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1001 CERVEJAS PARA BEBER ANTES DE MORRER

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1001 CERVEJASP A R A B E B E R A N T E S D E M O R R E R

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EDITOR GERAL ADRIAN TIERNEY-JONES

PREFÁCIO DE NEIL MORRISSEY

1001 CERVEJASP A R A B E B E R A N T E S D E M O R R E R

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SUMÁRIO

Prefácio 6

Introdução 8

Índice de cervejas por país 12

Capítulo 1: Âmbar 20

Capítulo 2: Loura 302

Capítulo 3: Branca 556

Capítulo 4: Escura 612

Capítulo 5: Especiais 846

Glossário 946

Colaboradores 948

Índice de cervejas por cervejaria 950

Créditos das fotos 960

Agradecimentos 960

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PREFÁCIOPor Neil Morrissey

Há um cheiro de mudança no ar – e essa mudança envolve aquela que é a mais improvável candidata a protagonista do renascimento cultural egastronômico do álcool: a cerveja. Este belo livro exibe 1.001 c ervejas em todo o seu esplendor – de ar tesanais a ales tradicionais, de cervejas gastronômicas a exemplares populares – e todas são de primeira linha. Essa maravilhosa bebida está subindo de patamar : hoje, alguns dos restaurantes mais sofisticados do mundo oferecem degustação de cervejas.

Diante desse novo cenário, é comum algumas pessoas pensarem na cerveja como o novo vinho. Isso é besteira – a cerveja já era degustada como uma bebida de impor tância culinária quando a uva ainda nem pensava em virar vinho . A mais antiga r eceita conhecida – entalhada numa lasca de pedra da antiga Mesopotâmia datada de alguns milhares de anos antes de Cristo – é de cerveja.

Ela é sabor eada desde os faraós e guerr eiros sumérios at é os entusiastas de hoje , como os escrit ores Adrian Tierney-Jones e P ete Brown (sem falar nos pr odutores artesanais e consumidores como eu). Os egípcios antigos a r everenciavam como uma bebida r eal e eram sepultados com jarros e grãos de cevada para se sustentarem no outro mundo. Alguns anos mais tar de, o r ei Venceslau instituiu a pena de morte para qualquer pessoa que f osse pega exportando seu estimado lúpulo Saaz. Dizem que na I nglaterra medieval era crime ser vir cerveja de baixa qualidade.

Claro que milhar es de anos é muit o tempo para aper feiçoar uma receita, mas só agora é que estamos c omeçando a apr eciar o estilo , o equilíbrio e a complexidade das cervejas. Durante a revolução gastronômica dos últimos vinte anos, aos poucos, mas com segurança, estamos educando nosso paladar . As elegantes cidades do nor te da Europa – Praga, Berlim, Bruxelas e Londres – têm tradições firmemente concentradas nos cereais, mas depois que você explora sob a superfície das marcas mais populares, descobre toda uma variedade de c ervejas artesanais que rivalizam c om os melhor es vinhos e c onhaques. Das pilseners florais, meladas e amant eigadas às c ervejas de trigo az edas, amargas e herbác eas, são bebidas c om um valor gastr onômico inestimável.

Ervas, especiarias e outr os aditivos como mel são , por tradição , empregados na venerada arte da produção cervejeira. Com sua variedade de c ores, sabores, texturas, equilíbrio e harmonização para culinárias de diferentes lugares, certas cervejas jamais desapareceram;

6 Prefácio

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apenas se perderam em meio ao assombr oso volume de lagers baratas e sem sabor. Mas depois do domínio do mer cado pelo vinho, na década de 1980, que f ez o ataque da C avalaria de Balacla va parecer uma guerra de soldadinhos de chumbo, a cerveja do mundo da alta gastr onomia parece ter se reorganizado. Ainda bem que não se pode manter uma coisa tão boa com uma má reputação por muito tempo.

Polêmicas alimentares recentes geraram um questionamento muito sério a r espeito da origem do que c omemos. À medida qu e nossa compreensão dos métodos de produção intensivos e dos pr ocedimentos antiéticos de cultiv o aumenta, também aumenta nossa demanda por produtos locais e por aliment os melhores. Os mer cados que v endem diretamente dos pr odutores estão pr osperando, o mo vimento orgânico vive seu auge, queremos sabor e não nos importamos de gastar um pouco de tempo para cultivar nossos pr óprios alimentos. Voltamos a dar valor ao paladar em vez de recebermos ordens do mundo da moda – e é aqui que entra a cerveja. As cervejas de que est ou falando são pr odutos artesanais, feitas de receitas aperfeiçoadas ao longo dos séculos. Como consumidores, estamos retornando aos alimentos sazonais e locais e à culinária regional, e as cervejas incluídas neste livro têm a capacidade de ev ocar e melhorar os sabores dos alimentos com os quais combinam. A culinária picante da Ásia e da Índia – que hoje já virou parte da cultura gastronômica do Ocidente –, por exemplo, combina muito mais com os cereais do que com a uva.

Num mundo onde exist em tantos sabores de c ervejas quanto de comidas, e uma c erveja diferente para cada ocasião , é possív el saborear essa bebida c om o mesmo nív el de admiração que , na Antiguidade , levou os faraós a adorar em-na. Agora que nos livramos das r estrições da ignorância no que diz r espeito ao vinho – quando não éramos capaz es de admirar nada além de uma garrafa doce de liebfraumilch –, já é hora de usar o chapéu de “gastronauta” novamente. Para todos os que amam os sabores, não será nenhum sacrifício salivar, babar e beber ruidosamente, do começo ao fim, as cervejas deste livro inspirador e informativo.

Yorkshire, Reino Unido

Prefácio 7

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Há mesmo 1.001 c ervejas no mundo dig nas de ser em bebidas? Essa é uma per gunta que ouvi várias v ezes enquanto organizava este livro. A resposta mais simples seria “sim”, mas é claro que nunca paro por aí, porque para mim cada cerveja é uma obra de arte. Depois de uma hora me ouvindo falar entusiasticamente sobre as glórias dessa bebida, sobre a exuberante variedade de c ervejas disponíveis no mundo t odo, os estilos , os tipos de lúpulo, os métodos de fermentação, os lugares onde podem ser apreciadas e assim por diante, a maioria das pessoas deseja nunca ter feito a pergunta.

Para os entusiastas das c ervejas, por outr o lado, a polêmica é outra. Que critérios usei para c ompor minha lista? S erá que incluí sua c erveja preferida? E, se não, por quê? Os adoradores da bebida podem ser tão fanáticos por ela quant o qualquer fã de espor tes é louco por seu time de futebol.

Decidi escrever um manifesto para provocar e ao mesmo tempo explicar por que eu e minha ex celente equipe de r edatores tomamos nossas decisões. Minha ideia era satisfaz er os curiosos e , quem sabe, estimular o debate (e alguma polêmica) sobr e o assunt o. Os motiv os que levaram à escolha da cerveja X e não da Y tinham de ser claros como uma taça de cristal. Não poderia ha ver ambiguidade, hesitações ou arr ependimentos. Infelizmente, não experimentei todas as cervejas contidas nestas páginas – elas são uma lista de desejos também para mim.

Assim, escrevi o seguinte: “Minha equipe e eu escolhemos estas cervejas porque elas são ótimos ex emplos da habilidade na pr odução de c erveja, são saborosíssimas e lembram r epetidamente o por quê de a c erveja ser a melhor bebida do mundo: ela une as pessoas , inspira a sociabilidade e desperta toda uma nova dimensão de contemplação sensorial. As cervejas também foram escolhidas porque representam a devoção, a criatividade, a inspiração e a inegável alegria de viver que os cervejeiros incluem em suas bebidas.

Todas as c ervejas têm uma hist ória para c ontar. Algumas, muito mais antigas e admiráveis do que outras , têm um passado que está no mesmo nível das mais nobr es famílias: representam uma tradição que passa pela cerveja como um rio que abre caminho até o mar. São exemplos da herança cultural cervejeira dos seus países , têm um hist órico que v em de naç ões como Alemanha, Bélg ica, Inglaterra, Escócia e Estados Unidos . Isso sem falar da República Tcheca, onde a c erveja caracteriza um estilo de vida. Muitas das marcas incluídas aqui estão disponív eis em algum lugar per to de você, num bar ou r estaurante, numa loja de bebidas ou na int ernet. Outras estimularão as pessoas a juntarem dinheiro para fazer uma viagem a

INTRODUÇÃOPor Adrian Tierney-Jones

8 Introdução

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algum paraíso cervejeiro. Assim, este é um livro tanto sobre cerveja quanto sobre viagens.

Algumas cervejas estão aqui por que representam algum t ipo de inovação no pr ocesso de fabricação . São c ervejas que amadur ecem em barris de madeira, tão complexas e de sabores tão concentrados quanto os dos melhores uísques. São cervejas envelhecidas e oxidadas que morreram e atravessaram o vale das sombras d a morte, emergindo triunfantes e ressuscitando. São c ervejas que brilham c omo o sol numa taça, aleg res e reafirmando a vida, numa c onversa animada entr e lúpulos e malt es perfeitamente combinados. Há souts escuras e amargas, porters e dunkels. Há cervejas que tocam um carrilhão de sinos com suas notas sensuais de lúpulo – impor tantíssima peça no quebra- cabeça da produção cervejeira. Há bebidas frutadas , que nasc em depois que c erejas e sabugueir os são acrescentados ao pr ocesso de maturação . Há c ervejas misturadas c om especiarias, café, chocolate e até sal e pimenta.”

Esta é a par te poética das minhas esc olhas, mas à medida que v ocê virar as páginas deste livro, vai se deparar com textos abrangentes sobre cervejas de suc esso que chegam a praticament e todos os cant os do planeta. Hoje existem cervejas fabricadas numa escala industrial que não podem ser c onsideradas “inovadoras” nem pela ment e mais imag inativa, mas realmente achei que seria errado ig norar uma stout criada em Dublin e hoje produzida no mundo t odo ou uma lager nor te-americana que fez parte da cultura cervejeira alemã que varreu os Estados Unidos em meados do século XIX.

Apesar de est e livro estar cheio de bebidas mara vilhosas, ele não é uma lista das “melhores” cervejas do mundo (assim c omo várias pessoas que escrevem sobre o assunt o, acredito que a melhor c erveja é aquela que combina perfeitamente com o que quer que você esteja fazendo no instante em que a bebe). Est e livro é uma lista de c ervejas que v ocê realmente deveria experimentar ant es de deixar est e mundo – nem que seja para descobrir de quais você não gosta.

Nos últimos trinta anos, o mundo cervejeiro passou por uma mudança sísmica que jogou uma luz sobr e uma no va geração de c ervejas e cervejarias. No Reino Unido, cervejas em barris, aparentemente destinadas à extinção nos anos 1970, r enasceram com a Campanha em Prol da Real Ale, um mo vimento que ajudou a dar início a t oda uma no va onda de microcervejarias (no momento em que escrevo estas linhas o número chega perto de 700). P roduzir sua pr ópria cerveja e v endê-la a c onhecedores do assunto nunca foi algo tão c omum. A variedade de c ervejas no Reino

Introdução 9

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Unido inclui tant o as mar cas consagradas, como a A dnams Broadside, a Fuller’s London Pride e a Theakston’s Old Peculier, quanto as novatas, como as BrewDog’s IPA, Thornbridge’s Jaipur e P urple Moose’s Snowdonia Ale. A indústria cervejeira britânica, há tanto tempo preocupada em preservar seu estilo, hoje está se espalhando para outr os campos, aproximando-se dos Estados Unidos em termos tanto de produção quanto de paladar.

Nos Estados Unidos , o r essurgimento das ales e a legalização da produção caseira em 1978 ajudaram a dar início a uma r evolução semelhante. Velhos estilos de cerveja ressuscitaram, novos estilos nasceram e, hoje, as c erca de 1.400 c ervejarias norte-americanas são algumas das mais interessantes do mundo . O Grande F estival Norte-Americano de Cerveja de 2009 tinha 78 cat egorias – assim, se v ocê quiser uma IPA, uma porter ou uma ale de verão ao estilo inglês, terá uma grande variedade para escolher. A criatividade é outr o fator essencial na indústria c ervejeira, com alguns incríveis exemplares envelhecendo em barris de madeira durant e vários meses e desenvolvendo sabores e aromas profundos.

O ressurgimento da porter é uma história de sucesso especialmente interessante no r enascimento da c ervejaria artesanal. A Guinness produziu seu último lote em 1972 – ironicamente, neste mesmo ano a cervejaria Anchor de São F rancisco produzia pela primeira vez uma versão achocolatada e com toques de café. Nos anos 1980, pioneir os da indústria cervejeira no Reino Unido e nos Estados Unidos c ontinuaram fabricando porters. Hoje em dia, esse estilo de c erveja, que surgiu no século X VIII, faz parte da linha de produção de cervejarias de diversos países.

Quando comecei a discutir est e livro com a minha equipe , a primeira questão foi: em que or dem deveríamos colocar as c ervejas? Primeiro pensamos em agrupá-las em estilos, como pale ales, doppelbocks e cervejas frutadas. Isso, contudo, parecia uma visão potencialmente polêmica. Assim, acabamos decidindo usar como critério a cor: âmbar, loura, branca, escura e especiais. Certo, a última não é uma c or, mas pr ecisávamos de uma categoria para as cervejas que não se encaixassem em nenhuma das outras! Eis como as agrupamos:

Âmbar – a maioria das ales de alta fermentação (ao contrário das lagers de baixa f ermentação), as c or de c obre, de br onze e âmbar, as amargas e ales, as IPAs e as pale ales.

Loura – lagers, golden ales leves, algumas IPAs, pale ales e outras do gênero.

Branca – maioria das c ervejas que chamamos de “brancas” é de cervejas de trigo; algumas são âmbar e outras, louras. O uso da palavra

10 Introdução

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“branca” vem da época em que a maioria das cervejas era escura e as produzidas com bastante trigo maltado eram mais claras , sendo portanto chamadas de “brancas”.

Escura – entre as cervejas escuras estão as st outs, porters, algumas brown ales e dark lagers.

Especiais – aqui colocamos as lambics (por c onta do seu pr ocesso de fermentação único), cervejas frutadas, cervejas envelhecidas em tonéis de madeira e quaisquer outras que não se encaix em nas definições anteriores.

Outra questão c omplicada foi o nome das c ervejas. Decidimos usar o nome como ele aparece no rótulo, e não um nome genéric o, como “IPA”, “Grand Cru” ou “Kriek”. Por questões de clar eza, para não dar mar gem a dúvidas, incluímos também o nome da c ervejaria. Depois listamos as cervejas em ordem alfabética dentro de cada capítulo.

Este livro não representa a opinião de apenas uma pessoa, e sim o conhecimento e a opinião de mais de 40 especialistas de vários países . Já conheço bem a paixão e a curiosidade dos meus c olegas britânicos que escrevem sobre cervejas, mas fiquei perplex o ao v er o entusiasmo dos pesquisadores ao redor do mundo. Os americanos c ontribuíram com seu conhecimento sobre a revolução de sabores que ocorre no país. A Austrália e a Nova Zelândia foram representadas por experts que revelaram todo um novo mundo de c ervejas artesanais. Os eur opeus contribuíram com seu conhecimento quase mítico sobre a fabricação de cerveja no Velho Mundo. As imagens também merecem menção especial. Os fotógrafos tomaram o cuidado de f otografar as c ervejas na t emperatura ideal sugerida pelos produtores e, sempre que possível, no copo apropriado.

Este é meu terceiro livro sobre cervejas. Escrever as últimas palavras é como chegar ao fim de uma jornada. M as para o leitor é apenas o começo. Espero que v ocê aprecie essa jornada e que ela dur e por t oda uma vida longa e feliz. Como eu disse no início desta intr odução, as cervejas deste livro são obras de ar te – se são L eonardo da Vinci, Andy Warhol ou Jack Vettriano, é você que vai decidir.

Introdução 11

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Âmbar 97

País de origem Estados UnidosLançada em 1989Teor alcoólico 6,5% vol.Temperatura ideal 6˚- 9˚C

Dead Guy AleRogue Ales | www.rogue.com

“Eu apenas olho em volta para ver o que todo mundo está fazendo e aí faço exatamente o contrário”, diz Jack Joyce, fundador da Rogue. Ele não está brincando. A Rogue se dedica a cervejas grandes, cheias de persona-lidade, embaladas em garrafas esmaltadas. Fumaça, trigo sarraceno, avelãs e, naturalmente, grandes quantidades de lúpulo definem o estilo da Rogue. A Altbier Dead Guy talvez seja atípica mesmo para um empreendimento tão iconoclasta.

Com um pé no mundo ortodoxo das cervejas alemãs, a Dead Guy começou como uma Maibock pura, chamada Maierbock, em homenagem ao mestre cervejeiro John Maier. “Estávamos fazendo a produção em nossa choperia de Bayfront e, naturalmente, não dispúnhamos de muitos tanques”, diz Maier, referindo-se ao demorado período de maturação das lagers convencionais nos tanques. “Então pensamos em fazer uma experiência com nossa levedu-ra Pac-Man. As pessoas gostaram.” A fermentação com levedura de ale adicionou aromas complexos, frutados, que provocaram os espíritos mais ousados da costa do Oregon. Hoje a Dead Guy responde por cerca de 40% da produção da Rogue.

A cerveja contém uma boa porção de malte Muni-que, que dá notas suaves, de caramelo queimado, além de um pouco de malte caramelo claro, para alguma doçura persistente. Os lúpulos são norte-americanos – Perle e Sterling – e fornecem sabores e aromas elegantes, ao estilo alemão. A Dead Guy também é a única cerveja disponível em uma garrafa que brilha no escuro, o que se encaixa no tema um tanto fantasmagórico usado no nome do produto. É a cerveja perfeita para se beber em casos de falta de luz, explorando cavernas ou em qual-quer ocasião em que se queira desligar as luzes e fitar os profundos e sombrios mistérios da vida. RM

Notas de degustaçãoNariz maltado com dupla personalidade: caramelado e torrado, além de uma característica de lúpulo um pouquinho herbácea, quase como hortelã. No palato, a doçura do caramelo em boa companhia de lúpulos substanciais. Final longo e agridoce com notas apessegadas.

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Âmbar 99

País de origem Estados UnidosLançada em 2001Teor alcoólico 5,9% vol.Temperatura ideal 4˚- 7˚C

Domaine DuPageTwo Brothers Brewing Company | www.twobrosbrew.com

“Quando abrimos esta cervejaria”, diz o fundador Jason Ebel, “quisemos fazer duas coisas para nos diferenciar do resto. Em primeiro lugar, não produziríamos uma pale ale. Em segundo lugar, faríamos uma ale ao estilo do Braban-te.” A região do Brabante, que inclui Bruxelas e, historica-mente, se estende até a França, tem uma longa história de cervejas rústicas, de alta fermentação.

Embora essa cervejaria dos subúrbios de Chicago tenha finalmente acatado a pressão do mercado e pro-duzido uma pale ale, a Domaine DuPage permanece, de longe, como seu carro-chefe. “Levou algum tempo para que as pessoas entendessem do que se tratava”, diz Ebel, ao falar da ale âmbar, equilibrada e suavemente tostada, “mas, assim que entenderam, ela decolou.” A ideia para esta cerveja começou quando Ebel morava no norte da França. “Fizemos uma viagem a uma fazenda em Aibes. Havia uma cervejaria comunitária na aldeia, compartilha-da por diversas famílias. O que me deixou fascinado foi que todas produziam a mesma receita.”

A cerveja é fácil de amar, mas há uma considerável profundidade por trás de seu charme tranquilo. Preparada a partir de uma complexa mistura de maltes, cuidadosa-mente equilibrada pela quantidade perfeita de lúpulos, a fermentação acrescenta mais uma camada de perfumes frutados e de especiarias. A Domaine DuPage apresenta leve doçura inicial que dá lugar a um amargor harmonioso, lembrando ligeiramente o cacau. Esse equilíbrio delicado, junto com o teor alcoólico de 5,9%, a torna “uma de nossas melhores cervejas para acompanhar comida”, diz Ebel. “Funciona com tudo, da comida tailandesa a carnes grelha-das.” Se você puder visitar o norte da França para apreciar esse tipo de cerveja in loco, não perca a oportunidade. O resto de nós pode se servir de uma Domaine DuPage e imaginar uma viagenzinha até lá, sem sair do sofá. RM

Notas de degustaçãoNotas suaves e maltadas no nariz, nem torradas nem carameladas, mas parecidas com bolo. Uma quantidade razoável de personalidade de levedura picante e características frutadas. Suave e ligeiramente doce no paladar, tornando-se seca até chegar a um final muito discretamente torrado--tostado, com um toque de lúpulos agridoces.

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País de origem ItáliaLançada em 1996Teor alcoólico 5,2% vol.Temperatura ideal 8˚- 10° C

Loura 517

Tipopils Birrificio Italiano | www.birrificio.it

Agostino Arioli é considerado o verdadeiro pioneiro do renascimento das cervejas artesanais italianas, que come-çou produzindo em casa quando ainda era um estudante. Ele é um apaixonado por cervejas, principalmente pelas de baixa fermentação ao estilo pilsen. Todos os anos, Arioli viaja para a Baviera para escolher pessoalmente e comprar lúpulos que usa na sua cervejaria. Em todos os aspectos da produção, ele usa uma abordagem científica e praticamente obstinada, e isto é provavelmente o que garante a alta qualidade consistente de suas cervejas. A Tipopils foi produzida pouco antes da inauguração oficial do Birrificio. Foi a primeira cerveja da empresa e, depois de mais de dez anos, a “Tipo” de Arioli ainda é a preferida dos fanáticos que visitam o bar.

A Tipopils é considerada uma espécie de pilsen ao estilo italiano: lupulada, mas não muito, bem equilibrada, palatável e com um belo corpo. Sem dúvida um verda-deiro parâmetro para todas as pilsens artesanais italianas que surgiram depois dela. A Tipopils se caracteriza por três tipos de lúpulos, todos cultivados na Alemanha: o Northern Brewer, que confere amargor à cerveja; e o Hal-lertauer Perle e o Hallertauer Spalter, escolhidos por suas características aromáticas. Dois maltes diferentes (Pilsen e caramelo) e levedura de Weihenstephan completam a receita. Depois de uma prolongada primeira fermentação, a cerveja precisa maturar por três semanas, mas durante este período se faz dry hopping com Spalter Select para acrescentar um pouco mais de aroma floral e lupulado. Entre novembro e fevereiro, Arioli também produz uma Extra Hop, servida com lúpulo Mittelfrüh por sobre o colarinho. MM

Notas de degustaçãoDourada brilhante com um espesso colarinho branco. Aroma equilibrado reminiscente dos lúpulos frescos, mas com um fundo maltoso. No paladar, inicialmente revela toques de mel de acácia, mas termina com um agradável toque de amargor.

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País de origem Estados UnidosLançada em 2002Teor alcoólico 7% vol.Temperatura ideal 10˚C

Âmbar 105

Drake’s IPADrake’s Brewing Company | www.drinkdrakes.com

A Drake’s Brewing é uma história feita por Rogers. O primeiro, Roger Lind, fundou aquilo que batizou inicial-mente como Lind Brewing Company em 1989 e usou um tema náutico para suas cervejas, inspirado pelas proezas do explorador Sir Francis Drake. Um dos parentes de Lind criou o logo da cervejaria e os rótulos com o veleiro Gol-den Hind.

Uma década depois, em 1999, a cervejaria foi com-prada pela Rogers Family Company. Eram vizinhos de porta cujo principal negócio era a venda de café. A família Rogers assumiu as marcas que Lind vinha usando e mudou o nome da cervejaria para Drake’s Brewing. Lind havia chamado a primeira IPA apenas de Drake’s Ale e, na forma original, a levedura empregada enfatizava as carac-terísticas do malte.

Depois de alguns anos, em 2002, os novos donos trouxeram um novo cervejeiro para sacudir o negócio, e era mais um Roger (ou quase, nesse caso), o cervejeiro Rodger Davis, da região. Foi na mesma época em que cervejas lupuladas começavam a se tornar mais popu-lares. Davis passou a usar uma levedura que acentuava as características do lúpulo e adicionou, como diz, “uma barcada de lúpulos”, também aumentando a quanti-dade usada para dry hopping. A cerveja utiliza Cascade e Columbus, apresentando um poderoso índice de 65 IBU, o que a colocou logo acima do limite superior que definia uma India Pale Ale na época. A nova Drake’s IPA, de Rodger Davis, fez sucesso imediato tanto com os con-sumidores quanto com os juízes de concursos da bebida. Naquele mesmo ano, ganhou uma medalha de ouro no Grande Festival Americano da Cerveja e veio a conquistar diversos prêmios nos anos seguintes. JB

Notas de degustaçãoCom cor intensa de âmbar dourado, ligeiramente turva, a Drake’s IPA é uma grande releitura à moda da Costa Oeste dos Estados Unidos, densa com aromas de lúpulos cítricos, de toranja e herbáceos. Os sabores também são grandes e lupulados, apesar de bem equilibrados com um final longo, persistente e ácido.

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Âmbar 111Cevada para malte na cervejaria Eggenberg, em Český Krumlov.P

País de origem República TchecaLançada em 1993Teor alcoólico 4,3% vol.Temperatura ideal 8˚C

País de origem AlemanhaLançada em 1378Teor alcoólico 6,5% vol.Temperatura ideal 12˚- 14˚C

Eggenberg Dark Lager Einbecker Mai-Ur-BockPivovar Eggenberg | www.eggenberg.cz Einbecker Brauhaus | www.einbecker-brauhaus.de

Quando se trata de cerveja, a palavra “bock” seria uma corruptela do nome da cidade de Einbeck. A produção de cerveja bock era, originalmente, um assunto comu-nitário. No dia 1o de maio, desde 1240, 700 cidadãos de Einbeck eram escolhidos para produzir cerveja. Porém, eles só deviam preparar cerveja em quantidade suficiente para seu próprio consumo. Aqueles que produziam mais vendiam o excesso para o conselho municipal, que, por sua vez, negociava com outras cidades. Em 1492, a cer-veja estava sendo enviada para os Estados do Mar Báltico, Estocolmo, Dinamarca e Amsterdã.

Em Einbeck, produzem-se três tipos de cerveja bock: escura, clara e âmbar. A Mai-Ur-Bock é uma âmbar feita para a primavera. É projetada para aquecer, em um perío-do em que o frio do inverno começa a ceder lugar às tem-peraturas mais cálidas. Em 1851, a primeira engarrafadora foi instalada, e o tipo de garrafa escolhido continua a ser usado nos dias de hoje. RP

A cervejaria da cidade de Český Krumlov, no sul da Boê-mia, remonta pelo menos ao ano de 1347. Foi repassada para a nobre família Eggenberg em 1622, como paga-mento parcial por despesas de guerra. Em 1625, a família expandiu a cervejaria para as instalações que ela ocupa atualmente.

A Pivovar Eggenberg produziu uma série de cervejas, entre elas lagers claras de muita força e as carismáticas lagers escuras da região, extremamente populares antes da disseminação mais ampla do estilo pilsen. Dessa forma, a chegada da Eggenberg Dark Lager em 1993 foi saudada como um retorno à forma, e não como uma novidade. Como é tradição com a tmavé pivô (cerveja escura) da Boêmia, ela termina com uma nota agrido-ce, em vez do final levemente adstringente de muitas Schwarzbiers alemãs. É raramente vista fora da região, embora permaneça bem popular em muitos pubs históri-cos e restaurantes de Český Krumlov. ER

Notas de degustaçãoO aroma é maltado, com algumas notas frutadas. O paladar revela considerável complexidade, com alguma doçura maltada, calor do álcool e um final um tanto amargoso.

Notas de degustaçãoMenos escura do que âmbar, de corpo médio, coroada por uma densa espuma cor de canela. Na boca, apresenta sabores muito agradáveis de café frio e gengibre, terminando com uma pronunciada doçura.

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Page 15: 001-960 1001 beers txt black BR - Editora Sextante · Velhos estilos de cerveja ressuscitaram, novos estilos nasceram e, hoje, as cerca de 1.400 c ervejarias norte-americanas são

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112 Âmbar

País de origem BrasilLançada em 2002Teor alcoólico 4,8% vol.Temperatura ideal 3˚- 5˚C

Eisenbahn Pale AleCervejaria Eisenbahn | www.eisenbahn.com.br

A Cervejaria Eisenbahn (que significa “estrada de ferro” em alemão) foi criada em julho de 2002 por Juliano Mendes e sua família, na cidade de Blumenau, no estado de Santa Catarina, no sul do Brasil. Insatisfeito com as cervejas dis-poníveis para consumo de massa, Mendes embarcou em um empreendimento ambicioso para desafiar cervejarias bem estabelecidas ao produzir bebidas de alta qualidade a partir de receitas e métodos tradicionais.

A Eisenbahn Pale Ale é produzida segundo as tradi-ções das clássicas pale ales belgas. Uma das pouquíssimas pale ales disponíveis não apenas no Brasil, mas em toda a América do Sul, a Eisenbahn Pale Ale é, indiscutivelmente, a melhor. Como acontece com outras criações da cer-vejaria, esta bebida obedece à Lei de Pureza da Baviera, de 1516. O que demonstra que, mesmo em um clima subtropical, a adição de aditivos, como conservantes e estabilizadores, simplesmente não é necessária e que, em geral, sua utilização serve a interesses comerciais e não aos consumidores.

Uma combinação de três maltes e uma mistura secreta de lúpulos do Velho e do Novo Mundo conferem a esta cerveja boa parte de sua personalidade singular e a separam de suas contemporâneas. Não é por acaso que a Eisenbahn está localizada em Blumenau. A cidade atraiu muitos imigrantes alemães no passado e eles trouxeram consigo os métodos de produção tradicional e sua experiência. Infelizmente, muitas dessas pequenas cervejarias tradicionais foram obrigadas a fechar as portas pela atuação de grandes empresas, mais interessadas no volume de vendas do que na qualidade da produção. A Eisenbahn representa um bem-vindo retorno às tradições da pureza na produção cervejeira. AH

Notas de degustaçãoCom o corpo louro e coroa de espuma branca, a Eisenbahn Pale Ale oferece um aroma picante, resultado da mistura de lúpulos. Bem equilibrada e maltada ao paladar, tem um final seco e amargo, de forma refrescante. Excelente com salsichão ou queijos Emmental e Gouda.

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