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0. Ruido Ambiental

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Captulo 6

1

O Rudo Ambiental

Os altos nveis de rudo urbano tm se transformado, nas ltimas dcadas, em uma das formas de poluio que mais tem preocupado os urbanistas e arquitetos. Os valores registrados acusam nveis de desconforto to altos que a poluio sonora urbana passou a ser considerada como a forma de poluio que atinge o maior nmero de pessoas. Assim, desde o congresso mundial sobre poluio sonora em 1989, na Sucia, o assunto passou a ser considerado como questo se sade pblica. Entretanto, a preocupao com os nveis de rudo ambiental j existia desde 1981 pois, no Congresso Mundial de Acstica, na Austrlia, as cidades de So Paulo e do Rio de Janeiro passaram a ser consideradas as de maiores nveis de rudo do mundo. Nas cidades mdias brasileiras, onde a qualidade de vida ainda preservada, o rudo j tem apresentado nveis preocupantes, fazendo com que vrias delas possuam leis que disciplinem a emisso de sons urbanos.

Numa viso mais ampla, o silncio no deve ser encarado apenas como um fator determinante no conforto ambiental, mas deve ser visto como um direito do cidado. O bem-estar da populao no deve tratado apenas com projetos de isolamento acstico tecnicamente perfeitos mas, alm disso, exige uma viso crtica de todo o ambiente que vai receber a nova edificao. necessria uma discusso a nvel urbanstico.

Outro conceito importante a ser discutido se refere as comunidades j assentadas ameaadas pela poluio sonora de novas obras pblicas. A transformao de uma tranqila rua em avenida, a construo de um aeroporto ou de uma auto-estrada, ou uma via elevada, podem elevar o rudo a nveis insuportveis.

1. Avaliao do Rudo Ambiental

O mtodo mais utilizado para avaliar o rudo em ambientes a aplicao das curvas NC (Noise Criterion) criadas por Beranek em pesquisas a partir de 1952 (ver na bibliografia os vrios trabalhos desse autor). Em 1989 o mesmo autor publicou as Curvas NCB (Balanced Noise Criterion Curves), com aplicao mais ampla. So vrias curvas representadas em um plano cartesiano que apresenta no eixo das abscissas as bandas de freqncias e, no eixo das ordenadas, os nveis de rudo. Cada curva representa o limite de rudo para uma da atividade, tendo em vista o conforto acstico em funo da comunicao humana.

A Fig. 6.1 apresenta as curvas NCB e a Tabela 6.1 o limite de utilizao para vrias atividades. Por exemplo, a curva NC-10 estabelece o limite de rudo para salas de concerto, estdios de rdio ou TV; a curva NC-20 o limite para auditrios e igrejas; a curva NC-65 (a de maior nvel) o limite para qualquer trabalho humano, com prejuzo da comunicao mas sem haver o risco de dano auditivo. A Norma Brasileira NBR 10.151 adotou estas curvas como padro, estabelecendo uma tabela (Tabela 6.2) com limites de utilizao.

dB [ref. 20 SYMBOL 109 \f "Symbol"Pa]

Fig. 4.1 - Curvas Critrio de Rudo Balanceadas (NCB) (BERANEK, 1989 e BERANEK, 1989).

No Brasil, os critrios para medio e avaliao do rudo em ambientes so fixados pelas Normas Brasileiras da Associao Brasileira de Normas Tcnicas. As principais so :

\SYMBOL 232 \f "Wingdings" NBR 7731 - Guia para execuo de servios de medio de rudo areo e avaliao dos seus efeitos sobre o homem;

\SYMBOL 232 \f "Wingdings" NBR 10151 - Avaliao do rudo em reas habitadas visando o conforto da comunidade;

\SYMBOL 232 \f "Wingdings" NBR 10152 (NB-95) - Nveis de rudo para conforto acstico.

Nesta ltima norma, a fixao dos limites de rudo para cada finalidade do ambiente feita de duas formas : pelo nvel de rudo encontrado em medio normal (em dB(A)), ou com o uso das curvas NC ou NCB (Tabela 6.2).

Tabela 6.1 - Limite de utilizao para vrias atividades humanas em funo das curvas NCB, estabelecidas por Beranek.

Curva NCBTipo de ambiente que pode conter como mximo rudo, os nveis da da curva correspondente

10Estdios de gravao e de rdio (com uso de microfones distncia)

10 a 15Sala de concertos, de peras ou recitais (para ouvintes de baixos nveis sonoros)

20Grandes auditrios, grandes teatros, grandes igrejas (para mdios e grandes intensidades sonoras)

25Estdios de rdio, televiso, e de gravao (com uso de microfones prximos e captao direta)

30Pequenos auditrios, teatros, igrejas, salas de ensaio, grandes salas para reunies, encontros e conferncias (at 50 pessoas), escritrios executivos.

25 a 40Dormitrios, quartos de dormir, hospitais, residncias, apartamentos, hotis, motis, etc. (ambientes para o sono, relaxamento e descanso).

30 a 40Escritrios com privacidade, pequenas salas de conferncias, salas de aulas, livrarias, bibliotecas, etc. (ambientes de boas condies de audio).

30 a 40Salas de vivncia, salas de desenho e projeto, salas de residncias (ambientes de boas condies de conversao e audio de rdio e televiso).

35 a 45Grandes escritrios, reas de recepo, reas de venda e depsito, salas de caf, restaurantes, etc. (para condies de audio moderadamente boas).

40 a 50Corredores, ambientes de trabalho em laboratrios, salas de engenharia, secretarias (para condies regulares de audio).

45 a 55Locais de manuteno de lojas, salas de controle, salas de computadores, cozinhas, lavanderias (condies moderadas de audio).

50 a 60Lojas, garagens, etc. (para condies de comunicaes por voz ou telefone apenas aceitveis). Nveis acima de NCB 60 no so recomendadas para qualquer ambiente que exija comunicao humana.

55 a 70Para reas de trabalho onde no se exija comunicao oral ou por telefone, no havendo risco de dano auditivo.

Tabela 6.2. - Nveis de som para conforto, segundo a NBR 10152

LOCAISdB(A)Curvas NC

Hospitais

Apartamentos, Enfermarias, Berrios, Centros Cirrgicos

Laboratrios, reas para uso pblico

Servios35 -45

40 - 50

45 -5530 -40

35 -45

40 -50

Escolas

Bibliotecas, Salas de msica, Salas de desenho

Salas de aula, Laboratrios

Circulao35 -45

40 -50

45 - 5530 - 40

35 - 45

40 - 50

Hotis

Apartamentos

Restaurantes, Salas de estar

Portaria, Recepo, Circulao35 45

40 50

45 5530 - 40

35 - 45

40 - 50

Residncias

Dormitrios

Salas de estar35 45

40 5030 - 40

35 - 45

Auditrios

Salas de concerto, Teatros

Salas de Conferncias, Cinemas, Salas de uso mltiplo30 - 40

35 - 4525 - 30

30 35

Restaurantes40 - 5035 - 45

Escritrios

Salas de reunio

Salas de gerncia, Salas de projetos e de administrao

Salas de computadores

Salas de mecanografia30 - 40

35 - 45

45 - 65

50 - 6025 - 35

30 - 40

40 - 60

45 - 55

Igrejas e Templos40 - 5035 - 45

Locais para esportes

Pavilhes fechados para espetculos e ativ. esportivas45 - 6040 - 55

Trabalhos cientficos relacionados com o rudo ambiental demonstram que uma pessoa s consegue relaxar totalmente durante o sono, em nveis de rudo abaixo de 39 dB(A), enquanto a Organizao Mundial de Sade estabelece 55 dB(A) como nvel mdio de rudo dirio para uma pessoa viver bem. Portanto, os ambientes localizados onde o rudo esteja acima dos nveis recomendados necessitam de um isolamento acstico.

Acima de 75 dB(A), comea a acontecer o desconforto acstico, ou seja, para qualquer situao ou atividade, o rudo passa a ser um agente de desconforto. Nessas condies h uma perda da inteligibilidade da linguagem, a comunicao fica prejudicada, passando a ocorrer distraes, irritabilidade e diminuio da produtividade no trabalho. Acima de 80 dB(A), as pessoas mais sensveis podem sofrer perda de audio, o que se generaliza para nveis acima de 85 dB(A).

2. Avaliao da Perturbao da Comunidade

Para a avaliao dos nveis de rudo aceitveis em comunidades, existem 3 instrumentos legais que devemos seguir:

( A Resoluo CONAMA N. 001 - a Resoluo do Conselho Nacional do Meio Ambiente que visa controlar a poluio sonora. Fixa que so prejudiciais sade e ao sossego pblico os nveis de rudo superiores aos estabelecidos na Norma NBR 10.151; para edificaes, os limites so estabelecidos pela NBR 10.152.

( A Norma NBR 10.151 que fixa as condies exigveis para a avaliao da aceitabilidade do rudo em comunidades

( As Leis Municipais que devem ser criadas pela Cmara de Vereadores de cada municpio, compatveis com a Resoluo CONAMA N. 001.

A Norma NBR 10.151 estabelece o mtodo de medio e os critrios de aceitao do rudo em comunidades. No final deste captulo apresentado um resumo da aplicao desta norma.

Resumo da aplicao da Norma NBR 10.151

Avaliao do Rudo em reas Habitadas Visando o Conforto da Comunidade

Objetivo: Fixa as condies para avaliao da aceitabilidade do rudo em comunidades. Especifica o mtodo de medio e os critrios de aceitao.

Equipamento: Usar o medidor de nvel sonoro, de acordo com a norma IEC 651, na escala de compensao A e resposta rpida.

Condies para medio: As medies devem ser efetuadas no local onde existe a reclamao, com 1,2 m acima do solo, 1,5 m de paredes e janelas.

Nvel de Rudo Medido (La): o nvel mdio de som medido no local da reclamao (A; rpida).

Nvel de Rudo Corrigido (Lc): o nvel de som proporcional ao incmodo comunidade, que nvel La corrigido pela tabela 1.

Tabela 1 - Correes aplicadas ao nvel La [dB(A)]

Caractersticas do rudodB(A)

Rudo com impactosRudo estacionrio com picos impulsivos+ 5

Rudo com impulsos discretosPresena de componentes tonais audveis+ 5

Som intermitente com pausas, nas seguintes porcentagens :Entre 100 e 56 %

56 e 18 %

18 e 6 %

6 e 1,8 %

1,8 e 0,6 %

0,6 e 0,2 %

menor que 0,2 %0

- 5

- 10

- 15

- 20

- 25

- 30

Avaliao dos Nveis Limites Rudo : existem 2 critrios : o Critrio Geral, usado para zoneamento urbano, e Critrio de Rudo de Fundo, para rudos localizados.

Critrio Geral : dado pela equao e pelas tabelas 2 e 3:

Nc = 45 + Cp + Cz [dB(A)]

Tabela 2 - Fator de correo Cp para o Critrio Geral

PerodoCp [dB(A)]

Diurno0

Noturno- 5

Tabela 3 - Fator de correo Cz para o Critrio Geral

Tipo de ZonaCz [dB(A)]

Zona de hospitais0

Residencial Urbana+ 10

Centro da Cidade (comrcio)+ 20

Zona Industrial+ 25

Critrio do Rudo de Fundo (Nf): deve ser usado no caso de queixas sobre um rudo determinado num lugar especfico. Deve ser medido o rudo de fundo no local da reclamao ( a mdia dos mnimos valores lidos no mostrador do medidor).

Respostas da Comunidade : Quando o Nvel Corrigido de Rudo (Lc) ultrapassa os Nveis Limites de Rudo (Nc ou Nf) devem ocorrer reclamaes da comunidade, conforme a tabela 4.

Tabela 4 Resposta estimada da comunidade ao rudo

Valor em dB(A) em que Lc ultrapassa Nc ou NfDescrio

0No se observa reao

5Queixas espordicas

10Queixas generalizadas

15Ao comunitria

20Ao comunitria enrgica