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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.140/2006-6 GRUPO I – CLASSE III – 1ª Câmara TC-024.140/2006-6 Natureza: Relatório de Auditoria. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região – TRT/5ª Região. Responsáveis: Dolores Correia Vieira, CPF n. 086.484.095-00; Marama dos Santos Carneiro, CPF n. 004.426.405- 44; Roberto Freitas Pessoa, CPF n. 028.240.275-68; e Joaquim Augusto Bandeira Júnior, CPF n. 076.729.345- 20. SUMÁRIO: AUDITORIA. ÁREA DE LICITAÇÕES E CONTRATOS. FRACIONAMENTO DE DESPESA. FALTA DE PROJETO BÁSICO REFERENTE A CURSOS. CELEBRAÇÃO DE CONTRATO COM EFEITO RETROATIVO E COM PRAZO INDETERMINADO. INOBSERVÂNCIA DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. CONTRATAÇÃO DIRETA, COM BASE NO ART. 24, INCISO XIII, DA LEI N. 8.666/1993. NECESSIDADE DE JUSTIFICATIVA DO PREÇO. DETERMINAÇÕES COM VISTAS A COIBIR A REINCIDÊNCIA DAS FALHAS APONTADAS. 1. A contratação direta, com base no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, além de preencher os requisitos legais do dispositivo mencionado, deve ocorrer somente nas hipóteses em que restar comprovado o nexo efetivo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto contratado, bem como a compatibilidade com os preços de mercado, nos termos da Súmula de Jurisprudência do TCU n. 250. 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 024.140/2006-6

GRUPO I – CLASSE III – 1ª Câmara

TC-024.140/2006-6

Natureza: Relatório de Auditoria. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região – TRT/5ª Região. Responsáveis: Dolores Correia Vieira, CPF n. 086.484.095-00; Marama dos Santos Carneiro, CPF n. 004.426.405-44; Roberto Freitas Pessoa, CPF n. 028.240.275-68; e Joaquim Augusto Bandeira Júnior, CPF n. 076.729.345-20.

SUMÁRIO: AUDITORIA. ÁREA DE LICITAÇÕES E CONTRATOS. FRACIONAMENTO DE DESPESA. FALTA DE PROJETO BÁSICO REFERENTE A CURSOS. CELEBRAÇÃO DE CONTRATO COM EFEITO RETROATIVO E COM PRAZO INDETERMINADO. INOBSERVÂNCIA DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. CONTRATAÇÃO DIRETA, COM BASE NO ART. 24, INCISO XIII, DA LEI N. 8.666/1993. NECESSIDADE DE JUSTIFICATIVA DO PREÇO. DETERMINAÇÕES COM VISTAS A COIBIR A REINCIDÊNCIA DAS FALHAS APONTADAS. 1. A contratação direta, com base no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, além de preencher os requisitos legais do dispositivo mencionado, deve ocorrer somente nas hipóteses em que restar comprovado o nexo efetivo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto contratado, bem como a compatibilidade com os preços de mercado, nos termos da Súmula de Jurisprudência do TCU n. 250.2. O conjunto das ocorrências verificadas na área de licitações e contratos enseja a expedição de determinações pertinentes a fim de coibir a reincidência das falhas.

RELATÓRIO

Estes autos tratam da Auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo no Estado da Bahia – Secex/BA no Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região – TRT/5ª Região, no período de 26/10 a 07/12/2006, em cumprimento ao Acórdão n. 2.046/2005 – Plenário, com o objetivo de verificar a legalidade dos processos licitatórios e das contratações realizadas pelo órgão nos exercícios de 2003 a 2006 (fls. 23/53). 2. A equipe de auditoria encontrou evidências para as seguintes ocorrências:

2.1. fracionamento de despesa, sem utilização da modalidade correta de licitação (verificada nos exercícios de 2005 e 2006);

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2.2. contratação direta em detrimento da realização de licitação prévia, que seria o procedimento mais indicado (exercícios de 2004, 2005 e 2006);

2.3. falta de formalização de contratos e termos aditivos referentes ao Processo n. 142/2004;

2.4. termo de contrato sem cláusulas necessárias e obrigatórias (Processo n. 142/2004);2.5. presença de cláusula restritiva de participação nos certames consistente na exigência

de prévio cadastramento no Sicaf – Sistema de Cadastramento de Fornecedores como condição para participar nas licitações promovidas pelo órgão, sem a previsão adicional de aceitação da participação no certame de interessados que, embora não cadastrados, atendessem às formalidades legais (exercícios de 2005 e 2006);

2.6. contratação direta do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, com a utilização de convênios firmados entre o TRT/BA e a entidade, com pagamento de taxa de administração (denominada nos convênios de “Taxa de Programa Educacional”), para a contratação de bens e serviços comuns, a exemplo de serviços de manutenção, reparos e confecção de mobiliário, em detrimento da realização de procedimento licitatório, constituindo-se tais convênios em contratos para aquisição de bens e serviços por contratação direta (exercícios de 2003 a 2006); e

2.7. realização de despesas que não se harmonizam com as atribuições do órgão, sem respaldo legal e contrárias ao entendimento do TCU (Processos ns. 431/2005, 474/2005 e 032/2006). 3. Em razão de tais apurações, a Secex/BA propôs a realização de audiência dos responsáveis a seguir indicados relativamente às falhas ocorridas nos períodos de suas respectivas gestões: Sra. Dolores Correia Vieira, Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa, todos ex-Presidentes do TRT/5ª Região, e Joaquim Augusto Bandeira Júnior, Diretor-Geral do órgão trabalhista (fls. 48/56). 4. No Despacho de fl. 57, decidi, em decorrência das falhas relacionadas a 2003 e 2004, remeter os autos ao Ministério Público junto ao TCU, a fim de que avaliasse a oportunidade e a conveniência de interpor recursos de revisão contra as deliberações de mérito já proferidas nas contas anuais do TRT/5ª Região dos mencionados exercícios de 2003 (TC n. 005.233/2004-8) e 2004 (TC n. 010-104/2005-0), as quais foram julgadas regulares pelo TCU (Acórdãos ns. 1.204/2006 – 2ª Câmara e 1.754/2007 – 1ª Câmara, respectivamente). 5. Quanto às ocorrências referentes a 2005 e 2006, autorizei a realização das audiências sugeridas pela unidade instrutiva (fl. 57).6. O Ministério Público junto ao TCU, representado pelo Procurador Marinus Eduardo De Vries Marsico, no Parecer de fls. 58 e 59, resolveu, após detida análise sobre a matéria, não interpor recurso de revisão contra a deliberação proferida nas contas do exercício de 2004 do TRT/5ª Região. 7. O Parquet informou, ainda, que protocolizou recurso de revisão nos autos do TC n. 005.233/2004-8 contra a decisão que julgou regulares com ressalva as contas relativas a 2003 da Sra. Dolores Correia Vieira, então Presidente, do Sr. Roberto Freitas Pessoa, à época Vice-Presidente e signatário do Convênio de que trata o Processo n. 175/2003, e do Sr. Joaquim Augusto Bandeira Júnior, Diretor-Geral. Ao mesmo tempo, manifestou-se pelo sobrestamento do julgamento do recurso apresentado e sugeriu que as audiências dos responsáveis, Srs. Roberto Freitas Pessoa, Dolores Correia Vieira e Joaquim Augusto Bandeira Júnior, relativas às falhas observadas no Processo n. 175/2003, fossem realizadas nestes autos, inclusive o exame das eventuais defesas oferecidas, devendo o resultado dessa análise ser posteriormente levado às contas reabertas. 8. Nesse contexto, determinei o encaminhamento deste processo à Secex/BA para que providenciasse as audiências dos gestores, conforme Despacho de fl. 57, bem como dos responsáveis indicados pelo Ministério Público/TCU, acerca da ocorrência que especificou (fl. 60).9. Na sequência, foram promovidas as audiências dos responsáveis então relacionados (fls. 61/72), havendo todos apresentado razões de justificativa, as quais foram acostadas aos autos às fls. 77/95, 97/144, 152/157 e 166/187.10. Reproduzo a seguir, com alguns ajustes de forma, excertos da instrução elaborada no

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âmbito da Secex/BA, na qual os elementos de defesa então oferecidos pelos gestores foram assim resumidos e examinados (fls. 219/241, v. 1):

“7.1. Responsável: Sra. Dolores Correia Vieira, período de 1º/01/2003 a 04/11/2003:Ocorrência: a) Assinatura e/ou manutenção do Convênio firmado com o Liceu de Artes e

Ofícios – Processo TRT n. 09.53.03.0175-35, para execução de serviços comuns, com dispensa de licitação fundamentada no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993, em detrimento de processo licitatório para escolha de empresa existente no mercado, com preço vantajoso para a Administração Pública, em regular situação cadastral com o Governo Federal e, sem a cobrança de ‘Taxa de Administração’ tão alta (34%); pois, em caso de Convênio, tal taxa é irregular (art. 8º, inciso I, da IN/STN n. 01/1997);

Justificativa: Informa (fl. 154) que o contrato em tela firmado em 31/05/2003 se deu em continuidade à prestação dos serviços executados por funcionários do Liceu de Artes e Ofícios, serviços estes que vinham sendo avaliados como excelentes pelos gestores dos contratos.

Acrescenta, ainda, que o contrato foi renovado com dispensa de licitação, com substrato no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993, em virtude de a instituição contratada ser filantrópica, sem fins lucrativos; fato esse que lhe conferia o direito de receber valores referentes a Taxa de Programa Educacional na ordem de 20% (vinte por cento) do salário base. Desde o início da vigência do contrato do TRT da 5ª Região com o Liceu de Artes e Ofícios que a referida Taxa passou a ser repassada para a contratada na ordem de 20% (vinte por cento) do salário base, mais os valores de encargos sociais, entendimento que se encontrava amparado no Decreto Federal n. 752, de 16/02/1993, art. 2º, inciso IV, que lhe autorizava proceder ao cálculo sobre o valor total da fatura, sem exclusão de encargos. Assim, sempre ocorreu o pagamento da Taxa de Programa Educacional na ordem de 20%, calculado sobre o salário base, acrescido de encargos sociais, e não cobrança de taxa de administração da ordem de 34% (trinta e quatro por cento).

Análise: A justificativa apresentada não elide a irregularidade aqui apontada, tampouco é capaz de trazer novo entendimento ao firmado pela Equipe de Auditoria quando da realização dos trabalhos, ou seja, o Convênio em questão – o primeiro de uma série de instrumentos firmados com a mesma Entidade com dispensa de licitação – era, por suas características, um pacto de natureza eminentemente contratual. Havia a previsão de pagamentos de taxa de administração, o serviço era comum e existiam inúmeras empresas no mercado em condições de executá-lo. Os valores envolvidos eram elevados, apenas em 2003 alçaram a cifra de R$ 530.890,12. No período de 2003 a 2006 o valor foi de R$ 5.110.923,33.

O TCU tem se manifestado em diversas oportunidades acerca das características de Convênio e Contrato, bem como sobre a discricionariedade da Administração na realização da opção pelo instrumento a ser adequadamente viabilizado, ficando claro que o convênio é o acordo que tem por partes órgãos, entidades da Administração e organizações particulares, celebrado quando os objetivos são recíprocos e há cooperação mútua. No contrato, o interesse das partes é diverso, pois a Administração tem como finalidade a realização do objeto contratado e ao particular interessa o valor do pagamento correspondente:

‘Enquanto os contratos abrangidos pela Lei n. 8.666/1993 são necessariamente precedidos de licitação – com as ressalvas legais – no convênio não se cogita de licitação, pois não há viabilidade de competição quando se trata de mútua colaboração, sob variadas formas, como repasse de verbas, uso de equipamentos, de recursos humanos, de imóveis, de ‘Know-how’. Não se cogita de preços ou de remuneração que admita competição.’ Decisão n. 686/1998 Plenário (Voto do Ministro Relator).

No convênio, os partícipes visam exclusivamente à consecução de um determinado objeto, de comum interesse. Por esse motivo é que não se admite a obtenção de qualquer vantagem que exceda o interesse comum pretendido com o próprio objeto, como, por exemplo, a percepção de taxa de administração, sob pena de desconfiguração do ajuste. Já o contrato pressupõe interesses

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opostos (diferenciados), existindo sempre uma contraprestação, um benefício, uma vantagem. (Súmula da Consultoria Zênite n. 042, de junho/1999).

Ocorrência: b) Pagamento, regularmente, de faturas no período de 21 ou 22 de um mês a 22 ou 23 do outro, em desacordo com o estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO;

Justificativa: Informa que apesar do desencontro das emissões das faturas e a previsão contratual, não há que se falar de irregularidade, visto que o contrato anterior (Proc. Número 09.53.98.0328/35) já previa o período de faturas como sendo 21 ou 22 de um mês a 22 ou 23 do outro, o que vinha ocorrendo sem solução de continuidade. Ademais, não foi constatado nenhum prejuízo ao contratante ou à contratada, haja vista que não havia consequência danosa para o Tribunal, tão pouco para o erário, não havendo irregularidade a ser imputada ao gestor.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha formal apontada. Entendemos que deva ser determinado à Unidade que cumpra fielmente as cláusulas pactuadas nos contratos, notadamente quanto à data de pagamento, visando garantir a regular execução, bem como o fiel cumprimento do Termo, em conformidade com o art. 66 da Lei n. 8.666/1993.

Ocorrência: c) Faturas sem referência ao número do empenho e processo, conforme estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO;

Justificativa: Esclarece que a ocorrência apontada foi meramente formal, nas faturas relacionadas constam o número do processo e há descrição detalhada dos serviços prestados, não havendo, portanto, dano ao erário.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha formal indicada. Entendemos que deva ser determinado à Unidade que cumpra fielmente as cláusulas pactuadas nos contratos, visando a garantir a regular execução, bem como o fiel cumprimento do Termo, em conformidade com o art. 66 da Lei n. 8.666/1993.

Ocorrência: d) Cálculo e pagamento indevido da ‘Taxa de Programa Educacional’ no percentual de 34% sobre o Salário Base, em vez dos 20% estipulados no Termo de Convênio (conforme Tabelas em anexo).

Justificativa: Informa que ‘nunca existiu pagamento de Taxa de Programa Educacional no percentual de 34% (trinta e quatro por cento) sobre o salário base. Foi efetuado pagamento da referida taxa no percentual de 20% (vinte por cento) da receita bruta, com amparo no art. 2º, inciso IV, do Decreto Federal n. 752/1993(...). Assim, impõe-se a conclusão de que o percentual aplicado a Taxa de Programa Educacional no referido contrato foi de 20% (vinte por cento) do valor bruto da receita, em obediência ao dispositivo legal supra referido.’

Análise: Ante as justificativas apresentadas entendemos, s.m.j., que a ‘Taxa de Programa Educacional’ aplicada foi, realmente, de 20% sobre a receita bruta, em obediência ao dispositivo legal.

7.2. Responsável: Sra. Marama dos Santos Carneiro, período de 05/11/2003 a 07/11/2005:Ocorrência: a) Fracionamento de despesa para fugir da obrigatoriedade de realização de

processo licitatório prévio e/ou da escolha da modalidade legalmente estabelecida, contrariando os arts. 23, §§ 1º, 2º e 5º, e 24, inciso II, da Lei n. 8.666/1993. (Processos ns. 074/2005, 189/2005, 190/2005, 218/2005, 366/2005, 375/2005, 185/2005, 196/2005, 202/2005, 250/2005, 252/2005, 330/2005, 337/2005 e 348/2005);

Justificativas: Processo n. 074/2005: Contratação de profissional especializado para realizar treinamento

para servidores relativo ao sistema Windows XP; Processo n. 189/2005: Curso de Excel Avançado. Aplicação da planilha eletrônica para

elaboração de cálculos; Processo n. 190/2005: Curso de Word Avançado; e Processo n. 218/2005: Curso de Excel Básico.Informa que todos os cursos contratados por meio dos referidos processos destinaram-se ao

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aperfeiçoamento dos servidores deste Tribunal, tanto da capital como do interior do Estado, com vistas à melhoria da prestação jurisdicional. O Departamento de Recursos Humanos submeteu as solicitações de autuação discriminando os cursos como se fossem de naturezas distintas e assim os entenderam todos os órgãos por onde tramitaram os processos. Por isso não foram levados em consideração os preços propostos de modo a somá-los, o que descaracteriza, em absoluto, a idéia de ‘fugir da obrigatoriedade de licitação’. Afinal, não havendo a consciência da similitude de objeto, não havia falar em licitação.

Acrescenta que os valores praticados em cada processo foram vantajosos para a Administração, ainda que o serviço tenha sido realizado por meio de dispensa de licitação, haja vista que os custos incorridos por pessoa/hora foram de R$ 2,08 no Processo n. 074/2005, R$ 2,68 no processo 189/2005, R$ 2,92 no Processo n. 190/2005 e R$ 3,97 no Processo n. 218/2005, valores abaixo dos praticados em recente licitação realizada com o mesmo objetivo (Processos ns. 341/2006 e 189/2007), cujo valor médio apurado por pessoa/hora foi de R$ 4,82 e R$ 5,35. Prosseguindo, ressalta que os cursos ministrados no interior do Estado têm a característica de incluir na contratação o custo do deslocamento para o próprio contratado. Finalizando, argumenta que apesar de ter utilizado o procedimento de dispensa, pelas razões apresentadas, a Administração buscou contratar as propostas mais vantajosas, aliando o critério financeiro ao de qualidade profissional, sem acarretar qualquer prejuízo ao erário.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável nos Processos ns. 074/2005, 189/2005, 190/2005, 218/2005 evidencia, como confirmado em trecho de sua defesa (...), que o fracionamento, ainda que não intencional – visando burla de procedimento licitatório, ocorreu; ficando evidente a falta de planejamento da Unidade de Recursos Humanos quanto às necessidades de treinamentos dos servidores.

Quanto ao custo pessoa/hora (Processos ns. 074/2005, 189/2005, 190/2005 e 218/2005) ter sido o mais vantajoso para a Administração é discutível, haja vista que as planilhas enviadas aos ‘licitantes’ não estavam com o nível de detalhamento necessário para a devida formação de custos e apresentação de preços dos serviços pelos licitantes, pois faltavam dados elementares tais como:

Projeto Básico/Planilha/Edital detalhado do curso a ser ministrado: dados referentes ao local, número de alunos, conteúdo completo do curso, carga horária e definição prévia de custo (por aluno, por turma). O que se observa é que as firmas consultadas apresentaram conteúdos, cargas horárias e custos divergentes, em face de uma solicitação imprecisa, sem indicação de estudos técnicos preliminares, dificultando, até mesmo inviabilizando, a escolha da melhor proposta, pois não foram apresentadas de acordo com uma solicitação padrão para todas, cada uma apresentou seu valor levando em consideração suas peculiaridades.

Falta de planejamento da Unidade de Recursos Humanos quanto ao levantamento das necessidades dos servidores, pois houve, em alguns treinamentos, número de alunos insuficiente e em outros excessivo, por turma, e até mesmo adiamento de curso em face ao reduzido número de participantes;

Pacote de curso fechado inicialmente, para ser ministrado nas dependências do TRT da capital sendo posteriormente transferido para o interior, modificando o objeto inicialmente contratado;

O valor contratado com Pedro Vieira Neto, no exercício de 2005, R$ 21.860,00, ultrapassa o limite de licitação estabelecido na Lei n. 8.666/1993 para compras/serviços, caracterizando um fracionamento de despesa, descumprindo o art. 23, § 5º, da Lei n. 8.666/1993.

Justificativas:Processo n. 366/2005: (Aquisição de perfis e placas de forro para o Edf. Góes Calmon) e

Processo n. 375/2005: (Aquisição de peças ‘aviãozinho’, cantoneiras e recolocação de quadrados de estrutura de perfil de forro do Edf. Góes Calmon).

Informa que, embora a descrição dos objetos aparente semelhança, as informações dos

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processos revelam situações que ensejaram a adoção de medida ordeira da Administração (...).No primeiro caso (Processo n. 366/2005), a Administração, depois de realizadas as

necessárias cotações de preço, solicitou a compra dos materiais ao preço de R$ 7.920,00. Fato ocorrido em 31/08/2005; já no segundo caso, quando da retirada de outros forros para serviço de manutenção, ocorreu, segundo o Diretor da Secretaria Administrativa, danos materiais àquela estrutura, gerando a necessidade de contratação de outra empresa para colocação do forro. Fato ocorrido em 16/09/2005.

Acrescenta que não se trata de falta de planejamento, pois a Administração procurou da forma mais econômica possível, reformar um imóvel com mais de 20 anos de construção e que há 12 anos estava desabitado, sem receber qualquer manutenção neste aspecto, a fim de prepará-lo para a inauguração do novo Fórum Trabalhista, cuja inauguração estava marcada para o dia 12/10/2005. De fato, o curto prazo inviabilizaria qualquer procedimento licitatório. Em ambos os casos buscou-se a apresentação da proposta mais barata para o Erário Público.

Análise: A argumentação apresentada pela gestora (Processos ns. 366/2005 – Aquisição de perfis e placas de forro para o Edf. Góes Calmon e 375/2005 – Aquisição de peças ‘aviãozinho’, cantoneiras e recolocação de quadrados de estrutura de perfil de forro do Edf. Góes Calmon) quanto à ocorrência de fatos imprevistos e de solução imediata (retirada de forro e consequente danificação da estrutura) havendo necessidade de contratação de nova empresa para execução do serviço (colocação do forro) nos parece razoável tendo em vista que em obras de reformas podem surgir serviços inesperados e de execução imediata, ainda mais em caso de prédio construído há mais de 20 anos e desabitado há mais de 12 anos.Justificativas:

Informa que embora a descrição dos objetos aparente pertencerem ao mesmo universo, as informações dos processos revelam situações ímpares, que julga não macularem o planejamento:

Processo n. 185/2005: Aquisição de monitores de vídeo;A aquisição de dois monitores de vídeo para a Assessoria de Comunicação, buscou dotar

aquele setor de monitores especiais, específicos para incremento dos trabalhos de edição de vídeo.

Processo n. 196/2005: Aquisição de placa de captura de vídeo;A aquisição de placas de captura de vídeo, do mesmo modo, veio atender demanda específica,

não se confundindo com o material de informática de uso cotidiano. Processo n. 202/2005: Aquisição de servidores de arquivos e impressão;A aquisição de servidores de arquivos e impressão para Workgroup, equipamento de maior

complexidade, utilizado pela Secretaria de Informática do TRT/BA, foi feita na modalidade PREGÃO; assim sendo não há razão de sua inclusão no item de auditoria relativo às dispensas de licitação.

Processo n. 250/2005: Aquisição de mídias de DVD e CD e gravadores de DVDs;A Aquisição de mídias de DVD e CD e DVD e gravadores de DVD ocorreu em momento

posterior, tendo como destinatária a Assessoria de Comunicação.Processo n. 252/2005: Aquisição de duplicador de CD e impressora de CD;A aquisição de duplicador de CD e uma impressora de CD para o Departamento de

Desenvolvimento de recursos humanos teve por finalidade a ampliação do material utilizado nos cursos a distância implantados no Tribunal e que, na medida do possível, passaram a ser adotados, em face das grandes distâncias entre Varas do Trabalho e a sede do Tribunal.

Processo n. 330/2005: Aquisição de placas de rede wireless; A aquisição de placas de rede wireless (sem fio) para o Edifício Góes Calmon buscou dotar o

novo Fórum de equipamento moderno, utilizando a tecnologia de rede sem fio, decisão que levou em consideração tanto as dificuldades encontradas para realizar cabeamento no prédio que passou a abrigar as Varas do trabalho, quanto pela proximidade da data de inauguração daquele prédio (12/10/2005). Considerando, no entanto, que tal aquisição foi feita na modalidade

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PREGÃO; assim sendo não há razão de sua inclusão no item de auditoria relativo às dispensas de licitação.

Processo n. 337/2005: Aquisição de monitores LCD; O processo destinado à aquisição de monitores LCD foi CANCELADO ainda na fase inicial,

sem que tenha gerado qualquer relação de direito; assim sendo não há razão para a sua inclusão como item ressalvado.

Processo n. 348/2005: Aquisição de cartuchos para impressora.A aquisição de 20 unidades de cartucho se deu por dispensa de licitação em face de ter sido

frustrada a licitação anterior, situação amparada pelo art. 24, V, da Lei de Licitações.Análise: Em que pese as informações prestadas, entendemos que não houve um efetivo

planejamento pela Secretaria de Informática quanto às aquisições efetivadas, acarretando compras fracionadas, haja vista que se processaram de maneira isolada, visando suprir as necessidades imediatas de setores distintos, em períodos próximos; não ficando evidenciado durante os trabalhos in loco, bem como nas justificativas apresentadas, diretrizes claras e objetivas para a aquisição de bens e prestação de serviços de informática traçadas por aquela Secretaria. Ressalte-se, ainda, que com a instalação do novo Fórum Trabalhista tal planejamento já deveria cobrir todas as demandas das novas Varas e demais setores da Casa, não se justificando aquisições parceladas devido a situações imprevistas ou necessidades imediatas, decorrentes da mudança para nova sede.

Verifica-se que houve parcelamento nas aquisições, talvez por falta de planejamento. Entendemos que deva ser alertado à Unidade que planeje as compras de modo a evitar a realização de despesas que possam caracterizar fracionamento, tendo em vista o disposto no inciso II do art. 24 da Lei n. 8.666/1993.

Ocorrência: b) Recibos de pagamento emitidos sem referência aos respectivos Planos de Treinamento e Desenvolvimento, ou seja, sem o período, número de alunos por turma e local do curso, impossibilitando a correlação entre os pagamentos efetuados e os serviços efetivamente prestados necessários à liquidação da despesa, art. 63 da Lei n. 4.320/1964 – Processos TRT ns. 074/2005, 189/2005, 190/2005 e 218/2005.

Justificativa: Informa que nos processos apontados os recibos de pagamento se fizeram acompanhar dos respectivos planos de treinamento e desenvolvimento, onde estão registradas as questionadas informações, daí entender preenchida a exigência legal.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha formal apontada, tendo em vista que os documentos constantes no Anexo 2 destes autos evidenciam a impropriedade apontada, pois os planos de treinamento e desenvolvimento nem sempre foram devidamente preenchidos, faltando informações completas acerca do serviço prestado, tais como: número de alunos x turma x local x período, para a devida caracterização do objeto contratado e posterior liquidação e pagamento. Entendemos que deva ser alertado à Unidade que proceda ao devido preenchimento dos Planos de Treinamento e Desenvolvimento – PTD anexados aos processos de pagamentos, a fim de subsidiar a Contabilidade quando da liquidação da despesa, bem como a análise pelos órgãos de controle.

Ocorrência: c) Ausência de Projeto Básico/Planilha/Edital detalhado dos cursos de informática a serem ministrados, contendo o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequada, para caracterizar o serviço, ou seja, dados referentes ao local, número de alunos, conteúdo completo do curso, carga horária e definição prévia de custo – por aluno, por turma, consoante estabelece os arts. 6º, inciso IX, e 7º, inciso I, e § 2º, inciso I, da Lei n. 8.666/1993 (Processos TRT ns. 074/2005, 189/2005, 190/2005 e 218/2005).

Justificativa: Informa que os detalhamentos apontados na auditoria integram todas as propostas apresentadas. Em nenhum dos processos há questionamentos, o que demonstra ter havido adequado nível de precisão dos conteúdos. Isto porque a área de Recursos Humanos, responsável pelas capacitações, ao realizar os convites costuma solicitar tais dados às empresas

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participantes. Desta maneira, entende haver cumprido tal formalidade. Acrescenta que o entendimento esposado será informado à atual Administração, a fim de que os referidos dados constem dos processos, de forma a deixar mais claros os aspectos contratuais envolvidos.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha apontada, tendo em vista que não consta dos autos Projeto Básico/Planilha/Edital detalhado do curso a ser ministrado, contendo o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequada, para caracterizar o serviço, ou seja, dados referentes ao local, número de alunos, conteúdo completo do curso, carga horária e definição prévia de custo (por aluno, por turma). O que se observa – fato inclusive confirmado pela responsável – é que as firmas consultadas apresentaram seus dados.

Apresentaram conteúdos, cargas horárias e custos divergentes devido a solicitação imprecisa, sem indicação de estudos técnicos preliminares, dificultando, até mesmo inviabilizando, a escolha da melhor proposta, pois não foram apresentadas de acordo com uma solicitação padrão para todas, cada uma apresentou seu valor levando em consideração suas peculiaridades. Mais uma vez ficou caracterizada a ausência de planejamento da Unidade – de Recursos Humanos e/ou de Informática, pois, entendemos, s.m.j, que tais setores devam trabalhar conjuntamente, pois o treinamento em questão envolve informações e atuação das áreas em comento.

Entendemos que deva ser alertado à Unidade que nos procedimentos licitatórios que patrocinar observe o disposto no art. 7º da Lei n. 8.666/1993 no pertinente à elaboração de Projeto Básico/Planilha.

Ocorrência: d) Contratação/execução, no exercício de 2005, de serviços de telefonia em desacordo com o entendimento do TCU (Acórdãos ns. 42/2003 e 354/2003 – Plenário).

Justificativa: Informa que a Portaria Normativa do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão n. 1, de 6/8/2008 estabelece que a contratação de prestação do serviço telefônico fixo comutado – STFC, de serviço móvel Celular – SMC, de serviço móvel pessoal – SMP, serviço móvel especial – SME e da chamada franqueada do serviço telefônico fixo comutado – STFC 0800, será realizada, quando possível a competição entre prestadoras, mediante certame licitatório, adotando-se como critério de julgamento das propostas o tipo menor preço, para os valores para a prestação do serviço.

Quanto ao STFC a única empresa com cobertura total na Bahia à época era, exatamente, a contratada (Telemar Norte Leste S. A – Processo 010/2004). As demais empresas do ramo não atendiam ao sistema de telefonia fixa (Embratel, Intelig), pois operavam para longa distância; e a Vésper, que não atendia integralmente, sequer, a capital. Ressalte-se que o procedimento ora questionado está fartamente justificado no Processo n. 09.53.00.0021-35, que teve como resultado as contratações da Intelig (DDI), Embratel (DDD para alguns Estados) e Telemar, que atendia aos Estados do Norte e Nordeste.

Acrescenta que desse modo o TRT não descumpriu a legislação pertinente. Antes, procurou se ater à lei de licitações, ante a impossibilidade de concorrência na área de telefonia fixa.

Quanto ao SMC, o Órgão de Controle Interno sugeriu a autuação de processo licitatório, pelo fato de não estarem mais em uso os aparelhos de propriedade do TRT/BA (cuja tecnologia somente permitia contratar com a Telebahia Celular), motivação que houvera dado azo à inexigibilidade do Processo 09.53.04.00011-35.

A Diretoria-Geral, tendo em vista a delegação de poderes, objeto da Portaria n. TRT05-003/2004, considerou inexigível a licitação, com fundamento no art. 25, caput, da Lei n. 8.666/1993, para fins de pagamento de notas fiscais pendentes, ao tempo em que determinou o retorno dos autos após o pagamento, para a deliberação do quanto sugerido pelo Órgão de Controle Interno – OCI.

Posteriormente, foi acolhida a sugestão do OCI, determinando-se que a inexigibilidade em curso teria vigência até a celebração do contrato no novo processo.

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Na ocasião, além dos aparelhos de propriedade do TRT/BA, cuja tecnologia somente era compatível com a da Vivo (Telebahia Celular), havia aparelhos cedidos em comodato por essa operadora, com plano de valor inferior ao normal. Ressalte-se que o referido comodato, com cláusula de renovação permanente dos equipamentos, para uso em serviço, foi a contrapartida exigida inicialmente pela Administração, em razão da permissão de uso de espaço localizado no telhado do fórum para instalação de uma antena rádio-base da mencionada operadora; posteriormente, dessa mesma permissão de uso surgiu para o Tribunal a contrapartida anual de um veículo zero Km, além dos próprios aparelhos que continuaram cedidos em comodato.

Assim, em que pese a adequação de procedimento licitatório para a utilização de serviço de telefonia móvel, como indicado pelo Órgão de Controle Interno e acolhido pelo Diretor-Geral/Ordenador de Despesa, em relação aos aparelhos cedidos em comodato pela operadora, a única forma de pagar pela utilização do serviço era através da contratação amparada na inexigibilidade da licitação.

Análise: Tal fato foi examinado por esta Regional, nas contas de 2004 – TC 010.104/2005-0, com determinação no sentido de que a Unidade realizasse processo licitatório para contratação de serviços de telefonia fixa e celular, exceto em situações extraordinárias que se enquadrassem nos arts. 24 e 25 da Lei n. 8.666/93, desde que devidamente fundamentadas e instruídas de acordo com o disposto no art. 26 da mesma Lei. Desta forma, deixamos de propor determinação neste sentido.

Quanto à permissão de uso de espaço localizado no telhado do fórum para instalação de uma antena rádio-base da mencionada operadora com contrapartida anual de um veículo zero km, não há comprovação nos autos que nos leve a concluir ser a dita contrapartida vantajosa para a Unidade, haja vista que várias operadas mantêm antena rádio-base em espaço de terceiros com pagamento mensal por tal uso. Entendemos que se deva rever os termos da referida Permissão de Uso (com a operadora Vivo) e introduzir um valor de contrapartida mensal financeiro de acordo com os praticados no mercado.

Ocorrência: e) Contratação mediante inexigibilidade de licitação, sem atentar para o amplo entendimento firmado neste TCU quanto à necessidade de realização de procedimento licitatório para reforma/conservação/manutenção de elevadores e escadas rolantes (DC-0575/98-P, DC-0117-11/99-P, DC-0176-15/99-P, AC-0518-29/01-1, DC-0078-04/02-P).

Justificativa: Informa que a contratação mediante inexigibilidade com a Atlas Schindler – Processo n. 430/2005 se deu em situação emergencial e por motivos de segurança. Devido à alteração no calendário de implantação das novas varas do Trabalho (Lei n. 10.770/2003), programadas inicialmente para serem de forma gradual, nos exercícios de 2004 (1 Vara), 2005 (1 Vara), 2006 (3 Varas), 2007 (7 Varas) e 2008 (8 Varas), ocorreu autorização do TST no sentido de implantação imediata de 14 Varas. Nesse contexto foi necessária a busca de imóvel que abrigasse as 14 novas Varas e as 25 já existentes, totalizando 39 Varas Trabalhistas na Capital. Foi firmado com o Banco do Brasil Acordo de Cooperação técnica e financeira, possibilitando a locação do imóvel de propriedade do Banco Econômico, em liquidação extrajudicial, sob intervenção do Banco Central, que embora recebesse os cuidados básicos por parte de seus mantenedores, necessitava de reformas de toda sorte, inclusive dos seus elevadores e escadas rolantes (marca Atlas Schindler); pois estavam sem uso há mais de 12 anos.

Depois de contatadas empresas do ramo, inclusive a própria Atlas Schindler, seguida de vistoria por elas efetivada, foi verificado que não só a substituição e a manutenção das peças seriam necessárias, mas também a confecção/fabricação de novas peças, situação essa só percebida com segurança pela fabricante dos equipamentos, que solicitou um prazo longo para resolver o impasse. Até lá, foram muitos os transtornos ocorridos nas dependências do fórum já instalado, onde há um movimento diário de 8.000 pessoas, o que está fartamente demonstrado nos autos.

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Acrescenta que ‘não houve, portanto, desrespeito à orientação do TCU. Ao contrário, buscou-se contratar com a certeza da eficiência pregada, sem trazer transtornos à coletividade.

Passados os piores momentos da implantação das novas varas, já se vislumbra a possibilidade de realização de licitação para o serviço de manutenção dos elevadores e escadas rolantes no edifício, agora dotados de peças recentemente fabricadas, inclusive os comandos elétricos que não mais existiam, fato que, esperamos, estimulará o interesse das demais empresas.

Finalizando, cumpre assinalar que o Processo n. 430/2005 somente foi autuado em 14/11/2005, após o término da nossa gestão’.

Análise: A exemplo do ocorrido com a colocação de forros, entendemos que a justificativa apresentada no item 7.2, ‘a’, nos parece razoável tendo em vista o tempo em que o imóvel foi construído (20 anos), bem como o tempo em que ficou desabitado (12 anos), acarretando o desgaste das peças, necessitando de reposição imediata e em caráter de urgência, levando, ainda, em conta a segurança dos usuários e a necessidade urgente de se colocar em funcionamento um meio de deslocamento interno importante.

Ocorrência: f) Exigência de cadastramento prévio no SICAF, como condição para participação nas licitações, contrariando o art. 3º, caput, art. 22, §§ 1º e 3º da Lei n. 8.666/1993, bem como o entendimento firmado pelo TCU em diversas ocasiões. (Processos ns. 330/2005, 293/2003 e 315/2005).

Justificativa: Informa que nos referidos processos consta a exigência do cadastramento no SICAF, contudo, sem a previsão adicional da aceitação da participação no certame de interessados que, embora não cadastrados, atendessem às formalidades legais. Apesar disso, não houve prejuízo para os interessados que, não tendo impugnado os editais, compareceram em número expressivo à disputa.

Finalizando, informa que deu conhecimento da referida falha ao Órgão de Controle Interno, para as providências cabíveis, e a Diretoria-Geral/Ordenador de Despesa, esperando que os instrumentos convocatórios sejam imediatamente alterados.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha formal apontada, devendo ser alertado a atual Administração do TRT/BA que se abstenha de constar cláusula (s) restritiva (s) de participação nos certames licitatórios, tais como exigência de cadastramento prévio no SICAF, como condição para participação nas licitações, contrária ao estipulado no art. 3º, caput, art. 22, §§ 1º e 3º, da Lei n. 8.666/1993, bem como o entendimento firmado pelo TCU em diversas ocasiões.

Ocorrência: g) Assinatura e/ou manutenção do Convênio firmado com o Liceu de Artes e Ofícios – Processos TRT ns. 09.53.03.0175-35, 09.53.05.0141-35, 09.53.05.0277-35, 09.53.05.0393-35 para execução de serviços comuns, com dispensa de licitação fundamentada no art. 24, XIII, da Lei 8.666/1993, em detrimento de processo licitatório para escolha de empresa existente no mercado, com preço vantajoso para a Administração Pública, em regular situação cadastral com o Governo Federal e, sem a cobrança de ‘Taxa de Administração’ tão alta; pois em caso de Convênio tal taxa é irregular.

Justificativa: Informa que os contratos com o Liceu de Artes e Ofícios, inicialmente sob a equivocada denominação de Convênio, que na prática nunca funcionou como tal, ou seja, sempre houve uma relação contratual, firmada com dispensa de licitação fundamentada no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993.

O Liceu prestou serviços ao TRT/BA por longos anos, sendo reconhecido pela sua eficiência no atendimento à Administração e aos usuários das dependências do imóvel onde o serviço de manutenção predial era prestado.

Acrescenta que muitos órgãos públicos, inclusive federais, fizeram e fazem uso do contrato do Liceu por dispensa de licitação, sob o mesmo fundamento.

O Liceu é uma pessoa jurídica de direito privado, fundada há mais de 100 anos, identificada estatutariamente como entidade sem fins lucrativos. Sua taxa de administração que, por mais de

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uma vez foi questionada pelo Controle Interno do TRT/BA, foi mantida, após um período que ficou suspensa, como se verifica no Processo n. 09.53.03.00175-35, com a juntada do Decreto Federal n. 752, de 16/02/1993, que, no seu art. 2º, inciso IV, estabelece a base de cálculo de sua incidência. Mesmo que pensando de forma diversa, o fato é que o cálculo previsto no Decreto considera também os encargos sociais. Sob esse prisma, os cálculos se apresentam corretos, e fecham em 20%.

Nesse aspecto a Administração seguiu contratando, por entender que o custo-benefício da contratação era importante para o próprio Erário; já a manutenção preventiva era uma garantia para que as manutenções corretivas não fossem necessárias.

Análise: De idêntico teor à apresentada no item 7.1, ‘a’, desta Instrução.Ocorrência: h) Assinatura do Termo de Convênio com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia

(Processo TRT n. 09.53.05.0141-35) em 30/05/2005, posteriormente à sua vigência (a partir de 18/04/2005).

Justificativa: Informa que, de fato, houve a apontada falha dos gestores diretamente ligados à contratação, decorrente da boa fé na busca por realizar o melhor para a Administração, haja vista a urgência na conclusão dos serviços para inauguração do novo fórum trabalhista, com data fixada para 12/10/2005. No entanto, tratou-se de um caso isolado, que nenhum prejuízo trouxe para o erário público.

Análise: A justificativa apresentada não elide a falha apontada. Entendemos que deva ser determinado à Unidade que se abstenha de celebrar contratos com efeitos retroativos, evitando o risco de simulação de cumprimento anterior de formalidades, em desrespeito ao disposto nos artigos 60 e 61 da Lei n. 8.666/1993 (Acórdão n. 1.077/2004 – 2a Câmara).

Ocorrência: i) Processo TRT n. 09.53.05.0141-35, Convênio sem vigência determinada para conclusão dos serviços – v. Cláusula Nona do Termo de Convênio (apenas informa que ‘será até a data de conclusão dos serviços, podendo ser prorrogado até o período de 60 meses, condicionado à disponibilidade orçamentária, com fundamento no art. 57, inciso II, da Lei n. 8.666/1993), contrariando o art. 7º, inciso III, da IN/STN n. 01/1997.

Justificativa: Inicialmente, destaca que não se tratou de convênio propriamente dito, que envolvesse repasse de recursos que estivessem adstritos aos limites da IN/STN n. 01/1997. Não houve qualquer recurso dirigido ao pretenso convênio, pelos motivos antes elencados. Apesar da terminologia utilizada, a sua base legal está encetada no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993.

Quanto à cláusula de vigência do contrato, verifica-se, sim, um erro material grosseiro que traduz a execução do contrato. Ou seja, se a contratação estava relacionada à inauguração do fórum, que ocorreu em 12/10/2005, não se poderia prever qualquer prorrogação, ante a perda de objeto, como, aliás, não houve. O Contrato n. 141/2005 foi encerrado naquele mesmo exercício.

Análise: A justificativa apresentada não elide a falha apontada. Entendemos que deva ser determinado à Unidade que deixe de firmar contratos por prazo indeterminado, em observância aos termos dos arts. 55, inciso IV, e 57, § 3º, da Lei n. 8.666/1993, regularizando a situação das avenças caso existentes (Acórdão n. 717/2005 – Plenário).

Ocorrência: j) Processo TRT n. 09.53.03.0175-35, pagamento, regularmente, de faturas no período de 21 ou 22 de um mês a 22 ou 23 do outro, em desacordo com o estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO.

Justificativa: Apesar do descompasso com a previsão contratual, não se vê qualquer irregularidade, porque causada pela própria contratada. Isto é, o atraso no pagamento se deu em virtude do atraso na entrega das notas. Logo, não foi constatado prejuízo ao contratante ou a contratada, muito menos identificada alteração de procedimento a partir de manifestação volitiva do Tribunal.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha formal apontada. Entendemos que deva ser determinado à Unidade que cumpra fielmente as cláusulas pactuadas

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nos contratos, notadamente quanto à data de pagamento, visando garantir a regular execução, bem como o fiel cumprimento do Termo, em conformidade com o art. 66 da Lei n. 8.666/1993.

Ocorrência: k) Processo TRT n. 09.53.03.0175-35, faturas sem referência ao número do empenho e processo, conforme estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO.

Justificativa: Esclarece que a ocorrência apontada foi meramente formal, nas faturas apontadas apesar de não constarem o número do empenho e do processo, há, entretanto, descrição detalhada dos serviços prestados, não havendo, portanto, fato gerador de dano ao erário. Reconhece, no entanto, a necessidade de cumprir-se a rotina com rigor, motivo pelo qual se deva transmitir à atual Administração sugestão nesse sentido.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha formal apontada. Entendemos que deva ser determinado à Unidade que cumpra fielmente as cláusulas pactuadas nos contratos, visando garantir a regular execução, bem como o fiel cumprimento do Termo, em conformidade com o art. 66 da Lei n. 8.666/1993.

Ocorrência: l) Processo TRT n. 09.53.03.0175-35, cálculo e pagamento indevido da ‘Taxa de Programa Educacional’ no percentual de 34% sobre o Salário Base, em vez dos 20% estipulados no Termo de Convênio (conforme Tabelas em anexo).

Justificativa: Informa que, havia, de fato, uma Taxa de Programa Educacional da ordem de 20%, que após a juntada do Decreto Federal n. 752, de 16/02/1993, informando a base de seu cálculo, a Administração acatou a quantificação por entender que a contratação, ainda que com o acréscimo da taxa, seria vantajosa. O decreto está nos autos, para análise.

Assim é que não houve qualquer quantificação que resultasse no percentual de 34% informado na planilha. Em verificação aos pareceres do serviço de contabilidade, observa-se que o percentual aplicado foi, efetivamente, o de 20%, tendo, porém, como base de cálculo o valor da remuneração, acrescido dos encargos sociais (receita bruta).

Análise: Ante as justificativas apresentadas entendemos, s.m.j., que a Taxa de Programa Educacional aplicada foi, realmente, de 20% sobre a receita bruta, em obediência ao dispositivo legal.

7.3. Responsável: Sr. Roberto Freitas Pessoa, a partir de 08/11/2005. Ocorrência: a) Fracionamento de despesa para fugir da obrigatoriedade de realização de

processo licitatório prévio e/ou da escolha da modalidade legalmente estabelecida, contrariando os arts. 23, §§ 1º, 2º e 5º, e 24, inciso II, da Lei n. 8.666/1993. (Processos ns. 048/2006, 086/2006, 093/2006, 097/2006 e 248/2006).

Justificativas:Processo n. 048/2006: Locação de equipamentos de vigilância eletrônica e sistema de alarme,

com monitoramento 24 horas, para o Depósito Judicial; eProcesso n. 086/2006: Locação de equipamentos de vigilância eletrônica e sistema de alarme,

com monitoramento 24 horas, para o Fórum Presidente Médici.Informa que embora a descrição dos objetos seja a mesma, as autuações dos processos

decorreram de situações que ensejaram a adoção de medida ordeira da Administração, data vênia.

No primeiro caso (Processo n. 048/2006), a Administração pretendeu dotar a área do Depósito Judicial de um sistema que trouxesse maior tranquilidade ao TRT/BA, no quesito segurança, pelo fato de ali estarem custodiados bens de terceiros, à espera de decisão judicial. Como ditos bens se encontravam em área locada pelo Tribunal, mas sem infra-estrutura ideal de segurança, foi realizada a contratação, cujo valor pago no exercício foi de R$ 5.090,00. Por oportuno, informa que a implantação do sistema de segurança do Depósito Judicial implicou a redução do quadro de agentes de segurança no local num total cinco servidores que foram reforçar o efetivo em outras áreas do TRT/BA.

No segundo caso (Processo n. 086/2006), embora o valor pago no exercício tenha sido de R$ 2.205,00, inferior, portanto, ao limite de dispensa de licitação, registro que não existiu, em

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absoluto, a idéia de fugir da obrigatoriedade da licitação. Não se trata sequer de falta de planejamento, no particular.

Buscou-se, tão somente, atender a fato imprevisto, a saber, a ocorrência de pequenos, mas reiterados furtos nas dependências do Tribunal, o que demandou conduta imediata. Sem embargo, os autos do processo sob análise comprovam que foram colhidas propostas de várias empresas, a fim de se contratar da forma mais econômica possível.

Necessário dizer que no exercício seguinte foi realizada licitação, por meio do Processo n. 09.53.07.00203-35.

Processo n. 093/2006: Aquisição de pentes de memória para IBM Desktop. A aquisição dos pentes de memória foi realizada por dispensa de licitação em face da situação

criada com o furto dessas peças em diversos computadores do Tribunal. A fim de que não houvesse solução de continuidade das atividades nos Setores onde os furtos ocorreram, tornou-se imprescindível a solução da ocorrência por meio da aquisição nesses moldes, pois é notório não ser possível o funcionamento das máquinas desprovidas da referida peça de ‘memória’. A exemplo do processo anterior, neste também se coletou propostas de várias empresas, a fim de se contratar da forma mais econômica possível.

Finaliza informando que a ocorrência acima descrita foi devidamente denunciada pela administração do Tribunal e, em seguida, apurada pelo Departamento da Polícia Federal, por meio de procedimento próprio, conforme documento de fl. 120 – Principal.

Processo n. 97/2006: Aquisição de mídias de CDs e DVDs.A aquisição, de forma isolada, das mídias para o Departamento de Desenvolvimento de

Recursos Humanos teve como finalidade a ampliação do material utilizado nos cursos à distância implantados no Tribunal e que, na medida do possível, passaram a ser adotados, em face das grandes distâncias entre as Varas do Trabalho do interior e a sede do TRT/BA.

A presente medida trouxe, entre outras vantagens, economicidade orçamentária, pois os seus resultados evitaram dispêndio maior com diárias e passagens decorrentes de deslocamento de servidores e, além disso, promoveu ganhos no item eficiência dos serviços gerados pela sua efetivação.

Processo n. 248/2006: Curso de Excel Básico para servidores das Varas do Trabalho do interior.

Informa que a capacitação em tela não atingiu o limite de dispensa, não configurando, portanto, ofensa à premissa legal. Acrescenta que foram colhidas propostas de várias empresas, a fim de se contratar da forma mais econômica possível, conforme registrado no presente processo.

Análise: Uma vez que vinham ocorrendo reiteradas situações de furtos, não era do desconhecimento da Unidade a necessidade de sistema de segurança nas instalações do TRT/BA. Assim sendo, teve, preliminarmente, condições de planejar suas aquisições na área de segurança, não justificando a contratação direta (processos autuados em 13/01 e 20/01/2005), por dispensa de licitação com base no art. 24, inciso II, da Lei n. 8.666/1993, de empresa para locação de equipamentos de segurança e instalação de sistema de alarme 24 horas, objetivando a guarda das dependências e bens administrados pelo TRT/5ª Região (v. fls. 02/40 do Anexo 5).

Os serviços contratados, por um prazo de 12 meses, são idênticos e foram parcelados em processos distintos de acordo com o local de instalação dos equipamentos (fls. 05/06, 19/21 e 29/30 do Anexo 5). No primeiro processo o sistema de segurança foi instalado no prédio do Depósito Judicial e no outro a instalação ocorreu no Fórum Presidente Médici, ambos localizados no Município de Salvador.

Os objetos das dispensas foram adjudicados à mesma empresa que cotou o menor preço, importando numa contratação de R$ 9.115,00, portanto, superior ao limite legal que dispensa a realização de processo licitatório prévio.

Não obstante a permissão legal de divisibilidade do objeto e realização de diversos procedimentos licitatórios, a norma também é clara ao determinar a preservação da modalidade

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referente ao todo, conforme dispõe o art. 23, §§ 1º, 2º e 5º, da Lei n. 8.666/1993 e o TCU já firmou entendimento sobre o assunto em diversas ocasiões (Acórdãos ns. 1.386/2005 e 73/2003, 2ª Câmara; 667/2005, 82/2005, 740/2004, 66/1999 e 1.025/2003, Plenário e 2.528/2003, 1ª Câmara). A separação do objeto em dois, como ocorreu no caso em exame, teve como objetivo a não realização de licitação, ou seja, exatamente a conduta que a lei pretendeu evitar.

Restando, portanto, caracterizado o fracionamento de despesa para fugir da obrigatoriedade de realização de processo licitatório prévio e/ou da escolha da modalidade legalmente estabelecida, contrariando os arts. 23, §§ 1º, 2º e 5º, e 24, inciso II, da Lei n. 8.666/1993. (Processos ns. 048/2006 e 086/2006).

Entendemos que deva ser determinado à Unidade que planeje suas compras e serviços de modo a evitar a realização de despesas que possam caracterizar fracionamento, tendo em vista o disposto no inciso II do art. 24 da Lei n. 8.666/1993.

Ocorrência: b) Recibos de pagamento emitidos sem referência aos respectivos Planos de Treinamento e Desenvolvimento, ou seja, sem o período, número de alunos por turma e local do curso impossibilitando a correlação entre os pagamentos efetuados e os serviços efetivamente prestados necessários à liquidação da despesa, art. 63 da Lei n. 4.320/1964 – Processo TRT n. 248/2006.

Justificativa: Esclarece que embora o Departamento de Desenvolvimento de Recursos Humanos tenha encaminhado o modelo de proposta a ser apresentado individualmente pelos interessados para fins de cotação, sem, no entanto tê-lo colacionado aos autos, verificou-se que, não obstante nos recibos não constassem as informações ora exigidas, em todas as hipótese de emissão, ditos recibos se fizeram acompanhar dos respectivos PTDs (Plano de Treinamento e Desenvolvimento) onde estão registradas as correspondentes informações. À fl. 121 tem-se um modelo de PTD.

Análise: A Equipe de Auditoria desta Secex verificou, em campo, que os recibos de pagamento constam dos processos, bem como os PTDs; entretanto havia recibo de pagamento se referindo a PTD que não estava anexado no mesmo processo de pagamento analisado, então, não havia como verificar a devida liquidação e pagamento do serviço prestado. Houve desorganização na constituição do processo de pagamento, gerando uma falha.

Entendemos que deva ser alertado à Unidade que proceda ao devido preenchimento dos Planos de Treinamento e Desenvolvimento – PTD anexados aos processos de pagamentos, a fim de subsidiar a Contabilidade quando da liquidação da despesa, bem como a análise pelos órgãos de controle.

Ocorrência: c) Ausência de Projeto Básico/Planilha/Edital detalhado dos cursos de informática a serem ministrados, contendo o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequada, para caracterizar o serviço, ou seja, dados referentes ao local, número de alunos, conteúdo completo do curso, carga horária e definição prévia de custo – por aluno, por turma, consoante estabelece os arts. 6º, inciso IX, e 7º, inciso I, e § 2º, inciso I, da Lei n. 8.666/1993 (Processo TRT n. 248/2006).

Justificativa: idem às justificativas do subitem 7.2, alínea, c, retro.Análise: idem à análise do subitem 7.2, alínea c, retro.Ocorrência: d) Contratação mediante inexigibilidade de licitação, sem atentar para o amplo

entendimento firmado neste TCU quanto à necessidade de realização de procedimento licitatório para reforma/conservação/manutenção de elevadores e escadas rolantes (Decisão n. 575/1998 - Plenário, Decisão n. 117/1999 – Plenário, Decisão n. 176/1999 – Plenário, Acórdão n. 518/2001 – 1ª Câmara, Decisão n. 78/2002 – Plenário).

Justificativa: idem às justificativas do subitem 7.2, alínea e, retro. O mau funcionamento dos elevadores, além dos transtornos criados e dificultando a

acessibilidade ao prédio, provocou denúncias dos usuários junto aos órgãos de comunicação de Salvador, tendo o TRT/BA adotado medidas urgentes e enérgicas junto a empresa responsável,

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conforme consta das atas de reuniões em anexo (v. fls. 129/132 e 190/218). Análise: idem à análise do subitem 7.2, alínea e, retro. Ocorrência: e) Realização de despesas que não se harmonizam com as atribuições do órgão,

sem respaldo legal e contrárias aos entendimentos do TCU (Processos ns. 431/2005, 474/2005 e 032/2006).

Justificativa: No caso, optou-se por seguir o parâmetro do TST naquele momento, além de outros órgãos do Poder Judiciário, e pelo fato de em outras oportunidades passadas ter havido contratações semelhantes no TRT/BA.

Acrescenta que concluído o Processo n. 032/2006, a Administração não manteve a prática, de modo a não gerar conflito de entendimento com o TCU, posto que sempre perseguiu conduzir os procedimentos administrativos conforme as disposições legais.

Análise: Entendemos que a justificativa apresentada não elide a falha apontada. Entendemos que se deva determinar à Unidade que se abstenha de realizar despesas com festividades, eventos comemorativos, lanches e refeições para servidores, magistrados e convidados e outras congêneres, incompatíveis com as finalidades institucionais (Acórdão n. 1.386 – 2ª Câmara).

Ocorrência: f) Exigência de cadastramento prévio no SICAF, como condição para participação nas licitações, contrariando o art. 3º, caput, e art. 22, §§ 1º e 3º, da Lei n. 8.666/1993, bem como o entendimento firmado pelo TCU em diversas ocasiões. (Processos ns. 196/2006, 474/2005 e Concorrência n. 003/2006).

Justificativa: idem à justificativa do subitem 7.2, alínea f, retro. Análise: idem à análise do subitem 7.2, alínea f, retro. Ocorrência: Assinatura e/ou manutenção do Convênio firmado com o Liceu de Artes e

Ofícios – Processo TRT n. 09.53.03.0175-35 e 09.53.05.0439-35, para execução de serviços comuns, com dispensa de licitação fundamentada no art. 24, XIII, da Lei 8666/93, em detrimento de processo licitatório para escolha de empresa existente no mercado, com preço vantajoso para a Administração Pública, em regular situação cadastral com o Governo Federal e, sem a cobrança de ‘Taxa de Administração’ tão alta; pois em caso de Convênio tal taxa é irregular (art. 8º, inciso I, da IN/STN n. 01/1997).

Justificativa: idem à justificativa do subitem 7.2, alínea g, retro. Acrescenta que não existe mais qualquer contrato com o Liceu de Artes e Ofícios, vigeu opor um longo período desde 1998.

Análise: de idêntico teor à apresentada nos subitens 7.1, alínea a, e 7.2, alínea g, retro. Ocorrência: h) Processo TRT n. 09.53.03.0175-35 – pagamento, regularmente, de faturas no período de 21 ou 22 de um mês a 22 ou 23 do outro, em desacordo com o estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO e no Processo TRT n. 09.53.05.0439-35 – mesma ocorrência com faturas emitidas em 26 ou 27 de um mês a 26 ou 27 do outro.

Justificativa: idem à justificativa do subitem 7.2, alínea j, retro.Análise: idem à análise do subitem 7.2, alínea j, retro.Ocorrência: i) Processo TRT n. 09.53.03.0175-35 e 09.53.05.0439-35 – faturas sem

referência ao número do empenho e processo, conforme estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO.

Justificativa: Esclarece que a ocorrência apontada foi meramente formal, nas faturas apontadas apesar de não constarem o número do empenho e do processo, há, entretanto, descrição detalhada dos serviços prestados, não havendo, portanto, fato gerador de dano ao erário. Reconhece, no entanto, a necessidade de cumprir-se a rotina com rigor, motivo pelo qual se deva transmitir à atual Administração sugestão nesse sentido.

Análise: A justificativa apresentada pela responsável não elide a falha formal apontada. Entendemos que deva ser determinado à Unidade que cumpra fielmente as cláusulas pactuadas nos contratos, visando garantir a regular execução, bem como o fiel cumprimento do Termo, em conformidade com o art. 66 da Lei n. 8.666/1993.

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Ocorrência: j) Processo TRT n. 09.53.03.0175-35 – cálculo e pagamento indevido da ‘Taxa de Programa Educacional’ no percentual de 34% sobre o Salário Base, ao invés dos 20% estipulados no Termo de Convênio (conforme tabelas em anexo, devendo cada gestor apresentar justificativas de acordo com valor correspondente ao seu período de gestão) contrariando o art.8º, inciso I, da IN/STN n. 01/1997.

Justificativa: idem ao subitem 7.2, alínea l, retro. Análise: idem ao subitem 7.2, alínea l, retro.Ocorrência: k) Contratação/execução de serviços de telefonia em desacordo com o

entendimento do TCU (Acórdãos ns. 42/2003 e 354/2003 – Plenário).Justificativa: idem ao subitem 7.2, alínea d, retro. Análise: idem ao subitem 7.2, alínea d, retro.7.4. Responsável: Sr. Joaquim Augusto Bandeira Junior, a partir de 1º/01/2003. Ocorrência: a) Fracionamento de despesa para fugir da obrigatoriedade de realização de

processo licitatório prévio e/ou da escolha da modalidade legalmente estabelecida, contrariando os arts. 23, §§ 1º, 2º e 5º, e 24, inciso I, da Lei n. 8.666/1993. (Processos ns. 048/2006, 086/2006, 093/2006, 097/2006, 366/2005, 375/2005, 185/2005, 196/2005, 202/2005, 250/2005, 252/2005, 330/2005, 337/2005, 348/2005, 074/2005, 189/2005, 190/2005, 218/2005 e 248/2006).

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.2, a, e 7.3, a.Ocorrência: b) Recibos de pagamento emitidos sem referência aos respectivos Plano de

Treinamento e Desenvolvimento, ou seja, sem o período, número de alunos por turma e local do curso, impossibilitando a correlação entre os pagamentos efetuados e os serviços efetivamente prestados necessários à liquidação da despesas, art. 63 da Lei n. 4.320/1964 – Processos TRT ns. 074/2005, 189/2005, 190/2005, 218/2005 e 248/2006.

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.2, b, e 7.3, b.Ocorrência: c) não consta dos autos Projeto Básico/Planilha/Edital detalhado do curso a ser

ministrado, contendo o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequada, para caracterizar o serviço, ou seja, dados referentes ao local, número de alunos, conteúdo completo do curso, carga horária e definição prévia de custo (por aluno, por turma), consoante estabelece os arts. 6º, inciso IX, e 7º, inciso I, e § 2º, inciso I, da Lei n. 8.666/1993 (Processos TRT ns. 074/2005, 189/2005, 190/2005, 218/2005 e 248/2006).

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.2. c, e 7.3. c.Ocorrência: d) Contratação/execução, no exercício de 2005 de serviços de telefonia em

desacordo com o entendimento do TCU (Acórdãos ns. 42/2003 e 354/2003 – Plenário); Justificativa: do mesmo teor da defesa anteriormente apresentada pela Sra. Marama dos

Santos Carneiro. Análise: Já efetivada no item 7.2. , d.Ocorrência: e) Contratação mediante inexigibilidade de licitação, sem atentar para o amplo

entendimento firmado neste TCU quanto à necessidade de realização de procedimento licitatório para reforma/conservação/manutenção de elevadores e escadas rolantes (DC-0575/98-P, DC-0117-11/99-P, DC-0176-15/99-P, AC-0518-29/01-1, DC-0078-04/02-P).

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.2, e, e 7.3, d.

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Ocorrência: f) Realização de despesas que não se harmonizam com as atribuições do órgão, sem respaldo legal e contrárias aos entendimentos do TCU (Processos ns. 431/2005, 474/2005 e 032/2006).

Justificativa: do mesmo teor da defesa anteriormente apresentada pelo Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada no item 7.3, e.Ocorrência: g) Exigência de cadastramento prévio no SICAF, como condição para

participação nas licitações, contrariando o art. 3º, caput, da Lei n. 8.666/1993, bem como o entendimento firmado pelo TCU em diversas ocasiões. (Processos ns. 196/2006, 474/2005, 330/2005, 293/2003, 315/2005 e Concorrência 003/2006);

Justificativa: do mesmo teor das anteriormente apresentadas pela Dra. Marama dos Santos Carneiro e Dr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.2, f, e 7.3, f.Ocorrência: h) Assinatura e/ou manutenção do Convênio firmado com o Liceu de Artes e

Ofícios – Processos TRT ns. 09.53.03.0175-35, 09.53.05.0141-35, 09.53.05.0277-35, 09.53.05.0393-35 e 09.53.05.0439-35 para execução de serviços comuns, com dispensa de licitação fundamentada no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993, em detrimento de processo licitatório para escolha de empresa existente no mercado, com preço vantajoso para a Administração Pública, em regular situação cadastral com o Governo Federal e, sem a cobrança de Taxa de Administração tão alta; pois em caso de Convênio tal taxa é irregular (art. 8º, inciso I, da IN/STN n. 01/1997);

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Dolores Correia Vieira, Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.1, a, 7.2, g, e 7.3, g.Ocorrência: i) Assinatura do Termo de Convênio (Processo TRT n. 09.53.05.0141-35) em

30/05/2005, posteriormente à vigência do mesmo (a partir de 18/04/2005), contrariando o art. 8º, inciso VI, da IN/STN n. 01/1997;

Justificativa: do mesmo teor da defesa anteriormente apresentada pela Sra. Marama dos Santos Carneiro.

Análise: Já efetivada no item 7.2, h.Ocorrência: j) Processo TRT n. 09.53.05.0141-35, Convênio sem vigência determinada para

conclusão dos serviços – v. Cláusula Nona do Termo de Convênio (apenas informa que será até a data de conclusão dos serviços, podendo ser prorrogado até o período de 60 meses, condicionado à disponibilidade orçamentária, com fundamento no art. 57, II, da Lei n. 8.666/1993), contrariando o art. 7º, inciso III, da IN/STN n. 01/1997.

Justificativa: do mesmo teor da defesa anteriormente apresentada pela Sra. Marama dos Santos Carneiro.

Análise: Já efetivada no item 7.2, i.Ocorrência: Processo TRT n. 09.53.03.0175-35 – pagamento, regularmente, de faturas no

período de 21 ou 22 de um mês a 22 ou 23 do outro, em desacordo com o estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO e no Processo TRT n. 09.53.05.0439-35 - mesma ocorrência com faturas emitidas em 26 ou 27 de um mês a 26 ou 27 do outro.

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Dolores Correia Vieira, Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.1, b, 7.2, j, e 7.3, h.Ocorrência: l) Processo TRT ns. 09.53.03.0175-35 e 09.53.05.0439-35, faturas sem

referência ao número do empenho e processo, conforme estipulado na Cláusula Sexta do Convênio – DO PAGAMENTO.

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Dolores Correia Vieira, Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

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Análise: Já efetivada nos itens 7.1, c, 7.2, k, e 7.3, i.Ocorrência: m) Processo TRT n. 09.53.03.0175-35, cálculo e pagamento indevido da Taxa

de Programa Educacional no percentual de 34% sobre o Salário Base, ao invés dos 20% estipulados no Termo de Convênio (conforme tabelas em anexo).

Justificativa: do mesmo teor das defesas anteriormente apresentadas pela Sra. Dolores Correia Vieira, Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa.

Análise: Já efetivada nos itens 7.1, d, 7.2, e, e 7.3, k.”11. Com base na análise acima empreendida, a Auditora Federal de Controle Externo que examinou o feito propõe ao Tribunal (fls. 239/241, v. 1):

11.1. aplicar a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, aos responsáveis a seguir indicados pelos fatos a eles imputados, os quais se referem ao ajuste firmado com o Liceu de Artes e Ofícios, indevidamente na forma de convênio, para execução de serviços comuns, com dispensa de licitação fundamentada no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993, em detrimento de processo licitatório para escolha de empresa existente no mercado, com preço vantajoso para a Administração Pública, em regular situação cadastral com o Governo Federal e, sem a cobrança de “Taxa de Administração” tão alta (20%):

11.1.1. Sra. Dolores Correia Vieira, em decorrência da assinatura da avença firmada com o Liceu de Artes e Ofícios – Processo TRT n. 09.53.03.0175-35;

11.1.2. Sra. Marama dos Santos Carneiro, pela manutenção do Convênio firmado com o Liceu de Artes e Ofícios – Processo TRT n. 09.53.03.0175-35, bem como assinatura dos Convênios ns. 09.53.05.0141-35, 09.53.05.0277-35 e 09.53.05.0393-35;

11.1.3. Sr. Roberto Freitas Pessoa, devido a manutenção do Convênio firmado com o Liceu de Artes e Ofícios – Processo TRT n. 09.53.03.0175-35, bem como assinatura do Convênio n. 09.53.05.0439-35;

11.1.4. Sr. Joaquim Augusto Bandeira Junior, em decorrência da assinatura e manutenção, dos Convênios firmados com o Liceu de Artes e Ofícios – Processo TRT ns. 09.53.03.0175-35, 09.53.05.0141-35, 09.53.05.0277-35, 09.53.05.0393-35 e 09.53.05.0439-35;

11.2. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n. 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas supra, caso não atendidas as notificações;

11.3. determinar ao TRT/5ª Região que: 11.3.1. cumpra fielmente as cláusulas pactuadas nos contratos, notadamente quanto à data

de pagamento, visando garantir a regular execução, bem como o fiel cumprimento do Termo, em conformidade com o art. 66 da Lei n. 8.666/1993;

11.3.2. planeje as compras de modo a evitar a realização de despesas que possam caracterizar fracionamento, tendo em vista o disposto no inciso II do art. 24 da Lei n. 8.666/1993;

11.3.3. proceda ao devido preenchimento dos Planos de Treinamento e Desenvolvimento – PTD anexados aos processos de pagamentos, a fim de subsidiar a Contabilidade quando da liquidação da despesa, bem como a análise pelos órgãos de controle;

11.3.4. observe o disposto no art. 7º da Lei n. 8.666/1993 no pertinente à elaboração de Projeto Básico/Planilha;

11.3.5. reveja os termos da referida Permissão de Uso (com a operadora telefônica Vivo) e introduza um valor de contrapartida mensal financeiro de acordo com os praticados no mercado;

11.3.6. abstenha-se de constar cláusula (s) restritiva (s) de participação nos certame (s) licitatórios, tais como exigência de cadastramento prévio no SICAF, como condição para participação nas licitações, contrária ao estipulado no art. 3º, caput, art. 22, §§ 1º e 3º, da Lei n. 8.666/1993, bem como o entendimento firmado pelo TCU em diversas ocasiões;

11.3.7. abstenha-se de celebrar contratos com efeitos retroativos, evitando o risco de simulação de cumprimento anterior de formalidades, em desrespeito ao disposto nos artigos 60 e 61 da Lei n. 8.666/1993 (Acórdão n. 1.077/2004 – 2a Câmara);

11.3.8. deixe de firmar contratos por prazo indeterminado, em observância aos termos dos

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arts. 55, inciso IV, e 57, § 3º, da Lei n. 8.666/1993, regularizando a situação das avenças caso existentes (Acórdão n. 717/2005 – TCU – Plenário);

11.3.9. abstenha-se de realizar despesas com festividades, eventos comemorativos, lanches e refeições para servidores, magistrados e convidados e outras congêneres, incompatíveis com as finalidades institucionais;

11.4. determinar ao Órgão de Controle Interno do TRT/5ª Região que acompanhe o cumprimento das determinações propostas, fazendo menção sobre os fatos no Relatório de Auditoria de Gestão das próximas contas da entidade;

11.5. juntar cópia da Decisão que vier a ser adotada nestes autos, bem como das Instruções, Pareceres, Relatório e Voto do Ministro-Relator às contas reabertas do exercício de 2003 (TC n. 05.233/2004-8) em virtude das irregularidades apontadas no Convênio n. 175/2003, firmado com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia; bem como às contas sobrestadas do exercício de 2005 (TC 014.764/2006-7), tendo em vista as impropriedades aqui tratadas que podem refletir no exame de mérito daquelas contas;

11.6. apensar os presentes autos às contas sobrestadas do exercício de 2006 (TC 018.265/2007-3), tendo em vista as impropriedades aqui tratadas podem refletir no exame de mérito daquelas contas. 12. A titular da 1ª Diretoria, no Despacho de fl. 243 (v. 1), anuiu ao encaminhamento acima sugerido, acrescentando-lhe a proposta de acolher parcialmente as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis Sra. Dolores Correia Vieira, Sr. Roberto Freitas Pessoa, Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Joaquim Augusto Bandeira Júnior, e de rejeitar as defesas relacionadas aos ajustes assinados com o Liceu de Artes e Ofícios, mediante dispensa de licitação em detrimento de realização de processo licitatório, sem prova de que tal contratação seria a mais vantajosa para o órgão, uma vez que os serviços contratados poderiam ser obtidos no mercado. 13. Por sua vez, o Secretário da Secex/BA dissentiu da proposta de aplicação da multa aos responsáveis, porquanto defendeu tese central de que na celebração do ajuste com o Liceu de Artes e Ofícios, ainda que indevidamente na forma de convênio, porquanto o correto seria contrato, os requisitos do art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993 foram observados. Eis os fundamentos em que pautou o titular da unidade instrutiva para sustentar seu entendimento (fls. 254/258, v. 1):

“11. O primeiro ponto que observamos é que os responsáveis não ignoram que não se tratava de convênio, mas de contrato. No entanto, o ponto comum, neste caso, entre o convênio e o contrato firmado com dispensa de licitação é que em nenhum dos casos seria necessária a licitação.

12. Assim, o que deve ser analisado, não obstante a denominação inicialmente de convênio, é se os requisitos do art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993 estavam presentes na avença.

13. Reza o mencionado dispositivo:‘Art. 24.  É dispensável a licitação:(...)XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos;’

14. O assunto já está pacificado por esta Corte de Contas conforme enunciado da Súmula n. 250:

‘A contratação de instituição sem fins lucrativos, com dispensa de licitação, com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, somente é admitida nas hipóteses em que houver nexo efetivo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto contratado, além de comprovada a compatibilidade com os preços de mercado.’

15. Quanto à natureza da instituição, devemos verificar se estavam presentes os requisitos à época da celebração do contrato, quais sejam: (a) instituição brasileira, (b) incumbida regimental

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ou estatutariamente da pesquisa, ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, (c) com inquestionável reputação ético profissional, e (d) não tenha fins lucrativos.

16. Além desses requisitos institucionais, devem ser verificado se o (e) o objeto contratado guarda correlação com as atividades da instituição; e (f) a compatibilidade com os preços de mercado.

17. Também deve ser verificado (g) se a entidade contratada possui registro no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente – CMDCA, se em seu quadro de aprendizes tiver menor de 18 anos, conforme art. 430 da CLT:

‘Art. 430. Na hipótese de os Serviços Nacionais de Aprendizagem não oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender à demanda dos estabelecimentos, esta poderá ser suprida por outras entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica, a saber:I – Escolas Técnicas de Educação; II – entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.’

18. Quanto aos requisitos de (a) a (d), segundo o Estatuto da entidade, assente à fl. 670-anexo I, ‘o LICEU DE ARTES E OFÍCIO DA BAHIA, também identificado como LICEU, é associação de direito privado e de utilidade pública, sem fins lucrativos, fundada na Cidade de Salvador em 20 de outubro de 1872...’ e tem como finalidade ‘... contribuir para a formação de jovens com base no trabalho educativo em artes e ofícios, tendo como fundamento o processo produtivo do ‘aprender-fazendo’.

19. Verifica-se ainda que 13/08/2009 o Liceu constava na lista de entidades certificadas pelo Conselho Nacional de Assistência Social – CNAS, fl. 246-p. Consta declaração assente à fl. 123-Anexo I, fornecida pelo Liceu ao TRT/BA, dando conta de sua condição de filantropo.

20. Quanto à inscrição do Liceu no CMDCA, requisito (g), em consulta ao CMDCA de Salvador, fls. 249/250-p, verificamos que a entidade não é registrada, o que a inviabilizaria de ter em seu quadro de aprendizes menores de 18 anos.

21. Quanto ao objeto contratado e sua correlação com as atividades da instituição, item (e), verifica-se que os contratos têm como objeto manutenção e recuperação predial, confecção de móveis e divisórias e manutenção de veículos.

22. Os instrumentos em apreço trazem cláusula padrão, que estabelece que ‘A execução dos serviços estará vinculada à missão do LICEU, cuja tecnologia educacional, direcionada para a formação de jovens pelo trabalho, proporcionará aos aprendizes treinamento de capacitação ao exercício de habilidades e práticas operacionais.’

23. Nos anexos II dos mencionados ‘convênios’ contam o programa educacional.24. Ainda segundo o mencionado estatuto:

‘Art. 4º – Visando à consecução de sua finalidade, o LICEU poderá: (a) produzir e comercializar bens e serviços específicos, inclusive para exportação; (b) instituir e organizar cursos, simpósios, treinamentos e eventos afins; (c) manter, promover e divulgar atividades de caráter instrutivo, técnico-científico, cultural e artístico; (d) celebrar convênios ou contratos com outras entidades, de caráter público ou privado, nacionais internacionais ou estrangeiras; (e) operar serviço de radiodifusão de sons e de sons e imagens (televisão), em caráter exclusivamente educativo.’

25. Conforme comprovante de inscrição no CNPJ a atividade principal do LICEU é ‘outras atividades de ensino não especificadas anteriormente’, fl. 248-p. Na relação de entidades cadastradas do CNAS, fl. 246-p, consta como ramo de atuação do LICEU a área de educação.

26. Quanto à possibilidade de colocação de postos de trabalho por parte da Administração Pública à disposição de aprendizes, esta Corte já teve a oportunidade de se manifestar no Acórdão n. 962/2004 – Plenário:

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‘9.4. encaminhar sugestão à Casa Civil da Presidência da República no sentido de que estude a regulamentação de um programa de contratação de menores aprendizes no âmbito da Administração Federal, tendo em vista que a iniciativa de difusão da Lei do Aprendiz atualmente ainda está restrita às empresas privadas e que a Administração Pública pode desempenhar um papel social relevante nessa área, com potenciais benefícios como a geração de empregos, formação profissional concomitante aos estudos do adolescente, aumento da empregabilidade dos jovens que completarem os 18 anos, melhoria da imagem da Administração Pública e diminuição da violência urbana;’

27. Assim, do ponto de vista formal, a contratação do LICEU à época preenchia os requisito legais para dispensa de licitação calcada no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993.

28. Cumpre-nos registrar ainda que o instrumento firmado em maio/2003, fls. 31/36-anexo I, é sequência de um ‘convênio’ firmado com o LICEU no ano de 1998 e que à época foi submetido à Assessoria Jurídica, que respaldou a celebração do acordo como convênio, com base na dispensa prevista no art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993, fl. 27-anexo I. Quando da celebração novamente do instrumento em 2003, o feito foi também foi submetido à Assessoria Jurídica, que ratificou o entendimento de dispensa com base no dispositivo em comento, também denominando a avença de convênio, fl. 30, anexo I.

29. Quanto aos preços praticados, item (f), com exceção do convênio firmado para aquisição de mobiliário, as propostas apresentadas pelo LICEU eram compostas pelo salário base de cada categoria acrescida de 70% referente a encargos sociais e 20% referentes à Taxa de Programa Educacional. Mais adiante, a exemplo da memória de cálculo assente à fl. 54-anexo I, se vê que são cobrados, também, vale transporte, alimentação e equipamentos de proteção individual.

30. Quanto à taxa de encargos de 70%, não obstante a ausência de detalhamento de sua composição, conforme se vê na cláusula quinta do contrato, fl. 33-anexo I, a equipe de manutenção e recuperação é formada basicamente por profissionais da construção civil: jardineiro, pintor, pedreiro, eletricista, carpinteiro, servente, encanador, marceneiro polidor, encarregado. Segundo Cláudio Sarian Altounian em seu livro ‘Obras Públicas: licitação, contratação, fiscalização e utilização, Ed. Fórum, 2009, p. 80’:

‘A construção trabalha com duas formas de remuneração de empregados, definidas com base no preço da hora trabalhada ou no pagamento mensal. O cálculo exato dos valores dos encargos para cada uma das formas deve ser efetuado em função da situação concreta, mas é importante destacar que existe uma diferença significativa entre eles: de 110 a 130% para horista e de 60 a 80% para mensalista, principalmente pelo fato do descanso semanal remunerado (DSR) já estar incluído na remuneração destes’.

31. Segundo o art. 428, § 2º, da CLT, ‘ao menor aprendiz, salvo condição mais favorável, será garantido o salário mínimo hora’. Assim, é razoável a cobrança de encargos entorno de 70%, não obstante o dever de detalhar a composição desses encargos.

32. A taxa de 20%, cobrada a título de Taxa de Programa Educacional, segundo os responsáveis, se encontrava amparada no Decreto Federal n. 752 de 16/02/1993, art. 2º, inciso IV, que assim reza in verbis:

‘Art. 2° Faz jus ao Certificado de Entidade de Fins Filantrópicos a entidade beneficente de assistência social que demonstre, cumulativamente:IV - aplicar anualmente pelo menos vinte por cento da receita bruta proveniente da venda de serviços e de bens não integrantes do ativo imobilizado, bem como das contribuições operacionais, em gratuidade, cujo montante nunca será inferior à isenção de contribuições previdenciárias usufruída;’

33. O Decreto n. 752/1993 foi revogado pelo Decreto n. 2.536/1998 que, em seu art. 3º, VI, trouxe a mesma disposição.

34. Quanto à taxa de administração de 34%, o equívoco se deu na celebração do ajuste em 2003, fl. 31-anexo I. Não se trata de taxa de administração, mas de Taxa de Programa

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Educacional. Segundo a cláusula quinta do referido ajuste, fl. 33-anexo I, essa taxa não deveria incidir sobre os encargos sociais e leis trabalhistas (70%). No entanto, quando dos pagamentos realizados, a mencionada taxa incidia também sobre os encargos sociais e leis trabalhistas, daí se chegar ao percentual de 34%, ao se considerar como base de cálculo os valores dos salários.

35. Posteriormente, há uma retificação para que a taxa de 20% também incida sobre os encargos sociais e trabalhistas, conforme se vê no parecer da Assessoria Jurídica, fl. 352-anexo I:

‘O interessado explica que, estando enquadrado na categoria jurídica de Entidade de Fins Filantrópicos, está legalmente obrigado a empregar 20% (vinte por cento) de sua receita bruta nos seus objetivos institucionais, o que impõe a necessidade de retificação da planilha de custos que integra a Cláusula Quarta do instrumento de acordo, firmado com o Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região.

O conceito legal de receita bruta compreende o produto de venda de bens, o preço dos serviços prestados e sendo certo que os encargos sociais são um dos componentes da formação dos serviços, não se pode entender de forma diversa que foi exposta pelo interessado.

E tanto isto é verdadeiro que, independentemente do equívoco contido na mencionada planilha, as faturas apresentadas para pagamento ao Tribunal, em valores que incorporam o custo dos encargos à base de cálculo da taxa de programa educacional, foram colhidas pelo Serviço de Contabilidade e efetivamente pagas. A ratificação da proposta é efetivamente necessário e não implicará em pagamento retroativo.’

36. As memórias de cálculos juntadas no anexo I do presente processo registram que, com exceção do convênio para aquisição de mobiliários, os pagamentos efetuados pelo TRT-5ª Região eram compostos do salário base hora, acrescidos de vale alimentação, vale transporte, EPI, 70% a títulos e encargos sociais e legislação trabalhista e 20% a títulos de Taxa de Programa Educacional.

37. Por fim, ainda quanto aos preços, conforme já registramos, os contratos em apreços foram submetidos ao crivo do Controle Interno do TRT-5ª Região.

38.Assim, ao menos no momento da contratação e sem levar em conta o fato de o LICEU não possuir registro no CMDA-Salvador (não podendo, portanto, contar com menores no seu quadro de aprendizes), os requisitos do art. 24, XIII, da Lei n. 8.666/1993, estavam presentes, sendo falha menor a denominação da avença como convênio.

39. Se durante a execução do contrato houve desvirtuamento de um dos objetos do contrato – aprendizagem – isso deve ser apurado pelo Ministério do Trabalho – Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia e pelo CMDA-Salvador, para os quais proporemos remessa de cópia da decisão que vier a ser proferida.”

14. Nesse contexto, o Secretário da unidade técnica, além de não concordar com a aplicação da multa, também deixa de anuir à proposta de se determinar ao órgão de controle interno do TRT/5ª Região que acompanhe o cumprimento das determinações então sugeridas a Corte Trabalhista (subitem 11.4 retro), por já ser obrigação regulamentar de tais órgãos de controle. No mais, sugere que em vez das determinações, sejam feitas alertas ao TRT/5ª Região, nos moldes da Portaria/Segecex n. 09/2010 (fls. 258 e 259, v. 1).

É o Relatório.

PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Trago à apreciação deste Colegiado Relatório de Auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo na Bahia – Secex/BA no Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região – TRT/5ª Região, com o objetivo de verificar a legalidade dos procedimentos licitatórios e das contratações realizadas pelo órgão nos exercícios de 2003 a 2006. 2. No âmbito da unidade técnica há divergência nas propostas de encaminhamento então

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formuladas. 3. A Auditora Federal de Controle Externo – AUFC, após examinar as razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, sugeriu, com a anuência da Gerente de Divisão, a aplicação da multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n. 8.443/1992 aos ex-Presidentes do TRT/5ª Região, Sra. Dolores Correia Vieira, Sra. Marama dos Santos Carneiro e Sr. Roberto Freitas Pessoa, e ao Diretor-Geral, Sr. Joaquim Augusto Bandeira Júnior, pelas ocorrências a eles imputadas individualmente, segundo a gestão de cada um. 4. Segundo a AUFC, a falta que justificaria a penalidade de multa acima comentada refere-se aos ajustes firmados com o Liceu Artes e Ofícios da Bahia, para a execução de serviços comuns, sem observância da obrigatoriedade da prévia licitação, com a indevida cobrança de taxa de administração e, ainda, com o emprego do instrumento de convênio em vez de contrato.5. Para as demais ocorrências apontadas no Relatório precedente, a AUFC propôs a expedição de determinações ao órgão trabalhista, com vistas a evitar a reincidência das falhas verificadas (subitens 11.3 a 11.3.8 do Relatório).6. Já o Secretário da unidade instrutiva deixou de acolher a proposta de multa aos ex-gestores. Para tanto, defendeu tese de que nas contratações diretas do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia foram atendidos os requisitos constantes do art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, sendo falha de menor gravidade o uso da expressão convênio para denominar a avença em vez de contrato. Além disso, sugeriu que as determinações propostas fossem encaminhadas na forma de alertas ao órgão trabalhista.7. Consoante visto, das ocorrências apontadas pela equipe de auditoria sobressai aquela relacionada aos acordos entre o TRT/5ª Região e o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, seja pelo montante dos recursos envolvidos seja pelos aspectos legais envolvidos nas celebrações de tais ajustes. 8. De 2003 a 2006, o TRT/5ª Região assinou seis acordos com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, visando à prestação de serviços e à aquisição de bens, sendo pagos à mencionada instituição o total de R$ 5.110.923,33. 9. Eis os ajustes firmados e os respectivos objetos: i) Processo n. 09.53.03.0175/2003, manutenção e recuperação nos imóveis do TRT/5ª Região e manutenção de veículos; ii) Processo n. 09.53.05.0439/2005, para manutenção e recuperação predial, elétrica de auto e sonorização na região metropolitana de Salvador; iii) Processo n. 09.53.05.0141/2005, para execução de obras e serviços de infraestrutura, manutenção e recuperação predial no imóvel Edifício Góes Calmon, no Bairro do Comércio, em Salvador/BA; iv) Processo n. 09.53.05.0277/2005, visando à aquisição de mobiliário para equipar diversas unidades a serem instaladas no Edifício Góes Calmon, no Bairro do Comércio, em Salvador/BA; v) Processo n. 09.53.05.0393/2005, para instalação de divisórias e suas respectivas portas, com e sem visor no Edifício Góes Calmon, futura sede das Varas de Trabalho de Salvador/BA; e vi) Processo n. 09.53.06.0095/2006, para fins de prestação de serviços de reforma no Edifício Presidente Médici.10. Os ajustes retrocitados revelam interesses não coincidentes entre as partes, porquanto, de um lado, o órgão contratante busca a concretização do objeto da avença (serviços ou bens) e, de outro, a instituição contratada almeja a contraprestação configurada no preço a ser pago pelos serviços prestados e/ou bens fornecidos. Não há interesse comum evidenciado nos ajustes acima mencionados capaz de sustentar que tais acordos têm natureza convenial. Ao contrário, resta demonstrado que as avenças com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia tem essencialmente natureza contratual. 11. A respeito da matéria, cabe reproduzir excertos da doutrina que bem retratam as diferenças entre um e outro instrumento (Hely Lopes Meirelles, Direito Administrativo Brasileiro, 27ª Ed., São Paulo, Malheiros, 2002, p. 205 e 383):

“Contrato é todo acordo de vontades, firmado livremente pelas partes, para criar obrigações e direitos recíprocos. Em princípio, todo contrato é negócio jurídico bilateral e comutativo, isto é, realizado entre pessoas que se obrigam a prestações mútuas e equivalentes em encargos e vantagens. Como pacto consensual, pressupõe liberdade e capacidade jurídica das partes para se obrigarem validamente; como negócio jurídico, requer objeto lícito e forma

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prescrita ou não defesa em lei.” “Convênio é acordo, mas não é contrato. No contrato as partes têm interesses diversos e

opostos; no convênio os partícipes têm interesses comuns e coincidentes. Por outras palavras: no contrato há sempre duas partes (podendo ter mais de dois signatários), uma que pretende o objeto do ajuste (a obra, o serviço, etc.), outra que pretende a contraprestação correspondente (o preço, ou qualquer outra vantagem), diversamente do que ocorre no convênio, em que não há partes, mas unicamente partícipes com as mesmas pretensões. Por essa razão, no convênio a posição jurídica dos signatários é uma só, idêntica para todos, podendo haver apenas diversificação na cooperação de cada um, segundo suas possibilidades, para a consecução do objetivo comum, desejado por todos.”

12. Nesse contexto, cabe examinar os convênios então firmados com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia sob a perspectiva de contratos, porque assim o são em sua essência, bem como ponderar sobre a contratação direta com base no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993.13. Conforme relatado, a equipe de auditoria entendeu ser necessária a realização de prévia licitação a tais ajustes celebrados, tendo em vista haver no mercado diversas empresas disponíveis que prestam os serviços e fornecem os bens contratados com preços tão ou mais vantajosos para a Administração Pública, têm situação cadastral regular junto ao Governo Federal e não cobram taxa de administração.14. Entretanto, tal argumento não sustenta por si só a tese da obrigatoriedade de licitar no caso concreto. Apenas para contrapor a referida tese, também é possível haver no mercado instituições que possam ser contratadas de forma direta para executar os objetos avençados. Veja que o administrador público, ao decidir entre a regra da prévia licitação e o emprego das exceções de contratação direta, deverá sempre sopesar as circunstâncias fáticas e jurídicas atinentes às compras de bens e serviços a que pretende, justificando sua decisão. Assim, é preciso averiguar se nas contratações diretas feitas com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia os requisitos do art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993 foram observados pelo órgão contratante. 15. O art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993 dispõe que a licitação é dispensável na contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente de pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos. 16. Por sua vez, a Súmula de Jurisprudência do TCU n. 250 consolidou o entendimento da Corte de Contas no sentido de que a contratação de instituição sem fins lucrativos, com dispensa de licitação, com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, somente é admitida nas hipóteses em que houver nexo efetivo entre o mencionado dispositivo, a natureza da instituição e o objeto contratado, além de comprovada a compatibilidade com os preços de mercado.17. Avaliando o caso concreto, tem-se que o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia é instituição brasileira, sem fins lucrativos, fundada na cidade de Salvador em 1872, com a finalidade de contribuir para a formação de jovens, com base no trabalho educativo em artes e ofícios, tendo como fundamento o processo produtivo do “aprender-fazendo”, segundo seu Estatuto, arts. 1º e 3º (fls. 670/681, Anexo 1, v. 3). 18. Estatutariamente a instituição está atrelada ao ensino e capacitação de jovens, por meio do trabalho educativo em artes e ofícios, de forma a prepará-los ao mercado de trabalho. Quanto à reputação ético-profissional, nada consta dos autos que desabone a instituição Liceu de Artes e Ofícios

da Bahia, fundada há 138 anos. 19. Nos instrumentos firmados com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia há cláusulas padrões que tratam do objeto contratado bem como do Programa Educacional que será desenvolvido, os quais apontam para o nexo causal entre o art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, a natureza da instituição e o objeto pactuado, pois indicam que os serviços ou bens contratados serão operacionalizados por meio de Oficinas (como por exemplo, Oficina de Móveis e Madeira, Oficina de Manutenção e

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Recuperação Predial), que são unidades integrantes da instituição, as quais possibilitam aos jovens aprendizes o treinamento e capacitação de habilidades e práticas operacionais. Como exemplo, segue o teor de alguns desses dispositivos contratuais (fls. 682, 763, Anexo 1, v. 3, e fls. 31 e 32, Anexo 1):

Processo n. 09.53.05.0277/2005“Cláusula Primeira – Do objeto – O presente convênio destina-se à aquisição, pelo

Tribunal Regional do trabalho da 5ª Região, de mobiliário confeccionado sob medida (mesas, estantes, armários, balcões e bancadas), com descrição e características constantes da proposta n. 186/05, às fls. 02/11, integrante do Anexo II, a ser instalado no Edifício Góes Calmon, localizado à Rua Miguel Calmon 255, Comércio, Salvador – Bahia, futura sede das Varas de Trabalho de Salvador, bem como de algumas unidades administrativas do TRT.

Parágrafo Primeiro – O Convênio será operacionalizado pela OMM – Oficina de Móveis e Madeira, unidade empresarial integrante do Liceu, incumbida da execução do serviço.

Parágrafo segundo – A execução dos serviços estará vinculada à missão do Liceu, cuja tecnologia educacional, direcionada para a formação de jovens pelo trabalho, proporcionará aos aprendizes treinamento e capacitação ao exercício de habilidades e práticas operacionais.

(...)Cláusula Segunda – Do programa Educacional – O programa educacional processar-se-á

segundo o modelo implantado pelo Liceu, conforme Anexo 1.”20. Como garantia de que o objeto contratado seria efetivamente executado pelos jovens aprendizes do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, nos contratos então firmados também consta cláusula padrão que veda a subcontratação, cessão ou transferência total ou parcial do objeto contratado. Ademais, não consta dos autos notícia de eventual descumprimento à dita vedação.21. Com relação aos preços pactuados, não restou demonstrada nos autos incompatibilidade com os praticados no mercado à época. A propósito, o Secretário da unidade instrutiva, ao discorrer sobre a composição dos preços contratados (fls. 256/258, v. 1), também não registra qualquer ocorrência no sentido da prática de preços acima do mercado à época da execução dos objetos ajustados nem indica haver nos autos pesquisa de mercado para comprovar a compatibilidade dos preços. 22. Entretanto, há informação de que o órgão de controle interno do TRT/5ª Região teria verificado a questão dos preços (fl. 257, v. 1). Como exemplo, tem-se o Parecer de fls. 599/602, do Anexo 1, v. 3, no qual o controle interno anota que “Referidas vantagens [na celebração do acordo com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia], no entender da Administração, a partir de experiências comprovadas em processos de idêntica natureza, são evidentes quando comparadas com os preços/serviços praticados no mercado”.23. Não obstante os indícios de que tenha havido avaliação acerca da compatibilidade dos preços com os praticados no mercado, o art. 26 da Lei n. 8.666/1993, em seu parágrafo único, inciso III, expressamente dispõe que o processo de dispensa será instruído, dentre outros elementos, com a justificativa do preço. Dessa forma e com o objetivo de imprimir maior clareza às contratações que efetuar futuramente, cabe determinar ao órgão que faça constar do processo de contratação direta a justificativa do preço, nos termos do dispositivo legal mencionado. 24. Nesse contexto, concordo com a proposta feita pelo titular da Secex/BA, no sentido de acolher as justificativas dos ex-gestores quanto às questões atinentes à contratação do Liceu de Artes e Ofícios da Bahia. 25. Por fim, acolho, na forma de determinações e com as modificações que julgo necessárias, as proposições da unidade técnica em razão das demais ocorrências apuradas nestes autos, exceto com relação àquela consignada no subitem 11.3.9 do Relatório precedente, por entender que, no caso concreto, não houve infringência à norma legal.

Feitas essas considerações, manifesto-me por que seja adotado o Acórdão que ora submeto a este E. Colegiado.

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T.C.U., Sala das Sessões, em 5 de outubro de 2010.

MARCOS BEMQUERER COSTARelator

ACÓRDÃO Nº 6583/2010 – TCU – 1ª Câmara

1. Processo n. TC-024.140/2006-6. 2. Grupo I; Classe de Assunto: III – Relatório de Auditoria. 3. Órgão: Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região – TRT/5ª Região. 4. Responsáveis: Dolores Correia Vieira, CPF n. 086.484.095-00; Marama dos Santos Carneiro, CPF n. 004.426.405-44; Roberto Freitas Pessoa, CPF n. 028.240.275-68; Joaquim Augusto Bandeira Júnior, CPF n. 076.729.345-20. 5. Relator: Ministro-Substituto Marcos Bemquerer Costa. 6. Representante do Ministério Público: não atuou. 7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo na Bahia – Secex/BA. 8. Advogado constituído nos autos: não há.

9. Acórdão: VISTOS, relatados e discutidos estes autos do Relatório da Auditoria realizada pela Secretaria de Controle Externo da Bahia – Secex/BA, em cumprimento ao Acórdão n. 2.046/2005 – Plenário, no Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região, com o objetivo de verificar a legalidade dos processos licitatórios e das contratações realizadas pelo órgão nos exercícios de 2003 a 2006. ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da 1ª Câmara, ante as razões expostas pelo relator, em:

9.1. determinar ao TRT/5ª Região, com fulcro no inciso I do art. 43 da Lei n. 8.443/1992, c/c o inciso II do art. 250 do RI/TCU, que:

9.1.1. planeje as compras de modo a evitar a realização de despesas que possam caracterizar fracionamento, tendo em vista o disposto no inciso II do art. 24 da Lei n. 8.666/1993;

9.1.2. cumpra as cláusulas pactuadas nos contratos, notadamente quanto à data de pagamento, visando garantir a regular execução, bem como o fiel cumprimento do termo contratual, em conformidade com o art. 66 da Lei n. 8.666/1993;

9.1.3. proceda doravante ao devido preenchimento dos Planos de Treinamento e Desenvolvimento – PTD anexados aos processos de pagamentos, a fim de subsidiar a Contabilidade quando da liquidação da despesa, bem como a análise pelos órgãos de controle;

9.1.4. elabore, previamente à realização de licitação para contratação de serviços, projeto básico contendo os elementos necessários e suficientes para caracterizar os serviços, nos termos dos arts. 6º, inciso IX, e 7º da Lei n. 8.666/1993;

9.1.5. reavalie, se ainda não o fez, os termos da Permissão de Uso com a operadora telefônica Vivo, de modo a averiguar a viabilidade econômica-financeira de se introduzir valor de contrapartida mensal financeiro de acordo com o praticado no mercado;

9.1.6. abstenha-se de incluir cláusula restritiva de participação nos editais, de forma a observar as disposições do 3º, caput, da Lei n. 8.666/1993;

9.1.7. deixe de celebrar contratos com efeitos retroativos, evitando o risco de simulação de cumprimento anterior de formalidades, em desrespeito ao disposto nos arts. 60 e 61 da Lei n. 8.666/1993, bem como de firmar contratos por prazo indeterminado, em observância aos termos dos

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arts. 55, inciso IV, e 57, § 3º, da Lei n. 8.666/1993, regularizando a situação das avenças caso existentes;

9.1.8. inclua, nos processos de contratação direta feitas com fulcro no art. 24, inciso XIII, da Lei n. 8.666/1993, a justificativa do preço, nos termos do art. 26 da referida Lei, de modo a demonstrar a compatibilidade com os preços praticados no mercado;

9.2. juntar cópia deste Acórdão, bem como Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamentam, às contas reabertas do exercício de 2003 (TC n. 005.233/2004-8), em virtude das ocorrências relacionadas ao Convênio n. 175/2003, firmado com o Liceu de Artes e Ofícios da Bahia; bem como às contas sobrestadas do exercício de 2005 (TC 014.764/2006-7), tendo em vista as impropriedades aqui tratadas que podem refletir no exame de mérito daquelas contas;

9.3. apensar os presentes autos às contas do exercício de 2006 (TC 018.265/2007-3), tendo em vista que as impropriedades aqui tratadas podem refletir no exame de mérito daquelas contas.

10. Ata n° 35/2010 – 1ª Câmara.11. Data da Sessão: 5/10/2010 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-6583-35/10-1.13. Especificação do quorum:13.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Walton Alencar Rodrigues, Augusto Nardes e José Múcio Monteiro.13.2. Auditores presentes: Marcos Bemquerer Costa (Relator) e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)VALMIR CAMPELO

(Assinado Eletronicamente)MARCOS BEMQUERER COSTA

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)MARINUS EDUARDO DE VRIES MARSICO

Procurador

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