 40

Atuneiros com canas/palangreiros:

30

44 520 000

(10 000 000 euros por ano nos três

primeiros anos e 7 260 000 euros nos

dois últimos anos)

16/6/97- 15/6/01 Camarões: 9600 TBA

Peixes/cefalópodes : 3 000 TBA

Atuneiros cercadores: 37

Atuneiros com canas/palangreiros:

52

36 000 000

(9 000 000 euros por ano)

16/6/95- 15/5/97 Camarões : 8800 TBA

Peixes/cefalópodes : 4000 TBA

Atuneiros cercadores: 26

Atuneiros com canas/palangreiros:

16

11 500 000

+ 1 200 000

(5 750 000 euros por ano + 600 000

euros)

16/6/93- 15/6/95 Camarões : 11 000 TBA

Peixes/cefalópodes: 4000 TBA

Atuneiros cercadores: 22

Atuneiros com canas/palangreiros:

10

12 700 000

(6 350 000 euros por ano)

16/6/91- 15/6/93 Camarões: 11 000 TBA

Peixes/cefalópodes: 6000 TBA

Atuneiros cercadores: 20

Atuneiros com canas/palangreiros:

12

13 350 000

(6 675 000 euros por ano)

16/6/89- 15/6/91 Camarões: 10 000 TBA

Peixes/cefalópodes: 5000 TBA

Atuneiros cercadores: 45

Palangreiros de superfície: 35

Atuneiros com canas: 15

11 930 000

(5 965 000 euros por ano)

16/6/86- 15/6/89 Arrastões: 11 000 TBA Atuneiros cercadores: 45

Palangreiros de superfície: 6

Atuneiros com canas: 25

7 900 000

(2 633 000 euros por ano)

15/3/86- 15/6/86 Prorrogação do protocolo anterior Pro rata temporis

16/3/83- 15/3/86 Arrastões demersal: 7500 TBA Atuneiros cercadores: 25

Atuneiros com canas: 25

4 275 000

(1 425 000 euros por ano)

1981- 1983 Arrastões demersal: 6500 TBA Atuneiros cercadores: 23 300

TBA

12 800 000 francos franceses (6 400

000 francos franceses por ano)

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A intensidade e a durabilidade do afloramento têm um efeito determinante no processo

de enriquecimento de nutrientes da coluna da água. Este processo varia conforme as zonas, que

podem ser mais ou menos propícias ao afloramento, devido, entre outros fatores, à orientação

da linha de costa relativamente à direção dos ventos, à batimetria e à extensão e recorte da

plataforma continental (Mittelsdaedt, 1983).

A circulação à superfície no Atlântico Norte resulta de dois grandes sistemas de correntes

bem distintas:

- Corrente das Canárias, que vem do norte e que se inverte para oeste, formando a Corrente

Equatorial do Norte que se dirige para sul, durante a estação fria ao longo das costas da

Mauritânia e do Senegal sobre a plataforma continental, ao mesmo tempo em que se observa a

subida de águas profundas para a superfície no setor litorâneo (Freon, 1988);

- Contra-Corrente Equatorial, vinda do oeste, que transporta para a plataforma continental

águas quentes e salgadas, que seguem para norte e, em latitudes inferiores, mudam para

sudeste formando a Corrente da Guiné. Estas águas aparecem durante a época de transição

maio-junho, quando os alísios deixam de soprar nas latitudes inferiores e são substituídas por

águas guineenses (AG) no fim da estação quente (outubro-novembro).

O regime sazonal de circulação da massa de água ao longo da costa NW da África

constitui, portanto, um fator importantíssimo de produção primária das águas costeiras da

Guiné-Bissau, induzindo durante a época de afloramento em que a circulação à superfície se

faz no sentido NE-SE, o arrastamento para sul, da biomassa produzida ao longo da costa do

Senegal, onde o afloramento é mais intenso. A mudança de sentido para NW da circulação da

massa de água à superfície no fim da época de afloramento, juntamente com o sistema de

contra-correntes costeira de direção N, acaba por produzir sobre a plataforma continental da

Guiné-Bissau um efeito cumulativo de biomassa trazida quer do Senegal quer das águas

costeiras do Golfo da Guiné (Berrit & Rebert, 1977).

Segundo Schemainda et al. (1975), apesar do afloramento costeiro ser de curta duração

entre os paralelos de 10º 00’-12º 30’ N e 16º 00 -17º 30’ W, a produção primária é mais

elevada nessa região, chegando a atingir 16,6 x 106 t C / ano, maior do que em áreas onde o

afloramento é mais intenso (13,4 x 106 t C / ano a sul de 23º N; 14,2 x 106 t C / ano a sul de 14º

N) (Figura 3).

Estes autores ainda acreditam que esse fato esteja relacionado ao efeito do aumento de

nutrientes de origem fluvial. A influência da descarga é especialmente importante para o

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enriquecimento das águas costeiras, durante a estação das chuvas. Nesta época, os caudais dos

rios aumentam consideravelmente, provocando uma dessalinização à superfície, mais

acentuada nas águas costeiras da Guiné-Bissau do que ao norte, onde a pluviosidade é

sensivelmente menor (Rebert, 1979b). Durante o verão e o outono esta água costeira é levada

para o norte pela contra-corrente de direção N, indo substituir a água tropical na plataforma

continental. Os rios Cacheu, Geba e Corubal são os principais responsáveis pela descarga

fluvial, sendo as descargas dos rios Geba e Corubal mais elevadas que a do rio Cacheu (Berrit

& Rebert, 1977). As águas resultantes destas descargas são quentes e pouco salgadas, resultado

da descarga fluvial dos estuários dos Rios Cacheu, Geba e outros. Ao deslocamento estacional

do regime de ventos corresponde uma migração destes sistemas de correntes para sul durante a

estação fria e para norte durante a estação quente, ao mesmo tempo em que as respectivas

intensidades se modificam (Rebert, 1979a).

Os fosfatos constituem um dos elementos mais importantes do subsolo da Guiné-Bissau e

é de esperar que a descarga fluvial seja um fator relevante de enriquecimento das águas

costeiras deste elemento, que é muito importante na produtividade primária. Os registros dos

estudos efetuados nas águas dos canais de Orango e Bubaque, a norte da Guiné-Bissau (INIP /

LBM, 1989), indicam a presença de concentrações apreciáveis de fosfatos (0,63 – 2,00 ug at /

L) nas águas costeiras dos arquipélagos dos Bijagos. Em geral, os afloramentos costeiros,

juntamente com outros fatores, constituem os principais fatores de modulação da

produtividade das águas da Guiné-Bissau.

2.1 – Caracterização da costa da Guiné-Bissau

A Guiné-Bissau tem uma das áreas mais ricas da costa ocidental da África,

principalmente em diversidade e produtividade biológicas, típicas das regiões tropicais. Os

fatores que contribuem para esta riqueza do meio ambiente marinho são os seguintes: a grande

extensão da plataforma continental e a pequena profundidade (ver figura 2); uma grande

variedade de ambientes; o caráter estuarino com inúmeras ilhas e rios, além de manguezais que

contornam o litoral; ressurgência costeira, que ocorre por um período de tempo relativamente

curto (Rebert, 1979a); transporte de materiais terrestres provenientes de descargas fluviais

(Dandonneau, 1973); e influência da Corrente das Canárias. Estes fatores têm grande

influência no desenvolvimento da fauna nerítica das águas da plataforma continental da Guiné-

Bissau e do aumento da produtividade pesqueira.

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As primeiras expedições oceanográficas realizadas nas águas da plataforma continental

da Guiné-Bissau datam de 1925, cujos objetivos foram recolher amostras de plâncton na zona

costeira. Em 1988, no âmbito da cooperação com os PALOP, foi efetuada a primeira

campanha (INIP/LBM, 1989) à qual se seguiram três outras (1989, 1990, e 1991), a bordo do

N.Pq. “Noruega” (INIP/LBM, 1990, 1992 INIP/CIPA,1993). A mais recente, na continuação

desta cooperação, foi realizada em maio de 1995, na zona localizada entre 10º 00’-12º 00’ N e

16º 00’-17º 30’ W e seus resultados confirmam a área amostrada como de grande abundância

de muitas espécies consideradas importantes, sob o ponto de vista pesqueiro (IPIMAR, 1996).

Os resultados das campanhas oceanográficas realizadas nas águas ao longo da costa

africana (Schemainda et al.,1975) indicam o efeito do afloramento costeiro na distribuição de

nutrientes e na produtividade primária. A zona de afloramento costeiro está limitada a norte

pela frente térmica que separa as águas tropicais, quentes e pobres em nutrientes, da água

aflorada. A água aflorada se caracteriza por temperatura e salinidade relativamente baixas e

valores elevados de nutrientes, que chegam a atingir concentrações da ordem dos 15 µg at/ L

de NO3 N e de 1 µg at / L de PO4-P. Os resultados ainda mostram que a clorofila a apresentou

valores elevados em algumas zonas, chegando à ordem dos 10 mg/m3 e que as concentrações

de nutrientes foram inferiores, apesar da água aflorada ter a mesma origem na Água Central do

Atlântico Sul (Rebert, 1979b).

Estes resultados, quando comparados com os das campanhas mais recentes, realizadas

nas águas costeiras da Guiné-Bissau, e os valores dos parâmetros físico-químicos observados

ao longo da costa guineense mostram que as variações seguem um mesmo padrão.

Ainda podemos constatar que as concentrações de nutrientes foram inferiores aos valores

observados ao longo da costa atlântica, e isto é devido à fraca intensidade de afloramento

verificada ao logo da zona da Guiné-Bissau, pela localização do país no limite da ação dos

Ventos Alísios de norte, numa região de ventos fracos e com fortes variáveis, na fronteira entre

a região Equatorial e a região das Ilhas Canárias (Berrit & Rebert, 1977).

De modo geral, a ressurgência costeira, o regime de circulação das massas de água ao

longo da plataforma continental e os aportes de matéria orgânica por via fluvial constituem os

principais fatores responsáveis pela produtividade primária das águas costeiras da Guiné-

Bissau.

Na campanha de 1990, foram recolhidas amostras para determinar o perfil do sedimento

de fundo de toda zona de arrasto, que abrange áreas entre as latitudes 10º 00’-12º 30’ N e 16º

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00’ -17º 30’ W. Os resultados permitiram identificar diferentes áreas com características

granulométricas bem distintas:

- uma área de areia fina, uma de areia fina lamosa, uma de lama arenosa e uma área

lamosa, com uma distribuição espacial bem nítida. Áreas com areia fina se distribui com

grande evidência, nas isóbatas de 20 a 200 m de profundidade, cobrindo a grande parte na

plataforma continental. Acima de 11º 30’- 12º 00’ N e 17º 00 – 17º 30’ W, a concentração de

areia fina diminui e aumenta a concentração de areia fina lamosa e lama arenosa devido à

descarga fluvial dos rios Cacheu e Geba. As areias finas lamosas constituem uma pequena

faixa entre 60 e 100 m de profundidade. Além disso, observam-se pequenas concentrações

isoladas ao longo da plataforma continental.

Figura 3 – Corrente de superfície e zonas de afloramento durante a estação fria

(fevereiro – abril) na costa africana.

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Também, foi feita a medição de matéria orgânica e área lamosa foi a que apresentou os

valores mais elevados, em relação a outras áreas. Os valores elevados de matéria orgânica

encontrada nos sedimentos lamosos a norte do paralelo 11º 30’- 12º 00’ N e 17º 00’e 17º 30’

W, traduzem, certamente, a deposição de partículas orgânicas transportadas pelos rios Cacehu

e Geba. Estas partículas depositam-se em maior quantidade na zona lamosa, extremamente rica

em elementos finos que absorvem a matéria orgânica (Francis, 1947; Bouchet, 1962;

Glémarec, 1964). A distribuição de várias espécies de camarões – Penaeus notialis, Penaeus

longirostris e Penaeus keraturus nos fundos de lama ao norte do paralelo 11º 30’ e 12º 00’ e

17º 00’ – 17º 30’ W entre 10 e 60 m de profundidade, confirma a preferência destes crustáceos

por fundos lamosos, povoados de pequenos gastrópodes, poliquetas e outros crustáceos

(Chassé & Glémarec, 1976).

3 - BIOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO DAS ESPÉCIES PRINCIPAIS

3.1 - Ciclo de vida do camarão

Os camarões peneídeos têm sido estudados por cientistas de diferentes países, por

constituírem um grupo de grande importância comercial. Englobam 40 espécies distribuídas

em seis gêneros. Como muitos outros organismos marinhos, realizam movimentos numa

escala espaço-temporal, influenciados por fatores endógenos e exógenos, cujos objetivos

específicos estão direcionados para o desempenho de funções biológicas (Allen, 1966).

As migrações na sua quase totalidade são realizadas para fins específicos como

alimentação, reprodução e abrigo. Encontram-se nas zonas tropical e subtropical, e vivem a

maior parte do tempo em regiões influenciadas por estuários e lagoas, isto é, sobre fundos que

são geralmente lamosos ou lama arenosa, ricas em matéria orgânica e sais minerais (Garcia &

Le Reste,1987).

Durante o ciclo de vida, as espécies habitam biótopos bem diferentes, que podem ser

caracterizados pela distância da costa ou pelo grau de salinidade e temperatura da água.

Com relação a características, possuem um tegumento fino e um corpo dividido em

duas regiões: o cefalotórax e o abdome. O cefalotórax é formado pela fusão de cincos somitos

cefálicos e dos oito somitos torácicos que são cobertos pela carapaça. A segunda região é

constituída pelo abdome, que é desenvolvido e formado por seis somitos. A carapaça

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apresenta, na sua parte anterior, uma projeção mediana, normalmente pontiaguda, o rostro, que

tem tamanho variável e pode apresentar dentes dorsais e ventrais. O complexo de peças bucais

é formado por pares de apêndices cefálicos (mandíbulas, maxilulas e maxilas) e três pares de

apêndices torácicos (maxilipodos). Observa-se ainda na região da cabeça um par de antenas,

um par de antênulas.

Os três primeiros pares de pereiópodos geralmente possuem pequenas quelas. O abdome

é constituído por seis segmentos e pelo telso. Os apêndices abdominais são os pereiópodos e

tem a função natatória, localizados ventralmente nos cinco primeiros segmentos abdominais.

No sexto segmento abdominal é observado um par de urópodos que em conjunto com o telso,

forma o leque caudal.

Apresentam estruturais sexuais secundarias bastante características, nos machos, os

endópodos do primeiro pleiópodo são modificados em um órgão tubular, o petasma, auxiliado

pelo apêndice masculino transfere os espermatozóides para o espermatóforo da fêmea durante

a cópula, localizado entre as coxas do quarto par de pereiópodos (Figura 4).

A reprodução dos camarões peneideos ocorre na plataforma continental, onde os ovos

são liberados em profundidades que variam de 20 a 40 m, salinidade de 33 a 36 ‰ e

temperatura de 19 a 31º C. Cada desova de uma fêmea pode conter de 10 x 103 a 40 x 103 ovos.

Logo após a fecundação, a célula-ovo começa os seus processos embrionários, que vai resultar

na metamorfose, dando origem às larvas planctônicas. Este processo demora entre 14 – 20

horas. As primeiras larvas que resultam desta eclosão são os nauplius, que se alimentam de

reserva de nutrientes “vitelo.” O segundo estágio larval é o protozoea, na qual se alimenta de

algas microscópicas que formam o fitoplancton. No terceiro estágio, a mysis muda o seu

habito alimentar, constituído especialmente de zooplâncton. Ao todo existem 11 estágios

larvais, sendo 5 de nauplius, 3 de protozoea 3 de mysis. O período larval dos camarões

peneideos – nauplius, protozoea e mysis duram apenas 15 dias e, a partir daí são encontrados

as pós-larvas com um comprimento total de 7 – 15 mm. As pós-larvas iniciam o processo de

migração em direção à costa, entrando geralmente nos estuários e lagoas, ricos em nutrientes e

matéria orgânica (Garcia, 1987).

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Figura 4 - Anatomia externa de um camarão peneideo.

Figura 5 - Anatomia interna de um camarão peneídeo.

Figura 6 - Ciclo migratório de camarões peneídeos.

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Nos habitats dos estuários e lagunas costeiras de águas rasas e salobras, as pós-larvas e

juvenis encontram proteção e um ambiente rico em nutrientes que lhe proporciona alimentação

adequada (Porto & Fonteles-Filho, 1984). Estes permanecem de 3 – 4 meses, a partir daí os

juvenis migram para o alto mar, onde realizam sua primeira desova, não aparentemente

retornando, para as regiões costeiras e completando desta forma, o curto ciclo de vida de dois

anos, em média.

Os camarões são considerados eurialinos e estenotérmicos, ou seja, suportam grandes

variações de salinidade, temperatura e pH da água. Durante os ciclos de vida dos peneídeos

estes realizam três migrações: a primeira ocorre durante a pós-larvas à procura de ambiente

seguros e com uma grade disponibilidade de alimentos; a segunda ocorre durante a fase

juvenil, e a terceira ocorre durante a fase adulta à procura de regiões próximos a costa para

realizar a desova.

Geralmente os peneídeos têm um amplo período de desova e é possível encontrar fêmeas

maduras durante todo o ano. Existem picos de desova em determinados meses, porém, este

varia de um lugar para o outro e é bastante influenciado pela temperatura. Por exemplo,

observou picos de desova para P. notialis, sendo maior na primavera e verão. Além deste, o

autor ainda constatou a presença significativa das fêmeas maduras em águas cubanas durante

todo o ano (Guitart et al., 1985). No Brasil foi reportado para P. subtilis que a maior

intensidade de desova ocorre entre os meses de março e julho, tendo outra época menos

pronunciada entre setembro e outubro (Garcia, 1985).

Na região de Santos, São Paulo, o P. schmitti desova principalmente em agosto (Neiva et

al., 1971). Para P. paulensis é encontrado uma época de desova principalmente em junho e

julho (Mello, 1973). Portanto, os camarões da família Penaeidae apresentam uma atividade

reprodutiva muito variada, influenciada principalmente das condições ambientais. Para

determinar as áreas da desova, faz-se através das amostragens em zonas de pesca,

determinando aqueles que apresentam maior abundância de fêmeas maduras em estágios IV e

desovada V, mediante ao exame microscópica e macroscópica de ovários.

Na biologia dos camarões da família Penaeidae dois fatores contribuem para depleção

dos estoques: o curto ciclo vital e a exposição à pesca durante todo o ano. Ao mesmo tempo,

dois outros fatores favorecem a recuperação do estoque: o extenso período de reprodução e o

grande número de óvulos produzidos por cada fêmea (Paiva, 1970).

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3.2 – Sinopse biológica

3.2.1 - Crustáceos

Família: Panaeidae

Nome vulgar: camarão-rosa

Nome cientifico: Penaeus notialis (Pèrez-Fartante, 1967)

Figura 7 – Espécime de Penaeus notialis (Pèrez-Fartante, 1967).

Entre os camarões da família Penaeidae capturados na plataforma continental da Guiné-

Bissau, Penaeus notialis (camarão rosa), é a espécie mais abundante.Tem uma ampla

distribuição geográfica, podendo ser encontrado na América Central, desde as Antilhas, Cuba

até as Ilhas Virgens e por toda costa norte da América Sul até a região de Cabo Frio (Brasil).

Distribui-se por quase toda a costa africana, indo de Mauritânia (Norte da África) até

Angola (Holthuis, 1980; INIP/LBM, 1990, 1992). Ao longo da costa da Guiné-Bissau é mais

abundante principalmente entre a latitude 11º 30’-12º 50’ N e 17º 00’-17º 30’W. É uma

espécie que realiza o seu crescimento em laguna e estuário e que durante a fase adulta migra

para o mar, onde vive e se reproduz.

Os resultados das campanhas oceanográficas realizadas em 1995 confirmam a sua

distribuição na parte norte, em fundos de lama arenosa, (INIP/LBM, 1989, 1992). Também é

encontrada em baixas profundidades, sendo mais abundante entre 20 e 50 m. Chega a atingir o

comprimento total máxima de 20 cm (fêmeas) e 17,5 cm (machos). O comprimento do

cefalotórax alcança 4,8 cm para as fêmeas e 4,1 cm para os machos.

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A sua dieta alimentar é bastante diversificada, composta principalmente de pequenos

gastrópodes, poliquetas, crustáceos e de larvas de peixes (Chasse & Glêmarec, 1976). Prefere

águas com temperatura inferior a 24º C e salinidade de 35 ‰, quando adulto; o ciclo de vida é

bastante complexo, com uma fase lagunar (jovens) e outra marinha (adultos) (Lhomme &

Garcia, 1984)

As campanhas conduzidas nas águas costeiras da Guiné-Bissau no período de maio a

junho foi possível observar as fêmeas em diferentes estados de maturação, nas seguintes

proporções: estádio I (virgem, 38,5 %); estádio II (inicio de desenvolvimento, 20,6 %); estádio

III (ovário desenvolvido, 22 %); estádio IV (pós-desova, 18,5 %).

Após a desova, as pós-larvas migram para o estuário, onde permanecem por um período

de 2 a 3 meses. A migração dos juvenis ocorre aproximadamente aos 4 meses de vida, quando

estes migram para o mar completando assim o seu ciclo de vida.

Na ultima campanha realizada nas águas da plataforma continental da Guiné-Bissau, pelo

Instituto de Oceanográfica e Pesca (Mauritânia), com o apoio do Centro de Investigação

Pesqueira Aplicada (CIPA / Gunié-Bissau), nos períodos de 17 de junho a 23 de julho de 2004,

a espécie teve sua distribuição localizada entre os paralelos de 11º 30’-12º 50’ N e 17º 00’-17º

30’W, nas faixas de 20 - 50 m, áreas onde predomina sedimento lamoso. A pesar da campanha

ter decorrido num espaço de tempo relativamente curto, os resultados confirmam que P.

notialis é uma espécie de águas rasas (Costeira).

Família: Panaeidae

Nome vulgar: gamba

Nome cientifico: Penaeus longirostris (Lucas, 1846)

Figura 8 - Espécime de Penaeus longirostris (Lucas, 1846).

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O P. longirostris (gamba) é espécie a segunda mais importante do ponto de vista

econômico e pesqueiro, pela sua abundancia nas águas de sua ocorrência.

Tem uma ampla distribuição geográfica, podendo ser encontrado no Atlântico Oriental

desde norte da Espanha (Olaso, 1990) até o sul de Angola (Sobrino et al., 1996; Crosnier et al.,

1973). Também é encontrado no Mediterrâneo e nos mares adjacentes (Maurin, 1960; Massuti,

1963; Audouin, 1965, Koukouras et al., 1974).

As principais áreas de ocorrência desta espécie ficam situadas no sul da Espanha e

Portugal (Pestana, 1991; Sobrino, 2000), bem como em Marrocos, Mauritânia, Senegal, Guiné-

Bissau, Gabão e Angola (Cervantes et al.; 1986; 1991; Sobrino e Garcia, 1991). A espécie

também tem um valor comercial alto na França, Itália, Argélia, Tunísia, Grécia e Turquia

(Stamatopoulos, 1993).

É encontrado em profundidades que variam de 20 a 750 m, (Tom et al., 1988). Mas seu

estrato de distribuição principal está entre 100 – 400 m (Ribeiro Cascalho, 1988; Sobrino,

1988; Sobrino et al; 1991; Crosnier et al., 1970, 1973). Prefere fundos de lama ou areia

lamosa.

As fêmeas são maiores que os machos e podem atingir o tamanho máximo de 186 mm

(adultas) e 160 mm (Juvenis) e enquanto que os machos alcançam 160 mm (adultos) e 140 mm

(juvenis). A sua alimentação é composta principalmente de poliquetas, larvas de peixes e de

gastrópodes.

Na campanha 5º oceanográfica realizada na plataforma continental da Guiné-Bissau,

entre maio – julho de 1995 NI “CAPRICÓRNIO”, pelo Instituto Português de Investigação

Marítima (IPIMAR / Lisboa), com o apoio do Centro de Investigação Pesqueira Aplicada

(CIPA / Guiné-Bissau), as áreas de maior ocorrência de P. longirostris (gamba) fica entre os

paralelos 11º 30’-12º 00’ N e 17º 00’ -17º 30’ W, nas faixa compreendida entre 50 -200 m de

profundidade.

Na ultima campanha realizada nas águas da plataforma continental da Guiné-Bissau, pelo

Instituto de Oceanográfica e Pesca (Mauritânia), com o apoio do Centro de Investigação

Pesqueira Aplicada (CIPA / Gunié-Bissau), nos períodos de 17 de junho a 23 de julho de 2004,

a espécie teve sua distribuição localizada entre os paralelos de 10º 00’-11º 30’ N e 16º 30’-17º

00’W, nas faixas de 20 - 50 m, de profundidade, sendo mais abundante nas faixa de 50 – 200

m de profundidade, zonas com ligeira mistura de areia fina com sedimento lamoso. A pesar

desta ultima campanha ter decorrido num espaço de tempo relativamente curto, se comparado

com a campanha de realizada em maio – julho de 1995, P. longirostris teve maior distribuição

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na plataforma continental, concentrado principalmente faixa de 100 – 200 m de profundidade,

mostrando, que esta espécie é uma espécie de águas profundas (oceânica).

Os estudos feitos nas águas européias, especialmente Portugal, Espanha, Itália e Grécia,

indicam que para ambos os sexos desta espécie, a dieta alimentar é composta, principalmente,

de poliquetas, larvas de decápode, gastrópodes e amphipoda. Para todos os períodos

observados, estas cinco categorias de presas constituem 18,25 – 57,8 % da abundância relativa

e 18,9 – 57,2 % de freqüência de ocorrência para machos. Para as fêmeas, esses valores são

respectivamente 16,8 – 70, 2 %. Cefalópodes e nematódea eram comuns na dieta de ambos os

sexos durante o período de setembro, considerando que aplacófora, cefalópode, reptantia e

mysidacea só estavam presentes na dieta de ambos os sexos durante este período. Portanto,

analisando os diferentes trabalhos realizados sobre o hábito alimentar de Penaeus longirostris,

podemos acreditar que a espécie se alimenta de diferentes organismos. Esta variação na

composição da dieta alimentar pode estar relacionada com diferentes condições ambientais e

distribuição biogeográfica. Pode-se ainda, observar que a alimentação desta espécie varia de

acordo com o período do ano (Anônimo, 2001).

Na plataforma continental da Guiné-Bissau tem sido capturada a partir de 30 m de

profundidade, em fundos de vasa arenosa ou areia lamosa, povoados por pequenos

gastrópodes, poliquetas e outros crustáceos (Chasse & Glêmarec, 1976).

Na ultima campanha realizada nas águas da plataforma continental da Guiné-Bissau, pelo

Instituto (Mauritânia) de Oceanografia e Pesca, com o apoio do Centro de Investigação

Pesqueira Aplicada (CIPA), nos períodos de 23 de junho a 17 de julho de 2004, os exemplares

desta espécie foram capturados principalmente entre 100 e 200 metros, confirmando assim que

o extrato de distribuição desta espécie. Isto mostra que o P. longirostris é uma espécie de altas

profundidades.

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Família: Panaeidae

Nome vulgar: camarão-tigre

Nome cientifico: Penaeus keraturus (Forsskal,1775)

Figura 8 - Espécime de Penaeus longirostris (Lucas, 1846).

Penaeus keraturus é a terceira espécie mais importante de camarão sob o ponto de vista

comercial. Conhecido por camarão tigre, por apresentar uma coloração que parece lembrar o

tigre. Vive geralmente associado aos fundos arenosos entre profundidade que varia entre 5 –

50 m. Trabalhos realizados em águas liberianas (norte da África) mostram que durante o

período de maio – novembro são encontradas as pós-larvas próximos a desembocadura de rios

e nos estuários. Varias campanhas oceanográficas foram realizadas ao longo da plataforma

continental da Guiné-Bissau, mas poucos trazem informações relativas a esta espécie.

Mesmo nesta ultima campanha oceanográfica, realizada nas águas da plataforma

continental da Guiné-Bissau, pelo Instituto (Mauritânia) de Oceanografia e Pesca, com o apoio

do Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA), nos períodos de 23 de junho a 17 de

julho de 2004, não foram encontrados ao longo de todos os pontos amostrados nenhum

exemplar desta espécie. Este fato pode ser devido a campanha ter sido realizado em espaço de

tempo bastante curto ou por não coincidir com a época de safra desta espécie.

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3.2.2 – Peixes

Apresentamos a seguir a sinopse biológica de algumas espécies, identificadas através

de fotografias constantes do Anexo A.

Família Soleidae

Nome vulgar: linguado

Nome cientifico: Dicologoglossa cuneata (Moreau, 1881)

Espécie pelágica/demersal costeira, ocorrendo na costa da África, desde o mar

Mediterrâneo à África do Sul, nas profundidades que variam de 10 a 460 metros. Prefere

fundos de areia ou lama, nas águas com temperatura oscilando entre 15º e 24º C e salinidade

acima de 35 ‰. Alimenta-se de pequenos crustáceos, poliquetas, bivalves e moluscos. O

tempo mínimo para a população de esta espécie duplicar a biomassa é de 15 meses (Desonter,

1990).

Alcança o comprimento total máximo de 30 cm (Reiner, 2002). Durante campanhas

oceanográficas conduzidas em águas da plataforma continental da Guiné-Bissau, esta espécie

teve maior ocorrência em profundidades que variam de 20 a 100 m, sendo a maior abundância

entre 50 e 100 m (IPIMAR / LBM, 1996).

Na ultima campanha realizada nas águas da plataforma continental da Guiné-Bissau, pelo

Instituto de Oceanografia e Pesca, (Mauritânia) com o apoio do Centro de Investigação

Pesqueira Aplicada (CIPA), nos períodos de 23 de junho a 17 de julho de 2004, a espécie teve

pouca participação em todos os estrados amostrados, restringindo a sua ocorrência aos

paralelos de 10º 30’-10º 05’ N e 16º 30’-16º 05’ W, abaixo de 50 m de profundidade, onde

predomina sedimento de areia fina.

Família Soleidae

Nome vulgar: limar

Nome cientifico: Microchirus boscanion Chabanaud, 1758

Espécie demersal/costeira, com o corpo que se confunde com o linguado, porém,

apresenta uma boca um pouco maior que o linguado, corpo achatado e olhos dorsalmente

grandes. O espaço interorbital é mais longo nos machos que nas fêmeas, sendo reduzido a uma

crista óssea, nos jovens. Nos machos as aberturas peitorais são mais longas. Dentes em duas

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séries nos maxilares superiores e numa série no maxilar inferior. Vários dentes anteriores, do

maxilar superior, transformados em caninos. Branquispinhas curtas e grossas, em número de 7

a 9 no lado inferior do primeiro arco branquial. Raios superiores das barbatanas peitorais

alongados nos machos. Barbatana dorsal com 83 a 92 raios. Barbatana anal com 64 a 74 raios,

barbatana peitoral do lado cego ausente. Bases das barbatanas ventosas, curtas,

aproximadamente iguais entre si, linha lateral reta, com 54 a 68 escamas.

Lado ocular castanho mais ou menos avermelhado, com ou sem manchas no corpo e nas

barbatanas ímpares. Lado cego em geral esbranquiçado atinge cerca de 40 cm de comprimento

total.

A espécime observado atingiu 24 cm de comprimento. É capturado principalmente em

fundos lodosos e arenosos, entre 15 a 200 m de profundidade.

Tal como linguado, limar teve pouca participação nesta ultima campanha realizada pelo

Instituto (Mauritânia) de Oceanografia e Pesca com o apoio do Centro de Investigação

Pesqueira Aplicada (CIPA). Sua distribuição foi observada entre os paralelos 10º 00’-10º 25’

N e 16º 30’-16º 50’ W e 11º 00’-11 50’ N e 17º 00’-17º 35’ W e, faixa compreendida entre 50

e 200 m profundidade, zona onde predomina sedimento de areia fina.

Família Sciaenidae

Nome vulgar: corvina

Nome cientifico: Argirosomus regius ( Asso, 1801)

Espécie demersal costeira, de ampla distribuição geográfica. Encontrada desde o Mar do

Norte, em todo o Mar Mediterrâneo e o longo da costa ocidental da África, de Marrocos a

Angola. Prefere áreas rasas, com até 20 m de profundidade. Chega a 1,8 m de comprimento

total e 60 kg de peso total. Basicamente, se alimenta de moluscos e pequenos peixes, com

destaque para os clupeídeos, cujas migrações acompanha ao longo de quase a costa ocidental

africana, reproduzindo-se de janeiro a julho na costa da Mauritânia e do Senegal (Chao &

Trewavas, 1990).

Nas campanhas oceanográficas efetuadas em águas da Guiné-Bissau, as áreas de maior

abundância da corvina estão na parte norte, com temperatura inferiores a 25º C, profundidades

em torno de 50 m. Prefere fundos de vasa (INIP/LMB, 1988).

A espécie parece ter preferência para fundos de vasa. Nas campanhas oceanográficas

realizadas na plataforma continental, indica que os exemplares com comprimentos que variam

entre 8 - 16 cm foram pescados em baixas profundidades inferiores à 80 m (INIP, 1993).

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

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Família: Carangidae

Nome vulgar: carapau

Nome cientifico: Decapterus punctatus (Cuvier, 1829)

Em campanhas oceanográficas realizadas ao longo da costa da Guiné-Bissau, a

distribuição de larvas e alevinos do carapau ocorreu em águas com até 50 m de profundidade.

Trata-se de espécie pelágica costeira de mares tropicais e subtropicais, podendo ser

temporariamente bentônica, freqüentando fundos duros ou rochosos; penetra em estuários e

lagunas, chegando a 25 cm de comprimento total; vive em águas com temperatura entre 19º -

25º C e salinidade em torno de 36 ‰ (INIP/ LBM, 1993).

Ao longo da costa africana, sua distribuição geográfica vai de Marrocos à África do Sul;

em águas da Guiné-Bissau, os melhores pesqueiros do carapau estão situados entre os

paralelos 10º 30’ e 11º 30’ N.

O carapau se alimenta de larvas planctônicas de crustáceos e pequenos peixes. Ao longo

da costa da Guiné-Bissau se reproduz entre os paralelos 10º 35’ e 11º 50’ N, em águas com

temperaturas superficiais entre 22º - 25º C e de alta salinidade. Pode alcançar 25 cm do

comprimento total, sendo freqüentemente capturado com até 15 cm (Reiner, 2002).

Nesta última campanha realizada pelo Instituto (Mauritânia) de Oceanografia e Pesca

com o apoio do Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA), o Decapterus punctatus

(carapau), teve uma ampla distribuição em grande parte dos estratos observados entre os

paralelos 10º 50’-11º 25’ N e 16º 00”-17º 30’ W, nas faixa de 10 -200 m de profundidade,

onde predomina sedimento de areia fina.

Família: Polinemidae

Nome vulgar: barbinho

Nome cientifico: Galoides decadactylus (Bloch, 1795)

É uma espécie de águas profundas e, geralmente, aparece nas regiões próximas à costa. A

espécie é conhecida por desenvolver hermafroditismo não funcional que surge nos macho

normal (Longhurst, 1965). É peixe semi-diádromo e, em geral, migra para regiões estuarinas.

Alimenta-se, principalmente, de organismos bentônicos como crustáceos e poliquetas.

O barbinho, Galoides decadactylus, é uma espécie demersal costeira, encontrado em

profundidades que variam de 10 – 70 m. A espécie pode atingir um tamanho máximo de 50 cm

de comprimento e 1,4 – 4,4 anos de vida. Tem cerca de 18 espinhos dorsais. Vive, comumente,

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

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associados ao fundo, preferencialmente de areia e de águas rasas e barrentas. Alimenta-se,

principalmente, de invertebrados bentônicos e de larvas de peixes.

A espécie é encontrada nos mares tropical e subtropical entre os paralelos 28º N e 13º S.

Na parte oriental do Oceano Atlântico se distribui desde Marrocos até Angola, inclusive as

ilhas das Canárias. Geralmente, é encontrado no norte da África (Argélia). Na campanha

realizada na plataforma continental da Guiné-Bissau, pelo Instituto de Oceanografia e Pesca

(Mauritânia), com o apoio do Centro de Investigação Pesqueira Aplica (CIPA / Guiné-Bissau),

a maior abundante desta espécie foi entre os paralelos 11º 30’-12º 00’ N e 16º 35’-17º 20’ W,

com participação relativamente baixa entre os paralelos 10º 50’-11º 00’ N e 16º 30’-16º 50’ W

e 11º 30’ e 17º 00, nas faixas de 10 – 50 m, sendo mais abundante entre 10 – 20 m de

profundidade, nas proximidades dos rios Cacheu e Geba.

Família: Polinemidae

Nome vulgar: barbo

Nome cientifico: Polidactylus quadrifilis (Cuvier, 1829)

Esta espécie pode alcançar o comprimento total de 150 – 200 cm, habita áreas profundas

de fundos arenosos, e também pode ser encontrada nas regiões próximas à praia até

profundidades de 50 m, e nos estuários e lagunas cercadas de manguezais. Geralmente,

empregam-se redes de arrasto para a sua captura.

O barbo, Polidactylus quadrifilis, é uma espécie da mesma família que o barbinho, mas

maior que este. É encontrado em águas rasas e de fundos barrentos, em profundidades que

variam entre 15 – 55 m. Alimenta-se, principalmente, de crustáceos e pequenos peixes.

Esta espécie pode alcançar o tamanho máximo de 200 cm de comprimento total,

chegando pesar aproximadamente 75 kg. A espécie é de ampla distribuição geográfica,

podendo ser encontrada nos mares tropical e subtropical. No Atlântico Oriental, distribui-se

desde o Senegal até o Congo. Na plataforma continental da Guiné-Bissau é mais abundante na

zona norte do país entre os paralelos 11º 00’ N e 17º 00’ W e 11º 30’ e 17º 00’.

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Família: Ariidae

Nome vulgar: bagre

Nome cientifico: Arius spp.

Dentre os as espécies que compõem o gênero Arius, três deles ocorrem na costa africana,

que são Arius hedelotii, A. latiscutatus e A.parkii. Na plataforma continental da Guiné-Bissau

são capturadas e agrupadas apenas como bagre (nome local), devido a grande semelhança

apresentada entre eles. Podem atingir 70 cm de do comprimento total, geralmente é capturada

na faixa de 35 cm de comprimento. São estuarinos/demersal costeiro.

É encontrado em quase todos os oceano do mundo e no Atlântico oriental desde

Mauritânia até Angola e Mediterrâneo (Golani e Bem-Tuvia, 1986).

Na última campanha oceanográfica realizada pelo Instituto de Oceanografia e Pesca

(Mauritânia), em colaboração com o Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA /

Guiné-Bissau), os períodos de 17 de junho a 23 de julho de 2004, a espécie A. heudelotii foi

encontrado entre 10º 30’-10º 50’ N e 16º 25’ 17º 35’ W, tendo sua distribuição concentrada

entre os paralelos de 11º 30’-12º 00’ N e 16º 50’-17º 25’ W, nas faixas compreendidas entre 10

– 50 m de profundidade, onde predomina sedimento lamoso, próximas a desembocadura dos

estuários.

Para A. latiscutatus, os estratos de distribuição varia de entre os paralelos 10º 30’-10º 35’

N e 16º 00’-16º35’ W, porem, sua maior área de distribuição fica localizada entre 11º 45’-12º

00’ N e 16º 50’-17º25’ W, nas faixas de 10 – 50 m, sendo concentrado entre 10 – 20 m de

profundidade, onde predomina sedimento lamoso.

A terceira espécie A. parkii foi a que teve maior representatividade nesta ultima

campanha, tendo encontrado principalmente entre os paralelos 11º 50’-12 00’ N e 16º 30’-17º

25’ W, nas faixas de 10 – 50 m, com maior concentração entre 10 – 20 m de profundidade,

onde predomina sedimento lamoso.

Com base nestas informações, podemos inferir que os representantes deste grupo

ocorrem principalmente em águas rasas (costeira), onde predomina sedimento lamoso.

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Família: Haemulidae

Nome vulgar: cor-cor

Nome cientifico: Pomadasys sp.

Esta espécie ocorre desde a Mauritânia até o sul de Angola. Prefere fundos arenosos e

barrentos em profundidade que chega a 100 m, podendo também ser encontrado em águas

doces. Alimenta-se principalmente de peixes, crustáceos, bem como de moluscos. A idade

mínima da população varia em torno de 1 – 4 anos.

Apresenta na parte dorsal 11 espinhos dorsal e 15 – 17 espinhos dorsal macios; 3

espinhos anais e 9 raios anais macios. Ocorrem duas espécies na plataforma continental da

Guiné-Bissau, Pomadasys jubelini e rogerii. Esta última campanha não foram encontrados os

indivíduos desta espécie em todos os pontos amostrados, provavelmente devido curto espaço

de tempo da campanha.

Família: Serranidae

Nome vulgar: garoupa

Nome cientifico: Cephalopholis sp.

O gênero Cephalopholis (garoupa) tem várias espécies, dentre as quais duas delas

ocorrem no Atlântico ocidental, que são C. taeniopsis e C. nigri. É uma espécie demersal de

grande importância comercial em suas áreas de ocorrência. As duas espécies são encontradas

desde Marrocos até Angola. Também é encontrado nas ilhas de Cabo Verde e nas ilhas de São

Tomé e Príncipe. Prefere fundos rochosos ou arenosos, com profundidade que varia de 20 a

200 m (Sparre et al., 1997).

Família: Trichiuridae

Nome vulgar: peixe-espada

Nome cientifico: Trichiurus lepturus Linnaeus, 1758

O peixe-espada, Trichiurus lepturus, apresenta um corpo muito longo e comprimido que

faz lembrar uma espada, daí o nome de peixe-espada. Todo o corpo dele não tem escama e

com uma ponta terminal sem causa. Uma nadadeira dorsal muito longo, que se estende ao

longo de todo o corpo, com raios duros. A boca é grande provida de dentes fortes e desiguais.

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Apresenta sexo separado, sem o dimorfismo e fecundação externa. A coloração é

prateada. O comprimento total médio pode chegar a 80 cm.

Distribui-se em todo o Atlântico ocidental desde os Estados Unidos até Argentina. Na

costa africana, é encontrado desde Marrocos até Angola. Capturado principalmente que

profundidade que varia de 20 a 120 m. É uma espécie semi-pelagica, que habita as zonas de

convergência, tanto a nível oceânico com estuário. Forma grandes cardumes, dependendo da

época do ano. Acredita-se que a sua abundância é maior no período do verão. É um predador

voraz, que se alimenta de pequenos peixes, tais como merlusa e anchova. Também se alimenta

de moluscos e crustáceos, especialmente de camarão. É capturado com parte da fauna

acompanhante durante o arrasto de camarão, todavia, pode ser capturada com rede-de-cerco,

espinhel e pesca de linha-e-anzol.

3.2.3 - Moluscos

Família: Sepiidae

Nome vulgar: choco

Nome cientifico: Sepia spp.

A família Seppidae representa outra categoria da classe molusco que tem grande

importância na fauna acompanhante de pesca de camarão ao longo da costa da Guiné-Bissau.

Como a classe cefalópode, todos os indivíduos capturados pela pesca industrial são agrupados

como choco-comum, porque os observadores enviados para acompanhar a atividade pesqueira

não são treinados o suficiente para reconhecer e separar as diferentes espécies. Deste modo, as

capturas em toneladas desembarcadas são compostas de três espécies de chocos que ocorrem

na costa africana. Porém sabe-se que Sepia officinalis é a espécie mais abundante e de maior

interesse comercial nas áreas de sua abrangência.

Esta espécie apresenta o corpo longo, oval e dorsalmente limitado por barbatanas

estreitas que não se conecta ao fim posterior (Mangold, 1989). Os olhos estão cobertas por

uma córnea protetora. Os braços ventrais são os mais longos e mais largos. Os tentáculos são

completamente retráteis em bolsos que ocupam a região ventral de cabeça. Os jovens se

assemelham aos adultos quando nascem e também são bentônicos. Geram ovos grandes que

são armazenados no oviduto da fêmea. Durante a geração de ovos, eles são cobertos com

secreção de oviducal, e depositados isoladamente em um substrato (Boletzky, 1983). A

duração de desenvolvimento embrionário desta espécie depende, principalmente, da

temperatura, ou seja, é mais rápido nas espécies das regiões tropical e subtropical do que as de

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regiões temperadas. Os jovens nascem com uma reserva de nutrientes que lhes permite

sobreviver por alguns dias na ausência de comida. E após alguns dias os recém-nascidos

começam a caçar suas presas, que são caranguejos e outros crustáceos bentônicos.

Os indivíduos juvenis e adultos alimentam-se, principalmente, de presas maiores como

peixes e outros organismos bentônicos (Guerra, 1985; Castro & Guerra, 1989, 1990). Prefere

águas com temperatura entre 10º - 25º C e salinidade alta (INIP/LBM,1992).

Em águas tropicais e subtropicais, os indivíduos crescem mais rápido e atingem a

maturidade sexual mais cedo e com um tamanho menor do que os que vivem em regiões

temperadas. Portanto, a maturidade sexual pode ser regularizada, pelas variações da

temperatura da água. Mesmo em regiões tropicais e subtropicais este efeito da temperatura

pode exercer papel fundamental no processo do desenvolvimento embrionário, uma vez que,

se a temperatura baixar muito, este processo pode ser controlado através do sistema nervoso

central.

Em espécies tropicais, a câmara de ar pode ser formada diariamente, de forma que o

número de septas corresponde à idade em dias. Porém, em regiões temperadas, este processo

pode levar 2 a 3 dias para se formar (Boletzky, 1983). O número de ovos maduros encontrados

no ovário de qualquer fêmea não é um indicador de fecundidade porque em S. officinalis o

total de ovos ultrapassa a capacidade de geração do ovário. Um aspecto que merece destaque

na biologia e no comportamento da maioria das espécies da família Sepiidae é a migração

realizada apenas pelas espécies que vivem em águas temperadas. Fato ausente nas espécies

encontradas em regiões tropicais e subtropicais. Por exemplo, o choco europeu faz uma

migração desde a região sul da Espanha até o norte de Portugal. Os indivíduos da maioria das

espécies que pertencem a esta família podem viver de 1 a 3 anos, de acordo com as condições

do meio ambiente. O gênero Sepia inclui numerosas espécies que vivem em águas tropicais,

subtropicais e temperadas. É encontrado em todos os oceanos e mares do mundo, incluindo

toda a costa das Américas (Adam, 1979; Nesis, 1982).

Figura 10 – Localização das áreas de ocorrência Sepia sp.

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É espécie de grande interesse comercial em quase todo o mundo. Vive em águas rasas,

embora possa ser encontrada em profundidades que chegam a 600 m (Lu & Roper, 1991)

desde Marrocos até o sul da África do Sul, e também é no Mediterrâneo e mares adjacentes.

Também é conhecido como peixe-tinta, é pelágica costeira e oceânica, ocorrendo em

profundidades entre 10 – 50 metros com a temperatura da água variando entre 10º C e 25º C, e

salinidade alta (INIP/LBM, 1992).

Família: Octopodidae

Nome vulgar: polvo

Nome cientifico: Octopus spp.

A classe cefalópode compreende cerca de 700 espécies, distribuídas em 140 gêneros e 45

famílias (Sweeney & Roper, 1998). À exceção das espécies da subclasse Nautiloidea, os

cefalópodes contemporâneos pertencem à subclasse Celeioidea, que se caracteriza por possuir

concha interna ou ausente, um único par de brânquias, 8 a 10 apêndices, saco de tinta, grande

“cérebro” e olhos (Roper et al., 1984; Hanlon & Messenger, 1998). Quatro ordens contêm a

maior parte das espécies de Celeioidae: Sepiolida, Seppidae, Teuthidae e Octopodidae,

ocorrendo em todos os ambientes marinhos de baixas a grandes profundidades (Nesis, 1982).

Na família Octopodidae, destaca-se pela sua abundância o gênero Octopus com 112 espécies

descritas atualmente e distribuídas em águas rasas tropicais.

Nos últimos anos, têm sido realizados trabalhos com o objetivo de elucidar as lacunas

existentes na sistemática dos octópodes (Villanueva et al., 1991; Mangold, 1998; Guerra et al.,

1999), sendo a fauna do Atlântico Ocidental, a menos estudada. Os primeiros registros da

fauna de octópodes desta região foram baseados em exemplares coletados durante expedições

exploratórias dos séculos Octopus vulgaris, originalmente descrito por Cuvier, foi por muito

tempo considerado uma espécie cosmopolita (Robson, 1929), não existindo um exemplar tipo.

Um neótipo foi designado em 1988, restringido sua distribuição geográfica às áreas do

Mediterrâneo e Atlântico Oriental (Mangold, 1991). Considera-se que sob a denominação de

Octopus vulgaris, foram incluídas várias espécies semelhantes de diversas regiões tropicais e

temperadas do mundo (Guerra, 1992; Mangold, 1989). Mais recentemente, os exemplares

originários da América do Sul e outras regiões passaram a ser designados temporariamente

como Octopus vulgaris, embora possam tratar-se de outras espécies (Soller et al., 2000).

As três espécies de polvos que ocorrem nas águas guineenses são Elodone caparti,

Adam, 1950, Octopus defilippi Verany, 1851 e Octopus vulgaris, 1837. Porém, Octopus

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vulgaris é a mais abundante em termos da biomassa, e a mais importante sob o ponto de vista

comercial. A estatística pesqueira da Guiné-Bissau agrupa todas as espécies numa única

categoria como sendo polvo comum, por não se ter condições de fazer a identificação e

separação das três espécies que ocorrem na costa africana.

Considerado uma espécie de ampla distribuição geográfica, as populações concentram-se

plataforma continental até 100-150 m de profundidade sobre diversos tipos de substratos

(arenosos, cascalho, rochosos), em limites de temperatura entre 7º a 33º C e de salinidade entre

32 e 40 ‰. Têm-se observado migrações estacionais desta espécie até a costa. (este

comportamento é relacionado à reprodução), além das zonas profundas, onde crescem e

amadurecem sexualmente. Com características distintivas, da espécie observa-se que, nos

machos, as ventosas 15 e 17 do segundo e terceiro par de tentáculos são maior que as demais.

Ainda a presença de 4 manchas brancas: duas entre o olho e outras duas embaixo da papila

dorsal (Guerra, 1992).

Octopus vulgaris se alimenta de poliquetas, crustáceos, moluscos, peixes, podendo ser

ainda observado o canibalismo. Para este tipo de alimentação, a presa é localizada com os

olhos bem desenvolvidos e a captura é efetuada pelos tentáculos. As espécies são dióicas

durante todo o ciclo de vida. O dimorfismo sexual externo é muito acentuado, sendo observada

apenas a presença do hectocótilo. O terceiro braço dianteiro dos machos é hectocotilizado onde

a lígula é pequena e tem a forma de uma colher (Guerra, 1992). A identificação dos sexos é

feita através da observação dos órgãos reprodutores internos, sendo possível, em qualquer

altura do ciclo de vida distinguir os machos das fêmeas.

O seu comportamento individualista é apenas interrompido durante a cópula e a postura.

Os machos possuem um testículo que se abre num gonoduto impar do lado esquerdo do ânus.

A fêmea possui também um único ovário, mas este se abre em dois gonoduto, um de cada lado

dos ânus. Reproduz-se próximo a costa, a pouca profundidade, durante o inverno, e permanece

no litoral desde a primavera até o outono. Os machos se tornam maduros sexualmente a partir

de 150 g, enquanto que as fêmeas não antes de atingir 700 g (Gonçalves, 1993).

Sua fecundidade oscila entre 100.000 a 400.000 ovos por fêmea, dependendo do tamanho

(Guerra, 1992). Os ovos são pequenos e formam cachos, tendo sido observado o cuidado das

fêmeas com a postura. O período de postura é dilatado, podendo estender por todo o ano, em

zonas tropicais (Gonçalves, 1993). Parecem existir dois períodos de maior atividade sexual no

Atlântico, que se concentra na primavera e final de outono, cuja duração do desenvolvimento

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embrionário depende da temperatura (20-25 dias a 25º C, 125 dias a 13ºC). Os jovens medem

aproximadamente 2 mm de comprimento do manto e são planctônicos e, depois de certo

tempo, se tornam bentônicos (Guerra, 1992).

Segundo Hernández-Garcia et al., (2002), na costa das Ilhas Canárias, o período de

cópula e postura de O. vulgaris ocorre durante todo o ano. No entanto, foi observada a

existência de dois períodos de máxima atividade reprodutiva, como o proposto por Guerra

(1992) para o Atlântico, um em janeiro a junho, com um pico em abril, e o segundo, em

outubro – novembro.

Gonçalves (1991), nas Ilhas de Açores (Portugal), registrou a existência de dois picos

reprodutivos: um principal em setembro e um secundário em maio. Guerra (1981) observou

um período de reprodução para esta espécie no mês de outubro, considerado como o período

de máxima reprodução para O. vulgaris.

Além destes trabalhos, outros realizados como o de Caverivière (1999), na costa do

Senegal, (país vizinho da Guiné-Bissau), observou que o pico reprodutivo para esta espécie

coincide com os relatados por Guerra (1992). Este ainda mostra que a uma temperatura de 26º

C a duração do desenvolvimento embrionário foi de 15 a 42 dias.

Ao nascer, os jovens pesam 2 mg, e adultos pesam de 2 a 3 kg em 12 a 18 meses

(Mangold et al., 1983). O processo de maturação é semelhante ao de outros cefalópodes e o

número de estágios de maturação pode variar de acordo com a espécie.

A maturação ocorre primeira nos machos, com menor tamanho e, provavelmente, com

menor idade. Esta espécie é caracterizada ainda por elevada taxa de crescimento, em que as

fêmeas atingem dimensões superiores aos machos, sendo ainda caracterizada por padrões de

recrutamento complexos, com muitas coortes durante o ano (Borges, 1999).

Portanto, podemos perceber que o período reprodutivo de O. vulgaris varia e a

temperatura exerce uma influência bem grande em sua reprodução, em diferentes áreas de

ocorrência.

Dos principais recursos pesqueiros capturados juntamente com o camarão na pesca de

arrasto, nas águas da plataforma continental da Guiné-Bissau, o polvo constitui uma espécie de

grande importância e de interesse para as frotas da Comunidade Econômica Européia e a

China.

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4 – MATERIAL E MÉTODOS

Os dados que servem de base ao presente trabalho são oriundos de duas fontes

diferentes:

1 - Anuários Estatísticos de Pesca (1990-1997 e 2000–2003), pelo Centro de Investigação

Pesqueira Aplicada, através dos seus agentes (observadores) enviados para recolher

informações sobre as pescarias quanto a localização das áreas de pesca, data e duração das

viagens, tipos de aparelhos-de-pesca, esforço de pesca em número de dias, horas e lances, e

produção de pescado.

2 - Relatórios das diferentes campanhas oceanográficas conduzidas nas águas da plataforma

continental da Guiné-Bissau, nos anos de 1989 – 1996 pelo Instituto Português de Investigação

Pesqueira (INIP) e Instituto Português de Investigação Marítima (IPIMAR), em colaboração

com o Laboratório de Biologia Marinha (LBM) do Centro de Investigação Pesqueira Aplicada

(CIPA).

A análise das informações procurou atender os seguintes objetivos: (a) determinar a

estrutura numérica da frota pesqueira industrial quanto ao país/bandeira de origem dos barcos;

(b) estimar parâmetros estatísticos de tendência central e dispersão quanto a idade e

Tonelagem Bruta de Arqueação (TBA) dos barcos; industriais; (c) analisar as tendências de

variação anual e estacional da produção de pescado, por grandes grupos (peixes, crustáceos,

moluscos) e por suas espécies principais, consideradas como tal quando o peso de sua

produção foi igual ou superior a 5 % do peso de todas as espécies em conjunto; (d) analisar as

tentências de variação espacial da produção e sua relação com o tipo de substrato; (e) estimar

os parâmetros de equilíbrio da biomassa (rendimento máximo sustentável, esforço ótimo e

CPUE máxima sustentável) das principais espécies de camarão.

A estrutura da frota foi determinada considerando-se quatro grandes grupos: Ásia,

União Européia, América Central e África, cuja participação relativa foi analisada do ponto de

vista temporal ao longo dos períodos 1990 -1997 e 2000 -2003, para se avaliar em que

proporção as frotas estrangeiras contribuíram para a produção total de pescado. Ainda, foi

estimada a tendência de variação da frota da África, em conjunto, em relação ao total da frota,

para se inferir sobre a participação dos paises africanos na produção de pescado, na plataforma

continental da Guiné-Bissau.

A análise estatística da idade e da TBA dos barcos da frota foi feita com a finalidade

de se determinar a variação temporal desses parâmetros e verificar a qualidade das estimativas

através do intervalo de confiança da média populacional (µ), para 95%, estimado pela fórmula:

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µ = x ± 1,96 sx (x = média; sx = erro da média; 1,96 = valor de z equivalente à probabilidade

de 95%; s = desvio padrão) e do coeficiente de variação, estimado pela fórmula: C.V. = (s/x)

x 100. A análise da produção de pescado foi iniciada com o levantamento de todas as espécies

de peixes, crustáceos e moluscos que faziam parte da captura e classificação segundo seus

nomes vulgar e científico e respectivas famílias e, ainda, conforme seu habitat principal,

considerando-se as províncias nerítica (estuarina, costeira) e oceânica, e os domínios pelágico

e bentônico. A variação temporal considerou intervalos trimestrais para o cálculo do desvio

médio dos respectivos valores em relação à média histórica dos períodos 19901997 e 2000-

2003 (pelo qual se determinou as estações do ano com maior e menor produção), e intervalos

mensais para definição da época de safra das principais espécies, definida pelos meses em que

a produção foi superior ao valor médio anual.

Os dados da última campanha oceanográfica, realizada pelo Instituto de Oceanografia e

Pesca (Mauritânia) em colaboração com o Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA –

Guiné-Bissau), no período de 23 de junho a 17 de julho de 2004. Nesta campanha foi realizada

a amostragem, num total de 131 pontos entre os paralelos 10° 30’N e 12° 00’ N, cobrindo

desta forma toda a área de pesca na plataforma continental da Guiné-Bissau (Figura 11). Para

cada ponto amostral, os indivíduos foram separados e contados para obtenção do numero total

de indivíduos. Dentre os camarões, apenas P. notialis e P. longirostris foram encontrados e,

dentre os peixes, foram encontrados as espécies Arius heudelotii, A. Latiscutatus, A. parkii,

Dicogoglossa cuneata, Decapterus punctatus, Galoides decadactylus e Microchirus

buscanion. A representação gráfica dessas informações foi feita através do Programa

ARCVIEW, pelo qual foi possível determinar suas principais áreas de ocorrência, levando em

consideração as coordenadas geográficas, profundidade e tipo de substrato relativos às

espécies de peixes, camarões e moluscos acima citadas.

O equilíbrio da biomassa das espécies principais espécies de camarão (rosa, gamba e

tigre) foi avaliado através do modelo logístico, utilizando-se como dados básicos o esforço de

pesca, medido em três unidades: dia de pesca, hora de pesca e lance da rede-de-arrasto, a

CPUE (captura por unidade de esforço).

Considerando-se a taxa instantânea de variação da biomassa uma função da própria

biomassa, portanto, dB/dt = f(B), Schaefer (1954) desenvolveu um modelo para determinação

do estado de equilíbrio da biomassa com base no crescimento logístico da população, a partir

da equação básica:

f(B) = dB/dt = k ( B∞ - B ) (1)

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

35

onde k é o coeficiente instantâneo de crescimento e (B∞ - B) corresponde ao resultado da ação

dos mecanismos compensatórios da predação.

Figura 11 – Localização dos pontos de amostragem na campanha oceanográfica

realizada pelo Instituto de Oceanografia e pesca (Mauritânia) em colaboração com

o Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA/Guiné- Bissau), no período de

23 de junho a 17 de julho de 2004.

A partir da equação da parábola entre rendimento da biomassa (P) e predação pelo

esforço de pesca (E):

P = ( a - bE ) E (2)

e, colocando-se o rendimento como função de E, tem-se:

P

------- = a – bE (3)

E

Quando P tende para dB/dt, B tende para E, sendo as constantes a e b, respectivamente,

o índice da biomassa em estado virgem e a taxa de variação desse índice em função do esforço.

A captura por unidade de esforço (CPUE) corresponde a um índice da biomassa populacional,

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

36

num certo período de tempo, o qual decrescerá gradualmente a partir de um valor da biomassa

virgem, até atingir o valor zero quando E = Emax.

Tendo em vista que dificilmente o esforço de pesca, por mais elevado que seja, leva

uma população à extinção, ou seja, para Emax => P/E = 0, adota-se uma relação curvilínea entre

CPUE e esforço de pesca, conhecido como modelo curvilíneo de Fox (1970), segundo a

equação:

P = A.E e-bE (4)

onde, A denota o valor da CPUE quando a população se encontra com sua biomassa máxima,

isto é, quando E => 0, P/E => A.

Colocando-se o rendimento como função de E, tem-se:

P

------ = Ae-bE (5)

E

P

ln ------ = ln A - bE (6)

E

As Equações 3 e 6 foram ajustadas por regressão e seus coeficientes de correlação

determinados e testados ao nível α = 0,05 para verificação de sua significância estatística.

Os parâmetros da regressão a e b (modelo linear) e ln A e b (modelo curvilíneo) foram

introduzidos nas fórmulas abaixo para estimação dos parâmetros de equilíbrio da equação de

rendimento: rendimento máximo sustentável (PMS), esforço de pesca ótimo (Eot) e CPUE

máxima sustentável [(P/E)ms]:

Parâmetros Modelo

linear

Modelo curvilíneo

PMS a2/4b A/(b.e)

Eot a/2b 1/b

(P/E)ms a/2 A/e

Os dados básicos para ajuste dos modelos foi uma série histórica de valores do esforço de

pesca na unidade “número de dias de pesca” e CPUE na unidade “kg/dia de pesca. Dentre as

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

37

três unidades (dia, hora e lance), “dia de pesca” foi escolhida por ser aquela provavelmente

menos sujeita a vícios amostrais e também pelo fato de que existe uma relação constante entre

as mesmas, com valores médios de “hora de pesca/dia de pesca” = 8,18 e “hora de

pesca/lance” = 2,26 no período 1990-1997 e 2000-2001 (N = 10), sinal de que não houve uma

estimação independente para as outras unidades.

5 – RESULTADOS

5.1 - Características da frota industrial

A atividade pesqueira na Guiné-Bissau até fins da década de 70 apresentava

características artesanais e, só a partir do inicio da década de 80, a pesca passou a apresentar

grande desenvolvimento e assumir características de pesca industrial e, isso se deveu aos

Acordos de Pesca assinados com países estrangeiros que hoje dominam as pescarias industriais

em suas águas costeiras.

No contexto geral da frota pesqueira que opera na plataforma continental da Guiné-

Bissau, destaca-se o segmento destinado à pesca do camarão (Figuras 12 e 13), não tanto por

seu volume de produção mas, principalmente, pela importância econômica decorrente do

elevado preço do produto. Assim, as seguintes características foram determinadas para

identificar a frota camaroneira: (a) barco com estrutura de aço; (b) comprimento total variando

na faixa de 20 - 60 m, portanto, barcos de médio e grande portes; (c) potência do motor na

faixa de 300 – 900 HP; (d) tonelagem bruta de arqueação (TBA) de 100 a 700 t; (e) alguns

barcos com capacidade para o armazenamento e o processamento do pescado a bordo que

chega a 6 t, em porões com capacidade de 60 a 500 m3; (f) autonomia de mar de até 120 dias;

(g) uso de equipamentos para lançar e recolher aparelhos-de-pesca, e de auxilio às operações

de captura: ecossonda, rádio-bússola, guincho mecânico; (h) número de tripulantes variando

entre 10 e 20, dependendo do tamanho da embarcação; (i) eficiência para atuar com diferentes

aparelhos-de-pesca e atingir um amplo espectro de espécies-alvos.

A frota pesqueira esteve constituída, em termos anuais, por uma média de 86 barcos

que foram classificados nos seguintes grupos de acordo com o país/bandeira de origem, nos

períodos 1990-1997 e 2000-2003: 51 barcos da União Européia, 15 barcos da Ásia, 13 barcos

da África, 5 barcos da América Central e 2 barcos da categoria Outros.

A frota cresceu a uma taxa geométrica anual de 4,2%, mas com tendência decrescente

em 1990-1996, e tendência crescente em 1997 e 2000-2003, para todos os grupos de

países/bandeiras. Deve-se destacar que, para a União Européia a tendência decrescente

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

38

estendeu-se até 2000 e somente em 2003 houve uma recuperação mais significativa da frota,

com exceção da União Européia (Figura 14).

Figura 12 – Embarcação italiana de pesca de arrasto na plataforma continental da

Guiné-Bissau.

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39

Figura 13 – Embarcação chinesa de pesca de arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau.

Alguns países se evidenciaram por sua acelerada taxa de crescimento no segundo

período, com destaque para a China,.Senegal e Guiné-Bissau, este em menor escala. As

participações individuais por grupo e país/bandeira foram as seguintes: Ásia (18,0%),

constituída por China (16,0%) e Coréia (2,0%), com crescimento positivo de 16,2% ao ano;

União Européia (57,7%), constituída por Espanha (19,8%), Itália (18,2%), Portugal (14,1%),

Rússia (5,0%) e Chipre (0,7%), com crescimento negativo de 4,2% ao ano; África (14,7%),

constituída por Senegal (9,6%), Guiné-Bissau (3,8%), Serra Leoa (0,9%) e Marrocos (0,4%),

com crescimento positivo de 21,2% ao ano; América Central (7,5%), constituída por Panamá

(2,9), Granada (1,9) e Honduras (1,4%), com crescimento positivo de 5,9% ao ano; e Outros

(2,0%), com crescimento positivo de 14,4% ao ano (Tabela II).

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40

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

A N O S

MER

O D

E B

AR

CO

S

ASIA U. EUROPÉIA A. CENTRAL

ÁFRICA OUTROS TOTAL

Tabela II – Distribuição anual de barcos arrasteiros em operação na plataforma continental da

Guiné-Bissau, segundo país / bandeira, nos períodos de 1990 – 1997 e 2000 – 2003.

Número de barcos

País/bandeira 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003 Total

Média

anual

China

Chipre

Espanha

Grenada

Guiné-

Bissau

Honduras

Itália

Marrocos

Panamá

Portugal

Rússia

Senegal

Correa

Serra Leoa

Outros

6

-

25

5

-

2

12

-

-

18

10

1

-

3

1

11

2

25

6

1

-

28

-

3

20

13

5

1

4

-

14

2

21

2

2

2

22

-

4

16

12

7

-

-

-

6

-

8

2

3

-

21

-

-

13

5

6

-

1

-

16

-

13

-

1

-

15

1

1

16

1

-

1

-

-

15

-

16

-

2

-

13

-

2

12

3

-

-

-

-

4

1

15

1

2

-

15

1

1

12

1

5

-

1

-

12

1

15

1

2

-

12

-

1

12

-

9

-

-

-

13

-

14

-

7

3

9

-

11

6

3

8

3

-

6

12

1

19

-

11

-

11

-

-

8

-

10

2

-

2

26

-

27

-

8

-

7

-

1

5

-

9

1

-

7

26

-

29

2

-

7

21

2

5

6

3

38

12

-

5

161

7

227

19

39

14

186

4

29

144

51

98

20

9

21

13

1

19

2

3

1

16

0

2

12

4

8

2

1

2

Total 83 119 104 68 65 63 59 65 90 88 91 153 1.029 86

Figura 14 – Tendências de variação do número de barcos camaroneiros, de acordo com grupos

de paises que operaram na costa da Guiné-Bissau, nos períodos 1990-1997 e 2000-2003.

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0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

A N O S

MER

O D

E B

AR

CO

S

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

% Á

FRIC

A

ÁFRICA TOTAL % ÁFRICA

Figura 15 - Tendências de variação do número de barcos camaroneiros, relativas às frotas total

e africana, e participação relativa da frota africana, na costa da Guiné-Bissau, nos períodos

1990-1997 e 2000-2003.

Esses dados mostram que as frotas dos países da União Européia dominaram as

pescarias na Guiné Bissau, embora ocorra uma tendência de decréscimo em benefício das

frotas asiática e africana, desta principalmente, cuja participação cresceu de 4,8% em 1990

para 25,6% em 2003, tendo alcançado um máximo de 28,0% em 2001. O Senegal foi o

principal responsável por essa tendência, embora a frota da Guiné-Bissau tenha também

apresentado um crescimento significativo a partir de 2000 (Figura 15).

Os barcos da frota camaroneira apresentaram uma idade média de 17,7 ±1,65 anos,

calculada com razoável grau de precisão, sendo 95% das unidades distribuídos na faixa de 4,7

– 42,3 anos, e com dispersão relativa dos dados medida por um elevado coeficiente de variação

que atingiu 65,5%. A frota mais velha é da África, com média de 25,2 ±3,73 anos e 95% das

embarcações com idade na faixa de 3,8 - 43,0 anos, e a mais nova é da Ásia, com 10,5 ±0,94

anos e 95% das unidades com idade na faixa de 5,6 – 14,2 anos. A frota da União Européia

tem média de 17,1±2,06 anos, praticamente igual a toda a frota camaroneira (17,7 anos), sendo

que 95% das unidades se encontram na faixa de 3,1 – 38,6 anos (Tabelas III e IV).

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

42

Tabela III – Distribuição de freqüência da idade dos barcos da frota camaroneira

que opera na plataforma continental da Guiné-Bissau,nos períodos 1990-1997

e 2000-2003.

Idade Número de barcos

(ano) U. Européia Ásia África Total

< 5 2 - - 2

5 – 10 35 11 4 50

11-15 25 16 4 45

16 – 20 10 - 1 11

21 – 25 7 - 9 16

26 – 30 11 - -8 11

31 – 35 9 - 5 17

36 – 40 4 - 2 9

41 – 45 2 - - 4

46 – 50 2 - - 2

Total 107 27 33 167

Tabela IV - Dados sobre a média e seu erro padrão, desvio padrão amostral e coeficiente de

variação (C.V.) da idade de barcos da frota camaroneira que opera na plataforma continental

da Guiné-Bissau, nos períodos 1990-1997 e 2000-2003.

País/bandeira N Média ± z.sx

(ano)

Desvio padrão

(ano)

C.V.

(%)

União Européia 107 17,1 ± 2,06 9,6 56,1

Ásia 27 10,5 ± 0,94 2,5 23,8

África 33 25,2 ± 3,73 10,9 43,2

Total 167 17,7 ± 1,65 11,3 65,5

Esses dados mostram que a frota africana precisa de urgente reposição, pois 45,4% dos barcos

já têm idade superior a 30 anos. A entrada de novos barcos pertencentes à frota asiática reflete

o grande interesse da China em participar das explorações dos estoques camaroneiros da

plataforma continental da Guiné Bissau, como já ficou claro com a parceria desse país. No

entanto, a União Européia continua sendo o parceiro mais tradicional na exploração desses

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

43

recursos, mas um dos problemas parece ser o sobredimensionamento da frota, com reflexos

sobre a sustentabilidade do sistema de exploração e a desproporção entre os benefícios

auferidos e doados ao país detentor dos direitos de propriedade no caso a Guiné-Bissau.

Distribuição de freqüência da Tonelagem Bruta de Arqueação (TBA) dos barcos

camaroneiros se encontra no Anexo B, a partir da qual foi estimada a média de 236,6 ±16,9 t,

que apresenta um razoável grau de precisão. O intervalo de confiança amostral indica que 95%

das unidades se distribuem na faixa de 14,7 – 458,5 t, e com dispersão relativa dos dados

medida por um coeficiente de variação com um valor intermediário que atingiu 47,8%. A

variação anual da TBA indica uma estabilização ao longo dos períodos estudados, mas com

uma ligeira tendência de decréscimo nos anos 2000-2203, sendo que em 2002 ocorreu sua

menor média, de 184,2 ±21,2 t. Existe uma dispersão mediana dos dados em torno da média,

como o indicam os valores do coeficiente de variação, sinal de que a frota tem o tamanho do

barco também estabilizado ao longo dos anos, tendo em vista que esta característica mantém

uma relação direta significante com a TBA (Tabela V).

5.2 – Análise da produção de pescado

5.2.1 – Tendências da produção

A biocenose da plataforma da Guiné-Bissau é constituída primordialmente por peixes

(71,1%), moluscos (16,0%) e crustáceos (12,9%), mas as espécies-alvos das pescarias são os

camarões, que se destacam por sua maior produção dentre os crustáceos e, principalmente,

pelo elevado preço que alcançam no mercado consumidor, tornando óbvia a maior relevância

desses recursos e a especialização da frota para sua captura. Na realidade, peixes e moluscos

constituem uma importante fauna acompanhante, quase toda aproveitada, ao contrário do que

acontece em pescarias de camarão realizadas em outras partes do mundo.

Do ponto de vista do habitat principal, as espécies de peixes, crustáceos e moluscos

estão distribuídas nas seguintes categorias e respectivas freqüências relativas: pelágico costeiro

(39,2%); demersal costeiro (29,7%), demersal costeiro oceânico (8,1%), pelágico costeiro-

oceânico (6,8%), epipelágico oceânico (5,4%), pelágico-demersal costeiro (4,1%), estuarino

demersal (2,7%) e bentopelágico (2,7%). Apesar da predominância numérica das espécies

pelágicas costeiras, são as de habitat demersal costeiro que contribuem para a quase totalidade

da produção de pescado, com representantes nos três grandes grupos de organismos estudados

(Anexo C; Figura 16).

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Tabela V - Dados sobre a média e seu erro padrão, desvio padrão amostral e coeficiente de

variação (C.V.) da tonelagem bruta de arqueação de barcos da frota camaroneira que opera na

plataforma continental da Guiné-Bissau, nos períodos 1990-1997 e 2000-2003.

Ano N Média ± z.sx (t) Desvio

padrão (t)

C.V. (%)

1990 85 265,3 ± 28,5 134,1 50,5

1991 78 244,8 ± 30,9 138,5 56,6

1992* - - - -

1993 67 248,5 ± 25,9 108,0 43,5

1994 65 234,6 ± 25,5 104,9 44,7

1995 72 241,7 ± 24,3 112,3 46,3

1996 57 248,2 ± 27,1 104,4 42,0

1997 66 230,6 ± 26,4 110,4 47,9

52000 47 216,0 ± 24,0 84,1 38,9

2001 44 227,3 ± 33,6 113,8 50,1

2002 35 184,2 ± 21,2 63,9 34,7

2003 49 213,3 ± 28,4 101,4 47,6

Total 665 236,6 ± 16,9 113,2 47,8

Observação: * = ano excluído devido à provável ocorrência de erros

Durante os períodos 1990-1997 e 2000-2003, para os quais houve controle estatístico da

captura, a produção total foi de 15.560,28 t, constituída por 74 espécies de peixes (9.114,0 t), 7

espécies de moluscos (3.440,48 t) e 8 espécies de crustáceos (3.005,80 t). Tanto a produção

total como as produções individuais de peixes, moluscos e crustáceos apresentaram tendência

geral decrescente, mas com ciclos de acréscimo e decréscimo delimitados por valores máximos

em 1991, 1995, 1997 e 2001, e mínimos em 1993, 1996 e 2000 (Tabela VI; Figura 17).

Dentro do conjunto de espécies, destacam-se as seguintes, com os respectivos valores

da produção e participação relativa (Tabela VII):

Peixes - linguado (pelágico-demersal costeiro), com 1.856,43 t (20,4%); corvina (demersal

costeiro), com 1.311,43 t (14,4%); limar (demersal costeiro), com 802,70 t (8,8%); bagre

(estuarino-demersal costeiro), com 826,42 t (9,1%); carapau (pelágico costeiro), com 634,93 t

(6,9%); barbinho (demersal costeiro) com 580,36 t (6,4%); barbo (demersal costeiro), com

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45

459,81 t (5,1%); cor-cor (demersal costeiro), com 400,15 t (4,4%); garoupa (demersal costeiro)

com 218,73 t (2,4%); e peixe-espada (pelágico/costeiro) oceânico, com 207,13 t (2,3%).

Figura 16 – Distribuição relativa das espécies de peixes, crustáceos e moluscos de acordo

com seu habitat principal, na plataforma continental da Guiné-Bissau.

Moluscos – choco (pelágico costeiro), com 2.585,98 t (75,2%) e polvo (demersal

costeiro), com 830,58 t (24,1%).

Crustáceos - camarão-rosa (demersal costeiro), com 1.653,92 t (55,0%); gamba (demersal

costeiro), com 1.052,0 t (35,0%); e camarão-tigre (demersal costeiro), com 137,08 t (4,6%).

A variação na produção de algumas espécies selecionadas de crustáceos e moluscos,

analisada quanto à tendência trimestral em função da média histórica para o período 1990-

2003, mostrou o seguinte comportamento (Anexos D-H; Figuras 18-21):

(1) O camarão-rosa apresentou uma tendência decrescente ao longo do período estudado, com

duas fases bem distintas: 1990-1996, em que os desvios foram positivos em relação à média de

longo prazo, e 1997/2000-2003, em que os desvios foram negativos em relação à média de

longo prazo. Quanto à variação estacional, a produção variou de acordo com a seguinte ordem

decrescente dos trimestres: segundo, terceiro, primeiro e quarto. (2).

O gamba não apresentou tendência de variação da produção ao longo do período

estudado, uma vez que os valores trimestrais apresentaram desvios positivos e negativos em

relação à média de longo prazo. Quanto à variação estacional, a produção variou de acordo

com a seguinte ordem decrescente dos trimestres: segundo, primeiro, quarto e terceiro. (3).

2,7% 1,4%

39,2%

29,7%

2,7%

4,1%5,4%

6,8%8,1%

Bentopelágico Epipelágico Pelágico costeiroDemersal costeiro Estuarino demersal Pelágico demersal costeiroEpipelágico oceânico Pelágico costeiro oceânico Demersal costeiro oceânico

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46

0

4.000

8.000

12.000

16.000

20.000

24.000

28.000

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

A N O S

PRO

DU

ÇÃ

O T

OTA

L (t)

CrustáceosMoluscosPeixesProdução Total

Figura 17 – Tendências anuais da produção de peixes, moluscos e crustáceos,

individualmente e em conjunto, em pescarias industriais da frota camaroneira na

plataforma continental da Guiné Bissau, nos períodos 1990-1997 e 2000-2003.

O camarão-tigre foi analisado apenas do ponto de vista estacional, cuja produção

variou de acordo com a seguinte ordem decrescente dos trimestres: segundo, primeiro, quarto e

terceiro, repetindo exatamente a tendência observada para o gamba. (4) O choco apresentou

uma tendência geral decrescente ao longo do período estudado, mas com fases alternadas de

acréscimo e decréscimo: decrescente de 1990 a 1993, crescente de 1994 a 1995, decrescente de

1996 a 2000 e novamente crescente de 2001 a 2003; os desvios foram positivos em relação à

média de longo prazo em 1990-1995 e 2003, e negativos, em 1996-1997 e 2000 - 2002.

Quanto à variação estacional, a produção variou de acordo com a seguinte ordem decrescente

dos trimestres: segundo, primeiro, terceiro e quarto.

5) O polvo apresentou uma tendência geral decrescente ao longo do período estudado, mas

com fases alternadas de acréscimo e decréscimo: decrescente de 1990 a 1992, crescente de

1993 a 1995, decrescente de 1996 a 2001 e novamente crescente de 2002 a 2003; os desvios

foram positivos em relação à média de longo prazo em 1990-1991, 1995 e 2003, e negativos,

em 1992-1997 e 2000-2002. Quanto à variação estacional, a produção variou de acordo com a

seguinte ordem decrescente dos trimestres: segundo, terceiro, primeiro e quarto.

5.2.2 – Tendência de variação temporal

Com relação aos principais grupos de organismos (peixes e moluscos) que compõem a

fauna acompanhante do camarão, a época de safra foi determinada a partir da variação mensal

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

47

da produção, considerando-se como tal o período de meses em que esta superou a média

mensal calculada para os períodos 1990-1997 e 2000-2003. Os resultados são os seguintes:

Linguado – produção mensal variável em torno da média de 144,2 t, com valores mínimo e

máximo de 83,3 t e 200,0 t, respectivamente. A produção se apresentou bastante estável ao

longo dos meses, de modo que não uma indicação clara da ocorrência de safra (Figura 22-a).

Corvina – produção mensal variável em torno da média de 133,4 t, com valores mínimo

máximo de 66,7 t e 208,3 t, respectivamente. A época de safra ocorre no período agosto-

outubro (verão-outono) – Figura 22-b.

Limar – produção mensal variável em torno da média de 60,8 t, com valores mínimo e

máximo de 20,8 t e 108,3 t, respectivamente. Apresenta também uma longa época de safra que

se estende de março a setembro (primavera-verão) Figura 22-c.

Bagre – produção mensal variável em torno da média de 56,1 t, com valores mínimo e

máximo de 26,6 t e 98,4 t, respectivamente. A época de safra ocorre no período agosto-

dezembro (verão-outono) – Figura 22-d.

Carapau – produção mensal variável em torno da média de 50,0 t, com valores mínimo

máximo de 6,2 t e 125,0 t, respectivamente. A época de safra ocorre no período fevereiro-maio

(inverno-primavera) – Figura 22-e.

Barbinho – produção mensal variável em torno da média de 39,2 t, com valores mínimo

máximo de 22,5 t e 50,0 t, respectivamente. Apresenta uma longa época de safra que se

estende de maio a novembro (verão-outono) – Figura 22-f.

Barbo – produção mensal variável em torno da média de 33,4 t, com valores mínimo máximo

de 17,6 t e 52,5 t, respectivamente. Apresenta também uma longa época de safra que se

estende de junho a novembro (verão-outono) – Figura 23-a.

Cor-cor – produção mensal variável em torno da média de 31,7 t, com valores mínimo e

máximo de 26,3 t e 37,5 t, respectivamente. A produção se apresentou bastante estável ao

longo dos meses, de modo que não uma indicação clara da ocorrência de safra (Figura 23-b).

Garoupa – produção mensal variável em torno da média de 15,1 t, com valores mínimo e

máximo de 10,0 t e 44,2 t, respectivamente. A época de safra ocorre num período bem

definido, em fevereiro-março (inverno) – Figura 23-c.

Peixe-espada – produção mensal variável em torno da média de 17,2 t, com valores mínimo e

máximo de 5,8 t e 43,3 t, respectivamente. A época de safra ocorre num período bem definido,

em agosto-outubro (verão) – Figura 23-d.

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

48

Choco – produção mensal variável em torno da média de 223,0 t, com valores mínimo e

máximo de 83,3 t e 423,0 t, respectivamente. Época de safra definida pelo período março -

julho (primavera-verão) – Figura 23-e.

Polvo – produção mensal variável em torno da média de 75,0 t, com valores mínimo e máximo

de 8,3 t e 191,6 t, respectivamente. Dois períodos de safra foram identificados, sendo o mais

produtivo nos meses de março-maio (primavera) e o menos produtivo nos meses de agosto-

setembro (verão) – Figura 23-f.

Tabela VI – Produção média anual de crustáceos, moluscos e peixes capturados na plataforma

continental da Guiné-Bissau, por grandes grupos, nos períodos 1990 -1997 e 2000 - 2003.

Crustáceos Moluscos Peixes Total da produção Anos

t % t % t % t %

1990 396,17 19,21 650,00 31,52 1.016,17 49,27 2.062,34 13,25

1991 360,50 17,14 579,17 27,54 1.163,33 55,32 2.103,00 13,52

1992 327,58 17,67 297,42 16,04 1.229,00 66,29 1.854,00 11,91

1993 324,58 27,89 340,50 29,26 498,50 42,84 1.163,58 7,48

1994 220,70 15,19 408,25 28,09 824,17 56,72 1.453,12 9,34

1995 238,42 13,14 498,16 27,45 1.078,33 59,42 1.814,91 11,66

1996 196,33 19,44 185,58 18,37 628,08 62,19 1.009,99 6,49

1997 213,70 17,98 225,16 18,95 749,58 63,07 1.188,44 7,64

2000 173,75 25,49 81,50 11,96 426,33 62,55 681,58 4,38

2001 249,75 28,34 108,66 12,33 522,75 59,33 881,16 5,66

2002 109,58 14,70 161,16 21,62 474,67 63,68 745,41 4,79

2003 194,75 21,57 204,92 22,70 503,25 55,74 902,92 5,80

Totais 3.005,80 19,32 3.440,48 22,11 9.114,00 58,57 15.560,28 100,00

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

49

0

0,5

1

1,5

2

2,5

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

A N O S

DES

VIO

MÉD

IO

1o TRIM2o TRIM3o TRIM4o TRIM

Figuras 18 – Variação relativa da produção trimestral do camarão-rosa, Penaeus notialis, na

plataforma continental da Guiné-Bissau, nos períodos 1990 – 1997 e 200 - 2003.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

A N O S

DES

VIO

MÉD

IO

1o TRIM 2o TRIM3o TRIM 4o TRIM

Figura 19 – Variação relativa da produção trimestral do gamba, Penaeus longirostris,na

plataforma continental da Guiné-Bissau, nos períodos 1990 -1997 e 2000 -2003.

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

50

0

0,5

1

1,5

2

2,5

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

A N O S

DES

VIO

MÉD

IO

1o TRIM2o TRIM3o TRIM4o TRIM

Figura 20 – Variação relativa da produção trimestral do choco-comum, Sepia spp, na

plataforma continental da Guiné-Bissau, nos períodos 1990 – 1997 e 2000 – 2003.

0

1

2

3

4

5

6

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 2000 2001 2002 2003

A N O S

DES

VIO

MÉD

IO

1o TRIM2o TRIM3o TRIM4o TRIM

Figura 21 – Variação relativa da produção trimestral do polvo-comum, Octopus spp, na

plataforma continental da Guiné-Bissau, nos períodos 1990 – 1997 e 2000 – 2003.

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51

Tabela VII – Produção absoluta e freqüência relativa das espécies capturadas, nos períodos 1990-

1997 e 2000-2003. Espécie Produção (t) % Espécie Produção (t) %

Abrótea

Alabote

Anchova

Antonio-boca

Bacalhau

Bagre

Balista

Barbinho

Barbo

Bentana

Bica

Bicuda

Cabra

Carapau

Cavala

Cherne

Corvina

Cor-cor

Dentão

Diversos

Djafel

Djoto

Garoupa

Juliana

Cichia

Limar

60,53

20,39

5,59

7,06

9,26

826,42

6,18

580,36

459,81

6,43

33,45

35,16

12,93

634,93

50,40

5,60

1.311,43

400,15

72,54

655,36

7,16

29,34

218,73

25,6

22,61

802,70

0,66

0,22

0,06

0,08

0,10

9,07

0,07

6,37

5,05

0,07

0,37

0,39

0,14

6,97

0,55

0,06

14,39

4,39

0,80

7,19

0,08

0,32

2,40

0,28

0,25

20,37

Linguado

Machado

Moréia

Palombeta

Pombinha

Peixe-agulha

Peixe-espada

Peixe-galo

Peixe-prata

Raia

Rainha

Tamboril

Tainha

Rascasso

Rebenta-conta

Salmonete

Sardinella

Sardinha

Sareia

Sinapa

Tubarão

Atum

Bonito

Cachurreta

Listado

1.856,43

89,35

32,94

6,09

41,44

9,34

207,13

67,01

35,96

11,06

61,85

9,47

7,18

6,37

21,05

85,43

31,51

11,17

32,15

41,38

14,48

19,80

13,60

50,51

51,01

20,37

0,98

0,36

0,07

0,45

0,10

2,27

0,74

0,39

0,12

0,68

0,10

0,08

0,07

0,23

0,94

0,35

0,12

0,35

0,45

0,16

0,22

0,15

0,55

0,56

Total peixes 9.144,0 100,0

Camarão-rosa

Camarão-tigre

Gambá

Lagosta

Caranguejo

Caranguejo-boca

Caranguejo-peito

1.653,92

137,08

1.052,00

21,58

135,67

1,42

4,08

55,03

4,56

35,00

0,72

4,51

0,05

0,14

Total crustáceos 100,0

Choco

Lula

polvo

2.585,98

23,92

830,58

75,16

0,70

24,14

Total moluscos 3.400,48 100,00

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52

Produção mensal de linguado entre 1990 - 2003

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Dicologoglossa cuneata (a)

Produção mensal de corvina entre 1990 - 2003

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Argirosomus regius (b)

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

53

Produção mensal de limar entre 1990 - 2003

0

200

400

600

800

1000

1200

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Microschiurus buscanion (c)

Produção mensal de bagre entre 1990 - 2003

0

200

400

600

800

1000

1200

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Arius spp (c)

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54

Produção mensal de carapau entre 1990 - 2003

0

200

400

600

800

1000

1200

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Decapterus punctatus (e)

Produção mensal de barbinho entre 1990 - 2003

0

100

200

300

400

500

600

700

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Galoides decadactylus (f)

Figura 22 – Freqüência de ocorrência mensal de linguado, Dicologoglossa cuneata (a),

corvina, Argirosomus regius (b), Bagre, Arius spp (c), limar, Microschiurus buscanion (d),

carapau, Decapterus punctatus (e) e barbinho, Galoides decadactylus (f), capturados como

fauna acompanhante do camarão, na plataforma continental da Guiné-Bissau, entre 1990 –

1997 e 2000 – 2003.

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55

Produção mensal de barbo entre 1990 - 2003

0

100

200

300

400

500

600

700

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Polydactylus quadrlifis (a)

Produção mensal de cor-cor entre 1990 - 2003

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Pomadasys spp (b)

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56

Produção mensal de garoupa entre 1990 - 2003

0

100

200

300

400

500

600

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Cephalophilis spp (c)

Produção mensal de peixe-espada entre 1990 - 2003

0

100

200

300

400

500

600

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Trichiurus lepturus (d)

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57

Produção mensal de choco entre 1990 - 2003

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

jan fev mar abril mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia a

bsol

uta

(t)

Sepia spp (e)

Produção mensal de polvo entre 1990 - 2003

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

jan fev mar abri mai jun jul ago set out nov dezMeses

Freq

uênc

ia (t

)

Octopus spp (f)

Figura 23 – Freqüência de ocorrência mensal de barbo, Polydactylus quadrilifis (a), cor-cor,

Pomadasys spp(b), goraoupa, Cephalophilis spp (c), peixe-espada, Triciurus lepturus (d),

choco, sepia sp e sepiella elodone (e) e polvo, Octupus spp (f), capturados como fauna

acompanhante do camarão, na plataforma continental da Guiné-Bissau, entre 1990 – 1997 e

2000 – 2003.

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58

5.2.3 – Tendência de variação espacial

Utilizando-se a rotina de trabalho viabilizada pelo Programa ARCVIEW, foram

traçados os mapas de distribuição de algumas das principais espécies, cuja descrição se

encontra detalhada a seguir quanto à localização das área de maior abundância e suas relações

com a distribuição espacial dos sedimentos, mostrada na Figura 24:

O camarão-rosa, P. notialis apresentou uma zona de distribuição costeira nas faixas de

11º 25’ – 11º 50’ N e 16º 15’ – 17º 12’ W, limitando-se a zonas de profundidade rasas, entre

10 e 50 m, com o predomínio do sedimento lamoso enquanto o gamba, P. longirostris,

apresentou uma zona de distribuição oceânica, nas faixas de 10º 00’ – 11º 25’N e 16º 46’ – 17º

23’ W, bem mais afastada da costa e numa faixa de profundidade além da isóbata de 200 m,

com predomínio do substrato de areia fina (Figura 25 a/b).

Para os moluscos foram encontradas as espécies polvo, Octopus vulgaris, e choco, Sepia

officinalis. A primeira apresentou uma ampla zona de distribuição, entre as latitudes 10° 00’ –

11 50’ N e longitudes 16° 00’- 17° 35’ W, na faixa de 10 – 200 m de profundidade, onde

predominam os sedimentos de areia fina; também foram encontrados indivíduos abaixo de 200

m de profundidade.

O choco também apresentou uma zona de distribuição bem ampla, que varia nas faixas

de 10° 00’ – 11° 45’ N e 16° 30’ – 17° 00’ W, entre 20 e 200 m de profundidade (Figura

26a/b).

Figura 24 – Natureza dos sedimentos de fundo nas áreas de arrasto da plataforma

continental da Guiné-Bissau.

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59

P. notialis P. Longirostris (b)

Figura 25 – Distribuição espacial de P. Notialis (a) e P. Longirostris (b), capturados durante a

campanha oceanográfica realizada entre 17 de junho a 23 de julho de 2004, na plataforma

continental da Guiné-Bissau.

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60

Sepia officinalis (a) Octopus vulgaris (b)

Figura 26 – Distribuição espacial de Sepia officinalis (a) e Octopus vulgaris (b), capturados

durante a campanha oceanográfica realizada entre 17 de junho a 23 de julho de plataforma

continental da Guiné-Bissau.

Dentre os as espécies que compõem o gênero Arius, três delas ocorrem na costa africana, com

descrição espacial a seguir: (1) A. hedelotii, apresentou uma zona de distribuição entre 10º 30’-10º

50’ N e 16º 25’ 17º 35’ W, concentrando-se entre os paralelos de 11º 30’-12º 00’ N e meridianos

16º 50’-17º 25’ W, na faixa compreendida entre 10 – 50 m de profundidade, onde predomina

sedimento lamoso, próximo à desembocadura dos rios (Figura 26-b); (2) para A. latiscutatus, os

estratos de distribuição variam entre os paralelos 10º 30’-10º 35’ N e meridianos 16º 00’-16º35’ W,

porém sua maior área de distribuição fica localizada entre 11º 45’-12º 00’ N e 16º 50’-17º25’ W,

nas faixa de 10 – 50 m de profundidade, concentrando-se entre 10 e 20 m, onde predomina

sedimento lamoso (Figura 27a/b).

Arius heudelotii (a) Arius latiscutatus (b)

Figura 27 – Distribuição espacial de Arius hedelotii (a) e Arius latiscutatus (b), capturados

durante a campanha oceanográfica realizada entre 17 de junho a 23 de julho de plataforma

continental da Guiné-Bissau.

Page 61: 1 1 – INTRODUÇÃO A Guiné-Bissau fica situada na costa ocidental

TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

61

A terceira espécie, A. Parkii, foi a de maior representatividade nesta ultima campanha, sendo

encontrado principalmente entre os paralelos 11º 50’-12 00’ N e meridianos 16º 30’-17º 25’

W, na faixa de 10 – 50 m, com maior concentração entre 10 e 20 m, onde predomina

sedimento lamoso (Figura 28).

Figura 28 – Distribuição espacial de Arius parkii capturado durante a campanha

oceanográfica realizada entre 17 de junho a 23 de julho de plataforma continental da Guiné-

Bissau.

O carapau, Decapterus punctatus, apresentou uma zona de distribuição oceânica nas

faixas de 10º 50’-11º 25’ N e 16º 00”-17º 30’ W, e estratos de 10 -200 m de profundidade,

onde predominam os sedimentos de areia fina.

O barbinho, Galoides decadactylus, apresentou uma zona de distribuição costeira, entre

as faixas 11º 30’-12º 00’ N e 16º 35’-17º 20’ W, com participação relativamente baixa entre os

paralelos 10º 50’-11º 00’ N e meridianos 16º 30’-16º 50’ W e 11º 30’ e 17º 00, sendo mais

abundante entre 10 – 20 m de profundidade, nas áreas com o predomínio de sedimentos de

lama-arenosa e lama (Figura 29 a/b).

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

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Decapterus punctatus (a) Galoides decadactylus (b)

Figura 29 – Distribuição espacial de Decapterus punctatus (a) e Goloides decadactylus (b),

capturados durante a campanha oceanográfica realizada entre 17 de junho a 23 de julho de

plataforma continental da Guiné-Bissau.

5.2.4 – Análise do rendimento biológico

O decréscimo da CPUE das espécies de camarão em função do esforço de pesca foi

observado apenas para gamba e camarão-tigre, mas mesmo assim sem uma tendência muito

clara devido ao aumento da CPUE quando o esforço apresentava valores em torno de 15.000

dias de pesca; com relação ao camarão-rosa, não se registrou tendência de decréscimo,

ocorrendo inclusive uma curta tendência de crescimento em elevados níveis de esforço (Figura

27). Desse modo, a significância estatística da relação “CPUE/esforço de pesca”, condição

imprescindível para a aplicação dos modelos logísticos de rendimento, foi cumprida apenas

para o gamba, tendo apresentado um coeficiente de correlação, r = - 0,667 (modelo linear) e r

= - 0,707 (modelo curvilíneo), para n – 2 = 8 graus de liberdade. Para o camarão-rosa, o

camarão-tigre e o conjunto dessas três espécies, os maiores valores desse coeficiente foram

obtidos pelo modelo curvilíneo, r = - 0,343 e r = - 0,550 e r = - 0,416, porém todos não-

significantes ao nível de 5%, o que inviabiliza a aplicação do modelo de Schaefer. Apesar da

ausência de significância para essas espécies, o fato de que a produtividade decresceu ao

longo do período entre 1990 e 2003 certamente indica a instalação de um processo de

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

63

sobrepesca, que pode ser revertido se as necessárias medidas regulatórias forem

implmentadas..

Portanto, a etapa seguinte consistiu em introduzir-se os coeficientes da regressão a e b

(modelo linear) e ln A e b (modelo curvilíneo) nas Equações 2 e 5, respectivamente (Tabela

VIII). Em seguida, atribuindo-se valores ao esforço de pesca na faixa de 0 – 26.000 dias de

pesca, foram estimados os parâmetros de equilíbrio da equação de rendimento apenas para o

gamba, P. longirostris, com os seguintes resultados:

Modelo linear

PMS = 1.327 t

Eot = 12.890 dias de pesca

(P/E)ms = 103,0 kg/dia de pesca

Modelo curvilíneo

PMS = 1.262 t

Eot = 13.636 dias de pesca

(P/E)ms = 92,5 kg/dia de pesca

20

40

60

80

100

120

140

160

180

200

8 8 9 11 12 13 14 15 16 17

ESFORÇO DE PESCA (103 dia de pesca)

CPU

E (k

g/di

a de

pes

ca)

0

5

10

15

20

25

CPU

E (k

g/di

a de

pes

ca)

P.longirostrisP. notialisP. keraturus

Figura 30 – Variação da CPUE do gamba, Penaeus longirostris, camarão-rosa, P.

notialis, e camarão-tigre, P. keraturus, em função do esforço de pesca, na

plataforma continental da Guiné-Bissau, entre 1990 e 2003.

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

64

Tabela VIII - Dados sobre os coeficientes de regressão e correlação entre CPUE e esforço de

pesca, para o camarão-rosa, P. notialis, gamba, P. longirostris, e camarão-tigre, P. keraturus, e

conjunto dessas espécies, com base em pescarias de arrasto na Guiné-Bissau, nos anos entre

1990 e 2003.

Modelo Parâmetros P. notialis P. longirostris P. keraturus Total

Linear a 112,5 206,0 23,8 342,3

b - 0,0028 - 0,0080 - 0,0009 - 0,0060

r - 0,335 - 0,667 - 0,544 - 0,411

P > 0,05 < 0,05 > 0,05 > 0,05

Curvilíneo a 4,740 5,527 3,339 5,842

A 114,4 251,5 28,2 344,5

b - 0,000019 - 0,000073 - 0,000066 - 0,000021

r - 0,343 - 0,708 - 0,550 - 0,416

P > 0,05 < 0,05 > 0,05 > 0,05

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26

ESFORÇO DE PESCA (103 dia de pesca)

PRO

DU

ÇÃ

O T

OTA

L (t)

CurvilíneoLinear

Figura 31 – Curvas de rendimento do gamba, Penaeus longirostris, conforme os modelos

logísticos linear e curvilíneo, com base na produção dos períodos 1990-1997 e 2000-

2003, na plataforma continental da Guiné-Bissau.

6 - DISCUSSÃO

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A plataforma continental da Guiné-Bissau é uma das mais ricas da costa ocidental da

África em produtividade biológica e diversidade específica, que se traduzem numa produção

pesqueira relativamente elevada para os padrões de desenvolvimento sócio-econômico do país.

Dentre os fatores responsáveis por um potencial de produção que supostamente seria de

200.000 t/ano (PMA, 2000), destacam-se a grande extensão da plataforma continental, a

grande variedade de ambientes aquáticos, com destaque para inúmeras ilhas, zonas estuarinas e

manguezais, sob a influência de um regime de marés de grande amplitude.

A orientação da linha de costa relativamente a direção dos ventos, batimetria, recorte da

plataforma continental, e o sistema circulatório resultante da Corrente das Canárias propiciam a

ocorrência de processos de ressurgêndia que, juntamente com o aporte de material 0orgânico e

mineral proveniente da descarga fluvial (Dandonneau, 1973), viabilizam as condições ótimas

para as produções primária e secundária (Mittelsdaedt, 1983).

A ressurgência ocorre durante o inverno e primavera e, apesar de sua curta duração

(Rebert, 1979a), pode gerar uma produção primária da ordem de 16,6 x 106 t C / ano, fato que

pode também estar relacionado com o aporte de nutrientes (especialmente fosfatos) de origem

fluvial, principalmente na estação chuvosa, que se estende de abril a setembro.

A extensão e baixo declive da plataforma continental, bem como a predominância de

substratos lamosos e arenosos, são fatores bastante favoráveis a operações de arrasto em áreas,

com o seguinte padrão de distribuição espacial: areia fina 20 a 200 m de profundidade, sendo

que acima de 11º 30’ N aumenta a proporção de lama arenosa devido à descarga fluvial dos

rios Cacheu e Geba; e areia fina lamosa numa pequena faixa entre 60 e 100 m de

profundidade. Assim, as distribuições mais costeiras do camarão-rosa, Penaeus notialis,

camarão-tigre, P. keraturus, três espécies de bagre do gênero Arius e barbinho, Galoides

decadactylus, estão associadas com a ocorrência de substratos lamosos enquanto zonas da

plataforma continental externa, que chegam a profundidades de 200 m, habitadas por gamba,

P. longirostris, polvo-comum, Octopus vulgaris, e choco-comum, Sepia officinalis, estão

associadas com a ocorrência de fundos arenosos.

Este conjunto de condições oceanográficas explica a importância dos recursos pesqueiros

para a Economia da Guiné-Bissau, com destaque para os camarões como espécies-alvos, com

potencial máximo de captura estimado em 5.000 t /ano e receita de US$ 30 milhões, e para

uma numerosa fauna acompanhante formada por peixes demersais, e cefalópodos (choco e

polvo) habitantes de substratos especialmente propícios para captura com redes-de-arrasto

(INIP/LBM,1990). Apesar disso, observa-se uma carência enorme de informações de caráter

nacional sobre o ciclo de vida das espécies principais e suas pescarias, de modo que esta

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dissertação se propõe a minimizar essas deficiências, ao analisar a estrutura das frotas

pesqueiras, entender as variações espaço-temporais da produção de pescado e tentar estimar

parâmetros ótimos de exploração. Esse protocolo de ações deve, até certo ponto, questionar o

sobredimensionamento das frotas pertencentes a paises da União Européia, Ásia e África, que

dominam o processo de captura e comercialização do pescado através de parcerias mas não

geram benefícios sócio-econômicos para a população da Guiné-Bissau. Deve-se, no entanto,

entender que a atividade pesqueira na Guiné-Bissau, até fins da década de 70, apresentava

características artesanais e, só a partir do inicio da década de 80, assumiu características de

pesca industrial em função de Acordos de Pesca assinados com esses países.

As frotas dos países da União Européia têm historicamente dominado as pescarias na

Guiné-Bissau, mas com uma tendência recente de decréscimo em benefício das frotas asiática

e africana, desta principalmente, cuja participação cresceu de 4,8% em 1990 para 25,6% em

2003 e atingiu um máximo de 28,0% em 2001. O Senegal foi o principal responsável por essa

tendência, mas a frota da Guiné-Bissau também apresentou um crescimento significativo a

partir de 2000. Por outro lado, a frota africana precisa de urgente reposição, pois a idade média

de seus barcos é de 25,2 anos (contra 17,7 anos de toda a frota camaroneira) e 45,4% deles já

têm idade superior a 30 anos

A variação anual da tonelagem bruta de arqueação (TBA) indica uma estabilização do

volume global da frota ao longo do período estudado, embora com uma ligeira tendência de

decréscimo nos anos 2000-2203, a qual reflete também uma estabilidade no tamanho das

embarcações, uma vez que existe uma relação direta significante entre as variáveis TBA e

comprimento do barco.

A plataforma da Guiné-Bissau segue o padrão mundial que aponta os peixes como

predominantes na biocenose marinha, mas do ponto de vista econômico os camarões se

destacam devido ao elevado preço de mercado, o que justifica especialização da frota para sua

captura. Entre os membros da biocenose que habita a plataforma da Guiné-Bissau, com

exceção de algumas espécies como o carapau (Decapterus punctatus), um pelágico-costeiro, a

grande predominância em termos de biomassa é de espécies de peixes, moluscos e crustáceos

com habitat demersal costeiro. Isto, de certo modo, contraria a estratégia de produção de

matéria orgânica através da cadeia pelágica, dependente das excepcionais condições para

ressurgência de sais nutrientes na plataforma continental da Guiné-Bissau. A explicação para

esse fato parece encontrar-se na curta duração do processo de ressurgência e nas excepcionais

condições para produção alóctone decorrente da descarga fluvial.

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Dentre os crustáceos, os camarões se destacam por sua grande tolerância a variações de

temperatura, salinidade e pH da água, determinado uma grande produção e, principalmente,

elevado preço de venda no mercado consumidor. Contudo, na realidade, o peso da produção de

pescado provém dos peixes e moluscos que constituem uma importante fauna acompanhante,

quase toda aproveitada, ao contrário do que acontece nas pescarias de arrasto em várias partes

do mundo. Sendo objeto de intensa exploração, dois fatores contribuem para depleção dos

estoques de camarão: o curto ciclo vital e a exposição à pesca durante todo o ano mas, ao

mesmo tempo, dois outros fatores favorecem sua recuperação: o extenso período de

reprodução e a grande fecundidade (Paiva, 1970).

A época de safra dos peixes, moluscos e crustáceos parece depender da estação

chuvosa (abril – setembro), do processo de ressurgência costeira (fevereiro-março) e do aporte

de nutrientes por descarga fluvial (junho a outubro, segundo Berti & Rebert, 1977), com

intensidades variáveis ao longo dos anos. Portanto, a partir das informações coletadas, pode-se

chegar ao seguinte padrão geral de comportamento das espécies quanto à época de safra: (1) os

peixes, em sua maioria demersais costeiros, dependeriam mais da estação chuvosa, tanto que

houve uma coincidência total com relação ao limar, de dois meses para corvina, bagre e

carapau, e de cinco meses para barbinho; (2) a primavera (segundo trimestre) mostrou-se a

estação mais produtiva para as espécies que dependem mais diretamente da cadeia bentônica

(crustáceos e moluscos), corroborando o padrão de variação da produtividade primária em

regiões temperadas (Russel-Hunter, 1970), caracterizada pelo aumento da temperatura na

primavera em seguida à baixa temperatura durante o inverno (primeiro trimestre).

Numa região tropical como a plataforma continental da Guiné-Bissau, não se espera o

mesmo padrão, mas deve estar havendo uma contribuição do deságüe fluvial no sentido de

abastecer a zona costeira com nutrientes de caráter alóctone. É importante observar que, por ter

distribuição bem mais afastada da costa do que o camarão-rosa, a época de safra do gamba

coincide apenas quanto à primavera ser o período mais importante da safra, mas enquanto o

camarão-rosa é também abundante no verão (talvez devido às chuvas e sua influência sobre os

fundos lamosos) o inverno aparece como a segunda estação mais produtiva em termos gerais.

Dentre os parâmetros que definem a biomassa de uma população e suas variações no

contexto da exploração pesqueira, destaca-se o rendimento máximo sustentável, que

correspondente ao volume de captura que se pode retirar da população, dentro do intervalo da

geração de uma coorte, sem afetar seu equilíbrio. No entanto, os métodos de avaliação de

estoques se baseiam em duas hipóteses de caráter simplista que dificilmente se mantêm,

principalmente quando as populações estão submetidas a elevado nível de esforço de pesca: (1)

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a capacidade de carga, que determina o tamanho (biomassa) da população, deve permanecer

constante ao longo do tempo, em sua área de distribuição; (2) os efeitos do ambiente sobre a

população (ao afetar os processos de reprodução, suprimento alimentar, sobrevivência larval,

crescimento, recrutamento, mortalidade, etc.) também devem ser constantes ou introduzirem

apenas variações aleatórias.

Os métodos de estimação do rendimento sustentável, denominados logísticos porque se

baseiam na curva sigmóide de crescimento populacional, estabelecem uma relação de causa e

efeito entre os predadores (aparelhos-de-pesca) e as presas (espécies-alvos da pesca). Desse

modo, uma das principais limitações à sua aplicação se refere à ocorrência de variações

temporais no poder de pesca, que viciam a estimação da quantidade de predadores, e no índice

de captura por unidade de esforço (CPUE), que viciam a estimação do rendimento do estoque.

Variações na disponibilidade do estoque para captura, em função de interações do ciclo vital

com fatores ecológicos, também podem afetar as estimativas da abundância, principalmente

para espécies de ciclo curto, como os camarões, já bastante afetadas por condições

oceanográficas causadoras de mortalidade nas fases de pós-larva e juvenil (Garcia & Le Reste,

1987).

O uso do modelo de Schaefer (1954) não cumpriu as premissas básicas de que deve

haver uma relação de causa e efeito entre a presa (produção) e o predador (rede-de-arrasto),

tendo em vista a grande variedade de frotas utilizadas na captura das espécies-alvos (camarão-

rosa, gambá e camarão-tigre), o que significa a diversificação do esforço em termos temporais

e espaciais dependendo da estrutura da frota dos países pesqueiros. Assim, embora se espere

que tenha havido um decréscimo da produtividade biológica com o aumento da intensidade de

pesca, apenas o gamba mostrou uma relação inversa “CPUE/no. de dias de pesca” com

mediana significância estatística, enquanto para as outras duas essa condição básica não foi

observada. Deve-se destacar também o curto período de análise (apenas 10 anos) e tendo em

vista que se trabalhou com apenas 8 graus de liberdade (n - 2), os vícios amostrais tornam-se

ainda mais preponderantes na inexistência de correlação significante entre essas variáveis,

inviabilizando a aplicação dos modelos logísticos.

A curva de rendimento da biomassa mostra que a população do gamba, Penaeus

longirostris, pode suportar níveis variáveis de esforço de pesca, reagindo favoravelmente

quando fatores compensatórios entram em ação no sentido de fazer com a produção biológica

e a predação (representada pela ação das redes-de-arrasto) tendam para um ponto de equilíbrio.

O modelo curvilíneo, apesar de determinar valores menores do rendimento máximo

sustentável (1.262 t) e da CPUE máxima sustentável (92,5 kg/dia de pesca), e maior do esforço

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TE. A. G., 2005. Pescarias Industriais de Arrasto na plataforma continental da Guiné-Bissau

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ótimo (13.636 dias de pesca), foi escolhido para se avaliar o estado de equilíbrio da população

de P. longirostris, em decorrência do melhor ajuste estatístico entre as variáveis (r = - 0,707; P

< 0,05). Além disso, biologicamente, deve-se esperar que a relação “rendimento/esforço de

pesca” seja mais bem representada por uma semi-parábola, ligeiramente decrescente após o

esforço ótimo ter sido ultrapassado, ao contrário do modelo linear cuja curva parabólica

pressupõe uma extinção da população quando o esforço de pesca atinge níveis muito elevados.

Apesar da ausência de significância para essas espécies, o fato de que a produção de

pescado de todos os grupos de espécies e produtividade (medida pela CPUE) decresceram ao

longo do período entre 1990 e 2003 sinaliza com a provável instalação de um processo de

sobrepesca, que pode ser revertido se as necessárias medidas regulatórias forem

implementadas.

7 – CONCLUSÕES

1. A plataforma continental da Guiné-Bissau é uma das mais ricas da costa ocidental da

África em produtividade biológica e diversidade específica, que se traduzem numa

produção pesqueira relativamente elevada para os padrões de desenvolvimento sócio-

econômico do país.

2. As frotas dos países da União Européia têm historicamente dominado as pescarias na

Guiné-Bissau, mas com uma tendência recente de decréscimo em benefício das frotas

da Ásia e da África.

3. A frota africana precisa de urgente reposição, pois a idade média de seus barcos é de

25,2 anos (contra 17,7 anos de toda a frota camaroneira) e 45,4% deles já têm idade

superior a 30 anos.

4. A tonelagem bruta de arqueação (TBA) média dos barcos indica uma estabilização do

volume global da frota ao longo do período estudado.

5. A época de safra dos peixes, moluscos e crustáceos parece depender da estação

chuvosa (abril – setembro), do processo de ressurgência costeira (fevereiro-março) e do

aporte de nutrientes por descarga fluvial (junho a outubro).

6. A distribuição espacial das espécies costeiras (camarão-rosa, camarão-tigre, três

espécies de bagre do gênero Arius e barbinho) está associada a substratos lamosos,

enquanto a distribuição de espécies oceânicas (gamba, choco-comum e polvo-comum)

se relaciona com substratos arenosos.

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7. Dentre as espécies de camarão, apenas o gamba, Penaeus longirostris, mostrou uma

relação inversa “CPUE/no. de dias de pesca” com significância estatística, viabilizando

a aplicação dos modelos logísticos.

8. Os parâmetros de equilíbrio do rendimento pesqueiro do gamba foram estimados com

os seguintes valores: rendimento máximo sustentável (PMS) = 1.262 t; esforço ótimo

(Eot) = 13.636 dias de pesca; e CPUE máxima sustentável [(P/E)ms ] = 92,5 kg/dia de

pesca)

9. As tendências de decréscimo da produção e da produtividade (CPUE) indicam a

provável instalação de um processo de sobrepesca, que pode ser revertido se as

necessárias medidas regulatórias forem implementadas.

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Anexos