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| Goiânia, abril/maio 2011

Cultivar, proteger, preservar os laços com o passado para se poder caminhar de forma firme e consciente em direção ao futuro. Essa é a noção que permeia o trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Ministério Público na defesa do patrimônio histórico e cultural de Goiás, conforme poderá ser constatado na reportagem principal desta edição do Jornal MP Goiás.

Como defensores dos interesses difusos e coletivos, cabe aos membros do MP proteger a história. E a isso têm se dedica-do inúmeros promotores de Justiça em todo o Estado, muitos de forma silenciosa. O que procuramos revelar nesta matéria especial é um pouco do que tem sido feito nesta missão mi-nuciosa e delicada, que envolve o respeito e o cuidado com a memória e a identidade cultural. Não deixem de conferir nas páginas 4 e 5. Como bem afirmou a escritora Marguerite Your-cenar, “quando se gosta da vida, gosta-se do passado, porque ele é o presente tal como sobreviveu na memória humana”.

A tarefa de mostrar a atuação do MP na preservação do patrimônio histórico, contudo, não se esgotará neste número. Fruto de uma “peregrinação” pelas comarcas que guardam parte da história de Goiás, a ampla reportagem foi subdividida em uma série, que será publicada ao longo das próximas edições.

Outro destaque desta edição, na página 3, é a matéria sobre as ações que vêm sendo realizadas em busca da con-solidação de uma casa abrigo em Goiânia para vítimas da violência doméstica. Previsto na Lei Maria da Penha, esse espaço é essencial para dar efetividade à proteção prevista na norma legal.

O Jornal MP Goiás também aborda neste número a atu-ação do Ministério Público no combate ao abuso e à ex-ploração sexual de crianças e adolescentes, com foco no tratamento que vem sendo à questão em municípios do Sudoeste do Estado. O tema, inclusive, é objeto de uma campanha de mídia, de caráter educativo, lançada pelo Centro de Apoio Operacional da Infância e Juventude no dia 18 de maio. A ser conferido na página 8.

Conheça ainda, nesta página, um pouco mais do trabalho recém-iniciado do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos, instituído em março deste ano.

Editorial Direitos Humanos como prioridade

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de ra-zão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.” Contida no artigo 1° da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), essa afirmação foi o fundamento que esti-mulou a criação do Centro de Apoio Operacional (CAO) dos Direitos Humanos do Ministério Público de Goiás. Em atividade desde março deste ano, o novo CAO da instituição atuará de forma conjunta com parceiros na concepção de políticas públicas que garantam o cumprimento de direitos, princi-palmente para pessoas em situação de vulnerabi-lidade social. Nesses casos está incluída a parcela da população que sofre com o preconceito, como mulheres, indígenas, negros, homossexuais, entre outros, segundo salienta o promotor de Justiça Haroldo Caetano, que assumiu a coordenação do CAO. “É preciso trabalhar ações que garantam a diversidade e minimizem o preconceito”, ressalta.

O promotor esclarece que estão previstas a criação de canais de comunicação entre socie-dade e MP, o desenvolvimento de campanhas e políticas de combate à tortura e a promoção de debates com entidades que representam as mino-rias, como a Associação Goiana de Gays, Lésbicas e Travestis (AGLT), Secretaria de Estado de Políti-cas para Mulheres e Promoção da Igualdade Ra-cial (Semira) etc. Haroldo acrescenta que as ações serão formuladas com caráter educacional e vol-tadas, especialmente, para prevenção. “Tudo isso será feito para resgatar e conscientizar a socieda-de sobre o conceito de Direitos Humanos, que tem sido distorcido e tratado como tabu. Para isso, o Centro de Apoio será o local onde a população e instituições poderão recorrer para buscar prevale-cer os Direitos Humanos”, diz.

Os encontros com setores da sociedade civil or-ganizada para levantar as demandas existentes, que vão subsidiar o plano de atuação do CAO, já tiveram início. Em abril, foram realizadas duas reu-niões: a primeira, com entidades representativas do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros), e a outra, para discutir liberdade de imprensa. Os encontros, denominados “Conversando sobre Direitos Humanos”, serão realiza-dos semanalmente – as próximas reuniões irão abordar assuntos relacionados a idosos, pes-soas com deficiência e população em situação de rua. Polícia e direitos humanos e o sistema prisional e direitos humanos também estão entre os diversos temas a serem abordados.

Em defesa do passado

Expediente

Informativo oficial do Ministério Público do Estado de GoiásRua 23 esq. c/ Av. B, qd. A-6, lts. 15-24, Jardim Goiás, Goiânia-GO, CEP 74805-100

E-mail: [email protected]

Twitter: www.twitter.com/mpdegoias

02 | Goiânia, abril/maio 2011 03

Fale conoscoPara falar com o MP em todo o Estado: 127

Telefone Geral (Goiânia) 3243-8000

Denúncia de Nepotismo Portal do MP (www.mp.go.gov.br)

CAO dos Direitos Humanos 3243-8200

CAO da Saúde 3243-8077

CAO de Defesa do Consumidor 3243-8038

CAO do Meio Ambiente 3243-8026

CAO do Patrimônio Público 3243-8057

CAO da Infância e Juventude 3243-8029

CAO da Educação 3243-8029

CAO Criminal e da Segurança Pública 3243-8050

Centro de Segurança Institucional e Inteligência 3239-4800

Escola Superior do Ministério Público 3243-8068

Assessoria de Comunicação Social 3243-8525/ 8499/ 8307/8498

Centros de Apoio Operacionais (CAOs):Procurador-Geral de Justiça Benedito Torres Neto

Assessora de Comunicação Social Marília Assunção DRT-GO 986 JP

Assessora de Imprensa Ana Cristina Arruda DRT-GO 894 JP

Coordenação Mac Editora e Jornalismo Ltda.

Editora Mirian Tomé DRT-GO 629 JP

Reportagem Fernando Dantas DRT-GO 4895 JP

Fotografias João Sérgio Araújo

Projeto Gráfico e Diagramação Fábio dos Santos

Fotolito e Impressão Ellite Gráfica e Editora Ltda.

Tiragem 7000 unidades.

Goiânia, abril/maio 2011|

Informe-se saiba onde buscar seus direitos:

Centro de Apoio Operacional (CAO) dos Direitos Humanos do MP-GO

Contato: (62) 3243-8200 / 8203 / 8199 E-mail: [email protected]

Entidades que atuam na defesa dos Direitos Humanos

Secretaria de Estado de Políticas para Mulheres e Promoção da

Igualdade Racial (Semira) (62) 3201-5347 / 5340 / 5350

Instituto Brasil Central (Ibrace) (62) 3223-6662

OAB-GO - Comissão de Direitos Humanos

(62) 3238-2007

Movimento Meninos e Meninas de Rua - Comissão Goiás

(62) 3229-0457

Associação Ipê Rosa (62) 3223-0128

Assembleia Legislativa - Comissão de Direitos Humanos

(62) 3221-3141

Associação Goiana de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT)

(62) 3224-438

Cerca de 7 milhões de brasileiras com idade acima de 15 anos já foram vítimas de violência do-

méstica no Brasil. O número integra pesquisa da Fundação Perseu Abra-mo, em parceria com o Serviço Social do Comércio (Sesc), que revela ainda que a cada 2 minutos cinco mulheres são vítimas de violência no País. A pes-quisa foi feita com 2.365 mulheres em 25 estados. Evânia das Dores, 34 anos, goiana e mãe de duas filhas, faz parte dessa estatística. Por um longo tempo, ela sofreu agressões psíquicas e físicas, até ter coragem de buscar ajuda. Hoje, separada do agressor, tenta reconstruir a vida, mas confessa que ainda sen-te medo. “Às vezes, não durmo direito com receio de que meu ex-marido pos-sa me encontrar”, diz.

Diferente de muitas brasileiras que não têm a quem recorrer, Evânia teve o apoio da família para deixar a casa em que vivia. Atualmente, ela tem ajudado o Núcleo de Gênero do Mi-nistério Público de Goiás (MP-GO) e entidades de defesa da mulher no processo de criação de uma casa abri-go em Goiânia, destinada às vítimas de violência doméstica. Evânia tem participado das reuniões de articu-lação para relatar sua experiência e, assim, contribuir para planejar e orga-nizar o melhor formato para a casa de abrigamento na capital. “É importante saber que tudo o que passei tem ser-vido de modelo e ajudado na criação desse local para receber as mulheres vítimas de violência. Estamos tentan-do listar o que deverá ser feito na casa para melhor receber e beneficiar es-

sas mulheres que também foram vítimas de violência”, acrescenta.

Segundo a promotora Rú-

bian Corrêa Coutinho, titular do Nú-cleo de Gênero, a previsão legal para criação e instalação de uma casa abri-go na capital vem de 1995, data em que foi sancionada a Lei 7.464, que instituiu esse espaço de abrigamento de vítimas da violência doméstica. Ela informa que já foram realizados diver-sos encontros, chamados de rodas de conversa (foto), que buscam definir um formato para esse local de acolhimen-to, além das políticas de atendimento, com enfoque específico para a efetiva-ção do disposto na Lei Maria da Penha. “Já abordamos assuntos como política de abrigamento e modelo de uma casa abrigo. A nossa preocupação com essa articulação está ainda em saber quem vai operar essa casa. Porque esse local não pode ser um depósito de seres humanos. Além de uma boa acolhida, existe uma preocupação maior com os aspectos materiais, físicos, psicológi-cos, morais, religiosos, etc. É preciso ter esse aparato para que a pessoa consiga romper com o ciclo de violência e ter autonomia”, enfatiza.

Para Neuza Maria da Silva, represen-tante da Assessoria de Políticas da Pro-moção da Igualdade Racial da Prefeitu-ra de Goiânia – entidade que faz parte do rol das instituições engajadas na criação da casa abrigo –, esse local de abrigamento precisa fazer a diferença para as mulheres vítimas de violência doméstica. “Além de abrigar, esse lo-cal precisa oferecer outros benefícios, como serviço psicológico, espaço para atender os filhos dessas mulheres, que às vezes são vítimas também, e até ca-pacitação profissional e encaminha-mento ao mercado de trabalho. Tudo está sendo discutido para que a mulher não encontre ali apenas um local para

dormir ou se recolher por alguns dias, mas uma casa que a ajude a reconstruir a vida”, reforça.

EstruturaPor se tratar de uma política pú-

blica municipal, a gestão da casa abrigo será de responsabilidade da Prefeitura de Goiânia. Segundo a assessora Especial da Mulher da Prefeitura, Teresa Cristina Sousa, um mapeamento já foi realizado para identificar os equipamentos neces-sários para a casa. Porém, ressalta Te-resa, o local ainda não está definido e terá caráter sigiloso. “Estamos ava-liando lugares e até mesmo valores de aluguéis”, informa. A estrutura do espaço de abrigamento terá formato multidisciplinar, com trabalho con-junto das áreas de saúde e assistên-cia social. Em relação ao número de vagas disponíveis, Teresa acrescenta que dependerá da necessidade, ou seja, do número de vítimas de violên-cia doméstica.

Municípios como Aparecida de Goiânia e Luziânia também estão em fase de estudo para viabilizar a criação de uma casa abrigo, em ações que têm sido articuladas também pelo MP.

LEI MARIA DA PENHA

Entidades se mobilizam para criação de casa abrigo em Goiânia

Proteção contra violência

O que diz a Política Nacional de Abrigamento

São todas as possibilidades (serviços, programas, benefícios) de acolhimento provisório destinado às mulheres em situação de violência (doméstica e familiar, tráfico de mulheres etc) que se encontrem sob ameaça e que necessitem de proteção em ambiente acolhedor e seguro.

Casos de violência doméstica contra a mulher, segundo dados da Central de Atendimento à mulher, registrados por meio do ligue 180:

94,1% dos registros de relatos de violência são casos de agressão doméstica e familiar contra as mulheres;

63% dos registros trazem o cônjuge como autor das agressões;

78% das mulheres relataram ter filhos;

65% dos registros relataram que a frequência da violência é diária;

37,1% das mulheres relataram correr risco de morte e 27,6% risco de espancamento;

Em 57% dos relatos, o agressor é usuário de drogas e/ou álcool;

47% das mulheres que registraram o relato de violência alegam ser dependentes financeiras dos agressores;

91% dos registros são de mulheres que residem em zona urbana;

93% das denunciantes são as próprias vítimas.

“O passado não reconhece seu lugar. O passado está sempre presente.”

Mário Quintana

Obs.: Dados referentes a 2008

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| Goiânia, abril/maio 2011 Goiânia, abril/maio 2011|04 05

Cristiani Honório e Luisa Dias

A história de Goiás começa ainda no século XVI e de lá datam os primeiros passos para a construção da sociedade atual. Neste pe-

ríodo, o Estado ganhou cidades, vários monumen-tos e espaços físicos, que revelam a importância artística, cultural, religiosa, documental ou estética das comunidades que ajudaram a construir a iden-tidade goiana. O Ministério Público de Goiás busca preservar esse patrimônio construído no passado e que é importante fonte de pesquisa e de preser-vação da memória e da cultura.

No Brasil, o Instituto do Patrimônio Históri-co e Artístico Nacional (Iphan) atua na gestão, proteção e preservação do patrimônio histó-rico e artístico brasileiro. “O mais importante para manter o que já existe de tombamento e de preservação é manter a função social da pro-priedade”, afirma Victor Hugo Mori, arquiteto e ex-superintendente do Iphan de São Paulo.

O trabalho do MP-GO busca garantir o respeito aos patrimônios tombados e proteger outras cons-truções, ainda não tombadas. Após um tombamen-to, o imóvel não pode ser demolido, nem mesmo reformado e poderá ser restaurado para voltar a ter as características originais. Nesta reportagem, são mostradas ações feitas pelo MP em alguns municí-pios goianos. A matéria especial terá sequência nas próximas edições, com exemplos de outras cidades.

AnápolisUma das importantes ações do Ministério Públi-

co de Goiás na conservação da história do Estado ocorre em Anápolis, onde a instituição busca pro-teger a antiga Maria Fumaça da cidade, tombada como Patrimônio Histórico Municipal desde 1991. A 15ª Promotoria de Anápolis propôs ação civil públi-ca contra o município e a empresa de transporte co-letivo TCA, em 2008, e o processo teve decisão favo-rável – atualmente, aguarda julgamento de recurso.

A promotora de Justiça Sandra Garbelini proto-colou a ação para proteger a antiga Estação Ferro-viária da cidade. Os 21 vagões do trem trouxeram, em seu passado glorioso, os pioneiros daquele município, que desembarcaram na estação inau-gurada em 1935. A sentença de 1º grau, proferida em 2009, determinou que os réus promovessem a demolição e a destruição completa do Terminal 2, no prazo máximo de seis meses, para permitir a visibilidade da Estação Ferroviária.

O prédio, que funcionou até meados da déca-da de 1970, possui linhas firmes, traçadas ao longo dos anos de existência da estação. Mas a beleza do prédio não impediu que a construção de um terminal urbano de passageiros escondesse dos olhos da cidade a sua própria história.

A ação judicial, proposta pelo MP contra a em-preiteira da obra e a prefeitura, solicitou que ambos desobstruíssem a sua visibilidade e brindassem a população com a revitalização e recuperação do espaço. Laudos do Iphan e da Agepel confirma-ram a preocupação do MP e sessões na Câmara Municipal chegaram a discutir o assunto. Agora, o resgate do patrimônio depende da manifestação do Tribunal de Justiça.

Bela Vista de GoiásBela Vista de Goiás, embora tão próxima à jo-

vem capital goiana, ainda guarda ares de cidade antiga, como diria seu filho ilustre Leo Lynce. No município, o empenho da promotora Sandra Gar-belini no período em que lá atuou, com a realiza-ção de reuniões para convencimento com o poder público, resultou no tombamento municipal da

PATRIMôNIO HISTóRICO

Na trilha da históriaAçõES DO MINISTÉRIO PúBLICO BUSCAM RESGATAR E PRESERVAR A MEMóRIA DE GOIáS “Preservar um Patrimônio Histórico não é apenas

manter de pé um passado mumificado. É, antes de tudo, conservar a cidadania de um povo” André Raboni, historiador pernambucano e blogueiro

Defesa da história

O que são bens culturais materiais

O patrimônio material protegido pelo Iphan com base em legislações específicas é composto por um conjunto de bens culturais, classificados segundo sua natureza nos quatro Livros do Tombo: arqueológico, paisagístico e etnográfico; histórico; belas artes; e das artes aplicadas. Eles estão divididos em bens imóveis, como os núcleos urbanos, sítios arqueológicos e paisagísticos, e bens individuais; e móveis como coleções arqueológicas, acervos museológicos, documentais, bibliográficos, arquivísticos, videográficos, fotográficos e cinematográficos.

Os bens culturais materiais tombados podem ser acessados por meio do Arquivo Central do Iphan, que é o setor responsável pela abertura, guarda e acesso aos processos de tombamento, de entorno e de saída de obras de artes do País. O Arquivo também emite certidões para efeito de prova e inscreve os bens nos Livros do Tombo.

Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade. Também por medida administrativa, deu--se o reconhecimento histórico dos casa-rões existentes na cidade.

A Igreja Matriz Nossa Senhora da Pieda-de foi construída em 1909 e é uma grande riqueza do município. A Arte Sacra de Ade-lino Roque pode ser apreciada em painéis expostos nas paredes do templo religioso.

ItumbiaraErguida em 1909, a Ponte Affonso Pen-

na, construída no “vão do Cahidor” e loca-lizada no povoado de Santa Rita do Para-nahyba, hoje Itumbiara, foi marco decisivo para o desenvolvimento do Estado de Goi-ás. A travessia de pessoas e cargas, até en-

tão feita por balsas, passou a ser feita sobre a primeira ponte pênsil do País, construída com tecnologia e estrutura importadas da Inglaterra, e que inaugurou também a liga-ção de Goiás com outros Estados.

Posteriormente, já na década de 1960, as construções da nova capital e da usina hidrelétrica no município, além do signifi-cativo aumento do tráfego, fizeram com que a antiga ponte fosse removida para atender a chamada Vila Operária de Itum-biara ou Vila de Furnas, a poucos quilôme-tros do local original, dando lugar a uma estrutura de concreto.

O promotor de Justiça e doutor em His-tória pela UFG Jales Guedes Coelho, que atualmente é coordenador do Centro de Apoio Operacional (CAO) do Meio Am-biente, logo que assumiu uma das promo-torias da comarca, em meados de 2005, fez uma varredura na cidade sobre as obras que remontavam ao começo da cidade. A ponte estava no imaginário coletivo da-

quela comunidade como representação da gênese da cidade e do próprio Estado.

Jales Guedes explica que, por envol-ver dois entes da federação, a sua impor-tância é nacional, o que fez com que ele desse início ao processo de tombamento pelo Iphan daquele patrimônio. Em de-zembro de 2005, um amplo dossiê que ressalta o seu valor histórico começou a ser elaborado e foi entregue, em julho de 2008, para o órgão. De lá para cá, técnicos do Iphan visitaram a obra por diversas ve-zes e outras providências, como a realiza-ção de audiência pública, foram tomadas dentro da etapa de avaliação no processo de tombamento.

Em 31 de março deste ano, uma exce-lente notícia foi publicada no Diário Oficial da União. Trata-se do edital de comunica-ção sobre o tombamento da ponte, inclu-sive os pilares remanescentes da constru-ção original. Por meio do tombamento, a Ponte Pênsil Affonso Penna poderá ter seu valor cultural e histórico reconhecido e, assim, será instituído sobre o bem um regime especial de proteção.

Luziânia Os homens eram muitos, entre brancos

e escravos, em meio ao Cerrado intocado. À frente, Antônio Bueno de Azevedo, o bandeirante paulista, que “desbravava” as terras goianas à procura de ouro. O metal precioso foi encontrado com fartura nas proximidades do lugar que ele elegeu como nova morada: o povoado de San-ta Luzia. Assim nasceu Luziânia que, em pleno século XVIII, chegou a possuir mais de 10 mil habitantes e foi um dos grandes centros auríferos do Estado. Os casarões construídos nessa época são testemu-nhas do período de esplendor de um Bra-sil Colonial.

Com o declínio da mineração, as ati-vidades se diversificaram, mas o casario permaneceu. No começo do século XIX, eram mais de 300. Em 1978, a Academia de Letras e Artes do Planalto contou 106 imóveis de valor cultural. Dois anos de-pois, a Igreja Nossa Senhora do Rosário foi tombada pelo Estado. Em 1999, o pro-motor de Justiça Marcus Antônio Ferreira

Alves, que atuava então na comarca, in-gressou com ação judicial para o tomba-mento dos 64 casarões remanescentes. Nesse mesmo ano, uma liminar proibiu os proprietários de demolir ou alterar as construções e foi determinado o seu tom-bamento municipal.

De lá para cá, muitas outras medidas fo-ram tomadas para garantir as edificações, tais como a averbação em cartório da li-minar concedida, o disciplinamento da circulação de veículos na Rua do Rosário, e o pedido de tombamento estadual de 29 imóveis, homologado durante o 1° En-contro Nacional do Ministério Público na Defesa do Patrimônio Cultural, realizado em 2003. Por empenho do MP, também, foram editadas leis em 2006 que proibi-ram a colocação ou fixação de veículos de divulgação no local, contemplaram a pre-servação do meio ambiente cultural no Plano Diretor do Município e estabelece-ram as Zonas de Interesse de Preservação Histórica e Cultural da cidade – proibindo expressamente a destruição, mutilação ou demolição dos bens tombados.

Mais recentemente, em 2007, o MP impediu que construções nocivas ao pa-trimônio existente na Praça do Rosário, tais como postos de combustíveis, fos-sem erguidos. Após requisição do pro-motor de Justiça Ricardo Rangel, cons-tatou-se que, dos 64 imóveis tombados pelo município, 15 foram demolidos, 8 encontram-se em péssimo estado de conservação, 13 em condições regulares e 28 aceitáveis. Diante disso, mais uma vez o MP saiu em defesa daquele patri-mônio. Atualmente, conforme narra o promotor, uma ação civil pública contra o Município e a Agepel tramita na Justiça para evitar a deterioração, descaracteri-zação e destruição dos prédios.

Fonte: Iphan

Fotos da Estação Ferroviária de Anapólis no passado e nos dias de hoje: local de desembaque de passageiros e cargas

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Goiânia, abril/maio 2011|06 07

A população goiana ainda desco-nhece a importância de ações preventivas como forma de cui-

dar da saúde. À primeira vista, a afir-mação pode parecer generalizada, mas dados do Centro de Apoio Operacio-nal da Saúde do Ministério Público de Goiás (MP-GO) comprovam que é uma realidade em Goiás. Em 2010, o Estado gastou cerca de R$ 300 milhões em in-ternações, sendo que o valor poderia ser diferente, com uma redução de até 50% neste custo, se “prevenção” fosse palavra de ordem dos cidadãos.

Na tentativa de promover uma mu-dança de hábito, o CAO da Saúde, a Federação Goiana de Futebol (FGF) e o Estado de Goiás decidiram que a 2ª edi-ção da Campanha Futebol Premiando a Saúde teria o objetivo de conscientizar a população sobre a necessidade de prevenção para melhoria da qualidade de vida. Lançada oficialmente no dia 8 de abril, na sede do MP Goiás, por meio da assinatura de termo de cooperação, a campanha foi desenvolvida em todos os municípios em que há times parti-cipantes do Campeonato Goiano de Futebol – Goiânia, Anápolis, Aparecida

de Goiânia, Catalão, Goianésia, Mor-rinhos, Santa Helena e Trindade.

O evento de lançamento da campanha reuniu o procurador-

-geral de Justiça, Benedito Torres Neto, promotor de Justiça e coordenador do CAO da Saúde, Marcelo Celestino, e o presidente da FGF, André Pitta. A campa-nha integra o Programa Permanente de Saúde Preventiva, idealizado pelo MP.

ParticipaçãoA participação da sociedade no pro-

jeto é simples, foi feita por meio da troca de notas ou cupons fiscais por ingressos para jogos do campeonato goiano. No ato da troca, o torcedor teve de respon-der a uma pergunta no verso do cupom, a qual questionava se a pessoa realizava regularmente exames preventivos.

A responsabilidade das Secretarias

de Saúde dos municípios que integra-ram o torneio de futebol foi incentivar a população a adquirir os ingressos dos jogos e responder à pesquisa de opinião constante do verso do bilhete. Um carro popular no valor de R$ 25 mil será en-tregue à cidade que conseguir alcançar a meta de 50% de preenchimento dos cupons e de eventos de atenção básica à saúde. As secretarias vão receber ain-da como prêmio a plotagem do veículo e equipamentos hospitalares, como es-tetoscópios, medidores de pressão au-tomáticos, balanças digitais portáteis, entre outros.

Parceira no desenvolvimento da cam-panha, a FGF ficou encarregada de apu-rar o número da pesquisa de opinião pú-blica constante nos ingressos, mantendo atualizadas as informações junto ao CAO da Saúde. O resultado parcial da pesqui-sa foi publicado quinzenalmente no site da Federação (www.fgf.esp.br). O resulta-do final ainda está sendo aguardado.

BenefíciosEm 2010, a campanha Futebol Pre-

miando a Saúde teve como finalidade dar apoio a unidades de saúde da rede pública. Conforme o regulamento, os hospitais de preferência dos torcedores foram apontados na hora da troca de notas fiscais por ingressos para os jogos. Foram entregues R$ 550 mil em premia-ção, divididos entre os seis hospitais mais bem colocados ao final do Goia-não. O Hospital de Doenças Tropicais (HDT) teve a maior pontuação, anga-riando R$ 200 mil como prêmio. Segun-do o diretor-geral do HDT, Boaventura Braz de Queiroz, a quantia foi toda utili-zada em melhorias na estrutura da uni-dade. “Pudemos adquirir equipamentos para o serviço de hemodiálise, melho-rar a infraestrutura do ambulatório e promover qualidade no atendimento e bem-estar ao paciente”, destaca.

Leia mais sobre MP e futebol na página 7

Programa Permanente de saúde Preventiva

Tendo a Campanha Futebol Premiando a Saúde como principal ação, o programa é desenvolvido com foco na priorização de ações preventivas, como combate à dengue, prática de esportes, realização de exames preventivos, check-ups regulares etc.

FuTEBOL PREMIADO

Campanha quer incentivar saúde preventiva por meio do esporte

Uma medida, provavelmente iné-dita no Brasil, para punir jogadores de futebol por atos de violência em campo, foi tomada em conjunto pelo Ministério Público de Goiás e pela Procuradoria de Justiça Des-portiva, como resposta ao confron-to ocorrido no jogo entre Goiás e Vila Nova no dia 1º de maio. Tendo como base o previsto no Estatu-to do Torcedor (Lei 12.299/2010), o MP-GO ofereceu notícia-crime contra 12 jogadores e 1 massagista que brigaram na partida.

Foram relacionados na acusa-ção os jogadores Michel Alves, Éder Lima, Roni, Betinho, Paulo César, Luís Cetin, Lázaro, Juninho, Wando e Gil, do Vila Nova; Rafa-el Toloi e Marcão, do Goiás, e o massagista Almir Carlos de Souza, também do Vila. A notícia-crime foi fundamentada nas informa-

ções da denúncia oferecida pela Procuradoria de Justiça Despor-tiva. Nela constam vídeos com as imagens de violência e as re-portagens veiculadas informando sobre as agressões que se desdo-braram fora do estádio e culmi-naram na morte de um jovem.

Os 13 réus são acusados pelo crime de incitação à violência, pre-visto no artigo 41-B do Estatuto do Torcedor, que prevê pena de um a dois anos de reclusão e multa. A notícia-crime é o primeiro resulta-do de um convênio de cooperação firmado com a Procuradoria visan-do reforçar as medidas de combate à violência no futebol e assegurar o cumprimento das medidas pre-vistas na lei. A audiência preliminar com os acusados seria realizada em 20 de maio, às 8h30, no 1º Juizado Especial Criminal de Goiânia.

Por meio de termo de cooperação iniciado no final de 2010 entre MP-GO e Delegacia da Receita Federal, nove veículos apreendidos pela delegacia foram doados aos Conselhos Tutelares de municípios goianos que têm os mais baixos indicadores de desenvolvimento do Estado. A definição das cidades foi feita a partir do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), que foi criado pelo Sistema Fir-jan, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, para acompanhar a evolução dos municípios brasileiros, e leva em consi-deração três variáveis principais: emprego e renda, educação e saúde. Em Goiás, os municípios de Pilar de Goiás, Teresina de Goiás, Sítio da Abadia, Pa-dre Bernardo, Cavalcante, Buritinópolis, Água Fria, Mi-moso de Goiás e Água Lim-pa foram beneficiados com a medida.

O acordo entre MP e Receita surgiu a partir da constatação de que, ape-sar de quase 100% dos municípios goianos terem Conselhos Tu-telares instalados, apenas 20% possuem estrutura de atendimento adequada. Os municípios, para serem contemplados com as doa-ções, terão de firmar compromisso de disponibilizar os bens doa-dos exclusivamente para uso do Conselho Tutelar. O Ministério Pú-blico ficará responsável por fiscalizar a destinação do uso dos bens recebidos pelos conselhos, inclusive com a plotagem dos veículos e número para denúncias de possíveis desvios de uso.

CANAL MP

Por intermédio do MP-GO, termo de acordo foi assinado no dia 6 de abril com o objetivo de solucionar impasse no Instituto de Previdência e Assistência do Servidor Público (Ipasgo) em relação ao pagamento devido aos prestadores de serviço credenciados, como médicos, hospi-tais e laboratórios. O documento foi firmado pelo governador Marco-ni Perillo; pelo procurador-geral de Justiça, Benedito Torres Neto; pelo presidente do Ipasgo, José Taveira Rocha, e o presidente do Comitê de Integração das Entidades de Representação dos Médicos e dos Esta-belecimentos Assistenciais de Saúde (Cier-Saúde), Paulo Luís Frances-cantônio. O acordo prevê ainda a reformulação e reposicionamento do instituto perante credenciados e, consequentemente, dos mais de 700 mil segurados. Segundo o procurador-geral, Benedito Torres Neto, as medidas visam melhorar a atuação do instituto, que amarga um déficit mensal em torno de R$ 6 a 7 milhões.

Acordo permite retomada de atendimento no Ipasgo

Termo de ajustamento de con-duta entre MP-GO e município de Crixás prevê que, até junho deste ano, prefeitura apresente projeto e cronograma da obra de construção de um polo educacional de ensino fundamental no local onde está ins-talado o pré-assentamento Alírio Corrêa, na zona rural. O acordo pre-vê que o polo deve ter capacidade suficiente para receber os 72 alunos que residem no assentamento e na região e começar a funcionar até o dia 25 de janeiro de 2012, quando começa o ano letivo. Esses alunos atualmente estudam no distrito de Auriverde e demoram aproxima-damente seis horas no percurso casa-escola-casa, diariamente, com transporte escolar A prefeitura de-verá apresentar à promotoria, a cada 90 dias, um relatório sobre a obra. Em caso de descumprimento das obrigações, o município terá de arcar com multa no valor de R$ 1 mil. O acordo foi negociado pelo promotor Rômulo Corrêa.

Prefeita, vice e vereadores de mineiros são acionados para devolver 13º salário pago indevidamente

O promotor de Justiça Au-gusto Rachid Reis Bittencourt Silva propôs 27 ações civis públicas contra agentes e ex--agentes políticos de Minei-ros por recebimento indevido de 13º salário (gratificação natalina) durante seus man-datos. Entre os acionados estão a atual prefeita, Neiba Maria Moraes Barcelos, e a ex-prefeita Laci Machado de Rezende. O valor do ressarci-mento de cada agente polí-tico foi estipulado de acordo com o período em que exer-ceu o mandato. O Ministério Público estima que o prejuízo total aos cofres públicos é de R$ 438.237,56. Augusto Reis lembra que os agentes políti-cos não são equiparados aos trabalhadores ou aos servi-dores públicos, já que não há vínculo permanente destes com o poder público, portan-to, o 13º salário não pode ser estendido a eles.

Pedida responsabilização de jogadorespor confrontos em jogo entre Vila nova e Goiás

Conselhos tutelares do interior recebem doações de carros apreendidos pela receita federal

Lançamento da campanha teve a participação do procurador-geral de Justiça, do coordenador do CAO e do presidente da FGF

| Goiânia, abril/maio 2011

Acordo prevê escola para crianças em assentamento em Crixás

Page 5: 04 - mpgo.mp.brO que procuramos revelar nesta matéria especial é um pouco do que tem sido feito nesta missão mi- ... da população que sofre com o preconceito, como mulheres, indígenas,

| Goiânia, abril/maio 201108

Obrigar crianças e adolescentes a se prostituir, usá-los para porno-grafia infantil ou exibição em es-

petáculos sexuais públicos ou privados são atos considerados como exploração sexual, crime previsto no artigo 244 do Estatuto da Criança e Adolescente. Se-gundo diagnóstico do Ministério da Jus-tiça, a exploração sexual está presente em 16,88% dos municípios brasileiros. Na lista estão todas as capitais brasilei-ras, mas a maior parte das cidades com casos de exploração de menores está no interior, em locais pobres, com 20 mil a 100 mil habitantes.

Para tentar reduzir esse porcentual, campanhas e projetos voltados para a conscientização, a prevenção e de-núncias de casos de exploração sexual estão sendo desenvolvidos em todo o País. É o caso de Caçu, Itarumã, Cacho-eira Alta e outras cidades da Região Su-doeste de Goiás. Nesses locais, desde 2008, uma campanha de combate ao abuso e à exploração sexual infantil é realizada, com o tema “Explorar sexu-almente menores de 18 anos é crime e dá cadeia”. A ação faz parte de uma parceria da Promotoria de Caçu com as usinas hidrelétricas da região - Foz do Rio Claro, Salto do Rio Verdinho, Barra dos Coqueiros, Caçu e Salto.

Entre as ações já desenvolvidas e que são promovidas periodicamente, em datas alusivas à criança e ao adolescen-te e ao tema exploração sexual, estão palestras, gincanas, passeatas, adesiva-ços, publicidade em emissoras de rádio e TV, e entrega de kits em festividades nos municípios. A campanha tem ainda o apoio de conselheiros tutelares, pro-fessores, médicos, agentes de saúde, entre outros. “Essas pessoas ajudam a identificar possíveis casos, já que estão em contato com as famílias e crianças, observando até mesmo mudanças de comportamento desse público infantil, como é o caso de professores, ou detec-tando Doenças Sexualmente Transmis-síveis (DST) em menores, o que pode ser um indício de exploração sexual. Com isso, conseguimos formar uma rede de proteção nas cidades atendidas”, enfati-za a promotora de Justiça de Caçu, Sílvia Maria Apostólico.

PráticaSegundo a promotora, a finalidade

principal do projeto é conscientizar a sociedade de que exploração sexual é crime e, dessa forma, prevenir esse tipo de prática. “Por receber cinco obras de hidrelétricas, com movimentação de mais de 2,5 mil funcionários que não

possuem vínculo com a comunidade, o caminho encontrado foi desenvolver uma campanha de prevenção junto às usinas hidrelétricas e a comunidade”, ex-plica Sílvia Apostólico.

Ela ressalta que o foco inicial era aler-tar para casos de exploração sexual e não de abuso, que é a utilização do cor-po de uma criança ou adolescente para satisfação sexual de um adulto, poden-do ou não ser praticado por alguém da família. “Com o desenrolar do projeto, foi preciso trabalhar essas duas questões, já que passamos a receber denúncias de casos de abuso sexual”, acrescenta. Sílvia revela que houve um salto nas denún-cias de casos de abuso infantil desde o início do projeto. “Não tínhamos denún-cias em Caçu, por exemplo. Depois da campanha, o número subiu para 12. Se por um lado foi ruim, por mostrar essa quantidade de casos, o lado positivo foi o de se poder enfrentar o sentimento de impunidade”, avalia.

Por meio de um trabalho conjunto entre Ministério Público, Polícia Civil e Militar, e Poder Judiciário, os casos de-nunciados são averiguados, de acordo com a promotora, e se for preciso, são requeridas prisões. Essa parceria busca ainda agilizar o julgamento dos casos, para chegar às condenações.

No mês em que é celebrado o Dia Na-cional de Combate ao Abuso e à Explo-ração Sexual de Crianças e Adolescentes, o Centro de Apoio Operacional (CAO) da Infância e Juventude, em parceria com os promotores de Justiça das comarcas do interior do Estado, promoveu ações com o objetivo de mobilizar a sociedade e incentivar a implementação de políti-cas de enfrentamento ao problema em todo o Estado de Goiás. Destaque para a campanha de combate à violência se-xual, lançada no dia 18 de maio, que visa conscientizar a população e aumentar o número de denúncias por meio do Dis-que 100. Para que esse resultado seja alcançado, peças publicitárias e informa-tivas foram criadas como camisetas, car-tilhas, campanhas de TV e rádio.

“Vamos tentar colher, dentro deste cli-ma de mobilização, assinaturas de com-promisso dos prefeitos para a elaboração e a aprovação de planos municipais de combate ao abuso e à exploração sexual das crianças e dos adolescentes”, explica a coordenadora do CAO, Liana Antunes Vieira Tormin, falando sobre o trabalho no interior. Algumas cidades, em especial no entorno de Goiânia, já possuem o plano, embora ainda não aprovado. “O plano contempla várias ações, mas, em especial, visa divulgar o combate e incentivar a de-núncia dos casos de violência”.

Outra atividade desenvolvida foi o se-minário Violência Sexual contra Criança e Adolescente: uma Análise Sistemática, realizado no dia 20 de maio, em parceria com a Escola Superior do MP. O evento abordou temas relacionados ao enfren-tamento do abuso e exploração sexual infantojuvenil e contou com a participa-ção de promotores de Justiça, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais ligados à rede de proteção da criança e adolescente.

No interior, audiências públicas e atividades de integração com a socie-dade também foram realizadas para abordar o tema.

INFâNCIA E JuVENTuDE

Parceria contra a exploração sexual infantilPROJETO DESENVOLVIDO EM MUNICíPIOS DA áREA DE ATUAçãO DA PROMOTORIA DE CAçU BUSCA CONSCIENTIZAR, PREVENIR E DENUNCIAR CASOS DE EXPLORAçãO DE CRIANçAS E ADOLESCENTES

Mobilização em todo o Estado para lembrar o 18 de maio

não ao abuso

O que diz a legislação sobre exploração sexual:

Explorar sexualmente crianças e adolescentes dá cadeia: pena de 6 a 10 anos, com agravamento se a menina ou menino tiver menos de 14 anos;

Os acusados não têm direito a fiança, indulto ou diminuição de pena por bom comportamento;

Quem incentiva, induz ou tira proveito da exploração, participando dos lucros ou fazendo-se sustentar pela criança ou adolescente, também comete crime com pena prevista de 1 a 4 anos de cadeia e multa. Isso inclui a família.

Quer denunciar?Disque 100

A ligação é gratuita e não é necessário se identificar.