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04 de novembro20:00 Cerimônia de Abertura

21:00 PalestraA Terceira Margem da Arqueologia PreventivaTania Andrade Lima

22:00 Lançamento do livroArqueologia e Patrimônio de Minas Gerais: Ouro Preto

05 de novembro09:00 Mesa RedondaArqueologia e patrimônio em empreendimentos lineares:dutovias da PETROBRAS

Arqueologia regional em empreendimentos lineares: ocontexto do GASBEL IIAna Paula de Paula Loures Oliveira

Arqueologia nos dutos da PETROBRAS: os projetos GASJAP eGASDUC no Rio de JaneiroPaulo Seda

Arqueologia e patrimônio em empreendimentos lineares noEspírito Santo: dutovias da PETROBRASChristiane Lopes Machado

10:30 Coffee Break11:00 Debatedor: Francisco Antonio Pugliese Junior

14:00 Comunicações - Mesa 1: Arqueologia Pré-HistóricaNotas preliminares sobre a escavação do sítio arqueológicoSambaqui do São BentoMarcos Henrique Inacio; Hércules Correia da Costa; Divino de Oliveira;Beatriz Ramos da Costa; Ondemar Dias Junior; Jandira Neto

Arqueologia pré-histórica da região de Diamantina (MinasGerais): perspectivas e síntese das pesquisasAndrei Isnardis; Vanessa Linke

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Os instrumentos simples: definições e análisesLuís Felipe Bassi; Juliana de Resende Machado; Maria Jacqueline Rodet

Mudanças cronológicas na alimentação no norte de MinasGerais - 6500 a 500 AP: um estudo paleoetnobotânico deabrigosMyrtle P. Shock

Os sítios arqueológicos em Queluzito e Andrade Pinto sob oenfoque palinológicoMarcia Aguiar de Barros; Shana Yuri Misumi; Robson Lucas Bartholomeu;Ortrud Monika Barth

15:15 Moderador: Astolfo Gomes Araujo

15:30 Comunicações - Mesa 2: Pintura RupestreA consciência pictórica do Lagarto: o vale do Peruaçu comotestemunho simbólico das migrações austrais para as AméricasCarlos Eduardo Vianna Aldighieri Soares

As representações antropomorfas das manifestações gráficaspré-históricas da região de DiamantinaVanessa Linke; Andrei Isnardis

O sítio arqueológico Abrigo do RenatoFrederico A. A. Gonçalves

16:15 Moderador: Paulo Seda16:30 Coffee Break

16:45 Comunicações - Mesa 3: Tipologias e TradiçõesCeramistasEscolhas tecnológicas: um breve estudo comparativo dacerâmica proto-JêIgor M. Mariano Rodrigues; Catarina Guzzo Falci

Estilo e arqueologia evolutiva: o caso da cerâmica do sítioCórrego do Maranhão, Carangola-MGLeandro Elias Canaan Mageste

Estudo do gesto em material cerâmico associado à tradiçãoTupiguarani - sítio Gramado – município de Brotas - São PauloMarianne Sallum; Marisa Coutinho Afonso

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A arqueologia dos grupos ceramistas no Planalto Paulista: aocupação GêMarisa Coutinho Afonso

17:45 Moderadora: Tania Andrade Lima

18:00 Apresentação de painéis (Eixos Temáticos 1 e 2)

20:00 Mesa RedondaPatrimônio Arqueológico e Musealização: uma perspectivacrítica

De Lapa a Lapa – o Carste de Lagoa Santa como valor musealJosé Neves Bittencourt

Do objeto ao sujeito: a relação de percepção e apropriaçãoLuciane Monteiro Oliveira

Musealização da Arqueologia: os desafios do ensino e pesquisaMaria Cristina Oliveira Bruno

21:30 Debatedora: Tania Andrade Lima

06 de novembro09:00 Mesa RedondaArqueologia Histórica de Minas Gerais

Proteção de sítios históricos e suas paisagens: algumasreflexõesAlenice Baeta

Rebelião nas Minas e Arqueologia: Minas Gerais - 1720Carlos Magno Guimarães

A Casa da Festa: três séculos de ocupaçãoPaulo Alvarenga Junqueira

10:00 Coffee Break10:30 Debatedor: Andres Zarankin

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14:00 Comunicações - Mesa 4: Arqueologia Histórica

Arqueologia em área quilombola – o caso JaóSílvia Corrêa Marques

Notas preliminares sobre o resgate arqueológico do SítioAldeia da Estrada das Escravas II – Projeto do ArcoMetropolitano do Rio de JaneiroHércules Correia da Costa; Marcos Henrique Inacio; Divino de Oliveira;Beatriz Costa; Ondemar Dias Júnior; Jandira Neto

Curta história de vida de uma família de artefatos: as panelasde pedra-sabãoVinícius Melquíades

14:45 Moderador: Andres Zarankin

15:00 Comunicações - Mesa 5: Educação PatrimonialArqueologia e educação: uma parceria em torno das ruínasEngenho São Jorge dos Erasmos, Santos, SPAdriana Negreiros Campos

Arqueologia e patrimônio em quadrinhos: o uso de HQ’s nasações educacionais do MAEA – UFJFAlencar Miranda Amaral; Rosemary Aparecida Cardoso

Arqueologia e educação multicultural: experiências em Poçosde Caldas/MGSolange Nunes de Oliveira Schiavetto; Ana Paula Gilaverte Parreira

Lugares de memórias em Cordisburgo - subsídios para o planode manejo do Monumento Natural Estadual Peter LundAlenice Baeta; Henrique Piló

16:00 Moderadora: Luciane Monteiro Oliveira16:15 Coffee Break

16:30 Comunicações - Mesa 6: Museus e RepresentaçãoMuseus e objetos: a materialidade de uma relaçãoMaria Fernanda van Erven

Musealização da arqueologiaCristiane Eugênia da Silva Amarante

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Ecomuseu da Serra de Ouro Preto: narrativas híbridas entreespaço de memória social, tempo presente e lugares derelaçãoYara Mattos

O patrimônio esquecido de Mariana-MGFábio Adriano Hering

17:45 Moderadora: Maria Cristina Oliveira Bruno

18:00 Apresentação de Painéis (Eixos Temáticos 3, 4, 5 e 6)

20:00 PalestraA atuação do Ministério Público na defesa do PatrimônioArqueológico de Minas GeraisMarcos Paulo de Souza Miranda

07 de novembro

09:00 Mesa Redonda: Regional SABSUDESTEIdentidade e Representação

Ana Paula de Paula Loures OliveiraAstolfo Gomes de Mello AraujoChristiane Lopes Machado

10:00 Coffee Break10:30 Debatedor Eduardo Goes Neves

12:00 Encerramento do Simpósio e Entrega do Prêmio “Ondemar Dias”

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Mesas Redondas

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Arqueologia regional em empreendimentoslineares: o contexto do GASBEL II

Ana Paula de Paula Loures Oliveira - UFOP

Pretendemos demonstrar, nesta apresentação, como aarqueologia preventiva pode contribuir para o desenvolvimentode uma arqueologia regional. O exemplo em tela são os trabalhosrealizados durante o Projeto de Salvamento, Monitoramento eEducação Patrimonial do Gasbel II/PETROBRAS, que somadosàs pesquisas efetuadas no âmbito do Projeto de MapeamentoArqueológico e Cultural da Zona da Mata mineira, proporcionouinformações fundamentais para o entendimento do processode ocupação territorial da região. Em boa medida, amplia aspossibilidades de inferências sobre a distribuição espacial emobilidade dos diferentes grupos pré-coloniais que habitarama região, fomentando o estabelecimento de novos projetosinvestigativos, que possam dar conta do contexto arqueológicoem questão.

Arqueologia nos dutos da PETROBRAS: Osprojetos GASJAP e GASDUC no Rio de Janeiro

Paulo Seda - LEPAmA /NUCLEAS/UERJ e IAB

Os Projetos GASJAP - Prospecção, MonitoramentoArqueológico e Educação Patrimonial na Faixa do Gasoduto

GASJAP - e GASDUC III - se materializaram através de Contratoassinado entre a PETROBRAS (Petróleo Brasileiro S.A.) e o IAB(Instituto de Arqueologia Brasileira). Visavam os projetos,desenvolver estudos arqueológicos na área de implantação doGasoduto GASJAP, entre a REDUC (Município de Duque de Caxias)e a Estação de Japeri (Município de Japeri) na área deimplantação do gasoduto GASDUC III, compreendido entreCabiúnas (Município de Macaé) e Campos Elíseos (Duque deCaxias), ambos relativos ao PLANGAS (Plano de Antecipação deGás). Os projetos, portanto, objetivavam realizar a prospecçãoe monitoramento arqueológico das áreas supracitadas, além

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de trabalhos de educação patrimonial necessários. Serãoapresentadas a estratégia e a metodologia de trabalhoempregadas, as dificuldades encontradas e os resultadosobtidos.

Arqueologia e patrimônio emempreendimentos lineares: dutovias daindústria petrolífera no Espírito Santo

Christiane Lopes Machado - RHEA/ES

Das cerca de 300 pesquisas arqueológicas efetuadasno Espírito Santo desde 1943, segundo relatórios e publicaçõesconsultadas na regional do IPHAN, apenas 10% correspondema pesquisas acadêmicas, planos de manejo e gestão ou estãoassociadas a projetos de restauração. Assim sendo, 90% daspesquisas já efetuadas, estão no âmbito da arqueologiapreventiva. Dessas, quase 45% correspondem a pesquisasassociadas à indústria petrolífera, sendo este o segmentomais expressivo nos procedimentos de licenciamentoambiental. Esse trabalho irá enfocar, especificamente, asdutovias de óleo e gás que passam pelo estado do EspíritoSanto, apresentando os resultados obtidos com as pesquisasarqueológicas associadas ao licenciamento das mesmas.

De Lapa a Lapa – o Carste de Lagoa Santacomo valor museal

José Neves Bittencourt – IPHAN e UFOP

Ao norte de Belo Horizonte situa-se uma das maisimportantes províncias arqueológicas brasileiras: o Carste deLagoa Santa. Esta região apresenta um denso conjunto de feiçõestipicamente dissolutivas em associação a uma hidrografia comcomponentes fluviais e cársticos. A este ambiente estão associadossítios paleontológicos e arqueológicos de grande valor, comcomponentes da megafauna pleistocênica e importantes vestígios

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da ocupação humana pré-histórica no Brasil, entre os quais ossosde aproximadamente 12 mil anos. A região pode ser consideradauma das mais importantes da América Latina, em termoscientíficos, e vem sendo estudada desde a primeira metade dosOitocentos, desde que o naturalista Peter Lund descreveu o“Homem de Lagoa Santa”. Essa região adquiriu uma posiçãodestacada no panorama da Arqueologia brasileira. Esse valorcientífico ainda é, sem dúvida, alto, mas pode-se discutir se nãoé tempo de abordar a região de outra maneira, de modo a frisar-lhe o valor na formação da identidade nacional. A modernaMuseologia desenvolveu conceitos e técnicas que permitemapresentar a região como um museu das origens da ciênciabrasileira e de alguns dos problemas que atravessaram a formaçãodo Estado Imperial. Essa iniciativa poderia estar inserida noprojeto de implantação do Parque Estadual do Sumidouro,iniciativa do governo estadual que procura valorizar e conciliaro patrimônio natural e cientifico, integrando-o às condições dedesenvolvimento urbano e industrial próprias à região. A área dagruta da Lapinha, sítio original dos trabalhos de Lund, encontra-se no centro da abrangência desse projeto, mas diversas outrasações arqueológicas e paleontológicas realizadas ao longo dotempo, localizadas na cidade e em seus arredores, poderiamconstituir um circuito museal que organize os diversos conjuntosmonumentais e paisagísticos, bem como apontar as informaçõesreunidas em diversos pontos do país, que se remetem à trajetóriadessa região.

Do objeto ao sujeito: a relação de percepçãoe apropriação

Luciane Monteiro Oliveira - MAEA/UFJF

A forma como os bens patrimoniais são apropriados eusufruídos pela sociedade está relacionada ao contextohistórico e ao imaginário social e político forjado nesseprocesso. Especificamente no que tange aos acervos emMuseus, a percepção está atrelada à sua noção e ontogênese.Numa abordagem crítica, pretendemos registrar como o MAEA

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é percebido pela instituição e seus representantes maiores, oque implica nas ações e políticas deliberadas a respeito doórgão. Constatamos que ainda prevalece a visão de Museuenquanto depósito de “objetos”, o que implica em umasobreposição de interesses sobre o trabalho desempenhadopela equipe, bem como os resultados advindos dessasatividades.

Musealização da arqueologia: os desafios doensino e pesquisa

Maria Cristina Oliveira Bruno - MAE/USP

Os processos de musealização são identificados comoagentes que viabilizam a preservação patrimonial e, da mesmaforma, despertam noções de pertencimento, identidade e auto-estima nas sociedades onde encontram suas raízes e fertilizama dinâmica cultural. Refletem, por sua vez, as múltiplasmaneiras de como os indivíduos e as coletividades exercem oseu poder em relação à memória e às formas de representaçãoda realidade desvelada por múltiplos olhares. Esses processos,quando aplicados ao patrimônio arqueológico, evidenciam asheranças da arqueologia musealizada, especialmente no quese refere aos museus arqueológico-tipológicos e aos museusarqueológico-artísticos. Essas, por sua vez, estabelecem elosde ligação com os desafios que a contemporaneidade aporta àpreservação dos vestígios arqueológicos, notadamente àsrelações entre preservação patrimonial e desenvolvimentosocial e econômico. Nesse âmbito, do contexto brasileiroemergem desafios consideráveis que podem ser analisadossobre três perspectivas: 1) o perfil da herança museológicareferente ao patrimônio arqueológico: o papel dos museusnacionais em relação às instituições regionais; 2) os limites ereciprocidades entre educação patrimonial, arqueologiapública e Musealização da Arqueologia; e 3) o crescimentoimponderável dos projetos de Arqueologia Preventiva e asrespectivas responsabilidades preservacionistas.

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Proteção de sítios históricos e suas paisagens –algumas reflexões

Alenice Baeta - Artefactto Consultoria

A proteção e valorização patrimonial de sítios histórico-arqueológicos vem sendo um grande desafio e preocupação. Aexpansão urbana, com abertura de novos bairros, obras derede de distribuição subterrânea (água, esgoto, energia etelefonia) e frentes de exploração mineral, dentre outros,podem causar danos irreversíveis a este tipo de bem cultural;situados na superfície do solo, enterrados ou encobertos porestruturas mais recentes. Mesmo com alguns dispositivos legaise normativos que subsidiam a sua proteção, ainda não há umapolítica eficaz e nivelada, sobretudo, em âmbito municipal.No que se refere às paisagens de sítios históricos, faz-se aindanecessário, a reabilitação ambiental de localidadescircundantes a conjuntos históricos. Algumas situações serãoapresentadas.

Rebelião nas Minas e Arqueologia: MinasGerais-1720

Carlos Magno Guimarães - UFMG

Tendo como fio condutor a perspectiva mercantilista, acolonização das Minas Gerais (a partir da descoberta do ouronos últimos anos do século XVII) levou ao desenvolvimento deuma sociedade diversificada (em se tratando de categoriassociais) e permeada por conflitos de interesses. Dentre estes,uma forma recorrente se expressava nos movimentos/motinsde caráter anti-fiscal, determinados pela política colonial daCoroa Portuguesa. Desses movimentos, um dos mais referidos éo que ocorreu em 1720, na administração do Conde de Assumare culminou na execução de Felipe dos Santos. Um conjunto devestígios arqueológicos remanescentes daquele contexto emovimento constitui o objeto deste trabalho. Em que pese o

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fato de a maior parte dos vestígios ter sido destruída ao longodo tempo (por uma série de fatores) o conjunto restante aindaé expressivo dentro do contexto que o produziu. Sua abordagempela arqueologia deixa evidente a possibilidade de tratar dosconflitos da sociedade colonial, a partir de dados inexistentesnas fontes tradicionais.

A Casa da Festa: três séculos de ocupaçãoPaulo Alvarenga Junqueira - ARKAIOS Consultoria Ltda

Durante o ano de 1989 procurei um imóvel setecentistapara escavar em Ouro Preto. Seria o primeiro trabalhoarqueológico a ser realizado naquela cidade. A maioria dossítios não preencheu os requisitos, sendo os principais motivos:o remeximento e a retirada dos sedimentos de seus contextos.Foi então que surgiu a Casa da Festa, uma casa setecentistasituada em São Bartolomeu, povoado distante apenas 15kmde Ouro Preto. A casa, adquirida pela comunidade local, serviade pouso aos participantes da festa anual em homenagem aSão Bartolomeu, patrono do arraial. Sem uso como residênciahá mais de 30 anos, apresentava o tabuado do piso em péssimascondições.Em troca da escavação de parte da casa e do quintal,propus a substituição do piso por um novo tabuado, cujomadeiramento e mão de obra seriam bancados pela Prefeituradaquele município. Estava curioso em saber como o sedimentose comportaria. Durante todo esse tempo o que teria penetradoatravés do assoalho? Lixo, só muito recentemente, quando osfuros no piso já eram grandes o suficiente para enfiarpropositadamente os objetos. E o restante antes disso? Aresposta mostrou-se interessante, pois pode revelar os usosdos cômodos mesmo sem o concurso de seus ocupantes. Oque caíra era fino o suficiente para penetrar nas frestas dastábuas e era constituído por objetos perdidos e nãodescartados. É o que chamei, jocosamente, de arqueologiado interstício.

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SABSUDESTE – Identidade e RepresentaçãoAna Paula de Paula Loures Oliveira - UFOP

Astolfo Gomes Araújo - MAE/USPChristiane Lopes Machado - RHEA/ES

A SABSUDESTE se coaduna com as demais regionais noâmbito da Sociedade de Arqueologia Brasileira, que têm porprincípio agregar interesses e esforços com vistas aoaprofundamento dos debates e reflexões de questõesespecíficas de cada região, além de definir determinadassituações de cunho político. Nesse sentido, há uma série dequestões que demandam atitudes e posicionamentos dosprofissionais da Arqueologia, que exigem representação maisativa e permanente. A Coordenação da Regional Sudeste temo compromisso de provocar maior interação, bem comoinserção nos processos decisórios que envolvem a ArqueologiaBrasileira. E, desse modo, é vital debatermos a identidade daRegional Sudeste, de modo a deliberar, pontualmente, aspectosque dizem respeito a autonomia, força política e artifíciosoperacionais dos arqueólogos na região.

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Comunicações

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Mesa 1: Arqueologia Pré-Histórica

Notas preliminares sobre a escavação no sítioarqueológico Sambaqui do São Bento

Marcos Henrique Inacio; Hércules Correia da Costa; Divino de Oliveira;Beatriz Costa; Ondemar Dias Junior; Jandira Neto - IAB/RJ

O Sambaqui do São Bento se caracteriza como um sítioinserido em um contexto de ocupações pré-históricas ehistóricas da região da Baixada Fluminense, no município deDuque de Caxias, na localidade denominada São Bento. Opresente trabalho permitiu observar que o comportamentodas ocorrências arqueológicas se apresentou de maneira acontextualizar um processo de ocupação pré-histórica coma evidenciação de um pacote de malacofauna, adornos,artefatos líticos e um conjunto de despojos humanos na áreapesquisada. Contudo, outro ponto de grande relevância parapresente pesquisa é a localização do remanescente sambaqui,situado nas cercanias da Baía de Guanabara, maisprecisamente, na região oeste da Baía (região interna daBaía de Guanabara) e está cercado pelas baixadas dos RiosIguaçu e Sarapuy. Disponibilizam, assim, inúmeras vertentesde pesquisa sobre grupos caçador-coletores na região daBaixada Fluminense - RJ.

Arqueologia pré-histórica da região deDiamantina (Minas Gerais): perspectivas e

síntese das pesquisasAndrei Isnardis – UFMG; Vanessa Linke - UFMG/ MAE - USP

A região de Diamantina, Minas Gerais, temexperimentado ser objeto de pesquisas arqueológicas em brevessete anos, na qual teve sítios escavados e grafismos rupestresanalisados juntamente com suas paisagens. Esta comunicaçãotem, por objetivo, apresentar a maneira como as pesquisasarqueológicas têm sido conduzidas, expondo as escolhas,reflexões e abordagens norteadoras, bem como apresentar

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alguns dos seus conjuntos de vestígios e seus contextos deprodução. Mais do que apresentar resultados fechados, estacomunicação propõe dividir perguntas e reflexões.

Os instrumentos simples: definições e análisesLuís Felipe Bassi; Juliana de Resende Machado;

Maria Jacqueline Rodet - UFMG

O estudo de coleções líticas revela uma diversidade deinstrumentos que ultrapassa aqueles normalmente utilizadoscomo marcadores na classificação de grupos pré-históricos. Osque não são qualificados como instrumentos mais elaborados,ou seja, os instrumentos simples são, usualmente,desconsiderados ou relegados a um segundo plano no estudo dascoleções. As análises tecnológicas realizadas sobre coleções líticasdos sítios arqueológicos Bibocas II (Jequitaí) e Caixa d’Água(Buritizeiro), situados no Estado de Minas Gerais, revelam apresença significativa de instrumentos simples, o que despertouo interesse em aprofundar os estudos sobre esses objetos. Dessaforma, a partir de uma revisão bibliográfica, será feito umlevantamento das definições utilizadas por diferentes autores edas abordagens por eles adotadas: como esses objetos sãoanalisados, descritos e compreendidos. Em seguida, seráapresentada a análise tecnológica realizada sobre parte dacoleção dos sítios acima citados.

Mudanças cronológicas na alimentação nonorte de Minas Gerais - 6500 a 500 AP: um

estudo paleoetnobotânico de abrigosMyrtle P. Shock - University of California Santa Barbara

A análise dos vestígios paleoetnobotânicos de doisabrigos no norte de Minas Gerais nos fornece dados sobre aalimentação das populações pré-históricas da região. Osabrigos estudados foram Lapa dos Bichos, na região de Peruaçue Lapa Pintada, na região de Montes Claros. As amostras vieramde níveis estratigráficos datadas entre 6500 e 500 AP.

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Evidenciamos uma maior diversidade das espécies através dotempo tanto na utilização das plantas nativas quanto dasplantas domesticadas. Estas mudanças, quando consideradasdentro da teoria de forageiro, apresentam padrões nãoesperados na utilização.

Os sítios arqueológicos em Queluzito eAndrade Pinto sob o enfoque palinológico

Marcia Aguiar de Barros; Shana Yuri Misumi; Robson Lucas Bartholomeu –UFRJ; Ortrud Monika Barth - Fundação e Instituto Oswaldo Cruz

A palinologia aplicada à arqueologia ouarqueopalinologia, através das associações de grãos de pólen,esporos e outros microfósseis orgânicos, objetiva reconstituira vegetação de determinada época, sendo possível inferir aextensão da interferência antrópica de populações pretéritas(queimadas, desmatamento e cultivo), além de variáveisambientais, tais como clima, condições edáficas, entreoutros. De acordo com este enfoque, foram realizadasanálises palinológicas em sítios arqueológicos localizados naZona da Mata mineira e adjacências. As técnicas adotadaspara as análises palinológicas (coletas, tratamento químico,leitura de lâminas e interpretação) tiveram como base ametodologia proposta por Barros e Barth (2008). Embora todosos perfis analisados apresentassem grãos de pólen e esporos,ainda que em concentrações reduzidas em alguns níveis, alémde esporos de fungos e partículas vegetais carbonizadas, foipossível observar algumas diferenças entre os sítiosestudados, podendo supor que as técnicas de manejo e usoda terra eram diferentes entre os grupamentos humanos queocuparam estes locais. Pretende-se refinar as análisespalinológicas, obedecendo a intervalos menores, com oobjetivo de detalhar melhor as modificações ocorridas noambiente. Espera-se, também, com este refinamento,estabelecer padrões de ocupação da área e uso do solo porparte das populações que habitaram a região.

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Mesa 2: Pintura Rupestre

A consciência pictórica do Lagarto: o vale doPeruaçu como testemunho simbólico das

migrações austrais para as AméricasCarlos Eduardo Vianna Aldighieri Soares - UFG

Este trabalho apresenta, em resumo, o resultado daminha pesquisa de doutoramento, que evidenciou a relaçãoexistente entre as ocupações simbólicas no vale do rio Peruaçu(MG), expressadas através da arte rupestre, e as correntesmigratórias austrais, polares e transpacíficas, de populaçõesformadoras dos povos indígenas do Brasil central através dainterpretação das formas e da comparação etnográfica earqueológica. Nele, o estabelecimento de uma correlação entrea imagem mítica e o símbolo gráfico serve como testemunhosdestes movimentos humanos. Orientou este trabalho o estudodo desenvolvimento do simbolismo, originado no pensamentomítico e em estruturas poéticas presentes em narrativas oraisdistantes e transpostas para um suporte rochoso como formasde escrituração de práticas sociais milenares. A revisão dahipótese hegemônica sobre as rotas de povoamento das Américasem bases consistentes é fundamental para a formação de ummodelo interpretativo adequado para as manifestações culturaisdas sociedades ameríndias, o que corresponde encontrar osparâmetros corretos e definidores das identidades dessaspopulações originais e o reconhecimento do seu passadolongínquo e grandioso.

As representações antropomorfas dasmanifestações gráficas pré-históricas da

região de DiamantinaVanessa Linke - UFMG/MAE-USP; Andrei Isnardis - UFMG

Temos trabalhado na região Diamantina desde o anode 2003 e os abundantes conjuntos de grafismos rupestres

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de suas serras têm um dos focos das análises. No momentoinicial das pesquisas, as figuras antropomorfas foramclassificadas como compondo conjuntos estilísticos distintosda tradição Planalto, que dominava os suportes da regiãocom grande número de zoomorfos. Foram constituídosconjuntos a partir do que se considerava como sendo atemática típica da Tradição Planalto e de outras unidadesestilísticas centro-brasileiras (tradição Agreste, Nordeste eComplexo Montalvânia). Análises mais acuradas, aplicandoum método de observação de uma gama mais ampla decaracterísticas dos grafismos, nos fizeram perceber que osantropomorfos não se tratavam de conjuntos cronoestilísticosdiferentes, mas de temas que integravam o conjunto daexpressão regional da tradição Planalto, envolvidos numasofisticada gramática, que estabelece padrões distintos paraas representações de zoomorfos e antropomorfos. A tradiçãoPlanalto passa, assim, a ter reconhecidas em seu repertório,representações antropomorfas mais diversificadas e nãorestritas às formas esquemáticas descritas na bibliografia.Esta comunicação vai reconstituir, criticamente, odesenvolvimento das análises e apresentar, preliminarmente,os conjuntos de antropomorfos da região.

O sítio arqueológico Abrigo do RenatoFrederico A. A. Gonçalves - Arkaios Consultoria

Localizado a 15 km da sede urbana do município de SantaMaria Madalena – RJ, em afloramento rochoso granítico, situadojunto à margem direita do Rio Grande, afluente da margemdireita do rio Paraíba do Sul, o sítio arqueológico Abrigo doRenato se insere no domínio geomorfológico das escarpas daSerra do Mar. Localizado em um abrigo sob rocha, no terçoinferior de uma vertente bastante declivosa, o sítio foiencontrado pelos arqueólogos durante os trabalhos deprospecção arqueológica efetuados para compor o processo delicenciamento ambiental de uma Pequena Central Hidrelétricaprojetada para ali ser construída. Durante a prospecção, foramidentificados alguns cacos cerâmicos, contas de colar e, também,

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alguns fragmentos ósseos. Dando continuidade aos trabalhos, foiiniciada a escavação do sítio e confirmada a hipótese do mesmose tratar de um local onde foram realizados sepultamentossecundários. Ao longo as escavações, foram encontradosfragmentos cerâmicos, componentes de pelo menos doisvasilhames distintos, várias contas de colar em osso de tamanhose formas diferentes e, também, uma expressiva quantidade defragmentos de ossos humanos, estando alguns ainda bempreservados. Grande parte destes vestígios encontrava-se juntoao sedimento do piso e a parede lateral de um dos lados doabrigo. Local esse preferencial para o escoamento das águaspluviais. Após a quebra dos potes, a maioria dos fragmentoscerâmicos e ósseos foi carreada para o local onde jaziam antesdas escavações arqueológicas pela ação do escoamento das águasdas chuvas. Ação essa intensificada pelo desmatamento continuoda vegetação ciliar. O material encontra-se em fase de estudoem laboratório.

Mesa 3: Tipologias e Tradições Ceramistas

Escolhas tecnológicas: um breve estudocomparativo da cerâmica proto-JêIgor M. Mariano Rodrigues – UFMG; Catarina Guzzo Falci - UFMG

Este trabalho tem como escopo discutir algunsresultados preliminares de um estudo comparativo do materialcerâmico proveniente de dois sítios localizados em MinasGerais. O sítio Vereda III (município de Prudente de Morais) eo sítio Fazenda Samambaia (município de Ibiá) apresentamremanescentes cerâmicos da tradição Aratu-Sapucaí,consagradamente reconhecida, na bibliografia de referência,como proto-Jê. Desta forma, amparados por estudos deetnologia indígena Jê, etnoarqueologia, antropologia datecnologia e tecnotipológicos elencamos uma série de atributosdo material em questão, de modo a uma compreensão dasdiversas escolhas feitas durante a cadeia operatória. Talintuito, na medida em que combina teoria e método, rompe

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com uma visão de que a tradição em questão é simples ehomogênea, sobretudo, se levarmos em consideração que ospotes, dentro de uma perspectiva ameríndia Jê, são mais quesimples artefatos e possuem um papel fundamental nasrelações sociais, especialmente aquelas que aspiram criar ereforçar laços de parentesco. Assim sendo, a produção dacerâmica é algo com que seus responsáveis realmente seimportavam e, tal importância, pode ser observada no rigorcom que os vasilhames foram confeccionados. Dito de outraforma, para cada tipo de pote, escolhas específicas. Isto nãoquer dizer que as mesmas sirvam para toda a tradição, poisem cada sítio, aqui estudado, há uma estrutura de manufaturaprópria.

Estilo e arqueologia evolutiva: o caso dacerâmica do sítio Córrego do Maranhão,

Carangola-MGLeandro Elias Canaan Mageste – MAE-USP / MAEA-UFJF

Neste trabalho apresentaremos as reflexões iniciais depesquisa cujo objetivo fundamental é analisar a mudançaestilística perceptível no acervo cerâmico do sítio Córrego doMaranhão, Carangola-MG. Trata-se de um sítio relacionado àtradição Tupiguarani, que conta com um conjunto de idades queatestam a ocupação da área no período cronológico compreendidoentre 1.750 ± 200 AP a 500 ± 60 AP. Buscaremos, aqui, discutiralgumas das principais conceituações suscitadas pelo termo estilo,evidenciando a proposta desenvolvida pelos investigadorescomprometidos com a Arqueologia Evolutiva, que estabelecem adicotomia entre estilo e função. Desse modo, é de nosso interesseavaliar as possibilidades e limites de tal abordagem no que dizrespeito ao estudo de um sítio específico e suas potencialidadespara o entendimento de um contexto maior, que é a variabilidadeque caracteriza a tradição Tupiguarani na Zona da Matamineira.

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Estudo do gesto em material cerâmicoassociado à tradição Tupiguarani - sítio

Gramado – município de Brotas - São PauloMarianne Sallum; Marisa Coutinho Afonso - MAE/USP

Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise dogesto impresso pelo artesão na cerâmica de grupo ceramistaassociado à tradição Tupiguarani do sítio arqueológico Gramado,situado no município de Brotas, São Paulo, vale médio do RioTietê. A pesquisa estará fundamentada na análise de peças,interpretação de movimentos construtivos, dedução de gestos emovimentos, experimentação de aspectos morfológicos edecorativos e análises de pigmento e pasta cerâmica. Aexperimentação será utilizada como forma de entender os hábitosde uma sociedade a partir de atitudes corporais impressas naargila, a fim de apontar o entendimento e as relações entre acultura material e o comportamento humano, remontando aoprocesso artístico do oleiro, desde a escolha de materiais, forma,traços, queima até a utilidade a qual se destinava o pote,podendo, assim, se ter uma melhor compreensão do processo dacadeia operatória. Para tanto, serão utilizadas as noções detécnicas corporais de Marcel Mauss (1950) - atos expressos peloindivíduo no objeto não somente por suas escolhas pessoais, mascomo reflexo da sua educação, da sociedade da qual ele fazparte e do lugar por ele ocupado, bem como da análiseetnoarqueológica e de documentos textuais. O material de análisecorresponde a 5.038 fragmentos cerâmicos e uma urna funeráriafragmentada. O sitio Gramado possui datação de 190 ± 20 anosBP (FATEC, número LVD 592), portanto trata-se de um sítio deocupação recente, mas não foram observados na cerâmica,indícios de contato. A partir de análise arqueométrica, conclui-se que a maior parte da pasta cerâmica continha os mesmoselementos constitutivos, podendo pertencer à mesma fonte deargila ou de fontes próximas. A partir da experimentação pôde-se inferir que a técnica de construção dos potes foi o acordelado,as decorações unguladas podem ter sido feitas com materiaisdiversos, como: bambu e madeira, além da unha e dedos.Observa-se um número grande de variações de cerâmicaungulada, normalmente esse tipo decorativo encontra-se em

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cerâmicas mais finas e melhores acabadas, além de serem vasilhasde menor tamanho. A decoração corrugada, presente em grandeparte dos fragmentos decorados, assemelha-se àquela resultanteda etapa inicial da junção dos roletes, anterior ao alisamento dapeça. Portanto, a junção dos roletes pode ter gerado um tipo dedecoração. Conforme a habilidade e intenção do artesão, ocorrugado pode se apresentar de diferentes maneiras. Nas próximasetapas desta pesquisa, os trabalhos serão conduzidos no sentidode estabelecer a relação entre as pesquisas com experimentaçãoe a cerâmica arqueológica do sítio Gramado e de forma a serpossível inferir aspectos culturais da sociedade que as produziu.

A arqueologia dos grupos ceramistas noPlanalto Paulista: a ocupação Gê

Marisa Coutinho Afonso - MAE/USP

Pesquisas têm identificado, cada vez mais, a expressivaocupação Gê no território correspondente ao Estado de SãoPaulo. Nas regiões centrais, norte e nordeste foram localizadossítios filiados à tradição Aratu-Sapucaí nas bacias do rio Grande(divisa dos Estados de São Paulo e Minas Gerais) e do rio Paraíbado Sul. Ao sul foram encontrados sítios filiados à tradição Itararé(Kaingang) que se relacionam com a ocupação Gê meridional.Além da tradição Aratu-Sapucaí, no norte do Estado alguns sítiosfiliados à tradição Uru têm apresentado cerâmicas e machadostípicos do Planalto Central. Há casos, como no sítio Água Branca(Casa Branca, SP), situado próximo ao rio Pardo, afluente dorio Grande, que apresenta cerâmica com características dastradições Aratu-Sapucaí (cariapé, formas duplas, apêndices,brunidura), Tupiguarani (caco moído, ombros indicando vasosde formas complexas) e, também, Uru (cariapé, bases planascom ângulos de 90º). Estas características variadas revelam acomplexa interação cultural da região. O objetivo deste trabalhoé apresentar um painel da ocupação Gê no Estado de São Paulo,reunindo as informações sobre a cultura material e a cronologiade sítios filiados às tradições cerâmicas Aratu-Sapucaí, Uru eItararé.

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Mesa 4: Arqueologia Histórica

Arqueologia em área quilombola – o caso JaóSílvia Corrêa Marques - MAE/USP/FAIT-Itapeva

A presente comunicação tem como proposta apresentar osresultados parciais da pesquisa de doutorado, ainda em curso,junto ao MAE/USP. Na última década, a situação dos segmentosrurais negros em diferentes regiões e contextos, denominadoscomunidades remanescentes de quilombos, continuam a desafiarpesquisadores, colocando em xeque a antiga definição de quilombocomo reduto de negros fugidos, portanto circunscrito ao períodoescravista. Esta pesquisa está voltada para o estudo arqueológicodo bairro do Jaó, uma das áreas do Estado de São Paulo identificadacomo comunidade remanescente de quilombo em 2000. O sítiohistórico do Jaó, um bem que permaneceu indiviso entre osherdeiros, é um território negro, formado nos anos posteriores àabolição e que se constituiu como propriedade privada. Busco,através da arqueologia da paisagem e do cotejamento das fonteshistóricas, orais e arqueológicas, outras possibilidadesinterpretativas para a paisagem quilombola, um patrimônio a serevidenciado e preservado. Visando somar contribuições entre asciências no estudo da relação desses sujeitos com o espaço e opatrimônio constituído, esta pesquisa se propõe a pensar àspossibilidades da investigação arqueológica em áreas rurais negras,analisando as expressões materiais da cultura e os lugares damemória que servirão de base para ações de musealização.

Notas preliminares sobre o resgate arqueológicodo Sítio Aldeia da Estrada das Escravas II –

Projeto do Arco Metropolitano do Rio de JaneiroHércules Correia da Costa; Marcos Henrique Inacio; Divino de Oliveira;

Beatriz Costa; Ondemar Dias Júnior; Jandira Neto - IAB

O sítio arqueológico Aldeia da Estrada das Escravas II,localiza-se às margens do atual Canal Bandeira e integra a baciado Rio Iguaçú, no município de Duque de Caxias-RJ, na localidade

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denominada Amapá. O sítio apresenta um rico acervo devestígios culturais do período histórico caracterizados porfragmentos de cerâmica, faiança decorada, louça decorada,stoneware, porcelana, vidro, cachimbos cerâmicos, metais,vestígios vegetais, artefatos líticos e em raras ocasiões, cerâmicaindígena. A presença expressiva de elementos construtivos(tijolos e telhas) atenta para o fato da existência de estruturascomplexas, reforçada através da localização de grandes barrotesde madeira emparelhada, associados à adobe e carvão. Oselementos cronológicos diagnósticos, verificados nos artefatoshistóricos junto ao contexto estratigráfico, permitiramidentificar ocupações com características distintas em relaçãoao uso do espaço. A primeira relacionada aos séculos XVI e XVIIe a segunda aos séculos XVIII e XIX. As pesquisas arqueológicasrealizadas permitiram a contextualização preliminar de um sítio,associado ao processo de ocupação da região da baixadafluminense, através da utilização de uma complexa rede queinterligaria diversos cursos fluviais a estradas e caminhos queintegravam pontos estratégicos da colônia e envolviamatividades econômicas tais como produção, transporte ecomercialização de bens.

Curta história de vida de uma família deartefatos: as panelas de pedra-sabão

Vinícius Melquíades - Mestrando PPGArq-MAE/USP

Vasilhas de pedra-sabão são produzidas desde 2000 a.C.e utilizadas em Minas Gerais até a atualidade, onde são objetosda indústria e comércio cultural, representativos de umaidentidade mineira. Sua ocorrência em sítios arqueológicos,museus e coleções de particulares, e sua produção e comércioatual, chamam atenção para a importância desses objetos noprocesso histórico. Tais características, somadas à falta deestudos que contemplem essa categoria de artefatos, levou aum problema de pesquisa: quais os diferentes perceptosdespendidos sobre essa materialidade no decorrer de sua históriade vida? Como resultado parcial, este trabalho apresentainformações obtidas através da análise de duas coleções (sítio

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arqueológico Fazenda do Padre Fraga, e do Museu daInconfidência) e do estudo etnoarqueológico em uma dascomunidades de artesãos atuais (Cachoeira do Brumado,Mariana-MG). O referencial teórico fundamenta-se sobreconceitos como história de vida, opções tecnológicas, agência,estilo, performance, evento (também sensório), entre outros,o que implicou agregar dados oriundos das análises daspaisagens, espaços e oficinas compreendidos como os locais deestabelecimento das relações entre o homem e a materialidade.Serão apresentadas variações nas cadeias e cotidiano produtivo;gestos e formas, inseridos na sociedade colonial e Imperialmineira, demonstrando sua dinâmica relacional através de umacurta história de vida.

Mesa 5: Educação Patrimonial

Arqueologia e educação: uma parceria emtorno das ruínas Engenho São Jorge dos

Erasmos, Santos, SPAdriana Negreiros Campos - MAE/USP

A arqueologia, enquanto disciplina que usa as coisasmateriais como fonte documental, possibilita, no meio escolar,o desenvolvimento de atividades voltadas para a sensibilizaçãode alunos e professores para importância do conhecimento domundo material e do mundo das imagens, como partefundamental do processo educativo. O estudo dos objetos comoum vetor na compreensão das transformações da vida dohomem, ao longo do tempo, propicia a vivência de processosinvestigativos e contribui para a manutenção da curiosidadeinfantil inata, como elemento motivador da aprendizagem.Pretende-se nesta pesquisa desenvolver um experimentoeducativo sobre as possibilidades educacionais do uso dametodologia arqueológica no contexto escolar, em especial,com as séries finais do ciclo I. Este trabalho de pesquisaaplicada será realizada na Unidade Municipal de Educação(UME) Fernando Costa com o 4º ano do ensino fundamental da

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rede pública do município de Santos, São Paulo, cujalocalização é adjacente ao sítio arqueológico quinhentistaRuínas Engenho São Jorge dos Erasmos, bem cultural e marcodo processo de construção da identidade brasileira no inícioda colonização portuguesa.

Arqueologia e patrimônio em quadrinhos: ouso de HQ’s nas ações educacionais do

MAEA – UFJFAlencar Miranda Amaral; Rosemary Aparecida Cardoso – MAEA/UFJF

O presente trabalho tem como objetivo divulgar umadas estratégias elaboradas pelos pesquisadores do MAEA – UFJF,no âmbito de Projetos de Educação Patrimonial para divulgaçãode temáticas relacionadas à arqueologia e à valorização dopatrimônio cultural. O veículo midiático escolhido paraapresentar as discussões sobre os temas supracitados ao nossopublico alvo, constituído, principalmente por crianças entre8 e 13 anos, foi a História em Quadrinhos (HQ). As HQ’s sãoamplamente utilizadas como material didático de apoio emdiferentes disciplinas e tem boa aceitação entre o públicoinfanto-juvenil por associar imagens a textos curtos,transmitindo informações de uma maneira dinâmica e ágil.Nesse sentido, com intuito de ampliar os mecanismos dereverberação das reflexões advindas das ações educativas doMAEA-UFJF, foram elaboradas duas revistinhas. A primeirapublicação, intitulada “Usando a imaginação: conheça epreserve o seu patrimônio”, viabilizada com recursos daFAPEMIG, aborda a história de uma menina da zona rural que,ao participar de um Programa de Educação Patrimonialrealizado em sua escola, conhece um pouco sobre a vida dosíndios que moravam na região; aprende a fazer vasilhamescerâmicos; e passa a compreender a relevância da memória eoralidade, bem como da participação coletiva para preservaçãode nosso patrimônio cultural. Já a HQ “Descobrindo aarqueologia”, patrocinada pela PETROBRAS, conta como ummenino da cidade grande, entediado durante as férias nafazenda do avô, descobre que, graças à construção de um

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gasoduto, um sítio arqueológico foi encontrado ali mesmo. Apartir de então, suas férias ganham novo sentido e ele tem aoportunidade de conhecer um pouco sobre o trabalho doarqueólogo e compreender a relevância dessas pesquisas.Observamos que as revistinhas têm ótima aceitação e cumpremo papel de reforçar e multiplicar as discussões advindas dasatividades desenvolvidas em consonância com projetos deEducação Patrimonial.

Arqueologia e educação multicultural:experiências em Poços de Caldas/MG

Solange Nunes de Oliveira Schiavetto - UEMG/Poços de Caldas; Ana PaulaGilaverte Parreira – Escola Estadual Prof. José Castro de Araújo

O trabalho a ser apresentado expõe algumas reflexões

resultantes do desenvolvimento do projeto de pesquisa“Memória e cultura material: estudos de educação patrimonialem Poços de Caldas/MG” e do curso de extensão “Acontribuição da Arqueologia e da Antropologia para o ensinode História”. Apresentaremos uma breve discussão introdutóriasobre as relações entre Arqueologia e Educação Multiculturale, ainda, sobre a Arqueologia dos sítios cerâmicos das regiõessul e sudoeste do Estado de Minas Gerais. Iremos expor,também, uma breve discussão acerca das reflexões surgidasentre professores de História e Geografia durante o referidocurso de extensão. Tais discussões giraram em torno deconceitos antropológicos, como os conceitos de cultura eidentidade, que, muitas vezes, transplantamos criticamentepara o cotidiano e transmitimos aos alunos como verdadesinquestionáveis. Apresentaremos, ainda, as atividadesrealizadas pelas autoras em dois níveis de ensino (EnsinoFundamental II – disciplina História – e Ensino Superior –disciplina Antropologia) buscando problematizar o olharpreconceituoso e homogêneo que, muitas vezes, lançamos aosindígenas do passado e do presente. Finalizaremos sugerindoa importância dos discursos sobre a cultura material do passadoem aulas que busquem visões alternativas sobre a alteridade.

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“Lugares de memórias” em Cordisburgo -Subsídios para o Plano de Manejo do Monumento

Natural Estadual Peter LundAlenice Baeta; Henrique Piló - Artefactto Consultoria

Foi realizado levantamento de sítios, ou lugares de interessearqueológico e histórico, nos arredores da Gruta do Maquiné,visando subsidiar os estudos relativos ao zoneamento e plano demanejo do Monumento Natural Estadual Peter Lund, município deCordisburgo, MG. A gruta do Maquiné situa-se no interior destaunidade de conservação, sendo considerada um dos maisimportantes sítios espeleológico, paleontológico e arqueológicodo estado, além de possuir grande potencial turístico e paisagístico.Foi um dos primeiros locais a ser explorado por Peter W. Lund(1834), antes de sua implantação definitiva na região de LagoaSanta, tendo sido, ainda, visitado por outros pesquisadores eartistas, tais como, Peter Andreas Brandt (1835), Augusto Riedel(1868), Marianne North (1872), Álvaro da Silveira (1908), Afonsode Guaíra Herbele (1940), Jean-Louis Cristinat (1957), dentreoutros. Além de uma rica bibliografia sobre a região, tambémrelacionada aos famosos estudiosos que estiveram nesta gruta eseu em torno, ainda merecem ser valorizados no contextopatrimonial da região locais citados pelo escritor Guimarães Rosa,em algumas de suas obras, como “Magna” (1936) e “Urubuquaquano Pinhém” (1956), como a própria Gruta de Maquiné, cruzeiro ecaminhos que interligam Cordisburgo aos “sertões”. Interessantetambém observar no artesanato local, alguns destes lugaresinscritos nos bordados e imaginário da população local.

Mesa 6: Museus e Dialogicidade

Museus e objetos: a materialidade de uma relaçãoMaria Fernanda van Erven - MAEA/UFJF

O presente trabalho busca contribuir com e ampliaras discussões sobre a relação entre sujeito e objetomusealizado; temática que, embora em voga há alguns anos,

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ainda apresenta uma série de limitações e lacunas. O queverificamos é uma relação de não-identificação e não-pertencimento, pois muita das vezes os museus não semostram convidativos. Pelo contrário, são concebidos apenascomo espaços de coisas mortas, estáticas e antigas. Em geral,as obras e objetos do passado passam a sensação de não nospertencerem e por isso estão fora da nossa preocupação, danossa sensibilidade, da nossa afetividade. Este é um fatocontraditório, pois o museu, em sua definição, sempre teveo caráter pedagógico e educativo, mesmo esta intenção seja,nem sempre, confessa de defender e transmitir certaarticulação de ideias. Dentro desta lógica, acredito que umavia para romper com esta condição seria trabalharmos arelação sujeito-objeto a partir dos objetos produzidos pelasociedade contemporânea para podermos construir umconhecimento sobre o passado, e realizarmos, dessa forma,uma ponte entre presente, passado e futuro. Assim, o museusai do passado para o presente, rompendo uma barreiratemporal, até mesmo identitária.

Musealização da ArqueologiaCristiane Eugênia da Silva Amarante - MAE/USP

O Museu do Porto de Santos foi criado para preservar ahistória do maior e mais importante porto do país. Emfuncionamento desde a colonização, o Porto tem sua trajetórialigada ao desenvolvimento econômico da cidade de Santos edo Brasil. Atualmente, algumas escavações estão acontecendona zona portuária, abrindo uma perspectiva para que o Museudo Porto cresça e amplie o acervo atual composto por objetosrecolhidos por funcionários da Companhia Docas do Estado deSão Paulo (Codesp). Faz-se, portanto, necessária e urgente arealização de um planejamento para salvaguarda ecomunicação desse acervo arqueológico, tendo em vista queo Museu do Porto possui não só espaço físico, mas estruturaadministrativa e proposta conceitual condizentes com os

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artefatos provenientes dessas escavações. Essa pesquisa sepropõe lançar as bases para um plano museológico paraperfeita integração das novas coleções no Museu do Porto. Aintenção é realizar uma ação de Arqueologia Pública navertente da musealização, o que aproxima o público da ciênciaarqueológica e suas metodologias de trabalho. Uma parceriacom uma escola pública será a estratégia de participação dopúblico no processo. A Avaliação Preliminar e práticas deEducação Patrimonial servirão como possibilidades de coletasde dados norteadores de política de comunicação inerente aoprocesso de musealização.

Ecomuseu da Serra de Ouro Preto: narrativashíbridas entre espaço de memória social,

tempo presente e lugares de relaçãoYara Mattos – UFOP

Nas áreas compreendidas pelos bairros envolvidos coma implantação do Ecomuseu da Serra de Ouro Preto – morros daQueimada, São João, Santana, Piedade e São Sebastião – estãoà mostra resquícios da ocupação urbanística, no século XVIII,do arraial minerador do Ouro Podre ou Arraial do Pascoal –propriedade do comerciante português Pascoal da SilvaGuimarães. Com o declínio da produção aurífera o local ficouem ruínas por quase 200 anos. Nova ocupação vem se verificandodesde o final de 1940, quando começa a surgir outropovoamento, desordenado, impulsionado pela ausência depolíticas públicas, por políticos inescrupulosos, pelo aumentopopulacional e sua consequente necessidade de moradia. Ocenso de 2000, realizado pelo IBGE, registra um total de 4.132habitantes na região. Em 2002, 68,2% dos 250 mil hectares quecompreendem as ruínas arqueológicas estavam ocupados porpessoas provenientes de áreas rurais vizinhas à região. Nossaproposta tem como objetivo, mapear os espaços de relaçõesobjetivas e subjetivas as múltiplas vozes provenientes dessecontingente populacional com os “lugares de memória” do Ciclodo Ouro; conhecer seus valores de referência, suas raízes

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identitárias, seus laços afetivos; descobrir a que tempo estárelacionado seu sentido de pertencimento: ao passado, aopresente, ou aos dois, concomitantemente.

O patrimônio esquecido de Mariana-MGFábio Adriano Hering - UFV

Esse trabalho busca expor os resultados de pesquisaacerca do patrimônio dos bairros e distritos da cidade deMariana, Minas Gerais. A partir deste trabalho de campo e deopinião nos bairros de Santana e Passagem de Mariana e nodistrito de Bento Rodrigues, buscou-se relacionar dados quepudessem evidenciar tanto as formas por meio das quais osgrupos daquelas regiões se relacionavam com a ideia oficial depatrimônio, quanto os contextos monumentais marginais queeles relacionavam à sua memória e à suas experiênciasparticulares. Na exposição de resultados, a partir dos dadoscoletados e das evidências históricas e materiais associados aocontexto, buscar-se-á argumentar em favor de uma política depreservação dos ditos patrimônios marginais da região emquestão.

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Pôsteres

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Eixo Temático 1: Arqueologia Pré-Histórica

Buritizeiro: um cemitério a céu aberto namargem do rio São Francisco

Maria Jacqueline Rodet; André Prous; Juliana de ResendeMachado - UFMG

A equipe da UFMG e da Missão franco brasileira de MinasGerais escavou o sítio de Caixa d’Água (município de Buritizeiro)entre 2005 e 2009. A ocupação do local teve início há mais de10.500 anos. Os níveis com vestígios mais diversificados, noentanto, correspondem ao período situado entre 5000 e 6000BP (datas não calibradas), quando o local foi utilizado comocemitério. Tratando-se de um período para o qual quase não setem restos biológicos humanos, o cemitério será importantepara caracterizar as populações que ocuparam o Brasil centralno Holoceno médio. Com efeito, não se sabe ainda se eramparecidas com aquelas ditas “de Lagoa Santa”, se erammongolizadas, ou correspondiam a um momento de evolução,ou de miscigenação de populações de diversas origens. Apresença de numerosas pedras utilizadas para processar vegetaise de micro-restos de vegetais permitem abordar a subsistênciadestes grupos. Também serão apresentadas as ricas indústriaslítica e óssea encontradas no sítio.

Proposta de uma primeira gramática gráficapara a arte rupestre do Brasil central

Carlos Eduardo Vianna Aldighieri Soares - UFG

Este pôster expõe uma primeira síntese semasiográficapara a arte rupestre do Brasil central a partir da análiseexecutada no vale do rio Peruaçu (MG). Ela foi originada a partirde uma correlação entre a imagem mítica e o símbolo gráfico,através da interpretação das formas e da comparaçãoetnográfica com símbolos da Austrália e da Austro-Melanésiaalém dos dados arqueológicos.

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A área arqueológica de Campo das Flores: aescavação do sítio Itanguá 02, SenadorModestino Gonçalves/ Itamarandiba, MG

Marcelo Fagundes; Danielle Piuzana; Marcelino Morais - Laboratório deArqueologia e Estudo da Paisagem - UFVJM

A região de Campo das Flores está localizada na divisados municípios mineiros de Senador Modestino Gonçalves eItamarandiba. Trata-se de uma rica e extremamenteimportante área arqueológica onde foram evidenciadosdezessete sítios em abrigos (até o momento), todos compresença de figurações rupestres filiadas, em sua maioria, àtradição Planalto. Esse trabalho, em especial, tem comoobjetivo apresentar os dados preliminares da escavação dosítio Itanguá 02, localizado em um matacão de rochaquartzítica em meio à vegetação de campo rupestre, namicro-bacia do rio Araçuaí, Alto Vale do Jequitinhonha. Hádois compartimentos nesse sítio, ambos com figuraçõesrupestres isoladas, sem formar painéis ou cenas representadaspor um cervídeo e um antropomorfo no teto docompartimento 01 (área que passou por escavaçõessistemáticas) e geométricos no compartimento 02. Ocompartimento 01 é o único que apresentou pacotesedimentar propício para escavação, sendo esta realizadano mês de julho de 2010. Foram escavados, por níveisartificiais, 40m2 quadriculados em 1x1m, atingindoprofundidade variando entre 14 e 25cm, aproximadamente.Nessa primeira etapa foram evidenciados e retirados decampo 8200 peças líticas, componentes de uma grande oficinade fabricação de ferramentas, além de vestígios de estruturade combustão. Nossa intenção, dessa maneira, é discutir osmétodos utilizados e como os resultados poderão cooperaruma maior compreensão sobre os processos de uso e ocupaçãodo solo no vale do Jequitinhonha.

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Resíduos líticos da Gruta do Gentio II, Unaí-MGBeatriz Ramos da Costa – IAB; Tania Andrade Lima -

Museu Nacional-UFRJ

Este trabalho apresenta os resultados da pesquisadesenvolvida no âmbito do curso de mestrado em arqueologiado Museu Nacional/UFRJ em parceira com o IAB. Os resíduosde lascamento de 14 dos 32 setores escavados do sítio Gruta doGentio II foram pesados e quantificados e, a partir desses dados,foram feitas análises estatísticas de distribuição espacial esimilaridade de amostras relacionada à escolha de matériaprima. Em relação a estes aspectos, foi possível identificarconjuntos de associações entre as diferentes camadas, sendo oprimeiro formado apenas pela camada IV, o segundo pelascamadas III e II e o terceiro pela camada I. É possívelcorrelacionar este resultado com os modos de organização socialapontados por análises já realizadas por outros profissionaisem diversas categorias de materiais arqueológicos do mesmosítio, bem como com as propostas de processo de ocupação doterritório em escalas micro e macro regional. No decorrer dopresente trabalho surgiu a oportunidade de investigar a origemdo comportamento magnético registrado em parte dos resíduoslíticos tendo sido conduzidas medidas investigativas eexperimentais.

Arte rupestre no Alto Jequitinhonha: o sítioSerra dos Índios, Diamantina, Minas Gerais

Eliane Ferreira; Marcelo Fagundes - Laboratório de Arqueologia eEstudo da Paisagem - UFVJM

A região do Alto Jequitinhonha apresenta algumasdezenas de sítios de figurações rupestres em seu território,grande parte filiada a denominada tradição Planalto. EmPlanalto de Minas, distrito localizado a 100 km de Diamantina,foi evidenciado alguns abrigos com presença dessas figurações.Este trabalho tem por objetivo apresentar os resultadospreliminares de um desses abrigos, o Sítio Serra dos Índios. Aspesquisas tiveram início em outubro de 2009, vinculadas ao

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Projeto Arqueológico Alto Jequitinhonha – PAAJ, do Laboratóriode Arqueologia e Estudos da Paisagem da UFVJM. Para tanto,temos feito intensa pesquisa bibliográfica de modo que possamoscompreender tanto os aspectos estilísticos vinculados aos sítiosfiliados à tradição Planalto, quanto à distribuição espacial dessessítios e suas relações com os demais, em seu entorno. Comometodologia, além de trabalhos de campo para caracterizaçãogeoambiental, fotografias dos painéis e confecção de basecartográfica foram utilizados, em laboratório, diferentessoftwares de modo que pudéssemos identificar traçosrecorrentes (ou não) nos painéis evidenciados nesse abrigo.Como resultado, pretendemos, no final, da pesquisa identificartodas as características desse assentamento e compará-los aosoutros sítios que fazem parte do mesmo contexto geoambiental.

O uso da paisagem na análise intrasítios paracompreensão do sistema regional de

assentamento: o sítio arqueológico Lajeado I,Mendanha, Diamantina – Minas Gerais

Patrícia Silva Lima; Marcos Vinícius Borges; Manuel Dimitri de AlmeidaGomes; Marcelo Fagundes - Laboratório de Arqueologia e

Estudo da Paisagem – UFVJM

A região do Alto Jequitinhonha apresenta algumasdezenas de sítios de figurações rupestres em seu território,grande parte filiada a denominada tradição Planalto de ArteRupestre. São figurações com grande presença de grafismoszoomorfos, sobretudo, representados por cervídeos e peixes,de composição monocromática e com a presença desobreposição de diferentes painéis, sendo também abundantesas pinturas geométricas muito simples (bastonetes, traços,pontos, etc.). Essa comunicação tem por objetivo apresentaros resultados preliminares do estudo do sítio Lajeado I,localizado no Distrito de Mendanha, Diamantina, MG, distante100 m da margem direito do rio Jequitinhonha. Trata-se de umgrande abrigo sobre rocha com presença de diferentesfigurações rupestres, grande parte filiada à tradição Planalto,mas com presença, inclusive, de figurações históricas.

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Teoricamente, temos utilizado o conceito de paisagem emArqueologia como modo de, por meio da análise intrasítio,realizar a comparação inter sítios com a intenção decompreender as relações entre os diferentes sítiosarqueológicos da região. Como metodologia, além de trabalhosde campo para decalques e fotografias, foram realizadasleituras especializadas e estudos laboratoriais paraidentificação de traços e características que não poderiamser vistas a olho nu, para tanto, fizemos uso de diferentessoftwares que cooperassem para nossos objetivos. Comoresultado, pretendemos, no final da pesquisa, identificar todasas características desse assentamento e compará-los aos outrossítios que fazem parte.

Os sítios arqueológicos em Serra das Agulhas,Diamantina, MG

Valdiney Amaral Leite; Erik Alves; Fabrício Antônio Lopes; MarceloFagundes - Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem – UFVJM

A região de Serra das Agulhas, Distrito de ConselheiroMata, Diamantina – MG é conhecida pela quantidadesignificativa de sítios de figurações rupestres existentes emseu território. O Laboratório de Arqueologia e Estudo daPaisagem da UFVJM tem evidenciado e estudadosistematicamente esses sítios, com a intenção de conhecê-los e, principalmente, proteger seus conteúdos como formade sensibilização e valoração desse patrimônio cultural. Essacomunicação tem como objetivo apresentar os principaissítios arqueológicos da região de Serra das Agulhas de modoque possamos compreender como estão dispostos napaisagem, suas inter-relações e, principalmente, como osgrupos pré-históricos realizavam escolhas que podem sermapeadas via estudo sistemático da paisagem (arqueológica).Além de estudos bibliográficos exaustivos, estão sendorealizadas campanhas de campo revisitando sítiosarqueológicos conhecidos e localizando novos assentamentos.Assim, nessas campanhas são feitas fotografias e decalques

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das figurações rupestres e caracterização geoambiental dasáreas onde estão localizados – as campanhas de escavaçãoestão marcadas para os meses de maio e junho de 2011.Além de conhecer o modo que os grupos pré-históricos seestabeleciam na paisagem do Espinhaço, esperamos, comoresultado, uma maior sensibi l ização por parte dacomunidade envolvida, via programas de EducaçãoPatrimonial, da importância em salvaguardar essepatrimônio.

Organização tecnológica lítica do sítioarqueológico Mendes II, Diamantina,

Minas GeraisJanderson Rubens Tameirão; Átila Perillo Filho; Gilson Junio

Demétrio; Marcelo Fagundes - Laboratório de Arqueologia e Estudo daPaisagem – UFVJM

O sítio arqueológico Mendes II está localizado namargem direita do rio Pardo Pequeno, no Distrito de Mendes,Diamantina, MG. Trata-se de um abrigo sob rocha onde foramevidenciadas 1454 peças líticas provenientes do processode lascamento e produção de ferramentas de grupos pré-históricos, que ocuparam o Espinhaço em uma faixacronológica que segue de 10000 a 1000 anos A.P. Essetrabalho tem como objetivo apresentar os resultados doestudo de trinta artefatos desse conjunto, como meio dese compreender as cadeias operatórias de produção dessematerial – escolha e coleta da matéria prima; técnicas delascamento e produção; uso social e descarte/abandono.Como metodologia, utilizamos o denominado métodoetnográfico de cadeias operatórias que busca compreenderas sequências diacrônicas de produção dessas ferramentaslíticas. Assim, nossa intenção é compreender, de maneiramais assertiva do que inferida, de como foram produzidasessas ferramentas e como elas se encaixam na organizaçãosocial desses grupos pré-históricos.

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Uma nova abordagem quantitativa para aanálise da variação morfológica em pontas

bifaciais do sudeste e sul do BrasilMercedes Okumura; Astolfo Gomes de Mello Araujo - MAE/USP

A tradição Umbu coloca um problema especial aosarqueólogos por conta de duas características básicas: sua ampladistribuição geográfica (do Rio Grande do Sul a São Paulo) e,acima de tudo, grande extensão cronológica (11.000 – 1.000AP). Seria real a permanência de uma mesma “tradição” quese estende do início do Holoceno até as vésperas do períodohistórico? Tal questionamento tem levado à discussão da validadedo conceito de “tradição Umbu” em termos classificatórios, oumesmo, organizacionais. A morfometria é um métodoquantitativo de se estabelecer comparações de forma. Em outraspalavras, a morfometria quantifica a variação e testa asdiferenças na forma através do uso de pontos de referência.Neste projeto, propõe-se a análise morfométrica das pontasbifaciais associadas à tradição Umbu de modo a explorarpotenciais variações na forma dessas pontas, tanto em termoscronológicos quanto em termos espaciais.

O registro arqueológico do períodoPleistoceno-Holoceno do Rio Grande do Sul

María Elida Farías Gluchy; Paulo Eduardo Enéas; Matheus Fuscaldo Bellé; MauroEduardo Ribeiro Moura; Jonathan Pereira Posser; Mariana Tejada - FURG

Objetivo geral do projeto centra o seu interesse emelaborar uma visão sistematizada, desde uma perspectivaespacial do registro arqueológico (desde final da transiçãoPleistoceno-Holoceno do Rio Grande do Sul). A área pilotoescolhida corresponde à margem ocidental da Lagoa dos Patos,até o Povo Novo. Esse suporte permite armazenarseparadamente informações em camadas temáticas (ex.geologia, geomorfologia, localização georeferenciada dos sítios,etc.) e em forma independente. Para sistematizar toda estainformação, o projeto tem em funcionamento diversos

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subgrupos, sendo eles: Arqueologia, SIG, Paleontologia,Zooarqueologia, Geomorfologia, Antropologia Social eBotânica. No projeto geral a estratégia prioritária no campo éa prospecção, nela não só se inclui detectar os sítios jáconhecidos para sua localização, mas também buscar novasinformações. O trabalho apresentado aqui se foca nas primeirasatuações desenvolvidas pelo subgrupo de Arqueologia parafornecer o SIG, tendo como objetivos: a) a recopilaçãoexaustiva da bibliografia dos trabalhos arqueológicos feitosna área; b) consulta das fontes documentais locais e dadosoficias como os registrados pelo IPHAN. Com estas informaçõessobre os sítios já estudados, se irá ao campo parageoreferenciá-los e se fará um diagnóstico do estado atual deconservação das localidades e seu atual potencial deinformação não perturbada. Esta informação sistematizadapermitira, também, elaborar uma proposta de manejopatrimonial.

Análise tecnológica da cerâmica do sítioarqueológico Ubá – Vassouras, RJ

Rodrigo Oliveira Monteiro; Maria Fernanda van Erven - MAEA/UFJF

Neste trabalho, abordaremos os resultados da análisetecnológica da cerâmica evidenciada no sitio arqueológico,Ubá, situado em Andrade Pinto, distrito do município deVassouras-RJ. Trata-se de um sítio escavado no âmbito doPrograma de Salvamento, Educação Patrimonial eMonitoramento Arqueológico GASBEL II. No decorrer dostrabalhos de campo, foram coletados 7.740 fragmentoscerâmicos. Desse conjunto, 3.640 foram efetivamenteanalisados a partir de metodologia proposta por Oliveira(2000), que visa à reconstituição dos perfis cerâmicos dassociedades pretéritas. Em termos práticos, o acervo estudadoapresenta fragmentos com acabamento de superfície liso ecorrugado, bem como uma quantidade significativa deungulados. Digno de nota é a presença de pinturaspolicromáticas em linhas pretas e vermelhas sobre engobo

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branco, o que permitiu a filiação deste material a tradiçãoTupiguarani. Em relação aos aspectos morfológicos, foramrecorrentes as bordas reforçadas externamente com lábiosdireto e as bordas expandidas e extrovertidas, geralmente,associadas a lábios serrilhados e apontados. Essascaracterísticas permitem relacionar a cerâmica enfocadaàquela atribuída a grupos Tupinambá conhecidoshistoricamente, que habitaram o litoral do Rio de Janeiro.Diante dessa informação, podemos pensar na possibilidadede uma ocupação de grupos ancestrais dos Tupinambá naregião há cerca de 860 ± 100 AP.

Escolhas técnicas e produção material: operfil cerâmico do sitio Campo Belo II

Cecília Belindo de Araújo Porto; Maria Fernanda van Erven; Thaise SáFreire Rocha - MAEA/UFJF;

O sítio arqueológico Campo Belo II foi escavado noâmbito do Programa de Salvamento, Monitoramento eEducação Patrimonial do GASBEL II/PETROBRAS. Foramencontrados 30.000 cacos cerâmicos, dos quais 13.000 foramhigienizados, separados, tombados, analisados e parcialmenteremontados. A escolha deste sítio para o presente trabalhofoi por este apresentar melhor variabilidade artefatual daamostragem, e também, por apresentar boa preservação dosfragmentos analisados, que permitiram a remontagem ereconstituição de um número significativo de vasilhames. Aanálise demonstrou que a maioria dos fragmentos apresentasuperfície lisa, polido e/ou pintado e nesse prevalece o banhovermelho e engobo vermelho. Em relação aos tiposmorfológicos, os mais recorrentes são os globulares; bordasdiretas com lábio arredondado; bordas expandidas com lábioapontado; bordas contraídas com lábio biselado; houve apresença quase inexpressiva de bordas onduladas. As basessão predominantemente convexas. Em relação ao tipo dequeima, há variação entre a incompleta e a completa. Aespessura da cerâmica varia, principalmente, entre 5 e 10mm,o que acaba por caracterizar o material do sítio Campo Belo

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II. O tipo de pasta que predomina é a média. O modo deprodução predominante foi o acordelado, mas identificamosa presença de 5 asas e 17 apliques.

Reconstituição gráfica da cerâmica do sítioCampo Belo II, Queluzito-MG

Daniel Amorim; Maria Fernanda van Erven - MAEA/UFJF

Neste trabalho apresentaremos os procedimentos queorientaram a reconstituição gráfica dos vasilhames cerâmicosprovenientes do sítio arqueológico Campo Belo II – Queluzito(MG). Em termos metodológicos, a reconstituição das possíveisformas da cerâmica foram obtidas através de processosgeométricos e da “metodologia dos três pontos”, ou seja, acolocação da borda sobre um plano, onde três pontos do lábiotocam neste mesmo plano. Desse modo, foi possível verificara inclinação e o diâmetro da borda de cada fragmento.Posteriormente, executamos a transposição do contorno daborda, onde foram traçadas duas retas perpendiculares,elaboradas a partir das medidas do diâmetro e ângulo deinclinação das bordas. De posse desses dados, recorremos àbibliografia arqueológica e etno-histórica para obter assupostas formas das peças, que serão apresentadas nessaoportunidade.

Evidências palinológicas e seus significados sobreos sítios arqueológicos da Zona da Mata MineiraShana Yuri Misumi; Marcia Aguiar de Barros; Robson Lucas Bartholomeu;

Julio César Silva de Magalhães – UFRJ; Ortrud Monika Barth – Fundação eInstituo Oswaldo Cruz

Com o intuito de se compreender melhor as atividadesatribuídas a grupamentos humanos pretéritos, diversastécnicas vêm sendo aplicadas aos estudos arqueológicos,podendo-se destacar a Arqueopalinologia. Este ramo daPalinologia visa reconstituir a vegetação da área de estudodurante um período cronológico através das associações de

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grãos de pólen, esporos e outros microfósseis orgânicos, sendopossível inferir a extensão de interferências antrópicas. Ossítios Primavera (São João Nepomuceno - MG), Emílio Barão(Juiz de Fora - MG), Córrego do Maranhão (Carangola - MG) eCampo Belo (Queluzito - MG), localizados na Zona da MataMineira, além do sítio Ubá (Vassouras - RJ), foram alvos deestudos arqueopalinológicos em parceria com o grupo depesquisa Museu de Arqueologia e Etnologia Americana (MAEA- UFJF). No presente trabalho, serão apresentados ospalinomorfos encontrados nos sedimentos provenientes destaslocalidades, que podem indicar interações entre o homempretérito e o meio ambiente. Somente no sítio Primavera,foram observados os tipos polínicos Zea mays (milho) eManihot (mandioca), o que evidencia atividades deagricultura. Grãos de pólen de Borreria (vassourinha) sãoencontrados em todas as localidades, apontando para apresença da erva nos sítios arqueológicos para a utilização,pelos povos indígenas, na cura da cerâmica. Partículasvegetais carbonizadas frequentemente são encontradas,porém em concentrações diversas, indicando a prática dequeimadas em variados graus de intensidade. Sendo assim, épossível supor que as técnicas de manejo e uso da terra eramdiferentes entre os grupamentos humanos que ocuparam asáreas.

Micromorfologia do solo do sítio arqueológicodo Sumidouro: subsídio para estudos

geoarqueológicos em Lagoa Santa, MGThomas Johannes Schrage; Astolfo Gomes de Mello Araujo – MAE/USP

Os processos de formação de sítio implicamdiretamente na qualidade da interpretação do materialarqueológico, sendo necessário, portanto ainterdisciplinaridade entre Geociências e Arqueologia parase entender o registro arqueológico. Por outro lado, aArqueologia pode auxiliar estas ciências em seus objetivoscomo, por exemplo, entender origens e taxas de formação

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de solo. Dentro deste molde, o trabalho apresenta os solosdo sítio arqueológico Sumidouro e subsídios para estudospaleoclimáticos na região de Lagoa Santa, MG. Dessa forma,buscou-se entender a história sedimentar e pedológica daregião, diferenciando e interpretando os horizontespedológicos encontrados no sítio arqueológico, por intermédiode análises físicas, químicas e micromorfológicas.

Importância da zooarqueologia para estudode material faunístico: o sítio Serra dos

Ìndios, Diamantina, Minas Gerais.Ubiratan Pires; Eliane Ferreira; Mirian Liza Alves ForancelliPacheco; Marcelo Fagundes - Laboratório de Arqueologia e

Estudo da Paisagem – UFVJM

Em complementação à Arqueologia, a Zooarqueologiaé um trabalho interdisciplinar ao qual envolve disciplinasda área de Ciências Biológicas, a fim de preencher lacunasdeixadas pela Arqueologia, em se tratando de materialfaunístico evidenciado nos sít ios arqueológicos. Ametodologia utilizada na Zooarqueologia é a análiseminuciosa de cada peça faunística, pois cada espécie possuicaracterísticas peculiares em seus ossos, o que justifica autilização de material de referência para comparação eidentificação. Além disso, a verificação de assinaturastafonômicas é necessária para defini-las como arqueológicasou não. É de extrema importância essa verificação paraidentificar, no mínimo, a família ao qual pertenceram essesanimais para que assim seja possível estudar sua ecologia,hábito e como bioperturbam o sítio arqueológico (no casode não serem materiais provenientes da dieta humana).Além disso, obviamente, poderemos saber se esses animaisfaziam parte da dieta dos povos pretéritos ou não. Essabioperturbação é importante porque esses dadospossibilitarão a correção de possíveis erros dos dadosestratigráficos do sítio arqueológico, pois cada espécieanimal atua de forma diferente sobre um sítio. Assim, serápossível um estudo mais detalhado sobre o comportamento

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desses animais, seu forrageamento e hábito de vida, aosquais interferem no sítio arqueológico, podendo misturaras camadas do solo, o que descaracteriza o materialarqueológico. Esse trabalho apresentará os dadospreliminares da análise faunística evidenciado no sítio Serrados Índios, localizado no distrito de Planalto de Minas,Diamantina, Minas Gerais.

A cor dos ossos: narrativas científicas eapropriações culturais sobre “Luzia”, um

crânio pré-histórico do Brasil Verlan Valle Gaspar Neto - UFF; Ricardo Ventura Santos - Museu

Nacional-UFRJ; ENSP-Fiocruz

Na última década, o crânio de uma mulher escavadoem Lagoa Santa, Minas Gerais, tornou-se um ícone científicoe cultural no Brasil. Luzia é tida como um dos mais antigosremanescentes ósseos humanos das Américas com,aproximadamente, 11.500 anos. Neste trabalho sãoanalisados discursos e representações sobre, e em torno,dessa peça pré-histórica. Situado entre os domínios danatureza e da cultura, o espécime foi transubstanciado emum indivíduo dotado de características pessoais próprias,além de relacionado aos debates sobre a ancestralidadebiológica e cultural do povo brasileiro. O trabalho tambémexplora as apropriações socioculturais sobre Luzia, queenvolvem questões relativas às disputas científicas sobreprimazias e temporalidades de ocupação do continenteamericano; representações da pré-história; bem como asinterfaces entre raça, ciência e sociedade no Brasilcontemporâneo.

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Eixo Temático 2: Arqueologia Histórica

Meio ambiente histórico. Reocupação deárea durante os séculos na Baixada

Fluminense. Análise preliminar do Sitio K4 -Programa de Arqueologia do ArcoMetropolitano do Rio de Janeiro

Divino de Oliveira; Ondemar Dias – IAB

Um dos sítios arqueológicos identificados e resgatadosno programa de arqueologia do Arco Metropolitano do Riode Janeiro, na região da Baixada Fluminense, município deDuque de Caxias, apresenta evidências de ocupações devários períodos entre o século XVI e Século XXI. A situaçãogeomorfológica da área onde os vestígios culturais foramlocalizados apresenta um morrote com visibilidade de 360°,de fácil acessibilidade e altura aproximada de 50m, cercadopor planície inundável e outras elevações semelhantes queformam a região historicamente conhecida por Hidra doIguaçu. Este sitio está associado aos demais identificadosna região, entre eles o estrada das escravas ll (possívelporto do Barriga). Porém, é o único que apresentacaracterísticas de ponto de observação, já que do local setem visibilidade dos morros da entrada da Baía de Guanabarae Serra do Couto, onde se localiza o Caminho do Ouro paraas Minas Gerais. O grau de integridade da área é baixo,menos de 50%, devido às diversas uti l izações quedanificaram as estruturas ali existentes. Este é um exemplode sitio arqueológico que mostra a utilização do espaço pelohomem, de acordo com suas características, em beneficiopróprio.

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Armação de Baleia na Marambaia: umaabordagem da arqueologia histórica

Nanci Vieira Oliveira; Ivan Francisco da Silva -Laboratório de Antropologia Biológica - UERJ

As pesquisas iniciadas em 2000, em sít iosarqueológicos da Ilha de Marambaia, no município do Riode Janeiro, as intervenções arqueológicas e análisesdocumentais iniciadas a partir do projeto sobre a “ÁreaArqueológica de Piraquara, Angra dos Reis”, resultaram naconstituição de banco de dados e identificação de sítiosarqueológicos, contribuindo para uma melhor compreensãodo contexto colonial no Sul fluminense. A existência de umempreendimento baleeiro na Marambaia é confirmada emfontes documentais e cartográficas. Os levantamentos desuperfície permitiram identificar algumas das edificaçõese estruturas arqueológicas relacionadas tanto à Armaçãodo século XVIII, quanto edificações assinaladas no inventáriode Joaquim Breves, datado de 1890, e construçõescorrespondentes a ocupações da área pela Aviação Naval eAeronáutica.

As edificações de pedra do pampa gaúcho;cultura material e técnica construtiva

Pedro Vicente Stefanello Medeiros; Bruno Paniz Botelho;Rodrigo de Assis Brasil Valentini; Matheus Barros da Silva;

Jussemar Weiss Gonçalves - Espaço Pampeano: História,Cultura e Sociedade – FURG

Buscamos, neste trabalho, identificar as técnicas deconstrução das velhas cercas de pedras que foram edificadasdurante o século XIX e inícios do XX, comuns no pampa gaúcho.Nota-se nestas construções a elaboração de um saber artesanal,desenvolvido a partir de uma vivência de longa duraçãosustentada pela relação familiar que se estabelecia entre oaprendiz e o mestre. Utilizando poucos instrumentos paraotimizar a força humana, o trabalho se desenvolvia através de

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uma técnica totalmente empírica. As habilidades e ascapacidades de improvisação do artesão definiam a tramaarquitetônica que sustentava a cerca. A cultura material secoloca, então, como o caminho próprio para os estudos dasrelações entre os humanos e suas construções.

Arqueologia no complexo minerador AngloFerrous do Brasil - pré-coloniais: cavidades

(re)ocupadas e sítios cerâmicos Fúlvio Vinícius Arnt; Adriano Batista de Carvalho; Alexandre Pinto Coelho de Almeida - Scientia Consultoria Científica

O complexo minerador da Anglo Ferrous do Brasilabrange as áreas de mineração e transporte de minério deferro desde a região do Serro e Conceição do Mato Dentro,Minas Gerais, até o Porto do Açu, em São João da Barra, noRio de Janeiro. A pesquisa arqueológica consistiu dediagnóstico, prospecção e, atualmente, resgate de diversossítios, tanto na área da Mina de Ferro, como no traçado doMineroduto Minas-Rio. Nosso objetivo com este pôster étornar públicas as atividades realizadas nos sítios pré-coloniais em estudo, no âmbito desses empreendimentos,sendo uma cavidade com vestígios líticos, ocupada porgrupos indígenas e reocupada por um indivíduo até poucosanos atrás; dois sítios ceramistas ligados à tradiçãoTupiguarani e um sítio ceramista ligado a tradição Aratu-Sapucaí.

Arqueologia no complexo minerador AngloFerrous do Brasil - sítios históricos: estruturas

mineradoras e complexos ruraisAdriano Batista de Carvalho - Scientia Consultoria Científica/Belo

Horizonte; Anderson Barbosa - Scientia Consultoria Científica / São Paulo

O complexo minerador da Anglo Ferrous do Brasilabrange as áreas de mineração e transporte de minério de

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ferro desde a região do Serro e Conceição do Mato Dentro,Minas Gerais até o Porto do Açu, em São João da Barra no Riode Janeiro. A pesquisa arqueológica consistiu de diagnóstico,prospecção e, atualmente, resgate de diversos sítios, tantona área da Mina de Ferro, como no traçado do MinerodutoMinas-Rio.

Neste levantamento, foram identificados 40 sítiosrelativos ao período de ocupação colonial, representadospredominantemente por pequenas estruturas de habitaçõesrurais, fornos de carvão e vestígios de mineração. Nossoobjetivo aqui é apresentar a variabilidade e importância doregistro e estudo destes sítios comumente considerados debaixa relevância nos levantamentos arqueológicos ehistóricos.

História da mineração e testemunhos dastécnicas de exploração do ouro nas ruínas docomplexo arqueológico Gogô e Santo Antônio,

em Mariana, MG. BrasilHenrique Piló; Alenice Baeta - Artefactto Consultoria

Nos morros conhecidos como Gogô ou Santana e SantoAntônio, situados na periferia da cidade de Mariana, encontram-se, possivelmente, os testemunhos mais expressivos da históriada mineração do ouro da região das Minas Gerais. Ciente dessariqueza, a Prefeitura Municipal de Mariana realizou otombamento da área, onde centenas de estruturas arqueológicasencontram-se inseridas. O intuito é proteger e valorizar essesimportantes e raros testemunhos arqueológicos, bem como aexuberante paisagem do local, da expansão urbana, tendo emvista a proximidade da sede do município. Na ocasião daelaboração do dossiê de tombamento, realizado pela empresaMemória e Arquitetura em parceria com a equipe de arqueólogosda Artefaccto Consultoria, foram identificados vários tipos deestruturas, tais como, catas, mundéus, represas, regos, canais,caminhos, galerias, sarilhos, unidades domésticas e religiosas,

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fábrica, entre outros, que compõem o panorama da mineraçãoe suas técnicas de exploração, dos séculos XVII ao XX. O intuitoé que este importante sítio histórico arqueológico possa serobjeto de um plano de manejo, visando, sobretudo, umprograma de visitação pública controlada, musealização eeducação patrimonial.

Evidenciação das estruturas remanescentesdo antigo jardim do Palácio Episcopal,

Mariana, MGAlenice Motta Baeta - Artefactto Consultoria; Moacir Rodrigo CastroMaia – UFRJ; Álvaro de Araujo Antunes - ICHS/UFOP; Henrique Piló -Artefactto Consultoria; Wagner Muniz; Sarah Meirielle Ferri Naves;Helena de Azevedo Paulo de Almeida; Maria Fernanda S. Barbosa -

ICHS/UFOP

O jardim do palácio episcopal, anteriormente uma áreade pomar e horta da Chácara da Olaria, foi construído napassagem do século XVIII para o XIX pelo ilustrado Bispo DomFrei Cipriano de São José, nos moldes de um clássico jardimeuropeu, com simetria e preocupação estética. O viajante enaturalista francês Saint-Hilaire em 1817, ao visitar Mariana,maravilhou-se com a visão desse belo jardim, considerado-odiferente dos demais vistos na província. No entanto, a partirdo final século XIX e, sobretudo, nas duas primeiras décadas doséculo XX, as reformas realizadas no local descaracterizaram ologradouro, principalmente quando o Palácio foi reformado paraabrigar o Ginásio Arquidiocesano Municipal, sendo erigido murosobre a estrutura de alvenaria de pedra que delimitava,originalmente, parte do jardim. Posteriormente, o restante daárea foi aplainada, com a retirada de “obstáculos”, tais comocanteiros e fonte central, para servir como campo de futebol eárea de recreação para os alunos. O muro construído sobre amureta do jardim foi, em outro momento, demolido, sendoque os entulhos do mesmo e das reformas que o prédio do paláciosofreu foram ali abandonados, tornando-se área de descarte. Aimplantação de uma caixa d’água, poucos anos atrás, ainda

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comprometeu parte de segmento da mureta remanescente dojardim. Preocupado com a memória deste logradouro, o ICHS/UFOP desenvolveu em parceria com a Artefactto Consultoria,uma pesquisa histórica e arqueológica, visando recuperar amemória do sítio. As intervenções arqueológicas constataramque as estruturas remanescentes do Jardim foram, de fato,destruídas ao longo das inúmeras intervenções e reformas alirealizadas. Contudo, foi ainda possível, por meio de despoluiçãovisual através da retirada de camadas de entulho e sondagensarqueológicas, identificar trecho de mureta de alvenaria depedra, de piso e de possível canteiro do antigo Jardim.Paralelamente, foi realizada pesquisa histórica complementar.A próxima etapa deverá ser a restauração das estruturasremanescentes e revitalização do local, evitando que açõesinadequadas no mesmo possam, novamente, obliterar esseimportante sítio histórico-arqueológico.

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Eixo Temático 3: Museus e dialogicidade

A memória do negro representada nosmuseus: Museu Casa dos Contos

Carlos Eduardo Lemos; Ingrid da Silva Borges; Ana Paula de PaulaLoures Oliveira - UFOP

Neste trabalho apresentaremos um olhar sobre a culturaafro-brasileira e suas representações nos Museus de Ouro Preto-MG, tomando como estudo de caso a exposição “A arte Afro-Brasileira na coleção de Toledo” do Museu Casa dos Contos.Para sua efetivação foram realizadas pesquisas bibliográficassobre a instituição, seu acervo e fontes complementares, sobrea representação do negro na região, associadas a entrevistasinformais, com o objetivo de apreender a percepção do visitantepara a mensagem que se pretende transmitir. Com os resultados,até o momento alcançados, foi possível verificar que aInstituição Museal em questão apresenta alguns problemas,principalmente, no que diz respeito ao campo expográfico. Seuacervo está disposto de forma aleatória e sem seleção prévia,apresentando-se aos modos dos gabinetes de curiosidade. ACultura Afro-brasileira, embora nomeie a exposição, éapresentada sob uma perspectiva há muito questionada, amemória do negro é ainda hoje mercantil e simplista, reduzidaa mera mercadoria dos séculos de outrora.Tais observaçõespodem ser verificadas a partir dos objetos que são consideradospelos visitantes como os mais atrativos; alguns instrumentos desuplício, outros utilizados pelos escravos enquanto garimpeiros,além da localização da exposição na instituição, uma supostasenzala. Percebemos a exploração do exótico, do serestereotipado, estranho, não pertencente à nossa sociedade.Sendo, no mínimo injusta, a representação de sua memóriaenquanto parte integrante da construção de nossa identidade.Salientamos também, que embora a exposição em questão,apresente diversos equívocos quanto à sua expografia, éimportante registrar que foi o primeiro e único museu em OuroPreto a destinar um espaço exclusivo a esta temática, postoque os demais museus históricos de Ouro Preto continuam aanular a figura do negro na construção de nossa cultura.

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A representação do indígena nos processosmuseológicos: a Casa Bandeirista de Ouro

PretoDenise Yonamine; Wagner Muniz; Gustavo Nascimento Paes;

Ana Paula de Paula Loures Oliveira - UFOP

O presente trabalho tem como objetivo analisar sob umaperspectiva histórica as diferentes representações doindígena dentro dos processos museológicos, principalmentedaqueles que se remetem ao período colonial. Para tanto,elegemos como estudo de caso, a Casa Bandeirista situadano Parque Estadual do Itacolomi, município de Ouro Preto-MG, a qual abriga desde 2006 uma exposição sobre osViajantes Naturalistas. Além dos inúmeros instrumentosutilizados por estes estudiosos em seu cotidiano e pesquisas,artefatos indígenas são representados sem qualquercontextualização. De fato, esta situação reproduz a idéia deque os nativos não passavam de elementos integrantes daflora e da fauna brasileira. Ainda hoje são raros os estudosque revelam a importância cultural, social e econômica dosgrupos indígenas que estabeleceram os primeiros contatoscom os exploradores do período colonial em Minas Gerais.Desse modo, refletir acerca de estratégias expográficasmultivocais, que considerem o papel do indígena nacontextura do período colonial de Minas Gerais vai aoencontro do projeto político pautado historicamente naconstrução da imagem do indígena. Nesta empreitada,consideramos os dados provenientes de fontes arqueológicase etno-históricas, tendo em vista a potencialidade destesem evidenciar a diversidade camuflada pelos discursoshomogeneizantes, que foram perpetuados pela históriatradicional. No caso do Parque Estadual do Itacolomi,percebemos que a despeito dos recentes enfoques referentesa temática indígena, o papel dos nativos no contexto dacolonização de Minas Gerais (séc. XVI e XVII) permaneceinalterado.

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Plano de preservação das ruínas deedificações existentes no Parque Arqueológico

do Morro Santana em Mariana/MGWagner Muniz, Maria Cristina Rocha Simão - UFOP

O trabalho a ser exposto trata de uma monografiaapresentada ao Instituto Federal de Minas Gerais – Ouro Pretopara obtenção do título de Tecnólogo em Conservação eRestauração de Imóveis. A proposta do trabalho foi elaborar umPlano de Preservação para o Parque Arqueológico do Morro Santana,em Mariana/MG, onde se encontram vestígios arqueológicos deestruturas em pedras de canga relacionadas à história da exploraçãomineral ocorrida nos séculos XVIII, XIX e XX. Ainda hoje, pode servisto buracos de sarilhos, grande extensão de minas, ruínas deedificações, de muros, de pilões, de regos, de tanques, deresidências, entre outras estruturas. O Plano aborda algumasdiretrizes como: técnicas gerais de tratamento, uso de materiaisconsolidantes, educação patrimonial, a prática do turismo no local,políticas de sustentabilidade voltada para o desenvolvimentoeconômico e social da comunidade ao entorno do parque,realização de pesquisas propostas para a crescente urbanizaçãoao entorno, criação de uma legislação própria, a preservaçãoambiental e o papel do Estado na preservação do bem e na criaçãode políticas públicas específicas. Por fim, são sugeridas medidaspara as diretrizes que se forem adotadas, para poder aumentar asua longevidade das ruínas.

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Eixo Temático 4: História Colonial

Os Carijós de Mariana e Ouro Preto: nativos,escravos cativos ou possíveis generalizações:

algumas interpretaçõesJoão Carlos de Oliveira Tobias; Helena Azevedo Paulo de Almeida; Rochane

Emanuelle Alves; Ana Paula de Paula Loures Oliveira - UFOP

Este trabalho apresenta, em linhas gerais, umaproposta de estudo interdisciplinar sobre o processo deocupação indígena na região da Comarca de Vila Rica. Afinalidade é compor uma sistematização de dadosarqueológicos, etno-históricos e de história oral, oferecendoum panorama do período anterior à colonização e da ocasiãodo contato, de modo a dar maior visibilidade, aos gruposindígenas como agentes históricos na formação socioculturalda região. No contexto da historiografia atual, a imagem dosindígenas desponta como escravos cativos, auxiliando osnovos colonos em suas jornadas por terras inóspitas. Asmenções aos Carijós, grupo comumento citado nas fontes,os coloca sempre como cativos trazidos de outras áreas enão como autóctones da região. Visando compreender quemeram esses Carijós, estão sendo revistas fontes históricas eetno-históricas e históricas, bem como feitos estudos sobreos possíveis sítios arqueológicos pré-coloniais registrados nasbases de dados do IPHAN, IEPHA, IEF e revistas especializadas.Com base na análise da literatura até então estudadapercebemos que a presença indígena na região só começou aser evidenciada a partir dos primeiros anos do século XVIII.Assim, os grupos que habitavam as terras que hojecorrespondem aos municípios de Ouro Preto e Mariana já seencontravam catequizados e vinham sendo empregados comomão de obra escravizada. Mariana e Ouro Preto foram aslocalidades que contaram com o maior número deescravizados indígenas, denominados Carijó. No entanto, tudoindica que os mesmos não tinham relação direta com ossupostos Carijós habitantes das grandes aldeias registradasna região.

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Apenas uma questão de fontes? Possibilidades elimites no estudo dos indígenas de Minas Gerais

Renata Silva Fernandes - MAEA/UFJF; Ana Paula de PaulaLoures Oliveira - UFOP

Neste trabalho realizaremos um exercício reflexivoacerca da configuração histórica, documental e teórica com aqual nos deparamos ao longo do desenvolvimento da pesquisa,cujo eixo principal relaciona-se aos Cataguá, grupo indígenaque teria habitado a região sul, oeste e centro oeste do estadode Minas Gerais. De modo geral, nos deparamos com umcontexto de estudos que reproduz discursos elaborados noâmbito dos trabalhos pioneiros do IHGMG e APM. Ao longo dapesquisa, também nos defrontamos com a escassez de fontesprimárias. Este aspecto não só dificultou um posicionamentodiante as tendências dos trabalhos já desenvolvidos como limitouas tentativas de elaboração da história deste grupo específico.Por outro lado, encontramos referências aos Cataguá em relatosorais nessas regiões e indicadores da presença do grupo noimaginário social. Tendo em vista esse contexto, nosso objetivoconsiste em abrir espaços para discussões sobre o arcabouçoteórico-metodológico relacionado ao estudo dos Cataguá.Buscamos compreender se os problemas enfrentados em nossapesquisa são oriundos da inexistência efetiva dos Cataguáenquanto grupo étnico ou trata-se do reflexo de uma conjunturamais ampla, decorrente do arcabouço mental dos indivíduosque produziram as fontes escritas e dos trabalhos desenvolvidossobre a temática em Minas Gerais.

Minas de Ouro em terras paulistas: garimpo de ourodo ribeirão das Lavras - cidade de Guarulhos

Kate Regina Silva Yamaguti - Universidade de Santo Amaro

Este trabalho faz parte do curso Arqueologia, Históriae Educação da Universidade de Santo Amaro (UNISA), queenfatiza a arqueologia e que forma um público que teminteresse na área. O projeto visa divulgar a mineração aurífera

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no estado de São Paulo, que começa a partir do século XVI, ea mineração que é abordada pela historiografia,tradicionalmente, a que ocorreu no estado de Minas Gerais noséculo seguinte. Esta busca pelo passado através da arqueologiatraz questões importantes como as técnicas aplicadas, ocotidiano dessa exploração aurífera em São Paulo,apresentando o tipo de mão de obra escrava: quer negra ouindígena. Tais questões parecem básicas, mas exigem estudos,pois, estamos falando de uma exploração mineradora“apagada”. O estudo está localizado na cidade de Guarulhos,a 17km da cidade de São Paulo. Guarulhos tem a segundamaior população do estado de São Paulo, com isso temos umgrande desenvolvimento urbano e muitas das estruturasarqueológicas estão situadas numa região com coberturavegetal preservada em 33% da cidade. Todavia, sabemos queem todas as cidades urbanizadas as áreas verdes apresentamriscos ao serem explorados pela atual dinâmica social. É curiosofalarmos em mineração em São Paulo, mas para algunspesquisadores já é conhecido que houve essas explorações,tanto que há pesquisadores em outras áreas que falam dasminas de ouro em São Paulo, como vemos na área da geologia.Mesmo assim, temos uma deficiência nos estudos da mineraçãopaulista na arqueologia.

A ante-sala do conflito: relações entre colonose indígenas na área central da Zona da Mata

de Minas (1768-1800)Fernando Gaudereto Lamas – UFJF

A intenção desse trabalho é analisar os conflitos emtorno da terra entre indígenas e colonizadores na área centralda Mata Mineira no final do século XVIII. A origem dessesconflitos encontra-se no fato de que o objetivo maior daadministração colonial era viabilizar a exploração econômicada referida área, tornando-a “útil” aos olhos da Coroa. Emcontrapartida, os indígenas se opuseram a esse processo detodas as formas possíveis, fazendo uso desde os meios legais

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(através da ação do padre Manoel de Jesus Maria) até aresistência através da violência. O entendimento dessa questãoé de fundamental importância para a compreensão dosconflitos que ocorreram nas primeiras décadas do século XIX,uma vez que o último quarto do século XVIII representou umaante-sala desse conflito.

Chrockatt de Sá: do discurso da emergência doprogresso e da civilização na transição do

século (1901) à ruína do patrimônio ferroviárioem Minas Gerais: um estudo de caso

Luiz Carlos Teixeira – UFOP

Este estudo de caso pretende analisar algumasconexões e implicações histórico-historiográficas entre umdiscurso proferido por João Chrockatt de Sá Pereira de Castro,diretor da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil, no Clubdos Engenheiros do Rio de Janeiro (1901), e o estado de ruínaem que se encontra a estação ferroviária batizada com seunome, no trecho Congonhas do Campo-Ouro Preto. A hipóteseestabelecida é que muito dos mecanismos de implantaçãodo “progresso” e da “civilização” a qualquer preço, verificadono Brasil na passagem do século XIX para o século XX, podemser visualizados e apreendidos na paisagem da referidaestação; para obter tais resultados esperados recorremos àseguinte metodologia: a) observação do objeto de estudo (aestação) in locus; b) levantamento histórico-historiográficoda implantação do ramal da ferrovia, sobretudofundamentado na análise do discurso mencionado; c) análiseda composição espaço-territorial da paisagem em questão,utilizando alguns conceitos geográficos, tais como não-lugar,lugar, paisagem e território; d) descrição da extensão doprocesso de degradação da estação; e, e) análise do espaçocomo patrimônio histórico e atestado da cultura material desua época.

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As tropas do Caminho: uma análise das rotascomerciais do Registro Mathias Barboza

Renata Duarte Fernandes - UFOP

O projeto, já finalizado, denominado “As tropas doCaminho: uma análise das rotas comerciais do Registro MathiasBarboza” consiste na reconstrução dos caminhos comerciais dasMinas Setecentistas, de 1793 a 1827. Este foi iniciado a partirdo Projeto de Iniciação Científica intitulado de “Registros depassagem: conhecimento do território, produção econhecimento das Minas”, desenvolvido entre 2006/2009. Apesquisa foi realizada na Casa dos Contos, em Ouro Preto, combase em microfilmes, pois a documentação encontra-se dispersanos acervos do Arquivo Nacional e Biblioteca Nacional, no Riode Janeiro, e do Arquivo Público Mineiro, em Belo Horizonte.Este registro foi desmembrado do projeto inicial por ele ser oprincipal e, mais utilizado, caminho de ligação entre a Capitaniade Minas Gerais e a Capitania do Rio de Janeiro, na segundametade do século XVIII. Esta documentação fiscal contémanotações diárias do posto fiscal, traçando o perfil diário decomerciantes, tropeiros, cargas, escravos e animais em todomovimento mercantil. Sendo assim, fora o propósito de cobrançae trocas de ouro por moedas provinciais, este Registro davacondições para seus contemporâneos de uma estatística de todoo espaço comercial da época. Por meio das informaçõesextraídas destes registros de passagem, o projeto visou àorganização de um banco de dados, fundamental para o trabalhode pesquisadores que enveredam por diferentes métodos deestudo histórico. Uma vez que resgatada o perfil das rotasmercantis da Estrada Real e dos demais caminhos de Minas:paragens, registros, importações, exportações, procedências edestinos de seus usuários, mercadores, tornam-se possível aconstrução da memória das Minas setecentistas.

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Eixo Temático 5: Educação Patrimonial

Arqueologia no complexo minerador AngloFerrous do Brasil. Ações de educação

patrimonial

Naudiney Gonçalves; Patrícia da Silva Hackbart - Scientia ConsultoriaCientífica - Belo Horizonte

O complexo minerador da Anglo Ferrous do Brasilabrange as áreas de mineração e transporte de minério deferro, desde a região do Serro e Conceição do Mato Dentro,em Minas Gerais, até o Porto do Açu, em São João da Barra,no Rio de Janeiro. A pesquisa arqueológica consistiu dediagnóstico, prospecção e, atualmente, resgate de diversossítios, tanto na área da Mina de Ferro, como no traçado doMineroduto Minas-Rio. Para as ações de Educação Patrimonialforam pensadas atividades visando a inclusão dascomunidades impactadas pelo empreendimento. Além deatividades nas escolas, como palestras para os alunos eprofessores do ensino fundamental e médio com apresentaçãode slides e banners, também foram viabilizadas apresentaçõespara diferentes associações de moradores e para o públicoem geral. Diante de uma proposta de Educação Patrimonialque busca as interfaces entre os empreendimentos e ascomunidades dentro do contexto da arqueologia regional edo patrimônio cultural alguns desafios se apresentaram, comoos limites da Educação Patrimonial; e a resistência, por partede algumas comunidades, em desenvolver atividadesrelacionadas ao tema; a consolidação de um diálogo constanteentre as comunidades e outros educadores; a divulgação daarqueologia, suas reflexões e contribuições para o cotidiano;a disponibilização das informações obtidas durante as etapasda pesquisa arqueológica e reflexões sobre as atividadesdesenvolvidas; e o fortalecimento do diálogo com o meioacadêmico.

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Psicodrama pedagógico aplicado em educaçãopatrimonial, uma nova proposta - Programa

AHE - BatalhaAntonio Carlos Souza; Jandira Neto – IAB

Por ser ainda recente, a Educação Patrimonial permitevárias aplicações e experimentos com a finalidade de conseguir,cada vez mais, a mudança de comportamento dos participantesem relação a seu “objeto patrimonial”, seja ele natural,material, ou imaterial. O método Psicodrama pedagógico criadopelo médico Jacob Levy Moreno leva o participante ao “contatodireto com o objeto” através de técnicas aplicadas em cadauma de suas etapas. Assim, com esta interação conseguimos,em atividades sócio educativas de Educação Patrimonialresultados bastante positivos em que os participantes resgatam,dentro de si, o seu bem patrimonial e os preservam. A aplicaçãodo método nas atividades sócioeducativas do programa AHEBatalha na cidade de Paracatu (MG), nos anos de 2008 e 2009,apresentou resultado bastante significativo, mesmo quandoaplicado em áreas tão diferentes como: assentamentos rurais,quilombos e centro urbano. Em cada uma destas áreas,obtivemos a continuidade do processo através de participantesque continuaram a promover ações que resgatam e preservama cultura local.

Educação patrimonial e arqueologia: asvivências na Escola Estadual “Leopoldo

Miranda”, Diamantina, Minas GeraisFernanda Conceição A. Tameirão; Alcione Rodrigues Milagres;

Patrícia Silva Lima; Janderson Rubens Tameirão; Marcelo Fagundes -Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem – UFVJM

A presente comunicação intitulada “EducaçãoPatrimonial e Arqueologia: As Vivências na Escola Estadual“Leopoldo Miranda”, Diamantina, Minas Gerais; tem comoobjetivo principal apresentar os resultados obtidos com oPrograma de Educação Patrimonial para Arqueologia, em

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especial, os processos de divulgação e sensibilização daimportância da pré-história brasileira, sobretudo no tocantea nossa herança indígena, que ocupa muito pouco espaço naeducação formal de nosso país. O Programa, em si, buscapor meio de trabalhos de sensibilização acerca do patrimônioarqueológico pré-histórico regional, cooperar com osprocessos de pertencimento e, consequentemente, emquestões relacionadas à alteridade e cidadania e com opróprio fortalecimento das comunidades com suas herançasculturais, em um processo de inclusão sóciocultural, comoapontado na literatura especializada. Logo, o Laboratóriode Arqueologia e Estudo da Paisagem da Universidade Federaldos Vales do Jequitinhonha e Mucuri tem desenvolvido, juntoàs escolas públicas e privadas de todo o Alto Jequitinhonhaatividades didáticas que auxiliam nos processos dereconhecimento e pertencimento do patrimônio arqueológicoregional, buscando por meio desses, garantia de salvaguardae sensibilização da importância de seus conteúdos paracultura e história nacional (Conforme Lei Federal 3924/1961).Além disso, tem-se buscado fortalecer questões relacionadasao pertencimento, alteridade e cidadania, cooperando paraque, sobretudo as comunidades menos favorecidas, tenhamacesso à história e à cultura nacional sob outros pontos devistas, isto é, além do que é transmitido pelo discursoformador do Estado Nacional brasileiro, um Brasil anterior a1500 (da chegada dos portugueses), que contava comsociedades diferenciadas, com histórias e culturasparticulares, não menos importante sob qualquer ponto devista. Assim, apresentaremos os resultados obtidos nasexperiências do Programa de Educação Patrimonial paraArqueologia realizado na Escola Estadual Leopoldo Miranda,Diamantina, Minas Gerais. Como metodologia, além depalestras, foram realizadas atividades práticas comremanescentes arqueológicos e oficina de texto, com oobjetivo de sensibilizar acerca da importância do patrimônioarqueológico regional. Os resultados foram extremamentepositivos, com a participação ativa de todos os estudantesenvolvidos.

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Ações de educação patrimonial no projetoArqueologia Preventiva na Área de

Intervenção da LT 500 kV Neves 1 - Mesquita/MG: sítio Rio Vermelho

Patrícia da Silva Hackbart; Manuelina Duarte Cândido - ScientiaConsultoria Científica - Belo Horizonte

As atividades de educação patrimonial, junto àcomunidade escolar do município de Santa Luzia/MG,constaram de dois momentos: o primeiro, durante o períodode resgate do sítio Rio Vermelho, no ano de 2008, e o segundo,no início do ano de 2010, depois de finalizadas as análises delaboratório do material coletado. Quando da conclusão dasatividades educativas no ano de 2008, houve o compromissode se fazer um retorno sobre os achados às comunidadesescolares envolvidas naquele momento, selecionadas pelocritério de proximidade com o sítio arqueológico. Na época,pensou-se para essa finalização, um retorno às escolaslevando os resultados dos trabalhos arqueológicos eapresentação sobre as atividades de educação patrimonialrealizadas. No início de 2010, foram elaborados seis painéis,uma apresentação de slides e quatro expositores portáteisem MDF. Pensou-se em abranger, nesta atividade, não apenasos participantes do ano de 2008, mas também os alunos eprofessores que não estavam na escola na época. Apóspalestra e visitação à exposição, os alunos elaboraramdesenhos sobre as atividades do dia, que serviram deavaliação para os protagonistas da ação educativa. Apesarde ser considerada concluída a atividade, acreditamos quefoi criado um vínculo bastante favorável para futurosdiálogos, consultoria e desenvolvimento de atividadesconjuntas entre empresa e escola. Aspecto este, necessárioem se tratando de educação, para não ser considerada umaação pontual, sem continuidade.

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O que é patrimônio cultural? Um estudo decaso do discurso de jovens de Angra dos Reis e

Paraty Claudia Sá Rego Matos – UERJ

O trabalho apresenta resultados da minha monografiasobre um estudo de caso desenvolvido entre 2008 e 2010acerca dos discursos de um grupo formado por estudantesdo ensino médio da rede pública estadual dos municípiosAngra dos Reis e Paraty e jovens Guarani M’bya da escolaindígena Karai Kuery Renda envolvidos nas atividades doprojeto Arqueologia em Angra dos Reis e EducaçãoPatrimonial. Desenvolvido e coordenado pela Prof.ª Dr.ª NanciVieira de Oliveira, o referido projeto, cujas bases encontram-se nas premissas da Arqueologia Pública e da EducaçãoPatrimonial, envolve, ao longo de dois anos, um grupo dejovens em um ciclo de palestras e oficinas que permitem umentrosamento com o conjunto patrimonial que os cerca, bemcomo em atividades de pesquisas realizadas através deentrevistas com moradores, sobretudo os idosos, e buscasem antigos arquivos regionais. Desta forma, para a apreensãode dados, o estudo de caso trabalhou com os resultados daspesquisas destes participantes, o produto de uma oficina defotografia, um questionário e com uma pesquisa de camporealizada no decorrer das atividades do projeto. A análisedos dados levantados permitiu algumas interpretaçõesrelativas aos modos como este grupo se relaciona e pensa opatrimônio cultural, tanto na esfera material quantoimaterial. A partir dos discursos dos participantes foi possívelidentificar agrupamentos relativos às diferenças étnicas eao local de residência. Já como elementos orientadoresdestes discursos foram mapeados a importância econômicade um determinado bem cultural dentro do cotidiano daregião, sua relevância como fonte referencial de memória ea ancestralidade da família do jovem na região, indicandouma “memória familiar”.

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Eixo Temático 6: Patrimônio

Os códigos comunicacionais em anocomemorativo

Gustavo Nascimento Paes - UFOP

Compreender o processo de comunicação museal e oentendimento da construção da narrativa através do acervo,exposição e público é o foco dessa pesquisa. Em visita técnica,in lócus, ao Museu da Língua Portuguesa tomamos comoelemento de estudo a exposição temporária “O Francês noBrasil em todos os sentidos”, realizada em 2009. O objetivodeste estudo é constatar que cultura imaterial pode sertrabalhada em museus. É apresentado os pontos de contatodos idiomas português e francês e, ainda, as influênciaspresentes na nossa cultura as quais têm suas origens naFrança, através das imagens em exposições que funcionamcomo operador (dispositivo) da memória social, cuja temáticapossibilitará que o indivíduo sinta-se o protagonista de umpassado social, que está direta, e indiretamente, presenteem nosso tempo. Assim, teremos o acervo como fonte, aexposição como dispositivo e o público o receptor, que setorna ativo durante todo o percurso. Com este processo ficaclaro que a cultura que se difundiu no Brasil funciona atravésda comunicação, sem a qual seria praticamente impossívelpara uma pessoa viver em sociedade, ou seja, sem aprendera usar seus códigos comunicacionais, ela não se comunicaria.A exposição assim trabalha com conceito, que seria, segundoBordenave (2007), a capacidade de abstração de qualidadescomuns e de colocar um nome à qualidade geral, ou seja, oconceito seria a imagem formada na mente do homem. Assimtemos: o conceito, a palavra e a representação. Com isto, apresença da língua francesa sobre a portuguesa contribuiucom o desenvolvimento social. Isto é apresentado a partirdo conceito de cidade como lugar de troca e comunicaçãoque e perceptível em sua trama.

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Memórias e histórias da Banda de Música doAlto da Cruz

Ingrid da Silva Borges – UFOP

A Banda de Musica do Alto da Cruz surge, em 1932,para os festejos a reinauguração da capela de Bom Jesus dasFlores – conhecida como capela do Taquaral que pertencia àcomunidade do Alto do Cruz, em Ouro Preto (MG). Omonumento religioso estava há muitos anos abandonado e,para não perder esse patrimônio, a comunidade se uniu epromoveu a reforma. A partir de então, a Sociedade Musicalrepresenta, para cada um de seus integrantes e ex-membrosuma extensão de suas casas, um espaço e uma condiçãoespecial. Pretendemos entender a trajetória histórica dessasociedade e suas relações sociais com a comunidade. A pesquisabusca documentar a memória coletiva do grupo, por meio deentrevistas. O uso da metodologia da História Oral e dapesquisa participante permitirá que seja traçado uma“história” da instituição, visto que não há registros formaisque a registrem. A intenção ainda é a de que a pesquisadisponibilize fontes para serem utilizadas pela própriacomunidade ouro-pretana e, de modo especial, aos jovens dobairro do Alto da Cruz e, desta maneira, contribuir para apermanência e preservação da instituição.

Festa de Santa Efigênia e memória de velhosem Ouro Preto (MG): proposta de uma

experiência etnográficaLuciano Rodrigues Castro - UFG/FACOMB/FCS

Tomando-se a Festa de Santa Efigênia como um fatosocial, propõe-se uma experiência etnográfica por meio da qualseja possível mapear o lugar da festa e do passado afro-brasileiro, dessa comunidade, na memória de velhos local,através de entrevistas com idosos do bairro de Alto da Cruz eanálise de suas representações sociais.

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Vozes e trilhos, encontros e despedidas:narrativas, discursos e memórias sobre a

Estação Ferroviária de MarianaNatália Martins de Oliveira Gonçalves – UFOP

Desde seu aparecimento, em meados do século XIX, asferrovias figuraram como um dos principais impulsionadores daurbanização e do desenvolvimento das cidades as quaisatravessavam. As estações ferroviárias, consequentemente,participaram dos acontecimentos sociais e culturais dessaslocalidades. Concomitantemente às transformações da cidade,não só funcionalidade do espaço físico da Estação Ferroviáriade Mariana sofreu alterações, mas também os discursos acercadela. Considerando as experiências (re)descritas e verbalizadaspelas narrativas; bem como forjadas ou esquecidas pelamemória – seja ela institucional ou social – pretende-se analisaras percepções dos moradores sobre tais discursos, sobretudono que concerne a “patrimonialização” da Estação.

Quando o sabor vira patrimônio: a simbologiaque envolve o alimento

Natália Soares Severino - UFOP

O trabalho tem a intenção de explorar a concepçãosimbólica agregada no alimento, tendo poder de designá-lo comopatrimônio. Através da análise dos dossiês elaborados para oregistro destas artes de “saber fazer”, é possível conhecer eaté mesmo questionar tais tradições. Os estudos tiveram comofoco duas receitas que fazem parte do universo de patrimôniosimateriais registrados no Livro dos Saberes: o queijo mineiro eo acarajé baiano. E, na intenção de traçar um perfil dosalimentos que merecem tal título, é extremamente necessárioutilizar-se da questão antropológica. Ao contemplarmos osimbolismo que permeia o alimento, sua classificação comopatrimônio torna-se mais compreensível, mas é necessário queeste título não seja abordado por um viés que favoreça interessespessoais, desviando o verdadeiro sentido desta atribuição. Osexemplos do queijo e do acarajé podem figurar outra função

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do alimento que não se limita à nutrição do corpo, mas que vaialém do fisiológico; atingindo o espaço da memória, que namaioria das vezes, tem como função nutrir nossa alma.

O patrimônio imaterial de Ouro Preto: osdoces de São Bartolomeu

Roberta Arantes - UFOP

Em 2008, os doces de goiabada cascão do distrito de SãoBartolomeu tornaram-se patrimônio imaterial da cidade de OuroPreto, MG. Eles são considerados como tal por serem artesanais,tradicionais e produzidos em núcleos familiares. Tentaremosdemonstrar como aquela representação está inserida no dia adia das pessoas do local e como os utensílios utilizados para opreparo dos doces influenciaram, e influenciam, o modo de vidadaquelas pessoas. Antes aqueles usavam a peneira de taquara ehoje a de cobre; os doces, anteriormente, eram embalados comfolhas de bananeira e, atualmente, com celofane, entre outrasmudanças. A história dos doces está ligada intimamente com ahistória daquele distrito e, para compreendermos suarepresentação, enquanto patrimônio imaterial, iremos investigarestas nuanças para verificarmos o quão significativas são para acomunidade no decorrer da história, as novas tecnologias trazidaspela modernidade. As fontes orais serão umas das principaisformas de analisarmos este processo.

Circuito de objetos: museus e passado afro-brasileiro em Ouro Preto (MG)Manuel Ferreira Lima Filho - UFG/Museu Antropológico/CNPq

Apresento algumas reflexões etnográficas a respeito dasredes sociais da cidade de Ouro Preto, tendo o patrimôniocultural como víeis metodológico. A análise dialoga com dadosprovenientes de pesquisa de campo por meio de entrevistas,levantamento em arquivos e acervos realizados entre os anosde 2007 a 2009. Neste trabalho faço um recorte analíticoenquadrando um dos dramas sociais da cidade, a escravidão,que compõe um dos fios das teceduras patrimoniais de Ouro

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Preto. As categorias conceituais utilizadas na análise são:patrimônio, objetos, memória, museus e história. Por meiodestas categorias percebe-se a cristalização de outra categoria,a do sofrimento, presente no imaginário sobre a cidade ereificado pelas práticas museológicas a favor da história síntesedo Estado - Nação brasileira, numa perspectiva hierárquica,excludente e redutora. Práticas que inviabilizam a complexidadeda cosmovisão afro-ouro-pretano que podem levar a uma ideiaingênua da vitimização social ou obliterar novas possibilidadespatrimoniais relacionadas à cidadania.

A construção social da cidade de Ouro Preto apartir da relação entre patrimônio cultural,

identidade, memória, turismo e religiãoSami Sanchez Junior - Museu Nacional - UFRJ/UFJF

O presente trabalho busca compreender a construçãosocial da cidade de Ouro Preto (MG) a partir de suas principaissituações sociais, tratando também das ocorrências cotidianase repetitivas, variáveis, fluidas e eventuais que (re) produzema dinâmica da vida social. Em outras palavras, parto datotalidade que engloba o cotidiano e o ritual, pólos inseparáveiscujos significados remetem um ao outro. A partir de talperspectiva, viso relacioná-la com alguns eixos como patrimôniocultural, turismo, religião, memória, identidade e festividades,procurando a dinâmica que constrói, reconstrói econstantemente “inventa” significados para noções como“tradição” e “cultura” em Ouro Preto. Destarte, nos momentosde efervescência da cidade e das relações sociais poderemoscompreender os matizes que colorem um dos principais símbolosdo barroco mineiro: a cidade histórica de Ouro Preto. Mas ascores não são apenas das tintas que tocam as paredes dasconstruções coloniais, mas também estão em diferentes grupose indivíduos que pululam, se relacionam, interagem e agemcom socialidade, em que conflitos, tensões e interesses estãoem evidência através dos diferentes agentes e agências sociais,reforçados ainda mais nas principais situações sociais que sãovividas e experimentadas na cidade mineira.

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Homenagem

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Necrológico Helena David Alenice Mota Baeta

Estamos propondo um pequeno espaço neste Simpósiopara lembrarmos nossa amiga e colega Helena David,Conservadora e Restauradora que faleceu em Maio deste ano.

Integrou a equipe do projeto da UHE Aimorés, tendorestaurado todas as peças que estão hoje expostas nos trêsnúcleos museológicos de Aimorés, Itueta e Resplendor, vale dorio Doce.

As peças arqueológicas que se encontram naexposição do Núcleo Museológico de Corumbá, em Arcos, AltoSão Francisco, também foram inventariadas e conservadas porela. O trabalho pioneiro e ainda único em Minas Gerais de“Despoluição da Lapa do Ballet” com a retirada das pichaçõesfoi desenvolvido e coordenado por Helena David.

No Mestrado realizado no Centro de Conservação eRestauração-CECOR/UFMG desenvolveu importante pesquisasobre análise de pigmentos de pinturas rupestres de sítiosarqueológicos do Vale do Rio Peruaçu.

Em seu Doutorado em “Conservação e Restauração dePatrimônio Cultural” na Espanha, continuou suas pesquisas arespeito dos pigmentos de arte rupestre e suas fórmulas.

Sempre, com projetos pioneiros, sua marca era oentusiasmo e novos desafios nas áreas de arqueologia,espeleologia e conservação. Ainda era integrante do GrupoBambuí de Pesquisas Espeleológicas-GBPE e do Instituto doCarste.

Helena nos deixa muita saudade, inspiração e uma grandecontribuição para a Arqueologia Mineira.

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Índice de Autores

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Adriana Negreiros Campos – 6, 28Adriano Batista de Carvalho - 51Alcione Rodrigues Milagres - 63Alencar Miranda Amaral – 6, 29Alenice Motta Baeta – 5, 6, 13, 31, 52, 53, 73Alexandre Pinto Coelho de Almeida - 51Álvaro de Araujo Antunes - 53Ana Paula de Paula Loures Oliveira – 3, 7, 9, 15, 54, 55, 57, 58Ana Paula Gilaverte Parreira - 6, 30Anderson Barbosa - 51André Prous - 36Andrei Isnardis – 3, 4, 17, 20Andres Zarankin – 5, 6Antonio Carlos Souza - 63Astolfo Gomes de Mello Araujo – 4, 7, 15, 42, 46Átila Perillo Filho - 41Beatriz Ramos da Costa – 3, 6, 17, 26, 38Bruno Paniz Botelho - 50Carlos Eduardo Lemos - 54Carlos Eduardo Vianna Aldighieri Soares – 4, 20, 36Carlos Magno Guimarães – 5, 13Catarina Guzzo Falci – 4, 22Cecília Belindo de Araújo Porto - 44Claudia Sá Rego Matos - 66Christiane Lopes Machado – 3, 7, 10, 15Cristiane Eugênia da Silva Amarante – 6, 32Daniel Amorim - 45Danielle Piuzana - 37Denise Yonamine - 55Divino de Oliveira – 3, 6, 17, 26, 49Eduardo Goes Neves - 7Eliane Ferreira – 38, 47Erik Alves - 40Fábio Adriano Hering – 6, 34

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Fabrício Antônio Lopes - 40Fernanda Conceição A. Tameirão - 63Fernando Gaudereto Lamas - 59Francisco Antonio Publiese Junior - 3Frederico A. A. Gonçalves – 4, 21Fúlvio Vinícius Arnt - 51Gilson Junio Demétrio - 41Gustavo Nascimento Paes – 55, 67Helena de Azevedo Paulo de Almeida - 53, 57Henrique Piló – 6, 31, 53Hércules Correia da Costa – 3, 6, 17, 26Igor M. Mariano Rodrigues – 4, 22Ingrid da Silva Borges – 54, 68Ivan Francisco da Silva - 50Janderson Rubens Tameirão – 41, 63Jandira Neto – 3, 6, 17, 26, 63João Carlos de Oliveira Tobias - 57Jonathan Pereira Posser - 42José Neves Bittencourt – 5, 10Juliana de Resende Machado - 4, 18, 36Julio César Silva de Magalhães - 45Jussemar Weiss Gonçalves - 50Kate Regina Silva Yamaguti - 58Leandro Elias Canaan Mageste - 4, 23Luciano Rodrigues Castro - 68Luciane Monteiro Oliveira – 5, 11Luís Felipe Bassi – 4, 18Luiz Carlos Teixeira - 60Manuel Dimitri de Almeida Gomes - 39Manuel Ferreira Lima Filho - 70Manuelina Duarte Cândido - 65Marcelino Morais - 37Marcelo Fagundes – 37, 38, 39, 40, 41, 47, 63Marcia Aguiar de Barros – 4, 19, 45

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Marcos Henrique Inácio - 3, 6, 17, 26Marcos Paulo de Souza Miranda - 7Marcos Vinícius Borges - 39Maria Cristina Rocha Simão - 56Maria Cristina Oliveira Bruno – 5, 7, 12María Elida Farías Gluchy - 42Maria Fernanda S. Barbosa – 53Maria Fernanda van Erven – 6, 31, 43, 44, 45Maria Jacqueline Rodet – 4, 18, 36Mariana Tejada - 42Marianne Sallum – 4, 24Marisa Coutinho Afonso – 4, 5, 24, 25Matheus Barros da Silva - 50Matheus Fuscaldo Bellé - 42Mauro Eduardo Ribeiro Moura - 42Mercedes Okumura - 42Mirian Liza Alves Forancelli Pacheco - 47Moacir Rodrigo Castro Maia - 53Myrtle P. Shock – 4, 18Nanci Vieira Oliveira - 50Natália Martins de Oliveira Gonçalves - 69Natália Soares Severino - 69Naudiney Gonçalves - 62Ondemar Dias Júnior – 3, 6, 7, 17, 26Ortrud Monika Barth – 4, 19, 45Patrícia da Silva Hackbart – 62, 65Patrícia Silva Lima – 39, 63Paulo Eduardo Enéas - 42Paulo Alvarenga Junqueira – 5, 14Paulo Seda – 3, 4, 9Pedro Vicente Stefanello Medeiros - 50Renata Duarte Fernandes - 61Renata Silva Fernandes - 58Ricardo Ventura Santos - 48

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Roberta Arantes - 70Robson Lucas Bartholomeu – 4, 19, 45Rochane Emanuelle Alves - 57Rodrigo de Assis Brasil Valentini - 50Rodrigo Oliveira Monteiro - 43Rosemary Aparecida Cardoso – 6, 29Sami Sanchez Junior - 71Sarah Meirielle Ferri Nave - 53Shana Yuri Misumi – 4, 19, 45Sílvia Corrêa Marques – 6, 26Solange Nunes de Oliveira Schiavetto – 6, 30Tania Andrade Lima – 3, 5, 38Thaise Sá Freire Rocha - 44Thomas Johannes Schrage - 46Ubiratan Pires - 47Valdiney Amaral Leite - 40Vanessa Linke – 3, 17, 20Verlan Valle Gaspar Neto - 48Vinícius Melquíades – 6, 27Wagner Muniz – 53, 55, 56Yara Mattos – 7, 33

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