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AVISOS LEGAIS

O conteúdo desta dissertação reflete as perspetivas, o trabalho e as interpretações

do autor no momento da sua entrega. Esta dissertação pode conter incorreções, tanto

conceptuais como metodológicas, que podem ter sido identificadas em momento

posterior ao da sua entrega. Por conseguinte, qualquer utilização dos seus conteúdos

deve ser exercida com cautela.

Ao entregar esta dissertação, o autor declara que a mesma é resultante do seu

próprio trabalho, contém contributos originais e são reconhecidas todas as fontes

utilizadas, encontrando-se tais fontes devidamente citadas no corpo do texto e

identificadas na secção de referências. O autor declara, ainda, que não divulga na

presente dissertação quaisquer conteúdos cuja reprodução esteja vedada por direitos de

autor ou de propriedade industrial.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, sem os quais esta jornada não tinha sido possível. Por confiarem

em mim e por disponibilizarem todo o seu apoio e carinho, ainda que à distância.

À Professora Doutora Selene Vicente, por ter permitido a concretização deste

projeto e por me ter orientado em todas as duas fases; pela sua disponibilidade e

dedicação enquanto orientadora.

À Doutora Marisa Filipe, que foi um ajuda crucial neste trabalho; por todo o seu

apoio e presença.

Ao Rui, por me ter aturado nesta fase complicada; fico muito feliz por termos

feito este caminho juntos.

Aos meus amigos que, apesar de estarem espalhados por todo o mundo, sempre

estiveram lá para ouvir os meus desabafos e para me animar; vocês sabem quem são.

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Resumo

As Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) são perturbações

neurodesenvolvimentais que se caracterizam por défices persistentes na comunicação e

interação social em vários contextos, e também por padrões de comportamentos, interesses

e atividades restritos e repetitivos (Roth, & Rezaie, 2011). O aumento de prevalência das

PEA e o seu enorme impacto no desenvolvimento tornam urgentes a necessidade da sua

sinalização precoce, no sentido de promover o acesso à intervenção precoce que tem

demonstrado ser eficaz no desenvolvimento da comunicação, do QI e da capacidade de

adaptação desta população clínica (Ben-Sasson & Carter, 2012). Neste sentido, os

marcadores precoces do autismo têm sido identificados através de fenótipos

comportamentais, como medidas de relato parental (Muratori et al, 2011). O presente

estudo tem um cariz exploratório e retrospetivo, analisando o potencial de duas medidas de

relato parental de sinalização precoce das crianças em risco de PEA: a Communication and

Symbolic Behavior Scales (CSBS; Wetherby & Prizant, 2002) e o First Year Inventory

(FYI; Baranek, Watson., Crais, & Reznick, 2003). Para tal, foi utilizada uma amostra de

40 crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 5 anos de idade, tendo sido

emparelhada de maneira a constituir um grupo controlo (n = 20) com desenvolvimento

típico, e um grupo clínico (n = 20) com diagnóstico de PEA. Os resultados mostraram que

os dois grupos apresentaram sistematicamente resultados significativamente diferentes em

ambas as escalas ao nível das pontuações totais, domínios, compósitos e respetivos itens.

Em relação à CSBS, as pontuações significativamente superiores do grupo controlo

indiciam um desenvolvimento típico, enquanto que as pontuações inferiores do grupo

clínico remetem para possíveis alterações do desenvolvimento. Em relação ao FYI, as

pontuações significativamente inferiores do grupo de controlo sugerem um risco reduzido

de alterações desenvolvimentais, ao contrário do grupo de clínico cujas pontuações

elevadas indiciam sinais de risco. Os compósitos significativos comuns aos dois

instrumentos dizem respeito à comunicação, aos gestos e à imitação, sendo potenciais

candidatos a marcadores precoces do autismo. O presente estudo fornece um contributo no

âmbito do estudo dos marcadores precoces do autismo em Portugal, servindo de ponto de

partida para outros estudos que analisem a eficácia da CSBS e FYI na população

portuguesa, tanto retrospetivamente como longitudinalmente.

PALAVRAS-CHAVE: Perturbações do Espectro do Autismo (PEA), Communication

and Symbolic Behavior Scales (CSBS), First Year Inventory (FYI).

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Abstract

Autism Spectrum Disorders (ASD) are neurodevelopmental disorders characterized by

persistent deficits in communication and social interaction in various contexts, as well

as by restrictive and repetitive behavior, interests and activity patterns (Roth & Rezaie,

2011). The increased prevalence of ASD and their enormous impact on development

make urgent the need for their early signaling, in order to promote access to early

intervention, which has been shown to be effective in developing the communication,

IQ and adaptive capacity of this population (Bem-Sasson & Carter, 2012). In this sense,

the early markers of autism have been identified through behavior phenotypes, such as

parental reporting measures (Muratori et al., 2011). The present study has an

exploratory and retrospective character, analyzing the potential of two measures

parental report for early screening through of children at risk of ASD: the

Communication and Symbolic Behavior Scale (CSBS; Wetherby & Prizant, 2002) and

the First Year Inventory (FYI; Baranek, Watson, Crais & Reznick, 2003). For this

purpose, a sample of 40 children, aged from 2 to 5 years old, was used, being paired to

form a control group (n = 20) with typical development, and a clinical group (n = 20)

with a diagnosis of ASD. The results showed that the two groups had systematically

significantly different results in both scales on total scores and its domains, constructs

and respective items. Regarding the CSBS, the significantly higher scores of the control

group indicate a typical development, whereas the lower scores of the clinical group

refer to possible developmental disorders. Regarding the FYI, the significantly lower

scores of the control group suggest a reduced risk for developmental disorders, unlike

the clinical group, whose high scores indicate signs of risk. The significant constructs

common to both instruments are communication, gestures and imitation, and are

potential candidates for early markers of autism. The present study provides a

contribution to the investigation of the early markers of autism in Portugal, serving as a

starting point for other studies that would analyze the efficacy of CSBS and FYI in the

portuguese population, both retrospectively and longitudinally.

KEY-WORDS: Autism Spectrum Disorders (ASD); Communication and Symbolic

Behavior Scales (CSBS); First Year Inventory (FYI)

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Résumé

Les Troubles du Spectre de l'Autisme (TSA) sont des troubles neurodéveloppementaux

caractérisés par des déficits persistants dans la communication et l'interaction sociale

dans divers contextes, ainsi les modes de comportement, les interêts et les modèles

d'activité restrictifs et répétitifs (Roth & Rezaie, 2011). La prévalence accrue des TSA

et leur énorme impact sur le développement rendent urgente la nécessité de leur

signalisation précoce afin de favoriser l'accès à une intervention précoce qui s'est

révélée efficace pour développer la communication, le QI et la capacité d'adaptation de

cette population (Bem -Sasson et Carter, 2012). En ce sens, les premiers marqueurs de

l'autisme ont été identifiés par des phénotypes comportementaux, tels que les mesures

de déclaration parentale (Muratori et al., 2011). La présente étude a un caractère

exploratoire et rétrospectif, analysant le potentiel de deux mesures du rapport parental

pour le dépistage précoce des enfants à risque de TSA: Communication and Symbolic

Behavior Scale (CSBS, Wetherby & Prizant, 2002) et First Year Inventory (FYI,

Baranek, Watson, Crais et Reznick, 2003). A cette fin, un échantillon de 40 enfants a

été utilize entre l’âge de 2 à 5 ans, pour former un groupe associé (n = 20) avec un

développement typique et un groupe clinique (n = 20) avec un diagnostic de TSA. Les

résultats ont montré que les deux groupes avaient systématiquement des résultats

significativement différents dans les deux échelles sur les scores totaux et ses domaines,

construits et éléments respectifs. En ce qui concerne le CSBS, les scores

significativement plus élevés du groupe associé indiquent un développement typique,

tandis que les scores inférieurs du groupe clinique se rapportent à des troubles du

développement possibles. En ce qui concerne le FYI, les scores significativement plus

faibles du groupe associé suggèrent un risque réduit de troubles du développement,

contrairement au groupe clinique, dont les scores élevés indiquent des signes de risque.

Les constructions significatives communes aux deux instruments sont la

communication, les gestes et l'imitation, et sont des candidats potentiels pour les

premiers marqueurs de l'autisme. La présente étude fournit une contribution à l'étude

des premiers marqueurs de l'autisme au Portugal, servant de point de départ à d'autres

études qui analyseraient l'efficacité de CSBS et FYI dans la population portugaise,

rétrospectivement et longitudinalement.

MOTS-CLÉS: Troubles du Spectre de l'Autisme (TSA), Communication and Symbolic

Behavior Scales (CSBS); First Year Inventory (FYI).

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Índice

1. Introdução ................................................................................................................... 1

1.1. Marcadores Precoces das PEA ....................................................................... 4

1.1.1. Interação Social .............................................................................................. 4

1.1.2. Linguagem ...................................................................................................... 6

1.1.3. Comportamentos restritivos e repetitivos ....................................................... 7

1.1.4 Outros Marcadores referidos recentemente na literatura ................................. 8

2. Método ....................................................................................................................... 17

2.1. Participantes ...................................................................................................... 17

2.2. Material ........................................................................................................... 21

2.3 Procedimento ...................................................................................................... 22

3. Resultados ................................................................................................................. 23

3.1. CSBS ................................................................................................................... 23

3.1.1. Análises preliminares da escala CSBS ......................................................... 23

3.1.2. Resultados na escala CSBS .......................................................................... 24

3.2. FYI ...................................................................................................................... 27

3.2.1. Análises preliminares do inventário FYI ...................................................... 27

3.2.2. Resultados do Inventário FYI ....................................................................... 27

4. Discussão ................................................................................................................... 32

5. Conclusão .................................................................................................................. 38

6. Referências Bibliográficas ....................................................................................... 41

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Índice de Anexos

Anexo 1 Carta informativa destinada aos cuidadores

Anexo 2 Consentimento informado

Anexo 3 Questionário de recolha de dados sociodemográficos – grupo

Controlo

Anexo 4 Questionário de recolha de dados sociodemográficos – grupo

Clínico

Anexo 5 Questionário específico sobre questões de diagnóstico de PEA

Anexo 6 Aprovação da comissão de ética da Faculdade de Psicologia e de

Ciências da Educação da Universidade do Porto

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Índice de Quadros

Quadro 1 Sistematização dos principais resultados sobre marcadores

precoces das PEA.

Quadro 2 Distribuição dos participantes do grupo clínico (N=20) e do grupo

controlo (N = 20) por subgrupo de idade.

Quadro 3 Distribuição dos participantes do grupo clínico (N=20) e do grupo

controlo (N = 20) em função do género.

Quadro 4

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada

um dos compósitos da CSBS, separadamente para cada grupo

(clínico e de controlo).

Quadro 5

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada

um dos itens da CSBS, separadamente para cada grupo (clínico e

de controlo).

Quadro 6

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada

um dos compósitos do FYI, separadamente para cada grupo

(clínico e de controlo).

Quadro 7

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada

um dos itens do FYI, separadamente para cada grupo (clínico e de

controlo).

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Lista de Abreviaturas

ADOS Autism Diagnostic Observational Scale

AOSI Autism Observational Scale for Infants

CDI McArthur Communicative Development Inventory

CSBS Communication and Symbolic Behavior Scales

FE Funções executivas ou Funcionamento executivo

FYI First Year Inventory

IBQ/ECBQ Infant Behavior Questionnaire/Early Childhood Behavior

Questionnaire

M-CHAT Modified Checklist for Autism in Toddlers

MSEL Mullen Scales of Early Learning

NSE Nível Socioeconómico

PD Perturbação do Desenvolvimento

PEA Perturbações do Espectro do Autismo

STAT Screening tool for autism in two-year-old

VABS Vineland Adaptive Behavior Scales

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1. Introdução

As Perturbações do Espectro do Autismo (PEA) são um tipo de perturbações

neurodesenvolvimentais que resultam de um padrão de desenvolvimento cerebral atípico

que, na maioria das vezes, começa antes do nascimento ou durante os primeiros anos de

vida e tem consequência vitalícias (Wing, 2006). De acordo com as perspetivas mais

recentes, as PEA são caracterizadas por défices na interação social e na comunicação social

e também pela presença de padrões de comportamento ou interesses repetitivos e

restritivos (American Psychiatric Association, 2013; World Health Organization, 1993).

A sua prevalência mundial é de cerca de 62 casos por cada 10,000 indivíduos (e.g.,

Elsabbagh et al., 2012a). Em Portugal Continental a prevalência é de cerca de 9.2 casos

para cada 10,000 crianças em idade escolar e de 15.6 casos na Região Autónoma dos

Açores (Oliveira et al, 2007). As PEA constituem uma perturbação hereditária, sendo que

as taxas de recorrência no seio das famílias atingem os 11% (cf. Constantino, Zhang,

Frazier, Abbacchi, & Law, 2010; Hallmayer et al., 2011). Os irmãos de crianças com PEA

representam um grupo de alto risco, pois a sua estimativa de recorrência pode atingir os

19%, taxa de incidência muito mais elevada do que entre outros familiares e na população

em geral (e.g., Georgiade et al., 2013; Ozonoff et al., 2011).

O aumento a nível internacional da prevalência das PEA e o comprometimento

associado às mesmas, tornam urgente e muito relevante a necessidade de criação e

validação de medidas que permitam identificar esta problemática o mais precocemente

possível (Ben-Sasson & Carter, 2012). A identificação precoce das PEA é crucial para

promover o desenvolvimento de capacidades essenciais que são adquiridas durante a

infância (e.g., atenção conjunta, jogo simbólico) e que são fundamentais para o

desenvolvimento das relações sociais, sucesso académico, e independência na vida futura

(Turner-Brown, Baranek, Reznick, Watson, & Crais, 2013).

Dada a inexistência de exames médicos e marcadores biológicos que permitam

identificar com eficácia as PEA, a investigação tem-se concentrado nos fenótipos

comportamentais para detetar os marcadores precoces do autismo (Muratori et al, 2011). A

utilização e validação deste tipo de instrumentos é essencial pois, apesar da idade média

referida mundialmente para o diagnóstico de PEA ser os 3 anos de idade (Daniels &

Mandell, 2014), na grande maioria dos casos os sintomas podem ser observados muito

mais cedo. Os primeiros sinais de alerta para PEA surgem entre o primeiro e o segundo

ano de vida, sendo que o atraso no início da fala tende a constituir a primeira preocupação,

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geralmente por volta dos 18 meses (Zwaigenbaum, Bryson, & Garon, 2013). No entanto,

há um vasto leque de evidências científicas que comprovam a existência de outros

marcadores precoces das PEA, evidentes antes dos 18 meses, tais como a falta de

responsividade ao nome, o praticamente inexistente direcionamento do olhar para os

outros, alterações motoras, e capacidade de imitação limitada (e.g., Landa, Holman, &

Garrett-Mayer, 2007; Macari et al., 2012; Mitchell el al., 2006). Muitos estudos

verificaram que estas alterações são visíveis já no primeiro ano de vida, afetando o

desenvolvimento motor, social, e a comunicação (e.g., Chawarska, Macari, & Shic, 2013;

Elsabbagh et al., 2011). Por exemplo, como a comunicação está profundamente

comprometida nas PEA, os atrasos na utilização de gestos e outras capacidades básicas

(e.g., vocalizações precoces e linguagem recetiva) podem ser identificados antes da

produção das primeiras palavras faladas (Mitchell el al, 2006), devendo ser monitorizados

através do relato parental.

Devido à relevância do estudo dos marcadores precoces, a investigação tem

dirigido atenção para a construção de instrumentos de rastreio com o objetivo de identificar

crianças em risco para PEA, bem como outras alterações do desenvolvimento. Alguns

destes instrumentos que emergem nas décadas de noventa e dois mil são: (1) a Checklist

for Autism in Toddlers (CHAT; Baron-Cohen, 1992), que foi o primeiro instrumento de

rastreio criado especificamente para as PEA. No entanto, os estudos longitudinais

mostraram que a sua sensibilidade é baixa, pelo que o seu uso não é aconselhado (Baird et

al., 2000); (2) Modified Checklist for Autism in Toddlers (M-CHAT; Robins, Fein, Barton,

& Green, 2001), um instrumento de rastreio para as PEA com base no relato parental

(constitui a versão modificada da CHAT) que abarca aspetos do desenvolvimento e

comportamento de crianças dos 16 aos 30 meses de idade. Os estudos não referem a sua

sensibilidade e especificidade, mas reportam um grande número de falsos positivos

(Chlebowski, Robins, Barton, & Fein, 2013; Kleinman et al., 2008). Esta escala está

adaptada para a língua portuguesa e tem sido usada em estudos exploratórios portugueses

(e.g., Barbot, 2010); (3) Quantitative Checklist for Autism in Toddlers (Q-CHAT; Allison

et al, 2008), uma escala de Likert de 5 pontos que surge no seguimento da CHAT,

abrangendo um maior leque de marcadores de risco para PEA. Pode ser usada em crianças

dos 18 aos 24 meses e estudos recentes indicam uma sensibilidade de 91% e especificidade

de 89% (Allison, Auyeung, & Baron-Cohen, 2012). A versão reduzia de 10 itens (Q-

CHAT-10) encontra-se traduzida para o Português Europeu (Filipe, Vicente, & Frota,

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2017), não existindo ainda estudos de validação; (4) Screening tool for autism in two-year-

old (STAT; Stone, Coonron, & Ousley, 2000), uma medida criada com o objetivo de

identificar crianças em risco entre os 24 e os 36 meses de idade com recurso a atividades e

brinquedos. A sua sensibilidade é de 83% e especificidade de 86%. É um instrumento que

não se encontra adaptado para o Português Europeu; (5) Early Screening of Autistic Traits

questionnaire (ESAT; Swinkels et al., 2006), construída para avaliar crianças dos 0 aos 36

meses, com base numa lista de 14 itens. Os vários estudos não indicam os seus valores de

sensibilidade e especificidade mas não a recomendam como instrumento de rastreio (Dietz,

Swinkels, Daalen, Engeland, & Buitelaar, 2006), não se encontrando traduzida para o

Português Europeu; (6) Autism Observational Scale for Infants (AOSI; Bryson,

Zwaigenbaum, McDermott, Rombough, & Brian, 2008), desenvolvida com o objetivo de

identificar e monitorizar marcadores precoces do autismo em crianças de alto risco, a partir

dos 6 meses de idade, com base na interação estruturada com o examinador. É uma escala

que não se encontra adaptada para o Português Europeu.

É de salientar que muitos dos instrumentos anteriormente referidos não identificam

com eficácia, tão precocemente quanto o desejável, crianças em risco de PEA. De salientar

também que a maioria deles não se encontra validado para o Português Europeu, exigindo

quase todos formação especializada e experiência profissional para que possam ser

administrados. Uma forma de contornar esta situação surge com o aparecimento de

medidas de rastreio com base no relato parental, de fácil aplicação, que permitem

identificar eficazmente durante o primeiro ano de vida crianças em risco. Uma destas

medidas é a Communication and Symbolic Behavior Scale (CSBS; Wetherby & Prizant,

2002) que tem como objetivo a avaliação das capacidades de comunicação funcionais de

crianças dos 6 meses aos 2 anos de idade. Esta escala abrange três grandes domínios de

relevância nas PEA: socialização, fala, e representação simbólica. Tem-se demonstrado ser

eficaz na identificação de crianças que mais tarde são diagnosticadas com PEA (Landa et

al., 2007). Por outro lado, o First Year Inventory (FYI; Baranek, Watson., Crais, &

Reznick, 2003) é um inventário parental de identificação precoce das PEA e outras

perturbações desenvolvimentais, específico para os 12 meses de idade. Este inventário

diferencia-se por fornecer uma grande variedade de opções de respostas, não limitando os

cuidadores a escolher entre a presença ou a ausência de um dado comportamento. O FYI

abrange dois domínios desenvolvimentais: o sócio comunicativo e o sensorial-regulatório.

É um instrumento que tem permitido identificar com eficácia e precocemente crianças que

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mais tarde são diagnosticadas com PEA, quer em estudos prospetivos (e.g., Rowberry et al.

2015; Turner-Brown et al., 2013), como em estudos retrospetivos (e.g., Watson et al.,

2007).

A investigação dos marcadores precoces das PEA constitui uma área relativamente

recente de investigação mas, devido à sua grande relevância e implicações clínicas, já

conta com inúmeros contributos e estudos (Jones et al., 2014). De referir que em Portugal

este domínio de investigação não tem sido explorado, existindo um único estudo publicado

por Ferreira & Oliveira em 2016. A maioria dos estudos tem-se focado na aplicação de

medidas de rastreio a partir dos 12 meses de idade, sendo que é nesta idade que os défices

na resposta social se tornam mais evidentes (Landa et al., 2007; Rozga et al., 2011; Yoder,

Stone, Walden, & Malesa, 2009). Como tal, passaremos a analisar os principais

marcadores precoces que podem ser observados a partir do primeiro aniversário da criança.

No Quadro 1 apresentamos uma sistematização dos principais estudos realizados neste

domínio específico de investigação. Neste quadro disponibilizamos informação sobre os

participantes, a metodologia e os resultados encontrados para um total de 34 estudos

consultados, sendo que a maioria foi publicado nos últimos 7 anos. Para além do critério

temporal, os estudos foram selecionados também pela metodologia utilizada,

nomeadamente o número de participantes, a idade destes (abrangendo, na maioria, o

período temporal dos 12 meses) e os materiais utilizados, dando preferência aos estudos

que recorreram aos instrumentos de relato parental.

1.1. Marcadores Precoces das PEA

Irão ser apresentados de seguida as principais investigações realizadas do âmbito dos

marcadores precoces das PEA. Inicialmente, irão ser abordados os marcadores que geram

maior concordância na investigação e os sistemas de classificação – a interação social, a

linguagem e os comportamentos restritivos e repetitivos; de seguida, irão ser analisados

outros marcadores que têm vendo a ganhar destaque na investigação mais recentes – as

funções executivas, o desenvolvimento motor e o temperamento.

1.1.1. Interação Social

De uma maneira geral, os défices na interação social revelam-se pelos seguintes

comportamentos: reduzido uso de comportamentos não-verbais (e.g., expressões faciais,

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gestos) com vista à regulação das interações sociais; dificuldade em estabelecer relações

com os pares; a não procura espontânea do outro para partilhar interesses (e.g., mostrar, dar

e apontar); falta de reciprocidade social e emocional (e.g., a não participação em

brincadeiras sociais simples; cf. Jones, Gliga, Bedford, Charman, & Johnson, 2014); e a

diminuição da frequência de estímulos sociais, do balbucio complexo, da produção de

palavras e da imitação (Baranek, 1999).

Crianças de 6 meses que mais tarde desenvolvem PEA parecem fazer um uso

relativamente bem-sucedido de pistas comunicativas e emocionais para regular as

interações sociais (Rozga et al., 2011). No entanto, aos 12 meses de idade, este cenário

parece alterar-se. Diversos estudos verificaram que crianças com diagnóstico de PEA,

quando tinham 12 meses produziam menos gestos do que os seus pares com

desenvolvimento típico (Rozga et al., 2011; Talbott, Nelson, & Tager-Flusberg, 2013;

Zwaigenbaum et al., 2005;). Para além disso, nesta idade, as caraterísticas da própria

relação mãe-filho (e.g., não-diretividade, afetos positivos e mutualidade) podem limitar a

capacidade da criança para iniciar interações sociais e serem preditivas do diagnóstico aos

36 meses (Wan et al., 2013).

A ausência de resposta por parte de crianças de alto risco às tentativas de interação

por parte dos pais tem sido estudada de forma sistemática na literatura. Nomeadamente,

aos 12 meses, estas parecem compreender menos frases e mostram em geral mais

dificuldades do que um as de desenvolvimento típico em responder adequadamente às

pistas sociais produzidas pelos seus pais (Mitchell el al., 2006). Este resultado é consistente

com o relatado por Ozonoff e colaboradores (2010), que verificaram que aos 12 meses as

crianças olhavam com menos frequência para faces e produziam menos vocalizações

dirigidas ao outro durante a avaliação cognitiva; aos 18 meses, mostravam também um

reduzido nível de sorriso social. Os pais relataram também a quase inexistência de sorriso

durante as tarefas do dia-a-dia com os seus filhos entre os 14 e os 24 meses (Clifford et al.,

2013), bem como os descrevem como menos afáveis (Clifford et al., 2013; Landa et

al.,2007). Para além disso, parece haver deficiências na regulação do comportamento com

base nos sinais emocionais dos adultos em crianças dos 17 aos 20 meses (Cornew,

Dobkins, Akshoomoff, McCleery, & Carver, 2012).

Estas dificuldades em interpretar as pistas sociais têm sido constantemente

observadas em diversos estudos (e.g., Bedford et al., 2012; Landa et al., 2007; Sullivan et

al., 2007; Yoder et al., 2009), verificando-se que crianças de 13 a 30 meses que mais tarde

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foram diagnosticadas com PEA, apresentavam dificuldades em estabelecer a atenção

conjunta com o outro e a regular as interações sociais com base nas pistas sociais

fornecidas. No entanto, há evidência de que estas capacidades também estão

comprometidas nesta idade em crianças com outras alterações desenvolvimentais, como

atrasos sócio-comunicativos, atipicidades linguísticas (ecolalia) e sensoriais que não

resultem em diagnóstico de PEA (Macari et al., 2012).

Para além da dificuldade em interpretar e responder às pistas sociais dos outros, as

crianças que mais tarde são diagnosticadas com PEA parecem prestar menos atenção aos

seus pais durante uma interação naturalista (Wan et al., 2013), bem como aos profissionais

de saúde aquando da aplicação de uma escala (Macari et al., 2012). Dificuldade em captar

a atenção das crianças de alto risco também parece ser um indicador precoce, pois entre os

12 e os 14 meses estas diferenciam-se das de baixo risco pela menor reatividade ao nome

(cf. Nadig et al., 2007).

Resumindo, as crianças com PEA parecem apresentar uma menor motivação e

recursos exigidos para a troca de intenções comunicativas através do uso de ações (e.g.,

gestos, produção de sons da fala e palavras) no sentido de partilhar experiências ou pedir

ajuda a alguém, havendo assim um menor desenvolvimento da motivação para a

abordagem social e para a orientação social (Landa et al., 2007).

1.1.2. Linguagem

Défices na linguagem em crianças com PEA incluem: o atraso ou a ausência da

linguagem falada que não seja compensado por outras formas de comunicação; défices na

capacidade de iniciar ou manter uma conversa com os outros; uso estereotipado ou

repetitivo da linguagem; e falta de jogo simbólico espontâneo e imitação apropriada ao

nível desenvolvimental da criança (Young et al., 2011).

Diversos estudos realizados com recurso a diferentes inventários parentais têm

reunido evidência que sugere que crianças que são mais tarde diagnosticadas com PEA,

quando têm 12 a 14 meses, apresentam atrasos na linguagem recetiva, compreendendo

menos frases simples do que os pares com desenvolvimento típico (Mitchell et al., 2006;

Zwaigenbaum et al., 2005). Aos 14 meses as diferenças na linguagem expressiva tornam-

se mais evidentes como, por exemplo, a menor produção de consoantes em sílabas (Landa

et al., 2007); no entanto, estas dificuldades podem surgir mais cedo, por volta dos 12 meses

(Zwaigenbaum et al., 2005). Aos 18 meses, défices na compreensão de palavras isoladas

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são acrescidos a estas dificuldades emergentes (Mitchell et al., 2006). É também a partir

desta idade que o atraso na produção da fala normalmente começa a preocupar os pais,

sendo que as crianças de risco para PEA produzem menos palavras do que o esperado

(Mitchell el al, 2006). É de referir que num estudo realizado em Portugal por Ferreira &

Oliveira (2016) verificou-se que a idade de aquisição das frases se correlacionou mais

fortemente com o diagnóstico de PEA, em comparação com a idade de aquisição de

primeiras palavras e outros marcadores motores e regulatórios.

Outros estudos têm identificado atipicidades na produção fonémica entre os 6 e os

12 meses como, por exemplo, diferenças na produção de consoantes (Paul, Fuerst,

Ramsay, Chawarska, & Klin, 2011) e entoações atípicas (Macari et al., 2012). No entanto,

nem toda as evidências empíricas apontam para atrasos na linguagem. Por exemplo, Hudry

e colaboradores (2013) avaliaram a compreensão da linguagem através de 3 escalas em

crianças de alto e baixo risco aos 6-9 meses e aos 12-14 meses. Verificaram que os grupos

de alto risco apresentavam menor vocabulário recetivo aos 12 meses. No entanto, estas

diferenças não se encontravam relacionadas com o diagnóstico de PEA e também não

foram verificadas diferenças na linguagem recetiva em nenhum grupo de idade.

Resumindo, a partir dos 12 meses de idade, começam a ser notórios défices ao nível

da compreensão da linguagem recetiva e atrasos na produção da linguagem (Landa et al.,

2007; Mitchell et al., 2006; Zwaigenbaum et al., 2005), para além de diferenças mais

subtis, como atipicidades na entoação e na produção fonémica (Paul et al., 2011; Macari et

al., 2012). No entanto, não está claro a partir de que idade estes marcadores são mais

evidentes, e nem todos os estudos os identificaram como estando relacionados com as PEA

(Hudry et al., 2013).

1.1.3. Comportamentos restritivos e repetitivos

Marcadores precoces neste domínio incluem preocupações e padrões de interesses

restritos que são anormais na sua intensidade ou no seu conteúdo (Jones & Klin, 2013).

Existem alguns comportamentos repetitivos específicos que parecem distinguir, aos 12 e

18 meses, as crianças de alto risco que mais tarde são diagnosticadas com PEA: o “abanar

as mãos” e “mãos nas orelhas” (Loh et al., 2007). Em relação aos comportamentos

repetitivos relacionados com o corpo e os objetos, Damiano, Nahmias, Hogan-Brown, &

Stone (2012) verificaram que, durante o segundo ano de vida, as crianças de alto risco que

mais tarde receberam o diagnóstico de PEA não se diferenciavam daquelas que não

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receberam esse diagnóstico na quantidade de comportamentos repetitivos produzidos, mas

encontraram diferenças com o grupo de desenvolvimento típico. Christensen e

colaboradores (2010) também verificaram que, aos 18 meses, as crianças de alto risco

apresentam comportamentos lúdicos relacionados com objetos idênticos aos de crianças de

baixo risco, embora apresentem mais comportamentos lúdicos repetitivos, que não são

funcionais.

Resumindo, durante o segundo ano de vida, as crianças de alto risco parecem

apresentar comportamentos normativos relacionados com objetos, no entanto, exibem com

mais frequência comportamentos não funcionais e repetitivos, tanto relacionais com

objetos (Christensen et al., 2010) como com o corpo (Jones & Klin, 2013). Estes

comportamentos repetitivos e não funcionais podem resultar de factores como uma

exploração visual e tátil atípica (Ozonoff et al., 2008).

1.1.4 Outros Marcadores referidos recentemente na literatura

Estudos e revisões recentes têm alertado para a insuficiência dos défices na

socialização e na comunicação para abranger toda a complexidade do desenvolvimento de

PEA (Elsabbagh, & Johnson, 2016). Em seguida apresentaremos uma breve revisão de

outros possíveis marcadores das PEA.

1.1.4.1 Funções Executivas

Os défices executivos no autismo incidem em particular em domínios como a

inibição e a memória de trabalho (Landa & Goldberg, 2005), flexibilidade e vigilância

(Corbett, Constantine, Hendren, Rocke, & Ozonoff, 2009), capacidade para mudar de

tarefa (Ozonoff et al., 2004) e flexibilidade cognitiva (Eylen, Boets, Steyaert, Wagemans,

& Noens, 2015). Assim, as crianças com PEA apresentam um pior desempenho em tarefas

que incluem a capacidade de planeamento, a adaptação flexível do comportamento e a

produção de novas ideias e comportamentos (Kriete & Noelle, 2015). Assim, a disfunção

executiva no autismo tende a manifestar-se na rigidez e na preferência pela uniformidade

dos comportamentos e interesses repetitivos e restritivos (Elsabbagh et al., 2011).

A maioria dos estudos relativos às funções executivas nas PEA recorre a crianças

mais velhas, no entanto, apresentaremos alguns estudos relativos ao primeiro ano de vida.

Elsabbagh e colaboradores (2011) verificaram, através de medidas visuais do controlo

inibitório, que crianças de 9 meses de alto risco, e que mais tarde receberam o diagnóstico

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de PEA, se distraíam menos com estímulos periféricos apresentando assim alterações ao

nível da flexibilidade da atenção e controlo inibitório (Elsabbagh et al., 2011). Para além

da inibição, outros estudos (Elsabbagh et al., 2013a; Zwaigenbaum et al., 2005)

observaram diferenças na flexibilidade da atenção em crianças de risco aos 12-14 meses

que aos 24-36 receberam o diagnóstico de PEA, nomeadamente tempos de latência mais

longos nas mudanças de orientação do olhar.

Keehn, Muller & Townsend (2013) propuseram que as alterações na flexibilidade

da atenção comprometem diversas áreas do funcionamento (e.g., regulação, processamento

percetual, atenção conjunta) que, por sua vez, contribuem para a emergência dos sintomas

das PEA. No entanto, estudos prospetivos sugerem que as alterações na flexibilidade da

atenção se tornam evidentes ao mesmo tempo que o resto dos sintomas surge, não

constituindo assim um fator central das PEA (Elsabbagh et al., 2013a; Elsabbagh et al.,

2013b). Resumindo, o controlo inibitório e a flexibilidade de atenção (mudanças de

orientação do olhar) parecem ser funções executivas mais comprometidas nas PEA durante

os primeiros anos de vida, no entanto, não é clara a primazia destes défices em relação aos

anteriormente descritos.

1.1.4.2 Desenvolvimento Motor

Neste domínio, parecem ser frequentes atrasos no desenvolvimento da motricidade

fina e grosseira durante o segundo ano de vida em crianças que são diagnosticadas com

PEA, comparativamente às crianças com desenvolvimento típico (Landa & Garrett-Mayer,

2006). No entanto, estes dados não são consistentes pois estudos mais recentes (e.g.,

Leonard, Elsabbagh, & Hill, 2014) não verificaram atrasos no desenvolvimento motor aos

7, 14, 24 e 36 meses em crianças de risco.

Em relação às atipicidades motoras mais específicas, Flanagan e colaboradores

(2012) observaram atipicidades motoras como o atraso no movimento da cabeça na tarefa

pull-to-sit task (puxar os braços de uma criança enquanto ela está deitada, até ela ficar

sentada) em crianças de alto risco que mais tarde receberam o diagnóstico de PEA. Por

outro lado, Zwaigenbaum e colaboradores (2005) verificaram, através do relato parental,

que os pais de crianças de alto risco e diagnosticadas mais tardiamente apresentavam,

durante o primeiro ano de vida, menor atividade motora em comparação com aquelas que

não vieram a receber o diagnóstico e as que apresentam um desenvolvimento típico.

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1.1.4.3 Temperamento

Segundo Garon e colaboradores (2009), as crianças de alto risco e mais tarde

diagnosticadas com PEA, aos 24 meses, apresentam menor nível de atividade motora, de

alternância de atenção (captar atenção com pistas sociais) e de antecipação positiva

(entusiasmo perante a possibilidade de recompensa); exibem também poucas

manifestações de afetos positivos e muitas de afetos negativos, e dificuldades no controlo

da atenção e do comportamento. Para além disso, as crianças de alto risco que recebem

mais tarde o diagnóstico de PEA parecem demonstrar menores níveis de atenção e

respostas de afeto durante uma situação de “distresse”, prestando menos atenção, por

exemplo, ao investigador que finge magoar-se durante um jogo com a criança (Hutman et

al., 2010; Hutman, Chela, Gillespie-Lynch, & Sigman, 2012). Estes resultados são

parcialmente consistentes com os resultados do estudo de del Rosario e colaboradores

(2013), em que o grupo que recebeu o diagnóstico de PEA apresentou níveis de atividade

aumentados ao longo dos 3 primeiros anos de vida, e um menor nível de adaptabilidade e

comportamentos de iniciativa, em comparação com crianças que apresentavam

desenvolvimento típico. Em resumo, a evidência empírica em relação aos marcadores

precoces relacionados com o temperamento apresenta maior concordância em relação à

partilha menos frequente de afetos positivos e à partilha mais recorrente de afetos

negativos.

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Quadro 1

Sistematização dos principais resultados sobre marcadores precoces das PEA. Foram consultados 34 estudos e disponibilizam-se dados sobre

marcadores precoces do autismo referentes, na maioria, ao período temporal que abrange os 12 meses e cuja metodologia inclui instrumentos

de relato parental.

Principais Preditores a partir dos 12 meses de idade

1. Interação Social

Baranek, 1999 PEA n = 11 PD n = 10 DT n = 11

9-12m: análise de vídeos caseiros filmados, codificação de categorias comportamentais (olhar, afeto, resposta ao nome, posturas antecipatórias, estereotipias, toque social e modulação sensorial.

9-12m: os 9 itens descriminaram o grupo PEA com a precisão de 93.75%, havendo neste uma diminuição da frequência de estímulos sociais (atenção conjunta, interação social, antecipação social, contacto ocular e resposta ao nome), do balbucio complexo, dos gestos, da produção de palavras e da imitação.

Bedford et al., 2012

AR-PEA n = 12 AR-Atip n = 9 AR-Tip n = 14 BR n = 38

7 m (6-10m), 13m (11-18m): seguimento da direção do olhar e cronometração do tempo a olhar para os objetos de referência; investigador olhava para os objetos no ecrã.

13m: AR-PEA, AR-Atip < AR-tip e BR na capacidade para direcionar o olhar em relação aos mesmos objetos de referência. Tempo do olhar reduzido foi correlacionado com resultados da escala ADOS-G mais alto (maior sintomatologia).

Clifford et al., 2013

AR-PEA n =17 AR-Atip n = 12 AR-Tip n = 24 BR n = 50

7 m, 14 m: IBQ-R – Questionário parental que mede 17 subescalas.

6 m: AR-PEA mostram níveis mais altos de Sensibilidade Percetual do que AR-Tip. 14 m: AR-PEA < AR-Tip na subescala “Controlo Intencional”; AE-PEA < BR nas escalas “Sorrir” e “Rir”. AR-PEA > AR-Tip na escala “Sensibilidade Percetual”. AR-PEA < Outros grupos na escala “Cuddlyness”.

Cornew et al., 2012

PEA n = 9 AR-n/PEA =n = 30 BR n = 43

17-20 m: orientação social aos pais em resposta a brinquedos estimulantes e aproximação/recuo dos objetos em resposta a expressões emocionais dos pais dirigidas aos objetos.

PEA com maiores tempos de latência para orientação social e 6 das 9 crianças não a estabeleceram.

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12

Landa et a., 2007

AR-PEA n = 30 PEA-precoce n = 16 PEA-tardia n = 14 AR-BAP n = 19 AR-n/BAP n = 58 BR n = 18

14m: escala CSBS;

14m: PEA-precoce diferenciou-se de todos os grupos nos comportamentos sociais, de comunicação e jogo (<atenção conjunta, tentativas de regulação comportamental, inventário de gestos e consonantes e inventário de esquemas de ação). Pior que todos os grupos com exceção do PEA-tardia na Alternância de Atenção. Pior de todos exceto BR na partilha de afetos positivos e esquemas de ação em relação aos outros.

Macari et al., 2012

PEA n = 13 DT n = 34 Atip n =37

12m: ADOS: avaliação semi-estandarrdizada com base no jogo dos sintomas de PEA.

12m: apontar, excesso de atividade e iniciação da atenção conjunta prediziam DT e não ASD e Atip. PEA interagiram menos com o investigador do os restantes grupos; PEA<entoações atípicas do que DT.

Muratori et al, 2008 PEA = 50

Idade pré-escolar: First Year Inventory; Early Development Questionnaire (respostas retrospetivas relativas aos 12 m)

12m: PEA> risco do domínio sócio-comunicativo e nos compósitos orientação social e comunicação recetiva comunicação expressiva, imitação. Correlaçoes entre o FYI e alterações cognitivas e da linguagem.

Nadig et al., 2007

PEA n = 10 AL = ? Outros n = ? DT n = ?

12m: resposta ao nome codificada com tal se a criança olhar para o examinador.

12m: sensitividade para a falha em responder ao nome foi de 0.5 para PEA e de 0.39 para todas as PD; especificidade foi de 0.89 para PEA e 0.94 para o todas as PD.

Ozonoff et al., 2010

PEA n = 25 DT n = 25

6, 12, 18m: codificação dos comportamentos sociais durante a aplicação da MSEL e do envolvimento social (raro, ocasional ou frequente).

6m: sem diferenças significativas entre os grupos. 12m: olhar dirigido às faces e sorriso social PEA < DT. 18m: contacto ocular, sorriso social e resposta social PEA<DT.

Reznick et al., 2007 BR n = 1,496 12m: First Year Inventory

12m: pontuações mais altas apontam para atipicidades no desenvolvimento. Não houve follow-up, desconhecendo-se se os sujeitos identificados como estando em risco receberam o diagnóstico.

Rowberry et al, 2015

AR-PEA n =71 DT n = 25 12m: First Year Inventory

12m: AR-PEA > pontuações de risco na comunicação social do que DT.

Rozga et al., 2011

PEA n = 17 AR-n/PEA n =84 BR n = 66

6, 12m: codificação do olhar, sorriso social e vocalizações sociais durante uma interação informal com a mãe; 12m: escalas Early Social Communication Scales (ESCS).

6m: sem diferenças significativas. 12m: AR-PEA produziam menos gestos do que os outros grupos.

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Sullivan et a., 2007

AR-PEA n = 16 AR-BAP n = 8 AR-N/BAP n = 27

14m: escala CSBS; ADOS – resposta aos itens de atenção conjunta.

14m: sem diferenças significativas entre os grupos no olhar e apontar. AR-PEA/AR-BAP<AR-n/BAP na pista do olhar, sendo assim a mais eficiente.

Talbott et al., 2013

AR-PEA n = 9 AR-n/PEA n = 41 BR n = 27

12m: codificação dos gestos maternos e dos filhos através da escala CSBS e interação mãe-filho; 18m: escala MSEL.

12m: menor variedade de gestos em AR-PEA em comparação com AR-n/PEA e BR.

Watson et al., 2007

PEA n = 38 Outras PD n = 15 DT n = 40

12m: First Year Inventory 12m: PEA> risco do que restantes grupos were rated at significantly higher risk.

Wan et al., 2013

AR-PEA 6m n = 14; 12m n =12 AR-n/PEA 6m n = 31; 12m n = 31 BR 6m n = 47; 12m n = 48

6m, 12m: AOSI, interação pais-filhos – medidas infantis (atenção em relação aos pais, afeto positivo, vivacidade) e medidas parentais (responsividade, não- diretividade) e da interação dos ambos – mutualidade e a intensidade da relação.

6m: sem diferenças significativas entre os grupos. 12m: AR-PEA>BR na responsividade e não-diretividade; AR-PEA<BR e AR-n/PEA no afeto positivo, atenção aos pais, mutualidade e intensidade da relação. Mutualidade, afetos positivos da criança e atenção aos pais predizem o diagnóstico aos 3 anos e a pontuação da escala AOSI.

Yoder et al., 2009

AR-PEA n = 6 AR-DT n = 34 BR n = 24

15m, 18m, 21m e 24m: resposta à atenção conjunta; WTC – Weighted Triadic Communication – medição da frequência e convencionalidade da comunicação triádica.

15m: em grupos AR, resposta inicial à atenção conjunta predizia défices posteriores neste mesmo domínio. 15-14m: crescimento do WTC, da resposta inicial à atenção conjunta e da linguagem (vocalizações) prediziam desajustamento social (relato parental) e diagnóstico aos 36m.

Zwaigenbaum et al., 2005

6m: AR-Autismo n = 4 AR-PEA n = 8 AR-n/PEA n = 32 BR n = 15 12m: AR-Autismo n = 7 AR-PEA n = 12 AR-n/PEA n = 46 BR n = 23

6-7m, 12-14m: AOSI; Orientação visual – medição do TR das sacadas do estímulo central para o parietal, quando o estímulo parietal aparece durante ou depois da apresentação do estímulo central; IBQ; CDI palavras e gestos; MSEL.

6m: diferenças entre os grupos apenas na medida IBQ: AR-Autismo com níveis de atividade mais baixos do que outros grupos. 12m: AOSI: >6 marcadores de risco com sensibilidade 85% e especificidade 98% para AR-Autismo vs AR-n/PEA vs BR (contacto ocular atípico, orientação ao nome, imitação, sorriso social, reatividade, comportamentos de orientação sensorial…). Orientação Visual: lentificação do TR relacionada com cotações acima do ponto de corte para PEA na ADOS. IBQ: AR-Autismo apresenta com mais frequência e intensidade o “distresse” e maior duração da orientação para objetos. MSEL: AR-Autismo com LR mais baixa que outros grupos. CDI: AR-Autismo com menos gestos e compreensão de frases que outros grupos.

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2. Linguagem

Ferreira & Oliveira, 2016

PEA n = 1 572

Analise de 6 marcadores precoces do desenvolvimento psicomotor (ver artigo).

O marcador “idade de aquisição das primeiras frases” correlacionou-se mais fortemente com o diagnóstico, quocientes de desenvolvimento/inteligência e comportamento ou função adaptativa.

Hudry et al., 2013

AR-PEA n = 17 AR-Atip n = 12 AR-Tip n = 24 BR n = 48

6-9m/12-14m: 3 escalas de relato parental – CDI (LR e LE), VABS (LR e LE através do funcionamento adaptativo) e MSEL (subescalas LR e LE da avaliação cognitiva).

6-9m: sem diferenças. 12-14m: escala CDI mostrou que grupos AR apresentavam níveis menores de LR a do que BR. Restantes escalas não apresentaram diferenças significativas.

Mitchell et al., 2006

AR-PEA n = 15 AR n/PEA n =82 BR n = 49

12m, 18m: CDI – relato parental do desenvolvimento da linguagem (compreensão de frases, compreensão do vocabulário, produção de vocabulário, gestos precoces, gestos tardios).

12m: AR-PEA<AR-n/PEA, BR ma compreensão de frases e produção precoce e tardia de gestos. 18m: AR-PEA<AR-n/PEA, BR em todas as medidas. AR-n/PEA<BR na produção tardia de gestos.

Paul et al., 2011 PEA n = 14 AR-n/PEA n =11 BR-n/PEA n = 20

6, 9, 12m: amostras vocais de interação entre os pais e os filhos; escala MSEL – avaliação das funções cognitivas.

6m: número de consonantes médias PEA<outros grupos; escalas MSEL PEA<outros grupos. 9m: número de consonantes tardias PEA<outros grupos; 12m: número de diferentes tipos de consonantes PEA<outros grupos;

Young et al., 2011

PEA n = 24 AR-Outro n = 43 AR-DT n = 90 BR-DT n = 75

12-24m: bateria de comportamentos de imitação composta por 10 itens; análises longitudinais.

12-24m: PEA e AR-Outro demostraram menos comportamentos de imitação em relação a BR-DT em todas as alturas de observação.

3. Comportamentos restritivos e repetitivos

Christensen et al, 2010

AR-PEA n = 17 AR-Outro = 12 AR-Sem atrasos n = 29 BR-tip n = 19

18m: jogo livre, classificação do jogo como funcional, simbólico e repetitivo.

18m: AR PEA < BR-tip comportamentos lúdicos; AR-PEA > BR-tip comportamentos lúdicos repetitivos não-funcionais; AR-PEA, BR-tip comportamentos lúdicos normativos dirigidos aos objetos.

Damiano et al., 2012

AR-PEA n = 8 AR-n/PEA n = 12 BR-tip n = 20

12-23m: escalas de Movimentos Repetitivos e Estereotipados (RSMS), incluindo RSM’s relacionados com o corpo e com os objetos;

12-23 m: não foi evidenciada nenhuma relação entre a cotação das RSMS e o diagnóstico. Inventário dos objetos > Inventário do corpo para AR-n/PEA e AR-tip, mas não para AR-PEA.

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Loh et al., 2007

AR-PEA n = 8 AR-n/PEA n = 9 BR n = 15

12m, 18m: codificação dos comportamentos repetitivos – Taxonomia de Thelen de 47 comportamentos repetitivos.

12m: “abandar as mãos” AR-PEA = AR-n/PEA>BR. 18m: “abandar as mãos” AR-PEA > AR-n/PEA, BR; “mãos nas orelhas” AR-PEA, AR-n/PEA>BR.

Ozonoff et al., 2008

PEA n = 9 Outros n = 10 DT n = 47

12m: manipulação de objetos (tampa de metal, anel de plástico, garrafa de plástico) e codificação de comportamentos “típicos” e “atípicos”.

12m: PEA – 7 crianças (77.8%) demonstraram pelo menos 1 comportamento atípico (na maioria exploração visual atípica), sendo maior mais de 2 Desvios-padrão da média do grupo DT (23.4), e ao contrário dos 50% do grupo Outros.

4. Outros marcadores

4.1. Funções Executivas

Elsabbagh et al., 2011

Tarefa “Freeze-Frame”: AR n = 22 Tarefa Potenciais de eventos: n = 16

9m: inibição “Free-Frame” das sacadas de estímulo central é repetitiva ou simples (“Aborrecida”) ou completa ou específica ao ensaio (“Interessante”); as crianças devem inibir as sacadas aquando do aparecimento de um parietal.

9m: AR distraíam-se menos por estímulos periféricos, predizendo disfunções na interação social e controlo inibitório.

Elsabbagh et al., 2013a

AR-PEA n = 17 AR-Atip n = 12 AR-tip n = 24 BR n = 50

7m, 14m Medição do TR das sacadas do estímulo central para o parietal, quando: o estímulo parietal aparece durante a apresentação do estímulo central; aparecem os dois em simultâneo; o estímulo parietal desaparece.

7m: sem diferenças significativas entre os grupos. 14m: AR-PEA mostraram tempos de latência mais longos de orientação do olhar. Durante os 7 e os 14m p grupo AR-PEA não apresentou evoluções consistentes na velocidade de dos tempos de latência.

4.2. Desenvolvimento motor

Landa & Garrett-Mayer, 2006

PEA n = 24 AL n = 11 NA (Não-Afetados) n = 52

6m, 14m: escala MSEL. 6m: MF: AL<NA 14m: MF, LR: AL<NA. LE, MG: PEA<NA mas não AL. DT: Receção Visual = LR; PEA, AL: Receção Visual>LR.

Leonard at al., 2014

AR-PEA n = 17 PEA-Atip n = 12 AR-DT n = 24 BR n = 50

7m, 14m: MSEL (subescalas MG e MF da avaliação cognitiva); VABS.

7m, 14m: sem diferenças significativas.

4.3. Temperamento

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del Rosario at al., 2013

AR-PEA n = 11/16/10/10/10 (de diferentes meses) AR-tip n = 7/13/15/18/27 (de diferentes meses)

6, 12, 18, 24, e 36 m: Carey Temperament Scales – questionário parental que inclui 9 domínios do temperamento (Atividade, Adaptação, Abordagem, Humor, Intensidade, Distractividade, Persistência, Reatividade sensorial, Rítmica).

6-36 m: as trajetórias variaram entre AR-PEA e AR-tip na Abordagem (mais regulares no grupo AR-TD), Adaptação (AR-TD com mais inclinação descendente do que AR-PEA) e Atividade (menor nível em AR-tip do que em AR-PEA). 6m, 12m: AR-PEA < AR-tip na Adaptação 6m: AR-PEA < AR-tip na Abordagem.

Garon et al., 2009

AR-PEA n = 34 AR-n/PEA n = 104 BR n = 73

24 m: relato parental (TBAQ-R) como medida do temperamento, com escalas como a Antecipação Positiva, Alternância de Atenção, Nível de atividade, Controlo Inibitório, Manutenção da Atenção, Baixo Prazer, Alto Prazer, Medo Social, Raiva e Capacidade de se acalmar.

24m: AR-PEA<AR-n/PEA e BR na Abordagem Comportamental (Antecipação Positiva – entusiasmo perante a possibilidade de recompensa, Alternância de Atenção - captar atenção com pistas sociais e Nível de atividade motora).

Hutman et al., 2010

AR-PEA n = 12/14 AR-n/PEA n = 74/86 BR n = 52/47

12, 18m: codificação do comportamento e expressões faciais aquando de uma resposta ao “distresse” (investigador finge magoar-se durante uma brincadeira com o xilofone).

12m, 18m: AR-PEA demonstraram menores níveis de atenção e respostas de afeto como resposta ao “distresse” do que os restantes grupos.

Hutman et al., 2012

PEA n = 15 Outro n = 12 AR-tip n = 59 BR-tip n = 43

12m: codificação da direção da atenção e mudanças da aquando de jogo com o investigador e resposta ao “distresse” (ver Hutman et al., 2010).

12m: Grupos PEA e Outro demonstraram menos atenção às pistas sociais durante a situação de “distresse”, mas não durante o jogo.

Nota. AR: Alto-risco – crianças com irmãos com PEA; AR-atip/Outro/BAP: crianças de alto risco que vieram a apresentar um desenvolvimento atípico ou outras preocupações desenvolvimentais; AR-tip: crianças de alto risco que vieram a apresentar um desenvolvimento típico; AR-n/PEA: crianças de alto risco que não vieram a ter PEA; AR-PEA: crianças de alto risco que vieram a ter PEA; BR: baixo-risco – crianças sem irmãos com PEA; BR-tip: crianças de baixo risco com desenvolvimento típico na altura dos resultados do estudo; LE: linguagem expressiva; LR: linguagem recetiva; M: meses; MF: motricidade Fina; MG: motricidade Grosseira; PEA/DT/Outro: crianças que vieram a apresentar PEA/Desenvolvimento típico ou outra trajetória desenvolvimental; TR: tempo de reação.

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Com base na revisão da literatura realizada verificamos que há um vasto espectro

de evidências científicas que comprovam a existência de marcadores precoces das PEA

que podem ser observados a partir dos 12 meses de idade ou até mesmo antes, afetando o

desenvolvimento motor, social, e a comunicação (e.g., Chawarska, Macari, & Shic, 2013;

Elsabbagh et al., 2011). Assim, no contexto do presente estudo, de cariz exploratório,

pretendemos analisar o poder discriminativo de dois questionários de rastreio recentemente

traduzidos para o Português Europeu: a CSBS e o FYI. Para tal, será seguida uma

metodologia retrospetiva, ou seja, pais de crianças já diagnosticadas com PEA e pais de

crianças com desenvolvimento típico, irão preencher os dois questionários tendo como

referência os 12 meses de idade dos respetivos filhos. Este desenho experimental tem por

objetivo explorar em que medida as respostas dadas aos questionários pelos pais permitirão

diferenciar um grupo clínico de crianças com diagnóstico de PEA de um grupo de crianças

com desenvolvimento típico (grupo de controlo). Importa referir que o atual estudo

encontra-se inserido num projeto em curso mais abrangente e cuja recolha de dados ainda

está em curso.

2. Método

2.1. Participantes

Neste estudo participaram um total de 49 crianças, 20 das quais com Perturbações

do Espectro do Autismo (PEA) e 29 sem alterações do desenvolvimento ou seja, com

desenvolvimento típico. Os participantes do grupo clínico foram maioritariamente

recrutados em duas instituições especializadas, o CRIAR – Educação, Terapia e Formação,

a Vencer Autismo, e a Elos – núcleo de Terapia, Educação. Por sua vez, os participantes do

grupo de controlo (com desenvolvimento típico) foram recrutados essencialmente através

de instituições de ensino pré-escolar, nomeadamente o Infantário Quintinha de São Félix e

o Infantário de São Roque (Açores). Assim, de um do geral, as instituições localizavam-se

no distrito do Porto, sendo uma proveniente da Região Autónoma dos Açores.

Foram definidos critérios de inclusão e de exclusão para pertença a ambos os

grupos: clínico e de controlo. Os critérios de inclusão para o grupo clínico foram os

seguintes: (a) as crianças deveriam ter idades compreendidas entre os 2 e os 5 anos; (b)

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deveriam possuir diagnóstico formal de PEA, com a confirmação do mesmo pelas

instituições; e (c) a língua materna dos cuidadores deveria ser o Português Europeu. Por

sua vez, os critérios de exclusão foram os seguintes: (a) presença de alterações genéticas

associadas com PEA, como o Síndrome de X frágil e o Síndrome de Rett; (b) existência de

atrasos profundos e paralisias cerebrais graves; (c) possibilidade de problemas auditivos ou

de visão não corrigidos. Em relação ao grupo controlo, os critérios de inclusão foram os

seguintes: (a) as crianças deveriam ter idades compreendidas entre os 2 e os 5 anos; e (b) a

língua materna dos cuidadores deveria ser o Português Europeu. O critério de exclusão

para este grupo consistiu na presença de perturbações de desenvolvimento tendo sido

assegurado através da administração de um questionário específico descrito na secção

correspondente ao Material (cf. ponto 2.2 do Método), complementado com informação

recolhida junto dos cuidadores e instituições.

Uma vez que o presente estudo se baseia na recolha de dados junto dos cuidadores

destas crianças, no grupo clínico os questionários foram preenchidos pelos cuidadores mais

próximos, nomeadamente 18 mães e 2 pais (N = 20), sendo que a sua idade variava entre

os 24 e os 43 anos, com uma média de 35.05 anos de idade (DP = 5.57). A área de

residência dos mesmos abrangeu os distritos do Porto (n = 17), Braga (n = 1), Aveiro (n =

1) e Vila Real (n = 1). Em relação às habilitações literárias, 2 cuidadores frequentavam o 9º

ano, 6 o 12º ano, e 12 cursos superiores. A atividade profissional dos cuidadores era

bastante diversificada, sendo as mais comuns quadros superiores (n = 8) e empregados de

serviços (n = 3). É de salientar que grande parte dos cuidadores (n = 5) eram

desempregados, estudantes ou domésticas. Tendo em conta que em Portugal não existe

nenhuma classificação geral adaptada para calcular o nível socioeconómico (NSE), este foi

determinado com base nos dois indicadores referidos, tendo por referência a tabela da

Consulmark (s.d.). Assim, foram especificados quatro níveis socioeconómicos, sendo que a

maioria da população (60%) se encontrava na classe C1 que corresponde ao nível médio-

alto, e a restante população (40%) se encontrava na classe A/B que corresponde ao nível

alto. Os cuidadores passavam em média 11.85 (DP = 7.10) horas diárias com as crianças

durante a semana, observando-se um aumento significativo no número de horas partilhadas

durante o fim-de-semana (M = 23.85, DP = 12.30).

Em relação ao grupo controlo, os questionários foram preenchidos por 27 mães e 2

pais (N = 29), sendo que a sua idade variava entre os 22 e os 43 anos, sendo a média de

35.21 anos de idade (DP = 5.67). A área de residência dos mesmos abrangeu o distrito do

Porto (n = 29) e a Região Autónoma dos Açores (n = 9). Em relação às habilitações

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literárias, 3 cuidadores frequentavam o ensino básico, 4 cuidadores o 8º e 9º anos, 3 o 11º e

12º ano, 11 o 12º ano, 2 cursos médios, e 6 cursos superiores. A atividade profissional dos

cuidadores era bastante diversificada, sendo as mais comuns operários especializados (n =

7), empregados de serviços (n = 5) e quadros superiores (n = 4). É de salientar que grande

parte dos cuidadores (n = 6) eram desempregados, estudantes ou domésticas.

É de referir que o total de questionários distribuídos junto dos cuidadores de

crianças com PEA nas respetivas instituições foi de 63, sendo que 40 não foram devolvidos

e 3 foram excluídos devido à ausência de um diagnóstico formal das PEA. Por outro lado,

o total de questionários distribuídos por cuidadores do grupo de controlo foi de 85, sendo

que 52 não foram devolvidos e 4 foram excluídos por se verificarem itens não preenchidos.

Assim, no final, apenas 20 questionários do grupo clínico e 29 do grupo de controlo foram

utilizados para análise no contexto do presente estudo.

Em relação às características das crianças, no grupo clínico (N = 20) as idades

variaram entre os 2 e os 5 anos (M = 3.95, DP = 1.05), sendo 19 do sexo masculino (95%)

e 1 do sexo feminino (5%). A maior prevalência de PEA em rapazes do que em raparigas

explica esta discrepância. Para efeitos de comparação de resultados entre as crianças do

grupo clínico e crianças do grupo controlo, procedeu-se ao emparelhamento entre os dois

grupos com base nas variáveis idade e, sempre que possível, foi tido em conta o género. O

emparelhamento foi feito numa proporção de 1 para 1, tendo como resultado a redução do

grupo de controlo para um total de 20 crianças. Nos Quadros 1 e 2 apresenta-se informação

descritiva relativamente à composição dos dois grupos, clínico e de controlo.

Quadro 2

Distribuição dos participantes do grupo clínico (N=20) e do grupo controlo (N = 20)

por subgrupo de idade.

Idade (em anos) Clínico Controlo Total

2 2 2 4

3 5 5 10

4 5 5 10

5 8 8 16

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Quadro 3

Distribuição dos participantes do grupo clínico (N=20) e do grupo controlo (N = 20)

em função do género.

Género Clínico Controlo Total

Masculino 19 17 36

Feminino 1 3 4

Relativamente ao grupo clínico, todas as crianças tinham diagnóstico formal de

PEA realizado por equipas multidisciplinares, envolvendo pedopsiquiatras, psicólogos e/ou

pediatras do desenvolvimento. O diagnóstico foi realizado segundo os critérios do DSM-

IV, pelo que 17 crianças têm diagnóstico de Autismo (85 %), 2 diagnóstico de Síndrome

de Asperger (10%) e 1 diagnóstico de Perturbação Global de Desenvolvimento sem Outra

Especificação (5%). A maioria dos participantes foi diagnosticada segundo os critérios do

DSM-IV. Nesta classificação, as PEA incluíam cinco subtipos de problemáticas:

Perturbação Autística, Perturbação de Asperger, Perturbação Desintegrativa da 2ª Infância,

Perturbação de Rett e Perturbação Global de Desenvolvimento sem outra especificação

(American Psychiatric Association, 2002). Com o DSM-5, passou a existir um só

diagnóstico correspondente às PEA, podendo estas serem classificadas como leves,

moderadas ou graves em função da severidade e variabilidade dos sintomas (American

Psychiatric Association, 2013). Assim, no contexto do presente estudo, todas as crianças

do com diagnóstico de PEA foram agrupadas num único grupo (i.e., grupo clínico) o que é

consistente com a classificação atual do DSM-V.

É de salientar que os participantes do grupo clínico foram diagnosticados ou com

base na ADI-R (The Autism Diagnostic Interview—Revised; Rutter, LeCouteur, & Lord,

2003) ou na ADOS (The Autism Diagnostic Observation Schedules; Lord, Rutter,

DiLavore, & Risi, 1999). Ambos os instrumentos são medidas estandardizadas para o

diagnóstico das PEA, tendo também sido usadas como critério de diagnóstico noutros

estudos retrospetivos (Watson et al., 2007).

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2.2. Material

O protocolo de recolha de dados utilizado neste estudo incluiu: (1) carta

informativa e descritiva do estudo, escrita em linguagem acessível, dirigida aos cuidadores

(cf. Anexo 1); (2) consentimento informado (cf. Anexo 2); (3) questionário de recolha de

dados sociodemográficos construído para o efeito e para cada um dos grupos (cf. Anexos 3

e 4); (4) Questionário do Bebé para o Português Europeu (CSBS; Communication and

Symbolic Behavior Scales; Wetherby & Prizant, 2002); (5) FYI; First Year Inventory; -

Baranek et al., 2003); (6) questionário específico sobre questões de diagnóstico de PEA

dirigido ao grupo clínico e preenchido pelos profissionais de saúde das instituições de

pertença (cf. Anexo 5); e (7) Questionário de Preocupações Desenvolvimentais (DQC;

Developmental Concerns Questionnaire; Reznick, Baranek, Watson, & Crais, 2005),

administrado apenas ao grupo de controlo como medida de garantia de ausência de

alterações de desenvolvimento. Quer a CSBS (Frota, Vicente, Filipe, & Vigário, 2014),

quer o FYI (Filipe, Vicente, & Frota, 2017) encontram-se traduzidos para o Português

Europeu, tendo sido usadas as versões portuguesas em trabalho; o questionário DQC foi

traduzido para o Português Europeu especialmente para o presente estudo (Filipe, Zagoruy,

Frota, & Vicente, 2017) e estes questionários não se encontram anexos por ainda se

encontrarem em processo de trabalho.

Relativamente à recolha de dados sociodemográficos, foi construído um

questionário com duas versões diferentes adaptadas para cada grupo de participantes,

incluindo dados sobre: (a) a composição do agregado familiar, tal como o número de

elementos, a área de residência e a ordem de nascimento dos filhos; (b) o historial

psicológico, neurológico e/ou psiquiátrico familiar; (c) informação sobre os cuidadores,

nomeadamente a data de nascimento, género, grau de parentesco com a criança, estado

civil, habilitações literárias e profissão; e (d) informação sobre a criança. Esta última

secção do questionário, na versão para o grupo de controlo, incluiu uma pergunta sobre a

possibilidade de qualquer tipo de problema de desenvolvimento, psicológico, neurológico

e/ou psiquiátrico. Na versão para o grupo clínico, incluiu perguntas relativas ao diagnóstico

da criança (cf. Anexo 4).

Questionário do Bebé para o Português Europeu, CSBS

A CSBS (Wetherby & Prizant, 2002) tem como objetivo a avaliação das

capacidades de comunicação funcionais de crianças dos 6 meses aos 2 anos de idade. O

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questionário é constituído por três compósitos gerais que, por sua vez, resultam em seis

compósitos específicos: emoções e olhar, comunicação, gestos, sons, palavras,

compreensão e uso de objetos (Wetherby & Prizant, 2002). Assim, o compósito social

inclui indicadores precoces das competências comunicativas (o olhar, os gestos e a atenção

conjunta); o compósito da fala inclui um inventário de consonantes e do seu uso; o

compósito simbólico inclui indicadores da compreensão precoce, tais como a reação ao

nome e à nomeação de partes do corpo. Esta escala tem sido usada como instrumento de

rastreio na identificação precoce de perturbações desenvolvimentais em vários países,

estando adaptada para diversas línguas (e.g. espanhol, chinês, língua croata). Tem-se

demonstrando-se eficaz na identificação precoce das crianças em risco para PEA, tanto em

estudos longitudinais (Landa et al., 2007; Talbott et al., 2013) como retrospetivos (Watson

et al., 2007).

Inventário do Primeiro Ano de Vida, FYI

O FYI (Baranek et al., 2003) é um inventário parental que tem como objetivo a

identificação precoce de crianças com 12 meses de idade que possam estar em risco para

desenvolverem PEA ou outra perturbação do desenvolvimento (Reznick et al., 2007). Este

inventário diferencia-se por fornecer uma grande variedade de opções de resposta, não

limitando os cuidadores a escolher entre a presença e a ausência de um dado

comportamento. Este instrumento abrange dois domínios globais desenvolvimentais: o

sócio-comunicativo e o sensorial-regulatório. Por sua vez, o domínio sócio-comunicativo é

composto por 4 compósitos específicos: orientação social e comunicação recetiva,

envolvimento social e afetivo, imitação e comunicação expressiva; o domínio sensorial-

regulatório também é composto por 4 compósitos específicos: processamento sensorial,

padrões regulatórios, reatividade e comportamento repetitivo. O FYI inclui no total 63

itens abrangendo tanto o comportamento da criança como o ajustamento parental a este,

sendo apresentados em dois formatos de resposta: escala de Likert quantitativa e escolha

múltipla qualitativa.

2.3 Procedimento

O presente estudo foi submetido à Comissão de Ética da Faculdade de Psicologia e

de Ciências da Educação da Universidade do Porto, tendo sido aprovado (cf. Anexo 6) e

foi realizado em conformidade com a Declaração de Helsínquia (1964) e alterações

posteriores. Serão salvaguardados os direitos de propriedade intelectual e comercial que

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incidem sobre os instrumentos a utilizar. Foi obtido o consentimento informado escrito de

todos os cuidadores das crianças pertencentes a cada um dos grupos: clínico e de controlo.

A recolha de dados foi iniciada em março de 2017 e decorreu até setembro de 2017.

Na sua maioria, os dados do grupo clínico foram recolhidos presencialmente, tendo sido

entregues os questionários diretamente aos cuidadores e preenchidos na sua presença. No

entanto, e por constrangimentos vários, alguns cuidadores optaram por levar os

questionários para casa; nestes casos, os questionários foram devolvidos pelos cuidadores

nas instituições e posteriormente recolhidos pela investigadora. Em ambas as situações, foi

explicado detalhadamente o estudo aos participantes e salientado o anonimato e a

confidencialidade da sua participação, tendo sido esclarecidas todas as dúvidas sobre a

mesma. Uma vez compreendido o estudo, todos os participantes assinaram o

consentimento informado (cf. Anexo 2). Em relação aos dados recolhidos no grupo de

controlo, os questionários foram entregues aos cuidadores pelos/as educadores/as. Nestes

casos, a carta explicativa do estudo (cf. Anexo 1) garantia que os objetivos e as condições

do estudo eram apresentados aos participantes. Todos os participantes preencheram a

totalidade do protocolo. O tempo de preenchimento dos questionários foi em média de 25 a

35 minutos. A devolução dos questionários decorreu em tempos variados, desde a

devolução no próprio dia nas situações de preenchimento presencial com o investigador,

até cerca de um mês depois no caso dos questionários deixados nas instituições escolares

ou que foram levados para casa pelos cuidadores. Uma vez cotadas as escalas, a análise e

tratamento estatístico dos dados foram realizados com recurso ao programa Statistical

Package for the Social Sciences (SPSS).

3. Resultados

Inicialmente, serão descritos os resultados relativos à escala CSBS, seguindo-se os

que dizem respeito à escala FYI.

3.1. CSBS

3.1.1. Análises preliminares da escala CSBS

Os resultados obtidos na escala CSBS foram cotados manualmente utilizando as

instruções do respetivo manual, sendo que se obtiveram as pontuações para cada um dos

compósitos e pontuações totais da escala que correspondem à soma dos compósitos.

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Procedeu-se inicialmente à análise da consistência interna da escala completa e dos

seus compósitos. O compósito Comunicação (α = .797) apresenta uma consistência interna

razoável; os compósitos Emoções e Olhar (α = .832), Gestos (α = .895), Sons (α = .831),

Palavras (α = .804), Compreensão (α = .879) e Objetos (α = .816) apresentam uma

consistência interna boa. A consistência interna entre todos os compósitos da escala é

muito boa (α = .938).

Uma vez verificada a consistência interna da escala, procedeu-se à análise de

varáveis que podem ter influenciado os resultados. Não se verificam diferenças

significativas nos resultados relativas à idade (F = 0.186, p = 0.095), NSE (F = 1.069, p =

0.374), género (F = 0.391, p = 0.535), e área de residência (distrito) (F = 1.657, p = 0.182).

3.1.2. Resultados na escala CSBS

Uma vez verificados todos os pressupostos e assegurada a normalidade da

distribuição, foi testada a hipótese 1: a pontuação do grupo clínico e do controlo

diferencia-se, pelo menos, num dos compósitos da escala CSBS.

Os pressupostos de normalidade foram verificados através do teste Kolmogorov-

Smirnov, sendo que ambos os grupos apresentam uma distribuição normal. Foi analisada a

igualdade das variâncias em relação aos resultados da escala, sendo que o teste Levene

indicou que a homogeneidade das variâncias não foi cumprida (F (1, 38) = 10.65, p =

0.002). No entanto, e tendo em conta que os dois grupos são proporcionais e respeitam

uma distribuição normal, seguindo o proposto por Myers and Well (2003), procedeu-se a

uma análise paramétrica da hipótese apresentada.

Para verificar se existiam diferenças significativas nas pontuações da escala CSBS

entre o grupo clínico e o grupo de controlo foi realizada a análise ANOVA One-Way com

a pontuação total da escala. O grupo Controlo (M = 42.70, DP = 5.66) apresentou uma

pontuação média total superior à do grupo Clínico (M = 20.00, DP = 13.90). Os resultados

indicaram que esta diferença é significativa: F (1, 38) = 45.73, p ≤ .0001, η² = 0.546).

Com o objetivo de comparar o desempenho na escala CSBS entre os grupos,

procedeu-se à análise ANOVA One-Way com base nos resultados dos compósitos.

Verificou-se que o grupo Controlo apresentou uma pontuação total significativamente

superior à do grupo Clínico em todos os compósitos (cf. Quadro 4).

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Quadro 4

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada um dos compósitos da

CSBS, separadamente para cada grupo (clínico e de controlo). Adicionalmente são

apresentados os valores de significância obtidos na ANOVA.

Clínico Controlo Significância Compósito M DP M DP η² gl F p Emoções e olhar 3.10 2.47 6.95 0.76 0.54 1, 38 44.43 <.0001 Comunicação 2.00 1.91 5.70 1.38 0.56 1, 38 48.99 <.0001 Gestos 2.65 3.01 7.85 1.56 0.55 1, 38 46.90 <.0001 Sons 3.85 2.32 6.10 1.44 0.26 1, 38 13.51 <.0001 Palavras 1.15 1.79 3.25 1.21 0.33 1, 38 18.88 <.0001 Compreensão 2.05 2.04 4.80 1.01 0.44 1, 38 29.28 <.0001 Uso de objetos 5.15 3.47 8.35 1.42 0.28 1, 38 14.57 <.0001

Uma vez que os grupos diferem significativamente em todos os compósitos da

escala, procedeu-se à análise por item. Esta análise mostrou que em todos os itens, o grupo

Controlo apresentou médias significativamente superiores às do grupo Clínico (p < 0.05)

(cf. Quadro 5).

Quadro 5

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada um dos itens da

CSBS, separadamente para cada grupo (clínico e de controlo). Adicionalmente são

apresentados os valores de significância obtidos na ANOVA.

Clínico Controlo Significância Itens M DP M DP η² gl F p

Emoções e olhar 1. Sabia quando a sua criança estava feliz e quando estava triste? 1.40 0.754 2 0.001 0.25 1, 38 12,67 0.001

2. Quando a sua criança brincava com brinquedos, ela olhava para si para ver se estava observá-la?

0.30 0.571 1.40 0.503 0.52 1, 38 41.80 <.0001

3. A sua criança sorria ou ria quando olhava para si? 1.20 0.951 1.85 0.366 0.18 1, 38 8.13 0.007

4. Quando você olhava e apontava para um brinquedo que se encontrava na sala, a sua criança olhava para esse brinquedo?

0.70 0.801 1.60 0.503 0.32 1, 38 18.11 <.0001

Comunicação 5. A sua criança mostrava-lhe se precisava de ajuda ou se queria um objeto que não conseguia alcançar?

0.90 0.852 1.65 0.489 0.24 1, 38 11.65 0.002

6. Quando não estava a prestar atenção à sua criança, ela tentava chamar a sua atenção?

0.75 0.786 1.65 0.489 0.33 1, 38 18.88 <.0001

7. A sua criança fazia coisas só para o/a fazer rir? 0.40 0.598 1.40 0.598 0.42 1, 38 27.94 <.0001

8. A sua criança tentava que você reparasse em objetos interessantes – 0.35 0.587 1.15 0.671 0.30 1, 38 16.11 <.0001

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apenas para que olhasse para eles, e não para conseguir que você fizesse alguma coisa com eles? Gestos 9. A sua criança pegava em objetos e dava-lhos? 0.70 0.923 1.55 0.510 0.25 1, 38 12.98 0.001

10. A sua criança mostrava-lhe objetos sem lhos dar? 0.50 0.607 1.25 0.639 0.27 1, 38 14.49 <.0001

11. A sua criança acenava com a mão para cumprimentar as pessoas? 0.50 0.889 1.60 0.598 0.36 1, 38 21.09 <.0001

12. A sua criança apontava para objetos? 0.65 0.875 1.70 0.470 0.37 1, 38 22.34 <.0001 13. A sua criança movimentava a cabeça para dizer que sim? 0.45 0.759 1.70 0.470 0.51 1, 38 39.19 <.0001

Sons 14. A sua criança usava sons ou palavras para chamar a atenção ou pedir ajuda? 1.05 0.686 1.70 0.571 0.22 1, 38 10.60 0.002

15. A sua criança combinava sons como, por exemplo, tá, tata, dá, ma, mama, bada?

1.00 0.859 1.75 0.639 0.21 1, 38 9.83 0.003

16. Aproximadamente, quantos dos sons correspondentes às consoantes seguintes a sua criança utilizava: ta, da, pa, ma, na, ba, ca, cha, sa, la?

1.90 1.252 2.85 0.671 0.19 1, 38 8.94 0.005

Palavras 17. Aproximadamente quantas palavras diferentes a sua criança usava com significado que você conseguia reconhecer (por exemplo, áda para água, ao para cão, bobó para bola)?

0.95 1.191 1.95 0.757 0.21 1, 38 10.03 0.003

18. A sua criança combinava duas palavras (por exemplo, dá bola, mamã dá, mais papa)?

0.30 0.657 1.20 0.696 0.32 1, 38 17.59 <.0001

Compreensão 19. Quando chamava a sua criança pelo nome, ela respondia olhando ou virando-se para si?

0.75 0.786 2.05 0.394 0.53 1, 38 43.69 <.0001

20. Cerca de quantas palavras ou expressões diferentes é que a sua criança compreendia sem ajuda de gestos?

1.30 1.342 2.75 0.851 0.30 1, 38 16.67 <.0001

Uso de objetos 21. A sua criança mostrava interesse em brincar com vários objetos diferentes? 1.15 0.813 1.65 0.587 0.12 1, 38 4.97 0.032

22. Cerca de quantos dos seguintes objetos a sua criança era capaz de usar de forma apropriada?

1.95 1.191 3.10 0.852 0.25 1, 38 12.22 0.001

23. Quantos cubos (ou argolas) a sua criança conseguia colocar uns por cima dos outros?

1.65 1.348 2.40 0.754 0.11 1, 38 4.71 0.036

24. A sua criança brincava ao “faz de conta” com brinquedos? 0.45 0.686 1.25 0.716 0.25 1, 38 13.00 0.001

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3.2. FYI

3.2.1. Análises preliminares do inventário FYI

Os resultados obtidos no FYI foram cotados utilizando a grelha de cotação criada

pelos autores - FYI Scoring Program, Version 2.0. Esta grelha permite converter as

pontuações brutas em pontuações de risco (Calculated Risk Points), que são apresentadas

relativamente a cada um dos domínios do inventário e também relativamente à pontuação

total.

Procedeu-se à análise da consistência interna do inventário completo e dos seus

domínios e compósitos. Os compósitos orientação social e comunicação recetiva (α =

.920), envolvimento social e afetivo (α = .907), imitação (α = .928) e comportamento

repetitivo (α =.924) apresentam uma consistência interna muito boa; o compósito

processamento sensorial (α =.816) apresenta uma consistência interna boa; os compósitos

comunicação expressiva (α =.741), reatividade (α =.737) e padrões regulatórios (α =.780)

apresentam uma consistência interna aceitável. A consistência interna entre os 8

compósitos do inventário é boa (α = .803). A consistência interna do domínio sócio-

comunicativo é boa (α = .876) e do domínio sensórial-regulatório é razoável (α = .718).

Por sua vez, a consistência interna entre os dois domínios do inventário é fraca (α = .431).

Uma vez verificada a consistência interna, procedeu-se à análise de variáveis que

pudessem ter tido influência nos resultados. Não se verificam diferenças significativas

relativamente à idade (F (1, 38) = 0.141, p = 0.935), NSE (F (1, 38) = 1.097, p = 363),

género (F (1, 38) = 2.426, p = 0.128), e área de residência (distrito) (F (1, 38) = 2.368, p =

0.071).

3.2.2. Resultados do Inventário FYI

Uma vez verificados todos os pressupostos e assegurada a normalidade da

distribuição, foi testada a hipótese 2: a pontuação do grupo clínico e do grupo controlo

diferencia-se, pelo menos, num dos domínios/ compósitos do inventário FYI.

Foram verificados os pressupostos da normalidade através do teste Kolmogorov-

Smirnov que indicou que os dados apresentam uma distribuição normal para o grupo

Controlo, mas não para o grupo Clínico. Assim, foram analisados os valores da assimetria

(0.019, DP = 0.374) e curtose (0.37, DP = 0.733), não sendo estes indicativos de desvios à

distribuição normal que inviabilizem a análise paramétrica (Kline, 2004). Por fim, foi

verificada a análise de igualdade das variâncias em relação aos resultados da escala, sendo

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que o teste Levene indicou que a homogeneidade das variâncias não foi cumprida (F (1,

38) = 6.248, p = 0.017). No entanto, e tendo em conta que os dois grupos são proporcionais

e respeitam uma distribuição normal, procedeu-se a uma análise paramétrica da hipótese

equacionada (Myers & Well, 2003).

Foi utilizada a análise ANOVA One-Way com a pontuação de risco total da escala,

para verificar se existiriam diferenças significativas nas pontuações do FYI entre o grupo

Clínico e o grupo Controlo. Os resultados indicaram que o grupo Controlo (M = 11.83, DP

= 5.65) apresentou uma pontuação de risco muito inferior à do grupo Clínico (M = 30.42,

DP = 10.84), sendo que essa diferença é significativa (F (1, 38) = 46.25, p =.0001, η² =

0.549).

Com o objetivo de explorar diferenças no FYI entre os grupos, procedeu-se a uma

análise ANOVA One-Way com as pontuações nos dois domínios do inventário. Em

relação ao domínio sócio-comunicativo, os grupos diferiram sendo que o grupo de controlo

(M = 14.60, DP = 10.34) apresentou uma pontuação de risco menor do que a o grupo

Clínico (M = 39.53, DP = 10.91). O mesmo se verificou para o domínio sensorial-

regulatório, em que a pontuação do grupo de controlo (M = 9.33, DP = 9.102) foi

claramente inferior à do grupo Clínico (M = 22.41, DP = 16.44). A análise revelou que

estas diferenças foram significativas, tanto no domínio sócio-comunicativo (F (1, 38) =

55.02, p =.0001, η² = 0.591), como no domínio sensorial-regulatório (F (1, 38) = 9.70, p

=.004, η² = 0.203).

Uma vez que foram encontradas diferenças significativas nos dois domínios globais

do FYI, procedeu-se à análise ANOVA One-Way com os 8 compósitos específicos do

instrumento. O grupo Clínico apresentou uma pontuação total significativamente superior à

do grupo Controlo em todos os compósitos, com exceção dos compósitos Padrões

regulatórios e Comportamento repetitivo (cf. Quadro 6).

Quadro 6

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada um dos compósitos

do FYI, separadamente para cada grupo (clínico e de controlo).

Clínico Controlo Significância

Compósito M DP M DP η² gl F p Orientação social e comunicação recetiva 44.90 9.75 14.40 15.13 0.60 1, 38 57.46 <.0001

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Envolvimento social e afetivo 31.95 19.12 14.50 14.32 0.22 1, 38 10.67 0.002

Imitação 39.05 15.67 14.00 13.92 0.43 1, 38 28.57 <.0001 Comunicação expressiva 42.40 10.27 15.25 15.55 0.52 1, 38 41.82 <.0001

Processamento sensorial 21.55 18.30 8.00 11.56 0.17 1, 38 7.84 0.008

Padrões regulatórios 24.50 22.85 12.80 20.11 0.072 1, 38 2.95 0.094 Reatividade 19.85 22.80 5.75 14.17 0.13 1, 38 5.52 0.024 Comportamento repetitivo 17.45 19.42 9.85 14.91 0.048 1, 38 1.93 0.173

Os grupos diferiram significativamente nos compósitos Orientação social e

comunicação recetiva, Envolvimento social e afetivo, Imitação, Comunicação

expressiva, Processamento sensorial e Reatividade (p < 0.05). Os compósitos Padrões

regulatórios e Comportamento repetitivo não apresentaram diferenças significativas.

Adicionalmente procedeu-se à análise por item (cf. Quadro 7).

Quadro 7

Média (M) e Desvio-padrão (DP) dos resultados obtidos em cada um dos itens do FYI,

separadamente para cada grupo (clínico e de controlo).

Clínico Controlo Significância Itens M DP M DP η² gl F P

Orientação social e comunicação receptiva

1. O seu bebé dirigia o olhar para si quando chamava pelo nome dele? 1.45 0.686 0.35 0.933 0.32 1,38 18.03 <.0001

5. O seu bebé parecia ter problemas de audição? 1.45 0.826 0.25 0.716 0.39 1,38 24.11 <.0001

10. Quando apontava para algo interessante, o seu bebé voltava-se para dirigir o olhar nessa direção?

1.30 0.979 0.20 0.616 0.32 1,38 18.10 <.0001

12. O seu bebé olhava para as pessoas quando elas começavam a falar, mesmo quando elas não estavam a falar diretamente para ele?

1.30 0.979 0.25 0.786 0.27 1,38 13.99 0.001

14. Quando estava a brincar com o seu brinquedo favorito, o seu bebé prestava atenção se lhe mostrasse um brinquedo diferente?

1.30 0.979 0.30 0.733 0.26 1,38 13.38 0.001

31. O seu bebé parecia interessado noutros bebés da mesma idade? 1.50 0.607 0.25 0.716 0.48 1,38 35.44 <.0001

35. Quando perguntava ''Onde está?'' sem apontar ou mostrar onde, o seu bebé olhava para a pessoa ou objeto nomeado?

1.25 0.851 0.15 0.671 0.36 1,38 20.62 <.0001

50. O que é que costumava fazer para conseguir que o seu bebé deixasse de brincar com o seu brinquedo

0.70 0.979 0.15 0.789 0.12 1,38 5.05 0.030

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favorito? 52. O que costumava fazer para conseguir que o seu bebé se virasse para si?

1.50 0.889 0.35 0.745 0.34 1,38 19.67 <.0001

Envolvimento social e afetivo 4. Durante jogos familiares como '' Eu vou-te apanhar'', o seu bebé ficava animado porque sabia o que ia acontecer a seguir?

1.20 0.894 0.75 1.020 0.55 1,38 2.20 0.146

7. Em situações novas ou estranhas, o seu bebé olhava para o seu rosto para procurar conforto?

0.75 0.851 0.15 0.366 0.18 1,38 8.39 0.006

16. Era fácil compreender as expressões faciais do seu bebé? 0.65 0.875 0.70 1.081 0.0006 1,38 0.026 0.873

18. O seu bebé sorria quando olhava para si? 1.10 0.912 0.20 0.523 0.27 1,38 14.66 <.0001

19. O seu bebé tentava chamar a sua atenção para lhe mostrar algo interessante?

0.40 0.598 0.28 0.640 0.039 1,38 1.55 0.221

20. O seu bebé tentava chamar a sua atenção para jogar jogos como “cu-cu”?

0.35 0.587 0.10 0.447 0.069 1,38 2.30 0.138

21. O seu bebé tentava chamar a sua atenção para obter um brinquedo preferido ou comida?

0.60 0.883 0.15 0.671 0.079 1,38 3.30 0.077

22. O seu bebé tentava chamar a sua atenção para jogar jogos físicos, como balançar, fazer cócegas ou ser lançado ao ar?

0.25 0.550 0.20 0.696 0.001 1,38 0.64 0.802

Imitação 24. O seu bebé copiava-o ou imitava-o quando produzia sons ou barulhos com a sua boca

1.40 0.940 0.25 0.786 0.32 1,38 17.60 <.0001

25. O seu bebé copiava ou imitava as suas ações, como pôr a língua de fora, bater palmas ou abanar a cabeça?

1.10 1.021 0.15 0.671 0.24 1,38 12.10 0.001

26. O seu bebé copiava-o ou imitava-o quando fazia algo com um brinquedo ou objeto, como agitar um chocalho ou bater com uma colher na mesa?

1.10 1.021 0.10 0.447 0.30 1,38 16.20 <.0001

49. Quando apresentava ao seu bebé um novo como é que o seu bebé respondia?

0.81 0.875 0.15 0.489 0.20 1,38 9.74 0.003

53. O que normalmente tinha que fazer para que o seu bebé sorrisse ou risse para si?

1.05 0.887 0.20 0.410 0.28 1,38 15.13 <.0001

58. Se começasse um jogo copiando ou imitando um som que o seu bebé fazia, como reagia habitualmente o seu bebé?

1.25 0.786 0.60 0.883 0.14 1,38 6.05 0.019

Comunicação expressiva 29. O seu bebé tentava chamar sua atenção fazendo sons e olhando para si ao mesmo tempo?

1.60 0.821 0.50 0.889 0.30 1,38 16.54 <.0001

32. O seu bebé balbuciava juntando sons, como 'ta-ta', da-da-da 'ou' ma-ma-ma '?

1.25 0.785 0.40 0.681 0.26 1,38 13.36 0.001

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34. O seu bebé usava gestos como elevar os braços para ser levantado, abanar a cabeça ou acenar adeus?

1.45 0.826 0.45 0.605 0.33 1,38 19.10 <.0001

38. O seu bebé comunicava consigo apontando com o dedo para objetos ou fotos?

0.45 0.605 0.15 0.671 0.064 1,38 2.20 0.146

Processamento sensorial 3. O seu bebé parecia excessivamente sensível ao seu toque? 0.20 0.523 0.10 0.308 0.014 1,38 0.543 0.466

6. Quando você e o seu bebé estavam frente a frente, ele desviava o olhar para evitar o contacto ocular consigo?

0.95 0.826 0.05 0.224 0.37 1,38 22.14 <.0001

9. O seu bebé cuspia certas texturas de alimentos, como aqueles com granulados ou com pedaços?

0.45 0.605 0.30 0.733 0.013 1,38 0.499 0.484

17. O seu bebé pressionava de forma vigorosa a face, cabeça ou corpo contra pessoas ou móveis?

0.10 0.447 0.25 0.716 0.016 1,38 0.631 0.432

23. Quando o seu bebé estava acordado e ia levantá-lo, o seu corpo parecia-lhe mole ou flexível?

0.65 0.813 0.70 1.081 0.0007 1,38 0.027 0.870

59. Quando o seu bebé estava acordado e não estava a comer, ele mantinha um brinquedo ou um objeto na boca?

0.50 0.889 0.05 0.224 0.11 1,38 4.824 0.034

Padrões regulatórios 28. Os padrões de sono e vigília do seu bebé eram regulares de dia para dia?

0.70 0.979 0.20 0.894 0.069 1,38 2.844 0.100

41. Os padrões de alimentação do seu bebé eram regulares de dia para dia? 0.30 0.733 0.50 1.100 0.012 1,38 0.458 0.503

54. Numa noite normal, quantas horas dormia o seu bebé? 0.70 0.979 0.30 0.733 0.053 1,38 2.141 0.152

55. Numa noite normal, quantas vezes o seu bebé acordava? 0.55 0.605 0.25 0.444 0.077 1,38 3.196 0.082

Reatividade 15. O seu bebé ficava aborrecido quando precisava de o mudar de uma atividade para outra?

0.20 0.523 0.25 0.716 0.001 1,38 0.064 0.802

27. Era difícil acalmar o seu bebé quando ele ficava irritado? 0.80 1.005 0.05 .334 0.22 1,38 10.61 0.002

57. Qual das seguintes opções descreve melhor um dia típico do seu bebé?

0.45 0.759 0.20 0.616 0.033 1,38 1.31 0.260

Comportamento repetitivo 11. O seu bebé ficava contente por brincar sozinho durante uma hora ou mais de cada vez?

0.35 0.587 0.15 0.489 0.034 1,38 1.37 0.249

13. O seu bebé balançava o corpo de um lado para o outro repetidamente? 0.25 0.550 0.10 0.308 0.029 1,38 1.13 0.294

30. O seu bebé ficava agarrado a uma atividade simples repetidamente? 0.50 0.889 0.20 0.616 0.039 1,38 1.54 0.222

33. O seu bebé gostava de olhar para uma luz brilhante por longos períodos de tempo?

0.70 0.865 0.40 0.681 0.038 1,38 1.48 0.230

37. O seu bebé parecia ficar a brincar continuamente com uma parte de um brinquedo em vez de brincar com o brinquedo todo?

0.30 0.71 0.20 0.532 0.008 1,38 0.33 0.567

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42. O seu bebé gostava de esfregar ou arranhar brinquedos ou objetos por longos períodos de tempo?

0.60 0.883 0.30 0.657 0.038 1,38 1.48 0.230

43. O seu bebé parecia ficar com o corpo preso numa posição ou postura que era difícil de mudar?

0.15 0.489 0.10 0.308 0.0039 1,38 0.150 0.701

44. O seu bebé gostava de fazer os objetos girar repetidamente da mesma maneira?

0.50 0.607 0.10 0.308 0.15 1,38 6.91 0.012

45. Quando estava deitado, o seu bebé gostava de mexer os pés repetidamente por longos períodos de tempo?

0.20 0.523 0.20 0.523 0.000 1,38 <.0001 1.000

46. O seu bebé olhava fixamente para os seus próprios dedos enquanto os movia com movimentos curtos e rápidos à frente dos olhos?

0.20 0.523 0.20 0.523 0.000 1,38 <.0001 1.000

48. Qual das seguintes opções descreve melhor o interesse do seu bebé por brinquedos num dia normal?

0.40 0.821 0.55 0.887 0.008 1,38 0.308 0.582

A análise por item mostrou que todos os itens dos compósitos Imitação e

Orientação social e Comunicação Recetiva apresentaram diferenças significativas entre

grupos. Em relação aos itens dos restantes compósitos, o compósito Comunicação

expressiva apresenta 1 item não significativo no total de 4 itens; o compósito Reatividade

apresentou 2 itens não significativos no total de 3 itens; o compósitos Processamento

sensorial apresentou 4 itens não significativos no total de 6 itens; o compósito

Envolvimento social e afetivo apresentou 5 itens não significativos no total de 8 itens; o

compósito Comportamento repetitivo apresentou 10 itens não significativos no total de 11

itens; o compósito Padrões regulatórios apresenta a totalidade (4) dos itens não

significativos.

4. Discussão

O presente estudo centrou-se na temática dos marcadores precoces do autismo, um

tópico de investigação recente na literatura no domínio. Realizou-se uma análise

comparativa entre um grupo clínico com diagnóstico de PEA e um grupo de controlo com

desenvolvimento típico, recorrendo a dois instrumentos de rastreio para as PEA que têm

sido utilizados para a sinalização precoce de crianças em risco para PEA ou outras

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alterações do desenvolvimento: a CSBS e o FYI. Foi usada uma metodologia retrospetiva,

sendo que os pais das crianças com 2 a 5 anos de idade preencheram os questionários tendo

como referência os 12 meses de idade dos seus filhos. É de relembrar que este estudo

encontra-se inserido num projeto de investigação em curso cuja recolha de dados se

encontra ainda a decorrer.

A primeira hipótese do presente estudo foi confirmada: a pontuação do grupo

clínico e do controlo diferencia-se, pelo menos, num dos compósitos da escala CSBS.

Assim, os resultados mostraram que a pontuação dos dois grupos é significativamente

diferente na totalidade da escala – controlo (M = 42.70, DP = 5.66), clínico (M = 20.00,

DP = 13.90), (F (1, 38) = 45.73, p ≤ .0001, η² = 0.546), e em todos os seus compósitos.

Este resultado é consistente com outros estudos que usaram a mesma escala (Landa et a.,

2007; Talbott et al., 2013).

É de notar que, segundo os pontos de corte do instrumento (Wetherby & Prizant,

2002), o grupo Controlo apresentou uma pontuação média total (M = 42.70, DP = 5.66),)

que é consistente com a média esperada aos 12 meses (28-57). Por sua vez, a pontuação

média total do grupo Clínico (M = 20.00, DP = 13.90) não se enquadra nos valores

esperados, encontrando-se muito abaixo do ponto de corte para a idade o que, desde logo,

funciona como um alerta para preocupações de natureza desenvolvimental. É de salientar

também que a média do grupo de controlo é mais do dobro da média do grupo clínico,

reforçando as diferenças. Assim, para além das pontuações diferirem significativamente

entre os dois grupos, são consistentes com o esperado do ponto de vista teórico

relativamente às trajetórias desenvolvimentais típicas e associadas a alterações do

desenvolvimento – neste caso específico as PEA.

Analisando os compósitos da CSBS, verificamos que o mesmo padrão se repete e

que as pontuações médias do grupo Controlo são significativamente superiores às do grupo

Clínico: 1) Emoções e Olhar – controlo (M = 6.95, DP) = 0.76, clínico (M = 3.10, DP =

2.47), 2) Comunicação – controlo (M = 5.70, DP = 1.38), clínico (M = 2.00, DP = 1.91), 3)

Gestos – controlo (M = 7.58, DP = 1.56), clínico (M = 2.65, DP = 3.01); 4) Sons – controlo

(M = 6.10, DP = 1.44), clínico (M = 3.85, DP = 2.31); 5) palavras – controlo (M = 3.25,

DP = 1.21), clínico (M = 1.15, DP = 1.79); 6) Compreensão – controlo (M = 4..80, DP =

1.01), clínico (M = 2.05, DP = 2.04); 7) Uso de objetos – controlo (M = 8.35, DP = 1.42),

clínico (M = 5.15, DP = 3.47), sendo que, para todos os compósitos, (p<0.0001). Esta

evidência é onsistente com os resultados encontrados em estudos anteriores (Landa et a.,

2007; Talbott et al., 2013).

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A análise da significância prática dos resultados mostrou que os compósitos cuja

significância é mais robusta são Comunicação (η² = 0.56), Gestos (η² = 0.55) e Emoções e

olhar (η² = 0.54), apresentando todos magnitudes de efeito grandes. Não é surpresa que a

comunicação apresente a diferença mais robusta, pois esta tem sido reportada

recorrentemente tanto em estudos nacionais (Ferreira & Oliveira, 2016) como em estudos

internacionais (Mitchell et al., 2006; Paul et al., 2011) enquanto marcador precoce

promissor das PEA. A produção de gestos também tem sido identificada consistentemente

em estudos que usam metodologias de análise de vídeos (Baranek, 1999), a CSBS (Landa

et a., 2007; Talbott et al., 2013) ou outros instrumentos de rastreio (Mitchell et al., 2006;

Rozga et al., 2011; Zwaigenbaum et al., 2005). É de notar que, no estudo de Talbott e

colaboradores (2013) foram avaliados também os gestos produzidos pelas mães das

crianças, tendo estes sido mais frequentes e comunicativos nos grupos não diagnosticados

com PEA.

Assim, fatores ambientais tais como as características do comportamento parental e

a interação mãe-filho podem exercer alguma influencia na trajetória desenvolvimental das

crianças devendo, por isso mesmo, ser incluídos e avaliados pelos instrumentos de rastreio.

Por sua vez, a atenção conjunta constitui um fator importante no estabelecimento de

relação diádicas entre os pais e os filhos, sendo que crianças que mais tarde são

diagnosticadas com PEA apresentam dificuldades em estabelecê-la (Landa et al., 2007;

Yoder et al., 2009). De notar que no presente estudo, os itens relacionados com este

domínio (e.g., item 4 e item 8, cf. Quadro 5) apresentaram diferenças significativas entre

os grupos, sendo que a magnitude do efeito foi mais elevada em comparação com a dos

outros itens.

Apesar da hipótese proposta se referir apenas aos compósitos da escala, verificou-se

que as pontuações do grupo clínico e do controlo se diferenciaram também em todos os

itens da escala. A análise da significância prática dos resultados mostrou que os itens cuja

significância é mais robusta são o item 2 (cf. Quadro 5), que faz parte do Compósito

Emoções e Olhar mas que remete também para a noção de orientação social que tem sido

referida como um forte marcador precoce das PEA (Bedford et al., 2012; Cornew et al.,

2012); o item 13 (cf. Quadro 5) que faz parte do Compósito Gestos e o item 19 (cf.

Quadro 5), que se refere à reação ao nome e que tem sido reportado pela investigação

como um marcador promissor das PEA (Baranek, 1999; Nadig et al., 2007; Zwaigenbaum

et al., 2005). Deste modo, e com base nas análises realizadas, os resultados obtidos na

CSBS são consistentes com a literatura existente.

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Relativamente à segunda hipótese – 2) a pontuação do grupo clínico e do grupo

controlo diferencia-se, pelo menos, num dos domínios/compósitos do inventário FYI, esta

também foi confirmada. Assim, os resultados mostraram que a pontuação dos dois grupos

é significativamente diferente na totalidade da escala – controlo (M = 11.83, DP = 5.65),

clínico (M = 30.42, DP = 10.84), (F (1, 38) = 46.25, p =.0001, η² = 0.549), nos dois

domínios globais (sócio-comunicativo e sensorial-regulatório) e nos compósitos

Orientação social e Comunicação Recetiva, Envolvimento Social e Afetivo, Imitação,

Comunicação Expressiva, Processamento Sensorial e Reatividade. É de notar também que

a média da pontuação de risco do grupo clínico é mais do dobro da média do grupo de

controlo, reforçando assim as diferenças. Estes resultados são consistentes com os de

estudos anteriores que usaram o FYI (Reznick et al., 2007; Watson, 2007), mostrando que

pontuações mais elevadas no inventário indiciam atipicidades no desenvolvimento.

Com o objetivo de explorar diferenças no FYI entre os grupos, procedeu-se a uma

análise ANOVA One-Way com as pontuações nos dois domínios do inventário. Em

relação ao domínio sócio-comunicativo, os grupos diferiram significativamente, sendo que

o grupo de controlo (M = 14.60, DP = 10.34) apresentou uma pontuação de risco menor do

que a o grupo clínico (M = 39.53, DP = 10.91), (F (1, 38) = 55.02, p =.0001, η² = 0.591). O

mesmo se verificou para o domínio sensorial-regulatório, em que a pontuação do grupo de

controlo (M = 9.33, DP = 9.102) foi claramente inferior à do grupo Clínico (M = 22.41, DP

= 16.44), (F (1, 38) = 9.70, p =.004, η² = 0.203). Assim, o grupo Clínico apresentou

pontuações de risco superiores nos dois domínios comparativamente ao grupo de Controlo,

resultado concordante com evidência existente (Watson, 2007).

Foi possível examinar que o domínio sócio-comunicativo parece ser mais

importante para o diagnóstico de PEA, pois a sua magnitude do efeito é de mais de duas

vezes superior do que a do domínio sensorial-regulatório. É de notar que, em alguns

estudos anteriores que usaram o FYI (e.g., Rowberry et al., 2015), apenas o domínio sócio-

comunicativo contribuiu significativamente para a identificação das crianças com PEA.

Para além disso, a consistência interna do domínio sócio-comunicativo (α = .876) foi

superior à do domínio sensorial-regulatório (α = .718), o que também tem sido verificado

noutros estudos com o FYI (Reznick et al., 2007). Por último, as pontuações de risco no

domínio sócio-comunicativo foram mais elevadas do que as do domínio sensorial-

regulatório, tanto no presente estudo, como em estudos anteriores (Muratori et al, 2008;

Reznick et al., 2007). Assim, o domínio sócio-comunicativo parece ser mais eficiente na

identificação de crianças em risco para PEA do que o sensorial-regulatório.

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Em relação aos compósitos específicos do FYI, os grupos diferiram

significativamente nos compósitos Orientação Social e Comunicação Recetiva,

Envolvimento Social e Afetivo, Imitação, Comunicação Expressiva, Processamento

Sensorial e Reatividade (p < 0.05, cf. Quadro 6). A análise da significância prática destas

diferenças mostrou que os compósitos cuja significância é mais robusta são Orientação

Social e Comunicação Recetiva (η² = 0.60), Comunicação Expressiva (η² = 0.52) e

Imitação (η² = 0.43), apresentando todos magnitudes de efeito grandes, sobretudo no caso

do primeiro compósito. É de referir que estes compósitos são também os que apresentam

pontuações de risco mais altas, o que também se verificou no estudo realizado por

Muratori e colaboradores (2008) com 50 crianças autistas italianas. Para além disso, o

estudo de Rowberry e colaboradores (2015) verificou que os compósitos Orientação Social

e Comunicação Recetiva e Imitação são os que diferenciam melhor os grupos, estando em

concordância com as evidencias anteriores. Por outro lado, estudos que utilizaram

diferentes instrumentos também identificaram a orientação Social como um preditor

promissor (Bedford et al., 2012; Cornew et al., 2012) assim como a imitação (Macari et al.,

2012; Mitchell el al, 2006; Ozonoff et al., 2010; Zwaigenbaum et al., 2005). Quanto ao

compósito Envolvimento Social e Afetivo, este parece ser menos interessante do que os

restantes compósitos deste domínio na diferenciação de grupos.

A análise da significância prática dos resultados mostrou que os itens cuja

significância é mais robusta são o item 4 (cf. Quadro 7, ainda que não significativo), pois

tem subjacente a capacidade de antecipação que tem sido identificada como estando

enfraquecida nas crianças com PEA (Baranek, 1999; Garon et al., 2009); o item 31 (cf.

Quadro 7), que se refere ao interesse manifestado em relação à outras crianças; o item 5

(cf. Quadro 7) que se refere à perceção sensorial, sendo que esta parece estar alterada nas

PEA (Samy, Selim, Osman, & Mohamed, 2012).

Ainda em relação à análise individual de itens, importa referir que houve um grande

número (27, cf. Quadro 7) de itens cujas diferenças não foram significativas entre grupos,

número esse superior ao referido noutros estudos (Watson et al., 2007 – 8 itens não

significativos). Tal como esperado, a maioria destes itens faz parte dos compósitos que não

foram significativos na sinalização de diferenças entre os dois grupos: Padrões regulatórios

e Comportamento repetitivo. Esta disparidade entre o número de itens não significativos

remete para a necessidade de realização de estudos nacionais de grande escala, no sentido

de verificar se são necessárias alterações à escala consoante as características da população

portuguesa.

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Uma vez analisadas a CSBS e o FYI individualmente, vamos proceder à sua

comparação qualitativa. A consistência interna entre os 7 compósitos da escala CSBS (α =

.938) foi superior à consistência interna entre os 8 compósitos do inventário FYI (α =

.803), apesar de ambas apresentarem valores de consistência muito bons e consistentes

com os encontrados em estudos anteriores (e.g., Reznick et al., 2007). De uma maneira

geral, os grupos controlo e clínico diferenciaram-se entre si em ambos os instrumentos,

tanto na pontuação total, como nos diferentes domínios/compósitos. Os compósitos

relativos à comunicação e gestos/comunicação expressiva parecem sinalizar crianças com

diagnóstico de PEA em ambas as escalas, remetendo assim para marcadores que têm sido

identificados no primeiro ano de vida em diversos estudos (Chawarska, Macari, & Shic,

2013; Elsabbagh et al., 2011).

É de referir que, apesar do número de compósitos não ser o mesmo em ambas as

escalas, todos os compósitos da escala CSBS apresentaram diferenças significativas entre

os grupos, o que não aconteceu no inventário FYI. Para além disso, e tendo novamente em

conta que o número de itens é diferente, todos os itens da escala CSBS apresentaram

diferenças significativas, enquanto que no FYI 27 itens foram não significativos, o que

constitui praticamente metade da escala. Assim, apesar de abranger um maior leque de

sintomas de PEA, no presente estudo o desempenho no FYI parece ser menos eficiente do

a CSBS. Verificamos então que é crucial a realização de mais estudos com maior número

de participantes, no sentido de testar a validade interna e externa dos itens da escala na

população portuguesa, tanto normativa, como clínica.

De uma maneira geral, o presente estudo apresenta dados que estão em

concordância com a investigação existente, tanto aquela em que foram usadas as mesmas

escalas, como com os estudos que utilizaram instrumentos diferentes. A comunicação em

geral mostrou-se o marcador mais promissor em ambos os instrumentos utilizados,

reforçando os dados disponíveis na literatura (Mitchell et al., 2006; Ferreira & Oliveira,

2016; Paul et al., 2011). Dentro do marcador geral da comunicação, verificamos também

potencial dos seus domínios mais específicos - comunicação recetiva (Bedford et al., 2012;

Cornew et al., 2012; Muratori et al., 2008; Rowberry et al, 2015) e comunicação

expressiva (Muratori et al., 2008). É de referir que o compósitos da comunicação

expressiva inclui os gestos, que também demonstrou ser um indicador forte no presente

estudo e em estudos anteriores (Landa et al., 2007; Mitchell et al., 2006; Rozga et al.,

2011; Talbott et al., 2013; Zwaigenbaum et al., 2005;). Por último, os grupos apresentaram

desempenhos significativamente diferentes nos itens/ compósitos referentes à imitação,

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estando mais uma vez em sintonia com evidências existentes (Macari et al., 2012; Mitchell

el al, 2006; Muratori et al., 2008; Ozonoff et al., 2010; Rowberry et al., 2015;

Zwaigenbaum et al., 2005).

5. Conclusão

O presente estudo teve como objetivo contribuir para o estudo dos marcadores

precoces do autismo, através de uma metodologia retrospetiva e de cariz exploratório. A

investigação neste domínio é crucial, no sentido de facilitar a intervenção precoce, que se

mostra essencial para o desenvolvimento da capacidade de adaptação desta população

(Ben-Sasson & Carter, 2012). Em Portugal, este domínio não tem sido explorado, existindo

um único estudo publicado por Ferreira & Oliveira em 2016.

Participaram neste estudo um total de 40 crianças com idades que variaram entre os

2 e os 5 anos de idade, encontrando-se organizadas em dois grupos: o grupo Clínico

constituído por crianças com diagnóstico formal de PEA (n = 20), e o grupo controlo (n =

20) por crianças com desenvolvimento típico. A recolha de dados consistiu no

preenchimento, por parte dos cuidadores, de duas escalas de rastreio precoce de

perturbações desenvolvimentais, nomeadamente a CSBS (Wetherby & Prizant, 2002) e o

FYI (Baranek et al., 2003). Foi pedido aos cuidadores para preencherem ambas as escalas

tendo como ponto de referência a idade dos 12 meses do seu/a filho/a tendo estes que se

recordarem dos comportamentos dos seus filhos nessa idade (desenho experimental

comum aos estudos retrospetivos- Muratori et al, 2008). Adicionalmente foram

administrados outros instrumentos para garantir o cumprimento dos critérios de inclusão e

de exclusão, nomeadamente diagnóstico formal de PEA no caso do grupo clínico e

ausência de perturbações desenvolvimentais no caso do grupo controlo.

O presente trabalho constitui o primeiro estudo a usar a CSBS e o FYI em Portugal

com o objetivo de explorar a capacidade destes instrumentos para diferenciarem crianças

com desenvolvimento típico de crianças com diagnóstico de PEA. Trata-se de um estudo

que se inscreve num projeto de investigação mais vasto sobre marcadores precoces do

desenvolvimento e no contexto do qual estes dois instrumentos foram traduzidos para o

Português Europeu e se encontram em processo de adaptação e validação. Recorrendo a

uma metodologia retrospetiva, este estudo fornece um ponto de partida para a realização de

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estudos de validação abrangendo um maior número de crianças e um leque maior de

perturbações desenvolvimentais.

Os resultados obtidos evidenciaram que quer a CSBS quer o FYI apresentaram uma

consistência interna muito boa (α = .938 e α = .803, respetivamente) e que, de um modo

geral, diferenciaram o grupo controlo e o grupo clínico. Relativamente à CSBS, o grupo

controlo apresentou sistematicamente pontuações médias significativamente superiores às

do grupo clínico quer para os resultados totais, quer para os compósitos (emoções e olhar,

comunicação, gestos, sons, palavras, compreensão, uso de objetos) e respetivos itens (2, 13

e 19, cf. Quadro 5). Os resultados encontrados foram consistentes com os de estudos

anteriores realizados com a CSBS (Landa et al., 2007).

Por sua vez, no FYI o grupo controlo apresentou também pontuações

significativamente mais baixas que apontam para um risco reduzido de alterações

desenvolvimentais, ao contrário do grupo clínico que apresentou pontuações de risco

significativamente mais elevadas, quer para os dois domínios gerais (sócio-comunicativo

sensório-regulatório), nos compósitos (Orientação social e comunicação recetiva,

Envolvimento social e afetivo, Imitação, Comunicação expressiva, Processamento

sensorial e Reatividade) e respetivos itens (4, 5 e 31 cf. Quadro 7). Estes resultados são

consistentes com os encontrados em estudos anteriores (Reznick et al., 2007; Watson,

2007).

No entanto, importa referir que o inventário FYI parece ter sido menos eficaz na

diferenciação de grupos, na medida em que revelou uma consistência interna menor e uma

grande quantidade de itens não significativos, o que não se verificou noutros estudos

retrospetivos que usaram o mesmo instrumento (Watson et al., 2007). Esta disparidade

remete mais uma vez para a necessidade de realização de estudos nacionais de larga escala,

no sentido de analisar em que medida serão necessários ajustes ao FYI em função das

características da população portuguesa.

Os domínios/ compósitos que emergiram como significativos nas análises e que

foram comuns às duas escalas coincidem com marcadores precoces sistematicamente

relatados na literatura com potencial diferenciador e sinalizador de crianças em risco para

perturbações do desenvolvimento. Nomeadamente, destacamos a comunicação (Bedford et

al., 2012; Cornew et al., 2012; Mitchell et al., 2006; 2007; Paul et al., 2011), os gestos

(Landa et a., 2007; Mitchell et al., 2006; Rozga et al., 2011; Talbott et al., 2013;

Zwaigenbaum et al., 2005), e a imitação (Macari et al., 2012; Mitchell el al, 2006;

Muratori et al., 2008; Ozonoff et al., 2010; Rowberry et al., 2015; Zwaigenbaum et al.,

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2005). Importa salientar que a comunicação já tinha sido sinalizada como um marcador

promissor no estudo português de Ferreira e Oliveira (2016), sendo esta a única referência

portuguesa neste domínio.

É importante ressalvar que este estudo apresenta algumas limitações que devem ter

sido em conta na interpretação dos seus resultados. Em primeiro lugar, devido ao reduzido

número de participantes, as conclusões do estudo não podem ser generalizadas, devendo

servir apenas de referência na delineação de estudos futuros. O atual estudo encontra-se

inserido num projeto em curso mais abrangente e cuja recolha de dados ainda está em

curso, pelo que as conclusões descritas deverão voltar a ser testadas numa amostra mais

alargada de participantes. Assim, são necessários estudos posteriores cujo design

experimental permita realizar comparações diretas entre as duas escalas, no sentido de

determinar se alguma dela é mais eficaz do que a outra; no presente trabalho, tal não foi

possível, pois não se encontravam cumpridos os pressupostos para este tipo de análises. É

de referir também que, sendo um estudo retrospetivo, a variável temporal possa ter

enviesado as respostas dos participantes. Por último, apesar da zona da residência

aparentemente não ter tido impacto significativa nos resultados, esta constitui uma variável

a ser controlada futuramente.

Em Portugal, muito há ainda a explorar no que diz respeito ao estudo dos

marcadores precoces e da validação de instrumentos que permitam a sinalização precoce

de crianças em risco para desenvolverem alterações desenvolvimentais. Assim sendo, são

necessários mais estudos, retrospetivos e longitudinais, que contribuam para o avanço do

conhecimento quer em termos de investigação básica quer aplicada. O presente trabalho

constitui uma base para estas análises futuras, no sentido em que fornece insight sobre

potenciais candidatos para os marcadores precoces do autismo verificados em crianças

portuguesas.

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7. Anexos

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Anexo 1 - Carta informativa destinada aos cuidadores

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Anexo 2 – Consentimento informado

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Anexo 3 - Questionário de recolha de dados sociodemográficos – grupo Controlo

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Anexo 4 - Questionário de recolha de dados sociodemográficos – grupo Clínico

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Anexo 5 - Questionário específico sobre questões de diagnóstico de PEA

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Anexo 6 - Aprovação da Comissão de Ética da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto