03 arborização urbana

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    A IMPORTNCIA IDSTRICO-CULTURALDA ARBORIZAO URBANA NACIDADE DO RIO DE JANEIRO

    Jeanne Almeida daTrindade I

    Nas primeiras cidades brasileiras no existia o que chamamos hojede arborizao urbana. O motivo para a ausncia deste tipo devegetao facilmente explicado se lembrarmos como era o nossoPas nesta poca: um local cercado por uma cobertura vegetalexuberante que dificultava, inclusive, a fixao dos primeirospovoados. A luta inicial dos colonizadores era afastar a "natureza"dos limites das aldeias, pelo fato dela conter em siuma srie deperigoscomo animais peonhentos, doenas desconhecidas, possibilidade deataques de ndios ou escravos foragidos etc.Desta maneira, seria umcontra-senso retomar com as rvores para dentro dos novos limitesdefinidos, uma vez que elas representavam uma ameaa.

    I Arquiteta e Urbanista - USU11985. Especialista em Histria da Arte e daArquitetura - PUC/1988. Especialista em Planejamento Ambiental e Paisagstico- SNA/1995. Chefe da 1a Diviso de Obras e Conservao - Fundao Parquese Jardins, Rio de Janeiro. Rua Conde de Bonfim, 6111304, Tijuca, Rio deJaneiro - CEP 20.520-052. Tel.:(021) 208-8125 .

    . 2 : i lSEMINRIO DE RRBORIZAi\o URBANA NO RIO DE J ANEIRO " 1996 19

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    Durante muitos anos, a fisionomia de nossas cidades no dispunha dapresena de vegetao, pois a paisagem natural ainda era umapresena constante ao seu redor. Na realidade, as nossas matas eramfreqentemente destrudas; inicialmente para a explorao extrativista,e depois, para o plantio de cana-de-acar e caf. Somente com oincio do desenvolvimento urbano e a consequente "expulso" danatureza para limites cada vez mais distantes, que surge na populaoo interesse de reintroduzir a natureza ordenada.Uma das primeiras aes de retomo da vegetao na Cidade do Riode Janeiro, foi em 1779, com a construo do Passeio Pblico, deautoria de Mestre Valentim. Nesta poca, as principais cidades daEuropa j apresentavam crescentes modificaes em sua organizaoe na maneira de viver de seus habitantes. A vegetao organizada erapossvel de ser vista nas reas pblicas, quer seja por intermdio dosparques urbanos quer seja pela arborizao nas alamedas. Em nossaCidade, estas intervenes ainda aconteciam de maneira tmida, nointerior de casas particulares - atravs dos pomares e hortas - ou nosmosteiros religiosos com seus jardins internos.No entanto, foi com a vinda da Famlia Real e com a Independnciado Pas que aconteceu uma assimilao dos costumes europeus,principalmente franceses e ingleses, passando a sociedade carioca a

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    utilizaros espaos pblicos como locais de exibio. A partir de ento,as ruas que antes funcionavam apenas como passagem,lraI1sformaram-se em imensas salas de visita para toda a populao.

    s jardins passaram a ter importncia para Cidade e teve incio autilizao de rvores nas ruas como forma, entre outras coisas, deamenizar o calor.Neste momento, dois nomes assumiram uma importncia fundamentalpara os assuntos ligados s rvores e natureza: MajorManuel GomesArcher e o Paisagista francs Auguste Marie Franois Glaziou. Em1844, a Cidade atravessou um perodo de seca prolongada, quedeterminou que o Governo tomasse medidas para aconservao dasmatas da Tijuca e das Paineiras, visando a proteger as cabeceiras evertentes dos rios Carioca e Maracan. O resultado desta preocupaofoi verificado em 1861, quando D. Pedro 11aprovou as "InstruesProvisrias" que estabeleceram critrios para o plantio e aconservao dessas matas enomeou o Major Archer para administraro local. Nos anos que se seguiram, escravos comandados pelo Majorplantarammais de 100milmudas de rvores,nativas e exticas,criandouma imensa floresta urbana.Aceitando um convite de D. Pedro li, Glaziou chegou ao Brasil, em1858, para assumir o cargo de Diretor Geral de Matas e Jardins, e

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    incrementaropaisagismo na Cidade.Eleelaborou areforma do PasseioPblico (1861), da Quinta da Boa Vista (1874) e do Campo deSantana (1880). Nestes projetos, Glaziou utilizou, amplamente,espcies nativas harmonizadas com espcies exticas, refonnulandoo conceito da poca que associava a qualidade dosjardins a cpiasdos existentes na Europa. A paisagem natural brasileira inspirou estepaisagista a diversasexcurses nointeriordenossasflorestas buscandoespcies que pudessem ser utilizadas em seus trabalhos.

    arborizao no centro e nas laterais. Vrias outras avenidas foramplanejadas contando com arborizao desde seu nascimento, taiscomo: Av.Beira-Mar, Av. Marechal Floriano, R. da Assemblia, R.da Carioca, R. Gomes Freire entre outras, alm do surgimento dejardins em vrios pontos, de modo que a Cidade passou a ficarconhecida, nesta poca, como "cidade dos jardins".

    A partir dofmal do sculo XIX , as idias "malficas" relacionadas vegetao, especialmente s rvores, do lugar a idias positivistasque associavam a existncia de rvores nas cidades como umanecessidade para o bem estar, para a sade dos habitantes e para amelhoria da qualidade do ambiente. No plano urbanstico de BeloHorizonte (1897), a arborizao sistemtica e os grandes parquesurbanos apareceram de maneira marcante. Na Cidade do Rio deJaneiro, durante a gesto do Prefeito Francisco Pereira Passos (1903/1906), ocorreram profundas modificaes no espao urbano que atransformaram em uma grande metrpole. Surgiram, ento,asgrandesavenidas que, alm de unir osprincipais pontos daCidade, passarama ser dotadas de infra-estrutura bsica, inclusive arborizao.O grandemarco dessa transformao foi a abertura daAvenida Central (atualAv.RioBranco), inicialmente concebida comoum bo ulevard contendo

    O estmulo aoplantio de rvoresnas principais cidades doPais tomou-seuma constante, demodo que a rvorepassou a simbolizar civilidade,cultura e patriotismo. Em vrios pontos do Brasil, aconteceram festasrelacionadas s rvores; em 1902 comemorou-se, na Cidade deAraras, SP,oprimeiro "dia da rvore" brasileiro e, em12 desetembrode 1904, na Ilha de Paquet, festejou-se a primeira "festa da rvore"canoca,Os anosque seseguiram foram profundamente fecundos para asidiasde plantio e conservao de vegetao em geral. Em vrios pontosda Cidade surgiram vrias rvores, plantadas pelos moradores ouordenadas por um projeto especfico proposto pela municipalidade.A metrpole adquire uma aparncia bem cuidada, com a presenade rvores, parques, praas ejardins. As modificaes introduzidasna legislao construtiva do Rio de Janeiro, incluindo afastamentoslaterais e frontais, desenvolveram um interesse na populao em

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    constituir jardins, hortas ou pomares cada vez mais .elaborados e comum nmero maior de vegetao.A partir dos anos 30, com o incio das atividades do Paisagista RobertoBurle Marx, desenvolvem-se o concei to de jardins modernos tropicais.Burle Marx soube, como ningum, interpretar a paisagem naturalbrasileira, e aproveit-Ia em seus projetos valorizando a utilizao deespcies nativas, e provando que nossas matas tropicais so fonte deinesgotvel beleza. Procurava observar a vegetao em seu hbitatnatural e compreender a melhor maneira de tirar proveito paisagsticode cada uma delas, alm da preocupao constante com ap reservaoda flora brasileira. Seus projetos so repletos de rvores referenciaismarcantes, quer seja pela beleza das flores, da arquitetura da rvorequer seja pela textura caracterstica dos troncos. No Rio de Janeiro,sua obra mais expressiva o Parque do Flamengo que abriga,atualmente, cerca de dez mil rvores, entre nativas e exticas, incluindouma coleo urbana de mais de cinquenta tipos de palmeiras.No entanto, com o incremento da "cultura automobilstica"influenciando diretamente as feies da Cidade e a consolidao dos"arranha-cus", houve wna retirada sistemtica de rvores, praas eparques para dar passagem aos viadutos, as avenidas largas, asimensas reas de pavimentao impermevel (asfalto, concreto etc.).

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    o Rio de Janeiro passou por uma renovao que valorizou,excessivamente o novo, em detrimento do antigo, do histrico.Nos ltimos anos, houve uma reelaborao dos conceitos de harmoniaentre o velho e o novo, entre o antigo e o moderno. Hoje, existe umapreocupao muito presente na manuteno dos referenciais histricoscomo forma de manter viva a memria dos cidados e,conseqentemente, a sua prpria identidade. A imagem de uma cidadeno apenas a dos seus cartes postais, pelo contrri o, est repletade referncias banais que fazem parte do dia-a-dia dos moradores.As rvores funcionam, no cotidiano da populao das cidades, comoelementos referenciais marcantes. bastante comum combinarmosencontros embaixo de determinada rvore, utilizarmos uma vegetaoou uma rua bem arborizada para sinalizar uma opo de direo a sertomada. Contudo, ainda no existe uma conscientizao, seja porparte da populao seja por parte dos planej adores, em se entendera arborizao urbana como elemento da memria das cidades. Algunsbairros no Rio de Janeiro possuem nomes relacionados com espciesvegetais (Ex: Laranjeiras, Mangueira, Caju etc.) porm a inexistnciaou escassez destas rvores nestes locais, faz com que estes moradoresesqueam do primeiro significado do nome, rompendo a relao coma origem, a histria e a identidade da regio.

    ~ lSEMINRIO DE AR80RIZAiioUR8ANA NO RIO DE JANEIRO 1996 25

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    Portanto, correto afirmar que as rvores assim, como as edificaes,fazem parte da memria urbana coletiva da populao. Preservar essasrvores manter parte da histria de nossa Cidade e das suastransformaes bem como das relaes dos habitantes com elas. Pelasrvores existentes em seu cotidiano, por vezes a sua nica manifestaopresente da "natureza", que apopulao das grandes cidades aprendea respeitar e a s e relacionar com os temas ecologia e meio-ambiente.Desta forma, dever do Poder Pblico e do planejador propiciar aoshabitantes da sua cidade contar um pouco da sua histria a partir daarborizao urbana.

    SOARES, Ceclia Beatriz da Veiga. As mais belas rvores da muiformosa Cidadede So Sebastio do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994.

    TERRA, Carlos Gonalves. Os jardins no Brasil do sculo XIX: Glaziourevisitado. Rio de Janeiro: EBA/UFRJ, 1993. (Dissertao de Mestrado).

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASCHIAVARl, Maria Pace, GRlNBERG, Piedade Epstein (Coordenao, seleode textos e iconografia). A paisagem desenhada: o Rio de Pereira Passos.Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1994.FERREZ, Marc. O lbum da Avenida Central. Um documentofotogrfico da

    const ruo da Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, 1903-1906. Rio deJaneiro: Joo Fortes Engenharia/Editora Ex Libris, 1982.GOYA, Cludio Roberto. Os jardins e a vegetao no espao urbano: umpatrimnio cultural. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORlZAOURBANA, 1994; So Lus. Anais ... So Lus, 1994. p.133-145.SCHAMA, Simon. Paisagem e memria. So Paulo: Companhia das Letras,19%.SEGAWA, Hugo. Ao amor do pblico.' jardins no Brasil. So Paulo: StudioNobel, 1996.

    26 - SEMINRIO DE RRBORl z nO URBANA NO RIO DE JANEIRO -1996 . 2 J . I'S EM IN R IO D E R R 80R IZ R Ao U RB AN A N O R IO D E J AN EIRO 1996 27

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    AIMPORTNCIADAARBORlZAO URBANA

    Robrio Diasl

    Para nossa cidade, as rvores so muito importantes. Para outras,talvez nem tanto.Ningum sente falta desses maravilhosos representantes do reinovegetal na praa principal de Siena - uma das praas antolgicas domundo - por exemplo.Um estudante de arquitetura, durante um Projeto Rondon, fez umplano para a praa de uma cidade na Amaznia. O prefeito rejeitoudizendo que o projeto tinha mil grave defeito: rvores!Resumindo: a importncia da arborizao urbana varia de cidade paracidade.Osfatoresque determinam essa importncia so culturais e climticos.

    IDiretor do Stio Burle Marx. Professor de Paisagismo da EBAlUFRJ. Estradade Guaratiba, 2019,Barra de Guaratiba, Rio de Janeiro -CEP 23.020-240. Te!.:(021)41O-ll71.

    ~ lS EMINRIO DE AABOAIZ A il o U RB AN A N O R IO DEJANEIAO -1996 29

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    , -o Rio de Janeiro tem um vero que precisa ser amenizado e, paraisso, nada como rvores nas ruas. Isso sem falar no papel delas emrelao reduo de rudos, poeira etc.De vinte anos para c, desde que a ecologia se popularizou, vemosque as pessoas, de um modo geral, se deram conta de que as rvoresso necessrias, entretanto ainda no se sabe muito bem como trat-Ias. Imagina-se que basta plantar qualquer uma, de qualquer forma,em qualquer lugar, que elas vo em frente. Interessante seria descobrirque porcentagem de rvores plantadas por autoridades emcomemoraes sobrevive at o ano seguinte.o fato que o plantio de rvores na cidade assunto muito srio. Ascondies iniciais tm que ser cuidadosamente pensadas eimplementadas pois o tempo mnimo de durao estimado para cadaespcimen de 50 anos. Um erro, logo no incio, causar um prejuzodificil de ser calculado depois.

    As Cssias plantadas no canteiro central da Avenida PresidenteWilson, de crescimento rpido e madeira fraca, so um timo exemplode 30 anos jogados no lixo. Hoje, quando deveramos estar usufruindode um belo e adulto arvoredo, recompensa pelo esforo investido epela pacincia da espera, temos um renque desfalcado e aleijado,mais parecendo um exrcito de Brancaleone.30 ~ 'SEMINRIO DE AABORIZRI\O URBRNR NO'RIO DEJRNEIRO '996

    A escolha da espcie adequada para cada rua demanda conhecimentode vrias caractersticas, tais como: tamanho, frutificao,caducifoliedade, porte, forma do tronco, presena de espinhos,emisso de odores, agressividade das raizes, velocidade decrescimento, durabilidade, rusticidade, resistncia poluio, aoimpacto de pedestres, a doenas, ao vento, seca, temperaturaetc. No basta apenas gostar da rvore e saber a cor da flor.Respeitar as reais restries que as caractersticas do elenco arbreorevelam reconhecer a importncia da arborizao urbana. Seriaridculo ficarmos preocupados com a diminuio do nmero deespcies utilizveis. melhor ter menos variedades, mas que funcionemcom sade e beleza no hostil ambiente das ruas, do que muitas espciescaindo aos pedaos. Uma alta porcentagem das rvores de Paris,por exemplo, pertence a apenas duas espcies. Naturalmente, com aexuberncia da flora tropical, nosso leque de opes ser sempremuito maior.Outra f01TI1ade demonstrar que damos a devida importncia rvoreurbana prover condies timas para que ela se desenvolva. Osprojetos no podem esquecer a parte vegetal invisvel: espao paraas raizes proporcional ao tamanho da copa; terra frtil em covasgenerosas; drenagem adequada e adubao peridica. Alm disso,

    ~ 'SEMINRIO DE RRBORIZRAo URBANA NO RIO DEJRNEIAO" '996 3 I

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    para que o solo possa respirar, sua superfcie no pode ser totalmenteimpermeabilizada. Golas estranguladoras nas caixas do piso devemser banidas.Muitas rvores em mau estado de sade parecem revi ver quando,em lugar de erradicao, praticamos esses cuidados elementares,economizando aplanta, tempo, dinheiro e at a memria da cidade.A importncia real da arborizao urbana depende de fatoresclimticos. Temos de sobra.A importncia virtual da mesma depende de fatores culturais. Temosque melhorar ainda bastante.

    32 ~ I'SEM INRIO DE ARBOA IZAO URBANA NO RIO DE J ANEIRO 199 6

    DE URBIS ARBORETO:o ESPAO PRIMITIVO REINTERPRETADO

    Ronaldo Femandes de Oliveira'

    Embora disso no se aperceba, o s e r humano, no pode prescindirdo ambiente natural como elemento indispensvel na formao de umpsiquismo que conduz a realizaes plenas no campo de atividadesindividuais.Quaisquer traos culturais que o indivduo manifeste ter? sempre,subjacentemente, bases referenciais na sua maior ou menoraproximao do ambiente natural durante grande parte de suaexistncia, conforme postula a etologia, a cincia do comportamento.AfinaL as variedades de cultura humana so muito recentes - seconsiderado o tempo de origem da espcie - e sua evoluo deu-seem um perodo muito rpido. A espcie Homo sap iens existe como

    IBiolgo da FEEMA, Rio de Janeiro. Rua Fonseca Teles, 121 - 16" andar,o Cristvo, Rio deJaneiro - CEP 20.940-200. Tel.: (021) 585-3366.

    ~ I' S EM IN R IO D E A R8 0R IZ A fi o U RB AN R NO RIO DE JANEIRO 1996 33