historiaressucat.files.wordpress.com  · web viewrevolução constitucionalista de 1932. explique...

6
Revolução Constitucionalista de 1932. 1- Explique os motivos que levaram o estado de São Paulo a se posicionar contra Getúlio Vargas. 2- Que grupos sociais “apoiaram” a Revolução Constitucionalista de 1932? Quais eram os interesses dos revoltosos desse movimento? 3- Explique o significado da sigla MMDC, dentro do contexto histórico de 1932. 4- Sabe-se da derrota militar paulista diante das tropas federais, no entanto, a revolução teve um contexto histórico heróico no sentido constitucional. Explique. 5- Organize o material pesquisado sobre a Revolução Constitucionalista de 1932 -visite a Praça 09 de julho, ou pesquise em jornais da cidade (edição de 09 de julho) para conhecer a participação da cidade na Revolução Constitucionalista de 1932. - Museu Padre Albino (Rua Belém, - biografias dos combatentes Ortega e Josué - Decreto estadual sobre o feriado 09 de julho (governador Mário Covas). 1932: São Paulo em Guerra Civil Por Luiz Estevam- Julho de 1932. Explode em São Paulo uma revolta contra o presidente Getúlio Vargas. Tropas federais são enviadas para conter a rebelião. As forças paulistas lutam contra o exército durante três meses... Leia mais na matéria especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, que faz 70 anos envolta em polêmicas e exortações. Introdução: um resumo do conflito Em 1930, um golpe de estado derrubou o governo e Getúlio Vargas assumiu a presidência do Brasil em caráter provisório, mas com amplos poderes. Todas as instituições legislativas foram abolidas, desde o Congresso Nacional até as Câmaras Municipais. Os governadores dos estados foram depostos e, em seus lugares, interventores foram nomeados. Centralizando os poderes em suas mãos, Vargas desagradou às oligarquias estaduais, especialmente a de São Paulo. As elites políticas paulistas, economicamente mais importantes, sentiram-se muito prejudicadas e os liberais reivindicaram eleições e o fim do governo provisório. Conservadores, os paulistas irritaram-se ainda mais quando Vargas reconheceu oficialmente os sindicatos dos operários, legalizou o Partido Comunista e apoiou um aumento no salário dos trabalhadores. Quando, em 1932, uma greve mobilizou cerca de 200 mil trabalhadores no estado, empresários e latifundiários tiveram sua gota d’água para unirem-se contra Vargas. No dia 23 de maio foi realizado um comício reivindicando uma nova Constituição para o Brasil. O comício terminou em conflitos armados e quatro estudantes morreram: Martins, Miragaia,

Upload: trannhan

Post on 29-Nov-2018

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: historiaressucat.files.wordpress.com  · Web viewRevolução Constitucionalista de 1932. Explique os motivos que levaram o estado de São Paulo a se posicionar contra Getúlio Vargas

Revolução Constitucionalista de 1932.

1- Explique os motivos que levaram o estado de São Paulo a se posicionar contra Getúlio Vargas.2- Que grupos sociais “apoiaram” a Revolução Constitucionalista de 1932? Quais eram os interesses dos revoltosos

desse movimento?3- Explique o significado da sigla MMDC, dentro do contexto histórico de 1932.4- Sabe-se da derrota militar paulista diante das tropas federais, no entanto, a revolução teve um contexto histórico

heróico no sentido constitucional. Explique.5- Organize o material pesquisado sobre a Revolução Constitucionalista de 1932

-visite a Praça 09 de julho, ou pesquise em jornais da cidade (edição de 09 de julho) para conhecer a participação da cidade na Revolução Constitucionalista de 1932. - Museu Padre Albino (Rua Belém,- biografias dos combatentes Ortega e Josué- Decreto estadual sobre o feriado 09 de julho (governador Mário Covas).

1932: São Paulo em Guerra Civil

Por Luiz Estevam-Julho de 1932. Explode em São Paulo uma revolta contra o presidente Getúlio Vargas. Tropas federais são enviadas para conter a rebelião. As forças paulistas lutam contra o exército durante três meses... Leia mais na matéria especial sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, que faz 70 anos envolta em polêmicas e exortações.

Introdução: um resumo do conflito

Em 1930, um golpe de estado derrubou o governo e Getúlio Vargas assumiu a presidência do

Brasil em caráter provisório, mas com amplos poderes. Todas as instituições legislativas foram abolidas,

desde o Congresso Nacional até as Câmaras Municipais. Os governadores dos estados foram depostos e, em

seus lugares, interventores foram nomeados. Centralizando os poderes em suas mãos, Vargas desagradou às

oligarquias estaduais, especialmente a de São Paulo. As elites políticas paulistas, economicamente mais

importantes, sentiram-se muito prejudicadas e os liberais reivindicaram eleições e o fim do governo

provisório. Conservadores, os paulistas irritaram-se ainda mais quando Vargas reconheceu oficialmente os

sindicatos dos operários, legalizou o Partido Comunista e apoiou um aumento no salário dos trabalhadores.

Quando, em 1932, uma greve mobilizou cerca de 200 mil trabalhadores no estado, empresários e

latifundiários tiveram sua gota d’água para unirem-se contra Vargas. No dia 23 de maio foi realizado um

comício reivindicando uma nova Constituição para o Brasil. O comício terminou em conflitos armados e

quatro estudantes morreram: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo. Desde então, as iniciais de seus

nomes, MMDC, transformaram-se no grande símbolo do movimento contrário a Vargas.

Cartaz do MMDC

Em julho do mesmo ano, ainda pelo calor dos acontecimentos, explodiu uma revolta. As tropas rebeldes

espalharam-se pela cidade de São Paulo e ocuparam as ruas. A imprensa paulista dava-lhes amplo apoio: no

rádio, o entusiasmo de César Ladeira faz dele o locutor oficial da chamada “Revolução Constitucionalista”.

Com a intensa campanha de mobilização em ação, a população logo adere à rebelião e um grande número

Page 2: historiaressucat.files.wordpress.com  · Web viewRevolução Constitucionalista de 1932. Explique os motivos que levaram o estado de São Paulo a se posicionar contra Getúlio Vargas

de pessoas se alista para a luta. Quando, de fato, o levante se iniciou, uma verdadeira multidão saiu às ruas

em seu apoio.

Tropas paulistas foram enviadas para os fronts em todo o estado, mas as tropas federais eram mais

numerosas e bem equipadas, contando com aviões para bombardear cidades do interior paulista. Para cada

soldado paulista (cerca de 35 mil) havia três leais a Getúlio. Os revoltosos, sabendo dessa desvantagem,

esperavam a adesão de outros estados, o que não aconteceu.

Em outubro de 1932, após três meses de luta, os paulistas, sem opção, renderam-se. Prisões, cassações e

deportações seguiram-se à capitulação. Estatísticas oficiais apontam 830 mortos. Contudo, estima-se que

centenas a mais de pessoas morreram sem constar dos registros oficiais. De qualquer forma, a Revolução

Constitucionalista de 1932 foi o maior confronto militar no Brasil durante o século 20.

Em detalhes: quem lutava pelo quê?

Sabemos que o estado de São Paulo foi a principal base política do regime da Primeira República e, por

isso, era tido por vários membros do Governo Provisório de Vargas (contrário a tudo que lembrasse as

práticas oligárquicas do começo do século) como um foco oposicionista em potencial. Lideranças civis e

militares que apoiaram o golpe de Getúlio pressionaram o novo governo para que não deixasse o governo

estadual nas mãos do Partido Democrático de São Paulo, alegando que este havia apoiado a Aliança Liberal

e a Revolução de 1930, mas não se envolvera diretamente nos eventos revolucionários. Diante dessas

pressões, Vargas terminou por indicar para os cargos de interventor e comandante da Força Pública de São

Paulo os líderes tenentistas João Alberto e Miguel Costa.

A exclusão do Partido Democrático de São Paulo teve como principal resultado o início de uma campanha

de mobilização da sociedade paulista. Ressentidos por estarem longe dos holofotes do poder, a palavra de

ordem dos paulistas passou a ser a imediata reintegração do país em um regime constitucional. Essa

reivindicação era, obviamente, rechaçada pelos “tenentes”, interessados em manter um governo

discricionário para promover mais facilmente as mudanças que consideravam necessárias. Durante o ano de

1931, o governo Vargas manteve-se muito próximo das teses tenentistas, a ponto de se poder dizer que o

Brasil a eles pertencia.

Mas a forte campanha constitucionalista dos paulistas acabou levando à renúncia, em julho de 1931, do

interventor João Alberto. Iniciou-se então um período de intensa luta política entre os diversos grupos que

buscavam o poder em São Paulo. Em um curto espaço de tempo foram indicados diversos interventores que

caíam com a mesma facilidade com que subiam. Essa instabilidade decorria também do fato de que o “caso

São Paulo” se tornava cada vez mais um problema político que ultrapassava as fronteiras do estado e

qualquer medida do Governo Provisório, contrária ou não às reivindicações paulistas, tinha repercussão

nacional. Setores políticos gaúchos e mineiros, por exemplo, solidarizaram-se à campanha

constitucionalista sem, no entanto, romper naquele momento com o governo de Vargas!

Em fins de 1931 e início de 1932, Vargas procurou conter as críticas organizando uma comissão, presidida

pelo ministro da Justiça Maurício Cardoso, encarregada de organizar um novo Código Eleitoral. Em

fevereiro de 1932, esse código foi publicado e um novo interventor foi nomeado para São Paulo, o civil

Pedro de Toledo, paulista de nascimento. Podemos concluir que Getúlio acenava com sinais de trégua,

dando claros indícios de que a disputa com São Paulo era desgastante para ambos os lados. Os ânimos, no

entanto, não se acalmaram e formou-se a Frente Única Paulista (FUP), cujos principais lemas eram a

constitucionalização do país e a autonomia de São Paulo.

Page 3: historiaressucat.files.wordpress.com  · Web viewRevolução Constitucionalista de 1932. Explique os motivos que levaram o estado de São Paulo a se posicionar contra Getúlio Vargas

Soldados constitucionalistas em ação: no início do levante, para os 27 mil fuzis existentes, não havia

mais do que 1 milhão e 500 mil cartuchos em todo o estado, o que dava exatamente 55 tiros para cada

soldado enfrentar as forças ditatoriais fartamente municiadas

Em maio de 1932, Vargas finalmente marcou a data das eleições para o próximo ano. Mesmo assim, a

conspiração política em São Paulo fugira do controle e a morte dos quatro estudantes em confronto com

forças legais criara mártires para a causa constitucionalista. No dia 9 de julho, o movimento revolucionário

ganhou as ruas da capital e do interior de São Paulo. Na linha de frente das forças rebeldes estavam

dissidentes do Golpe de 1930, como Bertoldo Klinger e Euclides Figueiredo e Isidoro Dias Lopes (o

mesmo antigo líder do levantes de 1924). Apoiada por amplos setores da sociedade paulista, intelectuais,

industriais, estudantes e outros segmentos das camadas médias, políticos ligados à República Velha ou ao

Partido Democrático pegaram em armas. Rio Grande do Sul e Minas Gerais, aliados a princípio, optaram

por não enfrentar a força militar do governo federal, isolando os paulistas que, em outubro de 1932,

capitulavam.

E depois?

Assim que o levante findou-se, Vargas emitiu sinais de que estava disposto a uma nova composição política

com os paulistas. Em agosto de 1933, nomeou um interventor paulista, o civil Armando de Sales Oliveira.

Logo em seguida, adotou medidas que permitiram o reescalonamento das dívidas dos agricultores em crise.

Nesse período, as elites políticas paulistas estavam tentando se reorganizar e o novo interventor teve um

papel decisivo nesse processo, reconstruindo o aparelho administrativo. Mas a principal obra de Sales de

Oliveira deu-se no campo da cultura: a criação da Universidade de São Paulo (USP) em 1934. Para

comentadores da época, como Sergio Milliet, de São Paulo não sairiam mais “guerras civis anárquicas, mas

sim uma revolução intelectual e científica suscetível de mudar as concepções econômicas e sociais dos

brasileiros”. 

Cartaz revolucionário - Cena da novela Esperança, mostrando jovens constitucionalistas em reunião

Page 4: historiaressucat.files.wordpress.com  · Web viewRevolução Constitucionalista de 1932. Explique os motivos que levaram o estado de São Paulo a se posicionar contra Getúlio Vargas

O entrelaçamento entre cultura e política também se fez sentir na criação do Departamento de Cultura da

cidade de São Paulo em 1935. Nesse órgão trabalharam Paulo Prado, Mário de Andrade, Antônio de

Alcântara Machado, Rubens Borba de Moraes e Sergio Milliet.Celebrações e controvérsias

Quem reclama de descansar em feriado? Nós, brasileiros, adoramos dias sem atividades e quando podemos

prolongar essas datas, viajando nos chamados “feriados prolongados”! Durante o ano, passamos, com

algumas variações regionais, por cerca de 15 feriados.

Quando em 1997, o governador de São Paulo, Mário Covas, ressuscitou o 9 de julho (que havia sido

abolido do calendário de feriados pelo regime militar), não sabia ele as celeumas que se envolveria. A

decisão de Covas estava amparada pela legislação federal, que relega aos estados o direito de escolher uma

data para instituir o seu feriado. Naquele ano, o jornal Folha de S. Paulo trouxe em sua edição de 9 de

julho: “Não está em discussão a relevância histórica da Revolução de 32. Com todo o respeito que merecem

os veteranos daquele movimento, o ponto em questão é a conveniência de se acrescentar mais um feriado a

um calendário já repleto deles. Em termos econômicos, o prejuízo causado pelos feriados deste ano não será

desprezível. Já descontadas as férias mensais do trabalhador e os fins de semana, os 15 dias de feriado

correspondem a uma perda extra de cerca de 6% na atividade produtiva. Ademais, a população fica, nesses

dias, privada de alguns serviços essenciais. Fecham bancos, supermercados e correios; hospitais e farmácias

funcionam só em regime de plantão, atendendo a emergências.”

Mas passadas as discussões iniciais sobre o caráter do feriado, São Paulo passou a comemorar cada

aniversário da “Revolução de 9 de Julho de 1932” e a aproveitar seu feriado. Neste ano, por exemplo, um

ato cívico-militar em homenagem à data foi realizado no parque Ibirapuera enquanto o Memorial do

Imigrante inaugurava uma mostra de objetos utilizados pelos revolucionários durante os combates em

homenagem à data. A própria novela das 8 da rede Globo chegou a prestigiar a data, encenando os

acontecimentos de 1932 em sua trama.

Cartão-postal do MMDC

De qualquer forma, podemos concluir algumas coisas sobre o movimento de 1932 que estão longe da

questão de homenageá-lo ou não. Durante pelo menos os três primeiros quartos do século 20, o Brasil foi

marcado por incontáveis golpes, motins, revoltas, marchas, quarteladas, revoluções e intentonas, sempre de

caráter golpista, apesar de pregarem a “redenção” do Brasil. Neste ponto podemos distinguir a

singularidade da guerra civil de 1932, pois ele foi o único movimento que teve como bandeira uma luta

armada a favor de um poder constituinte. E as características únicas da Revolução não param por aí: alguém

é capaz de apontar outro evento “revolucionário” da nossa história em que a preservação da memória, a

comemoração do evento e o culto aos heróis (juntos!) sejam tradicionalmente realizados pelos “vencidos” e

não pelos “vencedores” da guerra?

Para saber mais http://www.geocities.com/Athens/Atrium/8125/album/album.html - Fotos raras da Revolução.

http://www.muralnet.net/mmdc/mmdc/index.htm - Link da Sociedade dos Veteranos de 32. Visite o Museu da Revolução

Page 5: historiaressucat.files.wordpress.com  · Web viewRevolução Constitucionalista de 1932. Explique os motivos que levaram o estado de São Paulo a se posicionar contra Getúlio Vargas

Constitucionalista de 32 (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n° - Pq. Ibirapuera, São Paulo).