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SOLANGE MORAES PALACIO A VISITA DOMICILIAR COMO INSTRUMENTO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA NO ÂMBITO SAÚDE DA CRIANÇA

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SOLANGE MORAES PALACIO

A VISITA DOMICILIAR COMO INSTRUMENTO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA NO ÂMBITO SAÚDE DA CRIANÇA

Dourados – MS2011

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SOLANGE MORAES PALACIO

A VISITA DOMICILIAR COMO INSTRUMENTO NA ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE DA FAMÍLIA NO ÂMBITO SAÚDE DA CRIANÇA

Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do Curso de Pós Graduação a nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família.Orientadora: Prof. Dra. Erika Kaneta Ferri

Dourados – MS2011

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Agradecimentos

Dedico este trabalho às pessoas que tanto necessitam da Visita Domiciliar na Atenção Básica de Saúde, como caminho possível de aproximação no contexto da mudança, de mostrar as práticas da assistência e promoção da saúde e no acolhimento da integralidade no cuidado em saúde.

A Deus

A Deus que me presenteou com o livre arbítrio, abençoou-me com a inteligência e deu-me a

graça de lutar para conquistar minhas realizações. Em Fp 4:13 diz: “Tudo posso naquele que

me fortalece”.

Aos meus Pais

Aos meus pais que me deram a vida e por ela me conduzem com muita dedicação e amor.

Aos Mestres

A minha tutora do Curso de Pós Graduação em Atenção Básica em Saúde da Família da

FIOCRUZ que, com muita paciência e boa vontade, sempre procurou mostrar o caminho a ser

trilhado para que tivéssemos sucesso na conclusão do curso.

Aos colegas

Aos colegas de trabalho, pelos momentos de troca de conhecimento e companheirismo e,

principalmente, pela compreensão de todo este tempo.

Ao meu amor

Ao meu amor, que sempre me incentivou a vencer, acreditando na minha capacidade. Ele é a

minha força, que me sustenta diante dos obstáculos da vida. Diante do incentivo dele é que

caminho perseverante para o desenvolvimento dos meus ideais.

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Resumo

Introdução: O programa de Saúde da Família é uma estratégia do Ministério da Saúde, que

propõe ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos, a partir da

efetivação de suas diretrizes operacionais. Entre as atividades dos profissionais que integram a

ESF, podemos citar a visita domiciliar, que, por sua vez, é uma estratégia bem recebida e

considerada importante para a promoção da saúde. Neste sentido, a visita domiciliar tem um

valor sustentável, possibilitando tanto intervenções educativas como de consulta à criança,

facilitando a execução destas com a família.

Objetivos: O presente projeto objetivou proporcionar assistência e vigilância à saúde no

domicílio, dentro dos princípios do SUS e através da intervenção supervisionada pela equipe

de saúde. Além disso, buscou-se criar fluxos de recepção e avaliação na sistematização à

coleta de dados durante a visita domiciliar; desenvolver atividades preventivas e de promoção

da saúde ao usuário e à família no seu âmbito domiciliar, ajudando-o a assumir atribuições

com a família; incentivar toda a equipe para a participação da assistência domiciliar, buscando

um trabalho em equipe de qualidade e, por fim, assistir e apoiar a família numa avaliação

mais precisa da sua situação socioeconômica estrutural.

Metodologia: Foi utilizada a metodologia do projeto de intervenção uma atividade

organizada para resolver um problema identificado, neste sentido, construídos para resolver

problemas e tem a função de transformar uma idéia em ação. Foi realizado no Distrito de

Itahum, cidade de Dourados/MS, ESF 201. Após reunião com a equipe da ESF 201 foi

escolhida uma família composta de sete pessoas, de classe socioeconômica baixa, baixa

escolaridades, problemas de uso abusivo de álcool, somadas as questões di violência

intrafamiliar. A esposa/mãe já teve sete partos naturais, sendo um aborto e uma morte

neonatal. A criança mais nova, atualmente, tem seis meses de idade e é portadora de anemia

falciforme. As crianças possuem dificuldades de aprendizado e relacionamento. Utilizamos

comunicação e linguagem acessível e respeitamos todas as crenças e valores. Realizamos o

APGAR na família, conforme o anexo 3. Diante da aplicação do Apagar, foi observado que,

juntamente com o laço afetivo, encontram-se conflitos e mau comportamento. Uma família

disfuncional tem sintomas comuns e comportamentos que resultam em uma estrutura familiar

afetada por vários fatores.

Resultados: As atividades foram integradas por toda a equipe, de forma a permitir a

participação dos diversos elementos em todas as atividades, de acordo com o nível de

responsabilidade requerido em cada situação. Foi realizado consulta médica e através de uma

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roda de conversa junto à família, reforçamos as informações que constam no Programa

Assistência Saúde da Criança, com o objetivo de orientar sobre os cuidados de prevenção e

promoção da saúde da criança e da família. Discutimos a importância do autoconhecimento e

autocuidado, os quais contribuem para uma melhor qualidade de vida. Também, para envolver

toda a comunidade, divulgamos o projeto, realizamos dinâmicas sobre saúde da criança e do

adolescente. Depois de colocado o plano em prática, avaliamos e acompanhamos a satisfação

da família na sua execução.

Conclusão: Mediante deste processo, reconhecemos a extrema importância do papel de uma

equipe multidisciplinar na avaliação e intervenção na família na visita domiciliar. Nesse

sentido propomos á equipe um planejamento de intervenção á rotinas de visitas domiciliares,

ou seja, uma assistência de enfermagem que irá exigir habilidades para as ações preventivas

devendo ser conduzida por um profissional capacitado, pois neste planejamento o responsável

levantará o diagnostico e elaborar as intervenções para serem executadas.

Palavras Chave: Visita Domiciliar; Saúde da Criança; Intervenções.

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Siglas

ACD Auxiliar de Consultório Dentário

ACS Agente Comunitário de Saúde

COFEN Conselho Federal de Enfermagem

CIB Comissão Intergestores Bipartite

ECA Estatuto da Criança e do Adolescente

ESF Estratégia de Saúde da Família

PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde

PSF Programa de Saúde da Família

SIAB Sistema de Informação da Atenção Básica

SIAB Sistema de Informação da Atenção BásicaSUS Sistema Único de Saúde

THD Técnico de Higiene Dentário

UBS Unidade Básica de Saúde

USF Unidade de Saúde da Família

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Sumário

1. Introdução ............................................................................................................................7

2. Implantação da estratégia de Saúde da Família .................................................................. 8

2.1. O trabalho em equipe no PSF ...................................................................................... 9

2.2. Princípios Básicos para a Operacionalização de Saúde da Família ............................10

2.3. Atribuições dos membros da Equipe de Saúde da Família ........................................ 11

2.3.1. Atribuições comuns a todos os profissionais que integram as equipes ........... 112.3.2. Do Enfermeiro do Programa Agentes Comunitários de Saúde ....................... 122.3.3. Do Enfermeiro ................................................................................................. 132.3.4. Do Médico ....................................................................................................... 13

2.3.5. Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem ...................................................... 142.3.6. Do Cirurgião Dentista ...................................................................................... 14

2.3.7. Do auxiliar de Consultório Dentário (ACD) ................................................... 152.3.8. Atribuições específicas do Agente Comunitário de Saúde .............................. 15

2.4. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS) ......................................... 16

3. Visita domiciliar ................................................................................................................ 17

3.1. Visita domiciliar no âmbito saúde da criança ........................................................... 204. Metodologia ...................................................................................................................... 21

4.1. Tipo ............................................................................................................................ 214.2. Local/Cenário da pesquisa ......................................................................................... 224.3. Sujeitos ....................................................................................................................... 224.4. Considerações éticas .................................................................................................. 22

4.5. Materiais e métodos ................................................................................................... 225. Resultados e discussão ...................................................................................................... 23

5.1. Intervenções do plano de ação na visita domiciliar no âmbito saúde da criança ....... 23

5.2. Intervenções na atividade educativa .......................................................................... 24

5.3. Intervenções na Consulta à Criança ............................................................................25

6. Conclusão .......................................................................................................................... 287. Referências ........................................................................................................................ 29Anexos .................................................................................................................................... 31

a) Anexo 1 ....................................................................................................................... 31b) Anexo 2 ....................................................................................................................... 32c) Anexo 3 ....................................................................................................................... 33d) Anexo 4 ........................................................................................................................34

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1. Introdução

O Programa de Saúde da Família é uma estratégia do Ministério da Saúde, que

propõe ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos, a partir da

efetivação de suas diretrizes operacionais. A primeira possibilidade de efetivação dessas ações

está localizada no momento do acolhimento. O confronto entre as necessidades de saúde (ou

outras) trazidas pelos usuários e o que a instituição, no caso o PSF, tem a oferecer, revela as

mudanças no modelo assistencial.

Entre as atividades dos profissionais que integram a ESF, podemos citar a visita

domiciliar que, por sua vez, é uma estratégia bem recebida e considerada importante para a

promoção da saúde. Neste sentido, a visita domiciliar integrada com intervenções tem um

valor sustentável, possibilitando tanto intervenções educativas como clínicas, bem como

facilitando a execução destas intervenções com a família.

Destaca-se também o profissional enfermeiro, o qual tem um papel imprescindível na

assistência da população adscrita da ESF. E, no que se refere à visita domiciliar, ele promove

ações de assistência, de prevenção e de promoção. Assim, a assistência de enfermagem

procura cuidar desta essência, promovendo o cuidado ao ser humano, individualmente, na

família ou em comunidade, de modo integral e holístico, desenvolvendo de forma autônoma

ou em equipe atividades de promoção, proteção, prevenção, reabilitação e recuperação da

saúde.

Neste sentido, o objetivo do presente projeto de intervenção é de proporcionar

assistência e vigilância à saúde no domicílio, dentro dos princípios do Sistema Único de

Saúde (SUS), e através da intervenção supervisionada pela equipe de saúde. Além disso,

buscou-se criar fluxos de recepção e avaliação na sistematização à coleta de dados durante a

visita domiciliar; desenvolver atividades preventivas e de promoção da saúde ao usuário e à

família no seu âmbito domiciliar; capacitar cuidadores domiciliares leigos para atenção à

saúde no domicílio, ajudando-os a assumir atribuições com a família; incentivar toda equipe a

participação da assistência domiciliar, buscando um trabalho em equipe de qualidade e, por

fim, assistir e apoiar a família numa avaliação mais precisa da sua situação socioeconômica e

estrutural.

Portanto, a partir deste projeto, espera-se que haja por parte da equipe de ESF um

processo de reflexão a cerca da visita domiciliar e de todos os fatores nela envolvidos. É, sem

dúvida, um desafio. Embora a visita domiciliar seja uma prática normativa de todos os

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profissionais do ESF, é necessário que mecanismos de superação sejam criados, no sentido de

resgatar a autonomia, a independência e a liberdade dos atores sociais, contemplando, assim,

as especificidades de cada família. Para que esta ação seja bem sucedida, é preciso que o

profissional desprenda-se de seus estereótipos, analise criticamente suas concepções, valores e

atitudes, buscando a compreensão  do outro. Isto é construir um processo que requer caminhar

no ritmo de cada família, respeitando sua diversidade cultural, prioridades e, especialmente, a

complexa relação socioeconômica com os aspectos biológicos que determinam seu cotidiano.

2. Implantação da estratégia de Saúde da Família

Em uma breve incursão histórica, verificamos que as reformas do Sistema de Saúde

no Brasil, realizadas durante a década de 1980, circunscrevem-se em um movimento amplo de

redemocratização do país e resgate de cidadania, denominado Reforma Sanitária. Como

marco teórico deste momento, ressalta-se a Constituição Federal de 1988, juntamente com os

princípios e diretrizes da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS).

O PSF (Programa de Saúde da Família) teve seu início em 1991, com a implantação

do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS), tendo, posteriormente, em 1994,

sido modificado em sua estrutura e ações, porém mantendo a filosofia da concepção original.

No PSF, cada equipe, formada por um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e

seis agentes comunitários de saúde, responde por uma área adscrita, sendo responsáveis por

600 a 1.000 famílias, variação que leva em conta as diversidades regionais (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2001;  SENNA, 2002).

O Programa de Saúde da Família é uma estratégia do Ministério da Saúde, que

propõe ações de promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos, a partir da

efetivação de suas diretrizes operacionais. A primeira possibilidade de efetivação dessas ações

pode estar localizada no momento do acolhimento. O confronto entre as necessidades de

saúde (ou outras) trazidas pelos usuários e o que a instituição, no caso o PSF, tem a oferecer,

poderá revelar as mudanças no modelo assistencial.

A implantação da estratégia de Saúde Família é consequência de uma decisão de

reordenação do modelo assistencial de substituir as práticas tradicionais por uma nova prática,

a qual se inicia na atenção básica e os serviços de saúde criam vínculos de responsabilização

com a população. Portanto, esta é uma decisão política de mudança, que compete aos gestores

municipais e que antecede qualquer etapa para operacionalização da estratégia de Saúde da

Família.8

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2.1. O trabalho em equipe no PSF

Saúde da Família é uma estratégia que prioriza as ações de promoção, proteção e

recuperação da saúde dos indivíduos e da família, do recém-nascido ao idoso, sadios ou

doentes, de forma integral e contínua.

De acordo com a Portaria nº. 648, de 28 de Março de 2006, além das características

do processo de trabalho das equipes de Atenção Básica, definiu-se as características do

processo de trabalho da Saúde da Família. São elas:

a) Manter atualizado o cadastramento das famílias e dos indivíduos e utilizar, de forma

sistemática, os dados para a análise da situação de saúde, considerando as

características sociais, econômicas, culturais, demográficas e epidemiológicas do

território;

b) Definição precisa do território de atuação, mapeamento e reconhecimento da área

adstrita, que compreenda o segmento populacional determinado, com atualização

contínua;

c) Diagnóstico, programação e implementação das atividades segundo critérios de risco à

saúde, priorizando solução dos problemas de saúde mais frequentes;

d) Prática do cuidado familiar ampliado, efetivada por meio do conhecimento da

estrutura e da funcionalidade das famílias, que visa propor intervenções que

influenciem os processos de saúde doença dos indivíduos, das famílias e da própria

comunidade;

e) Trabalho interdisciplinar e em equipe, integrando áreas técnicas e profissionais de

diferentes formações;

f) Promoção e desenvolvimento de ações intersetoriais, buscando parcerias e integrando

projetos sociais e setores afins, voltados para a promoção da saúde, de acordo com

prioridades e sob a coordenação da gestão municipal;

g) Valorização dos diversos saberes e práticas na perspectiva de uma abordagem integral

e resolutiva, possibilitando a criação de vínculos de confiança com ética, compromisso

e respeito;

h) Promoção e estímulo à participação da comunidade no controle social, no

planejamento, na execução e na avaliação das ações; e

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i) Acompanhamento e avaliação sistemática das ações implementadas, visando a

readequação do processo de trabalho.

2.2. Princípios Básicos para a Operacionalização de Saúde da Família

A Estratégia de Saúde da Família, conforme já demonstrado, reafirma e incorpora os

princípios básicos do Sistema Único de Saúde – SUS, os quais são a universalização, a

descentralização, a integralidade e a participação da comunidade.

Esta estratégia está estruturada a partir da Unidade de Saúde da Família – uma

unidade pública de saúde, com uma equipe multiprofissional que assume a responsabilização

por uma determinada população a ela vinculada. Esta equipe desenvolve ações de promoção

da saúde e de prevenção, bem como de tratamento e de reabilitação de agravos.

A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo

assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em

unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um

número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. Atuam em ações

de promoção da saúde, prevenção, recuperação e reabilitação de doenças e de agravos mais

frequentes, além da manutenção da saúde desta comunidade. São compostas por um médico,

um enfermeiro, duas auxiliares de enfermagem, seis a sete agentes comunitários de saúde

(total de 450 a 750 pessoas), um odontólogo e um auxiliar de consultório dentário.

A base de atuação das equipes é composta pelas seguintes atividades:

a) Visita Domiciliar: tem a finalidade de monitorar a saúde das familias. A equipe deve

realizar visitas programadas ou voltadas ao entendimento de demandas espontâneas,

segundo criterios epidemiológicos e de identificação de situações de risco. O

acompanhamento dos Agentes Comunitários de Saúde em microáreas, selecionadas no

território de responsabilidade da unidade de Saúde Família, representa um componente

facilitador para a identificação das necessidades e racionalização do emprego dessa

modalidade de atenção;

b) Internação Domiciliar: não substitui a internação hospitalar tradicional. Deve ser

utilizada no intuito de humanizar e garantir maior qualidade e conforto ao paciente.

Por isso, só deve ser realizada quando as condições clínicas e familiares do paciente

permitirem. A hospitalização deve ser feita sempre que necessária, com o devido

acompanhamento por parte da equipe;

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c) Participação em grupo comunitário: a equipe deve estimular e participar de reuniões

em grupo, discutindo os temas relativos ao diagnóstico e alternativas para a resolução

dos problemas identificados como prioritários pelas comunidades.

2.3. Atribuições dos membros da Equipe de Saúde da Família

Suas atribuições básicas são: prestar assistência integral aos indivíduos sob sua

responsabilidade, valorizar a relação médico-paciente e médico-familia como parte de um

processo terapêutico e de confiança e oportunizar os contatos com indivíduos sadios ou

doentes, visando abordar os aspectos preventivos e de educação sanitária. Eles devem também

empenhar-se em manter seus clientes saudáveis, quer venham as consultas ou não, executar

ações básicas de vigilância epidemiológica e diretas de saúde, efetivar as bases legais que os

legitima, bem como promover a organização do processo de trabalho das unidades de Saúde

da Família.

As atribuições dos profissionais pertencentes à equipe ficaram estabelecidas também

pela Portaria nº. 648, de 28 de Março de 2006, podendo ser complementadas pela gestão

local.

2.3.1. Atribuições comuns a todos os profissionais que integram as equipes

a) Participar do processo de territorialização e mapeamento da área de atuação da equipe,

identificando grupos, famílias e indivíduos expostos a riscos, inclusive aqueles

relativos ao trabalho, e da atualização contínua dessas informações, priorizando as

situações a serem acompanhadas no planejamento local;

b) Realizar o cuidado em saúde da população adscrita, prioritariamente no âmbito da

unidade de saúde, no domicílio e nos demais espaços comunitários (escolas,

associações, entre outros), quando necessário;

c) Realizar ações de atenção integral, conforme a necessidade de saúde da população

local, bem como as previstas nas prioridades e protocolos da gestão local;

d) Garantir a integralidade da atenção por meio da realização de ações de promoção da

saúde, prevenção de agravos e curativas, e da garantia de atendimento da demanda

espontânea, da realização das ações programáticas e de vigilância à saúde;

e) Realizar busca ativa e notificação de doenças e agravos de notificação compulsória e

de outros agravos e situações de importância local;11

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f) Realizar a escuta qualificada das necessidades dos usuários em todas as ações,

proporcionando atendimento humanizado e viabilizando o estabelecimento do vínculo;

g) Responsabilizar-se pela população adscrita, mantendo a coordenação do cuidado

mesmo quando esta necessita de atenção em outros serviços do sistema de saúde;

h) Participar das atividades de planejamento e avaliação das ações da equipe, a partir da

utilização dos dados disponíveis;

i) Promover a mobilização e a participação da comunidade, buscando efetivar o controle

social;

j) Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações

intersetoriais com a equipe, sob coordenação da SMS;

k) Garantir a qualidade do registro das atividades nos sistemas nacionais de informação

na Atenção Básica;

l) Participar das atividades de educação permanente; e

m) Realizar outras ações e atividades a serem definidas de acordo com as prioridades

locais.

2.3.2. Do Enfermeiro do Programa Agentes Comunitários de Saúde

a) Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS;

b) Supervisionar, coordenar e realizar atividades de qualificação e educação permanente

dos ACS, com vistas ao desempenho de suas funções;

c) Facilitar a relação entre os profissionais da Unidade Básica de Saúde e ACS,

contribuindo para a organização da demanda referenciada;

d) Realizar consultas e procedimentos de enfermagem na Unidade Básica de Saúde e,

quando necessário, no domicílio e na comunidade;

e) Solicitar exames complementares e prescrever medicações, conforme protocolos ou

outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor municipal ou do Distrito Federal,

observadas as disposições legais da profissão;

f) Organizar e coordenar grupos específicos de indivíduos e famílias em situação de

risco da área de atuação dos ACS; e

g) Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento

da UBS.

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2.3.3. Do Enfermeiro

a) Realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos,

diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias

na USF e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços

comunitários (escolas, associações etc), em todas as fases do desenvolvimento

humano: infância, adolescência, idade adulta e terceira idade; durante o tempo e

frequência necessários, de acordo com as necessidades de cada paciente;

b) Conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo Conselho

Federal de Enfermagem (COFEN) e aprovadas pela Resolução nº. 195, de 18 de

fevereiro de 1997, observadas as disposições legais da profissão, realizar consulta de

enfermagem, solicitar exames complementares e prescrever medicações;

c) Planejar, gerenciar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS;

d) Supervisionar, coordenar e realizar atividades de educação permanente dos ACS e da

equipe de enfermagem;

e) Contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do Auxiliar de

Enfermagem, ACD e THD;

f) Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento

da USF; e

g) Planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a USF.

2.3.4. Do Médico

a) Realizar assistência integral (promoção e proteção da saúde, prevenção de agravos,

diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) aos indivíduos e famílias

em todas as fases do desenvolvimento humano: infância, adolescência, idade adulta e

terceira idade;

b) Realizar consultas clínicas e procedimentos na USF e, quando indicado ou necessário,

no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc);

c) Realizar atividades de demanda espontânea e programada em clínica médica,

pediatria, ginecoobstetrícia, cirurgias ambulatoriais, pequenas urgências clínico-

cirúrgicas e procedimentos para fins de diagnósticos;

d) Encaminhar, quando necessário, usuários a serviços de média e alta complexidade,

respeitando fluxos de referência e contrareferência locais, mantendo sua

13

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responsabilidade pelo acompanhamento do plano terapêutico do usuário, proposto pela

referência;

e) Indicar a necessidade de internação hospitalar ou domiciliar, mantendo a

responsabilização pelo acompanhamento do usuário;

f) Contribuir e participar das atividades de Educação Permanente dos ACS, Auxiliares

de Enfermagem, ACD e THD; e

g) Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento

da USF.

2.3.5. Do Auxiliar e do Técnico de Enfermagem

a) Participar das atividades de assistência básica, realizando procedimentos

regulamentados no exercício de sua profissão na USF e, quando indicado ou

necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações

etc);

b) Realizar ações de educação em saúde a grupos específicos e a famílias em situação de

risco, conforme planejamento da equipe; e

c) Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento

da USF.

2.3.6. Do Cirurgião Dentista

a) Realizar diagnóstico com a finalidade de obter o perfil epidemiológico para o

planejamento e a programação em saúde bucal;

b) Realizar os procedimentos clínicos da Atenção Básica em saúde bucal, incluindo

atendimento das urgências e pequenas cirurgias ambulatoriais;

c) Realizar a atenção integral em saúde bucal (promoção e proteção da saúde, prevenção

de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e manutenção da saúde) individual e

coletiva a todas as famílias, a indivíduos e a grupos específicos, de acordo com

planejamento local, com resolubilidade;

d) Encaminhar e orientar usuários, quando necessário, a outros níveis de assistência,

mantendo sua responsabilização pelo acompanhamento do usuário e o segmento do

tratamento;

e) Coordenar e participar de ações coletivas voltadas à promoção da saúde e à prevenção

de doenças bucais;

14

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f) Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais

membros da Equipe de Saúde da Família, buscando aproximar e integrar ações de

saúde de forma multidisciplinar;

g) Contribuir e participar das atividades de Educação Permanente do THD, ACD e ESF;

h) Realizar supervisão técnica do THD e ACD; e

i) Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento

da USF.

2.3.7. Do auxiliar de Consultório Dentário (ACD)

a) Realizar ações de promoção e prevenção em saúde bucal para as famílias, grupos e

indivíduos, mediante planejamento local e protocolos de atenção à saúde;

b) Proceder à desinfecção e à esterilização de materiais e instrumentos utilizados;

c) Preparar e organizar instrumental e materiais necessários;

d) Instrumentalizar e auxiliar o cirurgião dentista e/ou o THD nos procedimentos

clínicos;

e) Cuidar da manutenção e conservação dos equipamentos odontológicos;

f) Organizar a agenda clínica;

g) Acompanhar, apoiar e desenvolver atividades referentes à saúde bucal com os demais

membros da equipe de saúde da família, buscando aproximar e integrar ações de saúde

de forma multidisciplinar; e

h) Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento

da USF.

2.3.8. Atribuições específicas do Agente Comunitário de Saúde

a) Realizar o mapeamento de sua área;

b) Cadastrar as famílias e atualizar permanentemente o cadastro;

c) Identificar indivíduos e famílias expostos a situações de risco;

d) Identificar área de risco;

e) Orientar as famílias para utilização adequada dos serviços de saúde, encaminhando-as

e até agendando consultas, exames e atendimento odontológico, quando necessário;

f) Realizar ações e atividades, no nível de suas competências, nas áreas prioritárias da

Atenção Básica; 15

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g) Realizar, por meio da visita domiciliar, acompanhamento mensal de todas as famílias

sob sua responsabilidade;

h) Estar sempre bem informado e informar aos demais membros da equipe sobre a

situação das famílias acompanhadas, particularmente aquelas em situações de risco;

i) Desenvolver ações de educação e vigilância à saúde, com ênfase na promoção da

saúde e na prevenção de doenças;

j) Promover a educação e a mobilização comunitária, visando desenvolver ações

coletivas de saneamento e melhoria do meio ambiente, entre outras;

k) Traduzir para a ESF a dinâmica social da comunidade, suas necessidades,

potencialidades e limites; e

l) Identificar parceiros e recursos existentes na comunidade que possa ser

potencializados pela equipe.

2.4. Princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)

De acordo com o Ministério da Saúde (2009), para o cumprimento da tarefa de

promover e proteger a saúde, o SUS precisa se organizar conforme alguns princípios,

previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e na Lei nº. 8.080/1990. Os

princípios mais importantes estão expostos a seguir:

a) Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem distinções ou

restrições, oferecendo toda a atenção necessária, sem qualqur custo. Todos os cidadãos

têm direito a consultas, exames, internações e tratamentos nos serviços de saúde,

públicos ou privados, contratados pelo gestor público. A universalidade é principio

fundamental das mudanças previstas pelo SUS, pois garante a todos os brasileiros o

direito à saúde.

b) Integralidade: pelo principio da integralidade, o SUS deve se organizar de forma que

garanta a oferta necessária aos individuos e à coletividade, independentemente das

condições econômicas, da idade, do local de moradia e outros, com ações e serviços de

promoção à saúde, prevenção de doenças, tratamento e reabilitação. A integralidade

não ocorre apenas em um único local, mas no sistema como um todo, e só será

alcançada como resultado do trabalho integrado e solitário dos gestores e

trabalhadores da saúde, com seus múltiplos saberes e práticas, assim como da

articulação entre os diversos serviços de saúde.

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c) Equidade: o SUS deve disponibilizar serviços que promovam a justiça social e que

canalizem maior atenção aos que mais necessitam, diferenciando as necessidades de

cada um. Na organização da atenção à saúde no SUS, a equidade traduz-se no

trtamento desigual aos desiguais, devendo o sistema investir mais onde e para quem as

necessidades forem maiores. A equidade é, portanto, um princípio de justiça social,

cujo objetivo é diminuir a desigualdade.

d) Participação da comunidade: é o princípio que prevê a organização e a participação da

comunidade na gestão do SUS. Essa participação ocorre de maneira oficial, por meio

dos Conselhos e Conferências de Saúde, na esfera nacional, estadual e municipal. O

Conselho de Saúde é um colegiado permanente e deve estar representando de forma

paritária, ou seja, com representantes dos usuários (50%), mas também com os

trabalhadores (25%), gestores e pretadores de serviços (25%).

e) Descentralização: esse princípio define que o sistema de saúde deve se organizar em

uma única direção, com um único gestor em cada esfera de governo. No âmbito

nacional, o gestor do SUS é o Ministério da Saúde; no estadual, o Secretário Estadual

de Saúde; no Distrito Federal, o Secretário de Saúde do DF; e no Município, o

Secretário Municipal de Saúde. Cada gestor, em cada esfera de governo, tem

atribuições comuns em competências específicas.

f) Regionalização: orienta a descentralização das ações e serviços de saúde, além de

favorecer a pactuação entre os gestores considerando suas responsabilidades. Tem

como objetivo promover o direito à saúde da população, reduzindo desigualdades

sociais e territoriais.

g) Hierarquização: é uma forma de organizar os serviços e ações para atender as

diferentes necessidades de saúde da população. Dessa forma, tem-se serviços voltados

para o atendimento das necessidades mais comuns e frequentes desenvolvidas nos

serviços de Atenção Primária à Saúde, com ou sem equipes da Saúde da Família.

Todas as pessoas tem direito à saúde, mas é importante lembrar que elas possuem

necessidades diferentes. O SUS determina que a saúde é um direito humano fundamental; é

uma conquista do povo brasileiro. Para que faça justiça social, é necessário um olhar

diferenciado aos mais necessitados, para que sejam minimizados os efeitos das desigualdades

sociais.

3. Visita domiciliar

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A visita domiciliar é uma estratégia e, devido a essa natureza, apresenta algumas

vantagens e desvantagens. A principal vantagem é a presença do profissional de saúde in loco.

Ao levar informações de saúde ao grupo familiar, o profissional, assim, obtém uma

visualização de condições peculiares de habitação, higiene e hábitos de vida. Na busca de

atender as condições observadas no domicílio, ele conhece a realidade familiar e seus

respectivos problemas.

Já as desvantagens são as limitações dos encontros, devido principalmente ao horário

de trabalho dos profissionais e aos afazeres domésticos familiares, os quais podem dificultar

ou até impossibilitar a realização da visita domiciliar.

O Ministério da Saúde, em seu Manual de Condutas de Enfermagem em Saúde da

Família, conceitua a visita domiciliar como:

[...] uma atividade utilizada com o intuito de subsidiar a intervenção no processo saúde-doença de indivíduos ou o planejamento de ações visando á promoção de saúde da coletividade. A sua execução ocorre no local de moradia dos usuários dos Serviços de Saúde e obedece a uma sistematização prévia (TAKAHASHI; OLIVEIRA, 2001, p. 43).

Para o sucesso de uma visita domiciliar, é necessário que haja planejamento,

execução, registro de dados e avaliação. De acordo com Kawamoto et al, (1995, p. 75) as

prioridades para a visita domiciliar incluem os recém-nascidos, crianças com patologias

graves ou faltosas aos agendamentos das vacinas, portadores e comunicantes de doenças

transmissíveis, gestantes de alto risco ou com VDRL positivo e/ou  faltosas.

A visita domiciliar é uma estratégia que, apesar de nem sempre ter clara sua função

para os moradores, é bem recebida e considerada importante para a promoção da saúde. E,

para uma maior eficácia das ações a serem desenvolvidas junto a comunidade, é preciso

estabelecer estratégias capazes de fortalecer o vínculo com a comunidade beneficiada.

O aumento da expectativa de vida, associada às doenças crônico-degenerativas que

não necessitam de internação, mas de cuidados gerais, vem proporcionando o crescimento de

uma modalidade de atendimento chamada Home Care ou Assistência Domiciliar, tanto no

âmbito público quanto no privado. No Brasil, essa prática vem crescendo e visa prosseguir em

nível domiciliar os cuidados hospitalares.

Esse tipo de assistência surgiu com o objetivo de humanizar o atendimento ao

paciente, antes hospitalizado, e tem como prerrogativa a redução de custos. É possível afirmar

que a questão econômica é um fator importante para o crescimento na assistência domiciliar,

já que é responsável direta pela sua efetividade.

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Diante do exposto, a visita domiciliar pode proporcionar práticas de acolhimento e

vínculo na integralidade da Atenção Básica em Saúde da Família, no modo organizacional a

problemas específicos de saúde. Neste sentido, a integralidade tem um valor sustentável na

minimização do sofrimento do paciente que procura o serviço de saúde. Afinal, ela tem que

estar presente nos encontros, nas conversas e nas atitudes da equipe. Deve haver toda uma

articulação entre uma demanda programada e uma demanda espontânea, aproveitando todas

as oportunidades surgidas para tal diagnóstico e identificação de situações de risco para a

saúde (FAVORETO; CAMARGO, 2002, p. 59).

Uma das estratégias prioritárias do trabalho das equipes de ESF é a visita domiciliar

às famílias. Para Kawamoto et al. (1995, p. 35), “visita domiciliar é um conjunto de ações de

saúde voltadas para o atendimento, tanto  educativo  como assistencial”. A visita, como é

realizada no âmbito domiciliar, proporciona uma dinâmica aos programas de atenção à saúde.

“A visita domiciliar constitui uma atividade utilizada com o intuito de subsidiar a intervenção

no processo de saúde-doença de indivíduos ou no planejamento de ações visando à promoção

da saúde da coletividade” (TAKAHASHI, 2001, p. 43).

Para Teixeira (1998), as práticas de saúde devem ser  entendidas como respostas

sociais aos problemas e necessidades de saúde das pessoas, seja individualmente, nos grupos

populacionais ou até mesmo na totalidade das populações inteiras. Se o olhar voltar-se ao

indivíduo, a perspectiva de análise é a clínica e os chamados fatores de risco, os quais

determinam não só a busca de tratamento e cura das doenças, como também a modificação de

comportamentos.

Já do ponto de vista do coletivo, essa perspectiva promocional e preventiva é a que

predomina, buscando-se identificar os determinantes econômicos, sociais e culturais das

condições de vida e de saúde dos diversos grupos da população, como ponto de partida para a

realização de intervenções ambientais, socioeconômicas e culturais que propiciem a melhoria

dos níveis de saúde e a redução das doenças e mortes. 

A atenção à saúde no contexto domiciliar constitui a modalidade geral da atenção à

saúde prestada no domicílio, englobando a visita e internação domiciliares, cada qual com

seus objetivos e características. Os serviços de saúde são oferecidos ao indivíduo e à sua

família em suas residências com o objetivo de promover, manter ou restaurar a saúde destes

sem a necessidade de saírem de casa.

Isto se dá em atividades nos aspectos comuns, mas diferenciando-se na prática.

Envolve ações de promoção à saúde em sua totalidade, principalmente a prática de políticas

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econômicas, sociais e de saúde, que influenciam o processo saúde-doença dos indivíduos,

além de ações preventivas e assistenciais, como o atendimento, visita e internação domiciliar.

3.1. Visita domiciliar no âmbito saúde da criança

A intervenção imediata da assistência de enfermagem no plano de ação em visita

domiciliar é saúde da criança. São realizadas ações de promoção à saúde, prevenção de

agravos e de assistência à criança, as quais pressupõem o compromisso de prover qualidade

de vida para que a criança possa crescer e desenvolver todo o seu potencial.

A Constituição Federal de 1988, em seu art. 227, determina que

É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, [...], além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.

A saúde à criança tem uma finalidade integrada à educação, conforto, qualidade de

vida, condições sociais, culturais e programas, tais como:

a) Atenção à saúde do recém-nascido;

b) Incentivo e qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento;

c) Proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno;

d) Vigilância da mortalidade infantil e fetal;

e) Prevenção de violências e promoção da cultura de paz;

f) Imunização adequada;

g) Acompanhamento adequado para as crianças com patologias de risco, tais como:

recém-nascido (R.N.) em situação de risco, portadores de patologias respiratórias,

desnutrição, sobrepeso, obesidade e anemia.

É compromisso da Unidade de Saúde ofertar ações nas linhas de cuidado, como:

a) Ações da Saúde da Mulher: atenção humanizada e qualificada;

b) Atenção humanizada e qualificada à gestante e ao recém-nascido;

c) Triagem Neonatal;

d) Incentivo ao Aleitamento Materno;

e) Incentivo e qualificação do acompanhamento, crescimento e desenvolvimento;

f) Alimentação saudável e prevenção do sobrepeso e obesidade infantil;

g) Combate à desnutrição e anemias carências;

h) Imunização;

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i) Atenção a doenças prevalentes;

j) Atenção à Saúde Bucal;

k) Atenção à Saúde Mental; e

l) Prevenção de acidentes, maus-tratos, violência e trabalho infantil.

A atenção saúde da criança é uma característica de incentivação e qualificação que

faz parte da avaliação integral à saúde da criança, propiciando o desenvolvimento de ações da

promoção da saúde, de hábitos de vida saudáveis, vacinação, prevenção de problemas e

agravos à saúde e cuidados em tempo oportuno.

Os direitos da criança e do adolescente estão assegurados mundialmente pela

Convenção dos Direitos Humanos e pelos protocolos facultativos reafirmados pelo Brasil na

Constituição Federal de 1988 e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº.

8.069/1990), bem como são promovidos em políticas setoriais do governo referentes à área de

saúde. De acordo com o ECA (2008, p.23),

a criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízos da proteção integral de que trata esta lei, assegurando-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.

Contudo, na realidade, os Conselhos da Criança e do Adolescente ainda são frágeis

em muitos Municípios e Estados brasileiros. Diante de tudo isso, identificamos as principais

dificuldades enfrentadas pelos Conselhos nas suas atuações, tais como:

a) Incompreensão ou desinteresse dos governos;

b) Pouca experiência participativa da sociedade civil em canais de gestão de assuntos

públicos;

c) Desconhecimento de suas funções por parte da maioria da população;

d) Embora o Estatuto da Criança e do Adolescente tenha 15 anos de existência, a

trajetória de vida e experiência prática dos Conselhos pode ser considerada pequena.

4. Metodologia

4.1. Tipo

Projeto de intervenção é uma atividade organizada para resolver um problema

identificado. Projetos são construídos para resolver problemas; tem a função de transformar

uma idéia em ação. O objetivo é definido a partir do diagnóstico de um problema. E, assim,

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são definidos os passos a fim de solucionar o problema identificado. É importante salientar

que os projetos são finitos, ou seja, quando é resolvido o problema, ele deixa de existir.

4.2. Local/Cenário da pesquisa

Distrito de Itahum, Município de Dourados – MS, E.S.F 201, localizada na Rua Entre

Rios, s/n, Zona Rural. Itahum está localizada a 70 km de Dourados – MS, com uma população

aproximada de 2.500 habitantes. É cadastrado no SIAB (Sistema de Informação da Atenção

Básica), com 603 famílias divididas em sete microáreas. Três das sete microáreas são

compostas pelos assentamentos; outra por uma fazenda, a qual, por motivos financeiros, está

inativa no momento. Por fim, as três microáreas restantes estão dentro do Distrito de Itahum

propriamente dito. A nossa área de abrangência, pelo SIAB, é considerada uma área rural,

devido aos assentamentos e inúmeras fazendas que existem em torno do Distrito.

4.3. Sujeitos

Uma família composta por sete pessoas, de classe socioeconômica baixa. O grau de

escolaridade dos pais é nível fundamental incompleto. Apresentam dificuldades de

relacionamento interpessoal. A esposa/mãe já teve sete partos naturais, sendo um aborto e

uma morte neonatal. São, então, 05 filhos vivos. E a criança mais nova, atualmente, está com

06 meses de idade e é portadora de anemia falciforme.

O pai, único provedor dessa família, além de ser alcoólatra, não possui emprego fixo

e vive de pequenos “bicos” e de um único benefício, o vale renda, no valor aproximado de

cento e oitenta reais. O marido já foi preso, devido à prática de violência contra a mulher, pois

agride constantemente a esposa. As crianças que estão na escola possuem muitas dificuldades

de aprendizado e também de relacionamento.

4.4. Considerações éticas

Todos os participantes foram informados sobre o objetivo do projeto de intervenção,

bem como autorizaram o uso de imagens, entrevistas, diálogos e roda de conversas, conforme

o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em anexo.

4.5. Materiais e métodos

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O presente projeto foi realizado através das seguintes etapas:

a) 1a etapa: levantamento bibliográfico e leitura dos temas relacionados à Estratégia

Saúde da Família, Visita Domiciliar e Saúde da Criança;

b) 2a etapa: reunião com a Equipe da ESF 201, para apresentação dos objetivos do

projeto e discussão de prioridades;

c) 3a etapa: levantamento e escolha da família para execução do projeto;

d) 4a etapa: visita domiciliar à família, com levantamento de problemas através de

consulta de enfermagem;

e) 5a etapa: agendamentos e encaminhamentos para a família;

f) 6a etapa: intervenção educativa;

g) 7a etapa: intervenção consulta à criança;

h) 8a etapa: aplicação do Apagar;

i) 9a etapa: construção de Genograma e Ecomapa da família;

j) 10a etapa: diálogo e discussão com toda família quanto ao projeto de intervenção

aplicado; e

5. Resultados e Discussão

5.1. Intervenções do plano de ação na visita domiciliar no âmbito saúde da criança

Para realizar a intervenção de enfermagem na prática de visita domiciliar,

consideramos dois tipos de definições de atividades:

a) Intervenções na atividade educativa; e

b) Intervenções na consulta à criança.

Existem várias formas de intervir nas famílias. Estas atividades foram desenvolvidas

de maneira integrada por toda família, de forma que permitiu a participação dos diversos

elementos em todas as atividades e de acordo com o nível de responsabilidade requerido em

cada situação. Também verificamos indicações e contra-indicações para a intervenção na

família.

Em anexo 1 e 2, segue o Genograma e o Ecomapa da família, com as características

da idade, doença, convivência e relacionamento. Onde constam as questões de dificuldade

financeiras são responsáveis diretas pela desestrutura familiar, tanto no setor econômico,

quanto no social e no cultural.

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Apesar de a família encontrar sérias dificuldades financeiras observamos que existe um

desinteresse da família, especialmente a esposa de adesão ao programa de planejamento

familiar. Assim orientamos a esposa está procurando a equipe para uma consulta de

enfermagem com a enfermeira responsável para uma avaliação.

5.2. Intervenções na atividade educativa

Devemos ter em mente o elemento “tempo” com relação às intervenções. É

necessário ter habilidades para entrevistar a família, mas também a sensibilidade ao iniciar

intervenções orientadas a um objetivo específico. Todo paciente que queira fazer parte das

ações preventivas deverá participar de uma ação educativa promovida pela Unidade de Saúde,

preferencialmente antes da consulta médica.

Esta ação pode ser individual ou em grupo, devendo ser conduzida por profissional

capacitado, podendo ser da equipe de enfermagem ou médico. É uma forma de alterar a

realidade dos membros da família, de modo a ajudá-los a interagir melhor com a equipe.

Neste momento, buscamos proporcionar orientações gerais, tanto na Assistência Saúde da

Mulher, como Assistência Saúde da Criança.

No início da atividade educativa, foi esclarecido à família o objetivo da intervenção

educativa na saúde da criança. Afinal, toda e qualquer criança tem o direito de crescimento e

desenvolvimento dos seus potenciais. Esse desenvolvimento deve ocorrer em toda família, na

comunidade, na escola. Para tanto, deve-se garantir serviços de saúde, acesso à alimentação,

educação, lazer, esporte e cultura, saneamento ambiental, assistência social e, por fim, uma

formação profissional com qualidade.

Segundo o educador Paulo Freire (1996, p. 90) ensinar não é transferir conhecimento,

mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua construção.

É importante destacar que o conhecimento e experiência dos participantes permitiu a

troca de ideias e informações. Fortaleceu-se, assim, a autoestima, a autonomia e também os

vínculos de solidariedade comunitária, contribuindo para o pleno exercício de poder

individual para decidir o melhor para a sua saúde.

Atualmente, a família depara-se constantemente com um tremendo vazio

institucional, já que não mais desempenha de forma efetiva o seu papel de responsável. Por

isso, os padrões familiares precisam de urgente reestruturação e indicação de intervenção.

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Esta atividade educativa proporcionou à família recomendações de reuniões e tratamento

familiar, despertando os membros da família a desejarem fazer uma nova avaliação de

qualidade de vida, no âmbito de uma avaliação confiável, bem como buscarem momentos

agradáveis no trabalho de intervenção na família.

Através de uma roda de conversa junto à família, colocamos em prática as

informações que constam no Programa Assistência Saúde da Criança, com o objetivo de

orientar sobre os cuidados de prevenção e promoção da saúde das crianças, tais como: a

criança no primeiro mês de vida, triagem neonatal, saúde bucal da criança, acompanhamento

do crescimento e desenvolvimento da criança, caderneta de saúde da criança, programa bolsa

família, orientações alimentares para criança, orientar a mãe sobre doenças prevalentes na

infância e, por fim, informar quanto à promoção da saúde, prevenção de violências e

promoção da cultura.

Como todas estas informações fazem parte do programa Saúde da Criança,

enfatizamos o conceito de família e a sua real importância na unidade de cuidado. Através

deste processo, reconhecemos a extrema importância do papel de uma equipe multidisciplinar

na avaliação e intervenção na família, a fim de efetivar a saúde da criança no âmbito familiar.

5.3. Intervenções na Consulta à Criança

Como exposto anteriormente, a atividade educativa nos auxiliou na coleta de dados,

a qual nos proporcionou etapas de diagnósticos da comunidade e da família, assim como a

análise e interpretação dos dados coletados, identificação dos problemas, necessidades,

recursos e grupos de riscos.

A partir deste diagnóstico, a equipe de saúde pode conhecer a realidade da

comunidade e da família, identificando as suas principais necessidades. Segundo Wright,

Lorraine (2002, p. 77), cada sistema familiar está, em si mesmo, albergado em sistemas muito

mais amplos que a vizinhança, classe, região e país, e é influenciado por todos eles. O

indivíduo e a família relacionam-se em cinco subcategorias: a etnia, raça, classe social,

religião e espiritualidade e ambiente.

Dessa forma, para o êxito deste plano de intervenção, é necessário que a visita

domiciliar seja planejada. Ao planejar, utiliza-se melhor tempo e respeita-se também o tempo

das pessoas visitadas.

A seguir, descreveremos as ações executadas nesta etapa do projeto de intervenção:

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a) O médico, após as atividades educativas, realizou nas crianças uma triagem, na qual

incluímos anamnese; exame físico geral; exame de sangue, exames parasitológico e

avaliação da imunização;

b) Realizamos o APGAR na família, conforme o anexo 3. Diante da aplicação do

Apagar, foi observado que, juntamente com o laço afetivo, encontram-se conflitos e

mau comportamento. Levando em consideração possível estresse e violência

doméstica, os pais têm comportamentos disfuncionais ou experiências de suas famílias

disfuncionais. São muitas vezes afetados pelo alcoolismo.

Uma família disfuncional tem sintomas comuns e comportamentos que resultam em

uma estrutura familiar afetada por vários fatores. As principais características disfuncionais

são:

a) Rejeição (reconhecer o alcoolismo do pai);

b) Violência doméstica;

c) Empatia entre os membros da família;

d) Família desestruturada;

e) Extremos conflitos, entre outros.

A família, devido a esses fatores, é afligida cotidianamente por sinais nada

saudáveis, tais como o desrespeito, a intolerância emocional e o comportamento ridículo.

Frequentemente, uma criança, ou até mesmo um adolescente que cresça numa família

disfuncional, é vítima de vários efeitos colaterais, como, por exemplo:

a) O Filho Bom – aquele que assume o papel de pai;

b) O Filho Problemático – aquele que é culpado pela maioria dos problemas e pode

também ser cotado como responsável pela disfuncionalidade da família, tornando-se

às vezes o único emocionalmente estável;

c) O Filho Babá – aquele que se torna responsável pelo bem emocional da família;

d) O Filho Perdido – aquele que é inconspícuo, quieto, que necessita de mais e recebe de

nada; constantemente ignorado e escondido;

e) O Filho Mascote – aquele que se usa de comédia para distrair os demais dos

problemas familiares;

f) O Filho Cabeça – aquele que se torna oportunista, capitalizando sobre as faltas de seus

próprios parentes para conseguir o que bem deseja.

Eles também podem:a) Pensar somente em si mesmo para fazer sua infância diferente, supervalorizando o

amor-próprio;26

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b) Desconfiar dos outros;

c) Ter dificuldade para expressar emoções;

d) Baixa autoestima e autoimagem prejudicada;

e) Dificuldade em formar relacionamentos saudáveis com os outros;

f) Sentir-se bravo, ansioso, depressivo, isolado dos outros, ou sem-valor;

g) Perpetuar comportamentos disfuncionais em seus próprios relacionamentos

(principalmente nos filhos);

h) Perder a habilidade de brincar ou ser criança, e talvez “crescer rápido demais”.

i) Sempre são ensinados a viver longe de suas famílias.

A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por

outras pessoas e instituições. Dentro de uma família, existe sempre algum grau de parentesco.

Família é como unidade social que enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento,

diferindo no nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais.

A equipe, ao propor todo o acolhimento necessário, também concedeu à família toda

a orientação sobre os programas existentes na unidade. Nesse intuito, encaminhamos a mãe e

duas crianças para um tratamento terapêutico.

Acolher a família é também fornecer todas as orientações e informações relativas à

participação dela no processo de tratamento. Essas duas crianças apresentam comportamentos

agressivos e dificuldades de aprendizagem relatadas pelos professores, que podem ter sido

gerados pelas dificuldades socioeconômicas enfrentadas da família, associadas ao alcoolismo

do pai.

Os mesmos apresentam sintomas psicossomáticos, que podem ser apresentados por

problemas freqüentes, tais como: dificuldades de relacionamento, problemas de

desenvolvimento, problemas de comportamento, dificuldades de aprendizagem, dificuldades

de atenção e concentração, ou seja, problemas que requerem apoio psicológico.

Neste acolhimento junto com o profissional ACS que na maioria das vezes é quem dá

o primeiro atendimento, disponibilizou as informações corretas a respeito do funcionamento

do tratamento terapêutico, que deverá acolher o paciente com educação e respeito, e prestando

o atendimento necessário, cada um dentro do seu nível de atuação profissional. A família

demonstrou receptividade e as crianças a acompanhamentos psicológicos.

Através de parcerias com a Instituição de Ensino Superior as crianças apresentaram

um grande avanço principalmente no comportamento, a professora da escola relatou que

depois que iniciaram as terapias elas mudaram muito e facilitou a aprendizagem escolar. E

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assim podemos avaliar que estas circunstâncias geram das vezes sintomas, e problemas que

requerem apoio psicológico.

Foi neste sentido que aplicamos a intervenção à consulta à criança, com a finalidade

de empregar estratégias, de modo a promover mudanças de atitudes, sejam individuais ou

coletivas. Objetivamos alcançar a aceitação e responsabilização de todos os membros da

família, independentemente de suas características pessoais. A própria família relatou junto à

equipe de saúde que se sentiu acolhida, estabelecendo, assim, uma relação solidária e de

confiança com os profissionais do sistema de saúde.

Como equipe, entendemos que acolhimento é uma atitude positiva do servidor em

colocar-se no lugar do usuário que procura o nosso serviço, responsabilizando-se pela

satisfação de suas necessidades. Toda a equipe participa do acolhimento dos pacientes na

Unidade de Saúde. A recepção ou primeiro atendimento do paciente é, dessa forma, de

fundamental importância para o desenvolvimento das ações de saúde.

6. Conclusão

Nessa atividade, a família escolhida não foi a única beneficiária, mas também a

comunidade em geral, na qual foram desenvolvidas atividades educativas no âmbito saúde da

criança e da família. Para tanto, divulgamos o projeto, bem como realizamos dinâmicas e

palestras de saúde da criança e do adolescente.

Discutimos a importância do autoconhecimento e do autocuidado, os quais

contribuem de forma direta para uma melhor qualidade de vida. Abordamos e facilitamos a

expressão de sentimento e dúvidas da confiança e a satisfação familiar. E, por fim, utilizamos

boa comunicação e linguagem acessível, além de acolhermos e respeitarmos todas as crenças

e valores que não sejam os seus próprios.

A meta foi totalmente atingida. A família aceitou as orientações educativas e as

intervenções da consulta à criança. Depois de colocado o plano em prática, podemos avaliar e

acompanhar a satisfação da família na sua execução. Além disso, identificamos os resultados

alcançados, os quais nos forneceu o auxílio necessário para a reprogramação das ações com

outras famílias que necessitam de acompanhamento em planejamento.

Nesse sentido propomos á equipe um planejamento de intervenção á rotinas de visitas

domiciliares, ou seja, uma assistência de enfermagem que irá exigir habilidades para as ações

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preventivas devendo ser conduzida por um profissional capacitado, pois neste planejamento o

responsável levantará o diagnostico e elaborar as intervenções para serem executadas. E nessa

intervenção pode ser tanto usuário, enfermeiro ou a própria família executar a ação de

intervenção desejada.

7. Referências

BRASIL. Ministério da Saúde. Saúde da Família: uma estratégia para a reorientação do modelo assistencial. Brasília, 1997.

BRASIL. Senado Federal. Artigo 227. In_______. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Editora do Senado Federal, 1988.

BRASIL. Ministério da Saúde. A implantação da Unidade de Saúde da Família. Brasília: Secretaria de Políticas de Saúde/Departamento de Atenção Básica, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde (SUS) princípios e conquistas do SUS/Ministério da Saúde. Brasília: Secretaria Executiva, 2000.

BRASIL, Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia Prático do Programa Saúde da Família. Brasília: Ministério da Saúde. 2001.

BRASIL. Ministério da Saúde. Experiências Inovadoras no SUS: relatos de experiências. Desenvolvimento de novas tecnologias assistenciais de atenção aos usuários. Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde. Brasília, 2002.

BRASIL. Ministério da Saúde. O trabalho do agente comunitário de saúde. Brasília: Secretaria de Atenção à Saúde. Despertamento de Atenção Básica, 2009.

CODIGO PENAL. Planejamento Familiar. Legislação Brasileira. Ed. Saraiva 5ª edição, São Paulo, 1999.

FAVORETO, C.A.O.; CAMARGO JR., K.R. Alguns desafios conceituais e técnico-operacionais para o desenvolvimento do programa de saúde da família como uma proposta transformadora do Modelo Assistencial. Physis, v.12, n.1, p.59-76, 2002.

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Anexos

a) Anexo 1

Genograma da Família

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b) Anexo 2

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c) Anexo 3

APGAR

O APAGAR Familiar quantifica, através de um questionário, a percepção que o

indivíduo tem do funcionamento da sua família. Esse questionário avalia a adaptação

intrafamiliar, a convivência/comunicação, o crescimento/desenvolvimento, o afeto e a

dedicação à família.

1. Adaptação: Como os recursos são compartilhados ou qual o grau de satisfação

do membro familiar com a atenção recebida, quando recursos familiares são necessários.

2. Participação: Como as decisões são compartilhadas ou qual a satisfação do

membro da família com a reciprocidade da comunicação familiar e na resolução de

problemas.

3. Crescimento: Como a promoção do crescimento é compartilhada ou qual a

satisfação do membro da família com a liberdade disponível no ambiente familiar, para a

mudança de papéis e para a concretização do crescimento emocional ou amadurecimento.

4. Afeição: Como as experiências emocionais são compartilhadas ou qual a

satisfação do membro da família com a intimidade e interação emocional no contexto

familiar.

5. Resolução: Como o tempo é compartilhado ou qual a satisfação do membro

familiar com o compromisso que tem sido estabelecido pelos seus próprios membros. Além

de repartirem seu tempo, familiares geralmente estabelecem um compromisso no

compartilhamento de espaço e dinheiro.

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d) Anexo 4

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Estamos realizando um estudo sobre as ações de promoção da saúde na âncora de

visita domiciliar na integralidade na Atenção Básica em Saúde no Âmbito Saúde da Criança

da Estratégia Saúde da Família 201 Itahum. Nossa finalidade geral é saber como os

enfermeiros priorizam e planejam as ações que visem à promoção da saúde da família na

visita domiciliar dentro da Estratégia Saúde da Família e como objetivos específicos querem

identificar os critérios utilizados pelos enfermeiros para a escolha do domicílio a ser visitado e

o planejamento das ações voltadas para promoção da saúde e analisar como os enfermeiros

desenvolvem e atuam nas visitas domiciliares em relação à promoção da saúde.

Solicitamos a você a autorização de participação na condição de sujeito investigado

da pesquisa intitulada “Visita Domiciliar na Integralidade na Atenção Básica em Saúde no

Âmbito Saúde da Criança”, sob a orientação da Profª. Drª. Erika Kaneta Ferri. Os dados serão

produzidos através de entrevista nas Unidades de Saúde da Família e observação direta nas

visitas, utilizando-se roteiros estruturados. A coleta dos dados será realizada mediante o

preenchimento deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a

Resolução no 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Este termo assegura o anonimato dos

sujeitos investigados, ou seja, em nenhum momento serão divulgados os nomes dos

participantes, e garante que não serão expostos a riscos devido à participação no estudo.

Em qualquer momento do desenvolvimento da pesquisa, você tem a liberdade de se

desligar da investigação, independente do termo assinado, sem nenhum prejuízo para você.

Informamos que você não terá nenhum tipo de despesa ou gratificação pela participação nesta

pesquisa e que os dados produzidos serão utilizados apenas com o objetivo de atender aos fins

propostos pelo estudo, o qual será apresentado nos meios acadêmicos e científicos da área.

Deste modo, informamos e solicitamos, por meio deste, sua autorização para a realização da

referida pesquisa, desejando sua valiosa colaboração.

Pelo exposto, eu, _______________________________________________, RG

____________________, em ___ / ___ / ___, ciente das informações recebidas, concordo,

voluntariamente, em participar do referido estudo.

_____________________________________

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Assinatura do sujeito da pesquisa

_____________________________

Solange Moraes Palacio

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