05.02.2013 - curso preparatrio para a advocacia - aula 1

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INICIAÇÃO À ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA Aula 1 PROFESSORA: ANA JÚLIA BRASI PIRES KACHAN – [email protected] A seguridade social é parte integrante da ordem social - Conceito de seguridade social (artigo 194 CF) : um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. - Wagner Balera diz que “Para que a justiça e o bem-estar venham a fazer parte do quotidiano dos indivíduos, é necessário que haja um conjunto de medidas, normas, providências e práticas que assegurem adequada proteção no corpo social. Aos indivíduos competia, nos primórdios da vida em sociedade, cuidar da própria proteção. Através do seguro social, o Estado intervém e institui um mecanismo de proteção coletiva que passou a ser adotado em inúmeros países: a previdência social. Pode-se dizer que a seguridade social representa uma evolução na concepção do papel do Estado e da sociedade. A proteção quase total dos indivíduos, nas situações de necessidade, depende das iniciativas do Poder Público e do conjunto da sociedade. E nosso ordenamento constitucional confere à seguridade social três instrumentos para o cumprimento dos objetivos da ordem social: o sistema de saúde, o sistema de previdência e o sistema de assistência social”; - CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL: CONJUNTO INTEGRADO DE AÇÕES DE INICIATIVA DOS PODERES PÚBLICOS E DA SOCIEDADE NAS ÁREAS DE SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL; OBJETIVANDO A PROTEÇÃO SOCIAL CONTRA CONTINGÊNCIAS QUE IMPEÇAM A MANUTENÇÃO DO SUSTENTO . - O SISTEMA CONTEMPLA O CUSTEIO TRIPARTITE: OU SEJA, UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL, EMPREGADOS E EMPREGADORES. - Art. 194, § único: Compete ao Poder Público, organizar a seguridade social e para tanto devem ser observados os princípios e objetivos elencados na Constituição Federal - PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS/ DENOMINADOS PELA CF DE OBJETIVOS - Segundo a métrica traçada pelo constituinte, o sistema de seguridade social brasileiro obedece a um conjunto de princípios (apropriadamente denominados objetivos) 1

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05.02.2013 curso preparatório

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Page 1: 05.02.2013 - Curso Preparatrio Para a Advocacia - Aula 1

INICIAÇÃO À ADVOCACIA PREVIDENCIÁRIA

Aula 1

PROFESSORA: ANA JÚLIA BRASI PIRES KACHAN – [email protected]

A seguridade social é parte integrante da ordem social

- Conceito de seguridade social (artigo 194 CF) : um conjunto de princípios, de regras e de instituições destinado a estabelecer um sistema de proteção social aos indivíduos contra contingências que os impeçam de prover as suas necessidades pessoais básicas e de suas famílias, integrado por ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, visando assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social.

- Wagner Balera diz que “Para que a justiça e o bem-estar venham a fazer parte do quotidiano dos indivíduos, é necessário que haja um conjunto de medidas, normas, providências e práticas que assegurem adequada proteção no corpo social. Aos indivíduos competia, nos primórdios da vida em sociedade, cuidar da própria proteção. Através do seguro social, o Estado intervém e institui um mecanismo de proteção coletiva que passou a ser adotado em inúmeros países: a previdência social. Pode-se dizer que a seguridade social representa uma evolução na concepção do papel do Estado e da sociedade. A proteção quase total dos indivíduos, nas situações de necessidade, depende das iniciativas do Poder Público e do conjunto da sociedade. E nosso ordenamento constitucional confere à seguridade social três instrumentos para o cumprimento dos objetivos da ordem social: o sistema de saúde, o sistema de previdência e o sistema de assistência social”;

- CONCEITO DE SEGURIDADE SOCIAL: CONJUNTO INTEGRADO DE AÇÕES DE INICIATIVA DOS PODERES PÚBLICOS E DA SOCIEDADE NAS ÁREAS DE SAÚDE, PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL; OBJETIVANDO A PROTEÇÃO SOCIAL CONTRA CONTINGÊNCIAS QUE IMPEÇAM A MANUTENÇÃO DO SUSTENTO.

- O SISTEMA CONTEMPLA O CUSTEIO TRIPARTITE: OU SEJA, UNIÃO, ESTADOS, MUNICÍPIOS, DISTRITO FEDERAL, EMPREGADOS E EMPREGADORES.

- Art. 194, § único: Compete ao Poder Público, organizar a seguridade social e para tanto devem ser observados os princípios e objetivos elencados na Constituição Federal

- PRINCÍPIOS DA SEGURIDADE SOCIAL

- PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS/ DENOMINADOS PELA CF DE OBJETIVOS

- Segundo a métrica traçada pelo constituinte, o sistema de seguridade social brasileiro obedece a um conjunto de princípios (apropriadamente denominados objetivos) que possuem, entre si, uma hierarquia além de, claro, sobreporem-se às demais normas do ordenamento protetivo;

- 1- Universalidade da cobertura - Quando implantou o sistema de seguridade, o legislador constituinte não poderia ter deixado de lado o princípio que é, sem favor algum, o objetivo primordial do modelo protetivo;

- A seguridade social deve garantir cobertura a todo e qualquer evento que possa conduzir a uma situação de necessidade (universalidade de cobertura);

- É universal pois de acesso de todos (mesmo no caso da previdência, pois qualquer um pode ser filiado);

- a universalidade dá começo lógico à enumeração das diretrizes constitucionais em matéria previdenciária;

- por decisão política, o princípio da igualdade foi colocado no caput do art. 5º;

- no campo da seguridade social, o objetivo da universalidade é congruente com o princípio da igualdade;

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- para a construção da isonomia – da qual dependem todos os valores que cabe à República pôr em movimento – a seguridade social contribui com a universalização;

- o princípio tem um caráter objetivo, que é a universalidade da cobertura; e um caráter subjetivo, que é a universalidade do atendimento;

- o primeiro, objetivo, diz respeito aos eventos cobertos, e não é absoluto;

- o Estado dá proteção na medida de sua capacidade econômica e de acordo com a necessidade dos protegidos;

- não pode ser reduzido, apenas expandido;

- o núcleo mínimo, dado pela Convenção 102 da OIT, está previsto constitucionalmente;

- o caráter subjetivo diz respeito aos titulares do direito à proteção social;

- condição – contribuição (compatibilizar o principio com as regras da previdência social);

- segundo Sérgio Pinto Martins, a universalidade da cobertura deve ser entendida como a universalidade daquelas pessoas que forem atingidas por uma contingência humana, como a impossibilidade jurídica de retornar ao trabalho, a idade avançada, a morte, etc. Já a universalidade do atendimento refere-se a contingências que serão cobertas, não às partes envolvidas, ou seja, às adversidades ou aos acontecimentos em que a pessoa não tenha condições próprias de renda ou de subsistência;

- na saúde há universalidade no atendimento, pois todos têm direito a socorrer-se do sistema, independentemente do pagamento de contribuições, sendo direito da pessoa e dever do Estado (art. 196 da CF);

- segundo ODONEL URBANO GONÇALES, “Universalidade da cobertura e do atendimento significa que toda pessoa, pelo fato de ser pessoa, já deve ser amparada. É o Estado cuidando para que os indivíduos não se transformem, por razões circunstanciais, em parias, em mendigos. Essa universalidade é um ideal a ser atendido, na medida em que, notoriamente, sabe-se que a sociedade brasileira ainda não tem capacidade econômica nem vontade política (especialmente esta última) para tanto;

- TODA PESSOA, PELO SIMPLES FATO DE SER PESSOA, JÁ DEVE SER AMPARADA.

- 2- uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais ;

- também desdobramento do princípio da igualdade;

- a uniformidade vai dizer respeito aos aspectos objetivos, às contingências que irão ser cobertas;

- a equivalência vai tomar por base o aspecto pecuniário ou do atendimento dos serviços, que não serão necessariamente iguais, mas equivalentes, na medida do possível, dependendo do tempo de contribuição, coeficiente de cálculo, idade, sexo, etc.;

- veio atender clamor da população, resgatando dívida histórica e corrigindo defeitos da legislação previdenciária anterior que discriminava o trabalhador rural; AVANÇO LEGISLATIVO

- os rurais foram contemplados com direitos previdenciários, ainda que de forma parcial, a partir do Estatuto do Trabalhador Rural – Lei 4.214, de 2 de março de 1963, que criou o Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural – FUNRURAL;

- Decreto-Lei 564, de 01.05.69 – estendeu aos trabalhadores rural, especialmente aos empregados do setor agrário da agroindústria canavieira direitos previdenciários relativos a um plano básico de previdência;

- Decreto-Lei 704, de 24.7.69 – complementou e ampliou o plano básico de previdência rural, prevendo a aplicação de suas regras aos empregados das empresas produtoras e fornecedoras de produto agrário in natura;

- Decreto 65.106, de 06.09.69 – aprovou o regulamento da Previdência Social Rural;

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- Lei Complementar 11, de 25.05.71 – programa de assistência ao trabalhador rural – Pró-Rural, que foi regulamentado pelo Decreto69.919, de 11.01.72;

- Lei 6.195, de 19.12.74 – estendeu cobertura especial dos acidentes do trabalho ao trabalhador rural;

- Decreto 75.208, de 10.01.75 – estendeu os benefícios do Pró-Rural aos garimpeiros;

- Decreto 77.514, de 29.04.76 – regulamentou a lei que instituiu benefícios e serviços previdenciários para os empregadores rurais e dependentes;

- Atenção ao SEGURADO ESPECIAL que é o pequeno trabalhador rural e o pescador artesanal. Esse segurado não paga contribuições previdenciárias sobre salário, mas apenas quando comercializa sua produção (artigo 195, § 8º da CF). Vide Súmula 272 STJ – segurado especial só tem direito à aposentadoria por tempo de serviço se verter contribuições facultativas.

- 3- Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços ;

- SELEÇÃO DOS RISCOS COBERTOS A CARGO DO ESTADO

- O legislador escolhe e seleciona os riscos que serão protegidos através da legislação ordinária, de acordo com a capacidade econômica do Estado;

- – Da Seletividade e Distributividade na Prestação de Benefícios e Serviços- Recursos Finitos X Necessidades Infinitas- Universalidade X Seletividade

- a seletividade e a distributividade devem ser pautadas sempre que possível pelo princípio da universalidade (caráter programático, ou seja, é criada – o Estado diz que o sistema é universal, mas essa universalidade é dada por ele, que seleciona o que proteger);

- a seletividade consiste na eleição dos riscos e contingências sociais a serem cobertos;

- O Estado não tem condições, nem suporte financeiro, para cobrir todas as situações de necessidade. É preciso priorizar, não só os riscos, como também os sujeitos.

- Ex. nem todas as pessoas com idade avançada têm direito à aposentadoria por idade;

- o princípio tem como destinatário o legislador constitucional, que estabeleceu expressamente quais os riscos e contingências sociais protegidas no art. 201 da CF;

- são eles: doença, invalidez, morte, idade avançada, proteção à maternidade, proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário, proteção aos segurados de baixa renda (salário família e auxílio-reclusão) e o risco de acidente do trabalho;

- 1- DOENÇA;

- 2- INVALIDEZ;

- 3- MORTE;

- 4- IDADE AVANÇADA;

- 5- MATERNIDADE;

- 6- TRABALHADOR EM SITUAÇÃO DE DESEMPREGO;

- 7- SEGURADOS DE BAIXA RENDA;

- 8- ACIDENTES DO TRABALHO.

- quanto ao limite das prestações previdenciárias, segundo Beveridge, as prestações de seguridade social devem assegurar uma tutela de base;

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- o limite é importante para se manter ativo o desejo salutar da formação de reservas individuais e familiares e da solidariedade familiar;

- as prestações assistenciais são devidas aos integrantes da sociedade como uma segunda rede de proteção, não devendo as entidades familiares recusarem-se a fazer sua parte;

- já a distributividade implica na criação dos critérios/requisitos para acesso aos riscos objeto de proteção, de forma a atingir o maior número de pessoas, proporcionando assim uma cobertura mais ampla;

- segundo BALERA, a regra da distributividade autoriza a escolha de prestações que sendo direito comum a todas as pessoas contemplam de modo mais abrangente os que demonstrem possuir maiores necessidades;

- RISCO X CONTINGÊNCIA

- Risco é evento futuro e incerto. São características do risco: futuridade; previsão do seu acontecimento; dano, ou prejudicialidade econômica e ser involuntário. Exemplo é a morte;

- Contingência é evento que, em ocorrendo, acarreta diminuição do rendimento (ou percepção da renda) ou a própria cessação da renda, ou ainda aumento de gastos. São características principais: o evento deve ser voluntário e, por ser voluntário, ao trará prejuízo econômico de dano. Pode ser diminuição da renda ou aumento de gasto. Ex: maternidade

- 4- Irredutibilidade do valor dos benefícios

- Visa manter o PODER REAL DE COMPRA, protegendo os benefícios dos efeitos maléficos da inflação;

- Benefício é prestação pecuniária exigível pelos beneficiários (definição vem do regulamento de previdência social aprovado pelo Decreto 72.771/73)

- Esse princípio se aplica apenas aos benefícios e não aos serviços.

- Prestação pecuniária que não pode sofrer modificação nem em sua expressão quantitativa (valor monetário); nem em sua expressão qualitativa (valor real), o benefício vinha sofrendo drástica redução em virtude de variadas contingências históricas de natureza adversa;

- O legislador constituinte esteve atento ao problema e dele tratou em vários dispositivos acabando por eleger em objetivo aquilo que é regra elementar de toda e qualquer obrigação jurídica;

- A CF proíbe expressamente a vinculação ao salário mínimo;

- O artigo 201, § 2º, da CF, diz que não pode o benefício ser inferior ao salário mínimo; e o artigo 58 ADCT implantou a equivalência salarial apenas até o advento da lei de custeio e benefícios;

- Os benefícios previdenciários são dívida de valor, ou seja, são dívidas em dinheiro, mas não de dinheiro; o qual tem apenas o sentido de medir o valor do objeto da prestação. Visa-se com a prestação previdenciária a eliminação do estado de necessidade social;

- 5- Equidade na forma de participação no custeio –

- Pode ser entendido como justiça e igualdade na forma de custeio;

- Capacidade contributiva/ risco social

- Decorre da capacidade econômica do contribuinte ;

- Suporta progressividade, como se verifica nas alíquotas de 8,0%, 9,0% e 11% incidentes sobre a remuneração do trabalhador (art. 20 da Lei 8.212/91);

- O ônus do empregador é maior por força de sua capacidade econômica em relação ao empregado.

- O teto de R$3.916,20 só se aplica às contribuições do empregado. Se o salário for maior a contribuição do empregador será maior.

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- 6- Diversidade da base de financiamento

- A constituição federal prevê diversas bases de sustentação do sistema previdenciário, visando dar-lhe segurança e estabilidade; CUSTEIO DIRETO E CUSTEIO INDIRETO.

- A diversidade de base de financiamento está expressa no art. 195, caput, I, II e III da CF;

- Diversidade subjetiva: mais de um sujeito. Diversidade objetiva: vários fatos dão ensejo à incidência de contribuição.

- A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das seguintes contribuições sociais. I – dos empregadores, incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, a pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício, a receita ou o faturamento, e o lucro; II dos trabalhadores e demais segurados da Previdência Social...; III sobre a receita de concurso de prognósticos; IV – do importador de bens ou serviços, ou de quem a lei ele equiparar;

- Caso as bases estabelecidas constitucionalmente para financiamento da seguridade social revelem-se insuficientes, surge a possibilidade da utilização de um mecanismo de emergência expresso no art. 195, § 4º da CF/88 que diz que a lei poderá instituir outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou a expansão da Seguridade Social, obedecido o disposto no art. 154, I, da CF;

- Exigências para criação de novas contribuições previdenciárias: devem ser instituídas por lei complementar e não podem ter mesmo fato gerador ou base de cálculo dos tributos já existentes – o objetivo é conter a sede tributária do legislador;

- EC 42/2003 – possibilita a substituição gradativa da contribuição sobre a folha por contribuição sobre a receita. Visa desonerar a mão-de-obra, como medida para conter, por exemplo, o desemprego.

- 7- Caráter democrático e descentralizado da gestão do sistema

- A gestão dos sistemas sociais tem três momentos:

- 1) planejamento – imprescindível a formulação do planejamento para que o sistema de seguridade social funcione. Os planos são discutidos nos conselhos comunitários;

- 2) atividade executiva – o momento do Estado agir, por meio das ações do Poder Executivo e suas ramificações;

- 3) momento de controle das ações em todos os níveis com a efetivação de fiscalização e verificação da eficácia dos planos;

- caráter democrático tem a ver com o Estado democrático de direito anunciado no preâmbulo e no artigo 1º da CF;

- o caráter descentralizado encontra-se em consonância com a finalidade da seguridade social de proporcionar o atendimento das necessidades básicas dos indivíduos relacionados com a saúde, previdência social e assistência social;

- não teria sentido o constituinte prestigiar valores tão importantes, como saúde, previdência e assistência, e deixá-los sobrestados na burocracia da Administração pública;

- torna-se necessário que a atividade administrativa se desloque do Estado para outra pessoa jurídica, que, no caso da Previdência Social, é o Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, com a finalidade de atender Às expectativas dos interessados;

- gestão quadripartite – veio com a EC20/98 – sistema é gerido com participação de representantes dos trabalhadores, empregadores, aposentados e Estado;

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- Foram criados diversos conselhos de estrutura colegiada, o mais importante deles é o CNPS – CONSELHO NACIONAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL – COMPOSTO POR 6 REPRESENTANTES DO GOVERNO, 3 DOS TRABALHADORES, 3 EMPREGADORES, 3 APOSENTADOS E PENSIONISTAS. TOTAL DE 15 MEMBROS.

- Membros nomeados pelo Presidente da República, com mandato de 2 anos.

FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL – ARTIGO 195 CF

Diretamente ligado ao principio da solidariedade

Uma geração contribui para garantir os benefícios da geração anterior (vertical) e também para redistribuir rendas (horizontal).

Sistema de repartição simples: todas as contribuições são revertidas para um único fundo, atendendo a um universo de beneficiários (maior proteção social);

Na previdência complementar vale o sistema de capitalização, os recolhimentos são revertidos para um fundo individual (ou capitalizado) que responderá para o pagamento dos próprios benefícios e despesas de administração.

Financiamento direto: espécie tributária de destinação vinculada. Contribuições para a seguridade social visam custear o sistema de seguridade social.

VIDE ART. 195, CF, § 4º - CONTRIBUIÇÃO RESIDUAL. A lei pode instituir outras fontes observando: lei complementar, não cumulatividade, base de cálculo e fato gerados diferentes as contribuições previstas no artigo 195 (STF entende que pode ter mesmo fato gerador – RE 258470).

As demais contribuições previstas no artigo 195 podem ser regulamentadas por simples lei ordinária.

Financiamento indireto: orçamentos da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das seguintes contribuições sociais (TRIPARTITE):-

1 – do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre:-

a)a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;

b) a receita ou o faturamento;

c) o lucro;

2- do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral da previdência social;

3- sobre a receita de concursos de prognósticos;

4- do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele equiparar;

Observações:-

a) a pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público, nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios;

b): a lei pode criar outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social;

c) nenhum benefício poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total (principio da pré-existência de custeio – regra da contrapartida)

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d) as contribuições previstas neste artigo só podem ser exigidas após decorridos 90 (noventa) dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado (principio da anterioridade nonagesimal) – única limitação temporal – afastada a regra do exercício financeiro seguinte (artigo 150, III, b);

STF – para as mudanças de prazo não se aplica a regra nonagesimal e para os casos de MP convertida em lei, o prazo conta da MP.

e) entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências da lei são isentas de contribuição para a seguridade social (imunidade);

f) os aposentados e pensionistas do RGPS não contribuem (imunidade). Só pensão e aposentadorias, os demais benefícios podem ser tributados. Imunidade recai sobre o benefício e não sobre o segurado. O aposentado que volta a exercer atividade remunerada deve contribuir ao sistema.

g) receitas decorrentes de exportação (imunidade). STF – só sobre a receita, incide sobre o lucro. Visa incentivar a exportação.

São três casos de imunidade (limitação constitucional ao poder de tributar) – Não confundir com ISENÇÃO.

OBSERVAÇÃO – ÚNICO BENEFÍCIO QUE SOFRE INCIDÊNCIA DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA É O SALÁRIO-MATERNIDADE. Matéria ainda vai ser julgada no STF.

ART. 40 CF – tributação dos inativos dos RPPS é admitida.

DA SAÚDE

A SAÚDE É DIREITO DE TODOS E DEVER DO ESTADO, MEDIANTE A IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS QUE VISEM DIMINUIÇÃO DOS RISCOS DE DOENÇAS E AGRAVOS (PREVENÇÃO) E QUE GARANTAM TRATAMENTO IGUALITÁRIO (ACESSO A TODOS OS TIPOS DE TRATAMENTOS) – ARTIGO 196 DA CF

- Dispõe o artigo 196 da Constituição Federal: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”;

- A possibilidade de atendimento deve ser ampla e pronta, imediata, tanto no plano individual (acesso a medicamento, ações profiláticas específicas, vagas em hospitais, etc.), como no coletivo (saneamento básico, fiscalização sanitária, etc.).

DA ASSISTÊNCIA SOCIAL

- A Constituição de 1988, no Título VIII, DA ORDEM SOCIAL, Capítulo II, DA SEGURIDADE SOCIAL, Seção IV, Da assistência social, dispôs:

“Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente da contribuição à seguridade social, e tem por objetivos:

I – proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;

II – o amparo às crianças e adolescentes carentes;

III – a promoção da integração ao mercado de trabalho;

IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária;

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V – a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei”

- Lei 8.742/1993 – conhecida como LOAS – Lei Orgânica da Assistência Social.

- caráter não contributivo;

- garantia/preservação da dignidade humana;

- políticas organizadas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome;

- benefício assistencial ou amparo social;

- gerenciado pelo INSS e incluído no orçamento da Seguridade Social;

- benefício (pessoa idosa ou deficiente)

- deficiência: pessoa incapacitada para a vida independente e para o trabalho, ou seja, aquela que não tem condições de exercer atividade remunerada para garantia do sustento (Sumula 29 TNU e Enunciado 30 AGU);

- renda familiar per capita de ¼ do salário-mínimo; Critério considerado constitucional pelo STF, mas com possibilidade de se avaliar outros elementos que demonstrem a miserabilidade;

- valor de 1 salário-mínimo;

- não se transmite, ou seja, não gera pensão por morte;

- avaliações a cada dois anos para confirmação das condições;

- o requerente não pode estar vinculado a nenhum regime de previdência, nem estar recebendo qualquer benefício;

- conceito de FAMÍLIA: conjunto de pessoas que vivam sob o mesmo teto, assim entendido o próprio requerente, o cônjuge, companheiro ou companheira, os pais, os filhos, inclusive o enteado e o menor tutelado, e irmãos não emancipados de qualquer condição, menores de 21 anos ou inválidos;

- não tem abono anual (já que não é benefício previdenciário)

- “cabe a exclusão de benefício de valor mínimo recebido por inválido do grupo familiar, ainda que não seja idoso nem deficiente e ainda que o benefício seja de cunho previdenciário, o qual também fica excluído do grupo para fins de cálculo da renda familiar per capita (PEDILEF nº 2007.70.51.007381/PR – j. 10.05.2010)”.

- “no caso de HIV assintomático, mas com sinais exteriores da doença há direito a benefício assistencial (PEDILEF nº 2006.34.00.700191-7/DF)”

- programas assistenciais “renda mínima” (Lei 9533/97) e “Programa Nacional de Acesso à Alimentação – PNAA” (Lei 10.698/2003), instituíram a renda per capita inferior a ½ salário mínimo para efeito de análise objetiva da miserabilidade.

- A aplicação desse critério pode ser requerida, para preservação do princípio da isonomia, afinal a intenção de todos esses institutos é a mesma: assegurar meios básicos de subsistência.

- Aferição da miserabilidade por outros critérios:-

ProcessoAgRg no Ag 1394595 / SPAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO2011/0010708-7 Relator(a)Ministro OG FERNANDES (1139)

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Órgão JulgadorT6 - SEXTA TURMAData do Julgamento10/04/2012Data da Publicação/FonteDJe 09/05/2012 Ementa AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. BENEFÍCIO DE PRESTAÇÃOCONTINUADA. LOAS. ASSISTÊNCIA SOCIAL. PREVISÃO CONSTITUCIONAL.AFERIÇÃO DA CONDIÇÃO ECONÔMICA POR OUTROS MEIOS LEGÍTIMOS.VIABILIDADE. PRECEDENTES. PROVA. REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAN.º 7/STJ. INCIDÊNCIA.1. Este Superior Tribunal de Justiça pacificou entendimento no sentido de que o critério de aferição da renda mensal previsto no § 3.º do art. 20 da Lei n.º 8.742/93 deverá ser observado como um mínimo, não excluindo a possibilidade de o julgador, ao analisar o caso concreto, lançar mão de outros elementos probatórios que afirmem a condição de miserabilidade da parte e de sua família.2. "A limitação do valor da renda per capita familiar não deve ser considerada a única forma de se comprovar que a pessoa não possui outros meios para prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, pois é apenas um elemento objetivo para se aferir a necessidade, ou seja, presume-se absolutamente a miserabilidade quando comprovada a renda per capita inferior a 1/4 do salário mínimo." (REsp 1.112.557/MG, Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 20/11/2009).3. "Em respeito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso." (Pet 2.203/PE, Rel. Min. MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, TERCEIRA SEÇÃO, DJe 11/10/2011).4. Agravo regimental a que se nega provimento.Acórdão Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Sebastião Reis Júnior, Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS) e Maria Thereza de Assis Moura votaram com o Sr. Ministro Relator.Presidiu o julgamento a Sra. Ministra Maria Thereza de Assis Moura.Outras Informações

É possível, quando da aferição da renda mensal per capita familiar, para fins de concessão do benefício assistencial previsto na Lei Orgânica da Assistência Social, a exclusão do rendimento oriundo do benefício de aposentadoria recebido pelo cônjuge da parte autora, aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatuto do Idoso” .

- Outros benefícios do idoso não compõem a renda familiar:

Pet7203/PEPETIÇÃO2009/0071096-6 Relator(a)Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA (1131) Órgão Julgador S3 - TERCEIRA SEÇÃOData do Julgamento10/08/2011Data da Publicação/FonteDJe 11/10/2011 Ementa INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA. BENEFÍCIOASSISTENCIAL. RENDA MENSAL PER CAPITA FAMILIAR. EXCLUSÃO DE BENEFÍCIO DE VALOR MÍNIMO PERCEBIDO POR MAIOR DE 65 ANOS. ART. 34, PARÁGRAFO ÚNICO, LEI Nº 10.741/2003. APLICAÇÃO

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ANALÓGICA.1. A finalidade da Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do Idoso), ao excluir da renda do núcleo familiar o valor do assistencial percebido pelo idoso, foi protegê-lo, destinando essa verba exclusivamente à sua subsistência.2. Nessa linha de raciocínio, também o benefício previdenciário no valor de um salário mínimo recebido por maior de 65 anos deve ser afastado para fins de apuração da renda mensal per capita objetivando a concessão de benefício de prestação continuada.3. O entendimento de que somente o benefício assistencial não é considerado no cômputo da renda mensal per capita desprestigia o segurado que contribuiu para a Previdência Social e, por isso, faz jus a uma aposentadoria de valor mínimo, na medida em que este tem de compartilhar esse valor com seu grupo familiar.4. Em respeito aos princípios da igualdade e da razoabilidade, deve ser excluído do cálculo da renda familiar per capita qualquer benefício de valor mínimo recebido por maior de 65 anos, independentemente se assistencial ou previdenciário, aplicando-se, analogicamente, o disposto no parágrafo único do art. 34 do Estatutodo Idoso.5. Incidente de uniformização a que se nega provimento.AcórdãoVistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça: A Seção, por unanimidade, negou provimento ao incidente de uniformização, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Os Srs. Ministros Gilson Dipp, Laurita Vaz, Og Fernandes, Sebastião Reis Júnior, Vasco Della Giustina (Desembargador convocado do TJ/RS), Haroldo Rodrigues (Desembargador convocado do TJ/CE) e Adilson Vieira Macabu (Desembargador convocado do TJ/RJ) votaram com a Sra. Ministra Relatora.Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Jorge Mussi

MODELO DE INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA – LOAS – CRITÉRIO MISERABILIDADE

Exmo. Sr. Dr. Juiz Federal Relator nos autos do Recurso nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX, em tramite perante a Quarta Turma Recursal do Juizado Especial Federal Cível de São Paulo.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, por sua advogada infra-assinada, nos autos do recurso de sentença em que figura, como recorrido, o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, estando em termos e não se conformando, data vênia, com o r. julgado de fls., vem, mui respeitosamente, à presença de V. Exa., interpor o presente incidente de uniformização de jurisprudência, na forma de como o permite o artigo 14, § 2º da Lei 10.259/2001, requerendo a remessa dos autos à Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência e a juntada das razões pelas quais postula a reforma integral da decisão.

Termos em que, J., processando-se o recurso, independentemente de preparo, por ser o autor beneficiário da justiça gratuita e procedendo-se, em tudo, como nos casos análogos,

P. Deferimento.

São Paulo, XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.

Pp. ADVOGADO

OAB/SP xxxxx

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Ação PrevidenciáriaJuizado Especial CívelQuarta Turma Recursal – 3ª RegiãoA: XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXR: Instituto Nacional do Seguro SocialProcesso nº XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Pelo autor, ora recorrenteXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Egrégia Turma Nacional de Uniformização:-

1. O r. julgado de fls., proferido pela Quarta Turma Recursal do Juizado Especial de São Paulo - que julgou improcedente a ação proposta com vista à obtenção de benefício assistencial (LOAS) - contraria flagrantemente a jurisprudência do Colendo Superior Tribunal de Justiça e, portanto, não pode prevalecer.

Realmente.

2. A Lei 10.259, em seu artigo 14º, § 2º, admite o cabimento de pedido de uniformização de interpretação de lei federal quando houver decisões sobre questões de direito material em confronto com Súmula ou jurisprudência dominante do STJ.

No caso dos autos, renovada a vênia, é flagrante o desrespeito à jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, além, de outra parte, de ser uma decisão evidentemente cruel, que abandona à própria sorte menor totalmente inválido, desconsiderando o princípio da dignidade da pessoa humana e afastando completamente a aplicação dos princípios previdenciários.

De fato, a perícia médica constatou que o autor “é incapaz de forma permanente e total para a atividade laborativa e necessita de assistência contínua para a vida independente” (fls.).

De igual sorte, a perícia socioeconômica concluiu “como real a condição de pobreza econômica do perciando XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX” (fls.).

3. Ignorando a prova, para impor como regra raciocínio meramente matemático, entendeu a r. sentença de primeira instância – confirmada surpreendentemente pela Turma Recursal - indevido o benefício, já que a renda per capita familiar não é inferior a ¼ do salário mínimo.

Todavia, repita-se, a perícia especializada concluiu que a “Renda per capita familiar”(fls) “é de R$37,60 (trinta e sete reais e sessenta centavos)” (fls.), ou seja, MUITO INFERIOR A ¼ DO SALÁRIO MÍNIMO.

E o fez a perícia porque, para o cálculo final da renda, são descontadas todas as despesas da família, circunstância ignorada pela decisão recorrida.

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A perita assistente social não deixou dúvidas de que o “periciando e seu grupo familiar se encontram em situação socioeconômica em nível de miserabilidade” (fls.)

Do relato da assistente tem-se como certo e definitivo que a condição de vida do autor, ora recorrente, que necessita diariamente de medicamentos e de cuidados especiais, é muitíssimo precária, beirando a miséria.

4. Não se pode considerar de forma tão objetiva o critério da renda familiar per capita, como bem fez a I. Perita nomeada, senão com direta e clara violação do entendimento dominante do Colendo Superior Tribunal de Justiça.

5. Em 28.04.04, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no julgamento do Recurso Especial 523.999-SP, Relator S. Exa., o Ministro Jorge Scartezzini, decidiu:

“No tocante ao outro tópico da insurgência autárquica, centrada na alegação de que o v. acórdão recorrido, ao deferir o benefício de prestação continuada, violou o parágrafo 3o da Lei 8.742/93, tenho que o recurso não deve prosperar.

Primeiramente, observo que, consoante o § 3o, da referida Lei 8.742/93, ‘considera-se incapaz de prover a manutenção da pessoa portadora de deficiência ou idosa a família cuja renda mensal ‘per capita’ seja inferior a 1/4 do salário mínimo’.

O v. acórdão recorrido, ao julgar comprovada a deficiência e a condição de necessitada da parte autora, não se afastou do entendimento pacificado nesta Corte no sentido de que o critério estabelecido no art. 2o, § 3o, da Lei 8.742/93 (comprovação da renda ‘per capita’ não superior a 1/4 do salário mínimo) não exclui que a condição de miserabilidade, necessária a concessão do benefício assistencial, resulte de outros meios de prova, de acordo com cada caso em concreto.”

A 6a Turma do Superior Tribunal de Justiça, rejeitando embargos de declaração opostos no Recurso Especial 308.771-SP, afirmou que “Não é omissa a decisão fundamentada no sentido de que o requisito previsto no artigo 20, parágrafo 3o, da Lei nº 8.742/93, qual seja, a comprovação de que a renda familiar per capita seja inferior a 1/4 do salário mínimo, não é o único critério válido para comprovar a condição de miserabilidade exigida pelo artigo 203, V, da Constituição Federal, não sendo a sua ausência, por si só, causa impeditiva da concessão do benefício assistencial da prestação continuada”.

E o Egrégio Supremo Tribunal Federal, em 11.05.04, desprovendo agravo regimental interposto pelo Instituto Nacional do Seguro Social no Recurso Extraordinário 368.599-6, de São Paulo, fez consignar:

“Ademais, é certo que o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3o, da Lei 8742/93, que exige a comprovação de a parte possuir renda familiar inferior a ¼ (um quarto) do salário mínimo: ADI 1.232/DF.

O acórdão recorrido, entretanto, deixou expresso que as provas colhidas constituem provas do preenchimento dos pressupostos da inatividade, inexistência de rendimentos ou outros meios de subsistência.

É dizer, a versão fática do acórdão é no sentido de estar preenchido o requisito do art. 203, V, da CF, porquanto os ‘depoimentos testemunhais a fls. 80/83, roboram de forma lógica e firme as assertivas da inicial e, associados às provas documentais, compuseram conjunto probatório bastante à formação da convicção quanto ao fato de ser o (a) autor (a), pessoa com deficiência física, não tendo meios de prover sua própria subsistência ou de tê-la provida por sua família’ (fls. 109).

A versão fática do acórdão é, pois, inalterável em recurso extraordinário, porque, no âmbito desse recurso, não se examina a prova.”

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Recentemente, em 26.05.04, a Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça, no Recurso Especial 539.621-PR, citando precedentes, deixou assente que “A impossibilidade da própria manutenção, por parte dos portadores de deficiência e dos idosos, que autoriza e determina o benefício assistencial de prestação continuada, não se restringe à hipótese da renda familiar per capita mensal inferior a 1/4 do salário mínimo, podendo caracterizar-se por concretas circunstâncias outras, que é certo, devem ser demonstradas”.

6. Cumpre ao Poder Judiciário, na forma de como o determina o art. 5º

da Lei de Introdução do Código Civil, explícito no sentido de que “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum”, fazer preservar o supremo bem da vida, assegurado pelo art. 5 º, “caput”, da Constituição Federal.

7. Já decidiu o Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região, no julgamento da Apelação Cível n. 94.03.99809-1, que “A concessão do benefício está em consonância com um dos fundamentos do Estado Democrático do Direito, que é a dignidade da pessoa humana”.

Irrepreensíveis, para o caso, as razões do voto da Exma. Sra. Relatora, Juíza Ramza Tartuce:

“Alega a Autarquia Previdenciária que a apelada não faz jus ao benefício da Renda Mensal Vitalícia, uma vez que não foram preenchidos os requisitos legais previstos no art. 55, parág. 3º da Lei 8213/91, bem como nos artigos 60 e 61 do seu Decreto Regulamentador – n. 611/92 e, ainda no artigo 139 da mesma Lei.

Apega-se o apelante, em suas razões de recurso, ao fato de que a autora continua trabalhando e é casada, sendo que o seu marido, embora aposentado, ainda trabalha, residindo ambos em casa própria.

Assiste razão ao apelante, somente em tese.

Todavia, não se pode considerar como ganhos suficientes para o sustento de si e da família a renda mínima percebida pelo marido da apelada, nem que tal renda seja obstáculo para a concessão do benefício vitalício (previsto na Lei n. 6179/74).

Há prova nos autos de que a Autora, por mais de cinco anos, exerceu atividade agrícola. Há, também, prova de sua incapacidade para o desempenho de atividades laborativas (Laudo Pericial de Fls. 51/55). Portanto, faz jus ao benefício que lhe foi concedido MM. Juiz “a quo”, que está em consonância com um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito, que é a dignidade da pessoa humana. E a dignidade da pessoa humana é, no mínimo, dispor de meios necessários a sua própria subsistência.”

8. Ensina Odonel Urbano Gonçalves, em seu “Manual de Direito Previdenciário”, ed. Atlas, 1994, ao tratar dos princípios previdenciários inscritos no artigo 194 da Constituição Federal, que a seguridade social deverá ter, dentre outros, o objetivo da “universalidade da cobertura e do atendimento” (pág. 24), “que significa que toda pessoa, pelo fato de ser pessoa, já deve ser amparada. É o Estado cuidando para que os indivíduos não se transformem, por razões circunstanciais, em párias, em mendigos. Essa universalidade é um ideal a ser atingido, na medida em que, notoriamente, sabe-se que a sociedade brasileira ainda não tem capacidade econômica nem vontade política (especialmente esta última) para tanto.” (pág. 25)

9. Depois de esclarecer que “A adequada interpretação das normas do Direito Previdenciário não pode deixar de considerar, por conseguinte, o dado econômico – que é da maior relevância – mas deve dar a devida precedência ao dado jurídico” (Revista de Previdência Social n. 234, pág. 431), WAGNER BALERA ensina que

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“A seguridade social pretende conferir, a todas as pessoas, a proteção de que necessitam. É esse o conteúdo do princípio catalogado no inciso I do parágrafo único do art. 194, da Constituição.

Todos serão protegidos em todas as situações configuradas pelas leis como riscos sociais.

O princípio se refere tanto aos sujeitos quanto ao objeto da seguridade social.

A universalidade da cobertura confere dimensão objetiva ao comando.

Quer significar que todas as situações que apresentem risco estão compreendidas na cobertura que o sistema brasileiro de proteção social pretende proporcionar às pessoas.

Naturalmente, é necessário que a verificação do risco, na vida social, provoque o estado de necessidade descrito na norma de proteção.

Já a dimensão subjetiva é revelada pelo vocábulo atendimento. Todas as pessoas são consideradas sujeitos de direitos previdenciários.

Esse princípio resume o ideário da seguridade social, como o engendrou Beveridge” (ob. cit., pág. 432).

10. Cumpre ao recorrente esclarecer, por fim, que não se trata de reapreciação do conjunto probatório, mas sim de valoração da prova, para que dela se extraia a conseqüência jurídica de rigor.

11. Presentes os pressupostos legais e restando evidente a divergência entre a decisão e a jurisprudência dominante do Colendo Superior Tribunal de Justiça, aguarda o recorrente processado e provido o presente incidente de uniformização de jurisprudência, para o fim de se modificar o julgado, decretando-se procedente a ação, nos termos do pedido inicial, por ser medida de

J U S T I Ç A !

São Paulo, XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX.

Pp. ADVOGADO OAB/SP XXXXXXX

DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

CONCEITO: SISTEMA ORGANIZADO SOB A FORMA DE REGIME GERAL, DE CARÁTER CONTRIBUTIVO E DE FILIAÇÃO OBRIGATÓRIA, COM A OBSERVÂNCIA DE CRITÉRIOS QUE GARANTAM EQUILIBRIO FINANCEIRO E ATUARIAL

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Ou SEJA, precisa primeiro obter antecipadamente os recursos para depois selecionar e quantificar os benefícios;

- FINALIDADE: ASSEGURAR AOS SEUS BENEFICIÁRIOS, MEDIANTE CONTRIBUIÇÃO, A MANUTENÇÃO POR MOTIVO DE INCAPACIDADE, DESEMPREGO INVOLUNTÁRIO, IDADE AVANÇADA, TEMPO DE SERVIÇO, ENCARGOS FAMILIARES E PRISÃO OU MORTE DAQUELES DE QUEM DEPENDIAM ECONOMICAMENTE.

PRINCÍPIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL:-

1- Caráter contributivo e Filiação Obrigatória; Não há benefício sem contribuição e basta exercer atividade remunerada para ser considerada obrigatória sua filiação. É possível, ainda, a filiação facultativa.

2- Equilíbrio financeiro e atuarial; As receitas devem ser suficientes para bancar os pagamentos de benefícios.

3- Universalidade de participação nos planos previdenciários;

4- Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais;

5- seletividade e distributividade na prestação dos benefícios;

6- cálculos dos benefícios considerando-se os salários-de-contribuições corrigidos monetariamente; Artigo 201, § 3º - todos os salários-de-contribuição considerados para cálculo do benefício serão atualizados na forma da lei;

7- irredutibilidade do valor dos benefícios de forma a preservar-lhes o poder aquisitivo;

8- valor da renda mensal dos benefícios substitutos do salário de contribuição ou do rendimento do segurado não inferior a um salário mínimo; Exceção: auxílio-acidente e salário-família (complemento para sustento da prole).

9- previdência complementar facultativa, custeada por contribuição adicional;

10- caráter democrático e descentralizado da administração (quadripartite).

Cobertura previdenciária:-

1-Doença, invalidez, morte ou idade avançada;

2-Proteção à maternidade, especialmente à gestante;

3- salário-família e auxílio reclusão aos segurados de baixa renda;

4- pensão por morte do segurado homem ou mulher ao cônjuge ou companheiro e dependentes

No regime geral de previdência social não podem ser estabelecidos critérios diferenciados para efeito de concessão de aposentadoria, exceto no caso de trabalho desempenhado em condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física ou nos casos de deficiência.

Nenhum benefício que substitua o salário de contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor inferior a ao salário mínimo.

OBSERVAÇÃO – NÃO HÁ EQUIVALÊNCIA SALARIAL. O ARTIGO 58 DO ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS FIXOU A EQUIVALÊNCIA SALARIAL APENAS ATÉ A EDIÇÃO DAS LEIS 8.212/91 E 8.213/91 (IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE CUSTEIO E BENEFÍCIOS)

Lei 8.212/91 – plano de custeio da previdência social15

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Lei 8.213/91 – plano de benefícios da previdência social

Decreto 3048/99 – regulamento da previdência social

PARA EFEITO DE CÁLCULO DOS BENEFÍCIOS, OS SALÁRIOS DE CONTRIBUIÇÃO SERÃO SEMPRE ATUALIZADOS.

É ASSEGURADO O REAJUSTAMENTO DOS BENEFÍCIOS PARA O FIM DE SE PRESERVAR, EM CARÁTER PERMANENTE, O SEU VALOR REAL, CONFORME CRITÉRIOS DEFINIDOS EM LEI.

É ASSEGURADA A CONTAGEM RECÍPROCA DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E NA ATIVIDADE PRIVADA, RURAL E URBANA, HIPÓESE EM QUE OS DIVERSOS REGIMES DE PREVIDÊNCIA SOCIAL SE COMPENSARÃO FINANCEIRAMENTE, SEGUNDO CRITÉRIOS ESTABELECIDOS EM LEI (ART. 201, § 9º).

- A LEI DISPORÁ SOBRE SISTEMA ESPECIAL DE INCLUSÃO PREVIDENCIÁRIA PARA ATENDER TRABALHADORES DE BAIXA RENDA E AQUELES SEM RENDA PRÓPRIA, GARANTINDO-LHES ACESSO A BENEFÍCIOS DE VALOR IGUAL A UM SALÁRIO MÍNIMO.

Artigo 202 da CF – é possível regime de previdência privada de caráter complementar, cuja filiação será facultativa

Temos, então, o RGPS e os RPPS, de filiação obrigatória e a Previdência Privada, de filiação facultativa. Esta última pode ser aberta, fechada ou fundos de pensão.

Regimes próprios de União, Estados, Municípios Distrito Federal autarquias e fundações = regime contributivo, de filiação obrigatória, para ativos, inativos e pensionistas, com regras que assegurem o equilíbrio atuarial (regra da Emenda 41/2003

- BENEFICIÁRIOS DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - RGPS

- Beneficiários da Previdência Social – beneficiário é toda pessoa protegida pelo sistema previdenciário, seja na qualidade de segurado ou dependente. Já dissemos, são o sujeito ativo das prestações previdenciárias;

- Segurados são as pessoas que mantém vínculo com a Previdência Social, decorrendo deste vínculo direitos e deveres. Os direitos são representados pela entrega da prestação previdenciária sempre que constatada a ocorrência do risco/contingência social protegida. Os deveres representados pela obrigação de pagamento das prestações previdenciárias;

- Os segurados são classificados em obrigatórios e facultativos. A qualidade de segurado do obrigatório surge em razão do exercício de atividade profissional ligada à previdência social. A do facultativo surge da manifestação de vontade da criação do vínculo previdenciário;

- Segurados são pessoas físicas, com mais de 16 anos (exceção ao aprendiz – mais de 14 anos)

- Os dependentes previdenciários são aqueles que mantém vínculo de dependência jurídico e/ou econômico com os segurados da previdência social.

- Segurados obrigatórios são aqueles que exercem qualquer tipo de atividade remunerada, de natureza urbana ou rural, abrangida pelo Regime Geral, de forma efetiva ou eventual, com ou sem vínculo empregatício;

- São eles: os empregados, os empregados domésticos, os contribuintes individuais, os trabalhadores avulsos e os segurados especiais.

- O artigo 11 da Lei 8213/91 determina como segurados obrigatórios as seguintes pessoas físicas:

- I - Empregado – PESSOAS QUE POSSUEM UMA RELACAO DE EMPREGO. CONCEITO MAIS AMPLO QUE O DO DIREITO DO TRABALHO.

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- A) aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado. Exemplos: URBANO: Office-boy, secretária, professor, administrador; etc. RURAL: bóia-fria, tirador de leite, vaqueiro, operador de agroindústria e agropecuária que atua no setor agrário, etc.;

- B) aquele que, contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica, presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas. Exemplo: balconista contratado por loja no período de festas natalinas;

- C) brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior. Exemplo: empregado de banco com agência no exterior;

- D) aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou a repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a ela subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciária do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular;

- E)O brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo de segurado na forma da legislação vigente no país do domicílio. São exemplos empregados da OIT e da ONU;

- F) brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional;

- G) o servidor público ocupante de cargo em comissão, sem vínculo efetivo com a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais. O § 13 do art. 40 da Constituição Federal, acrescentado pelo art. 1º da EC 20/98, vincula ao Regime Geral de Previdência Social o servidor público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração da União, Estados, DF e Municípios e suas respectivas autarquias e fundações púbicas, bem como de outro cargo temporário ou de emprego público; Ex: assessor de desembargador. (analista do tribunal que passa a assessor de desembargaor esta filiado ao regime proprio).

- H) o exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social; Ex vereador

- I) o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por regime próprio de previdência social;

- São ainda considerados empregados, nos termos do Decreto 3048/99:

- 1) o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar em empresa domiciliada no exterior com maioria do capital votante pertencente à empresa constituida sob as leis brasileiras, que tenha sede e administracao no País e cujo controle efetivoesteja em carater permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no país ou de entidade de direito público interno;

- 2) brasileiro que presta servicos à Uniao no exterior, em reparticoes governamentais brasileiras, lá domiciliado e contratado, inclusive o auxiliar local, de que trata da Lei 8745/93, este desde que, em razao de proibicao local, não possa filiar-se ao sistema previdenciário local;

- 3) o bolsista e o estagiário que prestam serviços a empresas; se contratado pela Lei de Estagios será segurado facultativo;

- 4) o servidor da União, Estado, DF ou Município, bem como o das respectivas autarquias e fundações, ocupante de cargo efetivo, desde que, nessa qualidade, não esteja amparado por regime próprio de previdência social;

- 5) o servidor contratado pela União, Estado, DF ou Município, bem como pelas respectivas autarquias e fundações, por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público, nos termos do inciso IX do art. 37 da CF;

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- 6) o servidor da União, Estado, DF ou Município, incluídas suas autarquias e fundações, ocupante de emprego público; e

- 7) o escrevente e o auxiliar contratados por titular de serviços notariais e de registro a partir de 21 de novembro de 1994, bem como aquele que optou pelo Regime Geral de Previdência Social, na forma da Lei 8.935, de 18.11.94;

- II – empregado doméstico:

- Aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos;

- Consideram-se também domésticos: o motorista particular; a enfermeira particular; o caseiro, inclusive aquele que trabalha em área rural; o piloto ou comandante de aeronave particular; o vigia particular; o jardineiro; a governanta; o mordomo, etc.;

- A diarista é contribuinte individual, a não ser quando exerce atividade que a enquadre como empregada doméstica.

- III – contribuinte individual (Lei 9876/99): pessoas que trabalham sem vínculo empregatício.

- A) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuária a qualquer título, em caráter permanente ou temporário, em área superior a 4 módulos fiscais; ou, quando em área igual ou inferior a 4 módulos fiscais ou pesqueira, com auxílio de empregados ou por intermédio de prepostos; (PREVISAO RESIDUAL DO SEGURADO ESPECIAL)

- B) pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral – garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que de forma não contínua; OBSERVAÇÃO: O GARIMPEIRO JÁ FOI SEGURADO ESPECIAL, MAS HOJE É CONTRIBUINTE INDIVIDUAL;

- C) o ministro de confissão religiosa e o membro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa. A Instrução Normativa 95, de 07 de outubro de 2003, detalha os conceitos acima referenciados;

- D) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo quando coberto por regime próprio;

- E) o titular de firma individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração;

- F)Quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter eventual, a uma ou mais empresas, sem relação de emprego;

- G) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não;

- VI – trabalhador avulso:

- Quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço de natureza urbana ou rural definidos no regulamento;

- Aquele que, sindicalizado ou não, presta serviço de natureza urbana ou rural a diversas empresas, sem vínculo empregatício, com a intermediação obrigatória do órgão gestor de mão-de-obra (OGMO), nos termos da Lei 6.830, de 25.02.93, ou do sindicato da categoria, assim considerados:

- A) o estivador, inclusive o trabalhador de estiva em carvão e minério;

- B) o trabalhador em alvarenga (embarcação para carga e descarga de navios);18

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- C) conferente de carga e descarga;

- D) consertador de carga e descarga;

- E) vigia de embarcações;

- F) amarrador de embarcações;

- G) trabalhador em serviço de bloco, assim entendido o que exerce atividade de limpeza e conservação de embarcações;

- H) trabalhador de capatazia, assim entendido o que exerce atividade de movimentação de mercadorias nas instalações de uso público, compreendendo o recebimento, conferência, transporte interno, abertura de volumes para conferência aduaneira, manipulação, arrumação, entrega, bem como o carregamento e descarga de embarcações quando efetuados por aparelhamento portuário;

- I) arrumador;

- J) ensacador de café;

- K) trabalhador na indústria de extração de sal;

- L) carregador de bagagem em portos;

- M) prático de barra em portos (pessoa que conhece os acidentes hidrográficos de determinada área e conduzem as embarcações através destas áreas);

- N) guindasteiro;

- O) classificador, movimentador e empacotador de mercdorias;

- P) outros como tal classificados pelo Ministério do Trabalho e Emprego;

- VII – segurado especial:

- O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o pescador artesanal, bem como os respectivos conjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercializacao da produção e farao jus aos benefícios nos termos da lei;

- A idade de 16 anos é a mínima estabelecida pela Constituição Federal para o trabalho do menor (art. 7º, XXXIII)

- Lei 11.718/2008 – definiu segurado especial como a pessoa física residente no imóvel rural ou em aglomerado urbano ou rural próximo a ele que, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o eventual auxílio de terceiros a título de mútua colaboração, na condição de:

a) Produtor, seja proprietário, usufrutuário, possuidor, assentado, parceiro ou meeiros outorgados, comodatário ou arrendatário rurais, que explore atividade:

1- Agropecuária em área de até 4 (quatro) módulos fiscais; ou

2- De seringueiro ou extrativista vegetal que exerça suas atividades nos termos do inciso XII do caput do art. 2 da Lei 9985/2000 e faca destas atividades o principal meio de vida;

b) Pescador artesanal ou a este assemelhado, que faca da pesca profissão habitual ou principal meio de vida; e

c) Cônjuge, companheiro ou filho maior de 16 anos dos segurados das alíneas a e b que trabalhem com o grupo familiar. (a contribuição é sempre a mesma, não importa o número de segurados)

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REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR É AQUELE EM QUE O TRABALHO DOS MEMBROS DA FAMÍLIA É INDISPENSÁVEL À SUBSISTÊNCIA DA MESMA.

VER SUMULA 46 DA TNU – O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão do benefício previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto.

SUMLA 41 DA TNU – se um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana, essa situação não descaracteriza o trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto.

Art. 18,§ 5º , Regulamento, admite a inscrição post mortem do segurado especial

- Segurados facultativos

- Por meio da figura dos facultativos se cumpre o princípio da universalidade do atendimento;

- A figura não pode se confundir com a do antigo contribuinte em dobro, ou seja, aquele que deixasse de exercer atividade abrangida pela previdência social urbana e quisesse manter a qualidade de segurado, poderia fazê-lo desde que assumisse a sua cota de custeio e a do empregador (CLPS, Dec. 77.077/76, art. 11, §§ 1º e 2º e Dec. 83.081/79, art. 9º, §§ 1º e 3º). Havia, como condição, que o segurado tivesse sido trabalhador;

- Facultativos são toda e qualquer pessoa maior de 16 anos de idade que não exerça atividade remunerada que as enquadrem como obrigatórios, por força do inciso XXXIII do art. 7º da CF, com a redação dada pelo art. 1º da EC 20/98 (estabeleceu 16 anos para o trabalho do menor);

- Exemplos: a dona de casa; o síndico de condomínio, quando não remunerado;

- O ex-empregador rural não sujeito a outro regime que continue a recolher suas contribuições anuais;

- O bolsista e estagiário, inclusive o de advocacia, que prestem serviços à empresa, de acordo com a Lei;

- O estudante;

- O brasileiro que acompanha cônjuge que presta serviço no exterior;

- Aquele que deixou de ser segurado obrigatório da previdência social;

- O membro de conselho tutelar de que trata o artigo 132 da Lei 8.069/90, quando não estiver vinculado a qualquer regime de previdência social;

- O presidiário que não exerce atividade remunerada nem esteja vinculado a qualquer regime de previdência social;

- O brasileiro residente ou domiciliado no exterior, salvo se filiado a regime previdenciário de país com o qual o Brasil mantenha acordo internacional;

- Segurado recolhido à prisão sob regime fechado ou semi-aberto, que preste servicos dentro ou fora da prisão

- OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: NÃO PODE SER FILIADO FACULTATIVO AQUELE QUE ESTÁ VINCULADO A REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA. SALVO SE AFASTADO DESTE SEM VENCIMENTOS.

- DEPENDENTES:

- Para o direito previdenciário é relevante a dependência jurídica e econômica, sendo dependente econômico alguém que viva às expensas do segurado. A legislação previdenciária trata de dependentes presumidos e comprovados;

- Dependentes presumidos são aqueles que não precisam demonstrar a dependência econômica, apenas o liame jurídico entre eles e o segurado;

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- Dependentes comprovados devem provar que vivem às expensas do segurado;

- O art. 16 da lei 8213/91 estabelece três classes de dependentes:

- 1) preferencial (1ª classe) – o cônjuge, a companheira, o companheiro e o filho não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência mental ou intelectual que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente (Lei 12.470/2011);

- decisão proferida na ação civil pública 2000.71.00.009347-0, da 3ª Vara Federal Previdenciária de Porto Alegre estendeu os direitos de companheiro/a aos homossexuais. Por conta disso, o INSS editou as Instruções Normativas 45/2010, estabelecendo procedimentos a serem adotados para concessão de benefícios previdenciários ao companheiro ou companheira homossexual, que fazem jus aos benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão;

- classe 2 – pais;

- classe 3 – o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que os torne absoluta ou relativamente incapazes, assim declarados judicialmente;-

- a ordem de vocação é aplicada apenas uma vez, na data da ocorrência do evento gerador da prestação previdenciária. Neste momento verifica-se quais são os dependentes, aplicando-se a regra legal que determina que os da classe superior excluem os da classe inferior. Após a determinação de quem terá direito, aplica-se aos integrantes da mesma classe o direito de acrescer, ou seja, a cota dos que perderam a sua condição é revertida em favor dos demais;

- os dependentes da mesma classe concorrem em igualdade de condições;

- a dependência econômica da classe I é presumida. A dos demais deve ser comprovada;

- artigo 111 do Decreto 3048/99 – o cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato, que recebia pensão de alimentos, receberá a pensão em igualdade de condições com os demais dependentes de primeira classe;

- Sumula 336 STJ – A mulher que renunciou alimentos na separação tem direito à pensão previdenciária por morte do ex-marido, comprovada a necessidade econômica superveniente.

- há previsão administrativa declarando que “o cônjuge separado de fato terá direito à pensão por morte, mesmo que este benefício já tenha sido requerido e concedido à companheira ou ao companheiro, constituindo-se a certidão de casamento documento bastante e suficiente para a comprovação do vínculo e da dependência econômica” (art. 268 da IN INSS/DC 84/2002;

- os pais não precisam provar a dependência exclusiva, e sim parcial. É muito comum, nas famílias de baixa renda, que todos contribuam para o sustento do lar, cada qual com sua cota possível (enunciado 13 do CRPS);

- SUMULA 37 DA TNU – A pensão por morte devida ao filho até 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência de curso universitário;

- O enteado o menor tutelado equiparam-se a filho, mediante declaração do segurado e desde que comprovada a dependência econômica (artigo 16, parágrafo 2).

- Quanto à deficiência mental pode ser absoluta ou relativa, o que admite que se exerça trabalho remunerado (vide Lei 12.470/2011 3 art. 77, par 4, Lei 8.213/91).

- Filiação e Inscrição:

- Filiação é a relação jurídica estabelecida entre o segurado e o órgão previdenciário. É o vínculo jurídico que se estabelece entre pessoas que contribuem para o Regime Geral da Previdência Social-RGPS, decorrendo deste vínculo direitos e obrigações entre o segurado e a entidade gestora da previdência social;

- Decorre automaticamente do exercício de atividade remunerada (independentemente de contribuição) para os segurados obrigatórios e da inscrição formalizada com o pagamento da primeira contribuição para o segurado facultativo;

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- Inscrição é o ato material de filiação promovido pelo segurado. É o ato pelo qual o segurado é cadastrado no Regime Geral de Previdência Social, mediante comprovação dos dados pessoais e de outros elementos necessários e úteis à sua caracterização; É A FORMALIZACAO DA FILIACAO.

- DOCUMENTOS EXIGIDOS PARA A INSCRICAO:

- EMPREGADO E TRABALHADOR AVULSO: pelo preenchimento de documentos que os habilitem ao exercício do trabalho, pelo contrato de trabalho e no caso do avulso, pelo registro e cadastramento no sindicato ou órgão gestão de Mao de obra;

- EMPREGADO DOMÉSTICO: documento que comprove a existência de contrato de trabalho;

- CONTRIBUINTE INDIVIDUAL: apresentação de documento que comprove a condição ou o exercício de atividade profissional liberal ou não;

- SEGURADO ESPECIAL: documento que prove o exercício de atividade rural e outros conforme exigência da Lei 11 718/2008.

- FACULTATIVO: documento de identidade e declaração que não se enquadra como contribuinte obrigatório.

- O segurado também pode inscrever os dependentes.

- Manutenção e perda da qualidade de segurado

- Qualidade de segurado é o requisito para concessão de quase todos os benefícios da previdência social. Pela regra, os segurados preservam essa condição enquanto estiverem vertendo contribuições para a Previdência Social.

- O artigo 15 da Lei 8213/91 prevê o denominado período de graça, no qual o segurado mantém a qualidade de segurado independentemente de contribuição. O período de graça é uma criação que permite a extensão da proteção previdenciária em casos taxativamente determinados pela legislação;

- Período de graça não conta como tempo de contribuição;

- Mantém a qualidade de segurado, independentemente de contribuições:

- A) sem limite de prazo, quem está em gozo de benefício;

- B) até 12 meses após a cessação das contribuições, o segurado que deixar de exercer atividade remunerada abrangida pela Previdência Social ou que estiver suspenso ou licenciado sem remuneração;

- C) até doze meses após cessar a segregação, o segurado acometido de doença de segregação compulsória;

- D) até 12 meses após o livramento, o segurado detido ou recluso;

- E) até 3 meses após o licenciamento, o segurado incorporado às Forças Armadas para prestar serviço militar;

- F) até seis meses após a cessação das contribuições para o segurado facultativo;

- O prazo da letra b será prorrogado por mais 12 meses se o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado;

- E por mais 12 meses se comprovar estar desempregado, desde que comprovada a situação por registro no órgão próprio do Ministério do trabalho e Emprego, estando inscrito no SINE (Serviço Nacional de Empregos do Ministério do Trabalho e Emprego);

- SUMULA 27 DA TNU – A ausência de registro no Ministério do Trabalho não impede a comprovação da condição de desemprego por outros meios admitidos em direito.

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- A perda da qualidade de segurado ocorrerá no dia 16 do segundo mês seguinte ao término dos prazos fixados no artigo 15; Ex: Se o período de graça terminar em maio, o segurado teria até 15 de julho para efetuar o pagamento da contribuição de junho. Com isso ganha mais 45 dias.

- Havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois de o segurado contar, a partir da nova filiação à previdência social, com no mínimo 1/3 do número de contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser requerido (art. 24, parágrafo único da Lei 8213/91.

- A lei 10.666/203 revoga parcialmente o parágrafo único do art. 24 da Lei 8213/91 ao estabelecer no art. 3º que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão das aposentadorias por tempo de contribuição e especial, e na hipótese de aposentadoria por idade, a perda da qualidade de segurado não será considerada para a concessão do benefício, desde que o segurado conte, com no mínimo, o tempo de contribuição correspondente ao exigido para efeito de carência na data de entrada do requerimento do benefício;

- Outra hipótese em que a perda da qualidade de segurado não gera efeitos se dá quando o segurado já tinha direito adquirido ao benefício;

- vide acórdãos STJ

PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. QUALIDADE DE SEGURADO. PERÍODO DE GRAÇA. ART. 15, § 2º, DA LEI Nº 8.213/1991. SEGURADO DESEMPREGADO. SITUAÇÃO QUE PODE SER DEMONSTRADA NÃO SÓ POR MEIO DO REGISTRO PERANTE O ÓRGÃO PRÓPRIO DO MINISTÉRIO DO TRABALHO, MAS TAMBÉM POR OUTRAS PROVAS EXISTENTES NOS AUTOS. COMPROVAÇÃO. SÚMULA Nº 7/STJ. 1. As instâncias ordinárias concluíram que as provas contidas nos autos, demonstraram a qualidade de segurado do de cujus na data do óbito, em virtude da comprovação da situação de desemprego, tendo, assim, deferido a extensão do período de graça previsto no art. 15, § 2º, da Lei nº 8.213/1991. 2. Para verificar a qualidade de segurado do de cujus na data do óbito, em virtude da extensão do período de graça, com a devida comprovação da situação de desemprego por outras provas constantes dos autos, seria necessário o reexame da matéria probatória, vedado nesta instância especial, em virtude do óbice da Súmula nº 7/STJ. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PENSÃO POR MORTE. DE CUJUS. SENTENÇA TRABALHISTA. ANOTAÇÃO NA CTPS. RECOLHIMENTO POST MORTEM DE CONTRIBUIÇÕES PREVIDENCIÁRIAS EFETUADO PELA EMPRESA. QUALIDADE DE SEGURADO AFERIDA PELO TRIBUNAL A QUO. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO DESPROVIDO. I. O Superior Tribunal de Justiça consolidou sua jurisprudência no sentido de que a sentença homologatória proferida nos autos de Reclamação Trabalhista é válida como prova material para fins de reconhecimento do tempo de serviço. II. A pensão por morte é benefício previdenciário garantido aos dependentes do segurado em virtude do seu falecimento, desde que restem comprovados o óbito do instituidor do pensionamento, a relação de dependência entre aquele e seus beneficiários e a qualidade de segurado do falecido. III. A análise da manutenção, ou não, da condição de segurado, importa em reexame de matéria fática, o que encontra óbice na Súmula 7/STJ. IV. Agravo regimental desprovido.

AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL. MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DE SEGURADA. ART. 15 DA LEI N. 8.213/1991. CONDIÇÃO DE DESEMPREGADA. DISPENSA DO REGISTRO NO MINISTÉRIO DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL QUANDO O DESEMPREGO FOR COMPROVADO POR OUTRAS PROVAS CONTIDAS NOS AUTOS. 1. A Terceira Seção do Superior Tribunal de Justiça firmou orientação no sentido de que a ausência de registro no Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá ser suprida quando for comprovada a situação de desemprego por outras provas constantes dos autos. 2. A ausência de anotação de contrato de trabalho na carteira profissional da requerida não é suficiente para comprovar a sua situação de desempregada, uma vez que a mencionada ausência não tem o condão de afastar possível exercício de atividade remunerada na informalidade. 3. No caso dos autos, as instâncias ordinárias concluíram que as provas contidas nos autos, inclusive a pericial, demonstraram a incapacidade da segurada para o desempenho de qualquer atividade e o seu desemprego, tendo deferido a extensão do período de graça por mais 12 meses, nos termos do art. 15, § 2º, da Lei n. 8.213/1991, em consonância com a jurisprudência desta Corte Superior. 4. Agravo regimental improvido. AgRg na Pet 7606 / PRAGRAVO REGIMENTAL NA PETIÇÃO2009/0214717-2

- Período de carência:23

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- Artigo 24 da Lei 8213/91 estabelece que o período de carência é o número mínimo de contribuições indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de sua competência;

- Inicia-se a contagem para o segurado empregado e trabalhador avulso a partir da data da filiação ao RGPS;

- Para os contribuintes individuais, empregados domésticos, segurados especiais (se contribuintes facultativos) e segurados facultativos a partir da data do pagamento efetivo da primeira contribuição sem atraso, não sendo consideradas para este fim as contribuições recolhidas em atraso referente a competências anteriores;

- Diferenciar: período de graça (mantem a qualidade de segurado mesmo sem contribuir) – período de carência (está contribuindo, mas não tem direito a determinados benefícios) – tempo de contribuicão (período efetivamente contribuído);

- O período de carência conta a partir da filiação, pois a lei determina que são presumidos os pagamentos regulares pelo empregador(art.33, parágrafo 5 – lei 8212/91);

- Mesmo raciocínio se aplica aos contribuintes individuais que prestarem serviços a pessoa jurídica ou forem filiados a cooperativa de trabalho (art. 4 da Lei 10.666/2003 – responsabilidade deles pelo recolhimento);

- O doméstico deveria seguir esta regra, mas não foi a opção do legislador;

- O artigo 24 prescreve os períodos de carência das seguintes prestações previdenciárias:

- I - auxílio doença e aposentadoria por invalidez comum – 12 contribuições mensais;

- II – aposentadoria por idade, tempo de contribuição e especial – 180 contribuições;

- Observar regra de transição prevista no artigo 142 da Lei 8.213/91 (essa lei aumentou o prazo de 60 para 180 contribuicoes)

ANO DE IMPLEMENTACAO DAS CONDICOES

MESES DE CONTRIBUICAO EXIGIDOS

1991 601992 601993 661994 721995 781996 901997 961998 1021999 1082000 1142001 1202002 1262003 1322004 1382005 1442006 1502007 1562008 1622009 16820102011

174180

VER SUMULA 44 DA TNU – Para a aposentadoria por idade urbana, a tabela deve ser aplicada em funcão do ano em que implementada a idade.

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- III – salário maternidade para as seguradas individuais, seguradas especiais e seguradas facultativas: 10 contribuições mensais. Para a segurada especial é garantida a concessão do salário-maternidade no valor de um salário mínimo desde que comprove o exercício da atividade rural, ainda que de forma descontínua, nos dez meses imediatamente anteriores ao do início do benefício (Lei 9876/99 e IN 45/2010);

- Observação: se o parto for antecipado, a carência é diminuída na medida da antecipação. Ex: se o parto adiantar 1 mês, a carência diminui 1 mês.;

- Art. 24 – parágrafo único – havendo perda da qualidade de segurado, as contribuições anteriores a essa data só serão computadas para efeito de carência depois que o segurado contar, a partir da nova filiação à Previdência, com no mínimo 1/3 das contribuições exigidas para o cumprimento da carência definida para o benefício a ser exigido. OBSERVAÇÃO, É APENAS PARA UTILIZACAO DO TEMPO, NÃO SIGNIFICA DIREITO AO BENEFICIO.

- o artigo 26 prevê que independem de carência:

- I – pensão por morte, auxílio-reclusão, salário família e auxílio-acidente;

- II – auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças ou afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social a cada 3 anos, de acordo com os critérios de estima, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado;

- III – os benefícios concedidos na forma do inciso I do art. 39, aos segurados especiais referidos no inciso VII do art. 11 (aposentadoria por idade ou por invalidez, auxílio-doenca, auxílio-reclusao ou pensão, no valor de 1 salário-mínimo, desde que comprovado o tempo de atividade rural, ainda que de forma descontinua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, , igual ao numero de meses da carência do beneficio requerido;

- IV – serviço social;

- V – reabilitação profissional;

- VI – salário maternidade para as seguradas empregada, trabalhadora avulsa e segurada doméstica;

SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO E CÁLCULOS DOS BENEFÍCIOS PREVIDENCIÁRIOS

Salário-de-benefício: é a base de cálculo da renda mensal inicial da maioria dos benefícios.

RMI – Renda mensal inicial.

SB – saláio-de-benefício

BENEFÍCIOS PREVIDENCIARIOS(são 10 benefícios)

RMI

Aposentadoria por tempo de contribuição 100% SB

Aposentadoria por idade 70% do SB + 1% a casa grupo de 12 contribuicoes

Aposentadoria especial 100% do SB

Aposentadoria por Invalidez 100% do SB

Auxílio-doenca 91% do SB

Auxílio-acidente 50% do SB

Auxílio-reclusão 100% da aposentadoria por invalidez a que

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teria direitoSalário-maternidade Não é calculado pelo SB – varia de acordo

com a categoria de seguradoSalário-família Não é calculado pelo SBPensão por morte 100% da aposentadoria que o segurado

recebia, se aposentado, ou 100% da aposentadoria por invalidez

CÁLCULO DO SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO

- Consiste na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondente a 80% (oitenta por cento) de todo o período contributivo;

- De acordo com o artigo 29 da Lei 8213/91, com redação dada pela Lei 9876/99, o salário de benefício consiste:

- I – para a aposentadoria por tempo de contribuição (antiga aposentadoria por tempo de serviço) e aposentadoria por idade na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo, multiplicado pelo fator previdenciário (o inciso foi acrescentado pela Lei 9.876, de 26.11.99)(por salário de contribuição se deve entender o valor da remuneração sobre o qual incidirão as contribuições previdenciárias, respeitado o valor máximo de incidência);

- Para a aposentadoria por invalidez, aposentadoria especial, auxílio-doença e auxílio-acidente, na média aritmética simples dos maiores salários-de-contribuição correspondentes a 80% de todo o período contributivo;

- O fator previdenciário será obrigatório para a aposentadoria por tempo de contribuição e facultativo para a aposentadoria por idade – artigo 7º da Lei 9876/99;

- A nova regra do artigo 29 somente será aplicada integralmente ao segurado filiado após a publicação da Lei 9876, de 26.11.99;

- Para o segurado filiado anteriormente será considerado no cálculo do salário de benefício a média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a, no mínimo, 80% de todo o período contributivo decorrido desde a competência de julho de 1994 (plano real, mais fácil o cálculo com a estabilização da moeda e pq. Já constam no banco de dados da previdência);

- Fórmula do salário de benefício: S.B. = M x (F), onde M é a média de 80% dos maiores salários de contribuição do segurado, corrigidos monetariamente pelo INPC e F é o fator previdenciário

- O fator previdenciário é calculado considerando-se a idade, a expectativa de sobrevida e o tempo de contribuição do segurado ao se aposentar, de acordo com a seguinte fórmula:

- f = Tc x a x [ 1 + (Id + Tc x a)] Es 100

- onde: F é o fator previdenciário; Es a expectativa de sobrevida o momento da aposentadoria (é calculado pelo IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – a partir da tábua completa de mortalidade, considerando-se a

média única nacional para ambos os sexos – a média de vida dos brasileiros, de acordo com levantamento de dezembro de 2003, é de 71 anos; Tc é o tempo de contribuição até o momento da aposentadoria; Id é a idade no momento da aposentadoria e A é a alíquota de contribuição correspondente a 0,31. Este valor surge da seguinte justificativa: 20% é a contribuição patronal + 11%. A alíquota máxima do empregado = 31% dividido por 100 que é igual a 0,31. Representa a soma das contribuições da empresa e dos segurados, pelo teto, que é de 11%, incidentes basicamente sobre o salário de contribuição. Na verdade a alíquota representa a fração retirada mês a mês da relação de trabalho, do trabalhador e do contratante de serviços e depositada no sistema de seguridade social;

- Exemplificando: se o trabalhador ganha R$1.000,00, ele recolherá R$310,00 para o INSS. Assim, o segurado estará reservando 31% do tempo de trabalho de sua vida laboral inteira para a formação da reserva que garantirá o pagamento de sua aposentadoria. Quem contribui por 35 anos terá reservado o suficiente para sobreviver em torno de 11 anos e meio (31% de 35 anos de contribuição). Esta a lógica da alíquota. Representa a parte de recursos mensalmente retirada da economia para financiar as despesas futuras. O índice, na verdade, ignora que a

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contribuição previdenciária varia entre 8 a 11%, além de não levar em conta a contribuição para o SAT (seguro de acidente do trabalho);

- De acordo com o artigo 29, § 9º da Lei 8213/91, com a redação dada pela Lei 9876/99, para aplicação do fator previdenciário, serão adicionados cinco anos, quando o segurado for mulher; cinco anos, quando se tratar de professor que comprove exclusivamente tempo de serviço no exercício das funções de magistério na educação infantil, ensino fundamental e médio; dez anos quando se tratar de professora que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio;

- a bonificação é concedida para que o valor da aposentadoria das mulheres, professores e professoras do ensino fundamental e médio seja equivalente à dos demais segurados;

- havia uma regra de transição para aplicação do fator previdenciário, que se encerrou em outubro de 2004;

- a regra determinava a entrada em vigor do fator de forma progressiva, na proporção de 1/60 a cada mês, de modo que, ao final de 60 meses (cinco anos) da entrada em vigor da lei estaria implementado 100% do fator previdenciário;

- O fator previdenciário teve origem no artigo 201 da Constituição Federal, que determinava a forma de cálculo do salário de benefício. A fórmula havia sido constitucionalizada;

- a Emenda Constitucional 20/98 descontitucionalizou a fórmula de cálculo, delegando-a à lei ordinária;

- o fator veio em razão da derrota no Governo na Emenda 20/98 – aquela questão do ponto e vírgula que extinguia a aposentadoria por idade. Se funcionava como E, extinguia, se funcionava como ou, não extinguia;

- O fator é constitucional? De acordo com o Supremo é constitucional pq. não cria requisito para a concessão do benefício. Ele simplesmente muda a fórmula de cálculo, que, segundo a CF, cabe ao legislador ordinário;

ETAPAS DO CÁLCULO

1 PBC – Período Básico de Cálculo

É fixado o período a ser utilizado, ou seja, todo o período contributivo ou período contributivo de julho de 94 até a entrada do requerimento.

2 Atualizacão monetária dos salários integrantes do PBCComo já vimos os salários-de-contribuicao serão atualizados pelo INPC (artigo 29-B da Lei 8.213/91)

3 Selecionar os 80% maiores salários dentro do PBC

4 Realizar a média aritmética simples dos 80% maiores salários selecionados.Somam-se todos os salários selecionados e divide-se pelo número de salários utilizados

5 Aplicacão do fator previdenciárioSó para aposentadoria por tempo de contribuição e facultativamente na aposentadoria por idade.

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