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CORRELAÇÃO ENTRE HIPERALGESIA MECÂNICA E ASPECTOS PSICOSSOCIAIS NA DOR MUSCULOESQUELÉTICA CRÔNICA Suzana C. Almeida, Anamaria S. Oliveira, Thaís C. Chaves Categoria: graduação Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USP email: [email protected] Introdução: Nas disfunções musculoesqueléticas a dor é o sintoma mais frequente, e sua cronicidade afeta significativamente o estado psicossocial dos indivíduos acometidos¹. Assim, o presente estudo teve por objetivo verificar correlações entre o limiar de dor por pressão (LDP) e fatores psicossociais tais como catastrofização, depressão, ansiedade e cinesiofobia em pacientes com dor crônica musculoesquelética. Métodos: A amostra foi de 80 mulheres, entre 18 e 55 anos, com média de idade de 51,82 anos (Desvio padrão: 15,50), divididas igualmente em grupos de acordo com seu quadro clínico: fibromialgia, osteoartrite de joelho, dor lombar e dor cervical. Todas as participantes responderam a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, Escala de Pensamentos Catastróficos sobre Dor e Escala Tampa de Cinesiofobia. Foi realizada também a avaliação do LDP através da algometria utilizando um dinamômetro digital (Kratos, modelo DDK-10), com velocidade constante de aplicação de aproximadamente 0,5 Kg/cm²/s 2 . Os pontos avaliados foram os pontos considerados na avaliação da fibromialgia estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) 3 . Para verificação de correlação entre os escores totais médios das ferramentas utilizadas entre os grupos foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman (p< 0,05). A magnitude de correlação foi graduada da seguinte maneira: R< 0.39 – fraca, 0.40<R< 0.69 – moderada, – moderada, R>0.70 – forte) 4 . Resultados: Foram verificadas correlações negativas e moderadas (R<0.60) entre os valores de LDP nos Tabela 1. Correlação entre o limiar de dor por pressão (LDP) em diferentes segmentos corporais e os fatores psicossociais. Entre parênteses o valor de p de significância. Escore nas escalas LDP (Kg/cm 2 ) Cinesiofobi a Catastrofizaç ão Ansiedade Depressão ECM NS* NS NS NS Trapézio -0.65 (0.03) NS -0.80 (0.05) NS 2ª costela NS NS -0.79 (0.01) NS Epicôndilo lateral NS -0.73 (0.01) NS NS Joelho NS NS -0.66 (0.03) NS Suboccipitais -0.60 (0.05) NS - 0.72 (0.01) -0.63 (0.04) Supraespinhoso -0.74 (0.01) NS -0.81 (0.01) NS Glúteo NS -0.65 (0.03) -0.83 (0.01) - 0.71 (0.01) Trocânter maior do fêmur -0.62 (0.04) NS -0.80 (0.01) - 0.73 (0.01) * NS = não significativo, ECM = músculo esternocleidomastóideo

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CORRELAÇÃO ENTRE HIPERALGESIA MECÂNICA E ASPECTOS PSICOSSOCIAIS NA DOR MUSCULOESQUELÉTICA CRÔNICA

Suzana C. Almeida, Anamaria S. Oliveira, Thaís C. ChavesCategoria: graduação

Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento, Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, USPemail: [email protected]

Introdução: Nas disfunções musculoesqueléticas a dor é o sintoma mais frequente, e sua cronicidade afeta significativamente o estado psicossocial dos indivíduos acometidos¹. Assim, o presente estudo teve por objetivo verificar correlações entre o limiar de dor por pressão (LDP) e fatores psicossociais tais como catastrofização, depressão, ansiedade e cinesiofobia em pacientes com dor crônica musculoesquelética.

Métodos: A amostra foi de 80 mulheres, entre 18 e 55 anos, com média de idade de 51,82 anos (Desvio padrão: 15,50), divididas igualmente em grupos de acordo com seu quadro clínico: fibromialgia, osteoartrite de joelho, dor lombar e dor cervical. Todas as participantes responderam a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, Escala de Pensamentos Catastróficos sobre Dor e Escala Tampa de Cinesiofobia. Foi realizada também a avaliação do LDP através da algometria utilizando um dinamômetro digital (Kratos, modelo DDK-10), com velocidade constante de aplicação de aproximadamente 0,5 Kg/cm²/s2. Os pontos avaliados foram os pontos considerados na avaliação da fibromialgia estabelecidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR)3. Para verificação de correlação entre os escores totais médios das ferramentas utilizadas entre os grupos foi utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman (p<0,05). A magnitude de correlação foi graduada da seguinte maneira: R<0.39 – fraca, 0.40<R<0.69 – moderada, – moderada, R>0.70 – forte)4. Resultados: Foram verificadas correlações negativas e moderadas (R<0.60) entre os valores de LDP nos diferentes locais avaliados e a pontuação dos questionários aplicados.

O escore de ansiedade mostrou um maior número de correlações com os valores de LDP.

Conclusão: Na dor crônica musculoesquelética os aspectos psicossociais (depressão, ansiedade, catastrofização e cinesiofobia) estão relacionados à hiperalgesia mecânica generalizada, especialmente a ansiedade. Sugere-se que a ansiedade deva ser monitorada nesses pacientes para melhores resultados nos tratamentos que visam diminuir a hiperalgesia.

Referências1. Crandall S, Howlett S, Keysor JJ. Exercise adherence

interventions for adults with chronic musculoskeletal pain. Phys Ther. 2013; 93(1):17-21.

2. Chaves TC, Nagamine HM, Souza LM, Oliveira AS, Grassi DB. Intra- and Interrater Agreement of Pressure Pain Threshold for Masticatory Structures Chidren Reporting orofacial Pain Related to Temporomandibular Disorders and Symptom free Children. Journal of orofacial Pain; 2007. J Orofac Pain. 2007, 21(2):133-42.

3. Wolfe F, Smythe HA, Yunus MB, et al. The American College of Rheumatology. Criteria for the Classification of Fibromyalgia. Report of the Multicenter Criteria Committee. Arthritis Rheum. 1990, 33(2):160-72.

4. Dancey CP, Reidy J. Statistics without maths for psychology: Using SPSS for Windows. New York: Prentice Hall. 2004.

Financiamento: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, processo nº 2013/10482-2).

Tabela 1. Correlação entre o limiar de dor por pressão (LDP) em diferentes segmentos corporais e os fatores psicossociais. Entre parênteses o valor de p de significância.

Escore nas escalasLDP (Kg/cm2) Cinesiofobia Catastrofização Ansiedade DepressãoECM NS* NS NS NSTrapézio -0.65 (0.03) NS -0.80 (0.05) NS2ª costela NS NS -0.79 (0.01) NSEpicôndilo lateral NS -0.73 (0.01) NS NSJoelho NS NS -0.66 (0.03) NSSuboccipitais -0.60 (0.05) NS - 0.72 (0.01) -0.63 (0.04)Supraespinhoso -0.74 (0.01) NS -0.81 (0.01) NSGlúteo NS -0.65 (0.03) -0.83 (0.01) - 0.71 (0.01)Trocânter maior do fêmur -0.62 (0.04) NS -0.80 (0.01) - 0.73 (0.01)* NS = não significativo, ECM = músculo esternocleidomastóideo