07 - logística

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Logistics 197 Logistics (Logística) 7.1 O que é A Logística é o conjunto dos fluxos informativos e dos fluxos físicos dos materiais que permitem satisfazer o cliente enviando: os componentes certos e os objetos produzidos ou a ser produzidos; no local certo; na hora certa; na quantidade certa; com a qualidade certa. Nesse sentido a Logística é bem mais ampla do que o tradicional gerenciamento dos materiais, dos almoxarifados e dos transportes. A Logística envolve principalmente três processos diferentes da empresa: o processo comercial e de vendas, o de manufacturing e o dedicado à compra e à distribuição dos componentes. Essa visão, ampla e transversal em toda a empresa, é realmente necessária para alcançar as finalidades de base do pilar logístico, que podem ser resumidas em três pontos: aumentar a satisfação do cliente (seja pela qualidade, seja pelos prazos de entrega); reduzir os custos do capital investido nos semitrabalhados e nos trabalhos no processo; reduzir os custos de movimentação dos componentes, que na indústria automobilística são muito altos. E exatamente nessa visão mais ampla, o pilar Logística do WCM deve ser considerado integrado ao do Customer Service. Figura 7.1 7. Como indicado na figura 7.1 para perseguir essas finalidades nas três fases da empresa, a logística deve enfrentar diversos problemas que estão estreitamente ligados entre si. A logística comercial, de fato, trata do posicionamento dos centros de distribuição do produto final para que sejam diretamente ligados à rede de venda, como selecionar e organizar com eficácia as vias e os meios de transporte, como analisar os pedidos de mercado e elaborar um plano de venda em curto prazo e como gerenciar e controlar as entregas das fábricas aos centros de distribuição. As três áreas fundamentais da logística

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Logística WCM, manual de boas praticas para pilar

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  • Logistics

    197

    Logistics (Logstica)

    7.1 O que

    A Logstica o conjunto dos fluxos informativos e dos fluxos fsicos dos materiais que permitem satisfazer o cliente enviando: os componentes certos e os objetos produzidos ou a ser produzidos; no local certo; na hora certa; na quantidade certa; com a qualidade certa. Nesse sentido a Logstica bem mais ampla do que o tradicional gerenciamento dos materiais, dos almoxarifados e dos transportes. A Logstica envolve principalmente trs processos diferentes da empresa: o processo comercial e de vendas, o de manufacturing e o dedicado compra e distribuio dos componentes. Essa viso, ampla e transversal em toda a empresa, realmente necessria para alcanar as finalidades de base do pilar logstico, que podem ser resumidas em trs pontos: aumentar a satisfao do cliente (seja pela qualidade, seja pelos prazos de entrega); reduzir os custos do capital investido nos semitrabalhados e nos trabalhos no processo; reduzir os custos de movimentao dos componentes, que na indstria automobilstica so muito

    altos. E exatamente nessa viso mais ampla, o pilar Logstica do WCM deve ser considerado integrado ao do Customer Service.

    Figura 7.1

    7.

    Como indicado na figura 7.1 para perseguir essas finalidades nas trs fases da empresa, a logstica deve enfrentar diversos problemas que esto estreitamente ligados entre si.A logs tica comercial, de fato, trata do posicionamento dos centros de distribuio do produto final para que sejam diretamente ligados rede de venda, como selecionar e organizar com eficcia as vias e os meios de transporte, como analisar os pedidos de mercado e elaborar um plano de venda em curto prazo e como gerenciar e controlar as entregas das fbricas aos centros de distribuio.

    As trs reas fundamentais da logstica

  • Pilares Tcnicos

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    A logstica de produo, por sua vez, deve definir o fluxo produtivo, em colaborao com o resto do sistema de produo, para criar o mximo valor para o cliente externo e interno. Isso pode ser realizado nas fbricas atravs da execuo de produes com fluxo tal que possa produzir pequenos lotes (preferencialmente peas nicas: one piece flow, em portugus, fluxo unitrio, faa um pea e mova uma pea), com elevado mix produtivo, com tempos de setup muito reduzidos, com processos de elevada qualidade (pilar QC), com mquinas sempre disponveis para produzir com as atividades de AM e PM, com uma reposio de materiais adequada, enfim uma forte motivao do pessoal e um baixo nvel de ausncias (pilar PD). A logstica dos fornecimentos, por sua vez, responsvel pelos fluxos e pelos sistemas informativos de e para os fornecedores dos componentes, pela individualizao das estradas e pelos meios de transporte mais eficientes, pela tima gesto dos materiais e dos almoxarifados.Essas trs reas criam valor para o cliente, na medida em que trabalharem em termos de custo total de balano lquido positivo, e no da otimizao de s um desses aspectos.

    7.2 Os princpios fundamentais da Logstica e os objetivos

    Para alcanar a finalidade de satisfazer do melhor modo possvel o cliente e de reduzir os custos de transformao, de movimentao e de capital, a logstica utiliza trs princpios-guia. O primeiro o da sincronizao entre produo e venda (Production/Sales Synchronization), do jeito mais perfeito possvel, para satisfazer completamente o cliente. A sincronizao completa entre produo e venda implica conseguir produzir exatamente os objetos necessrios para a satisfao do cliente, na hora certa para entreg-los em tempo e na exata quantidade pedida. A aplicao desse princpio requer a reduo ao mnimo dos componentes e dos semitrabalhos que circulam nas fbricas para reduzir os tempos de entrega, at satisfazer completamente o cliente.O segundo princpio baseia-se na reduo ao mnimo do depsito (Minimize Inventory) para criar um fluxo produtivo contnuo. De fato, chegar a produzir o produto final e todas as suas partes com uma seqncia predefinida, balanceada e com quantidades iguais, ou seja, com um fluxo contnuo, permite reduzir ao mnimo a superproduo e, em conseqncia, os estoques, e assim aumentar a eficincia do capital investido.O terceiro princpio se baseia na reduo ao mnimo da movimentao e da manipulao dos materiais (Minimum Material Handling, em portugus, movimentao mnima de materiais). De fato, cada movimentao intil, repetida, aumenta os custos e no cria valor. Isso muito importante porque, em uma produo em massa, como a do automvel, necessrio movimentar muitos componentes e materiais, por isso poderiam existir muitos movimentos inteis e muitos desperdcios que no passado no eram considerados.

    Aos trs princpios fundamentais podem ser adicionados tambm os objetivos principais de melho-ramento desse mtodo. Em particular, o primeiro objetivo de aumentar a satisfao do cliente, especialmente para os prazos de entrega, reduzindo-os at o mnimo necessrio e mantendo-os com a mxima fidelidade possvel (tempos e confiabilidade das entregas). O segundo objetivo de aumentar a produtividade do sistema e dos locais de trabalho, reduzindo os movimentos (reduo da atividade a no valor agregado: NVAA(22) e os estoques inteis e assim diminuindo o capital investido em trabalhos no processo. O terceiro objetivo de reduzir ao mnimo os custos da movimentao dos materiais e de utilizao dos espaos, contribuindo para a reduo dos custos seguida tambm de outros mtodos, com melhoramentos de tipo logstico.

    (22) Veja captulo sobre Workplace Organization desse Guia.

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    Figura 7.2

    7.3 Logstica e Custos (Logistic Cost Deployment)

    As anlises dos custos conduzidas com os mtodos e as tcnicas ilustradas no Cost Deployment permitem individualizar muitos desperdcios e muitas perdas de grande importncia, que podem ter uma ligao com erros e/ou escolhas erradas de colocao de material ou de logstica. Essas perdas maiores da logstica podem ser divididas em 18 tipos principais, das quais nove podem ser relacionadas gesto dos estoques e nove movimentao, transporte e predisposio dos materiais. importante conhecer e aprofundar essas possveis perdas ligadas logstica, porque sua exata identificao permite definir as corretas prioridades das intervenes de melhoramento logstico que conduzam a significativas redues de custo. preciso tambm explicar que os projetos de melhoramento logstico orientados de acordo com o percurso em 7 steps para a criao de um fluxo constituem, de acordo com os princpios de base da logstica, o guia para a construo de uma Route Map em direo a uma logstica World Class. A ajuda do Cost Deployment (a bssola) fazer com que essa Route Map fique o mais possvel eficaz.

    Assim, como para o Cost Deployment do processo de produo, e em coerncia com os captulos anteriores, as perdas podem ser conceitualmente conduzidas a trs tipos: distanciamento de um padro; distanciamento da melhor prtica do setor; distanciamento da condio ideal.Atravs dessa leitura, possvel entender tambm as principais perdas no mbito logstico.

    Na figura 7.3, possvel ver as nove perdas principais ligadas gesto dos estoques. Elas so conduzidas a trs fatores principais: Perdas ligadas a materiais, como, perdas por materiais no-utilizados; ou perdas por estoques de

    excessiva segurana como, por causa de falhas ou flutuaes da demanda; ou perdas lquidas sobre materiais por causa dos mtodos de produo atuais e no-adequados, portanto fonte lquida de desperdcios;

    Os princpios bsicos da logstica

    As 18 principais perdas da Logstica

    Sincronizar a produo/vendas para melhorar

    a satisfao do cliente

    Criar um fluxo contnuo atravs da contnua

    reduo de estoque

    Minimizar a movimentao (handling) de

    materiais

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    perdas relativas mo-de-obra, como perdas por causa de um excesso de mo-de-obra, visvel na diferena entre horas de trabalho disponveis e horas de trabalho necessrias; ou perdas por pouca eficincia do trabalho, visvel na diferena entre horas efetivamente trabalhadas e horas realmente necessrias; ou ento perdas lquidas de mo-de-obra, por trabalhos efetuados mas na realidade no necessrios com uma correta configurao logstica;

    perdas relativas ao espao fsico: como perdas por excesso de espao, visvel na diferena entre espao disponvel e espao efetivamente utilizado; ou perdas por pouca eficincia no uso do espao, visvel na diferena entre espao usado e espao efetivamente necessrio; ou ento perdas lquidas de espao, por causa do uso do espao para depsitos que poderiam no ser necessrios (preferencialmente zero depsitos).

    Figura 7.3

    As nove perdas principais, que poderiam ter uma conexo com a movimentao, a predisposio e o transporte dos materiais (Material Handling) so conduzidas a trs fatores principais: perdas relativas mo-de-obra, como as perdas por excesso de trabalho disponvel e de fato

    no usado, ou as perdas por pouca eficincia do trabalho nas movimentaes por causa de uma disposio errada dos materiais ou ento, a necessidade de efetuar algumas movimentaes que na verdade no so necessrias;

    perdas relativas ao espao, como o excesso de espao de movimentao no utilizado, ou a pouca eficincia no uso do espao disponvel, ou ento as perdas lquidas por espao utilizado para movimentos que no so necessrios. De fato, a eliminao dos movimentos inteis reduz tambm os espaos necessrios;

    perdas relativas aos equipamentos de movimentao, como o excesso de meios de movimentao ou a pouca eficincia em seus usos por organizao errada, ou ento, o uso de meios/equipamentos para movimentos no necessrios.

    Dentro dessas famlias possvel caso a caso detalhar as perdas em funo da realidade de aplicao. aconselhvel que na definio mais especfica dos tipos de perda sejam usadas palavras claras, explcitas, teis para entender a natureza causal ou conseqente, para orientar corretamente a escolha das intervenes de reduo dos desperdcios e das perdas nas fases seguintes.

    As principais perdas da logstica

    As 18 perdas da logstica Estoque: nove principais perdas

    -(I)Perdaporestoque (1) Perda por excesso de estoque: perda causada por uma unidade no utilizada (2) Perda por estoque de segurana: perda por estoque preparado para compensar o aumento da demanda, avarias, etc. (3) Perda por estoque lquido: perda por estoque necessrio baseado nos mtodos produtivos atuais (ideal zero)

    - (II) Perda de mo-de-obra (4) Perda por excesso de mo-de-obra: a diferena entre a hora disponvel do homem e a efetivamente prevista/utilizada (5) Perda de produtividade da mo-de-obra: diferena entre mo-de-obra efetivamente desperdiada e as horas lquidas efetivamente necessrias (6) Perda de horas lquidas necessrias: (ideal zero)

    - (III) Perda por espao (7) Perda por excesso de espao: a diferena entre espao disponvel e espao efetivamente utilizado (8) Perda por espao ineficiente: a diferena entre o espao efetivamente ocupado e o espao lquido necessrio (9) Perda de espao lquido necessrio: (ideal zero)

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    Figura 7.4

    Existem muitos modos para reduzir os custos com intervenes logsticas, j que os custos conseqentes s perdas causais de logstica so muitos e podem ser sintetizados em pelo menos oito categorias diferentes de custos. As oito categorias principais de custos logsticos so as seguintes:

    1. Custo do capital incorporado nos materiais Custos dos almoxarifados

    2. Custo de gerenciamento do depsito 3. Custo do espao 4. Custos das ferramentas e das equipamentos

    Custos de elaborao e comunicao 5. Custo dos sistemas informativos das informaes (custos de gesto das informaes)

    6. Custo dos veculos da empresa

    Custos de transporte/handling 7. Custo dos veculos das transportadoras internos/

    externos 8. Custo de programao

    Cada uma dessas oito grandes categorias de custos pode ser analisada em detalhe atravs dos itens especficos que as compem. Para intervir em cada custo, necessrio estudar as situaes reais e procurar solues adequadas aos vrios setores. Em geral as intervenes tpicas de reduo dos desperdcios logsticos se referem, de um lado minimizao dos almoxarifados e dos estoques e, do outro, reduo dos movimentos e dos posicionamentos.

    Reduo de estoques de material Uma primeira interveno tpica se refere reduo dos materiais guardados no depsito, que em teoria poderiam ser reduzidos a zero. Se a superproduo deve ser considerada como o pior desperdcio, o depsito deve ser considerado como uma das conseqncias mais evidentes. De fato, ele se esconde em todos os lugares das linhas de trabalho e, somando tambm os pequenos depsitos com os maiores do estabelecimento, alcanamos valores muito elevados que constituem um grande desperdcio.

    As principais perdas da logstica: Material Handling

    Reduzir os depsitos e os movimentos melhorando a qualidade

    1. Custo do capital incorporado nos materiais2. Custo de gerenciamento do almoxarifado3. Custo do espao4. Custos das ferramentas e dos equipamentos

    Material handlinginclusasasmovimentaes: nove principais perdas

    - (I) Perda mo-de-obra (10) Excesso de mo-de-obra (11) Perda de eficincia de mo-de-obra (12) Perda lquida de mo-de-obra

    - (II) Perda de espao (13) Perda por excesso de espao (14) Perda de eficincia do espao (15) Perda lquida de espao (necessria)

    -(III)Perdaporequipamento (16) Perda por excesso de equipamento (17) Perda de eficcia dos equipamentos

  • Pilares Tcnicos

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    Na figura 7.5 possvel ver como uma simples reorganizao do layout das mquinas e dos locais de trabalho, com uma eventual melhora das funes em um pequeno departamento (Clula de produo), permite reduzir algumas vezes os buffers dos materiais em elaborao colocados entre as diversas fases de elaborao. Geralmente essa reorganizao se baseia no abandono da idia de juntar todas as mquinas do mesmo tipo para aumentar a especializao do operador e de adotar, ao contrrio, a idia de um layout que reflete a seqncia efetiva das elaboraes para no ter mais os buffers entre uma elaborao e outra: Layout Orientado ao Produto (Product Oriented Layout).Antes do melhoramento existem trs pessoas que trabalham exclusivamente com as soldadoras unitrias e com a prensa, por isso precisam de vrios buffers intermedirios. Depois do melhoramento existe somente uma pessoa, mais flexvel e mais polivalente, que faz em seqncia todas as operaes nas soldadoras unitrias e na prensa e que no precisa de nenhum buffer intermedirio. Tambm os buffers de incio e fim podem ser reduzidos.

    Figura 7.5

    Reduo dos movimentos inteis (Minimum Material Handling) Uma segunda interveno tpica a reduo dos movimentos inteis e de seus desperdcios. Tambm os movimentos inteis esto escondidos em todos os lugares, nos lugares aparentemente incuos, como na colocao dos materiais mais simples nas caixas ao lado da linha, ou andando para procurar alguma coisa que no pode ser alcanada facilmente na linha de montagem. Geralmente, todos os componentes que no se pode pegar e montar facilmente na linha de montagem, requerem vrios movimentos que na maioria das vezes podem ser eliminados com uma preparao e predisposio mais acurada dos materiais. Esses movimentos so, por exemplo, o caminhar e posicionar temporariamente os materiais, o procurar a pea certa, se levantar nas pontas dos ps ou se inclinar para levantar alguma coisa e assim por diante.(23) O objetivo da reduo dos movimentos inteis pode ser resumido no conceito de pega e monta ou, one touch one motion, concentrando as atividades de quem responsvel pela montagem na operao sem distraes por causa da seleo, nem movimentos irregulares ou difceis do ponto de vista do transporte at o ponto da montagem, como se estivesse em uma sala operatria, onde o operador, o cirurgio, tem que estar sempre concentrado na cirurgia, e o enfermeiro deve ficar concentrado na preparao e na seleo dos instrumentos (lgica cirurgio - enfermeiro).

    (23)Veja o tipo de atividades sem valor agregado j mencionado no captulo Cost Deployment.

    O movimento como desperdcio (Layout orientativo ao produto)

  • Logistics

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    A reduo dos movimentos pode ser obtida tambm no caso da Clula de Produo, onde, trabalhando na tica one piece flow, fluxo com pea nica, possvel para um operador, mais flexvel e polivalente, chegar a controlar mais processos de produo em paralelo, convertendo os tempos de espera, para permitir a execuo do ciclo da mquina, em tempos mais breves de movimentao e inspeo da qualidade. Em particular, enquanto um produto carregado na mquina, em elaborao, em acabamento, em garantia de qualidade ou em qualquer outra parte do ciclo de produo, o operador se dedica ao carregamento e descarregamento das outras mquinas, mexendo-se ciclicamente ao longo do percurso fsico constitudo pelo layout das mquinas. Esse tipo de soluo se chama linha Chacku-Chacku (do japons, Carregado-Carregado), porque durante o ciclo produtivo o operador responsvel s pelo transporte, controle de qualidade e controle de processo. Durante o ciclo realizado em Chacku-Chacku, o princpio bsico que a mquina deve esperar, e no o operador. Esse tipo de linha serve mais para as elaboraes mecnicas do que para as mquinas multielaboraes tradicionais.

    Seqncia (Sequential Feeding) Uma terceira atitude aquela de fornecer na linha o material seqenciado. A seqncia pode ser realizada para famlias singulares de produtos ou para verdadeiros kits veculos (Kitting). O mtodo do kitting consiste em predispor os materiais que devero ser montados em cada automvel em caixas, carrinhos, sacos, recipientes especficos de montagem predefinidos, que j incluem todos os particulares necessrios para uma UTE ou uma parte da linha para cada veculo. Esse mtodo particularmente oportuno para reduzir os problemas de qualidade, gerando ao mesmo tempo uma reduo dos movimentos inteis na linha, em face de uma dupla manipulao do material na rea de preparao justificada exatamente pelo benefcio em termos de qualidades, alm do melhor controle das quantidades de material. O kit colocado em uma posio prtica para o operador na linha, que assim encontra os materiais prontos, no faz movimentos inteis e evita cometer erros na montagem.

    Diferenas entre picking e kitting O picking ou remoo, consiste em recolher nas reas predispostas (no depsito externo/interno ou na oficina perto da linha) um mix de materiais de vrios tipos, organizados por famlia e por produtos, para permitir um fornecimento de um mix coerente com efetivas absores (mixed deliveries).

    Figura 7.6 O supermercado pelo Kitting dos materiais (Picking)

  • Pilares Tcnicos

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    Se em particular o mix dividido por cada veculo ou produto, a remoo ir produzir verdadeiros kits (carrinhos, caixas, sacos etc.): s nesse caso falamos de kitting. A esse ponto o kit vem composto em reas apropriadas por operadores dedicados, que devem ter um profundo conhecimento do produto e/ou ajudados por Poka Yoke (s vezes necessrio ter pequenas pr-montagens) para focar na escolha correta do componente e no controle da integridade do mesmo componente.

    Figura 7.7

    Como j mencionado, a rea de picking pode se encontrar em vrias posies em funo dos vnculos especficos de cada estabelecimento (reas disponveis, distncias dos fornecedores, distncia do ponto de utilizao, etc.). S no caso em que essa rea for fornecida diretamente pelo fornecedor interno (outro processo) ou externo, ser possvel falar de supermercado.

    7.4 Logstica e tempos: realizar o Just In Time

    A condio de uma Logstica World Class, com poucos desperdcios, representada pelo sistema de produo Just in Time, ou seja, produzir no momento certo e no local certo s os produtos pedidos pelo cliente. O objetivo do pilar da Logstica (integrado com o Customer Service) encaminhar produo fazendo-a alcanar gradualmente e quanto mais possvel essa concepo. Existem pelo menos quatro princpios imprescindveis para realizar um sistema de produo JIT: Princpio do Fluxo Esticado

    Objetivo: realizao da montagem em cadeia pela integrao e orientao dos layouts de processo ao produto;

    princpio Pull (Puxar)Objetivo: o processo pede inicialmente s as peas que consome, que necessita;

    Princpio Cadncia ou Takt Time Objetivo: realizao do balanceamento das vrias atividades operativas em funo do volume e do ritmo pedido pelo cliente (Takt Time);

    Princpio de Zero Erro Objetivo: melhoramento e estabilizao de todos os processos da empresa que influem na produo (qualidade, confiabilidade, presenas, etc.)

    Exemplo de Kit

  • Logistics

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    Com referncia aos quatro princpios, o pilar da Logstica segue o Just in Time realizando uma produo orientada ao cliente com os seguintes objetivos: Uma produo baseada na ordem do cliente, atravs de um sistema de gesto de ordens

    adequado; A reduo dos lead time de produo, para permitir a sincronizao entre vendas, produo e

    fornecimento; A aquisio em tempo dos componentes adquiridos externamente, por meio de um sistema de

    transporte e entrega do tipo multientrega (shared transportation).

    Para realizar esses objetivos, o conjunto de aes principais a ser aplicado, seguindo o percurso em 7 steps, so: Produo somente sob o pedido do cliente; Produo com mix nivelado; Balanceamento das linhas; Reduo do nmero de operaes; Reduo do lote de produo; Reduo dos tempos de mudana de ferramentas (setup); Programao pull (sistema Kanban); Reduo sistemtica dos estoques;O melhoramento logstico no pode ser realizado sem estabilizar o sistema de produo por meio de alavancas, como: AM e PM para incrementar a confiabilidade dos equipamentos; QC para melhorar a qualidade. Para ajudar a quantificar esses objetivos ao longo do percurso, pode ser til fazer referncia ao fluxo de trabalho ideal e por sucessiva anlise dos gaps em relao condio atual (por meio de um mapeamento do fluxo existente) estabelecer as etapas sucessivas. Na passagem de um sistema tradicional de produo para um sistema de produo Just in Time necessrio, gradualmente, criar processos em fluxo esticado, colocados em cadncia, continuando depois a conectar os processos que no podem ser ligados diretamente por meio de supermercados gerenciados com base no consumo por sinais pull (exemplo Kanban). Em uma lgica de crescente evoluo a um sistema de produo JIT , ento, possvel continuar com a sincronizao dos processos por meio de uma gesto da ordem que sincroniza vrios processos (lgica da escama de peixe).

  • Pilares Tcnicos

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    Um instrumento prtico para aplicar o pull e regular a produo sobre o efetivo pedido do cliente, e no como acontecia no passado s com base nas previses de venda elaboradas pela Direo (sistema chamado push), o sistema que parte das necessidades do cliente e as transmite para trs ao longo do fluxo produtivo por meio de cartes (ou Kanban), que descrevem o que o cliente comprou e o que necessrio fazer em cada fase do processo.

    Figura 7.8

    O kanban funciona sob o princpio de funcionamento de um supermercado no qual tenha, alm de um espao de venda com a mercadoria nas prateleiras, um pequeno depsito na parte posterior e um conjunto de fornecedores que produzem as mercadorias venda. Quando o cliente se apresenta no caixa com o carrinho e as mercadorias compradas, a pessoa do caixa pega o carto de cada produto, com o cdigo do produto e o coloca em um recipiente apropriado que ser enviado ao depsito. Quando o depsito recebe o carto do produto vendido, ele a considera como uma ordem para repor uma mercadoria idntica prateleira do supermercado, para permitir uma nova venda; nessa aplicao se fala de Kanban de movimentao (em preto na figura). Todavia, depois de vrias operaes de reposio, o depsito vai ficar com falta de um determinado produto, e ento vai enviar outro carto (em branco na figura), e chamado Kanban de produo, ao fornecedor daquele produto pedindo para produzir as peas e envi-las ao depsito.Desse modo, o sistema ativado com base nas escolhas dos clientes e est pronto para responder s suas necessidades, reduzindo a produo quando for preciso e minimizando os depsitos. O procedimento Kanban pode ser aplicado de vrios modos, permitindo-se produzir com base nos pedidos efetivos do cliente.

    O Kanban

    O Kanban

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    Chegar sincronizao completa do sistema produtivo e de venda um objetivo que pode ser alcanado s progressivamente e passando atravs de alguns steps intermedirios e cada vez mais complexos.Uma das intervenes mais importantes e complexas da sincronizao consiste em produzir os maiores e mais caros componentes do automvel, por exemplo, os motores, na mesma seqncia da montagem dos automveis de acordo com os pedidos do cliente.Quando conseguimos alcanar uma sincronizao desse tipo, os motores e os outros componentes que so muito grandes ou muito caros, so levados para a linha para ser montados diretamente, de acordo com a seqncia de montagem, sem precisar coloc-los em depsitos intermedirios e mov-los vrias vezes.Os benefcios so muito importantes, porque, desse modo, os depsitos, os trabalhos no processo e os movimentos sem valor agregado se reduzem e se fabricam motores s quando estiverem j vendidos. Mas, para isso, necessrio que a produo dos motores seja muito flexvel, tenha prazos curtos de troca das ferramentas, seja feito com pequenos lotes e tenha todas as caractersticas da produo com fluxo controlado.A mesma coisa pode acontecer com os outros componentes e as matrias-primas que so compradas pelos fornecedores: se conseguirmos faz-las chegar s quando sero usadas e nas quantidades necessrias, no iremos ter mais tempos ociosos de espera nem muito estoque, e os riscos de obsolescncia, estrago e danos sero minimizados.

    7.5 Logstica e Qualidade

    Figura 7.9

    A Logstica e a Qualidade esto estritamente ligadas entre si. A ligao principal depende do fato de que a qualidade ruim do produto e a conseqente necessidade de reparaes, verificaes ou correes do trabalho obrigam a manter estoques de segurana e, assim, atrasar os prazos de entrega e, por ltimo, atrasar a entrega ao cliente final.

    A sincronizao dos processos

    Efeitos da baixa qualidade nos tempos das entregas

  • Pilares Tcnicos

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    Alm disso, os produtos defeituosos a ser reparados que so colocados ao lado do fluxo produtivo principal, acabam aumentando os depsitos e, por conseqncia, os custos. Nesse sentido, possvel ver como os carros, que so tirados do fluxo para reparo por causa de danos e qualidade ruim, acabam destruindo o fluxo produtivo programado de veculos.Desse modo, mesmo se a produo foi programada com fluxo e tempos fixos predefinidos, o resultado final uma seqncia de entrega muito diferente, e muitos veculos que deveriam ser entregues aos clientes, acabam ficando para trs.Alm disso, esses produtos em reparao aumentam os custos logsticos, enchendo o depsito e deixando uns espaos vazios nos meios de transporte em que deveriam ser carregados.Ao contrrio, a reduo dos defeitos e o melhoramento da qualidade se traduzem em reduo dos custos logsticos.

    Figura 7.10

    7.6 Os padres: coerncia entre fluxos logsticos e tipo de materiais

    Para aplicar os princpios da Logstica e alcanar os objetivos de satisfao do cliente e de reduo dos custos, o ponto-chave utilizar o fluxo de movimentao mais adequado em funo do tipo de material, ou seja, de suas caractersticas intrnsecas, dimensionais, econmicas e fsico-qumicas.Com esse objetivo, foram desenvolvidas algumas linhas guia padro para indicar a escolha do tipo de fluxo mais idneo em funo do tipo de material.

    Na FIAT Group Automobiles (FGA), at hoje, foram individualizados cinco tipos de fluxos logsticos: JIT, Seqncia Externa, Direto, Seqncia Interna, Desacoplado. Cada tipo tem caractersticas especficas.

    (24) Na lgica WCM, os padres devem ser considerados em contnua evoluo de acordo com a lgica PDCA. Na data de publicao desse manual, os tipos de fluxos lgicos padres, a classificao dos materiais, e os critrios de escolha dos contedos na Matriz de correlao. Classe-Fluxos-Chamada se encontram na fase de Check; s resolvendo pontualmente as criticidades que iro aparecer em sua aplicao, podemos evoluir o nosso padro na direo do nvel World Class.

    Relao da Logstica, Qualidade, Confiana

    Tipos de fluxos logsticos padres(24)

    Melhorar o percentual de atendimento para os prazos de entrega

    ao cliente

    Melhorar o percentual de atendimento

    referente sequncia programada

    Melhorar o percentual de atendimento

    referente produo programada

    Manter o mximo possvel o programa da

    produo

    Realizar um plano de produo razoavelmente

    factvel

    Reduzir os refugos

    Reduzir as carrocerias/veculos separados para reparao por um longo

    prazo

    Otimizar os Layouts

    Melhorar a disponibilidade dos equipamentos

    Reduzir as paradas de linha devido atraso no nivelamento

    Definir um Lead Time (Tempo de atravessamento razovel

    Adotar contramedidas para as cau-sas razes dos refugos e previnir

    sua repetio

    Adotar correes na linha

    Reduzir os refugos que requerem muito tempo de reparao

    Reduzir os tempos de reparao

    Reduzir os tempo de espera para reparao

    Reduzir o nmero de carrocerias/veculos separados para o controle

    de qualidade

    Abandonar, separao e reencontros da linha

    Aspectos ligados qualidade

    Aspectos ligados manuteno e a confiabilidade

  • Logistics

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    Figura 7.11

    Veja a figura seguinte para a definio de T0, T1, T2, T3 nos vrios casos de fluxo logstico.

    Em particular, os cinco fluxos funcionam no seguinte modo. No caso de fluxo JIT, os diversos produtos so pedidos ao fornecedor que, s depois de ter recebido o pedido os produz e os enviam linha de produo do FGA. O fluxo ento o mais simples possvel: tem poucos estoques, ou seja, somente aqueles na linha de produo do fornecedor e a mercadoria em trnsito ou em movimento na fbrica. O tempo de espera entre o momento da emisso da ordem e o momento em que o material est disponvel na linha disposio do operador (Lead Time) igual ao tempo de produo do fornecedor mais o tempo de transporte e de movimentao interna na fbrica.No caso de fluxo Seqncia Externa, os diversos produtos so pedidos ao fornecedor que, aps ter recebido o pedido, retira do seu depsito os produtos e organiza o despacho para a linha produtiva do FGA. Os produtos, ento, j estavam no depsito do fornecedor.Nesse caso, necessrio que o fornecedor tenha um depsito de produtos diferentes (supermercado). O lead time , nesse caso, igual ao tempo necessrio para retirar, organizar o despacho no depsito do fornecedor, mais o tempo de transporte e de movimentao interna na fbrica.No caso de fluxo Direto, cada produto pedido ao fornecedor, que retira do seu depsito e despacha para a linha de produo FGA um recipiente que contm s as peas daquele produto. Tambm aqui, o fornecedor tem um depsito de produtos, mas nesse caso no deve colocar na remessa produtos diferentes.No caso de fluxo Seqenciamento Interno, ele se divide em duas fases dependendo se a seqncia acontece diretamente em uma parte do depsito ou em uma rea de seqncia (picking) perto do ponto de utilizao. No caso do depsito, os produtos chegam dos fornecedores em vrios recipientes e, quando a linha precisa de certa seqncia ou de certo kit, ele vem organizado no depsito FGA. No outro caso, aplicvel na condio de tempo escasso para fornecer o material seqenciado, a rea de seqncia (picking) ser alimentada pelo depsito interno (double handling), ou melhor, diretamente pelo fornecedor quando for tecnicamente possvel. Nesse caso, o lead time igual ao tempo necessrio em FGA para dar uma seqncia ou organizar o kit e transport-lo at a linha de produo.No caso de fluxo Desacoplado, cada produto se encontra no depsito FGA de onde extrado quando a linha necessita.

    Tipos de fluxos logsticos padronizados pelo Fiat Group Automobile, setembro 2007

  • Pilares Tcnicos

    210

    Figura 7.12

    A Fiat Group Automobiles tambm classificou as matrculas em trs classes: A, B e C.A classe A posteriormente dividida em:A1: inclui todas as matrculas que tm muitas variaes;A2: incluem os produtos que so muito grandes;A3: Incluem os produtos caros.A classe C composta por vrios objetos.Na classe B est tudo aquilo que no est includo na classe A ou C, e ento considerada normal.

    Para reduzir os estoques e combater os desperdcios, importante adotar um tipo de fluxo logstico diferente, de acordo com o tipo de matrcula.No momento de escolher o tipo de fluxo, alm dos aspectos indicados acima, ser necessrio considerar a distncia do fornecedor em relao ao ponto de utilizao, alm da avaliao custos/benefcios da mudana de fluxo de fornecimento, garantindo-se avaliar o custo total (total cost) em funo da produti vidade, qualidade, handling e das distncias.

    Relao da Logstica, Qualidade, Confiana

    A classificao dos materiais e a escolha do tipo de fluxo no FGA

  • Logistics

    211

    O fluxo de tipo Desacoplado no bom no caso de produtos com muitas variaes, porque, para garantir a linha que teramos sempre todas essas variaes, seria necessrio ter um depsito para cada variao e ter muitos estoques.Nesse caso, muito melhor um fluxo do tipo JIT, que representa a primeira escolha, porque produziria a variao necessria s quando fosse necessria e no teria estoques.Se o tempo para produzir a variao requisitada fosse muito longo, seria possvel utilizar a seqncia externa e interna, preferivelmente realizada diretamente no depsito. Para os materiais normais, nas linhas de montagem, o fluxo desacoplado com chamada por meio Kanban pode ser o mais indicado. preciso fazer uma considerao diferente para as minuterias (classe C), porque no custam muito e no so grandes, ento mant-los no depsito no custa muito, e so utilizados tanto, que no vale a pena ped-los e mandar despach-los cada vez que for necessrio. Nesse caso, um fornecimento em pequenas caixas, em pequenas quantidades, diretamente do depsito a soluo mais apropriada.No caso de produtos enormes, caros ou baratos, podem ser gerenciados com um fluxo Direto, com o objetivo de ter o menor estoque possvel. E se realmente esses produtos so enormes ou caros e de qualquer forma, caro t-los no depsito e, por no ter muitas variaes, podem ser gerenciados por meio de recipientes monodesenho pedidos diretamente ao fornecedor. possvel identificar, depois da classificao dos materiais, o acoplamento ao fluxo ideal, ou seja, o mais prximo possvel dos princpios e dos objetivos do sistema Just in Time. Para alcanar a condio ideal, oportuno continuar com o processo de otimizaes sucessivas, consolidando os resultados intermedirios: o conhecimento e sustentando economicamente o melhoramento.

    7.7 Os instrumentos

    O que um instrumento que permite evidenciar os desperdcios de um processo da empresa. Ajuda a ver, entender e representar o fluxo atual dos materiais e das informaes que, relativamente a um produto especfico, atravessam o fluxo do valor do cliente aos fornecedores (Current State Map).Permite desenhar um mapa sobre como deveria ser o fluxo do processo futuro, com base nos melhoramentos individualizados e com base na aplicabilidade certa (Future State Map). Na tica do melhoramento contnuo, antes de definir a Future State Map aonde queremos chegar, importante realizar tambm a representao de uma situao ideal a qual perseguir (Ideal State Map).

    Para que serve VSM um instrumento de anlise e planejamento ou projeto que auxilia a: visualizar o fluxo dos processos e definir o que precisa fazer para melhor-lo e para se obter um

    valor agregado; ver onde est o desperdcio e onde esto as causas; pensar em uma situao a ser alcanada; construir as bases para um plano de implementao atravs de uma representao grfica que

    sintetiza as escolhas operativas e os benefcios.

    VSM: Value Stream Map ou Mapa do Fluxo de Valor

  • Pilares Tcnicos

    212

    Como se aplica Antes de tudo necessrio identificar a famlia de produtos que se deseja estudar. Depois preciso representar o fluxo atual fazendo um mapeamento da situao, para ento desenhar uma situao ideal.A situao ideal pode ser alcanada passando atravs de estados intermedirios (situao futura) que introduzem melhoramentos coerentes com os vnculos operativos no-removveis em curto prazo. Para desenhar o mapa da situao, possvel utilizar a simbologia do VSM. Em resumo, desenhar os mapas da situao atual significa descrever o funcionamento do equipamento analisado recolhendo os dados sobre os seguintes temas: organizao do trabalho (por exemplo, nmero de turnos); perdas (por exemplo, de ciclo, setup e defeitos); descrio do processo produtivo (por exemplo, fases, transportes); controle da produo (por exemplo, modo de entrega de matrias primas); percursos fsicos, distncias e movimentaes (por exemplo, o nmero de vezes que a pea

    tocada).

    Figura 7.13 Icone fluxos das informaes e do material da VSM

    Processo produtivo

    Operador

    Fluxo informativo eletrnico

    Fluxo informativo

    manual

    Gesto a vista do Scheduling

    Problema qualitativo

    Kanban de produo

    Pull fsico

    Tratamento trmico

    Processoprodutivo

    compartilhado

    Ponto deestocagem

    Produto final para o cliente

    Supermercado

    CONEFLUXOSDEMATERIAIS

    Desenho deKanban

    Aplicao de nivelamento

    (Heijunka box)

    rea de aplicao do Kaizen (Lightening

    Burst)

    Cronograma Semanal

    Cronograma

    FLUXOSDEINFORMAO&CONESGERAIS

    Fontes externas

    Fluxo PUSH

    FluxoFirst-in-First-Out

    Transportecom Forklift

    Entregapor navio

    Gravitacional de Kanban

    FIFO

    Sequenciamento (Pull Ball) Tampo ou

    estoque de segurana

    Sinal de Kanban

    XYZCorp.

    Prensa

  • Logistics

    213

    Por exemplo, na figura seguinte, vemos representadas as vrias fases da produo: estampagem, soldagem #1 e #2, e montagem #1 e #2. Para cada fase so indicados o nmero de operadores, os turnos, o tempo ciclo (C/T = tempo ciclo), o tempo de setup (C/O = changeover time), o grau de disponibilidade do equipamento, o tempo disponvel e o tempo necessrio para uma simples operao de uma pea.Alm disso, na parte baixa da figura, entre uma operao e outra, esto indicados tambm os tempos mdios de permanncia no depsito, ou seja, quanto tempo em mdia uma pea fica no depsito do momento em que entra at quando a sua retirada para a elaborao sucessiva. Se somarmos o tempo necessrio para produzir e o tempo de permanncia, obtemos o lead time total (LT). Na figura, o LT total de 25,1 dias; todavia, o tempo de produo de cada pea de somente 178 segundos.

    Figura 7.14

    Figura 7.15

    Value Stream Map, exemplo de fluxos produtivos

    VSM: Exemplo de VSM Current State - Maserati

  • Pilares Tcnicos

    214

    Outro mapa que necessrio desenhar o dos fluxos fsicos e informativos, que vo dos fornecedores aos clientes ou vice-versa. Na figura seguinte, so representados os vrios elementos que compem o sistema de controle e planejamento da produo: Production Control, MRP (Material Requirements Planning), Scheduling Semanal e Plano de Entregas. Por meio das flechas, so representados os fluxos de informao, dos fornecedores produo e os que chegam dos clientes e vice-versa. Aos fornecedores vo as previses para as seis semanas seguintes. Dos clientes chegam as previses de 30,60 e 90 dias e os pedidos dirios.O ciclo total de pro duo o tempo necessrio para a transformao da matria-prima em produto acabado, incluindo o tempo de espera. Ou seja, o LT total, que inclui tambm o tempo que os fornecedores levam para produzir e/ou transportar a mercadoria, incluindo o tempo de espera.

    Figura 7.16

    O objetivo reduzir ao mnimo o ciclo total de produo, eliminando o tempo de espera e desperdcio de material. Para isso, necessrio desenhar os mapas ideais, perguntando a si mesmo quais so as maneiras que permitem individualizar os pontos de melhoramento. Por exemplo: Precisa produzir para a expedio e para os estoques? Em geral, ser necessrio produzir para

    o supermercado. Se o tempo de entrega for muito baixo, a demanda previsvel e os produtos poucos, seria bom produzir para a expedio, caso haja tempo para produzir sob encomenda.

    O OEE (Overall Equipment Effectiveness) alto? Se for, possvel reduzir os estoques de segurana se o output tiver baixa variabilidade.

    Onde possvel produzir com fluxo contnuo? Geralmente, possvel produzir com fluxo contnuo os produtos que tm tempo de ciclo parecido em todas as fases e baixa interferncia com as outras famlias de produtos. Ou, ento, se os tempos de setup forem muito baixos.

    Onde usar o Pull System? Por exemplo: se foi decidido produzir para a expedio, ento necessrio estudar os recipientes Kanban, para facilitar o trabalho no processo com fluxo contnuo.

    Onde posicionar o pacemaker, ou seja, o ponto central de programao dos fluxos? Geralmente, onde comea o fluxo contnuo.

    Com a ajuda dessas perguntas e respostas, possvel desenhar o mapa ideal e os mapas futuros e, ento, avaliar os benefcios e os custos, aplicando a anlise custos-benefcios. Os parmetros so os dados de base para calcular o valor dos desperdcios em atividade com o valor no adicional (NVAA) e os custos do pessoal e os valores e os custos do estoques. Alm disso, so indicados os custos de transporte (valor das distncias - ano). Esses valores so calculados para os trs estados (atual, futuro e ideal), para avaliar a economia de custos que se obtm. Podemos prever chegar ao ponto ideal atravs de vrias passagens intermedirias (futuras).

    VSM, fluxos versus fornecedores e clientes

  • Logistics

    215

    Figura 7.17

    Um dos tempos que deveriam ser reduzidos o quanto antes para sincronizar os processos de capital intensivos de produo, o tempo de parada da mquina, causado por operaes no equipamento, no caso de mudanas nas elaboraes ou no mix produtivo.O SMED uma tcnica orientada para solucinar esse problema e usada para efetuar todas as operaes de execuo e setup em menos de 10 minutos.Existem dois tipos de operaes de setup: as podem ser feitas mesmo se a mquina estiver trabalhando, como, por exemplo, a predisposio das ferramentas, as pr-montagens e as que devem ser feitas com a mquina parada, por exemplo, a fixao da ferramenta na mquina.As primeiras se chamam operaes de setup externo; as segundas de setup interno.A modalidade tradicional de fazer o setup prev que a mquina esteja parada, seja quando se efetuam as operaes de setup externo, seja quando se efetuam as internas. Isso, geralmente, requer que a mquina fique parada por perodos longos e superiores a uma hora, o que traz grande impacto no ciclo produtivo.Para superar essa modalidade, se aplica o SMED.O SMED ocorre do seguinte modo: preciso identificar e separar as operaes de setup interno e externo. Em seguida, precisa se

    organizar para fazer as operaes de setup externo quando a mquina ainda estiver trabalhando. Para isso, necessrio fazer uma lista das fases, condies e passos que podem ser manipulados e efetuar enquanto a mquina estiver trabalhando. Ao final, preciso controlar as fases para que funcionem de maneira tal que no haja perda de tempo durante o setup interno. necessrio tambm desenvolver mtodos mais rpidos para transportar as ferramentas e as fases enquanto a mquina trabalha.

    preciso, tambm, analisar a situao depois da implementao do ponto um e determinar se e quais operaes de setup interno podem ser feitas enquanto a mquina estiver trabalhando, fazendo-as, ento, virar operaes de setup externo.

    Enfim, depois de ter completado o ponto dois, necessrio estudar de novo todas as operaes de setup interno e externo, para reduzir posteriormente o tempo necessrio para faz-las, por exemplo, por meio de intervenes de melhoramento das mquinas.

    VSM: Anlises custo/benefcio

    SMED (Single Minute Exchange of Die)

  • Pilares Tcnicos

    216

    A figura seguinte apresenta um esquema com os passos que acabaram de ser descritos.

    Figura 7.18

    Algumas tcnicas ajudam a implementar o SMED: Padronizao Apertos funcionais Eliminao dos ajustes Uso de operaes paralelas Mecanizao e automao

    7.8 O percurso de implementao e os 7 Steps

    O percurso de realizao do pilar Logstica composto de sete steps.

    Figura 7.19 7 steps em: Logstica na empresa

    A tcnica SMED

    Criar um fluxoSTEP1

    STEP2

    STEP3

    STEP4

    STEP5

    STEP6

    STEP7

    Reengenharia das linhas para satisfazer os clientes

    Reorganizar a logstica interna

    Reorganizar a logstica externa

    Nvelar a produo

    Refinar a logstica interna e externa

    Integra a reas de vendas, produo e compras

    Adotar uma programao a sequncia-tempo prefixado

    Criar um fluxo contnuo

    Criar um fluxo exato

    Criar un fluxo sobre controle

    FASE2

    Mover o setup interno para

    externo

    FASE3

    Reduzir o setup interno e

    externo

    1. Preparao, ajustes, operaes ps-processo, controles nos materiais, trabalhos, estampos, equipamentos, instrumentos, etc.

    2. Montagem e desmontagem dos utenslios

    3. Centralizao, mensurao, calibrao e definio das altas condies

    4. Prova de processamento

    Setup internoSetup externoGanho

    Legenda:

    OPERAO/READECOMPRIMIBILIDADE

    FASE0

    Nenhuma diferena entre setup interno e

    externo

    FASE1

    Preparar o setup interno do externo

  • Logistics

    217

    MontagemPrensas Funilaria Pintura

    As atividades dos primeiros 3 steps objetivam criar um fluxo logstico na parte interna do estabelecimento, utilizando a reengenharia das linhas e da logstica interna e externa. Objetivos tpicos dos steps 1, 2 e 3 so reduo do lead time, reduo do tempo de setup e da dimenso dos lotes, eliminao da movimentao intil do material e desperdcio logstico, limpeza e reorganizao do ambiente e do material a ser gerenciado com lgica FIFO.Os steps 4 e 5 pretendem criar um fluxo contnuo, sincronizando e nivelando toda a produo, para que cada departamento produza s aquilo que necessrio, intervindo na logstica interna e externa, para alcanar o zero defeito, a zero parada e o fornecimento Just in Time dos componentes necessrios. Os steps 6 e 7 conduzem a um fluxo acurado e controlado, sincronizando completamente vendas, produo e fornecimentos e utilizando uma seqncia baseada em uma programao com tempos prefixados e controlados. Na figura seguinte esto visualizados os 7 steps para as quatro reas produtivas principais de um estabelecimento de carroceria: estamparia, funilaria, pintura, montagem. As caractersticas distintas de cada unidade esto evidenciadas em vermelho.

    Figura 7.20

    7.8.1 Step 1 Executar reengenharia nas linhas para satisfazer o cliente

    Os objetivos do step 1 so dois: executar reengenharia nas linhas, para satisfazer o cliente e restabelecer as condies bsicas para bom funcionamento.O primeiro objetivo requer entender as necessidades dos clientes e os gaps mais relevantes em relao situao atual, para definir as prioridades e um plano de melhoramento temporal.O segundo objetivo requer a introduo de critrios de classificao, de mensurao e de gesto do material e das mquinas, para realizar o primeiro conjunto de melhoramento.

    Os 7 steps nas diversas fases do processo

    O precurso dos passos a ser seguidos no desenvolvimento do pilar so deferenciados nos contedos conforme as caractersticas das fases do processo

    1. Layout e lado linha2. Abastecimento das reas a frente3. Recebimento de materiais4. Produo nivelada5. Servios de limpeza e ciclos Logsticos6. Sistema logstico Integrado7. Produo sincronizada

    1. Lado linha e Setup2. Abastecimento das reas a frente3. Recebimento de Materiais4. Produo nivelada / troca de tipo5. Servios de limpeza e ciclos logsticos6. Sistema logstico integrado7. Produo sincronizada

    1. Lado linha2. Abastecimento das reas a frente3. Recebimento de material4. Produo nivelada5. Servios de limpeza e ciclos logsticos6. Limpeza ambiental7. Programao com sequncia e tempos fixos

    1. Limpeza inicial e organizao das reas2. Abastecimento das reas a frente3. Recebimento de material4. Abastecimento nivelado e recebimento de materiais5. Fornecimento de componentes em JIT6. Padronizao7. Programao com sequncia e tempos fixos

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    O primeiro objetivo (anlise dos gaps e plano de trabalho) comum para as quatro unidades operativas e prev as seguintes atividades: identificar e entender as necessidades do cliente final; definir os objetivos da logstica e analisar a situao de partida; fazer anlise dos gaps entre os targets e a situao atual; definir um plano de melhoramento temporal. Em particular, a escolha do fluxo a ser melhorado, que representa a primeira fase, pode ser feita de dois modos: com mtodo analtico ou indutivo. O mtodo analtico realizado por meio do Cost Deployment das perdas da logstica. O mtodo indutivo realizado por meio da anlise dos materiais e das matrculas, que mais rpida, mas poderia no evidenciar de maneira exata as prioridades. De fato, o uso da anlise das matrculas e suas classificaes nas classes A, B, C pressupem que as caractersticas das matrculas, ou seja, numerosas variaes, dimenses e valor, sejam um indicador de criticidade.As fases seguintes da reengenharia podem ser feitas com o uso do VSM (Value Strem Map) para anlise dos desperdcios e definio de hipteses alternativas de redesenho dos fluxos (veja acima o mtodo VSM), avaliando a soluo melhor por meio de consideraes quantitativas.

    O segundo objetivo especificado com diversas atividades nas quatro unidades operativas. As diversas atividades implicam tambm diversos indicadores de realizao do step (Key Performance Indicators).Abaixo esto listadas as atividades e alguns indicadores recomendados para medir o nvel de alcance para cada fase do processo.

    Step 1 Prensas. Organizao ao lado das linhas e reduo setup Introduzir critrios de gesto da locao por matrias-primas, peas e artigos estampados e

    aplicar o critrio FIFO. Padronizar tabelas e as tarjetas. Classificar os moldes com base na freqncia de uso e introduzir critrios de gesto das locaes

    para os moldes. Reduo do tamanho dos lotes passo a passo (SMED). Expandir o conceito de mnima movimentao do material. Usar meios de coleta menores. Fazer transferncias de lotes sempre menores. Aplicar a gesto vista em todas as situaes possveis.

    Exemplos de indicadores Reduo dos tempos setup Reduo dos lotes Resultados audit house keeping

    Step 1 Pintura. Organizao lado da linha Aplicar os 5S Introduzir critrios de gesto da locao dos materiais utilizados na pintura No utilizar os materiais que produzem sujeira e p

    Exemplos de indicadores Resultados audit sobre os 5S Quantidade de impurezas, por causa dos materiais

    Objetivo 1: Reorganizar a linha

    Objetivo 2: Restaurar as condies das bases para bom funcionamento

  • Logistics

    219

    Step 1 Funilaria. Layout organizao lado da linha Implementar um layout de produo orientado ao produto e criar um fluxo com pea singular

    (balanceamento entre as diversas sees da linha e de cada estao da linha). Expandir o conceito de mnima movimentao do material. Reduzir os lotes passo a passo. Implementar sistemas de gesto das locaes para depsitos de componentes ao lado da linha e

    aplicar o FIFO em todos os artigos desses depsitos. Aplicar a gesto vista em todas as situaes possveis. Eliminao dos pontos de estocagem temporrios e retornos de linha.

    Exemplos de indicadores Percentual de artigos gerenciados FIFO Percentual de reduo dos tempos setup Nmero de novas aplicaes gesto a vista

    Step 1 Montagem. Limpeza inicial e ordem na rea Remover dos departamentos todo o material no necessrio No posicionar componentes diretamente no cho fora das reas de estocagem designadas e

    sem protees adequadas Aplicar aes corretivas para remover as fontes de sujeira e de p

    Exemplos de indicadores Espao recuperado para material Ausncia de material no cho Nmero de aes corretivas para remover a sujeira

    Instrumentos e mtodos do step 1 5W-1H 5 Why's Quick Kaizen Standard Kaizen Anlise das matrculas e do tipo de material, com a utilizao dos critrios dos padres Fiat Group

    Automobiles. Cost Deployment da logstica: as matrizes A, B, C, D, E do Cost Deployment podem ser utilizadas

    de maneira eficaz para individualizar e calcular os 18 desperdcios da Logstica e individualizar as reas de interveno prioritrias.

    VSM (Value Stream Map)

    Exemplos do step 1 Anlise das matrculas (estabelecimento de Cassino) e do Cost Deployment Logstica (estabelecimento de Mirafiori)

    Anlise das matrculas (mtodo indutivo para escolha da rea prioritria) Anlise do nmero de matrculas gerenciadas por unidades e linhas. Para a rea selecionada:

    classificao dos desenhos em classe A, B, C; classificao das modalidades de gesto (fluxo e chamada) e sinalizao de mritos com base nos padres Fiat Group Automobiles; classificao das UTE de acordo com os demritos dos desenhos gerenciados pela UTE.

  • Pilares Tcnicos

    220

    Figura 7.22

    Figura 7.21 Anlises registros: classificao do desgnio em classes A, B e C - Estabelecimento de Cassino, 2007

    Classificao da UTE em base aos demritos dos desenhos geridos pela UTE Estabelecimento de Cassino, 2007

    57%

    27%16%

    Classe A (Muitas variaes, grandes, custosas)A1 - Muitas variaes = Numerosasfamlia >= 3 (6 se dx + sx)A2 = Grandes = volume da pea >de 60 litrosA3 = Custosas* = Clculo valor mximoem base a avaliaoBase distinta

    Classe BNormais (todas noidentificadas nas classes A e C)

    Classe Cvolume da pea < 0,015 litros(Minuteria: parafusos, arroelas, porcas, etc.)

    * Se considera o valor modal de um produto analizando 100% da distinta base (A - Z). Ordenando os valores de forma decrescente, assim se identifica os componentes mais prximos do limite mximo, os quais, quando somados, devem ser cerca de 50% do valor total (incluindo os motores). Esse valor mximo (em ) aplica-se a todos os modelos/estabelecimentos.Deve-se adicionar a essa classe os materiais definidos como "preciosos" , em razo dos valores de mercardo interno/externo que passam a ter, mesmo que o seu valor seja menor que o valor mximo definido.

  • Logistics

    221

    O Cost Deployment logstico do estabelecimento utiliza tcnica e abordagem muito parecida com o que foi apresentado no pilar Cost Deployment, mesmo quando enfrenta os processos com suporte das atividades caractersticas com valor agregado dos estabelecimentos (transformao produtiva), na qual apresenta algumas especificidades. Em particular, o preenchimento em seqncia das matrizes tpicas do Cost Deployment permite sair das perdas ou desperdcios para as causas e sua eliminao. A Matriz A permite individualizar como so distribudas as perdas maiores, cruzando as reas e

    os tipos de perda (perdas relativas movimentao interna e externa e perdas relativas gesto dos estoques).

    Figura 7.23

    A Matriz B permite ressaltar as perdas e os desperdcios causais que esto na origem das perdas resultantes. Como j dito, oportuno sinalizar o tipo de perda especfica, nomeando-a de modo claro e explcito, para identificar a natureza causal (perdas pelo layout do estabelecimento, embalagens ruins, saturao, variaes produtivas, fornecedores, etc.), evitando e eliminando as descries muito genricas (por exemplo, gerenciais) ou que possam gerar confuso (como NVAA, para atividades de entrega handling -, para no confundir essa atividade com a definio normal relativa ao processo de transformao durante as afinaes sucessivas do CD logstico). O desenvolvimento do CD no mbito logstico deve tambm detalhar a relao causa e efeito at individualizar as perdas conseqentes, no somente em nvel famlia das perdas (relativas movimentao interna e externa e gesto dos estoques), mas tambm, pelo menos, em relao s 18 perdas principais, alm das reas onde elas se manifestam.

    Cost Deployment Logstico

    Exemplo da Matriz A - Primeira aplicao do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007

  • Pilares Tcnicos

    222

    Figura 7.24

    A Matriz C permite quantificar os desperdcios e as perdas atravs do clculo dos custos indutivos para cada um deles.

    Figura 7.25

    No incio da Matriz C, possvel individualizar alguns projetos de melhoramento pela utilizao da Matriz D.

    A Matriz D permite pensar na hiptese de eventuais intervenes de melhoramento e avaliar quais indicadores se beneficiariam e avaliar o ataque s perdas. Alm disso, auxilia a escolher os mtodos e os instrumentos de interveno.

    Exemplo de Matriz B - Primeira aplicao do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007

    Exemplo de Matriz C - Primeira aplicao do estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007

  • Logistics

    223

    Na figura seguinte, que mostra a Matriz D, aplicada na primeira tentativa em FGA em Mirafiori, possvel ver como foi decidido atacar as perdas maiores com alguns projetos de melhoramento especficos, cujos nomes esto indicados no lado direito da tabela.

    Figura 7.26

    A Matriz E permite uma avaliao direta dos custos/benefcios, pois, para cada interveno, so confrontadas as recuperaes das perdas em base anual com os custos necessrios para realizar a economia.

    Figura 7.27

    Exemplo de Matriz D - Primeira aplicao do Estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007

    Exemplo de Matriz E - Primeira Aplicao do Estabelecimento de Mirafiori, auditoria setembro 2007

  • Pilares Tcnicos

    224

    A Matriz F, enfim, permite o planejamento dos projetos para avanar, em termos operativos e de resultados econmicos.

    N.B.O caso acima descrito representa a primeira abordagem ao CD na rea de logstica em FGA, realizada em Mirafiori. Por essa razo, j em fase de evoluo, no pode ainda representar padro de acordo com o esprito WCM. O objetivo das afinaes em curso e futuras detalhar e remover as iniciais aproximaes relativas ao sistema de coleta de dados e de definio de cada perda na linha com a roadmap do estabelecimento.

    7.8.2 Step 2 Reorganizar a logstica interna

    O objetivo do step 2 rever os mtodos da logstica interna, para reduzir os buffers e as atividades sem valor agregado e os outros desperdcios logsticos.Um dos princpios inspiradores do step 2 a anlise do layout, dos fluxos e a escolha do layout mais adequado com critrios de progressividade.Na figura seguinte, so ilustrados os vrios tipos lgicos de layout produtivos: comeando pela tradicional produo ilhas com buffers intermedirios muito elevados e fonte de desperdcio, at o fluxo contnuo baseado em clulas sem estoques intermedirios. Para passar das ilhas produo em clulas, possvel passar por solues intermedirias de ilhas conectadas, ou seja, dotadas de esteiras para transporte dos semitrabalhados, com ilhas conectadas a sistemas de controle, que avisam (sinal pull) quando o semitrabalhado est pronto para a seguinte elaborao, eliminando assim os buffers.

    Tipos de layouts produtivosFigura 7.28

  • Logistics

    225

    Figura 7.29

    Na figura seguinte, vemos como vrios layouts apresentam caractersticas diferentes de eficincia, lead time, qualidade e outros desperdcios. A soluo em clulas a melhor, mas, todavia, no sempre aplicvel imediatamente, sendo necessrio, ento, transitar por meio de solues intermedirias. A configurao do layout com fluxo contnuo deveria ser a I, a L ou a U.

    Alm de intervir no layout da produo, possvel alterar tambm o layout dos almoxarifados ao lado da linha. Para efetuar as operaes de picking ou kitting, possvel utilizar um layout com prateleiras facilmente acessveis colocadas em U, mas, caso a caso, possvel desenvolver a forma na base do princpio de movimentao mnima de materiais e da saturao melhor das atividades de picking ou kitting. Na figura seguinte, vemos como um operador com um carrinho tipo supermercado passa entre as prateleiras e compe facilmente o carrinho com o mix de material necessrio para cada um dos pontos de utilizao, fornecidos na sesso da linha interessada.

    Evoluo dos diversos layouts

    Tipo

    EfeitoComentrios

    Eficincia Lead Time Qualidade Outros resduos

    Ilhas (aldeias - processo) Baixa Baixa Baixa Baixa

    Resduos na transferncia, problemas de programao, WIP elevado, retorno mnimo

    da qualidade

    Ilha conectada (atravs dos transportadores, controle parcial do

    trabalho)

    Um pouco melhor

    Um pouco melhor

    Um pouco melhor

    Um pouco melhor

    Ainda difcil de se adaptar troca de produo pedida.

    Um pouco menos de WIP (o quanto pode ser transportado)

    Ilha conectada (com com o controle total do

    trabalho)

    Um pouco melhor

    Um pouco melhor

    Um pouco melhor

    Um pouco melhor

    WIP menores e resduos menores na transferncia de

    semi-produtos

    Clulas (produo com fluxo contnuo) Alta Alta Alta Alta

    WIP mnimo, resduos mni-mos na transferncia. Retorno

    contnuo sobre a qualidade

  • Pilares Tcnicos

    226

    Figura 7.30

    Step 2 Prensas: Alimentao dos departamentos, no comeo Alimentar a quantidade de material certa ao lado da linha. Analisar os mtodos de fornecimento nas reas de alimentao das linhas de prensas. Analisar os mtodos de retirada no final das linhas de prensas. Eliminar os pontos de estocagem temporrios.

    Exemplos indicadores

    Nvel de coerncia tipo material-fluxo. Nmeros de pontos de estoques eliminados.

    Step 2 Funilaria: Alimentao da linha Alimentar a quantidade de material certa ao lado da linha. Analisar os mtodos de fornecimento nas reas de alimentao das linhas de funilaria principal:

    - alimentao sincronizada dos componentes;- alimentao direta dos componentes grandes;- alimentao atravs de prateleiras dos componentes pesados;- kitting para os materiais com muitas variaes;- kanban para os artigos normais;- abastecimento vazio contra cheio para artigos pequenos e de custo baixo;- analisar os mtodos de fornecimento dos materiais nas reas de alimentao das linhas de

    componentes de funilaria;- analisar os mtodos de retirada no final das linhas de funilaria;- eliminar os pontos de estocagem temporrios e os retornos de linha;

    Layout em U de uma rea de picking

    Atividade

  • Logistics

    227

    - aplicar o fornecimento com tempos fixos e quantidades variveis pelas longas distncias (exemplo do fornecedor)

    - aplicar fornecimentos com tempos variveis e com quantidades fixas para as distncias curtas (exemplo fornecimentos internos)

    Exemplos indicadores

    Coerncia metodolgica de alimentao da linha principal. Nmero de pontos de estocagem temporria eliminados.

    Step 2 Pintura: alimentao da linha Alimentar materiais na entrada sem sujeira. Utilizar agasalhos sem sujeira. Controlar as fontes de gerao de sujeira e p, incluindo o fator humano. Tomar contramedidas contra a queda e excesso de materiais "sigilantes".

    Exemplos indicadores

    Nmero de intervenes para reduo de fontes de sujeira, p.

    Step 2 Montagem: alimentao da linha Analisar os mtodos de fornecimento do depsito linha de montagem: - alimentao sincronizada de peas grandes e/ou caras (criar reas apropriadas de estocagem); - alimentao direta das peas grandes pelos fornecedores;- alimentao atravs de carrinhos planos (flat carriers) para artigos pesados; - kitting para artigos com numerosas variaes;- kanban para os artigos normais;- abastecimento vazio contra cheio para artigos pequenos e de custo baixo.

    Padronizao de expositores e plaquetas. Anlise do retorno de containers vazios e dos mtodos de estocagem dos componentes. Anlise dos mtodos de remoo de caixas e embalagens. Eliminao de reas de estoques temporrias.

    Exemplos indicadores Coerncia de sistemas de alimentao com princpios guia. Nmeros de reas temporrias de estoques eliminadas.

    Ferramentas

    Classificao dos materiais Kanban Kitting Controle Visual (Visual Control) Gesto de inventrios Check list peas faltantes Prazo de entregas Mixed delivery (rebocadores) Meios de coleta/recipientes que podem ser reutilizados Troca de embalagem Troca de percursos de fornecimento Layout

  • Pilares Tcnicos

    228

    7.8.2 Step 3 Reorganizar a logstica externa

    O objetivo do step 3 rever a logstica externa, em particular, a relao com fornecedores e sistema de transporte, para reduzir desperdcio, aumentar a eficincia dos meios e colocar em fluxo a produo e os fornecimentos.Existem cinco intervenes tpicas que foram utilizadas para melhorar o desempenho da logstica externa. Os primeiros so o transporte misto e a carga mista (milk-run). Nesses casos, necessrio carregar no mesmo caminho os produtos que chegam de fornecedores diferentes. Como vemos na figura seguinte, antes da mudana, cada fornecedor enviava o seu caminho; depois da mudana s tem um caminho que passa em todos os fornecedores. Desse modo, cada fornecedor pode fazer despachos menores, pois o caminho ser preenchido com os produtos de outros fornecedores. Essa soluo apresenta a vantagem de aumentar a saturao dos caminhes e aumentar a freqncia de chegada dos componentes e, ento, reduzir as dimenses mdias do lote de entrega, com conseqente reduo dos estoques no estabelecimento.A terceira interveno tpica que pode acontecer para reduzir os desperdcios a padronizao das embalagens. A quarta interveno para eliminar o desperdcio em estoque consiste em utilizar mais vezes possveis as entregas diretas do fornecedor linha de produo, sem deixar a mercadoria em depsitos intermedirios. Enfim, para reduzir os custos, necessrio utilizar o transporte disponvel, tambm para o transporte externo.

    Atividade

    Step 3 Prensa: Recebimento de material Aplicar sistemas de transporte misto/compartilhado e cargas mistas, para receber apenas a

    quantidade necessria com base no fichrio de produo fixado. Receber as matrias-primas (bobinas, etc.) com qualidade garantida, sem p/sujeira.

    Exemplos indicadores Nmero de matrculas transportadas por tipo de transporte (forklift, misto). Andamento da qualidade na entrada bobinas (resultados de inspees).

    Step 3 Funilaria: Recebimento de materiais Aplicar sistemas de transporte misto (compartilhado) e de carga mista, para receber s as

    quantidades necessrias com base no fichrio de produo fixado. Recebimento de pequena quantidade de cada artigo/componente. Levar o mais perto possvel do

    ponto de utilizao. Receber produtos de moldagem com zero defeito (seja do molde, seja dos fornecedores). Reduzir o tempo de estocagem dos artigos moldados, para evitar o acmulo de p/sujeira.

    Exemplos indicadores Nmero de aplicaes de transportes mistos. Nmero de artigos sujeitos ao autocontrole pelo fornecedor (mais descartes em linha).

    Step 3 Pintura: Recebimento de material Receber produtos da funilaria com zero defeito e sem sujeira/p.

    Exemplos indicadores Realizao do step: introduo de procedimentos que garantam o recebimento de produtos sem

    sujeira/p.

  • Logistics

    229

    Step 3 Montagem: Recebimento de material Aplicar sistema de transporte misto (compartilhado) e de carga mista, para receber s a quantidade

    necessria com base no fichrio de produo prefixado. Definir os padres para fornecer, na linha, a quantidade definida de componentes em regime de

    alimentao direta. Recebimento de material de acordo com os mtodos que garantam a qualidade sem p e

    sujeira. Estabelecer sistema de gesto do material de fcil aplicao.

    Exemplos indicadores Nmero de transportes/cargas mistas ativadas. Novos procedimentos e padres para alimentao direta da linha e eliminao de fontes de

    sujeira.

    Ferramentas

    Kanban Gesto de inventrios Check list de peas faltantes Tabela de controle das entregas Mixed ou shared transportation (milk-run) Meios de coleta/recipientes que podem ser reutilizados (dimenses padro) Troca de embalagem Mudanas dos percursos de transporte Figura 7.31 A logstica do transporte e seus benefcios (mixed ou shared transportation ou milk-run)

    Antes Depois

    Fornecedor A

    Fornecedor B

    Fornecedor C

    Nossos estabelecimentos

    Uma vez por dia

    Caminho da empresa de transporte

    Fornecedor A

    Fornecedor B

    Fornecedor C

    Nossos estabelecimentos

    Duas vezes por dia

    Nosso caminho levar as partes

    necessrias

    Entrega Direta60%

    1/d

    1/d

    1/dEntrega mista Aumentar a taxade carregamento

    Melhorar a freqnciade entrega

    Colocando as peas de volume reduzido e levando o caminho com partes de outras peas, aumenta a taxa de carregamento e melhora a freqncia de entrega

  • Pilares Tcnicos

    230

    7.8.4 Step 4 Nivelar a produo

    O objetivo do step 4 nivelar a produo em cada fase, para que entre as vrias fases do sistema produtivo no tenham buffers intermedirios. Isso significa que, por exemplo, o departamento das prensas deve produzir s a quantidade pedida pelo departamento de funilaria. Para fazer isso, precisa chegar a um sistema produtivo em que todas as suas fases consigam produzir baixas quantidades e elevada variedade, produzindo somente aquilo que serve, respeitando o plano, tambm, para os setup.

    7.8.5 Step 5 Refinar a logstica interna e externa

    O objetivo do step 5 aperfeioar a logstica externa e interna, intervindo em particular no ciclo completo de fornecimento das peas nas linhas de montagem e na realizao de lotes idnticos de produo, nas diversas fases de trabalho.Ter a mesma dimenso dos lotes nas diversas fases e o esforo para produzi-los na mesma seqncia e tempo oportuno, transportando-os no momento certo, conduz sincronizao do sistema inteiro.

    Ferramentas

    Fornecimento cclico Cadncia/lote nico Alinhar os fluxos (streamline flows) Troca de embalagens

    7.8.6 Step 6 Integrar a rede de venda, produo e compras

    No step 6, a integrao e a sincronizao so estendidos s vendas, distribuio e s compras para alcanar um sistema logstico integrado e criar um fluxo acurado. Isso pode ser obtido melhorando a flexibilidade e a capacidade de handling e definindo os mtodos e os procedimentos padres para recebimento e fornecimento das componentes.O step 6 realizado tambm por meio de um sistema de decises, que permite orientar as vendas em relao ao benefcio que ele provoca no fluxo manufatureiro (nivelamento), entendido como produo em cadeia dos fornecimentos. As decises que surgem permitem otimizar os resultados totais, por meio de uma negociao interna, que deve ser baseada no valor aportado na empresa para cada simples escolha, que deve ser guiada sempre por uma avaliao custo/benefcio. 7.8.7 Step 7 Adotar uma seqncia-mtodo de programao em tempo prefixado

    No step 7, o objetivo utilizar um mtodo de fichrio baseado em uma seqncia em tempo prefixado, para criar um fluxo totalmente sob controle. Isso pode ser obtido melhorando ainda mais o sistema logstico, at poder aplicar um sistema de fichrio em tempos prefixados e certos. O resultado o alcance da plena sincronizao entre vendas, produo, compras e fornecedores, chegando ao estoque mnimo de artigos no depsito. No tendo descarte e com a produo respeitando perfeitamente o plano, os automveis pedidos so produzidos a tempo e podem ser entregues ao cliente exatamente como ajustado. O fluxo permanecer ento completamente sob controle.

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    231

    7.9 Best practices

    O projeto de reengenharia entrega UTE no estabelecimento de Mirafiori, auditoria 2007

    Em Mirafiori, comearam as atividades do pilar logstico, seguindo o percurso em 7 steps.No step 1, foram classificados e controlados os materiais de acordo com o padro FGA, sendo ento classificados os locais de trabalho, atribuindo demritos em funo da densidade do material e de atividades com valor no agregado induzidas pela sua disposio.Para poder quantificar o desperdcio e a perda no mbito logstico, foram desenvolvidas as matrizes A, B, C do Cost Deployment logstico. A partir da Matriz C, foi desenvolvida a Matriz D e, ento, foram individualizados os projetos de melhoramento a ser ativados (Matriz E), que foram catalogados e controlados pela Matriz F. Entre esses, foi escolhida a reengenharia do abastecimento UTE 3 como um dos projetos que envolviam algumas das perdas logsticas mais elevadas do estabelecimento.Essas perdas se referiam gesto dos materiais e s condies do layout do estabelecimento. A partir da Matriz D, surgiram outros projetos, que enfrentaram outros tipos de perdas, sempre guiados pelas prioridades determinadas pelo custo das perdas e dos desperdcios detalhados na Matriz C, por meio de uma avaliao de tipo ICE (Impact, Cost, Easiness).

    Figura 7.32

    Em particular, entre as UTE's de Mirafiori, foi escolhida a UTE 3, pois parecia ser a mais crtica, de acordo com a anlise de classificao dos materiais e dos locais. Nessa UTE, comeamos com um projeto de Focused Improvement na rea Logstica (step 2). A anlise foi conduzida combinando o mtodo indutivo, parte do step 1, baseado na avaliao entre a incoerncia da classe de material e tipo de fluxo logstico utilizado em relao referncia World Class, integrado ao mtodo analtico do Cost Deployment. Na figura seguinte, as diversas UTE's da linha 1, dedicada ao Punto, Idea e Musa,

    Cost Deployment Logstica, maio 2007

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    232

    so classificadas com base na crtica total resultante da anlise. Podemos ver que a UTE 3 apresenta numerosas reas vermelhas e amarelas, que indicam a presena de elevadas criticidades.

    Figura 7.33

    O problema da UTE 3 era o lado da linha congestionado, a distncia entre o material e operador muito grande e a execuo de muitas atividades sem valor agregado (passos, procura, erros na escolha do material etc.). Na rea, j havia sido ativado um projeto de Workplace Organization, que instalara as bases para outro salto, em que era necessrio trabalhar no tipo de fornecimento do material. O objetivo colocado no projeto foi, ento, eliminar o material grande ao lado da linha (materiais abastecidos com empilhadeiras), trazer o material para perto do operador de linha (gold zone), pela utilizao de um carrinho com material seqenciado por kit-veculo e reduzir, ao mesmo tempo, as NVAA relativas aos passos ao apanhar o material ao lado da linha e a possibilidade de erro ao peg-lo, produzindo melhoramento na qualidade.

    Classificao UTE da linha 1 Mirafiori

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    233

    Foi aplicada a anlise do 5W e 1H. Em seguida, por meio da anlise da situao atual e a explorao das possveis solues, chegamos soluo do problema.

    Figura 7.34

    Isso consiste na realizao de dois sets de carrinhos seqenciados para kit veculos (lado direito e esquerdo) e de duas reas de picking (ou kitting) para a constituio de um kit veculo (lado direito e lado esquerdo). Em seguida, possvel visualizar o layout inicial, caracterizado por grande distncia entre a UTE e a preparao das seqncias e as duas reas de kitting, onde os kits veculos so preparados.

    Figura 7.35

    A aplicao da tcnica 5W e 1H

    Layout Inicial

    WHAT(OQUE)Sobrequallinhaverificadooproblema?Criticidade linha 1: linha com trs modelos, com o mais alto nmero de desenhos, com o mais alto nmero de rotao de contenintores.

    WHEN(ONDE)Quando,emquecircunstncia verificadooproblema?Linha promscua, trs modelos Punto, Idea, Musa

    WHERE (ONDE)Ondeverificadoaanomalia?

    A UTE 3 aquela com a classificao dos materiais e das estaes de trabalho mais crticas

    WHO(QUEM)Oproblemaligadoacapacidadeespecfica?Layout fsico da UTE

    WHICH(QUAL)Quaiscaractersticassoligadas ao problema?Lado linha congestionadoDistncia do material por empregado

    HOW (COMO)Comoverificadaaanomalia?Impossibilidade de inserir desenhos ulteriores (Musa FL) para lado linha

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    234

    Figura 7.36

    As vantagens obtidas pela rea de picking so as transparncias com os estoques, a separao entre atividades de fornecimento e atividades de montagem (lgica cirurgio-enfermeiro), com conseqente eliminao do tempo de procura e retirada dos componentes nas linhas, reduo dos movimentos (atividade sem valor agregado), reduo do material ao lado da linha e presena somente de peas boas na linha, melhoramento da qualidade produzida na primeira realizao do trabalho pela UTE.

    Conceito de rea de picking e a soluo do layout realizado

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    235

    Figura 7.37

    Depois das mudanas, os resultados obtidos podem ser resumidos nos seguintes pontos: passagem do fluxo do material a um fluxo mais prximo do ideal; melhoramento da qualidade do produto (deliberao do trecho aumentado para 97,5%, com

    aumento de 32%); melhoramento da parte crtica dos locais da UTE 3 de acordo com a classificao baseada na

    densidade e NVAA; melhoramento da saturao da linha (dessaturao mdia quase na metade); variao do custo handling, crescimento desconsidervel; eventual AGV, em substituio do rebocador, para regularizar o ciclo de fornecimento (com

    possvel posterior eficincia sobre o custo de handling). Essa alterao necessita da verificao tcnica da confiabilidade dos AGV.

    O projeto inclui tambm atividades de manuteno dos resultados (fase de ACT), baseadas principalmente na atualizao dos padres de rea, no desenvolvimento dos instrumentos para a formao dos operadores (OPLs, SOP etc.) Alm disso, na lgica do melhoramento contnuo, foram iniciadas algumas atividades de Kaizen sobre o sistema de fornecimento com carrinhos, para melhorar suas caractersticas de funcionamento. Foi tambm identificada como futura hiptese de melhoramento a aplicao de um sistema de AGV, para regularizar e melhorar a eficincia do sistema.

    Figura 7.38

    Melhoramento da qualidade produzida UTE 3, registrada em deliberao

    Melhoramento classificao posto da UTE 3 para criticidade logstica (vermelho e verde)

  • Pilares Tcnicos

    236

    OS NVEIS DE DESENVOLVIMENTO DE LOGISTICS

    0. Falta de considerao da sincronizao entre vendas, produo e compras. O nvel dos inventrios alto por via da carncia de JIT e da aplicao de mtodos tradicionais de produo. O princpio da minimizao da movimentao no ainda entendido e praticado.

    1. A montagem produz veculos baseados em ordens reais. Recebe materiais de forma organizada: Material volumoso, caro, componentes com muitas variaes: abastecimento se-

    qen ciado. Material normal: passagem gradual da alimentao tipo "patrulhamento" a forne-

    cimento cclico. Material econmico ou minuteria: com sistema pleno contra vazio. O nmero de carrocerias pintadas na montagem: cerca 160. A Funilaria produz os principais subgrupos num sistema produtivo por clulas, para

    reduzir os tempos de atravessamento e minimizar a movimentao de materiais. O nmero de carrocerias em chapa: cerca 80.

    Existem alguns aspectos de sincronizao entre Prensas e Funilaria. O nvel de estoque de peas pequenas acabadas das Prensas superior a cinco

    dias2. Existem vrias atividades para criar um fluxo em todo o estabelecimento. No so

    aplicadas somente movimentaes internas mixadas, mas tambm transportes mixados (compartilhados) para os materiais comprados dos fornecedores, com o escopo de reduzir o tempo de espera (lead time) e maximizar os giros de estoque. A sincro ni zao entre compras e linha de montagem est bem consolidada. O FIFO aplicado.

    Na montagem:Para o material volumoso, so aplicadas entregas diretas dos fornecedores linha,

    sem passagem em almoxarifados ou centros de consolidao. A padronizao das dimenses das embalagens est bem consolidada. Todo o material no mais fornecido pela inspeo dos abastecedores de linha, mas

    ciclicamente, por um sistema de chamada.Na Pintura: O nmero de carrocerias pintadas na montagem: cerca 120.Na Funilaria:O nmero de carrocerias em chapa na pintura: cerca 60.Nas Prensas:O nvel de estoque das peas pequenas acabadas nas Prensas de cerca de quatro

    dias.3. Cada esforo da diretoria comercial para vender, to uniformemente quanto possvel

    veculos, para estabelecer uma produo nivelada, criar um fluxo homogneo em todo o estabelecimento. A logstica interna e externa so continuamente refinadas, para minimizar a movimentao e melhorar a visibilidade. No estabelecimento, a produo sincronizada para todas as partes principais realizadas internamente (make). FIFO aplicado em muitos materiais. Os nveis de estoque so: Na Montagem: Material volumoso, caro, com muita variao: mximo duas horas Material normal: mximo dois dias Material barato ou minuteria: mximo sete dias

  • Logistics

    237

    Na Pintura: O nmero de carrocerias pintadas: cerca 80 Na Funilaria: O nmero de carrocerias em chapa na pintura: cerca 40 Nas Prensas:Peas acabadas estampadas: cerca trs dias

    4. As funes vendas, distribuio, produo e compras esto completamente integradas, para criar um fluxo exato do recebimento da ordem entrega. FIFO aplicado para a maior parte do material. O giro de estoque superior a 25. O nvel de estoque : Na Montagem: Material volumoso, caro, com muitas variantes: mximo uma hora Material normal: mximo um dia Material econmico ou minuteria: mximo cinco dias Na Pintura: O nmero de carrocerias pintadas na montagem: cerca 60 Na Funilaria: O nmero de carrocerias em chapa na pintura: cerca 30 Nas Prensas:Peas acabadas estampadas: cerca dois dias

    5. O mtodo da programao de seqncia rgida aplicado em todo o estabelecimento. Existe uma plena sincronizao entre vendas, distribuio, produo e compras, para criar um fluxo controlado para o recebimento da ordem entrega. O Lead Time do recebimento da ordem entrega rede de vendas de cinco dias. O conceito de minimizar a movimentao bem entendido e colocado em prtica. FIFO aplicado na totalidade dos materiais. O giro de estoque superior a 40. O nvel de estoque : Na Montagem: Material volumoso, caro, com muita variao: mximo 30 minutos Material normal: mximo meio dia Material econmico ou minuteria: mximo dois a trs dias Na Pintura: O nmero de carrocerias na montagem: cerca 40 Na Funilaria: O nmero de carrocerias em chapa na pintura: cerca 20 Nas Prensas:Peas acabadas estampadas: um dia

    N.B. Os critrios de avaliao acima descritos apresentam caractersticas gerais. Faz referncia aos critrios especficos por unidade operativa.