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Projeto “ Gestão Transparente de Recursos Sustentáveis” - Reforço de Capacidades da Sociedade Civil para a Monitorização da exploração dos Recursos Naturais na Guiné-Bissau . DIAGNOSTICO SOBRE A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS NA GUINÉ-BISSAU

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Projeto “ Gestão Transparente de Recursos Sustentáveis” - Reforço de Capacidades da Sociedade Civil para a Monitorização da exploração dos Recursos Naturais na Guiné-Bissau .

DIAGNOSTICO SOBRE A EXPLORAÇÃO DOS RECURSOS PESQUEIROS NA GUINÉ-BISSAU

FINANCIADO POR: União Europeia

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ELABORADO POR: Msc. Raul Jumpe e Dr. Nicolau Gomes

JULHO 2016

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Conteúdo

Resumo executivo...................................................................................................................................1

1. Introdução...........................................................................................................................................5

2. Contexto e Justificação........................................................................................................................5

2. Objectivos............................................................................................................................................6

2.1. Objectivo Geral do Projecto.........................................................................................................6

2.2. Objectivo Específico do Projecto.................................................................................................6

2.3. Objectivos do estudo da consultaria diagnostico.......................................................................6

3. Metodologia do estudo........................................................................................................................6

3.1. Entrevistas Semi-estruturadas....................................................................................................7

3.2. Pesquisa documental....................................................................................................................7

4. O Quadro institucional e legislativo nacional em vigor.....................................................................7

4.1. Quadro Institucional.....................................................................................................................7

5. Plano de Gestão...................................................................................................................................8

6. As condições de acesso aos recursos pesqueiros..............................................................................9

6.1. Pesca artesanal.............................................................................................................................9

6.2. Pesca industrial..........................................................................................................................10

6.3. A pesca nas áreas protegidas.....................................................................................................10

7. Tipos de licenças de navegação........................................................................................................11

7.1. Pesca artesanal...........................................................................................................................12

7.2. Pesca Industrial..........................................................................................................................13

8. Zonas de actividade de pesca............................................................................................................15

9. A dimensão internacional do setor pesqueiro Guineense..............................................................16

9.1. Acordos de pesca........................................................................................................................16

9.2. Acordo de pesca com o Senegal.................................................................................................16

9.3. Acordo de pesca com a China National Fisheries Corporation (CNFC)...................................17

9.4.Acordo de pesca com a Agência Federal de Pesca da Rússia....................................................18

9.5. Acordo de pesca com a União Europeia....................................................................................19

9.5.1. Demersais................................................................................................................................19

9.5.2. Pelágicos oceânicos.................................................................................................................19

10. Fiscalidade aplicada aos navios de pesca e as operações relacionadas.......................................20

10.1. Fundo de Gestão de Recursos haliêuticos (FGRH).................................................................20

10.3. Inscrição no registro do Instituto Marítimo e Portuário (IMP).............................................21

11. Descrição das pescarias nas águas da Guiné-Bissau.....................................................................21

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11.1. Pesca artesanal.........................................................................................................................21

11.1.1. Grupos étnicos presentes na pesca artesanal naciona........................................................23

11.1.3. Problemas do sector da pesca artesanal..............................................................................24

11.1.4. Distribuição e transformação...............................................................................................25

11.2. Pesca industrial........................................................................................................................25

12. Infraestrutura e equipamentos......................................................................................................27

13. Principais Infra-estruturas de conservação..................................................................................28

14. Investimento no setor.....................................................................................................................29

15. Capturas...........................................................................................................................................30

15.1. A pesca de Cefalópodes............................................................................................................30

15.2. Esforço......................................................................................................................................32

15.3. Percentagem da composição das espécies acessórias capturadas na pesca de cefalópodes............................................................................................................................................................32

15.4. Distribuição espacial da pescaria de cefalópodes e principais espécies (O. vulgaris e Sépia spp.)....................................................................................................................................................33

15.5. Pesca de crustáceos..................................................................................................................33

15.7. Distribuição espacial do esforço da frota de camarão espanhola no ano 2015....................35

16. Estado da exploração dos recursos pesqueiros.............................................................................36

17. Biomassa e o potencial explorável dos recursos haliêuticos por espécies..................................39

17.1. Biomassa haliêutica..................................................................................................................39

17.2. Potencial explorável dos recursos haliêuticos........................................................................40

18. Comparação das biomassas das principais espécies de interesse comercial..............................40

19. A importância da implementação da gestão transparente dos recursos pesqueiros.................41

20. Afectação das receitas resultantes das licenças de Pesca.............................................................42

20.1. Pesca Artesanal.........................................................................................................................42

20.2. Pesca industrial........................................................................................................................43

21. Serviços de Seguimento e monitorização e da fiscalização de actividade de pesca....................44

22. Partilha das receitas provenientes das cobranças de multas.......................................................45

22.1. Pesca artesanal.........................................................................................................................45

22.2. Pesca industrial........................................................................................................................46

23. Riscos da pesca INN e intensiva para as comunidades locais e o meio ambiente.......................47

24. Analise das práticas que respeitam as regras jurídicas e ambientais..........................................47

24.1. Pesca Artesanal (Sistema de Co-gestão nas rias): Boas práticas...........................................47

25. Análise de tomada de decisão relativamente ao direito do acesso aos recursos........................50

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26. Análise da situação de défice de transparência da gestão dos recursos relativamente ao processo de tomada de decisões..........................................................................................................50

26.1. Direcção Geral da Pesca Artesanal..........................................................................................50

26.2. Pesca industrial........................................................................................................................51

26.3. Fiscalização marítima nas águas da Guiné-Bissau.................................................................51

26.4. Plano de gestão e estratégico dos recursos pesqueiros.........................................................51

27. Participação das populações nos processos de implementação dos projectos e estado de exploração dos recursos pesqueiros....................................................................................................52

27.1. Rio Cacheu................................................................................................................................53

27.3. Rio Buba....................................................................................................................................54

27.4. Arquipélagos dos Bijagós.........................................................................................................54

27.3.1. Estado da exploração dos recursos da pesca artesanal......................................................55

28. Sistemas de gestão participativa nas Áreas Protegidas................................................................55

29. Eficácia dos mecanismos da transparência na exploração dos recursos.....................................57

29.1. Concessão de licenças com base nos resultados de avaliacaode estoques e de um plano de exploracão..........................................................................................................................................57

29.2. Definição do destino das receitas............................................................................................58

30. Importância das regras tradicionais de gestão dos recursos costeiros para as comunidades ribeirinhas.............................................................................................................................................58

31. Ameaças ao processo de monitorização da exploração dos recursos pesqueiros......................58

31.1. Pesca artesanal (de Subsistência/Tradicional e comercial)..................................................58

31.2. Pesca industrial........................................................................................................................59

31.3. Poluição.....................................................................................................................................59

32. Forcas‚ fraquezas‚ oportunidades e constrangimentos no sector das pescas............................61

33. Associações, organizações privadas‚ socioprofissionais e não-governamentais do que actuam no setor..................................................................................................................................................63

34. Estratégia e políticas em curso.......................................................................................................64

34.1. Plano estratégico do desenvolvimento do sector das pescas................................................64

34.2. Implementação da gestão transparente.................................................................................65

34.2.1. Responsáveisabilizacao de todos os actores pela implementação da estratégia da gestão transparente......................................................................................................................................65

34.2.2. Papel do Ministério das Pescas.............................................................................................66

34.2.3. Papel do Sector Privado........................................................................................................66

34.2.4. Papel da Sociedade Civil........................................................................................................66

34.2.5. Monitoramento dos recursos pesqueiros............................................................................66

34.2.7. Situação atual da implementacao da gestao transparente…..............................................67

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34.2.9. Estratégias para o monitoramento.......................................................................................67

35. Conclusões sobre exploração dos recursos na ZEE da Guiné-Bissau...........................................68

36. Recomendações...............................................................................................................................70

36. Bibliografias Consultadas...............................................................................................................72

ANEXO....................................................................................................................................................73

Responsabilidades

1.«Este documento foi elaborado com a participação financeira da União Europeia. O seu conteúdo é da responsabilidade exclusiva da Tiniguena, não podendo, em caso algum, considerar-se que reflete a posição da União Europeia».

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Lista de tabelas

Tabela 1: Possibilidade de pesca proposta no plano de gestão das pescas de 2015...........................8

Tabela 2: Tarifas das licenças anuais de pesca artesanal para os pescadores nacionais (FCFA) –

despacho conjunto nº 01/2010 de 17 de Março de 2010.......................................................................12

Tabela 3: Tarifas das licenças de pesca artesanal para pescadores estrangeiros – Decreto

nº24/2011 de 7 de Junho de 2011.......................................................................................................13

Tabela 4: Tarifas de licenças por tipo de pesca para os navios nacionais de pesca industrial

Despacho conjunto nº 01/2014...........................................................................................................13

Tabela 5: Tarifa de licenças por tipo de pesca para os navios estrangeiros afretados – Despacho

conjunto nº 01/2014............................................................................................................................14

Tabela 6: Quantidade a desembarcar pelos navios estrangeiros afretados - Despacho conjunto nº

01/2014..................................................................................................................................................15

Tabela 7: Número de embarcações da pesca artesanal Senegalesa na Guiné-Bissau.......................17

Tabela 8: Tarifas das licenças de pesca do acordo com o Senegal (FCFA/ano).......................................17

Tabela 9: Possibilidades de pesca e duração de licenças do acordo com China.....................................18

Tabela 10: Tarifas das licenças de pesca do acordo com a China (FCFA/ano).........................................18

Tabela 11: Tarifas FGRH em função do tipo de pesca praticada........................................................19

Tabela 12: O acordo de pesca com a União Europeia..........................................................................20

Tabela 13: Tarifas FGRH em função do tipo de pesca praticada........................................................20

Tabela 14: Pescadores artesanais e população dependente (2011).......................................................22

Tabela 15: Pescadores e população dependente (2011)........................................................................24

Tabela 16: Estimativa do número de atores na transformação e distribuição..................................25

Tabela 17: Características médias dos navios por pescaria (TAB, idade, potência).........................26

Tabela 18: Navios de pesca industrial que operaram nas águas da Guiné-Bissau de 2010 a 2015.........26

Tabela 19: Número de navios que operam ou operaram no quadro dos acordos e de licenças do tipo

nacional ou estrangeira afretados desde 2010 (Fonte: serviço de licenças DGPI)..................................27

Tabela 20: Investimento das empresas de pesca no setor......................................................................29

Tabela 21: Capturas globais de principais espécies visadas pelas frotas licenciadas entre 2005 e 2015

(CIPA, 2015)............................................................................................................................................30

Tabela 22:Tabela 4 Esforço das frotas que operam nas águas da Guiné-Bissau...............................32

Tabela 23: Captura por unidade de esforço das frotas que operam nas águas da Guiné-Bissau............32

Tabela 24: Esforço (em dias de pesca) das frotas que operam com licencia camarão nas águas da

Guiné-Bissau...........................................................................................................................................35

Tabela 25: Campanhas de avaliação dos recursos pesqueiros na ZEE da Guiné-Bissau..........................39

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Tabela 26: Resultados de campanhas de avaliação da biomassa em toneladas (t) das principais

espécies/grupos de espécies capturadas.............................................................................................40

Tabela 27: Potencial explorável dos recursos haliêuticos na ZEE da Guiné-Bissau.................................40

Tabela 28: Variação de biomassas das principais espécies comerciais (2014 e 2016)....................41

Tabela 29: Comparação de percentagem acessória de diferentes acordos............................................50

Lista das figuras

Figura 1: Zona de pesca na Zona Económica Exclusiva da Guiné-Bissau (Solié, K., et al, 2002).......15

Figura 2: Distribuição dos pescadores por etnia.................................................................................23

Figura 3: Evolução das Capturas de Sépia spp da EU e Outras frotas de 2000 a 2015.....................31

Figura 4. Evolução das Capturas de Octopus vulgaris da EU e Outras frotas de 2000 a 2015.........31

Figura 5: Composição das capturas por espécie.....................................................................................32

Figura 6: Distribuição dos cefalópodes ao longo da ZEE da Guiné-Bissau...............................................33

Figura 7: Evolução das capturas de P. longirostris da EU e Outras frotas de 2000 a 2015......................34

Figura 8: Evolução das capturas de Penaeus spp da EU e Outras frotas de 2000 a 2015.19.6. Esforço. .34

Figura 9: Composição das capturas por espécie.....................................................................................35

Figura 10: Distribuição dos crustáceos ao longo da ZEE da Guiné-Bissau...............................................36

Figura 11: Evolução do PIB de 2010 a 2015............................................................................................42

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Lista de Acrónimos

ZEEDGPADGPIFISCAPCIPADGPACCCCCLMEGCLMECOAJOQADIMANAPAANEPUEMOATACINNCIFMPIBUEVMSCPUETABCNFCMPCEDEAOCPLPCSRPONGCOMHAFAT

SCSOSCRN

Zona Económica ExclusivaDireção Geral da Pesca ArtesanalDireção Geral da Pesca IndustrialFiscalização de Atividades de PescaCentro de Investigação Pesqueira Aplicada Direçao Geral da Pesca ArtesanalComité Científico ConjuntoEcossistema Marinho de Grande Correntes das CanáriasEcossistema Marinho de Correntes do Golfo da GuinéCooperativa Agro-pecuária de Jovens QuadrosAssociação de Desenvolvimento Integrado das MulheresAssociação Nacional dos Armadores da pesca ArtesanalAssociação Nacional das Empresas de pescaUnião Económica e Monetária da Africa OcidentalCaptura Total AdmissívelPesca Ilegal não Declarada e RegulamentadaComissão Interministerial de Fiscalização MarítimaProduto Interno BrutoUnião europeiaSistema de Monotorização de navios de pesca por satéliteCaptura por Unidade do Esforço (Rendimento)Tonelagem de arqueação BrutaChina National Fishing CorporationMinistério das pescasComunidade Económica do Estados da africa OcidentalComunidade dos Países da Língua PortuguesaComissão Sub-regional das PescasOrganização não -governamentalConferencia Ministerial para Cooperação Haliêutica entre o Estados Africanos Ribeirinhos do Oceano AtlânticoSistema de Controlo SanitárioOrganizações da Sociedade CivilRecursos Naturais

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Resumo executivo

A exploração dos recursos pesqueiros na Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Guiné-Bissau (a 200 milhas) é empreendida quase na sua exclusividade pelas frotas estrangeiras nomeadamente as frotas da União Europeia China Rússia Mauritânia Marrocos e Senegal (o total estimado em 2016 foi de 350 barcos). Na pesca artesanal apesar da grande parte dos pescadores que operam nesta actividade ser guineense mas a maior porção das capturas é registada pelos pescadores estrageiros que nunca desembarcam no país. Salienta-se que o exercício da actividade de pesca está condicionado a obtenção prévia de licença de pesca. O sector pesqueiro representa 4% no PIB e contribui com um emprego directo de 6.134 pescadores e, de forma indirecta, 26.000 empregos.

Os problemas do sector da pesca na Guiné-Bissau estão relacionados com a ausência ou insuficiência de infra-estruturas de apoio ao desenvolvimento ao sector nomeadamente ausência de infra-estruturas de base de comercialização e produção falta de vantagens comparativas do porto de Bissau em comparação com os portos da sub-região insuficiência de um mercado nacional remunerador para as capturas acessórias fraca organização dos produtores e de associações dos pescadores fracos descarregamentos do pescado no mercado nacional, a favor de descarregamentos no estrangeiro, etc.

O presente estudo demonstra que o subsector da pesca artesanal apresenta um défice de transparência relacionado com o licenciamento de pirogas de pesca que continua a ser feita sem base científica concretamente sem um plano nacional de gestão dos recursos. Também tem vindo a constatar apresamento de pirogas com licenças falsas na região de Tombali segundo alguns funcionários. Este aspecto pode também ser registado nos navios de pesca industrial. Nas licenças de pesca artesanal não consta nenhuma delimitação a e sinalização que possa facilitar actividade dos pescadores artesanal (excetuando zonas dos parques). Os pescadores questionam a utilização dos 75% dos fundos destinados ao apoio ao desenvolvimento do subsector da pesca artesanal pois ainda persistem dificuldades em termos de materiais de pesca em grande parte do território nacional o que faz com que sempre se interroga o destino da utilização desses fundos. A Direcção Geral da Pesca Industrial não fornece de forma regular os borderós de licenças ao CIPA de forma a confirmar que o licenciamento de cada navio foi feito segundo os dados recolhidos pelos observadores. Salienta-se também que as informações do estudo publicadas pela GREENPEACE em Maio de 2015 demonstram que 44% dos navios da frota chinesa que operam na sub-região incluindo a Guiné-Bissau apresentam o TAB subestimado. Algumas fontes oficiosas garantem que esta prática é extensiva aos navios da frota da União Europeia.

Quanto a fiscalização na ZEE alguns atores acreditam que esta actividade apresenta grandes riscos de opção de conveniência. Estes aspectos são potenciados pela fuga constante de informações sobre a realização de operação de fiscalização na ZEE, supostamente provenientes de funcionários coniventes. O plano de gestão dos recursos pesqueiros na ZEE da Guiné-Bissau é um instrumento importante no seguimento do esforço de pesca mas os mecanismos de monitorização e supervisão têm sido poucos eficientes nomeadamente no que diz respeito a fiscalização das embarcações estrangeiras nas zonas costeiras o que coloca obstáculos a aplicação de medidas e política de gestão dos recursos pesqueiros.

Convém destacar que no âmbito deste estudo se preocupou em demonstrar alguns aspectos relacionados com a transparência da gestão dos recursos pesqueiros no sector. Tendo em consideração um interesse comum para que o desenvolvimento do país se assente num processo sustentável mas, no sentido de se conseguir esse interesse comum é necessário considerar as

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implicações da política económica levada a cabo no contexto de um mundo globalizado. Assim, uma das questões fundamentais do entendimento global é garantir a obtenção de progressos acautelando a transparência dos processos da emissão de licenças de pesca, definir de forma clara as orientações das receitas e o investimento no sector. Para tal o Ministério das Pescas elabora todos os anos o plano de gestão dos recursos pesqueiros que determina a capacidade da pesca na ZEE isto quer dizer quantidade de navios que devem ter o acesso aos recursos pesqueiros anualmente nas águas do país. Mas, em relação a pesca artesanal apesar de não existir um plano nacional de gestão de recursos pesqueiros existem os planos de gestão para as principais rias do país (Cacheu, Buba e Cacine) e os da zona insular que são consideradas como zonas mais ricas em recursos pesqueiros que sustentam a ZEE da Guiné-Bissau.

Salienta-se que as receitas das licenças de pesca industrial e artesanal são directamente depositadas na conta do tesouro público. Este aspecto é interessante pois evita que o dinheiro circule nas mãos dos funcionários do Ministério. No âmbito da fiscalização das actividades de pesca hoje o Ministério dispõe de sistema de monitorização por via satélite de todas os navios que operam na ZEE no sentido de permitir a maior monitorização de actividade de pesca. Apesar disso, a FISCAP ainda não dispõe de equipamentos logísticos para cobrir a fiscalização da ZEE mais afastada (ex: o sistema de radar e navios de guarda costeira capazes). E ainda, os navios da pesca artesanal carecem do sistema VMS.

A nível do ministério das pescas, existe uma proposta da implementação da gestão transparente dos recursos pesqueiros que culminou com a criação, em 2014, segundo o organigrama criado que visa a reestruturar e redimensionar os órgãos e serviços, tornando-os mais operacionais e eficazes. É nesta perspectiva que foi criado o Conselho Nacional das Pescas‚ órgão consultivo o qual compete assegurar o diálogo e colaboração com as entidades e organizações nacionais interessadas no desenvolvimento socioeconómico do sector das pescas. Salienta-se que a sua composição‚ competências e normas de funcionamento ainda estão por definir através do regulamento interno próprio por despacho do membro do governo responsável pelo sector das pescas.

A sociedade civil com base no conhecimento sobre a utilização dos recursos pesqueiros de uma maneira geral poderá contribuir em melhorar a sua utilização e a gestão transparente dos mesmos na sua forma científica e tradicional assim como encorajar o reforço de capacidades das comunidades sobre as medidas de conservação e gestão dos recursos nomeadamente as regras de pesca segundo a Lei Geral das Pescas e o Regulamento da Pesca Artesanal. Também dar as melhores orientações às comunidades em geral‚ delegando-lhes, através dos projectos locais em curso no país‚ poder administrativo, assim como facilitar a estreita colaboração entre as estruturas formais e informais, com particular enfoque para as ONG’s e Agências Internacionais de Desenvolvimento.

No entretanto a sociedade civil deve ter acesso as informações não apenas através dos relatórios de avaliações sobre os recursos pesqueiros e dos resultados da fiscalização periódica, como também ser representada nas instâncias de concertação e de acompanhamento das actividades de pesca, a fim de melhor estar em condições de exercer influências sobre os actores envolvidos no sector, contribuindo assim para melhorar a utilização de regras de boas práticas na gestão da exploração dos recursos marinhos, e o grau de transparência nesse processo. Essa necessidade de envolvimento da sociedade civil e o acesso as informações é pertinente devido a fraca informação sobre o estado da exploração dos recursos pesqueiros de uma maneira geral fraca circulação e

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troca de informação sobre o funcionamento do sector deficiente divulgação da informação e fraca capacidade e iniciativas para reverter a situação;

Certamente os conhecimentos resultantes do processo da monitorização permanente constituirão‚ assim, um instrumento valioso para orientar o uso sustentável dos recursos, bem como desempenhar um papel crucial na definição de prioridades de desenvolvimento e contínua salvaguarda das opções dos planos estratégicos que vêm sendo concebidos ao nível nacional. Paralelamente, as alterações ambientais provocadas pelo processo de desenvolvimento conduzido no país, serão monitoradas à luz dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável.

Portanto a sociedade civil sendo um dos membros do Conselho Nacional das Pescas estaria melhor representada pela Rede temática do chamado Grupo de Trabalho sobre o Petróleo e Indústrias Extrativas (GTPIE (ou outra), por estar vocacionado nas intervenções que tem feito para a influência de medidas de políticas e das boas práticas e da transparência sobre a exploração dos recursos naturais, incluindo as pescas.

Recomendações

Proporcionar a disponibilização de informações sobre o setor das pescas nomeadamente da gestão dos recursos pesqueiros para a sociedade civil;

Promoção, edição, e publicação de resultados de trabalhos ligados a gestão dos recursos pesqueiros;

Reforçar os meios de fiscalização para permitir o sector das pescas e a FISCAP controlar as actividades da pesca industrial a nível da ZEE da Guiné-Bissau (sistema de radar e navios de guarda costeira) e alargar ao sistema VMS para os navios da pesca artesanal;

Intervir junto dos pescadores e das comunidades costeiras no sentido de apropriarem-se de instrumentos com regras de boas práticas a fim de favorecerem mudança de atitudes em relação a questões da gestão dos recursos e de desenvolvimento sustentável;

Inclusão das entidades estatais e socioprofissionais de pesca nas regiões como beneficiárias de parte de receitas provenientes das cobranças de multas de pesca ilegal;

Reforçar a participação dos governos regionais e das organizações da sociedade civil e representantes de pescadores locais nas instâncias de tomadas de decisão sobre emissão de licenças de pesca artesanal;

Reforçar os mecanismos que garantam maior transparência na gestão de receitas provenientes das licenças de pesca, nomeadamente a publicação anual, pela DGPI e DGPA, das receitas e despesas realizadas com esses fundos;

Envolver as organizações dos pescadores e as OSC que intervêm em cada região pesqueira nas sessões de apresentação dos resultados de avaliação dos recursos pesqueiros na ZEE;

Tornar funcional o Conselho Nacional das Pescas de modo a permitir que os apoios destinados ao desenvolvimento ao sector das pescas tenham um impacto nas comunidades piscatórias e facilitarar implementação de orientações existentes com vista a materialização dos planos através dos projectos e programas;

O Ministério das Pescas juntamente com o IBAP deve continuar a desenvolver sinergias de modo a facilitar a actividade pesqueira nas áreas protegidas através de sinalização das mesmas;

Dar a maior autonomia ao serviço de seguimento e monotorização de navios na ZEE e liga-lo directamente ao Coordenador da FISCAP;

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Estabelecer e implementar o período de repouso biológico na pesca industrial; Encorajar a participação dos cidadãos no fornecimento de informações sobre infractores de

regras de pesca sustentável através da inclusão na regulamentação do direito a proteção dos denunciantes e da sua premiação por cada ação de denúncia;

Elaborar um plano de gestão nacional para a pesca artesanal; Ao Estado para definir, de forma concreta, as propostas alternativas a fim de proteger a

biomassa a longo termo atraves de uma das seguintes opcoes:- ou reduzir o nº de embarcacoes por ano;- ou decidir pela concessao de licencas segundo o sistema de paragens espaciais

(interdicao de pesca em determinadas zonas em certos periodos) - ou paragens temporais ou espaciais.

O Ministério das pescas através da Direcção Geral da Pesca Artesanal, deve monitorar as atividades da pesca artesanal estrangeira e da empresa CONAPESCA localizada na ria de Cacine tendo em consideração elevada pressão que está a ser exercida sobre a espécie “djoto”.

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1. Introdução

O presente documento refere-se ao diagnóstico realizado por um consultor nacional sobre as formas como está a ser gerida a exploração dos recursos pesqueiros no país, e insere-se no âmbito da implementação do projecto ´´Gestão Transparente de Recursos Sustentáveis´´ - Reforço de Capacidades da Sociedade Civil para a monitorização da Gestão de Exploração dos Recursos Naturais, gerido pela ONG Tiniguena e financiado pela EU. O mesmo trabalho faz parte de um conjunto de outras três consultorias organizadas pela Tiniguena referentes à situação dos recursos, minerais e florestais, bem como o inventario jurídico sobre a legislação existente nesses sectores das pescas, minas e florestas. Os trabalhos de consultorias decorreram entre Junho/Julho a Setembro de 2016.

2. Contexto e Justificação

A Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Guiné - Bissau localiza-se ao norte da República do Senegal e ao sul com a República da Guine Conacri.

A Guiné-Bissau está situada estrategicamente entre dois grandes ecossistemas marinhos - Ecossistema Marinho de Corrente das Canarias (CCLME) e Ecossistema Marinho de Correntes do Golfo de Guine (GCLME), sendo estes considerados de alta produtividade. A combinação de fatores tanto climáticos assim como hidrológicos, contribuem para existência de uma grande produtividade nesta zona, visto que a Guiné Bissau tem uma vasta extensão de plataforma continental.

Esta plataforma continental é uma das mais extensas da África ocidental, com uma extensão de 75 milhas ao norte e 60 milhas ao sul, cobrindo uma superfície total de 10 800 km 2 . Uma das características desta zona é a presença de vários estuários, destacando-se os dos rios Cacheu, Geba, Mansoa, Corrubal, Rio grande de Buba, Tombali Cumbidjam e Cacine, bem como numerosos canais, alguns navegáveis, mesmo por embarcações de grande porte, como os do Geba, Bolama e Orango. Estes estuários estão formados por grandes quantidades de magal, que é uma das maiores da África ocidental, isto proporciona um ambiente favorável para a reprodução, crescimento, refugio e alimentação de varias espécies de peixes, crustáceos e cefalópodes.

Do ponto de vista oceanográfico, o ecossistema da Guiné-Bissau é caracterizado de fortes variações das condições oceanográficas, com valores elevados de produtividades durante a estação seca devido aos afloramentos que ocorrem entre Janeiro e Fevereiro, as descargas dos rios durante a época das chuvas. Tudo isto, advém da alta produtividade anteriormente mencionada, assim como a presença dos estuários, condicionam o comportamento de determinadas espécies de peixes e crustáceos e seu bom uso por motivos reprodutivos ou de alimentação, seguindo o ciclo da época seca ou de chuvas.

Na Guiné-Bissau, têm-se registado situações de insuficiente transparência e lacunas na gestão dos recursos naturais (RN), particularmente no que diz respeito a aplicação das leis existentes sobre esses sectores de desenvolvimento; na concessão de licenças de exploração dos RN; não respeito das regras de proteção ambiental e da biodiversidade; falta de participação e de inclusão das comunidades e das OSC nas negociações, conceção de planos e projectos de exploração dos recursos naturais; a insuficiente participação dos pescadores nacionais na tomada de decisões importantes tais como negociação de acordos de pesca e a definição dos limites de captura e do numero máximo de embarcações autorizadas em determinados períodos e, entre outros, a falta de

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informação publica sobre os critérios de atribuição de licenças de pesca e o impacto da exploração descontrolada dos RN na biodiversidade, na economia e na sociedade em geral.

Por isso, no quadro do projecto acima mencionado, a Tiniguena decidiu realizar o presente diagnóstico para o sector das pescas, a fim de proporcionar maior acesso as informações actualizadas à equipa do projecto e aos parceiros, tendo em vista o desenvolvimento de ações de influência positiva de politicas de aplicação de boas praticas e promoção da transparência, contribuindo assim para melhorar a cultura de responsabilização das instituições estatais e privadas e dos cidadãos em geral nesses domínios.

2. Objectivos

2.1. Objectivo Geral do Projecto

O objectivo principal deste trabalho visa a contribuir para garantir uma maior transparência, prestação de contas e adopção de boas práticas na gestão dos recursos naturais na Guiné-Bissau;

2.2. Objectivo Específico do Projecto

Reforçar a capacidade da Sociedade Civil em monitoria e seguimento da implementação efectiva das políticas públicas no domínio dos RN;

2.3. Objectivos do estudo da consultaria diagnostico

A realização deste diagnostico visa, entre outros, o seguinte:

Obter uma visão abrangente sobre a situação actual das formas como estão a ser geridos os processos de exploração dos recursos pesqueiros no pais, permitindo a Tiniguena e os parceiros da sociedade civil e os actores implicados de atualizarem e melhorarem os conhecimentos sobre as problemáticas deste sector, bem como por a disposição das partes interessadas, as orientações para a monitorização dessas problemáticas...

3. Metodologia do estudo

Com base nos Termos de Referência propostos para o presente estudo, que visa a fazer o diagnóstico sobre as pescas, de modo a propor um mecanismo estratégico da implementação da transparência na gestão dos recursos pesqueiros. Tendo em consideração que a União Europeia, na qualidade do parceiro estratégico do sector das pescas e o maior doador do sector tanto para o apoio orçamental, assim como para o funcionamento, quer a melhor transparência na gestão do sector através da implicação da sociedade civil na tomada de decisão de modo a reforçar a dinamização e contribuir na redução efectiva da pobreza nas comunidades. o método de abordagem utilizado neste trabalho foi planificado tendo em consideração‚ aos objetivos desta presente consultaria e garantir a coerência na metodologia utilizada, o que permitiu a participação de diferentes entidades e atores entre os quais o CIPA‚ FISCAP‚ DGPA‚ Sociedade civil (COAJOQ, ADIM e Confederação dos pescadores de Buba e a Associações dos pescadores), Autoridades regionais‚ ANAPA‚ ADIM‚ ANEP‚ etc. Tudo isto influenciou a maneira como foram feitas as entrevistas a diferentes atores. Para responder os objectivos previamente seleccionados foram utilizadas as seguintes metodologias:

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3.1. Entrevistas Semi-estruturadas

As entrevistas foram baseadas em um conjunto de questões para gerar informações qualitativas. É um dos métodos mais poderosos, permitindo a flexibilidade e a sequência das perguntas podem ser alternadas. Sendo assim‚ o informador chave pode responder uma gama de perguntas (L. Bunce, et al., 2000). Na entrevista semi-estruturada a abordagem é flexível e aberta com uma interacção bidireccional, incluindo intercâmbio de informações entre o informador chave e o investigador. Além de fornecerem as informações sobre vários assuntos da realidade local, as entrevistas oficializam a presença do investigador na comunidade principalmente através de entrevista com os líderes comunitários‚ Governadores, Administrador, etc). Foram entrevistadas várias instituições entre as quais se destacam: CIPA‚ FISCAP‚ DGPA‚ Sociedade civil (COAJOQ, ADIM e Confederação dos pescadores de Buba e a Associações dos pescadores), Autoridades regionais‚ ANAPA‚ ANEP‚ etc.

3.2. Pesquisa documental

A recolha das informações documentais sobre o setor das pescas permitiu abordar as medidas políticas em uso no referido setor, assim como enriqueceu o diagnóstico de uma maneira geral do mesmo, dando uma visão ampla do setor. Permitiu também apresentar as medidas referentes as políticas nacionais e internacionais.

4. O Quadro institucional e legislativo nacional em vigor

4.1. Quadro InstitucionalO quadro legal e regulamentar atual do sector datado de 1986, quando da primeira Lei das Pescas foi adotada (Decreto Lei nº 10/86). Desde então só sofreu uma ligeira modificação em 1994. A última revisão teve lugar em 2008, que resultou na publicação de: (i) Regulamento de Inspeção do Pescado (Decreto Lei nº 9/2011); (ii) Lei Geral das Pescas (Decreto Lei nº 10/2011); e (iii) Regulamento da Pesca Artesanal (Decreto nº 24/2011).

O setor pesqueiro da Guiné-Bissau é administrado pelo Ministério das Pescas – MP, com dois órgãos consultivos: o Conselho Diretivo e o Conselho Nacional das Pescas – CNP, que ainda não está em funcionamento porquanto aguarda a indigitação de seus membros. O responsável pelo setor das pescas, é membro do Conselho de Ministros.

O MP dispõe dos seguintes serviços administrativos:1) Serviços de apoio, concepção e planificação

O Gabinete do Ministro - GM; O Gabinete dos Serviços Jurídicos - GJ; O Gabinete de Estudos e Planeamento – GEP; A Direção dos Serviços Administrativos e Financeiros – DAF; O Gabinete de Serviços de Auditoria e Controlo.

2) Serviços encarregados de execução A Direcção-geral da Pesca Industrial – DGPI, encarregada da emissão de licenças

aos navios industriais, nacionais e estrangeiros, a execução dos acordos de pesca e a atualização e gestão de uma base de dados das licenças de pesca;

A Direção-Geral da pesca artesanal – DGPA;

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A Direcção-geral da Formação, Desenvolvimento e Economia Marítima – FORDEM.

3) Serviços Autónomos Fiscalização e Controlo da Atividade de Pesca – FISCAP; Centro de Investigação Pesqueira Aplicada - CIPA; Administração dos Portos de Pesca – APP.

A Guiné-Bissau é membro da UEMOA, CEDEAO, Organização Mundial do Comercio e da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa – CPLP. E o setor das pescas, faz parte da Comissão Sub-regional das Pescas – CSRP e da Conferencia Ministerial para Cooperação Haliêutica entre o Estados Africanos Ribeirinhos do Oceano Atlântico – COMHAFAT.

5. Plano de GestãoO plano de gestão para 2015 foi elaborado com base nos resultados do comité científico entre a Guiné-Bissau e a União Europeia de 2011, através da análise e compilação de informações estatísticas sobre a pesca industrial e artesanal e os resultados de campanhas de avaliações dos recursos demersais e pelágicos realizadas em 2011 e 2013. O plano de gestão tem como objetivo geral, assegurar a exploração sustentável dos recursos haliêuticos (tabela 1)

Salienta-se que o referido plano identificou alguns problemas apesar dos resultados do Comité Científico (CIPA /UE, 2011), apontarem para uma situação de equilíbrio a nível dos recursos comercialmente explorados, sobretudo, na pescaria de crustáceos, tais como:

a fragilidade do país em termos de meios de combate a pesca ilegal não declarada e não regulamentada,

a pressão sobre os recursos pesqueiros sob a jurisdição nacional.

Tabela 1: Possibilidade de pesca proposta no plano de gestão das pescas de 2015Categorias Limite de captura

(TAC) (Ton)Esforço de pesca

TJB Número de naviosCrustáceos 10.471 6282 35Cefalópodes 5.577 7243 36Peixes demersais 71.938 18.832 63Peixes pelágico 203.400 31.781 12Total 291.386 61.853 146

No sentido de dar repostas aos problemas identificados, produziu-se um conjunto de medidas de gestão e conservação que se seguem:

Respeitar escrupulosamente os limites de captura estabelecido por cada pescaria conforme a tabela 1;

Sem prejuízo do disposto na alínea anterior, poder-se-á ajustar os limites de captura em função dos resultados da campanha da avaliação dos recursos e dados estatísticos definitivos de 2014;

Todas as frotas que operam na ZEE da Guiné-Bissau, devem remeter o diário de bordo ao Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA), antes da renovação de licença de pesca;

Manter a avaliação anual da biomassa de espécies demersais e pelágicas como indicador do estado do stock;

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Embarcar os observadores científicos mediante um programa de amostragem biológica nas pescarias de cefalópodes e crustáceos;

As malhagens mínimas autorizadas para as redes de pescas são respectivamente: 70 mm para pesca de peixes; 70 mm para pesca de cefalópodes; e 50 mm para pesca de crustáceos.

Proibição da captura de espécies ameaçadas: Tartarugas marinhas; Peixe-boi; Peixe- serra; Tubarões; Raias; Golfinhos.

6. As condições de acesso aos recursos pesqueirosO Decreto-Lei nº 10/2011 dispõe que para o exercício de pesca nas águas da Guiné-Bissau, a excepção da pesca de subsistência, é obrigatório estar na posse duma licença respectiva. Também todas as embarcações de pesca devem estar inscritas nos registros da SEPEM e do IMP - Instituto Marítimo Portuário, de Bissau.

6.1. Pesca artesanal

A actividade da pesca artesanal na Guiné-Bissau é excessivamente dominada por pescadores estrangeiros dos países vizinhos. Pois, tradicionalmente, a população da Guiné-Bissau não pratica a pesca comercial, limitando-se apenas a associar a agricultura com tarefas pontuais de pesca de subsistência com pequenas pirogas a remo e de colecta de moluscos marinhos (conchas e bivales) nos rios, afluentes e na costa, para a sua segurança alimentar. No entanto, o envolvimento de muitos cidadãos como auxiliares de pescadores estrangeiros permitindo intercâmbios de saberes e de técnicas ao longo de varias décadas, capacitações levadas a cabo pela Direção da Pesca Artesanal e de por outros projectos de desenvolvimento no pais, bem como o aumento da dinâmica da actividade pesqueira no pais, contribuíram para o surgimento de alguns núcleos de guineenses na categoria de pescadores artesanais com fins comerciais.

A Guiné-Bissau estabelece as condições do acesso aos recursos pesqueiros nas águas territoriais pelas embarcações nacionais e estrangeiras. Em relação as embarcações nacionais o exercício de atividade de pesca comercial requer a obtenção prévia de uma licença de pesca, à qual se exige o pagamento de uma contrapartida financeira da parte do seu beneficiário a título do direito de pesca (art. 14.º, n.º 1, da LGP e o Despacho Conjunto n.º 01/2010, de 17 de Março).

Para as embarcações estrangeiras, além de uma licença de pesca, é necessário existir o acordo internacional ou contrato de pesca concluídos com o seu país; ou, na falta do acordo ou contrato, ser nacional de um dos Estados-membros da UEMOA ou dos países vizinhos da Guiné-Bissau, com residência regular no país e estar enquadrado em comunidades de pescadores (art. 10.º, n.º 4, als. a) e b) do RPA).

6.2. Pesca industrial

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A Lei Geral das Pescas, consagra expressamente duas formas de acesso aos recursos da ZEE pelas embarcações estrangeiras: o acordo internacional de pesca e o contrato de fretamento (art.º. 14.º e art.º. 15.º). Seja qual for a forma, o exercício efetivo da atividade de pesca na ZEE está sujeito à obtenção prévia de licença de pesca concedida pelas autoridades guineenses competentes e ao pagamento de uma taxa (art.º. 17.º, n.º 1 e art.º. 18.º, n.º 1 da LGP). A realização da operação de pesca conexa está sujeita à obtenção de uma autorização prévia emitida pelo membro do governo responsável pelo setor das pescas e ao pagamento de uma taxa (art.º. 35º, n.os 1 e 2 da LGP). A pesca industrial continua a ser alvo da pesca ilegal por parte de navios piratas e estrangeiros. Este fato é potenciado pela capacidade de fiscalização ainda limitada em termos de meios técnicos e financeiros o que dificulta o controlo de rotina de fiscalização regular. Também tendo em consideração as licenças falsas que as vezes são detectadas é pertinente criar um novo modelo de emissão de licenças de pesca (licenças biométricas) e informatizar todo o processo que visa a sua obtenção. Os acordos de pesca industrial são negociados a base do Plano de Gestão de pesca Industrial, actualizado regularmente graças aos dados fornecidos pelo CIPA (Centro de Investigação de Pesca Aplicada). Porém, este centro muito estratégico para o controlo da biomassa pesqueira enfrenta dificuldades para realizar cabalmente as suas tarefas, pois não dispõe de um navio de investigação cientifica adaptado às condições de permanência no alto mar, mas dispõe apenas de um barco médio de pesquisa de 9,8 metros , adaptado só para a pesquisa nas rias da zona costeira1.

A conclusão dos contratos de fretamentos está sujeita à autorização prévia do membro do Governo responsável pelo sector das pescas (art. 15.º da LGP). O afretador nacional deverá gozar no contrato de 25% de rendimento líquido da exploração do navio (Anexo I, ponto 2, n.º 1, al. d) do Despacho Conjunto n.º 1/2013, de 31 de Janeiro).

A nível do empreendedorismo guineense, o sector da pesca industrial continua dominado por

consignatários que são apenas representantes dos armadores estrangeiros. Tendo em conta a falta de frota nacional de pesca, quer estatal quer privada, para assegurar o abastecimento do mercado nacional com os produtos do mar, as embarcações de pesca industrial estrangeiras ficam obrigadas, geralmente, quer por via dos acordos de pesca ou do regime jurídico de fretamento, a desembarcar e comercializar nos mercados nacionais uma parte do pescado. Em alguns acordos, em alternativa ao desembarque do pescado, os armadores podem pagar uma contrapartida financeira. A percentagem do que se desembarca varia de acordo para acordo de pesca, em função do tipo de pesca e da TAB que varia de 192 a 402.

6.3. A pesca nas áreas protegidas

Dentro das zonas de pesca artesanal, encontram-se ainda zonas especiais de proteção, enquadradas nas áreas protegidas marinhas e continentais. Na Guiné-Bissau existem 6 áreas marinhas protegidas: três na parte insular do país (Parque Nacional do Grupo de Ilhas de Orango, o Parque Nacional Marinho João Vieira Poilão e a Área Marinha Protegida Comunitária das Ilhas de Formosa, Nago e Chediã) e três na parte continental (Parque Natural dos Tarrafes do Rio de Cacheu, Parque Natural das Lagoas de Cufada e Parque Nacional de Cantanhez). A existência de uma politica de proteção dessas áreas conduzida pelo IBAP e de ações apoiadas por outros projectos e organizações de defesa do meio ambiente fazem com que a pesca nessas áreas seja

1 - Relatório sobre a Governança Ambiental na Guiné-Bissau, SEA/DGDD-PNUD, Frederic Airaud, Julho de 2015.

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orientada a base de planos de desenvolvimento que tem contado com a participação das comunidades locais e de outros actores interessados.

A extracção ilegal dentro das áreas protegidas destrói o capital natural e tem efeito negativo duradouro na subsistência dos pobres. Os incentivos aos mais pobres para apoiaram a extracção ilegal de madeira providenciaram algum rendimento de curto prazo em épocas de desespero mas colocaram a subsistência de longo prazo em causas ao destruir os habitats naturais com efeitos concomitantes na função do ecossistema e resiliência à mudanças climáticas. Isto não afecta apenas a nutrição saúde e disponibilidade de lenha para fogueira e material de construção como também os futuros fluxos de rendimento que poderiam advir das florestas. Embora a madeira seja um recurso renovável. Também convém destacar a pressão exercida nos parques com a plantação de monocultura de caju. O processo de plantação leva uma destruição excessiva de zonas de cultivos de arroz nos N’pampans. Nos últimos anos vários factores advindo sobretudo dos efeitos da crescente globalização e da regionalização das economias tem contribuído na criação do desequilíbrio secular estabelecido entre as comunidades costeiras e o ecossistema circundante. Contudo a exploração desenfreada dos recursos marinhos e florestais nas áreas protegidas não permite a melhoria das condições de vida das comunidades residentes. O não respeito por parte das comunidades na utilização dos recursos naturais nomeadamente agricultura e a exploração dos recursos florestais poderá provocar o desequilíbrio nas áreas protegidas (Estratégia e o plano da acção Nacional para a Biodiversidade 2012). Em relação a pesca esta atividade só poderá ser posta em perigo pelos pescadores artesanais dos países vizinhos por falta de cumprimentos das regras de acesso aos recursos nomeadamente a pesca ilegal e não cumprimento das regras de pesca tradicional.

7. Tipos de licenças de navegaçãoSegundo o regulamento da pesca (Decreto-leiN°9/2011 de 7 de Junho, no seu artigo 17 pressupõe que o exercício de pesca nas águas da Guiné-Bissau com excepção da pesca de subsistência‚ é condicionado a obtenção de uma licença de pesca deliberado pelo responsável do sector. A licença é emitida em nome do proprietário ou do armador e deve ser mantida a bordo para o efeito do controlo de atividade de pesca.

Todas as embarcações de pesca industrial ou artesanal devem estar inscritas nos registos de embarcações da pesca industrial e artesanal da SEPEM. A inscrição ou registo é obrigatório antes da emissão da licença. Salienta-se que a inspeção de embarcações, é efetuada pela FISCAP antes e depois da inscrição da mesma.

A licença de pesca é emitida a uma embarcação que exerce um determinado tipo de pesca precisa com ajuda de um dado equipamento por um período de duração máxima de um ano. A licença contém o nome de navio‚ armador‚ pavilhão‚ porto e um número de matrícula indicativo de rádio‚ material de construção do casco, potência de motores, comprimentos fora de bordo‚ tonelagem de arqueação bruta‚ tipo de engenho de pesca utilizado, malhagem etc.

No caso da pesca artesanal, a DGPA emite licenças de pesca artesanal sem ter suficientes informações cientificas para determinar as capturas máximas possíveis e o numero máximo de pirogas que estes recursos podem suportar. Embora teoricamente seja mais fácil fiscalizar a zona costeira reservada à pesca artesanal, a FISCAP não consegue controlar todos os pescadores artesanais ilegais que exploram os recursos haliêuticos e não consegue erradicar a longo prazo os

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acampamentos ilegais de pescadores estrangeiros que beneficiam, por vezes, de conivência e cumplicidade dos nacionais´´(2).

7.1. Pesca artesanal

Há dois tipos de licenças emitidas pelos serviços da Pesca Artesanal dentre as quais se destacam  (Decreto-lei n°24/2011 de 7 de Junho 2011):

Licença para os proprietários nacionais de embarcações; Licença para os pescadores com embarcações estrangeiras.

Salienta-se que cada tipo de licença é dividida em quatro categorias em função da potência do motor (sem motor‚ motor de potência inferior ou igual a 15 CV‚ motor de potência compreendida entre 16 e 40 CV e motor de potência compreendida entre 40 e 60 CV) ‚ e cada tipo de licença é dividida em 3 categorias de espécies alvo: peixes‚ crustáceos e cefalópodes (despacho conjunto n°01/2010‚ 22 Agosto de 2010).

Para as licenças trimestrais e semestrais se aplica um agravamento de 15 e 3% respectivamente sobre as tarifas aplicadas ou aqui inseridas.

Tabela 2: Tarifas das licenças anuais de pesca artesanal para os pescadores nacionais (FCFA) – despacho conjunto nº 01/2010 de 17 de Março de 2010

Potência do motor Peixes Crustáceos CefalópodesSem motor 19.500 145.000 39.00015 CV 130.000 162.000 162.00040 CV 195.000 260.000 260.00060 CV 325.000 585.000 585.000

Mas em termos regulamentares se distinguem 3 categorias de licenças em função das espécies alvos, na prática, não é o que se passa já que para além da licença “peixe” que é emitida, as outras duas não são procuradas porquanto são pescarias que não são do interesse do pescador artesanal. As zonas de operação da pesca artesanal são: As águas continentais – com potência de motor não superior a 15 CV; as águas interiores – entre 15 a 40 CV e por ultimo o mar territorial – entre 40 a 60 CV.

O regulamento do Decreto nº 24/2011 de 7 de Junho de 2011 da pesca artesanal admite o exercício da pesca artesanal estrangeira nas águas sob jurisdição da Guiné-Bissau nas seguintes condições:

1) Por via dos acordos internacionais ou contratos de pesca estabelecidos com a Guiné-Bissau (acordo com o Senegal);

1) Desde de que as embarcações são propriedades de pescadores estrangeiros nacionais de um dos estados membros da UEMOA ou dos países vizinhos da Guiné-Bissau, legalmente residentes e inscritos numa organização ou comunidades de pescadores.

Tabela 3: Tarifas das licenças de pesca artesanal para pescadores estrangeiros – Decreto nº24/2011 de 7 de Junho de 2011

2 In Relatório da Avaliação da Governança Ambiental, SEB, DGDD, 2015 – Frederic Airaud.

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Potência do motor 12 Meses 6 Meses 3 Meses

Sem motor 100.000 53.000 30.00015 CV 500.000 265.000 150.000

40 CV 1.200.000 636.000 360.00060 CV 1.600.000 848.000 480.000

7.2. Pesca IndustrialOs tipos de licenças de pesca industrial são definidos no Despacho conjunto nº 01/2014, de 29 de Dezembro de 2014, dos ministérios das Pescas e distingue-se oito grupos de espécies alvos:

Camarão e outros crustáceos; Cefalópodes e outros moluscos; Arrasto de Peixes demersais; Peixes demersais linha; Pequenos pelágicos de cerco; Arrasto de Pequenos pelágicos; Atum de pesca de cana; Atum de armadilha e cana.

Uma embarcação, não poderá beneficiar de mais que uma licença para um dado período, e a mesma não é transmissível, salvo disposições regulamentares especiais – artigo 20 do Decreto-Lei nº 10/2011 de 7 de Junho de 2011.

As condições de acesso inseridas no referido despacho conjunto ainda mencionam, entre outros:i) A criação e a localização da empresa no território nacional;

ii) Pagamento das taxas/impostos na Guiné-Bissau;

iii) Exportação das capturas a partir de um porto da Guiné-Bissau;

iv) Emprego da tripulação guineense salvo se as competências requeridas não existirem no País;

v) Embarque de um observador;

vi) Pagamento do fundo de Gestão dos Recursos Haliêuticos.

Tabela 4: Tarifas de licenças por tipo de pesca para os navios nacionais de pesca industrial Despacho conjunto nº 01/2014

Categorias Montante em FCFA por ano

Camarão e outros crustáceos 145.000/TABCefalópodes e outros moluscos 135.000/TABPeixes demersais por arrasto 50.500/TAB

Peixes demersais palangre 2.100.000/TABPequenos pelágicos com redes de cerco 28.500/TAB

Pequenos pelágicos de arrasto 37.000/TABAtum com redes de cerco 3.500.000/NAVIO

Atum com palangre e com cana 1.950.000/NAVIO

A categoria «navio de pesca estrangeiro afretado», introduzida na legislação das pescas pelo Decreto nº 04/1996, permitiu a criação das “empresas nacionais” que em muitos casos se metamorfosearam em agências de consignação dos navios estrangeiros e também membros da Associação Nacional das Empresas de Pesca – ANEP. Ao longo do tempo, o referido Decreto foi

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sujeito a várias emendas sucessivas que visaram sobretudo garantir para que a economia nacional obtenha certos ganhos, nomeadamente com a obrigatoriedade do desembarque total das capturas e suas exportações a partir do território nacional e também, a interdição dos navios de não puderem permanecer por um período superior a dois anos na condição de afretados – Despacho conjunto nº 2/2001 de 1 de Outubro de 2001.

Com o fim de se encorajar o desenvolvimento do setor e nomeadamente a criação das empresas nacionais, os navios estrangeiros afretados beneficiam sempre das tarifas de licenças reduzidas comparativamente aos navios que operam no âmbito dos acordos de pesca, excepção feita ao acordo com o Senegal.

Há pouco tempo, foram revistas as condições de acesso aos recursos haliêuticos da ZEE por navios estrangeiros afretados – Despacho conjunto nº 01/2014 de 29 de Dezembro de 2014 que, entre outros:

i) Agrava em 15% a contribuição devida ao Fundo de Gestão dos Recursos Haliêuticos - FGRH;ii) Aumenta o número de marinheiros nacionais a embarcar;

iii) Fixa as condições gerais do acesso – pagamento dos impostos na Guiné-Bissau, embarque do observador, pagamento da contribuição ao fundo de gestão dos recursos haliêuticos;

iv) Fixa percentagem das capturas a desembarcar por cada trimestre e em função do tipo de pesca praticada;

v) Impõe ainda outras medidas mais apertadas que têm a ver com a prestação de garantia bancária correspondente a 25% da valor máxima da multa em caso de não desembarque dos produtos destinados ao mercado nacional e ainda, apresentação de um plano de investimento que contemple um período temporal máximo de dois anos num montante de mínimo de 250 milhões de FCFA e uma outra garantia bancária num banco da Guiné-Bissau de 20% do valor de investimento proposto.

Tabela 5: Tarifa de licenças por tipo de pesca para os navios estrangeiros afretados – Despacho conjunto nº 01/2014

Categorias Montante em FCFA por anoCamarão e outros crustáceos 174.000/TAB

Cefalópodes e outros moluscos 156.000/TABPeixes demersais por arrasto 84.500/TAB

Peixes demersais palangre 3.000.000/TABPequenos pelágicos com redes de cerco 40.500/TABPequenos pelágicos de arrasto 50.000/TAB

Atum com redes de cerco 5.000.000/NAVIOAtum com palangre e com cana 3.050.000/NAVIO

O número de marinheiros a embarcar varia em função da tonelagem do navio: TAB inferior a 250 – 4 marinheiros; TAB entre 250 a 400 – 5 marinheiros; TAB entre 400 a 600 – 6 marinheiros e TAB superior a 600 – 8 marinheiros.

A percentagem ou o percentual da produção a desembarcar obrigatoriamente para o abastecimento do mercado nacional depende do tipo de pesca praticado e, a sua venda é de responsabilidade do armador assim como reverte ainda a seu favor, o resultado da mesma.

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Tabela 6: Quantidade a desembarcar pelos navios estrangeiros afretados - Despacho conjunto nº 01/2014Categorias Quantidade (kg de peixe)

Camarão e outros crustáceos 30/TAB /trimestreCefalópodes e outros moluscos 50/TAB/trimestre

Peixes demersais de arrasto 75/TAB/trimestre

Pelo não desembarque das quantidades previstas, não só é suspensa a licença do navio como também é-lhe aplicado uma multa de 600.000 FCFA/tn não desembarcada.

8. Zonas de actividade de pescaA Guiné-Bissau apresenta uma plataforma continental de 45.000 km² (figura 1), estendendo-se para sudeste do arquipélago dos Bijagós, e ao longo desta, existem três áreas de pesca bem delimitadas: (i) uma faixa com profundidades inferior a 10 m, acessível às embarcações artesanais de pequeno porte; (ii) uma faixa com profundidades de 10 – 20 m, com cerca de 26.000 km², onde opera a maior parte de embarcações artesanais melhoradas; (iii) e a última faixa de 15.000 km², que se estende até 120 milhas náuticas, com profundidades que variam de 20-200 m, onde opera a frota industrial estrangeira.

Figura 1: Zona de pesca na Zona Económica Exclusiva da Guiné-Bissau (Solié, K., et al, 2002)

A plataforma continental entre o Cabo Roxo (12º 20' N, 16º 43 W) e o Cabo da Serra Leoa (8º 30', 13º 18' W) é a mais longa de todas as das costas NW e W da África, chegando a atingir as 150 milhas (E.P.P., 1990). É uma região de fundos baixos, em que a linha dos 200 metros passa a 60 milhas do Caió e a 100 milhas do Pailão. Estas profundidades baixas proporcionam extensos pesqueiros propícios à pesca de arrasto, uma vez que, na sua maioria, os fundos são de areia e areia lodosa. No entanto, para dentro da batimétrica dos 20 metros existem numerosos afloramentos rochosos, coralíneos ou areia que constituem peguilhos capazes de produzir avarias graves nas redes. Mais ao Sul existem fundos rochosos com condições potenciais propícias à captura de peixes demersais. Globalmente, podem distinguir-se dois tipos de fundos sobre a

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plataforma continental guineense, caracterizados pela presença de dois tipos de povoamentos distintos (Domain, 1976):

De 12º20'N a 11º35'N, os fundos são constituídos por partículas finas associadas a areia mais ou menos grosseira. Esta zona de fundo vasoso corresponde a uma área de distribuição dos crustáceos (exemplo, Penaeus notialis).

De 11º35'N até junto da fronteira com a Guiné Conacri, os fundos são formados de bancos de areia-vasosa e areias mais ou menos grosseiras e duras.

Para efeitos de pesca, a legislação pesqueira adota um modelo de divisão das águas sob a soberania e/ou jurisdição da República da Guiné-Bissau que, tendo em conta a política de conservação e de proteção dos recursos vivos, obedece ao critério da potência das embarcações e artes de pesca. Assim, o modelo adotado consiste em divisão de zonas de pesca em duas grandes zonas: zona de pesca artesanal e zona de pesca industrial.

A zona de pesca artesanal coincide com os limites das Águas Territoriais (12 mn). E a zona de pesca industrial, com os da Zona Económica Exclusiva (120 mn). É em torno deste modelo de organização que se desenvolve todo o regime jurídico da pesca na Guiné-Bissau.

9. A dimensão internacional do setor pesqueiro Guineense

9.1. Acordos de pesca

Presentemente a Guiné-Bissau mantém acordos de pesca com a União Europeia – EU, a China Nacional Fisheries Corporation – CNFC, a Associação dos Armadores Russos – AAR e a República do Senegal.3

Entretanto o art. 14º do Decreto nº 24/2011 de 7 de Junho de 2011 anuncia a necessidade de se imperar sempre a compatibilidade entre o conteúdo dos acordos de pesca com os objetivos do Plano de Gestão dos Recursos Haliêuticos.

9.2. Acordo de pesca com o Senegal

O novo acordo de pesca com o Senegal, assinado a 14 de Dezembro de 2013, e valido por um período de dois anos a partir da sua entrada em vigor, ou seja, 1 de Janeiro de 2014. O seu protocolo de aplicação define as condições de exercício de pesca artesanal (tabela 7) e industrial, as medidas da emissão das licenças, as possibilidades de pesca, as tarifas, as medidas técnicas, as descargas, as declarações de captura, o nível das capturas acessórias, o embarque dos observadores e o embarque dos marinheiros. Entretanto, o mesmo protocolo também prevê a possibilidade de acesso as instituições de formação do Senegal dos estudantes e estagiários oriundos da Guiné-Bissau.

Se por um lado as embarcações da pesca artesanal são obrigadas a comunicar mensalmente as suas capturas, por outro lado, os navios de pesca industrial, exceto os atuneiros, são obrigados a desembarcar trimestralmente 3 toneladas do pescado a favor da Ministério das Pescas que, na presença dum incumprimento dessa obrigatoriedade tem poderes para aplicar uma multa de 665.000 FCFA por tonelada não desembarcada. Na prática, esta obrigação tem sido desrespeitada.

As condições do embarque de número dos marinheiros guineenses são genericamente aplicadas a todos os navios de pesca industrial e vária em função de TAB do navio.

3 - (O total estimado em 2016 foi de 350 barcos nos subsectores industria e artesanal).

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Tabela 7: Número de embarcações da pesca artesanal Senegalesa na Guiné-BissauPotência do motor Número de embarcaçõesInferior ou igual à 40 CV 300Superior à 40 e inferior ou igual à 60 CV 50

No caso de utilização total das possibilidades de pesca do camarão e, em função da disponibilidade do recurso alvo e, a pedido da parte senegalesa, mais possibilidades suplementares poderão ser outorgadas conforme a tabela 8.

Tabela 8: Tarifas das licenças de pesca do acordo com o Senegal (FCFA/ano)

9.3. Acordo de pesca com a China National Fisheries Corporation (CNFC)

O protocolo de acordo de pesca com a sociedade chinesa foi assinado em 28 de Junho de 2010 e para se vigorar por um período de 4 anos, o que significa que a sua vigência chegou ao fim em Dezembro de 2014.

A compensação financeira nele previsto é de um milhão de dólares americanos para o seu primeiro ano de vigência e de 260.000 dólares por cada um dos três anos seguintes e que visem a realização de programas de desenvolvimento do setor das pescas, nomeadamente a criação de uma indústria de conservação e do tratamento do pescado.

O protocolo prevê o desembarque de 40 toneladas do pescado diverso por navio/ano e destinado ao abastecimento do mercado nacional. E as tarifas das licenças variam em função da duração das mesmas (tabela 9).

Os navios devem embarcar os marinheiros guineenses cujo número varia em função do TAB do navio: 3 para TAB até 250, 4 para TAB entre 250 a 400 e 5 para TAB superior a 400 (tabela 10)

Tabela 9: Possibilidades de pesca e duração de licenças do acordo com China

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Categorias QuantidadesArrastões camaroeiros 1.200 TAB/anoArrastões Cefalopodeiros 750 TAB/ano

Arrastões de peixe demersais 3.000 TAB/ano

Arrastões de peixes pelágicos 2.000 TAB/ano

Atuneiros de salto-e-vara e a linha 10 navios/ano

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Tabela 10: Tarifas das licenças de pesca do acordo com a China (FCFA/ano)

.

9.4.Acordo de pesca com a Agência Federal de Pesca da Rússia

O protocolo com a AFPR (em representação dos Armadores Russos) foi rubricado em 28 de Novembro de 2014. De referir que o acordo não determina número de navios (arrastões pelágicos) a operar na ZEE. Contudo determina a limitação da capacidade dos navios até 5.000 TAB.

No referido protocolo, a parte russa se engaja a: Efetuar uma campanha anual de avaliação dos recursos pelágicos na ZEE guineense; Formar os quadros nacionais no domínio da gestão, da indústria de pescas e da

transformação do pescado; Realizar as operações de fiscalização marítima e aérea e, finalmente; Investir nas infra-estruturas de tratamento e de conservação em terra.

A tarifa anual é fixada em 25.000 francos CFA por tonelada. A parte russa contribui com 15 milhões FCFA/ano/navio para o Fundo de Gestão dos Recursos Haliêuticos.

Cada navio deve embarcar um observador por um período máximo de 90 dias e um mínimo de 7 marinheiros guineenses e 10% das capturas devem ser desembarcadas no porto de Bissau para o abastecimento do mercado nacional.

Salienta-se que o acordo com agencia Federal de Pesca Russa é extremamente importante do ponto de vista da gestão e conservação do recursos pesqueiros. Pois é revestido de componente da investigação pesqueira que visa a acompanhar o estado da evolução da biomassa dos recursos pesqueiros e propor as medidas de gestão concernentes a sua exploração. Isto só por si só não é suficiente para garantir a durabilidade dos recursos‚ sendo por isso‚ acompanhado de pacotes de fiscalização marítima e área‚ que vai garantir a soberania da atividade pesqueira na ZEE e a formação e capacidade no domino da gestão e transformação pesqueira. Mas contudo ainda há necessidade imperativa de criar um comité científico que vai acompanhar e monitorar a gestão avaliação dos recursos pesqueiros. Também é pertinente fazer um estudo de avaliação das

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Categoria Possibilidades de pescaDescrição da licença1 Ano 6 Meses 3 Meses

Arrastões camaroeiros 398 TAB/ ano 420/TAB 216/TAB 110/TABArrastões cefalopodeiros 2.340 TAB/ ano 341/TAB 174/TAB 90/TABArrastões de peixe 2.145 TAB/ ano 315/TAB 163/TAB 84/TAB

Navio de pesca industrial TaxasArrastões camaroeiros 177.000/TABArrastões Cefalopodeiros 160.000/TABArrastões de peixe demersais 90.000/TABArrastões de peixes pelágicos 50.000/TABAtuneiros de salto e vara 3.000.000Cercadores 5.000.000Pesca artesanal TaxasEmbarcações até aos 40 CV 600.000Embarcações até aos 60 CV 900.000

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capturas no sentido de propor a melhoria no acordo em termo económico. Este acordo deixa uma responsabilidade de gestão clara que é assumida pela empresa Russa.

Tabela 11: Tarifas FGRH em função do tipo de pesca praticadaCategoria Montante (FCFA / ano)Crustáceos 123.990 /TABCefalópodes 119.390 /TABPeixes demersais 71.194 /TABPeixes pelágicos (navios até 2 000 GT) 12.000 /TABPeixes pelágicos (navios sup. a 2 000 GT) 23. 110 /TABAtuns 4.526.103 /navio/ano

Fonte: Despacho conjunto n.º 01/2014

9.5. Acordo de pesca com a União Europeia

O acordo de pesca com a Comissão Europeia entrou em vigor em Junho de 2007 e pressupõe que, depois duma vigência de 4 anos, fica tacitamente reconduzida por um igual período de tempo. Embora as negociações do atual protocolo foram concluídas pelas partes em Fevereiro de 2012 mas, por razões da alteração constitucional por via não convencional na Guiné-Bissau e a consequente suspensão de cooperação entre a UE e a Guiné-Bissau, só após o restabelecimento da ordem constitucional guineense, se decidiria pela sua assinatura e aplicação imediata, em 16 de Outubro de 2014 (tabela 12). Tecnicamente, é um acordo multi-espécie cobrindo as espécies demersais e as migratórias.

9.5.1. Demersais· Camarão do fundo (Parapenaeus longirostris)· Camarão costeiro (Penaeus spp)· Cefalópodes (Octopus vulgaris and Sépia officinalis)· Peixes (Sparidae, Solea spp, Haemulidae, Ariidae et Sciaenidae).

9.5.2. Pelágicos oceânicos · Atum (Thunnus albacares and Katsuwonus pelamis) com capturas acessórias de (Thunnus obesus)· Spadarte (Xiphias gladius) e tubarões

O protocolo prevê o pagamento ao Governo guineense duma compensação global anual de 9.2 milhões de euros e mais um regime de pagamento das tarifas de pesca pelos armadores privados. Também no âmbito deste acordo, a UE disponibilizará 3 milhões de euros destinados ao desenvolvimento do sector nacional das pescas : (reforço do SCS, investigação científica controle sanitário, pesca artesanal). As acções a serem financiadas através deste fundo serão programadas e implementadas em função das prioridades formuladas pelo País.

Todos os navios de pesca beneficiários do acordo devem embarcar um número variável de marinheiros em função do TAB do navio: 4 (até 250 TAB), 5 (entre 250 e 400), 6 (entre 400 e 650) e 7 marinheiros nos navios com mais de 650 TAB.

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Tabela 12: O acordo de pesca com a União EuropeiaVigência do acordo

4 anos, renováveis (16.6.2007 - 15.6.2011; 16.6.2011 - 15.6.2015)

Duração do protocolo

3 anos (24.11.2014 - 23.11.2017)

Contribuição financeira (Euros)

9.200.000 €/ano (3.000.000 €/ano para apoio ao sector das pescas)

Possibilidades de pesca e tarifas

Espanha França Itália Grécia Portugal TotalPagos e adiantamentos

não reembolsáveis

Camarão 2.500 - - 140 1.0603.700 TAB

344 €/TAB/an

Peixes e cefalópodes

2.900 - 375 225 - 3.500 TAB 256 €/TAB/an

Cerqueiros e palangreiros de superfície

14 12 - - 2 28 navios35 € porton. pescada

+ avance 3.500 € /navio/ano

Atuneiros vara 9 3 - - - 12 navios25 € porton. pescada

+ avance 550 € /navio/ano

10. Fiscalidade aplicada aos navios de pesca e as operações relacionadas

Segundo os resultados da auscultação feita pode-se constatar que existem inúmeras taxas cobradas aos armadores de pesca industriais, tanto nacionais como estrangeiros, que de certa forma, constituem estrangulamento para o investimento privado no sector das pescas. As taxas são elevadas e não proporcionam um rendimento na atividade pesqueira. Convém referir que em 2014 as taxas do acesso aos recursos foram agravadas pelo Governo de foram a aumentar as receitas do Estado.

10.1. Fundo de Gestão de Recursos haliêuticos (FGRH)

O Despacho Conjunto n°01/2014 de 29 Dezembro de 2014 simplificou os procedimentos ao fundir num só, o Fundo de Apoio Setorial (FAS) e o Fundo de Gestão dos Recursos Haliêuticos (FGRH).

Os referidos fundos destinam-se a suportar a política do Governo em matéria de Gestão e da conservação, da proteção dos recursos haliêuticos e de restauração biológica e conservação dos ecossistemas marinhos. Também, permite o pagamento dos salários dos observadores e o financiamento das operações de fiscalização e a luta contra a pesca ilegal e não regulamentada - INN.

Este mecanismo evita o dispêndio das dotações do Estado para o financiamento das atividades de gestão assim como permite a recuperação dos custos de gestão das pescas. O montante da participação para os fundos é calculado em função do TAB do navio e do tipo de pesca praticada.

Tabela 13: Tarifas FGRH em função do tipo de pesca praticadaCategoria Montante (FCFA / ano)Crustáceos 123.990 /TABCefalópodes 119.390 /TABPeixes demersais 71.194 /TABPeixes pelágicos (navios até 2 000 GT) 12.000 /TABPeixes pelágicos (navios sup. a 2 000 GT) 23. 11 /TABAtuns 4.526.103 /navio/ano

Fonte: Despacho conjunto n.º 01/2014

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10.3. Inscrição no registro do Instituto Marítimo e Portuário (IMP)O IMP emite a certidão de navegabilidade e, igualmente gere o embarque dos marinheiros nos navios da pesca industrial.

A inscrição no registro é anual e pagável: para os navios da pesca industrial, o montante é de 250.000 FCFA/ano se a inspeção for efetuada no porto de Bissau, e de 2.100.000 FCFA/ano quando for executada fora do Porto de Bissau, o que acontece com uma grande parte da frota estrangeira.

Para as embarcações da pesca artesanal motorizadas estrangeiras, o montante é de 214.800 FCFA/ano e, para as embarcações nacionais é de 102.000 FCFA acrescidas de um complemento de 2.000 FCFA pago por marinheiro embarcado quer numa ou outra categoria.

Para obter provisoriamente o pavilhão guineense e por um período de seis meses, os navios devem pagar um montante de 3 milhões de FCFA. O pavilhão definitivo é atribuído depois de decorrido 6 meses sob a reserva do pagamento de um complemento de 3 milhões de FCFA e, a renovação anual do pavilhão, é faturado em 2 milhões de FCFA.

11. Descrição das pescarias nas águas da Guiné-Bissau

11.1. Pesca artesanal

A pesca em escala nacional contribui de forma significativa para a segurança alimentar mas, apesar de seu grande potencial, o baixo desenvolvimento económico, , faz com que o setor ainda parece evoluir hoje com padrões de produção inalterados por 10 a 20 anos.

Economias locais dependem directamente de recursos naturais, com predomínio da agricultura e da pesca de subsistência de pequena escala, e para uma pesca à escala comercial de menor grau. O fraco desenvolvimento dos mercados de exportação desde 1990 devido a restrições políticas e administrativas e, recentemente, por causa das medidas de saúde limitados para o desenvolvimento e modernização da pesca artesanal nacional, Fazem com que a pesca artesanal se concentra em rios e estuários ao longo da costa, especialmente no arquipélago dos Bijagós. A pesca artesanal tem tambem acesso exclusivo à zona das 12 milhas marítimas, incluindo estuários e águas entre as ilhas.

A configuração da zona costeira e continental onde ocorre a pesca artesanal torna a abordagem deste sector complexa e difícil. Entre os factores que contribuem para esta especificidade podemos relembrar:

a coexistência entre uma pesca marítima e uma pesca continental marcadas por uma forte sazonalidade anual (estação das chuvas, estação seca e uma estação de transição entre as duas) e o ciclo das marés que afecta cerca de 20% da superfície do território;

um território continental fraccionado devido a existência de rios e de braços de mar combinados com uma infraestrutura viária pouco adequada;

cerca de um terço da superfície do país, perto de 10.000 km2, corresponde ao território formado pelas 88 ilhas do Arquipélago de Bolama-Bijagós, sendo que 1.600 km2 correspondem a zonas intertidais (bancos de areia e zonas lodosas);

a presença de numerosos pescadores vindos de países vizinhos, quer na pesca marítima

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(senegaleses e guineenses de Conacri, sobretudo), quer na pesca continental (malianos).

O sector continua muito pouco desenvolvido. Várias razões podem ser evocadas: o isolamento das populações de pescadores, a pobreza, as capacidades de investimento e os meios próprios muito limitados, um recurso ao microcrédito quase ausente. Mas este fraco desenvolvimento técnico da pesca artesanal no país é vítima de razões culturais, porque, contrariamente ao que se passa nos países vizinhos, não há tradição de pesca para além da zona costeira. A pesca permanece na generalidade como uma actividade complementar à agricultura. As comunidades de pescadores nacionais estão fracamente equipadas e a pesca motorizada continua, praticamente, sob o domínio de estrangeiros provenientes dos países vizinhos. O desenvolvimento da pesca em certas localidades deve-se ao facto de pescadores estrangeiros aí se terem instalado. Esta coabitação teve efeitos positivos porque foi por causa deste contacto que os habitantes destas regiões costeiras aprenderam técnicas de pesca comercial e começaram a exercer esta actividade.

Para remediar a ausência de dados fiáveis sobre as estatísticas de pesca artesanal, foram realizados três inquéritos socioeconómicos em 2006, 2009 e 2011. Estes permitiram compreender melhor a realidade do sector da pesca artesanal na Guiné-Bissau e forneceram informações pertinentes sobre os aspectos sociais, económicos e técnicos da pesca artesanal na Guiné-Bissau. Os principais resultados obtidos do inquérito de 2011 estão resumidos na tabela que se segue.

Tabela 14: Pescadores artesanais e população dependente (2011)

Base Proprietários/usuários Marinheiros pescadores

Total Idade média

População dependente

Total

Bafata 228 191 419 33 3.328 3.747

Bissau 11 55 66 29 273 339

Bolama 40 124 164 32 924 1.088

Buba 84 115 199 33 1.203 1.402

Bubaque 64 206 270 30 1.454 1.724

Cacheu 135 266 401 30 1.735 2.136

Cacine 240 350 590 33 3.855 4.445

Caió 40 107 147 25 403 550

Catió 91 59 150 30 1.176 1.326

Farim 51 59 110 34 1.164 1.274

Gabú 51 32 83 35 654 737GamMamaduba 41 69 110 32 797 907N`Tchude 42 55 97 34 424 521

Porco 54 155 209 34 551 760

Quinhamel 188 350 538 26 2.057 2.595

São Vicente 39 54 93 31 586 679

Uno 11 47 58 27 187 245

Uracane 65 200 265 32 821 1.086

Varela 48 123 171 32 537 708

Total 1.523 2.617 4.140 31 22.129 26.269Fonte: CIPA Inquérito socioeconómico de 2011 (Dados provisórios)

11.1.1. Grupos étnicos presentes na pesca artesanal naciona

Segundo o inquérito realizado pelo CIPA em 2011, Na figura 2, pode-se constatar que a etnia papel é a mais representada com 30%. Este facto comprova que a etnia papel é a que se dedica mais a

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pesca artesanal na Guiné-Bissau. O presente resultado vem demonstrando que a pesca artesanal na Guiné-Bissau é exercida por várias etnias, entre as quais se destacam as mais predominantes: Papel, Bijagós, Fula, Mandinga, Felupe, Balanta, Nalu e Susso. Os papéis e os Bijagós representam mais de 40% dos pescadores nacionais.

Figura 2: Distribuição dos pescadores por etnia

11.1.2. Emprego e a população dependente

Com base no estudo em 2015, estima-se a volta de 6300-6600 pessoas das quais 4140 trabalham na pesca artesanal‚ 523 nos navios de pesca industrial e entre 1690 a 1900 dedicam-se a actividade de transformação e a comercialização do pescado. Salienta-se que estes valores estimados dão a ideia da importância do sector caracterizada pela forte sazonalidade e uma forte oscilação de pessoas que exercem suas atividades de maneira informal ou complementar sobretudo em interacção com agricultura.

Os dados referentes ao inquérito realizado em 2011 do sub-setor da pesca artesanal marítima e continental garantem o emprego direto de 4 140 pessoas e dentre as quais com a predominância dos jovens e em que a média da idade é de 31 anos. Com uma população dependente estimada em mais de 22000 pessoas‚ ou seja‚ mais de 5 pessoas por cada pescador

Tabela 15: Pescadores e população dependente (2011)

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Núcleos de pesca

Proprietários/utilizadores

Marinheiros Pescadores

Total Idade MédiaPopulação dependenteTotal Média

Bafata 228 191 419 33 3.328 10

Bissau 11 55 66 29 273 5

Bolama 40 124 164 32 924 6

Buba 84 115 199 33 1.203 6

Bubaque 64 206 270 30 1.454 7

Cacine 240 350 590 33 3.855 8

Cacheu 135 266 401 30 1.735 5

Caio 40 107 147 25 403 7

Catio 91 59 150 30 1.176 8

Farim 51 59 110 34 1.164 11

Gabu 51 32 83 35 654 10

GamMamaduba

41 69 110 32 797 9

N`Tchude 42 55 97 34 424 4

Porco 54 155 209 34 551 3

Quinhamel 188 350 538 26 2.057 11

Sao Vicente 39 54 93 31 586 8

Uno 11 47 58 27 187 3

Uracane 65 200 265 32 821 3

Varela 48 123 171 32 537 4

Total 1.523 2.617 4.140 31 22.129 7

Fonte: CIPA inquérito socioeconómico de 2011

11.1.3. Problemas do sector da pesca artesanal.A evolução nos últimos 20 anos da pesca artesanal na Guiné-Bissau tem sido lenta em termos de produção, comercialização, sistema de organização, etc. Ao contrário, pequenas frotas estrangeiras artesanal pescando nas águas nacionais apresentam-se dinâmicas e são difíceis de controlar, sendo as suas capturas desembarcadas maioritariamente nos países vizinhos. Assim, uma parte não negligenciável da riqueza haliêutica retirada das águas sob soberania da Guiné-Bissau não é sequer conhecida e é perdida para a economia nacional.

Os principais constrangimentos que se colocam ao desenvolvimento da pesca artesanal, traduzem-se em insuficiências diversas, tais como: uma instabilidade institucional, gera uma difícil situação económica e social entre os pescadores e suas famílias; uma fraca capacidade de investimento interno no subsector com a consequente dependência do investimento externo, particularmente, por parte da cooperação internacional; uma ausência de infra-estruturas de base em grande parte do país (nomeadamente, vias de comunicação, serviços técnicos e comerciais, condições de isolamento de uma parte da população, eletricidade, água); fracas infra-estruturas de apoio à pesca (cais de pesca, câmaras de conservação, transportes em geral, etc.); uma ausência de um sistema de dados estatísticos da pesca e biológicos abrangendo todo o país; uma fraca implantação por parte das instituições de crédito, principalmente as ligadas ao micro crédito, nas áreas de pesca; uma escassez de materiais e equipamentos de pesca no mercado nacional; uma quase inexistência de capacidade de autofinanciamento por parte do sector privado; um fraco desenvolvimento técnico dos operadores privados e uma insuficiente capacidade da administração pública subsetorial.

Estes constrangimentos são potenciados através dos seguintes aspetos: (i) diversidade das situações no país (geográfica, cultural, étnica, ambiental, etc.); (ii) variedade dos sistemas de pesca existentes no país (tipos de pesca e de engenhos, grau de profissionalismo, recursos alvo, etc.);

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(iii) diversas potencialidades regionais no que respeita à participação nos objetivos macroeconómicos (segurança alimentar, crescimento, emprego, entrada de divisas, exportação, etc.); (iv) dificuldade de fornecer um apoio eficaz ao desenvolvimento; e (v) à gestão da pesca a partir de Bissau (de apoio, de vigilância, etc.).

A ausência de uma visão estratégica estruturante e de um quadro de planificação para a pesca artesanal explica em parte as dificuldades relativamente ao enquadramento, ao acompanhamento e à organização do subsector.

11.1.4. Distribuição e transformação

O número de participantes na cadeia de distribuição dos produtos da pesca pode ser estimado em aproximadamente 1.690-1.900 pessoas. Na tabela 17 pode-se constatar que a Cidade de Bissau alberga maior número de bideiras e transformadoras dos produtos da pesca artesanal, seguida da cidade e Cacheu, com 526 bideiras e retalhistas.Afripêche conta com uma sala de transformação de produtos frescos em bom estado mas que momento, não tem tido uma utilização regular.

Tabela 16: Estimativa do número de atores na transformação e distribuição

Região Bideiras e retalhistas Total aprox.

Bissau

· Alto Bandim: 174 bideiras· Retalhistas no mercado coberto de Alto Bandim: 54 – 96· Retalhistas Alto Bandim (fora do mercado): 300 - 400· Retalhistas mercado Caracol: 50 – 73· Retalhistas mercado Kirintin: 20

600 - 760

Cacheu· 421 bideiras (71 Membros da Associação e 350 não associadas)· 50 bideiras Varela· 50 – 60 retalhistas mercado Canchungo

526

Biombo · 27 bideiras 27Oio · 30 – 40 à Mansoa e Bissorã 30 – 40

Bafatá· Mercado Bairo 3: 104 (37 produtos frescos, 27 djafal, 40 fumado, 45 locais)· Mercado de Kirintin = 15

120

Gabú · 50 no mercado 50Quinara · Buba: 30-40 retalhistas no mercado 30 – 40

Tombali · Cacine 120 bideiras (65 membros da Associação et 55 não associadas) 120

Bijagós · Bubaque = 89, Bolama = 50, Outras ilhas = 50 - 80 190 – 220

Total 1.690 – 1.900

11.2. Pesca industrial

É uma componente de extrema importância para a Guiné-Bissau. A frota industrial é composta por navios que operam sob licenças na ZEE da Guine- Bissau e empreendida exclusivamente por navios estrangeiros numa base cíclica, operando com redes de arrasto, palangres e cercos (Bellamans, 1984).

Salienta-se que a riqueza da Zona Económica Exclusiva (ZEE) da Guiné-Bissau tem atraído o interesse das frotas de outros países, como China, Coreia do Sul e da União Europeia (principalmente Espanha, França, Portugal e Itália) e do Senegal. A pesca industrial ao longo da plataforma continental visa essencialmente as espécies demersais, utilizando exclusivamente o arrasto. A actividade de pesca na ZEE, é dirigida as espécies/grupos-alvos costeiras e profundas tais como: crustáceos, peixes e cefalópodes. Estes são capturados pelos arrastões congeladores, cujo comprimento vária de 25 a 55 metros para a pesca demersal. Os navios que pescam com as

25

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redes de arrasto pelágico e os de redes de cerco geralmente têm comprimentos superiores a 60 metros.

Em termos de características médias de navios, os valores dos registos das embarcações licenciadas por nacionalidade demonstram que os navios de arrasto cefalópodeiro da China tem uma capacidade de pesca inferior aos da União Europeia e aos do Senegal. Os navios europeus de pesca dos crustáceos são mais pequenos‚ recentes e mais potentes. O arrasto da pesca demersal é exercida por todos os países com a exceção da U.E. Por último o arrasto pelágico é praticado exclusivamente pelos navios estrageiros afretados.(tabela 18).

Tabela 17: Características médias dos navios por pescaria (TAB, idade, potência)

CategoriasArrasto de Camarão Arrasto de cefalópodes Peixes demersais Peixes pelágicos

TAB Potencia (cv)

Idade TAB Potência (cv)

Idade TAB Potência (cv)

Idade TAB Potência (cv)

Idade

EU 139 578 15 252 749 16 - - - - - -China - - - 194 683 (kw) 22 194 683 (kw) 22 - - -Senegal 172 580 37 285 1310 47 409 1074 47 - - -Estrang. afretad

161 594 37 276 1032 47 332 1763 40 2094 2042 29

Nacional - - - 286 1800 38 286 1800 38 - - -

Fonte: DGPI

A tabela 19 demonstra o número de navios de pesca que operaram nas águas da Guiné-Bissau de 2010 a 2015. O número médio de navios por ano é de 131. Este número vem flutuando‚ mas nos dois últimos anos tem vindo a aumentar. Salienta-se que o aumento está relacionado com o número de navios atuneiros que normalmente utilizam a água da Guiné-Bissau como uma zona de transição durante a perseguição do cardume do atum. A diminuição do número total de navios registados em 2013 (97) deve-se a suspensão dos acordos com a UE.

Tabela 18: Navios de pesca industrial que operaram nas águas da Guiné-Bissau de 2010 a 2015

Categoria2010 2011 2012 2013 2014 2015

Arrastões de crustáceos 41 20 27 14 20 30

Arrastões de cefalópodes 26 12 10 29 36 40

Arrastões de peixes demersais 14 39 39 18 61 51

Arrastões de peixes pelágicos 4 5 4 22 17 16

Atuneiros cercadores 29 30 23 9 13 40

Atuneiros caneiros 8 9 14 5 1 11

TOTAL 122 115 117 97 148 188

Fonte: DGPI

No âmbito dos acordos com a EU, operaram nas águas guineenses 72 navios em 2010 e 57 em 2011. Em 2012, os acordos de pesca foram suspensos na sequência da instabilidade política‚ causada pelo golpe de 12 de Abril. Contudo os navios da UE continuaram a exercer as actividades de pesca nas águas da Guiné-Bissau. Provavelmente uma parte de navios cujos dados estão presentes na estatísticas da Direção Geral da Pesca Industrial permaneceram (47 navios). Em 2013 e 2014 alguns navios europeus operaram na ZEE da Guiné-Bissau no quadro do acordo com o Senegal.

No quadro do acordo com a China National Corporation Pescas (NELI) operaram 18 navios em 2012 com licenças para os peixes demersais. Em 2013 e 2014, provavelmente, os mesmos navios (22) tomaram as licenças para os cefalópodes. No entanto, em Abril de 2014, outros 16 navios

26

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chineses de Guiné-Conacri foram autorizados a pescar peixes demersais fora do acordo para um período de 6 meses. Estes não operaram desde Outubro de 2014. O aumento significativo da capacidade e esforço nesta categoria em 2014 pode estar relacionado com a diminuição da biomassa estimada na última campanha de 2014, na parte central da plataforma continental nas áreas profundas abaixo de 50 m, devido à elevada pressão da pesca.

Em 2014 o arrasto cefalopodeiro é a segunda pescaria, em termos de número de navios e esforço de pesca.

No quadro do acordo com a Associação dos Armadores Russos 11 arrastões pelágicos foram autorizados a pescar até 30 de Junho de 2014. O acordo foi renovado no final de Novembro de 2014 para navios com menos de 5000 GT.

Em 2014, no âmbito do acordo entre o Governo da Guiné-Bissau e as duas associações espanholas: Associação dos Grandes Atuneiros Congeladores (AGAC) e da Associação Nacional de Armadores de Navios Atuneiros Congeladores (ANABAC) ‚ 13 atuneiros cercadores têm operado na ZEE.O grande aumento de número de navios em 2014 criou o problema no embarque dos observadores cujo número era insuficiente para cobrir toda a frota.

Tabela 19: Número de navios que operam ou operaram no quadro dos acordos e de licenças do tipo nacional ou estrangeira afretados desde 2010 (Fonte: serviço de licenças DGPI)

Tiposde Arrastos

2010 2011 2012 2013 2014

UE

Chin

e (C

NFC

)

Sén

égal

Ru

ssie

Nav

ire

étra

nge

r af

frét

é

Nav

ire

nat

ion

al

UE

Chin

e (C

NFC

)

Sén

égal

Ru

ssie

Nav

ire

étra

nge

r af

frét

é

Nav

ire

nat

ion

al

UE

Chin

e (C

NFC

)

Sén

égal

Ru

ssie

Nav

ire

étra

nge

r af

frét

é

Nav

ire

nat

ion

al

UE

Chin

e (C

NFC

)

Sén

égal

Ru

ssie

Nav

ire

étra

nge

r af

frét

é

Nav

ire

nat

ion

al

UE

Chin

e (C

NFC

)

Sén

égal

Ru

ssie

Nav

ire

étra

nge

r af

frét

é

Nav

ire

nat

ion

al

AG

AC/

AN

AB

AC

arrasto de Camarão 27 8 0 0 0 6 7 0 3 0 0 0 10 0 3 0 14 0 0 0 8 0 6 0 0 0 12 0 8 0 0

Arrasto de Cefalópodes

14 7 1 0 4 0 9 0 0 3 0 6 0 0 0 3 1 0 22 2 0 4 1 0 24 2 0 6 4 0

Arrasto de peixesdemersais

0 0 0 0 13 1 0 18 0 0 20 1 0 18 0 0 21 0 0 0 4 0 14 0 0 16 9 0 36 0 0

Arrasto de PeixesPelágiicos

0 0 0 0 4 0 0 0 0 0 5 0 0 0 0 0 4 0 0 0 0 11 11 0 0 0 0 11 6 0 0

AtuneirosCercadores 23 0 0 0 6 0 23 0 0 0 7 0 23 0 0 0 23 0 0 0 0 0 9 0 0 0 0 0 0 0 13

AtuneirosCaneiros 8 0 0 0 0 0 8 0 1 0 0 0 8 0 6 0 14 0 0 0 5 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0

72 15 1 0 27 7 57 18 4 0 35 1 47 18 9 0 42 1 0 22 19 11 44 1 0 40 24 11 56 4 13

Fonte: DGPI

12. Infraestrutura e equipamentos

Uma das debilidades crónicas da Guiné-Bissau e que afeta todos os sectores económicos é a escassez das infraestruturas produtivas e de equipamentos. O nível fraco de desenvolvimento acrescido a história das instabilidades institucionais do país constitui um dos obstáculos ao seu crescimento económico.

No que diz respeito ao sector pesqueiro, a situação é mais preocupante, porquanto a capacidade de investimento da iniciativa privada nacional é muito reduzida, com a ênfase no sub-sector artesanal, e assim, uma boa parte das infraestruturas só podem ser financiados pelo Estado.Tal é o caso dos portos e outras infraestruturas de apoio à produção e distribuição dos produtos de pesca que, em geral, não garantem uma rentabilidade financeira suficiente que justifiquem os investimentos, pelo que é preciso valorizar outros critérios de tipo socioeconómico e que são:

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a) A necessidade de se dispor de um sector auxiliar e de infraestruturas que facilite a integração das frotas artesanais e industriais estrangeiras na economia nacional já que estas frotas, por momento, criam muito pouco valor acrescentado ao país. Esta situação traduz se numa reduzida entrada de divisas de exportações e, consequentemente a perda de receitas para o Estado;

b) A existência de uma frota semi-industrial nacional requer obrigatoriamente a existência de infraestruturas e equipamentos específicos;

c) A situação da penúria de produtos de pesca nas regiões do interior;

d) Por fim, não é de se ignorar o forte efeito colateral que a pesca tem sobre todos os outros sectores económicos.

Neste capítulo, se expõe também os resultados de um inventário dos equipamentos públicos e privados de conservação frigorífica assim como o da infraestrutura de apoio a atividade no porto de Alto Bandim e o Centro de Apoio a Pesca Artesanal de Cacine.

O Porto comercial de Bissau é o único do país com condições adequadas para os navios da pesca industrial. Todavia, nele existem muitas limitações técnicas (ajuda à navegação, presença de cascos de navios afundados) e um nível muito limitado senão deficiente de serviços (é aleatório o abastecimento em água e eletricidade, tem uma pesada burocracia, elevado tempo de espera, etc.), fatos que fazem dele pouco atrativo enquanto base de operações.

13. Principais Infra-estruturas de conservação

Como reflexo da débil capacidade de investimento privado no sector da pesca artesanal atrás descrita, uma boa parte das iniciativas para a criação de infra-estruturas de conservação frigorífica e de fábricas de gelo viram o dia estão a emergir nos últimos anos e, essencialmente através dos projectos financiados com fundos públicos, tanto guineense como dos procedentes da cooperação internacional e das instituições multilaterais.

Lamenta-se o facto de que, a vida útil destas instalações não parece ter sido a preocupação dos seus promotores e, como consequência, os benefícios para as populações beneficiárias se tenham sido limitados à duração dos projectos.

O resultado dos trabalhos do estudo de cadeia de valores permitiu comprovar a capacidade operacional real das ditas instalações. A primeira constatação é de que, dos 42 equipamentos identificados, somente 25 podiam considerar-se como operacionais.

A capacidade diária de produção do gelo é estimada em 230 toneladas, e das quais 67% localizada em Bissau.

Existe uma única instalação com túneis de congelação funcionais (Afripêche, em Bissau, com uma capacidade de 20 toneladas diários). Esta empresa dispõe ainda de uma capacidade de armazenamento frigorífico total de 400 toneladas, ao que se acrescentaria as 4 câmaras de armazenamento da Comercial Santy, em Bissau, cuja capacidade não houve a possibilidade de ser determinada mas que parece ser, sem dúvida, a maior instalação do país.

Por fim, Afripêche conta com uma sala de transformação de produtos frescos em bom estado mas que momento, não tem tido uma utilização regular.

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14. Investimento no setorCom o fim de se encorajar o desenvolvimento do sector, nomeadamente a criação das empresas nacionais, os navios estrangeiros afretados beneficiaram sempre das tarifas de licenças reduzidas comparativamente aos navios que operam no âmbito dos acordos de pesca, exceção feita ao acordo com o Senegal.

Tendo em consideração a necessidade de reforçar o investimento no setor, foram revistas as condições de acesso aos recursos haliêuticos da ZEE por navios estrangeiros afretados (Despacho conjunto n°01/2014 de 29 Dezembro) que, entre outros: i) agrava em 15% a contribuição devida ao Fundo de Gestão dos Recursos Haliêuticos (FGRH), ii) aumenta o número de marinheiros nacionais a embarcar ; iii) fixa as condições gerais do acesso (pagamento dos impostos na Guiné-Bissau, embarque do observador, pagamento da contribuição ao fundo de gestão dos recursos haliêuticos ; iii) fixa percentagem das capturas a desembarcar por cada trimestre e em função do tipo de pesca praticada e iv) impõe ainda outras medidas mais apertadas que têm a ver com a prestação duma garantia bancária correspondente a 25% do valor máximo da multa, em caso de não desembarque dos produtos destinados ao mercado nacional e, ainda, apresentação de um plano de investimento que contemple um período temporal máximo de dois anos num montante mínimo de 250 milhões de FCFA e uma outra garantia bancária num banco da Guiné-Bissau de 20% do valor de investimento proposto.

Em 2015 o Ministério das Pescas previu um investimento das empresas que intervêm no setor das pescas no valor de 410 046 000 U$. Contudo só foi investido 1 756 000 U$ no sector pertencente as empresas Taranga Seefood e Sonit Bissau. .Salienta-se que dentre 12 empresas que operam no sector só duas fizeram o investimento. Com base no investimento inicial previsto muitas empresas beneficiaram de licenças de pesca tendo em consideração ao volume inicial do investimento previsto.

Tabela 20: Investimento das empresas de pesca no setor

EmpresaQuadro

Nº navio

s

Categoria pesca

Capital a investirTipo de investimento

Espaço necessário

(m2)

Nº Navio autoriza

do

Nº Navio Pescar

Garantia Bancária,

FCFA

Plano Investiment

oDesignação Regime jurídico

Origem Valor (USD)

1 YFC – Changal CZAP, Co, Ltd

Guineense

Navios Afretados

18 Peixe Demersal

Chinês 3.200.000

Fábrica de produção de cartões de embalagem de pescado, fábrica de gelo, câmara de conservação, fábrica de plásticos

0,00 10 0 0 Não apresentado

2 DallanYanmingFishery

Guineense

Navios Afretados

18 Peixe Demersal

Chinês 1.500.000 Estaleiros navais 10.000,00 10 10 50.000.000 Não apresentado

3 Benfica Pesca Guineense

Navios Afretados

3 Peixe Pelágico

St. Kitts e News

0 0,00 3 0 98.000.000 Não apresentado

4 Afripêche Lda Guineense

Navios Afretados

6 Peixe Demersal

Chinês 0 0,00 6 6 0 Não apresentado

5TerangaSeafood Bissau, SARL

Guineense

Navios Afretados 8

Peixe Demersal Chinês 756.000

Recuperação das instalações da Viguipesca em Cacheu

0,00 8 8 0 Apresentado

6 Huang Hal Bissau SA Guineense

Navios Afretados 15 Peixe

Demersal Chinês 0 Complexo de pesca em Cacheu 10.000,00 5 0 0 Apresentado

7 MSG-SANO Lda Guineense

Navios Afretados 10 Peixe

Demersal Chinês 0 0,00 5 0 0 Não apresentado

8 Raizes SARL Guineense

Navios Afretados

10 Peixe Demersal

Chinês 1.500.000

Câmara de conservação do pescado e loja de venda de material de pesca

3.000,00 5 0 0 Não apresentado

9DallanShanghang Fishery Bissau CO, SARL

Guineense

Navios Afretados 10 Peixe

Demersal Chinês 1.300.000 0,00 6 0 0 Não apresentado

10 Sonit Bissau

Guineense

Navios Afretados 4

Peixe Demersal Chinês 1.000.000

Câmara de conservação de pescado e fábrica de gelo

3.000,00 4 1 0Não apresentado

11

ARSIL, SARL Guineense

Navios Afretados

6Peixe Demersal e Pelágico

Chinês 790.000

Unidade de tratamento e conservação de pescado, camiões frigoríficas e Vedetas de fiscalização

0,00 6 0 0 Apresentado

12 Shial Bissau, SARL

Guineense

Navios Afretados 20

Peixe Demersal Chinês

400.000.000

Câmara de conservação 3.000 tn; fábrica de gelo, salas de tratamento de pescado, Cais para embarques artesanais e industriais, residências, postos médicos, estação de combustível entre outros

1.200.000,00 10 5 50.000.000Não apresentado

Total 128 410.046.000

1.226.000,00 78 30 198.000.000

29

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15. CapturasA parte norte da plataforma continental, é constituída por fundos móveis lodosos propícios à pesca do camarão costeira e peixes. A parte sul é frequentada pelos arrastões que pescam cefalópodes e peixes. O amplo setor da plataforma continental é frequentado em fundos entre 200 e 600 metros, por arrastões de camarão em águas profundas e alguns peixes "nobres" associado como tamboril e pescada.

As capturas de pesca industrial são avaliadas pelo CIPA, com base nos relatórios dos observadores embarcados em todos os navios (excluindo atum) licenciados ao abrigo dos acordos de pesca. Observadores preenchem diariamente uma lista sobre actividade dos navios, a sua posição e as capturas realizadas. Estas folhas são preparadas e fornecidas a CIPA. No fim de cada maré, o observador remete as fichas registadas ao serviço da FISCAP que as transmite ao CIPA, que prevê a verificação, compilação e tratamento de dados. A recolha de dados por observadores nem sempre é feita adequadamente, o que representa um sério problema de fiabilidade destas informações Este facto deve-se a falta da personalidade dos observadores que são facilmente manipulados pelos capitães e acabam por fazer o trabalho do marinho a bordo e não recolhem as informações reais. Tudo isto leva a repensar o método utilizado na recolha dos dados a bordo dos navios da pesca industrial. Para melhorar a transparência sobre a recolha dos dados e evitar a sua disparidade será introduzido um novo livro de recolha de informações e o capitão será obrigado a remeter o dia de bordo que é transmitido ao armador.

Os resultados da primeira reunião do Comité Científico para o período 2005/2009 dão uma média de captura de todas as espécies, a partir de 68 427 toneladas/ano entre 2005 e 2009. Cerca de metade dessa produção inclui pequenos pelágicos, tais como sarda, carapau ou sardinella. Cerca de 40% são peixes demersais, (peixes que vivem junto ao fundo) incluindo um grande número de espécies como o pargo, corvina, bagre ou soles. Cefalópodes representam 7% da produção, principalmente de choco e polvo. Tuna responde por 4% da produção e camarão e caranguejos por apenas 2%.

As tabelas a seguir são retiradas dos resultados do trabalho do Comité Científico CIPA/UE, de 2011. As estatísticas da frota espanhola são compilados pelo Instituto Espanhol de Oceanografia (IEO)‚ tendo em conta a amostragem realizada por observadores científicos sobre a frota de camarão‚ estas informações são recebidas de forma regular desde 2007.

O recente trabalho de compilação de dados pela CIPA permitem ter dados sobre as capturas até 2011, mas esses dados precisam ser validados.

Tabela 21: Capturas globais de principais espécies visadas pelas frotas licenciadas entre 2005 e 2015 (CIPA, 2015)Grupo de espécies 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Cefalópodes 2169 2524 5334 3370 7000 3713 3506 4472 4701 9961 3802Crustáceos 5.484 4.327 1.835 1.241 1.705 1.581 7.014 0.977 2.043 2.128 24.503 *Diversos 5.099 6.356 4.641 4.368 5.227 4.294 6.045 6.888 7.331 10.6 11.63Demersais 34.908 17.34 17.723 17.626 14.515 11.4 16.702 14.282 17.648 19.411 25.992Grandes pelágicos 1.964 2.374 937 4.39 1.12 2.752 289 0.659 2.675 2.115 1.363*Pequenos pelágicos 36.524 30.438 18.197 36.652 41.491 47.804 43.862 47.245 37.84 63.273 60.626

Total 87.854 68.172 48.698 67.641 72.147 72.063 77.529 74.256 72.24 105.281 127.924

15.1. A pesca de Cefalópodes

A figura demonstra que a evolução da captura de Sépia spp (Chocos) de outras frotas incluindo a China foi superior a da UE ao longo dos anos (2000 a 2015). Também de referir que de uma

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maneira geral a captura de Sépia spp para as outras frotas é superior a da UE com excepção do ano 2006 e 2008.

Em 2015 registou-se uma diminuição clara das capturas de outras frotas com entrada da UE na actividade de pesca. Contudo, esta diminuição não se corresponde quantitativamente com o aumento de capturas de frota da EU.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 20150

500

1000

1500

2000

2500

3000

3500

4000 Evoluçao da Captura Sepia spp.Sepia spp.-UE Sepia spp.-Total

Ano

t

Figura 3: Evolução das Capturas de Sépia spp da EU e Outras frotas de 2000 a 2015

Pode-se observar que a captura de O. vulgaris (Polvos) para a EU e para outras frotas são similares com excepção do período de interrupção do protocolo do acordo de pesca (Junho de 2012 a Dezembro de 2014) entre a Guiné-Bissau e a UE. Salienta-se que a captura de O. vulgaris total é superior a da outras frotas e da U.E com excepção do período da interrupção do protocolo do acordo. Em 2015 registou-se uma diminuição clara das capturas de outras frotas com entrada da UE na atividade de pesca.

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 20150

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000Evolução da Captura Octopus vulgaris

O. vulgaris-UE O. vulgaris-Otro

Ano

t

Figura 4. Evolução das Capturas de Octopus vulgaris da EU e Outras frotas de 2000 a 2015

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15.2. EsforçoOs dados apresentados na tabela 23 representam o esforço (em dias de pesca) das frotas que operam nas águas da Guiné-Bissau, licenciadas respectivamente para os cefalópodes.

Em relação a UE destacam-se os seguintes países: Espanha, Portugal, Itália e a Grécia. A Espanha é o único país que ao longo dos anos exerceu a actividade de pesca em águas da Guiné-Bissau de forma continua com excepção da interrupção registada a partir de Junho de 2012 a 31 de Dezembro de 2014.

Tabela 22:Tabela 4 Esforço das frotas que operam nas águas da Guiné-BissauAno 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015ESPANHA 361 119 1031 241 498 197 946 2350 2134 1059 956 428 264 1591PORTUGAL 540 900 96 36 84ITALIA 178 59 128GRECIA 482 165 357Total UE 901 1019 1031 241 498 197 946 2350 2230 1095 1040 1088 488 2076Otros Paises 3867 4629 1219 2765 1792 3158 417 2975 1280 3234 2614 2252 2997 966 10431 2355TOTAL 4768 5648 2250 3006 2290 3355 1363 5325 3510 4329 3654 3340 3485 966 10431 4431

Os dados das capturas e esforço disponíveis de 2000 a 2015 permitiram calcular o CPUE (kg/dia pesca) dos navios que operam nas águas guineenses para as duas principais espécies de cefalópodes (O. vulgaris e Sépia spp.) mais capturadas para todas as frotas como se pode observar na tabela 24

Tabela 23: Captura por unidade de esforço das frotas que operam nas águas da Guiné-BissauOtros Paises 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015Octopus vulgaris 25.5 104.2 329.8 215.1 386.5 119.4 1095.8 476.3 284.4 516.3 332.4 309.8 288.7 794.4 601.2 311.5Sepia spp. 339.9 252.3 284.4 210.2 169.6 125.2 528.7 304.0 335.0 439.0 279.1 289.2 273.1 279.1 319.7 352.2C

PUE

.

15.3. Percentagem da composição das espécies acessórias capturadas na pesca de cefalópodes

A composição de capturas das espécies acessórias demonstra que a pescada negra representa a espécie mais captura pela frota cefalopodeira com 44% seguido de Carapau com 42%, Polvo 10% e por último Chocos com 4% (figura 4).

Pescada negra 43%

Carapau 42%

Polvo 10%

Chocos 4%

Composição das capturas em percentagem

Figura 5: Composição das capturas por espécie

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15.4. Distribuição espacial da pescaria de cefalópodes e principais espécies (O. vulgaris e Sépia spp.)A figura 10 apresenta a distribuição espacial do esforço de pesca da frota cefalopodeira a partir do sistema de localização satélite (VMS).

Segundo a relatório da campanha de Avaliação dos demersais na ZEE da Guiné-Bissau em 2016 pelo CIPAos dados sobre a distribuição do esforço de pesca estão compilados no relatório de consultoria realizada no âmbito do projeto PRAO juntamente com os do CIPA da frota Espanhola, com vista a permitir análise da distribuição espaço temporal das espécies avaliadas de forma indireta (stocks das pescarias industriais na zona económica exclusiva da Guiné-Bissau).

Figura 6: Distribuição dos cefalópodes ao longo da ZEE da Guiné-Bissau

O. vulgaris foi capturada nas batimetrias que correspondem 10 a 100 metros de profundidade. A maior concentração do esforço se localiza na zona central para norte da zona de mudança da orografia da profundidade (11º 00`N). No caso de Sepia spp. o maior esforço de pesca concentra-se na zona norte do paralelo 11º 00` N. Posteriormente na zona sul, parece de pouco actividade pesqueira dirigida a mesma, ficando confinado entre 10 a 100 metros.

15.5. Pesca de crustáceos

As figuras 6 e 7 demonstram, respectivamente, a evolução das capturas de gamba ( P. longirostris) e langostino (Penaeus spp.), que são as espécies mais importantes de crustáceos e moluscos capturados por todas as frotas industriais da Guiné-Bissau, tanto licenciados como tipo de camarão com outras licenças.

As capturas de gamba da frota da UE, durante os seus períodos de actividade, têm sido maiores do que os de outras frotas, exceto para os primeiros anos da série analisada. Constatou-se um aumento importante das capturas efectuadas pela frota europeia nos últimos três anos tanto para as licenciadas para os crustáceos (especialmente de Senegal e Marrocos) como outros tipos de licencias.

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2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

0200400600800

100012001400160018002000

Captura P. longirostris

UE- licencia camarao Outros-licencia camarao Outras licenciasCa

ptur

a (t

)

Figura 7: Evolução das capturas de P. longirostris da EU e Outras frotas de 2000 a 2015.

No caso dos langostinos (Penaeus spp.), as capturas europeias tem sido mais elevadas que o resto da frota no período de 2004-2012. No entanto, em 2015 as maiores capturas com estas frotas provem de licenças do camarão de outras nacionalidades (Senegal e Marrocos) ou com outro tipo de licença distinta a do camarão.

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

2012

2013

2014

2015

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Captura Penaeus spp

UE- licencia camarao Outros-licencia camarao Outras licencias

Capt

ura

(t)

Figura 8: Evolução das capturas de Penaeus spp da EU e Outras frotas de 2000 a 2015.19.6. Esforço

Os dados da tabela 25 representam o esforço (em dias de pesca) das frotas que operam nas águas da Guiné-Bissau com licença para camarão, tanto da UE, como das outras nacionalidades.

Os países europeus com licença para camarão no período analisado foram Espanha, Portugal, Itália e Grécia, sendo Espanha o único país que tem realizado uma atividade de pesca continua em águas da Guiné-Bissau, com excepção da interrupção de Junho de 2012 e finais de 2014.

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Tabela 24: Esforço (em dias de pesca) das frotas que operam com licencia camarão nas águas da Guiné-BissauESFORÇO (d.p.)-

Cat.Camarao1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

ESPANHA 1671 1829 2234 2129 1326 2429 2749 2114 2227 3286 4782 3353 2887 1304 0 0 2639ITALIA 997 1610 313 2676 1704 990 708 133PORTUGAL 1425 1983 528 1039 1139 1255 569 580 584 508 290 88 0 0TOTAL UE 1671 4251 5827 2970 4002 5172 4878 4077 2796 3866 5366 3994 3177 1392 0 0 2639Chinês 1552 4035 1716 3554 2617 4114 841 3124 1808 2781 1302 2599Senegalês 430 1030 623 4866 840 696 154 150 438 812 1265 1473Guineense 1341 2168 763 179 893 1334 813 758 1 204 79Marroquino 515 1105 402Outros 155 291 840 183 555 944 435 263 752 228 0 0 0 1 229 0TOTAL OUTRAS FROTAS 3478 7524 3942 8782 4905 7088 2089 4145 2715 3213 1381 150 438 1328 5198 1875TOTAL 1671 7729 13351 6912 12784 10077 11966 6166 6941 6581 8579 5375 3327 1830 1328 5198 4514

A tabela mostra as principais frotas não-europeias que tenham pescado com licença de camarão no período em questão, entre os quais a China, Senegal, Guiné-Bissau (até 2010) e Marrocos (desde 2013), juntamente com outros países que registaram menos esforço. Destaca-se o aumento do esforço de Senegal e Marrocos nos últimos anos.

19.6. Composição específica da captura da frota espanhola de crustáceos em 2015

A partir das informações obtidas nos acordos de pesca, estimou-se a percentagem das diferentes espécies que fizeram a captura da frota de marisco espanhol em 2015. Como de costume, a espécie dominante foi a gamba P. longirostris, que constituía 65% do total. Gamba foi seguida, em ordem de abundância, pelas espécies de profundidade alistado A. varidens (14%), tamboril da família Lophiidae (4%), caranguejo vermelho C. maritae e Carabinero Aristaeopsis edwardsiana (4%). Em menor grau, foram capturadas as espécies costeiras, tais como langostinos Penaeus spp. (3%), salmonete Pseudupeneus prayensis (2%), linguados de género Cynoglossus, polvo O. vulgaris e acedia Dicologlossa cuneata (este último, em percentagens inferiores a 1%).

65%

14%

8%4% 4% 3%2%<1%

Parapenaeus longirostrisAristeus varidensLophiidaeChaceon maritaeAristaeopsis edwardsianaPenaeus sppPandalus spp

Figura 9: Composição das capturas por espécie

15.7. Distribuição espacial do esforço da frota de camarão espanhola no ano 2015

O tratamento dos dados VMS fornecidos pela Secretária-geral das Pescas (Espanha) e analisados pelo IEO, permite conhecer a distribuição espacial do esforço de pesca da frota marisqueira espanhol em 2015. No mapa da Figura 9, observa-se como as principais áreas de pesca estão localizados em três faixas de profundidade diferentes. Os lances direcionados para os camarões são feitos a menos de 50 m de profundidade, estando localizado na zona norte (a norte de 11º N).

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Segundo os dados de observadores científicos a bordo, os lances de gamba e alistado se realizam a profundidade aproximados de 150-400m e de 400-850m, respectivamente. Ambos os lances se realizam ao longo de todo o gradiente latitudinal da ZEE da Guiné-Bissau, no entanto, a distribuição dos esforços (dias de pesca), indica que as principais zonas de pesca para estas espécies se localizam na zona com latitudes de 11º N.

Figura 10: Distribuição dos crustáceos ao longo da ZEE da Guiné-Bissau

16. Estado da exploração dos recursos pesqueiros

Os recursos demersais são explorados, desde há longa data, a nível da plataforma e talude continentais, a profundidades que variam entre 50 m e 1000 m (Thiam e Thiam, 1984).

Os recursos dos peixes demersais representam 83% da biomassa haliêutica total com 198 espécies pertencentes a 93 famílias. As capturas de peixes demersais são caracterizadas por uma grande variedade de espaços‚ que geralmente são as características das pescarias tropicais capturadas na pesca do arrasto. A família Carangidae com 10 espécies diferentes e maior diversidade, seguida de Scienidae e Serranidae com 8 espécies, Macrouridae, Sparidae e Soleidae com 7 e 6. A família sparidae é mais importante e se encontram nos fundos arenosos com a profundidade que varia entre 15 a 80 m. Pargo é frequente nos fundos cujas profundidades variam entre 15 a 80 m.

As espécies da família merlucidae são dispersas e não apresentam um grande interesse comercial. Merlucius senegalensis é a única espécie de interesse comercial e vive nos fundos vasosos mas com a quantidade de captura limitado.

Os indivíduos pertencentes a família scianidae são eurialinas e vivem nos fundos vasosos. Pode ser encontrada em profundidades baixas (até 20 m). Este fato justifica a grande pressão que esta espécie é sujeita por todo tipo de pesca. É uma das espécies demersais mais explorada nas águas da Guiné-Bissau.

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De uma maneira geral‚ os peixes ósseos representam 83% da biomassa demersal‚ segundo os dados da campanha realizada em 2015 pelo navio de investigação Al-Awan. Os peixes cartilagíneos são também numerosos, inclusive uma grande variedade de raias e tubarões foram identificadas durante a campanha realizada‚ representando 11% da biomassa demersal. Um potencial de captura na ordem de 5000 toneladas foi estimado em 2004 (Al-Awan).

Em 1993, o estudo realizado pelo CIPA (Relatório da campanha de pesca cientifica nas ilhas de Bijagós) demonstrou que‚ as ilhas Bijagós são zonas de reprodução de tubarões. As espécies mais presentes nas capturas são Carcharhinus signatus, Carcharinus limbatus e Rhinobatusrhinobatus. Também outras espécies de tubarões pelágicas da família e CarcharinidésLamnidae (azul tubarões, mako) estão presentes nas águas da Guiné-Bissau e são alvo de uma pesca praticada principalmente por senegaleses que utilizam redes e palangres. As espécies mais procuradas foi Carcharhinus altimus, cujas barbatanas longa são muito requisitadas no mercado asiático.

Durante a última campanha de avaliação de stokc haliêutico realizada nas águas da Guiné pelo CIPA em 2016 foram recenseadas 5 espécies de cefalópodes. As principais espécies-alvos da pesca de cefalópodes são polvo comum (Octopus vulgaris), Sépia spp.) e lulas, e são capturadas pelos arrastos demersais.

Foram identificadas 49 espécies de crustáceos e representam o grupo de grande interesse comercial nas pescarias da Guiné-Bissau. As espécies mais importantes, são Gamba (P. longirostris) e A. varidens que se encontram nas profundidades compreendidas entre 100 a 500 m‚ os crustáceos costeiros nomeadamente, Penaeus notialis (camarão rosa), Parapenaeopsis atlantica, e Penaeus monodon são capturados nas profundidades de 0-100 m. Também há outras espécies de interesse comercial como caranguejo de profundidade (Geryon maritae) que se encontra de uma maneira geral nas profundidades superiores a 200 m e a lagosta verde (Panulirus regius) que vive em zonas poucas profundadas, inferior a 50 m. Os crustáceos do estuário (Naematopalaemon hastatus) também são explorados de forma tradicional pelas comunidades ribeirinhas em particular as mulheres.

Os pequenos pelágicos (peixes que vivem na meia coluna da água) são explorados pelas frotas artesanais nacionais e estrangeiras e constituem o principal recurso haliêutico e fonte de alimentação de grande parte da população guineense devido a sua disponibilidade em quantidade ao longo do ano junto da zona costeira. As espécies mais capturadas são : Ethmalose (Ethmalosa fimbriata), sardinela (Sardinella maderensis).

Salienta-se ainda que existem outros pequenos pelágicos em quantidade diminuta tais como Chloroscombruschrysurus, Trichiurus lepturos. A sardinela (Sardinella maderensis) representa 37% da biomassa total dos pequenos pelágicos costeiros (Campanha de avaliação do Navio Russo 2013).

Os pequenos pelágicos do largo, efetuam a migração sazonal de Norte ao Sul de Marrocos à Guiné-Bissau. A disponibilidade destes recursos são temporários ou sazonais‚ normalmente são condicionados pela corrente que vem do norte de upwelling do Senegal. O stock dos referidos pelágicos é explorado mais na parte sul da Guiné-Bissau.

As principais espécies são a Sardinela redondo (Sardinella aurita) e carapau (Trachurustrecae), a referida sardinela dá junto a costa da Guiné-Bissau entre os meses de Janeiro e Março podendo ser encontrado nas profundidades que vai até aos 50 m‚ relativamente ao carapau este é mais

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comum nas profundidades compreendidas entre 60 m e 100 m. Sardinella aurita e Trachurustrecae apresentam uma biomassa estimada de 43% e 13% respectivamente.

Os grandes pelágicos nomeadamente os tunídeos dentre os quais se destacam: Albacore (Thunnus albacares) e Atum amarelo (Katsuwonuspelamis) que constituem o principal alvo de pesca. Estas espécies são capturadas pelos navios atuneiros licenciados nas águas da Guiné-Bissau. Também regista-se as capturas de atum da espécie Atum patudo (Thunnusobesus) que pode ser considerado como captura acessória.

Em relação as espécies alvos a falta de informação biológica sobre as principais espécies em Guiné-Bissau limita as possibilidades de estabelecer medidas de gestão adequadas para a exploração sustentável e racional desses recursos. Contudo há estudos de avaliação dos recursos levados a cabo na ZEE da Guiné-Bissau de forma regular que é utilizado para assegurar a gestão dos recursos. Este estudo hoje é acompanhado do acessoriamente do comité científico de avaliação e gestão dos recursos com vista a fornecer informações sobre o estado dos recursos pesqueiros na ZEE da Guiné-Bissau. Segundo os resultados do comité cientifico os estudos com vista a gestão dos recursos pesqueiros devem prosseguir com base nos resultados das campanhas de avaliação dos recursos demersais na ZEE da Guiné-Bissau com base na qual se elabora um plano de gestão dos recursos. Outras medidas de gestão tais como a repouso biológico ainda não resultados conclusivos que pode ser adotados.

O Parapenaeus longirostris Na plataforma da Republica da Guiné-Bissau, esta espécie tem sido capturada, em fundos de vasa arenosa ou areia vasosa (INIP, 1990). É um camarão de profundidade que se encontram entre 50 e 450 m de profundidade, com densidades mais elevadas em estratos 150-300 m. De acordo com os resultados das várias campanhas de avaliação dos recursos na ZEE, esta espécie tem duas áreas de abundância, ao norte da ZEE entre 11 ° 28 'e 11 ° 47' N e outra ao sul abaixo de 10 ° 38'N. O ciclo reprodutivo desta espécie ainda não é conhecida na Guiné-Bissau, em outras áreas semelhantes existem dois períodos anuais de reprodução. O estudo do crescimento desta espécie na Guiné-Bissau, demonstra que fêmeas crescem mais rapidamente do que os machos de outras regiões. Salienta-se que o estudo com vista ao conhecimento do ciclo desta espécie está a ser levado a cabo pelo IEO (Instituto Espanhol da Oceanografia).

As conclusões do Comité científico conjunto (GB / UE) de 2015 indicam que esta espécie não é sobre explorada.

O Penaeus notialis se encontra nas zonas costeiras entre 0 e 50/60 m de profundidade. É mais abundante em estuários e concentrados mais na parte Nordeste da ZEE. O ciclo de vida desta espécie tem duas fases a fase juvenil em estuários e fase adulta que se desenvolve no mar.

Na Guiné-Bissau‚ o estudo desta espécie está a ser levado a cabo pelo CIPA mas ainda não há conclusões sobre o período de reprodução, o tamanho da primeira maturação e crescimento desta espécie. Em outras áreas com condições semelhantes à Guiné-Bissau esta espécies reproduz se ao longo do ano, mas com dois picos, o tamanho da primeira maturação é entre 25 e 31 mm e o crescimento dos indivíduos do sexo fêmea é mais rápido.

O comité científico conjunto (GB/UE) em 2015 concluiu que, no estado actual do conhecimento, não é possível decidir sobre o estado de funcionamento desta unidade.

A espécie Octopus vulgaris (polvo comum), apesar da diminuição da sua biomassa na ordem de 29% comparativamente ao ano 2014, as conclusões do Comité científico conjunto (GB / UE) de

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2016 indicam que esta espécie não é totalmente explorada; Em relação ao Sépia spp (choco), o comité científico conjunto (UK/EU) em 2016 concluiu que, no estado actual do conhecimento, não é possível decidir sobre o estado de funcionamento desta unidade. Registou-se uma diminuição na ordem de 59% comparativamente a campanha realizada em 2014.

17. Biomassa e o potencial explorável dos recursos haliêuticos por espécies

17.1. Biomassa haliêutica

De 2004 a 2015 foram realizadas 6 campanhas de avaliação dos recursos pesqueiros na ZEE da Guiné-Bissau com os navios oceanográficos da Espanha, Guiné Conacri e Mauritânia. De referir que a última campanha foi realizada em Dezembro de 2015

Tabela 25: Campanhas de avaliação dos recursos pesqueiros na ZEE da Guiné-BissauAno Navios oceanográficos Período Estratos batimétricos (m)

2015 Al-Awan Dezembro 30-600

2014 Al-Awan Dezembro 30-600

2011 Al-Awam Setembro/ Outubro 10-600

2008 Vizconde de Eza Setembro /Outubro 10-1000

2006 G.Lansana Conté Setembro 20-500

2004 Al-Awan Julho 10-600

2016 Al-Awan Dezembro 10-600 Fonte: CIPA

As características técnicas das artes de pesca utilizadas pelos navios de investigação que participaram em diferentes campanhas foram diferentes o que torna difícil fazer a comparação dos resultados obtidos. Além disso, as estratégias de amostragem utilizadas foram diferentes ao longo das campanhas.

17.1.1. Crustáceos

Segundo os resultados das campanhas de avaliação dos recursos‚ observa-se elevada biomassa dos diversos crustáceos com a predominância de caranguejos. Constata-se grandes variações na estimativa de stocks de camarão comercialmente importantes (P. longirostris) e do caranguejo. As estimativas ao longo da última década de P. longirostris são relativamente baixas e não correspondem às capturas observadas com cerca de 1000 toneladas/ano. Da mesma forma para o camarão costeiro (F. notialis) onde as estimativas são ainda mais baixas. Este fato pode estar relacionado com a não cobertura de grande parte das zonas de presença destas espécies durante as campanhas realizadas nas zonas (costeiras e poucas profundas). Outra razão pode ser a baixa eficiência das artes utilizadas durante as campanhas para a captura destas espécies, mesmo se a amostragem fosse homogénea.

17.1.2. Cefalópodes:

Ao longo dos últimos 11 anos, a biomassa de cefalópodes estimados mostram um alto grau de variabilidade que é frequentemente observada para este tipo de espécies de vida curta.

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17.1.3. Peixe:

Se desconsiderarmos a campanha 2006, a biomassa total de peixe tem variado ao longo dos últimos 10 anos, entre 100 000 e 200 000 toneladas, com uma tendência de queda nos últimos anos. Este fato pode estar relacionado com a pressão sobre os recursos pesqueiro nomeadamente o aumento de número de navios de pesca industrial ao longo do tempo.

Tabela 26: Resultados de campanhas de avaliação da biomassa em toneladas (t) das principais espécies/grupos de espécies capturadas

Espécies/Grupo de espécies

2004 2006 2008 2011 2014 2016

P. longirostris 684 1196 214 812 492 1646F.notialis 400 1170 50 118 111 353Total Crustáceos 2 590 4 070 5 582 13 149 16 919 25204O.vulgaris 5 886 10 222 1 918 2 716 3 575 2534Sépia spp. 2 414 12 470 1 754 1 352 1 404 574Total Cefalópodes 13 284 28 798 7 842 8 308 10 938 6473Total peixes demersais 193 490 446 760 148 618 105 074 132 912 121842Totais pequenos pelágicos - - - 452 000TOTAL 209.364 479.628 162.042 578.531 160 770 153519

17.2. Potencial explorável dos recursos haliêuticosOs resultados obtidos das espécies e grupo de espécies representados na tabela 28 são provenientes das campanhas de avaliação realizadas na ZEE da Guiné-Bissau e demonstra a quantidade em tonelada do pescado que pode ser extraído na ZEE sem por em perigo a durabilidade dos recursos haliêuticos. Pode-se constatar que a variação do potencial explorado ao longo dos anos podem estar relacionados com a abundância da biomassa disponível e a metodologia de amostragem a quando da realização das campanhas de pesca científica. Os resultados obtidos pelos navios da Mauritânia (2004‚ 2011 e 2016) e os do navio Espanhol (2008) parecem mais realistas. A campanha realizada pelo navio Lassana Conte não utilizou o mesmo protocolo de amostragem que os utilizados pelos navios da Mauritânia e Espanhol.

Tabela 27: Potencial explorável dos recursos haliêuticos na ZEE da Guiné-BissauEspécies/ Grupo de espécies 2004 2006 2008 2011 2014 2016P.longirostris 479 837 150 568 369 1 235F.notialis 280 819 35 83 83 265Total Crustáceos 1 813 2 849 3 907 5 260 12 689 18 903O.vulgaris 4 120 7 155 1 343 1 901 2 681 1 901Sépia spp. 1 690 8 729 1 228 946 1 053 431Total Cefalópodes 9 299 20 159 5 489 3 323 8 204 4 855Total peixes demersais 77 396 178 704 59 447 42 030 99 684 91 382Totais pequenos pelágicos - - - 180 000 - -TOTAL 88.508 201.711 68.843 230.613 120.578 115 .140

Fonte: CIPA

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18. Comparação das biomassas das principais espécies de interesse comercial

A tabela 29 apresenta as estimativas da biomassa das principais espécies de interesse comercial nas campanhas de 2014 e 2016. Em amarelo são os resultados da comparação do aumento da biomassa em percentagem e em vermelho as diminuições observadas durante a campanha de 2016.

Durante as campanhas de avaliação dos recursos pesqueiros na ZEE da Guiné-Bissau (2014 e 2016) observou-se a diminuição da biomassa das seguintes espécies: salmonete, pescada negra, corvina preta, as lulas, chocos‚ polvo‚ peixe-galo prateado, dentão, peixe-galo, linguado‚ caranguejo real e sinapa‚ e um grande aumento de bagre da guiné, corvina, carapau‚ gamba, camarão rosado e camarão de fundo.

Nome comumBiomassa

2014 2015 %Dentão 6624 3266 -50.7Sinapa 1070 840 -21.5Carapau 4517 4852 7.4Salmonete 2861 699 -75.6Pescada preta 6779 2237 -67.0Bagre da Guiné 478 6233 1202.8Barbinho 740 1017 37.3Linguado 798 604 -24.4Corvina 742 1300 75.2Corvina preta 1254 520 -58.5Peixe galo 1902 960 -49.5Peixe galo prateado 3709 1737 -53.2Camarão (Gamba) 492 1646 234.6Camarão (Rosado) 111 353 217.1Camarão de fundo 462 609 31.9Caranguejo real 1084 635 -41.4Polvo 3575 2534 -29.1Choco 1404 574 -59.1Lula 2734 205 -92.5

Total 43350 32836 -24.3Tabela 28: Variação de biomassas das principais espécies comerciais (2014 e 2016)

Salienta-se que os dados de duas campanhas (2014 e 2016) não nos permitem obter as informações claras sobre o estado explorável dos recursos pesqueiros (cefalópodes e peixes). Mas nos dá uma visão sobre a tendência de exploração dos recursos pesqueiros.

19. A importância da implementação da gestão transparente dos recursos pesqueiros

Um dos objectivos do milénio visa a redução da pobreza, para tal, é necessário criar as condições para que o sector das pescas contribua de uma forma ou de outra no desenvolvimento das comunidades piscatórias e da população em geral. O sector pesqueiro deve assegurar que as políticas a implementar não tenham um efeito contrário ao desejado em todos os sectores em particular dos considerados importantes para o desenvolvimento da Guiné-Bissau.

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Segundo o Plano Estratégico do Governo de 2014, o sector das pescas foi identificado como umas das áreas prioritárias a ter em consideração na luta contra a redução da pobreza. Por isso‚ é importante compreender as actividades deste sector, assim como a identificação das situações de transparência na implementação da política pesqueira‚ gestão pesqueira‚ governança‚ situação tecnológica e a importância económica dada ao sector no desenvolvimento do país.

Os dados do estudo (Gonzalez J. 2014)‚ indicam que 6134 pescadores vivem directamente do sector pesqueiro e 26 000 de forma indirecta segundo o CIPA 2011. A actividade pesqueira em 2014 representou 4% do PIB, a contribuição foi superior ao do ano passado. A contribuição do sector pesqueiro no PIB demonstra que em termos da tendência geral, há uma evolução crescente ao longo de 4 últimos anos.

Figura 11: Evolução do PIB de 2010 a 2015

Com base nas informações apresentadas na figura 10 pode-se dizer que, o sector pesqueiro é fundamental para garantir o crescimento económico e a redução da pobreza. É essencial que as políticas pesqueiras sobre a exploração dos recursos haliêuticos sejam transparentes em relação emissão de licenças de pesca fiscalização de atividades de pesca o cumprimento na integra de plano estratégico e de gestão dos recursos pesqueiros. Em relação a concepção de licenças de pesca continua haver o não cumprimento de regras administrativas por parte de alguns responsáveis do ministério das pescas em que estes continuam a ocupar uma posição de relevância na tomada de decisão sobre a gestão dos recursos pesqueiros e não cumprimento de regulamento da pesca industrial; no caso da FISCAP segundo fontes oficiosas também há alguns responsáveis implicados no co-agenciamento de navios; o fraco envolvimento do Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA) na implementação do plano de gestão anual dos recursos pesqueiros o que não permite um seguimento adequado de processo de emissão de licenças. E por fim não há um departamento responsável pelo seguimento correcto dos acordos de pesca e do plano Estratégico do setor com um plano de acção bem orientado para o seu cumprimento tanto para garantir o crescimento económico e exploração sustentável, como para diminuir os índices de pobreza entre as comunidades piscatórias e a população em geral.

20. Afectação das receitas resultantes das licenças de Pesca

20.1. Pesca Artesanal

As receitas são provenientes de licenças de pesca emitidas as embarcações nacionais e estrangeiras que operam dentro de 12 milhas marítimas que são zonas confinadas desta pesca. De

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referir que, com base na política do apoio ao desenvolvimento do subsector da pesca artesanal, ficou decidido em 2006 que‚ 75% do valor das receitas de licenças de pesca deve ser afectado a Direção Geral da Pesca Artesanal e 25% vai para o tesouro Público. A DGPA só começou a beneficiar da referida percentagem em 2013, em que o valor correspondente a este montante passou a ser depositado na conta da mesma direcção. E os 25% passaram a ser depositados na conta do tesouro público.

A emissão da licença de pesca faz-se mediante o pagamento do montante correspondente segundo o tipo e a categoria de licença solicitada na conta bancária da DGPA e apresentação do talão comprovativo do pagamento que é uma das formas de evitar a circulação do dinheiro nas mãos do financeiro e reduz os riscos relacionados com desvios financeiros. O fundo de 75% destina-se a apoiar o desenvolvimento da pesca artesanal nomeadamente, reforço das capacidades dos técnicos‚ aquisição de materiais de pesca e fábricas de gelo e construção de pirogas. Esse procedimento é uma boa forma de evitar que o dinheiro circule na DGPA e as eventuais tentativas de fraude financeira. Actualmente o modelo de pagamento de 25%, é feita junto ao exactor das finanças que depois os deposita na conta do tesouro. O imposto selo é pago pelo pescador junto a Direçao geral da contribuição do imposto (imposto selo)

As dificuldades com que se depara a DGPA no que respeita ao cumprimento do plano de actividades elaborado pode fazer acreditar que o montante destinado ao apoio da pesca artesanal não é suficiente para realizar as ações programadas, visto que o referido fundo é utilizado nos últimos dois anos para o funcionamento exclusivo da DGPA. Em 2014 a DGPA produziu um relatório de execução técnica e financeira donde consta o número de licenças e receitas anuais que se traduz num modelo de gestão transparente que deve ser seguido futuramente pelos responsáveis da DGPA.

Um dos princípios de boa gestão de transparência é que os justificativos dos depósitos (bordereaux) assim como das despesas e destinos para os quais foram posteriormente utilizados sejam remitidos aos serviços de emissão de licenças junto a DGPA‚ que por sua vez‚ encarrega-se de organizar todo o processo e enviar ao Gabinete do Director Geral da Pesca Artesanal para o efeito de análise e apreciação de conformidade e assinatura.

Salienta-se que, o depósito directo na conta de DGPA é muito vantajoso do ponto de vista da gestão financeira pois‚ evita que os fundos sejam apropriados pelo tesouro público que vem acontecendo desde 2006 até 2012. Sobre o depósito directo na conta do tesouro público, dá-se sempre a justificação de que a escassez de fundo dava o lugar a apropriação de fundos para fins do pagamento salarial dos funcionário do Estado em geral

20.2. Pesca industrial

As receitas da pesca industrial são provenientes de acordos de pesca e de licenças de pesca de navios que operam na ZEE da Guiné-Bissau. Salienta-se que a maior parte das receitas é paga pelos navios da frota da União Europeia (contrapartida financeira no valor de 9,2 milhões de euros por ano). Esta contrapartida destina-se ao reforço orçamental e apoio ao sector das pescas para acções de investigação, fiscalização e desenvolvimento socioeconómico. Com base na política do sector das pescas concernente ao apoio ao desenvolvimento sustentável, a gestão e a conservação do ecossistema marinho em particular dos rios, o Governo alocou um montante de um milhão de euros provenientes dessa contrapartida do acordo de pesca com a UE para a

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capitalização da Fundação “Bioguiné” no sentido de garantir a durabilidade das áreas protegidas do país.

Em relação aos outros acordos, caso da China a contrapartida é revertida em investimento material e infraestruturas para o sector das pescas. No que diz respeito ao acordo com o Senegal a ausência de contrapartida deve-se a reciprocidade dos termos do acordo. As licenças são pagas por todos navios da pesca industrial que operam na ZEE da Guiné-Bissau.

As licenças são emitidas mediante apresentação do talão comprovativo do depósito na conta bancária do tesouro público como sendo uma das formas de garantir a transparência na gestão dos fundos. Estes são utilizados segundo as necessidades do governo da Guiné-Bissau.

21. Serviços de Seguimento e monitorização e da fiscalização de actividade de pesca

O Governo da Guiné-Bissau instituiu uma entidade vocacionada (FISCAP) para o controlo de actividade de pesca nas águas territoriais e ZEE que funciona em dois níveis de responsabilidade hierárquica distintos: numa primeira fase desse nível encontra-se a estrutura técnica e administrativa (corpo dos observadores, inspectores e serviços administrativos, gerido e controlado pelo Coordenador, nomeado pelo despacho do Primeiro Ministro sob a proposta do titular de pelouro das pescas). E numa segunda fase desse nível figura uma Comissão Interministerial de Fiscalização Marítima (CIFM), de natureza política, presidida pelo titular de pelouro das pescas com atribuições, inter alia decide mediante propostas técnicas sobre aplicação de sanções à infracção de pescas; (multas, confisco etc.,) aos navios que violam instrumentos jurídicos e administrativos de medidas de conservação e gestão da pesca.

Esta comissão CIFM integra como membros ministro das pescas, que a preside, ministro das finanças e ministro da defesa.

O centro de monitorização e controlo de actividades da pesca industrial que actualmente está equipado com os aparelhos da tecnologia de ponta (VMS‚ Rádios‚ Radar‚ etc) demonstra que dispõe de condições mínimas aceitáveis para assegurar a fiscalização de actividade de pesca na ZEE e controlar a linha de costa de 12 milhas. Este fato deve a instalação nos navios de pesca de aparelhos que permitem fazer o seguimento e monitorização continua durante 24 horas. Apesar do grande esforço consentido na melhoria da fiscalização, ainda muitos atores consideram que as lacunas continuam a persistir tendo em consideração a penetração constante dos pescadores dos países vizinhos em particular na zona sul (Cacine) ‚ elevado número de embarcações ilegais de pescadores estrangeiros, a prática de pesca não autorizada de tubarões e raias e não respeito da regulamentação sobre as artes de pesca (uso de rede de monofilamento proibido pela lei).

A FISCAP dispõe de 4 bases de fiscalização (Bissau, Cacheu, Cacine e Bubaque e uma base avançada em Caravela)‚ e assegura a fiscalização nas águas territoriais da Guiné-Bissau. Também participa na fiscalização nas rias de Buba, Cacheu e Cacine no sentido de fazer respeitar as regras de pesca no âmbito do projecto Rias do Sul por intermédio das bases de Cacine e Cacheu.

A FISCAP efectua as inspecções obrigatórias aos navios de pesca industrial e as embarcações de pesca artesanal antes de serem emitidas as licenças de pesca. Os relatórios de observadores a bordo de navios da pesca industrial são remitidos a FISCAP antes de serem enviados para o CIPA para o controlo e tratamento de dados

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Recentemente a Guiné-Bissau adquiriu patrulheiro com os fundos de contrapartida de acordos

de pesca industrial com a União Europeia e um conjunto de meios estão previstos para serem adquiridos ainda este ano, de forma a melhorar a fiscalização nas águas marítimas

(sistema de radar e vedetas adaptadas as zonas costeiras). Para além‚ da questão de gestão dos recursos haliêuticos, trata-se de uma questão de garantir a soberania territorial do país.

Salienta-se com base na política do governo no sentido de lutar não só contra a pesca INN, mas também evitar a contaminação da saúde pública com vírus de ébola, a FISCAP realizou várias missões de concertação que se culminou no engajamento das comunidades em deixar livremente os acampamentos de pesca (nomeadamente Daboncore‚ Canancoque‚ Contaia‚ Catabá-Zinho‚ Cataba-Grande e Cambuntulo). As missões foram realizadas a partir de 2014 de forma participativa envolvendo as autoridades das regiões costeiras que se resultou na destruição dos acampamentos ilegais com a colaboração das forças de segurança. O não respeito aos engajamentos feitos e para fazer valer autoridade do governo, foi necessário recorrer a destruição dos acampamentos através do uso da força.

Apesar de grandes progressos registados a nível da fiscalização a nível nacional com a instalação do sistema VMS e radar‚ ainda há que melhorar a capacidade de controlo da ZEE. Visto que‚ os radares instalados não possuem capacidade de vigiar toda a zona da intervenção de actividade de pesca e o sistema VMS ainda não cobre aos navios que não têm este sistema instalado a bordo e os que fainam nas zonas onde não há cobertura do radar. Assim como a fiscalização na zona costeira continua a constituir um grande problema‚ pois o sistema VMS não consegue captar as informações sobre a actividade pesqueira exercida na referida zona. Tudo isto‚ faz com que a FISCAP ainda tenha a capacidade limitada na luta contra a pesca ilegal, não declarada, não regulamentada.

Um dos problemas da FISCAP prende-se com a necessidade de melhorar a organização interna de forma a dar uma rápida resposta as infracções assinaladas pelo serviço do controlo e monitorização de actividade de pesca. A falta de coordenação na actividade de fiscalização entre a direcção de operação e outros serviços pode prejudicar um bom funcionamento do serviço de controlo e monitorização.

22. Partilha das receitas provenientes das cobranças de multas

A determinação do montante da multa faz-se em função das características da embarcação‚ do tipo da pesca praticada‚ da gravidade da infracção‚ da culpa e dos antecedentes do agente‚ bem como do benefício económico que este retirou da infracção.

As infrações de pesca são classificadas em 3 categorias a saber : muito grave, graves e menos graves.

22.1. Pesca artesanal

No que se concerne a Pesca Artesanal (Decreto n° 24/2011 de 7 Junho 2011, artigo 48) as multas por infracção muito grave variam entre 50 000 e 100 000 F CFA. A pesca sem licença é punida com a multa de 200 000 F CFA e 1 000 000 F CFA. Para as infracções graves as multas variam entre 25 000 F CFA e 40 000 F CFA. Em relação as infracções menos graves as multas variam entre 15 000 F CFA e 30 000 F CFA.

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A determinação do montante de multa é feita em função das características da embarcação, tipo de pesca exercida, natureza de infracção, antecedentes, assim como os benefícios obtidos durante a prática de infracção. Também de realçar que em função da gravidade da infracção a embarcação poderá ser confiscada inclusive as capturas encontrado a bordo.

No âmbito da fiscalização nas rias, o produto de multa é repartido de seguinte maneira: 65% das receitas são revertidos para apoiar o funcionamento da FISCAP nomeadamente a manutenção dos meios náuticos (vedeta e motores), sempre que a mesma justifique e demais equipamentos utilizados no serviço da fiscalização de actividade das pescas, de acordo com meios disponíveis. Os restantes 35% são revertidos a favor de associações dos pescadores de forma a reforçar as suas capacidades de funcionamento em particular criar as condições para uma melhor organização e a realização de acções de formação. Em outras localidades tudo faz com base nos 75% destina ao apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal.

22.2. Pesca industrial

A realização da fiscalização das actividades de pesca na ZEE da Guiné-Bissau, implica elevados custos financeiros e humanos. Sendo assim seria pertinente criar as condições para aligeirar esta situação.

Em relação a pesca industrial as multas para as infrações muito graves variam entre 20 milhões e 90 milhões de FCFA. A pesca sem licença é punida com a multa entre 100 milhões e 250 milhões de FCFA. Para as infrações graves as multas variam entre 5 e 15 milhões de FCFA. Para as infrações menos graves as multas variam entre 1.5 e 3 milhões de FCFA segundo o Decreto-lei n°10/2011 de 7 Junho 2011.

No momento em que o Ministério das Finanças, financiava as missões de fiscalização na ZEE. as multas ou confiscações por infracção resultante de fiscalização na ZEE eram repartidas de seguinte modo segundo o regulamento da pesca (decreto nº10/96 de 30 Setembro de 1996): (i) 55% (cinquenta e cinco porcento) a favor do Ministério das Finanças‚ 30% (trinta porcento) a favor da Comissão da Fiscalização Marítima‚(Membros da Comissão) 5% (cinco porcento) a favor do Ministério da Defesa Nacional‚ 5% (cinco porcento) a favor do Ministério da Administração Territorial e 5% (cinco porcento) a favor do Ministério das Pescas.

Actualmente as actividades de fiscalização são feitas pela FISCAP e a repartição faz-se de seguinte forma: 45% a favor do ministério das finanças (tesouro público)‚ 35% a favor da FISCAP - montante esse que é utilizado para cobrir as despesas realizadas no âmbito da fiscalização‚ 5% favor da Marinha Nacional‚ 5% a favor do Ministério da Defesa nacional) ‚ 5% a favor do Ministério das Pescas‚ 5% a favor do Ministério do Interior e 5% a favor da guarda nacional. É importante frisar que o montante total da multa antes de ser repartido é depositado na conta da FISCAP.

No que diz respeito ao pagamento da multa nos postos avançados, os pagamentos são feitos localmente. No entanto, para tornar transparente o funcionamento das bases, seria pertinente fazer com que o pagamento de multas seja feito através do depósito direto nos bancos na conta da FISCAP ou criar um corpo administrativo e financeiro‚ de forma a evitar que o dinheiro continue nas mãos dos inspectores de forma a evitar os desvios de procedimentos. Pois ele é o único doptado de três responsabilidades cumulativas e com algumas incompatibilidades (chefe da missão‚ responsável administrativo e financeiro da missão). Esta é a forma de evitar fazer circular o dinheiro nas mãos dos inspectores com vista a reduzir a corrupção.

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23. Riscos da pesca INN e intensiva para as comunidades locais e o meio ambiente

A riqueza das águas marítimas da Guiné-Bissau, atrai as frotas de pescas estrangeiras que, aproveitando dos fracos meios de vigilância do nosso país, assediam os espaços marítimos para pescar ilegalmente. Assim, os recursos haliêuticos, são também explorados por navios industriais ilegais que não possuem licenças de pesca e que exploram as águas da maioria dos países oeste africanos; trata-se de pesca ilegal não declarada e não regulamentada – INN. Os estudos realizados ao nível oeste africano confirmaram que essa zona é muito cobiçada por navios de pesca industrial ilegal que aproveitam as fracas capacidades de controlo, da quase ausência de repressão e da relativa abundancia dos recursos haliêuticos.

Os riscos da pesca INN e a pesca intensiva nas águas da Guiné-Bissau, constituem um dos problemas para a durabilidade dos recursos pesqueiros. Salienta-se que os riscos das referidas pescas estão bem patentes em seguintes aspectos: (i) origina a rarefação do recurso nas águas da Guiné-Bissau. Em alguns países do mundo, este fenómeno, é considerado um fator multiplicador da pobreza e da insegurança alimentar pois‚ os peixes constituem a base alimentar‚ de uma maneira geral‚ das populações; (ii) provocam as perdas económicas avaliadas em cerca de uns milhões de dólares americanos ao Estado, podendo assim pôr em causa a prazo, os programas e projectos nacionais de desenvolvimento (iii) destruição da biodiversidade por causa da utilização pelos navios de pesca INN de técnicas destruidoras como a pesca com redes de arrasto de fundo, a pesca explosiva e a rejeição massiva no mar de peixes tidos não rentáveis e todavia aptos ao consumo das populações (iv) desemprego favorecido pelas perdas de empregos e que pode suscitar diversas e arriscadas tentações tais como a emigração clandestina para a Europa e a perpetração de tráficos multiformes e atos ilícitos (droga, armas, pirataria, assalto à mão armada, etc.). (Estratégia de luta contra a pesca INN na zona da CSRP 2014)

A FICAP dispõe de meios relativamente suficientes para controlar as zonas reservadas à pesca artesanal (até 12 mn), mas o mesmo já não acontece com a zona da pesca industrial (ZEE), em que, para além de não dispor de navios de calibre, depara-se com problemas de falta de combustíveis e de manutenção das embarcações. O maior barco de que se dispõe a FISCAP é pequeno, com o cumprimento de 12 metros, não sendo capaz de cobrir operações difíceis no alto mar. Desta forma, a soberania nacional a nível marítimo, não está garantida.

24. Analise das práticas que respeitam as regras jurídicas e ambientais

24.1. Pesca Artesanal (Sistema de Co-gestão nas rias): Boas práticas

A implementação das regras de pesca nos rios e do período do repouso biológico nas áreas marinhas protegidas, pode ser considerada boas práticas de governança e de gestão dos recursos haliêuticos. E isso resultou das preocupações levantadas pelos próprios pescadores no rio Grande de Buba em 1993, sobre a pesca não controlada no rio uma vez que se pescava de uma forma desorganizada, sobretudo, os pescadores de países vizinhos. Eles aperceberam-se dos risco de degradação dos recursos haliêuticos.

Dai a UICN em conjunto com o Ministério das Pescas, começou a refletir sobre o futuro da gestão dos recursos haliêuticos e da questão de livre acesso. Com base neste pressuposto que as partes/os pescadores, após vários anos de estudos científicos e reuniões de concertação sobre a gestão e a conservação dos recursos, os pescadores concordaram em melhorar o controlo e a

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regulamentação das condições de acesso à pesca no Rio Grande de Buba, através de um Regulamento próprio ( Regulamento da Pesca no Rio Grande de Buba de 1993).

O processo levou também à criação de um fundo de crédito gerido pela Assembleia dos pescadores pertencentes à Federação do Pescadores do Rio Grande de Buba (cada agrupamento de pescadores é representado pelo seu presidente ou vice-presidente) e de um sistema de microcrédito para acesso ao material de pesca seletiva e mecanismos que garantam o seu reembolso. O não cumprimento desses mecanismos, o material é confiscado.

Com base nos benefícios alcançados com os pescadores do Rio Grande de Buba, levou o MP a replicar a experiencianos rios de Cacheu e Cacine, no âmbito do Projecto das Rias, em colaboração com os seus parceiros de desenvolvimento. A iniciativa está a ser reforçada com apoio da UEMOA através de ações de pesquisa e missões de fiscalização levados acabo pelo CIPA e FISCAP respectivamente, actualização das regras de pesca e medidas de apoio socioeconómico para facilitar o acesso a material de pesca selectiva e melhorar a transformação e a comercialização do pescado.

Nas ilhas de Bijagós nomeadamente no parque de Orango e João Vieira e Poilão e ilhas de Urock a TINIGUENA juntamento com as comunidades locais implementaram o sistema de gestão dos recursos pesqueiros com base nas decisões consensuais entre os utilizadores da reserva de pesca. Hoje a exploração dos recursos pesqueiros nestas zonas obedece faz-se com base na zonagem e e regras de pesca de forma a garantir a durabilidade dos recursos pesqueiros. No que se concerne as Ilhas de Urock existe um plano de gestão da exploração dos recursos elaborado de forma participativa juntamente com as comunidades locais.

24.2. Pesca industrial

O quadro regulamentar que rege o exercício da pesca nesta categoria prevê, vários tipos de medidas destinadas a minimizar o impacto da pesca sobre as espécies exploradas, assim como as interações entre diferentes tipos de embarcações. Estas medidas são:

24.2.1. Determinação de zonas de pesca para a pesca artesanal e industrial:

A zona que compreende o mar territorial e as águas interiores, situada entre o continente e a linha de base com uma largura que pode atingir 37 milhas, abrangendo todas as ilhas, é reservada à pesca artesanal (artigo 24 do Decreto-Lei n.º 10/07 de Junho de 2011). Nesta zona, foram criadas 3 áreas protegidas: o Parque Nacional das Ilhas de Orango, Parque Nacional Marinho de João Vieira e Poilão e Área Marinha Protegida Comunitária das ilhas de Urok – Formosa, N`ago e Tcheding`a. O acesso aos recursos haliêuticos pela pesca artesanal nestas zonas é regulamentado pela Lei-Quadro das Áreas Protegidas e pelas diferentes leis que criaram cada uma destas zonas protegidas.

Os navios de pesca industrial só podem exercer as suas actividades fora dos limites do mar territorial, isto é, fora de 12 milhas náuticas a partir da linha de base.

24.2.2. Medidas para os engenhos de pesca:

As malhagens mínimas utilizadas pelos navios industriais estão definidas na circular nº 03/DGPI/96, de 15 de Maio de 1996:

Peixes demersais: 70 mm

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Camarão Costeira: 50 mm Peixe / cefalópodes: 70 mm Camarão profundo: 40 mm Redes de arrasto pelágico peixes: 40 mm

O Decreto-lei nº 4/96 de 2 de Setembro de 1996, explica o método a utilizar para a medição das malhas. Não existe disposição sobre o armamento das redes dos arrastões.

Despacho lei n.º 06/99 de 22 de Junho de 1999, que define as condições relativas às licenças de pesca artesanal, e também define as malhagens dos engenhos passivos e ativos em:

Rede de espera de superfície: 30 mm Rede de espera: 60 mm Atravesse líquida latente: 100 mm Rede camaroeira: 28 mm Rede de emalhar de deriva: 60 mm Rede de praia: 40 mm Rede filtrante para o camarão: 28 mm Tarrafas ou rede de lance: 20 mm

O regulamento proíbe a utilização de dispositivos de obstrução das malhas e o uso de explosivos ou de substâncias tóxicas para o exercício da pesca.

24.2.3. Dimensões mínimas:

As dimensões mínimas de certas espécies-alvo para a pesca artesanal estão regulamentadas, como as sardinelas (sardinela aurita e maderensis), cujo tamanho mínimo é de 12 cm; a galucha com 15 cm; a tainha (lysa grandisquamis) com 17 cm e os pargos carangas (sparus caeruleoostictus) com 19 cm. Estas dimensões mínimas são, normalmente, fixadas em função do tamanho da primeira maturação das espécies.

Não há regulamentação sobre as dimensões mínimas para a pesca industrial.

24.2.4. Percentagem de captura duma espécie:

A Legislação da Guiné-Bissau, não prevê percentagens de captura para cada tipo de licença (% medida em relação à captura total existente a bordo). Essas proporções são úteis para proibir os navios de pesca, de conservar a bordo quantidades substanciais de espécies que não estão autorizados a pescar pelo facto de suas licenças, eventualmente, os proibirem, fixando uma taxa mínima admissível de 0%. Estas taxas não têm nenhuma margem de tolerância associada.No entanto, todos os acordos de pesca determinam a percentagem de capturas acessórias autorizadas, variáveis consoante os acordos rubricados. Deve-se criar uma lei com vista a harmonização da pesca acessória e facilitar o trabalho dos inspectores do FISCAP.

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Tabela 29: Comparação de percentagem acessória de diferentes acordosCategoria Senegal China UE

Peixes Cefalópodes

Crustáceos Peixes Cefalópodes Crustáceos Peixes Cefalópodes

Crustáceos

Arrasto de Camarão 70% 15% 85% 50% 50%

Arrasto de Cefalópodes 45% 5% 90% 9% 9%

Arrasto de Peixes 10% 5% 9% 9% 9% 9%

Outras medidas técnicas que a legislação guineense não prevê no plano de gestão, são o período de repouso biológico, isto é, suspensão da pesca durante um determinado período para permitir que os stocks se reconstituam, os encerramentos espácio-temporais em certas zonas, no caso de haver importantes concentrações de juvenis, etc., e a fixação de volume de captura admissível ou o nível de esforço da pesca.

25. Análise de tomada de decisão relativamente ao direito do acesso aos recursos

A lei das pescas prevê a concessão do direito do acesso aos recursos pesqueiros nas águas da Guiné-Bissau. De referir que antes da emissão de licenças é realizada uma reunião interna entre os diferentes servições do sector com vista a discutir o regulamento do acesso aos recursos no qual é estipulado o preço de licenças de pesca artesanal e industrial. Também é apresentado e discutido o plano de gestão dos recursos pesqueiros. As decisões tomadas relativamente as alterações que devem ser feitas a nível do direito do acesso aos recursos não envolvem os pescadores e armadores de pesca industrial. Sendo assim é pertinente que o sector das pescas continue a trabalhar no sentido de melhorar a organização dos pescadores e facilitar a participação de outros atores na tomada de decisão concernente as alterações de valores da licença e na validação de instrumento de gestão dos recursos pesqueiros. Com base nisso, seria importante que a sociedade civil, possa ter a possibilidade de conhecer e opinar sobre o documento antes de ir para a negociação com os parceiros.

26. Análise da situação de défice de transparência da gestão dos recursos relativamente ao processo de tomada de decisões

26.1. Direcção Geral da Pesca Artesanal

O fundo de 75% previsto para estimular o apoio ao desenvolvimento da pesca artesanal e investimento privado (aquisição de artes de pesca, pirogas‚ reforço de capacidade, infra-estruturas de gelo, etc.) revela-se insuficiente tendo em consideração que os pescadores continuam a enfrentar as dificuldades relacionadas com os meios de trabalho. Sendo assim pode-se interrogar o destino do fundo da DGPA, se é realmente utilizado para fins previstos ou para suportar as despesas do Ministério para a infraestruturação. Uma boa prática de transparência consistiria em apresentar semestralmente um balanço de receitas das licenças de pesca artesanal e das despesas realizadas com esses fundos.

As licenças de pesca artesanal continuam a ser emitidas sem base científica, concretamente sem um plano nacional de gestão dos recursos da pesca artesanal. Este fato, não permite ter uma boa transparência neste processo que é condicionado pela insuficiência dos dados recolhidos a nível da pesca artesanal.

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Apresamento de pirogas de pesca artesanal com licenças falsas segundo alguns funcionários em particular na região de Tombali. Este acontecimento vem reforçando a preocupação segundo a qual existe venda de fotocópias de licenças de pesca artesanal por parte de funcionários da SEP/DGPA. Salienta-se que este fato também foi registado com um navio da pesca industrial. Para tornar transparente a emissão das licenças, as informações de base de dados da pesca industrial e artesanal com as do centro de monitorização e controlo de actividades de pesca devem ser cruzadas constantemente de modo a reduzir a pesca ilegal. Também é pertinente que os acordos de pesca industrial negociados entre a Guiné-Bissau e entidades estrangeiras definam de uma forma transparente as modalidades de acesso aos recursos haliêuticos para os navios industriais estrangeiros e artesanal.

Convém destacar que as licenças de pesca não apresentam nenhuma delimitação geográfica e sinalização das zonas de áreas protegidas de modo a permitir o pescador de melhor se localizar. É de referir que após varias auscultações com os pescadores experimentados o problema não reside só na delimitação geográfica e a sinalização mas na negligencia por parte dos pescadores pois são muito experimentos e navegam de uma maneira geral sem a utilização do GPS pois as áreas protegidas apresentam grande abundância dos recursos sobretudo a área protegidas das ilhas do Orango por ser uma excelente de zona de reprodução e recrutamento .

26.2. Pesca industrial

O processo de licenciamento envolve só o departamento da pesca Industrial. Este fato pode constituir um problema visto que o Serviço responsável pela Introdução dos Dados Estatísticos das capturas (CIPA) não tem informação sobre a emissão de licença (bordereaux de licença emitida/miolo de licença) de forma a assegurar que realmente os navios foram licenciadas segundo o que consta no mapa do observador a bordo. Também convém frisar que segundo o estudo publicado pelo GREENPEACE em Maio de 2015 os navios chineses que operam nas águas da Guiné-Bissau e países vizinhos apresentam 44% da TAB subestimada. O plano de gestão dos recursos onde se determina o número de navios que devem operar durante um ano não é partilhado com o Ministério das Finanças de forma a selar pela boa gestão dos recursos.

26.3. Fiscalização marítima nas águas da Guiné-Bissau

Em relação a fiscalização, segundo alguns atores continuam a acreditar que as actividades de fiscalização na ZEE apresentam riscos de corrupção e de conivência. Sendo assim seria importante criar alguns mecanismos de controlo e de seguimento das equipas de fiscalização através da implementação do receptor VMS em todos os navios da pesca industrial de forma a seguir sistematicamente os percursos realizados‚ utilização de GPS e produção sistemática de relatórios detalhados. Também que uma das dificuldades da fiscaliza está relacionada com a fuga da informação durante a preparação de operações de fiscalização e que não permite deter atempadamente os barcos infractores .

26.4. Plano de gestão e estratégico dos recursos pesqueiros

Os planos de gestão dos recursos pesqueiros na ZEE elaborados, têm sido importantes no seguimento do esforço de pesca‚ mas. Os mecanismos de monitorização e supervisão têm-se mostrado pouco eficientes, fundamentalmente no que diz respeito à fiscalização de embarcações estrangeiras na zona costeira e ZEE. A fiscalização pouco actuante coloca obstáculos à aplicação

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das medidas e políticas de gestão, criando inconsistências com a estratégia nacional de desenvolvimento do setor. Também de referir que no plano de gestão dos recursos pesqueiros o pagamento de licenças de pesca se faz com base no TAB sem ter em consideração as capturas. Este facto pode por em perigo a durabilidade dos recursos haliêuticos.

O PEDP, aponta a fiscalização como sendo um dos pilares mais importantes para a gestão dos recursos marinhos de uma forma sustentável. Ter um mecanismo de fiscalização forte e com capacidade logística e administrativa para levar a cabo as suas funções, permitiria aumentar a sinergia e minimizar as incongruências existentes. Contudo os programas existentes no PEDP também de uma maneira geral não se materializam no seu todo porque ainda não há verbas para a sua implementação na totalidade no que diz respeito aos projecto considerado importantes para o sector das pescas.

26.4. Acordos de pesca

Todos os acordos de pesca devem ser negociados com base nas informações das capturas realizadas‚ rendimento obtido por navio e o potencial explorável, Mas, porém, o Centro de Investigação Pesqueira Aplicada (CIPA) não é envolvido suficientemente na preparação e negociação de certos acordos de pesca. De uma maneira geral‚ o processo de negociação dos acordos de pesca carece de uma equipa bem definida‚ no sentido de fazer respeitar e responder as cláusulas definidas nos acordos ou contratos de pesca com os países terceiros. Este fato provoca constantes desarticulação ou seja a não uniformização do plano de gestão dos recursos elaborado anualmente. Com excepção da negociação dos acordos com a União Europeia em que se criou um Comité cientifico de seguimento‚ gestão e avaliação dos recursos pesqueiros.

27. Participação das populações nos processos de implementação dos projectos e estado de exploração dos recursos pesqueiros

A exploração dos recursos nas rias de Cacheu, Buba e Cacine por serem zonas onde existem áreas protegidas, os recursos pesqueiros são explorados com base nas zonagens e regras de pesca criadas e implementadas de forma participativa com as comunidades locais. Há uma grande aderência das comunidades na implementação dos projectos nomeadamente‚ o projecto financiado pelo UEMOA‚ tendo em consideração a vontade demonstrada e número de pescadores envolvidos na dinâmica do projecto. Também se nota pelas acções de complementaridade desenvolvidas no terreno sobre a alfabetização‚ construção de fornos melhorados e as quotizações feitas nas grandes reuniões realizadas pela comunidade.

A implementação do projecto (Rias do Sul) financiado pela UEMOA tem efeitos/impactos directos nas comunidades através de investigação pesqueira‚ fiscalização marítima‚ apoio económico de forma a permitir o desenvolvimento das comunidades e a concessão do direito do acesso aos recursos às comunidades piscatórias residentes.

Durante a execução das actividades do projecto foi possível fazer constatação de efeitos/impactos das medidas de conservação e gestão dos recursos sobre as comunidades ribeirinhas e identificar as incoerências e as boas práticas.

As comunidades que vivem nos rios de Cacheu‚ Buba e Cacine estão directamente ligadas a actividade pesqueira.

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27.1. Rio Cacheu

Relativamente ao rio Cacheu existem 546 pescadores‚ 9 associações dos pescadores e 19 canoas de motor. A instalação da fábrica de gelo, visa a dinamizar a actividade de pesca de forma a permitir aos pescadores de passarem mais dias no rio e garantir uma melhor qualidade de pescado capturado.

Uma das actividades importantes realizadas também, é a concessão do microcrédito as mulheres transformadoras de forma a estimular a produção pesqueira e valorizar o produto proveniente da pesca.

A exploração dos recursos faz-se com base na zonagem e regras de pesca aprovada pelas comunidades em que se estabeleceu um período de restrição da utilização de artes de pesca “repouso biológico” durante três meses (01 de Junho a 31 de Agosto).Existem pelo menos 76 espécies de peixes que utilizam o rio Cacheu de formas distintas, sendo predominantes as espécies Marinhas Estuarinas (20 espécies.), seguidas de espécies Estuarinas Marinhas e Marinhas ocasionais, ambas com 14 espécies, a categorias de Marinhas acessórias aparece em terceiro posição, com 9 espécies.

A família mais representativa nesse estuário em termos de número de espécies é a família Carangidae (caranguejo) (com 8 espécies.), seguida das famílias Haemulidae e Scienidae (ambas com 6 espécies.), a família Mugilidae tainha foi representada por 5 espécies, seguida das famílias com 3 espécies como a Ariidae, Carcharhinidae, Cichlidae e Polynemidae., Sendo que a maior parte das espécies desse ecossistema são da categoria ecológica Marinhas Estuarinas e Estuarinas marinhas.

No entanto, os pescadores consideram que as espécies têm aparecido cada vez com menos frequência e em menor número de indivíduos. E, as espécies demersais como a Polydacthylusquadrifilis, Pseudotolithus brachygnathus, Pseudotolithus typus, Arius sp. e Sphyraena afra, são as mais capturadas nesse ecossistema.

27.2 Rio Cacine

No rio Cacine existem 232 pescadores‚ repartidos em 7 associações que estão na sua fase final de formalização e 56 pirogas de motor sem ter em consideração 36 pirogas que operam no âmbito da empresa de pesca CONAPESCA que são todas motorizadas com potência superior a 15 CV. 140 pescadores beneficiaram da formação, nomeadamente do que diz respeito a técnica de pesca‚ 61 mulheres transformadoras beneficiaram da formação sobre controlo de qualidade ‚ 136 sofreram a formação do associativismo e formados os radialistas das rádios comunitárias. Uma das actividades importantes também realizada é a concessão do microcrédito a 167 mulheres transformadoras de forma a estimular a produção pesqueira e valorizar o produto proveniente da pesca.

Em Cacine, Foram identificadas e registadas 77 espécies de peixe, entre as quais as espécies mais frequentes são as da família Carangidae (9 espécies.), seguida das da família Mugilidae (6 espécies.) e das famílias Haemulidade e Scienidae, ambas com 5 espécies, as famílias Ariidae e Polynemidae tiveram 3 espécies cada. A maior parte das espécies são predadores de segundo nível e pertencem a categoria das Marinhas Estuarinas. Os pescadores consideram que número de

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indivíduos e o tamanho das diferentes espécies vem diminuindo ao longo dos anos. A situação actual da pesca no rio Cacine é proporcionada por uma invasão dos pescadores estrangeiros, vindo dos países da sub-região. Este facto provoca uma pesca intensiva e devasta o ecossistema do mangal através de fumagem dos peixes. No entanto isso pode eventualmente originar a sobrepesca que tem como consequência eliminação dos exemplares adultos e de maior tamanho de uma população ou stock. Atualmente verifica-se a sobre-exploração da espécie Ethmalosa fimbriata (djafal). Uma população de peixe sobre-explorada é caracterizada pela presença de peixes menos férteis, o que ainda pode levar a uma redução nos stocks. As espécies mais capturadas são as pelágicas como a Ethmalosa fimbriata, a Mugil sp. e Rhizoprionodon acutus (CIPA‚ 2013)

27.3. Rio Buba

As comunidades piscatórias da ria de Buba estão bem organizadas devendo-se este facto a existência de uma associação de pescadores que congrega todos desta zona. São 11 associações com 380 pescadores no total e têm uma organização bem estruturada e com as respectivas representações em diferentes dez tabancas que se situam nas margens do rio. Estas associações ou agrupamentos dos pescadores da ria de Buba, que tem uma participação muito activa no cumprimento da legislação em vigor principalmente na protecção da Sphyraena afra (Bicuda) durante a época de desova, também tem uma participação muito activa na fiscalização participativa no rio (PTCRPRGBLC, 2009). Além desta organização dos pescadores, também existe a organização das mulheres transformadoras do pescado denominada “BUBACALHAU”. Ambas organizações têm por objectivos promover a pesca durável e proteger o ecossistema marinho do Rio Grande de Buba, para poder melhorar condições de vida desta comunidade residente (PTCRPRGBLC, 2009). Hoje as onze (11) associações existentes foram formalizadas no âmbito do projeto financiado pela UEMOA.

A Legislação em vigor sobre o Rio Grande de Buba foi instaurada, por Despacho Ministerial nº 01/94, de 07 de Junho. Um Regulamento visando limitar o esforço da pesca com rede de emalhar derivante, proibindo a utilização desta arte com malha de 60 mm (localmente designada por “rede de bicuda”) nos meses de Agosto e Setembro, supondo-se ser esse o período mais intensivo de reprodução da Sphyraena afra (bicuda).

27.4. Arquipélagos dos Bijagós

Segundo o inquérito realizado pelo CIPA em 2011 existem nas ilhas 967 pescadores repartidos em cinco núcleos de pesca apresentam associações em cada localidade. Os pescadores das ilhas apresentam a pesca como a actividade principal. Salienta-se que mais de 75% de actividade de pesca é dedicada mais pelos nacionais e a restante percentagem pertence aos pescadores estrangeiros de nacionalidades (Senegalesa Guiné Conacri Serra-leoneses e Malianos). Os pescadores da etnia Bijagós são a dominante na pesca. Nas ilhas existem localizadas onde existem um sistema de organização muito avançado comparativamente as outras nomeadamente as ilhas do Orango e formoso que apresentam o sistema de gestão de pesca com base num plano de gestão dos recursos pesqueiros. As comunidades destas localidades apresentam um nível de organização elevado tal que apresentado pelos pescadores de Buba e Cacheu e Cacine. Além de organização dos pescadores existem também as organizações da mulheres transformadoras e comerciantes. Ainda há que trabalhar nas localidade com maior número do pescadores caso de Bubaque e Bolama em termos de organização e formação e capacitação.

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Salienta-se que, tanto em Buba, Cacheu, Cacine e como Ilhas de Bijagós ainda persiste algumas dificuldades‚ apesar do esforço que está a ser feito‚ a nível das comunidades, tais como: os montantes dos microcréditos concedidos revelam-se insuficientes para produzir o efeito desejado junto das comunidades piscatórias apesar de um grande número das mulheres serem beneficiárias: as pirogas ainda continuam monóxilos sem motor com capacidade de navegação limitada e utilização clandestina de rede de monofilamento e a más práticas de pesca (“suta iago e pisca kubarudju di motor e tadja rio ku pisca de tubaron”)

27.3.1. Estado da exploração dos recursos da pesca artesanal

Existem pelo menos 78 espécies capturadas pela pesca nesse ecossistema. Em que a maioria da ictiofauna registada são espécies Marinhas Estuarinas e Estuarinas marinhas, seguidas de espécies Marinhas acessórias e Marinhas ocasionais. As famílias mais representativas em termos de número de espécies são: as famílias Haemulidae e Mugilidae com 5 espécies cada, seguidas das famílias Carangidae e Sciaenidae com 4 espécies, depois aparecem as famílias Ariidae, Cichlidae e Dasyatidae com 3 espécies cada.

De acordo com os pescadores o rendimento em termos de captura tem vindo a diminuir consideravelmente, tanto em termos de quantidade quer em termos de tamanho. As espécies mais capturadas são os pelágios, entre os quais, a “tainha” pertencente a família Mugilidae e “Bentana” da família Cichlidae. As espécies Demersais como a Sphyraena afra, Polydactilus quadrifilis e Pseudotolithus elongatus, etc são as mais capturadas.

A plataforma continental guineense tem sido alvo de intensas campanhas de avaliação dos recursos marinhos e oceanográficos desde década de 1960, visando o conhecimento da biomassa dos recursos demersais e pelágicos, estrutura das comunidades e funcionamento desse ecossistema. Contudo, apesar do considerável volume de informações disponíveis sobre o sector das pescas, ainda é de frisar que o conhecimento das comunidades betónicas e as dos moluscos têm sido pouco estudado, em particular no aspecto da estrutura, seguimento de apanha (pesca a pé), volume das capturas e a quantidade anual desembarcada.

28. Sistemas de gestão participativa nas Áreas Protegidas

Área protegida é uma superfície de terra ou do mar especialmente voltada à proteção e conservação da diversidade biológica e dos recursos naturais e culturais em conjunto, gerida através de instrumentos jurídicos ou outros igualmente eficazes.

Em 2004 foi criada uma instituição pública com autonomia administrativa, financeira e patrimonial para gerir as áreas protegidas, denominada IBAP - Instituto da Biodiversidade e das Áreas Protegidas.

Tendo em conta a política de gestão e conservação dos recursos da biodiversidade o Governo da Guiné-Bissau estabeleceu a Lei-Quadro das Áreas Protegidas no Decreto-lei nº 5A/ 2011 de 1 de Março de 2011. Existem 6 zonas de áreas protegidas entre as quais, 3 são da parte continental e outras 3 da parte insular.

Da parte continental destaca-se:

A nordeste, Parque Natural dos Tarrafes de Cacheu – PNT; No centro, Parque Natural das Lagoas de Cufada – PNLC;

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A sul, o Parque Nacional de Cantanhez- PNC.

Na parte insular distinguem-se:

Parque Nacional Marinho de João Vieira e Poilão – PNMJVP; Parque Nacional de Orango – PNO; Área Marinha Protegida da Comunidade de Urok (ilhas de Formosa, N´ago e Chédinga).

Está em curso o processo de criação de uma nova área protegida – o complexo de áreas protegidas terrestres de Boé-Dulombi, para assegurar a conectividade entre os parques de Cufada e de Cantanhez, o que aumentará a área protegida para 24% do território nacional.

Na Guiné-Bissau todas as áreas protegidas são habitadas, o que dificulta a aplicação das regras de gestão e de exploração dos recursos naturais em geral e pesqueiros em particular nessas zonas. Para que essa seja ultrapassada, criou-se um princípio de exclusividade de acesso sobre os recursos naturais por parte das populações residentes. Em contrapartida a esse privilégio de integração das populações do processo de aplicação das regras de gestão durável e responsável dos recursos naturais locais, elas são objecto de negociações entre as populações residentes, o IBAP e as outras partes interessadas das áreas protegidas. O que levou a criação de três zonas distintas em cada Área Protegida, classificadas em Zona de desenvolvimento durável – de exploração de recursos por parte da população residente; Zona tampão – de transição e, por ultimo, a Zona central – de preservação integral, isto é, de exploração proibida.

Nessas zonas, As regras de gestão são discutidas e decididas ao nível dos conselhos de gestão e as decisões e medidas de gestão estão depois sob a responsabilidade do IBAP, através da direção e equipa de guardas de cada área protegida. Esses conselhos de gestão constituem um bom exemplo de governança e de espaço de concertação e de tomada de decisão sobre a gestão de um território e dos seus recursos naturais, o que tem beneficiado consideravelmente a exploração racional dos recursos haliêuticos nessas zonas

A nível de representação das comunidades constatou-se algumas lacunas que o IBAP tomou em consideração e está em curso um processo de reorganização a este nível, uma vez que inicialmente as comunidades eram representadas pelos mais velhos e sábios, pondo de parte os jovens que questionam as vezes algumas decisões dos velhos. Por exemplo, a falta de reuniões de concertação dos habitantes de zonas antes e depois das reuniões dos conselhos. Esse esforço para melhorar o funcionamento dos órgãos de governança das AP vai permitir que haja uma melhor representatividade das partes envolvidas e um melhor cumprimento das regras de gestão dos recursos naturais em geral e pesqueiros em particular, pelas comunidades residentes. A governança por si só é um processo contínuo, requer diálogo permanente com as comunidades residentes nesse caso das AP.

No que toca a preservação das áreas protegidas, o IBAP considera que conseguiu proteger essas Áreas Protegidas tanto terrestres como marítimas mesmo sabendo que houve tentativas de exploração pesqueira ilegal.

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29. Eficácia dos mecanismos da transparência na exploração dos recursos

29.1. Concessão de licenças com base nos resultados de avaliacaode estoques e de

um plano de exploracão

Existe atualmente um interesse comum para que o desenvolvimento dos países se assente num processo sustentável mas, no sentido de se conseguir esse interesse comum é necessário considerar as implicações da política económica levada a cabo no contexto de um mundo globalizado. Assim, uma das questões fundamentais do entendimento global é garantir a obtenção de progressos acautelando a transparência dos processos da emissão de licenças de pesca, definir de forma clara as orientações das receitas e o investimento no sector. Sendo assim a concessão de licenças é feita com base no plano de gestão dos recursos pesqueiros elaborado pelo Centro de Investigação Pesqueira Aplicada e implementada pelo Ministério das Pescas. Salienta-se que o referido é elaborado a partir dos resultados obtidos nas campanhas de avaliação dos stocks realizadas na ZEE da Guiné-Bissau‚ nas quais se determina o potencial explorável para cada grupo de espécies (crustáceos‚ cefalópodes e pelágicos). O actual método da determinação do acesso aos recursos pesqueiros na ZEE da Guiné-Bissau através de concessão licenças por TAB ao invés da captura total admissível não permite ao Ministério das Pesca de maximizar a rentabilização do sector e de fazer uma monitorização rigorosa dos recursos pesqueiros.

Em relação a pesca artesanal existe um plano de gestão dos recursos nas três áreas protegidas na zona insular (João Vieira e Poilão, Orango e Urok) e três na zona continental (Cacheu, Buba e Cacine). O plano de gestão constitui um instrumento de gestão sustentável dos recursos haliêuticos. Pois é elaborado de forma participativa com as comunidades piscatórias de cada uma das localidades. Salienta-se que contempla a zonagem de pesca e respetivas regras. As licenças de pescas são concedidas as comunidades residentes onde se determina o número de pirogas e artes de pesca que devem ser utilizadas segundo a sensibilidade do ecossistema marinho. Também é determinado o período do repouso biológico no sentido de permitir a reprodução dos recursos pesqueiros. Por outro lado, a exploração pesqueira na zona de desenvolvimento é extensiva aos pescadores não residentes, na condição de serem respeitadas as regras de gestão existentes.

Para garantir uma maior transparência no processo de emissão de licenças de pesca artesanal afim de evitar utilização indevida das áreas protegidas para o exercício de pesca para qualquer que seja pescador. A Direcção Geral da Pesca Artesanal tem todo o cuidado de descrever no verso de licenças do exercício de atividades de pesca na zona da pesca artesanal das áreas protegidas cujas as actividade de pesca é restrita e obedece ao regulamento da lei quadro das áreas protegidas.

Em relação a fiscalização de atividades de pesca hoje as infracções de atividades de pesca são detectadas no sistema VMS onde todas as características do navio infrator é registado. Salienta-se que não punição deve-se a falta da coordenação entre os serviços da fiscalização e falta de critérios transparentes na cobrança de coimas por parte dos responsáveis.

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29.2. Definição do destino das receitas

As receitas provenientes da emissão das licenças da pesca industrial e artesanal são depositadas na conta do tesouro público. Em relação as da pesca artesanal só 25% é depositado na conta do tesouro público e a restante parte 75% são depositados na conta da Direção Geral da Pesca Artesanal no sentido de assegurar as atividades relacionadas com o desenvolvimento do sub-sector. Em relação a pesca industrial convém frisar que o dinheiro não circula nas mãos dos funcionários do Ministério das Pescas e o da Economia e Finanças pois o deposito é feito directamente na conta conjunta entre as pescas e finanças. Quanto a pesca artesanal é de questionar a transparência da utilização dos 25% destinado ao Tesouro público uma vez que os tais 25% circulam na mão do exactor do Ministério da Economia e Finanças. Seria aconselhável que os 25% fosse depositado directamente na conta do Tesouro sem passar pelas mãos dos terceiros ou do exactor.

30. Importância das regras tradicionais de gestão dos recursos costeiros para as comunidades ribeirinhas

Os recursos marinhos representam a fonte de proteína para grande parte da população em particular para as comunidades ribeirinhas desempenhando‚ assim uma grande importância na segurança alimentar e na economia das populações mais carenciadas. Salienta-se que diversos recursos existentes no ecossistema do mangal estão entre os recursos mais explorados junto a zona costeira. As lenhas do mangal são utilizadas para a fumagem do pescado‚ vedação de hortaliça‚ quintais e casas.

Os moluscos e os crustáceos são recursos fundamentais para a satisfação das necessidades básicas para grande maioria dos povos que vivem no litoral guineense e, por outro lado servem de fonte de rendimento a pequena economia individual e dos agregados familiares. Tendo em consideração o valor especial em diferentes atos culturais e na garantia da segurança alimentar‚ em muitas zonas a sua exploração tradicional é feita a base de regras de gestão em particular nas ilhas dos bijagós e na região norte nas tabancas de Felupes. Por exemplo‚ nas referidas zonas as ostras não são colectadas na época das chuvas e existem as regras tradicionais que proíbem o corte das raízes aéreas do mangal. Na época da seca normalmente é o período aberto para a exploração das ostras. Há casos em que a extracção das ostras em determinados rios está reservada para cerimónias especiais e a sua exploração faz-se de forma alternada em margens diferentes.

A espécie Crassostra gasar (Ostra) é o molusco mais explorado para fins comerciais‚ principalmente na região nortenha do país e nas proximidades de grandes cidades. Os núcleos de Biombo e Cacheu são detentores duma certa dinâmica na exploração destes moluscos.

31. Ameaças ao processo de monitorização da exploração dos recursos pesqueiros

Pressões, ameaças e impactos ecológicos e sociais do sector pesqueiros diferem de subsector para subsector como se pode constatar:

31.1. Pesca artesanal (de Subsistência/Tradicional e comercial)

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Relativamente a pesca artesanal tradicional, conhecida como pesca costeira ou fluvial e de subsistência (uso de pequenas pirogas a remo), efectua-se nas margens, braços de rios e de mares. Nela, usa-se as redes de monofilamento de pequenas malhagens (inferior a 30 mm), rede das mulheres – “mosquiteiras” e a técnica de fecho das embocaduras e dos braços de rios – “tadja rio”, que constituem as principais pressões exercidas sobre os recursos pesqueiros, pois estas artes, tendem a capturar todo o tipo e tamanho de peixe e de outras espécies de fauna aquática. O mesmo acontece com aa pesca do camarão, feita no litoral e na zona do mangal, que tem a tendência de a capturar o camarão e peixes juvenis imaturos.

No que toca a pesca artesanal comercial (uso de canoas a motor), a pressão exercida sobre os recursos está associada em parte a instalação de acampamentos de nacionais e estrangeiros nas zonas junto a zona costeira em locais estratégicos e críticos de reprodução para algumas espécies e áreas destinadas aos cultos - cerimónias culturais dos Bijagós. Constituem grandes problemas ambientais e focos de conflitos nas zonas costeiras, assim como maiores ameaças aos valores patrimoniais tradicionais e naturais. Pois estes acampamentos são frequentados maioritariamente por pescadores vindos da sub-região senegaleses, serraleoneses, ganeses, malianos e sobretudo os da guine Conacri, que podem albergar, cada um, ate mais que uma centena de pessoas por um período que podem ir até um ano, dependendo todos eles da pesca, isto é captura, fumagem, secagem e comercialização. Essa prática envolve o corte do mangal e de outros tipos de vegetação para transformação do pescado; abate de árvores de grande porte para construção de quilhas de pirogas “canoas” e outras partes de embarcações; pesca nas áreas proibidas; capturas acidentais ou dirigidas as espécies proibidas ou protegidas e ou raras etc. Em 2015 o Ministério das pescas desenvolveu as campanhas com vista a erradicação de acampamentos de pesca. Na ria de Buba e Cacine pode-se afirmar que 95% de acampamentos de pescadores foram queimados pela FISCAP.

31.2. Pesca industrial

Quanto a pesca industrial as pressões e ameaças são presentes em quase todos os países da sub-região, destacando-se entre outras operações e presenças de arrastões nas zonas reservadas à pesca artesanal, dando lugar a uma degradação e alteração dos ecossistemas costeiros e fundos marinhos; sobrepesca de espécies de alto valor comercial e capturas acessórias de espécies

ameaçadas, poluição e prática de pesca ilegal. No caso concreto da Guiné-Bissau, o alguns navios da China‚ e afretados, muitas vezes foram detetados através do VMS dentro de 12 milhas. Estes constituem uma preocupação sobre a exploração durável dos recursos pesqueiros na zona costeira.

31.3. Poluição

Ultimamente, no país, o volume dos resíduos sólidos está a aumentar de forma crescente e acompanhado com o aumento da população‚ provocados pelo alto nível do consumo e maior uso de embalagens feitas pelas indústrias. Salienta-se que os lixos sólidos e líquidos de origem doméstica constituem uma fonte de poluição costeira. Pois não existe no país nenhum sistema de tratamento dos esgotos domésticos e acabam por ser lançados nas zonas costeiras de contaminação às águas e criando problemas de saúde pública para o Homem.

Apesar do grande esforço feito no sentido da erradicação dos acampamentos, ainda continuam a persistir alguns, continuando a constituir um problema, visto que os resíduos do pescado

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transformado continuam a ser deixados junto dos rios e nas zonas costeiras. Também em muitas localidades do país continuam a existir matadouros (abate de gado) causando graves situações de poluição. A poluição é ainda mais agravada pelos navios da pesca industrial que deitam de forma desenfreada os resíduos de combustível redes danificado cabos de aço etc. Tudo isto acontece com a conivência dos observadores a bordo de navios da pesca industrial.

Com a exploração do petróleo a zona costeira da Guiné-Bissau que integra uma variedade de ecossistema marinho de alta produtividade numerosos estuários as ilhas que servem de zona de reprodução e desenvolvimento do stock marinhos de grande valor comercial (peixes cefalópodes e crustáceos) serão afectados. Convém frisar que a os problemas da exploração do petróleo não se começa só com a exploração do petróleo e o seu derrame mas após um mês de perfuração já representa uma fase de impactos agudo sobre a fauna e flora. "São descartados fluidos de perfuração, cascalhos saturados de diferentes substâncias e compostos tóxicos, incluindo metais pesados como mercúrio, cádmio, zinco e cobre", explica Guilherme Dutra, 2005.

O contacto com o petróleo cru causa efeitos gravíssimos principalmente em plantas e animais. O óleo recobre as penas e o pelo dos animais, sufoca os peixes, mata o plâncton e os pequenos crustáceos, algas e plantas na orla marítima. Nos mangues, o petróleo mata as plantas ao recobrir suas raízes, impedindo sua nutrição. Além disso, a baixa velocidade das águas e o emaranhado vegetal nesses locais dificulta a limpeza. O petróleo, embora seja um produto natural, originário da transformação de materiais orgânicos, existe apenas em grandes profundidades, entrando muito pouco em contacto com o ambiente terrestre, fluvial ou marítimo.

De uma maneira geral os riscos do petróleo podem resumir em degradação da pesca turismo agricultura floresta etc; Poluição de mares ar água doce mangais e praias; redução da segurança alimentar; aumento da pobreza (inflação erosão da sociedade tradicional e vulnerabilidade) e conflitos (interno e externo).

A boa prática consistiria em realizar uma Avaliação estratégica ambiental do sector das indústrias extractivas antes de iniciar qualquer projecto petrolífero. A avaliação estratégica ambiental é um instrumento de tomada de decisão que permite avaliar os impactos e as consequências do desenvolvimento das indústrias extractivas sobre os outros sectores da economia (agricultura, pesca, floresta, turismo, etc.) e os aspectos sociais e culturais do país (Guinea-Bissau/Senegal Joint Development Zone Environmental lmpact Statement 2010)

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32. Forcas‚ fraquezas‚ oportunidades e constrangimentos no sector das pescas

Forças Fraquezas Oportunidades Factores de constrangimentos Recrutamento de jovens quadros com elevado

nível de conhecimento sobre a problemática do sector no domínio da investigação e gestão dos recursos pesqueiros‚ com vista a dinamizar o sector das pescas;

Realização com frequência das campanhas de avaliação dos recursos pesqueiros de forma a determinar a biomassa e o potencial explorável dos recursos na ZEE da Guiné-Bissau;

uma melhoria na transparência do procedimento do pagamento das licenças de pesca industrial e artesanal

Formação contínua dos quadros do ministério das pescas;

Revisão e actualização da regulamentação das pescas;

Elaboração anual de planos de gestão dos recursos haliêuticos que garanta uma exploração sustentável dos recursos haliêuticos propondo as medidas técnicas que enquadram as malhagens, percentagens de capturas acessórias, dimensões mínimas de capturas para certas espécie potencial explorável e número e a determinação da capacidade de carga que pode suportar a ZEE.

Publicação anual de anuários da pesca industrial e a realização dos estudos socioeconómicos.

Meios de fiscalização pouco eficientes para fazer face ao combate a pesca INN. Salienta-se que esta prática é um problema serio que poderá por em perigo a durabilidade dos recursos pesqueiros

O sistema de comunicação VMS ainda não está instalado em todos navios de pesca industrial;

Dificuldades em controlar as pirogas de pesca artesanal devido a não instalação do sistema VMS;

Insuficiente utilização do sistema de navegação por GPS reduz melhorias do conhecimento sobre o sector;

Lenta capacidade de resposta as infracções na ZEE; Insuficiência de meios de navegação para cobrir toda a ZEE; A frequência internacional 2182 MHZ não está coberta; Não existe nenhuma base de dados com informações

registadas pelo registo das transmissões via rádio;

Falta de uma seção de informação especializada para além do CIPA, cujo papel seria de produzir diferentes pareceres para ajudar na tomada de decisão.

O sistema actual de recolha de informações sobre capturas é limitado, porque repousa unicamente nos relatórios dos observadores embarcados. Necessita ser repensado;

Capacidade ainda limitada para governar e gerir o uso de recursos pesqueiros de forma sustentável com vista a prevenir a sobre-exploração dos recursos;

Carência de estratégia da promoção do pessoal em certos serviços onde a chefia desses serviços é atribuída aos quadros médios em detrimento de quadros superiores, o que contribui na fraca produtividade.

O sector continua dominado por consignatários que são apenas representantes dos armadores estrangeiros.

A frota estrangeira desembarca uma ínfima parte da sua

Melhorar a segurança alimentar das populações;

Oferta de emprego;

Combate a pobreza nas comunidades ribeirinhas e não só;

Melhoramento das condições socioeconómicas do país através da contribuição do setor no PIB;

Infra-estruturas de apoio ao setor; (Nota PQ: Se não existem, não são Oportunidade)

Instalação das empresas de pesca ou de tratamento dos produtos do setor no país. (Nota PQ: Se não existem, não são Oportunidade)

Exportação dos produtos provenientes do setor pesqueiro para a sub-região e Asia;

Mudanças nas condições de acesso das frotas estrangeiras (Nota PQ: Se não existem, não são Oportunidade)

Mercados de especialização e prestação de serviços para a expansão e integração real das sociedades estrangeiras na produção e distribuição a partir da Guiné-Bissau;

Existência de um potencial mercado na sub-região e desenvolvimento florescente do sector nacional de exportação

– é uma fraqueza

Instabilidades políticas e institucionais;

Conhecimento de biologia insuficiente de grupo de espécies (peixes cefalópodes e crustáceos) de grande valor comercial de forma a propor medidas de gestão tais como o repouso biológico e a redução da capacidade de carga;

Falta de autonomia financeira por parte do FISCAP CIPA e DGPA;

Insuficiência de informação, acompanhamento e de vigilância para garantir uma gestão sustentável dos recursos haliêuticos e o desenvolvimento da pesca;

O mercado ainda contínua

tradicional e muito limitado A pesca artesanal nacional

est‚ confinada as zonas menos produtivas e às espécies de menos valor comercial

Problema de acesso ao crédito para financiamento das actividades (o acesso ao crédito continua uma condição fundamental para o desenvolvimento sustentável do sector);

Custo do combustível elevado tendo em consideração o poder de compra dos pescadores;

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Maior Controlo e a inspecção dos produtos destinados ao consumo no mercado nacional e a exportação para a Asia e a Sub-região;

Os observadores comunicam as suas posições diariamente por intermédio dos rádios dos navios de pesca

captura no porto de Bissau

Os produtos desembarcados para alimentar o mercado nacional são congelados e de fraco valor comercial;

O sector industrial é fraco criador do emprego; O sector da pesca industrial continua a ser um dos mais

embrionários (só existe uma sociedade privada implicada no sector)

Ausência de serviços de apoio a actividade de produção e comercialização (falta de infra-estruturas e factores indispensáveis‚ fraca oferta de transporte marítimo);

Insuficiência de um mercado nacional remunerador para as capturas acessórias;

Fraco nível de profissionalização e desenvolvimento técnico dos pescadores nacionais ;

Isolamento da maioria dos locais de desembarque para o pescado artesanal, devido ao mau estado das estradas;

Fraco desenvolvimento das associações profissionais sobretudo a nível dos pescadores artesnais;

Fraca capacidade institucional em matéria de planificação e de gestão de infraestruturas para a pesca artesanal;

Ausência de um sistema de seguimento das capturas que cobra todo o país;

Inexistência do regulamento sobre método de medição das dimensões dos peixes‚ cefalópodes e crustáceos;

A Integração de actividade dos pescadores estrangeiros na economia nacional continua muito limitada.

Exportações diretas para o mercado europeu são impossíveis devido a falta de inspecção sanitária.

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33. Associações, organizações privadas‚ socioprofissionais e não-governamentais do que actuam no setor

A Cooperativa Agro-pecuária de Jovens Quadros – COAJOQ, foi fundada e legalizada em 15 de Junho de 2000, pelos técnicos guineenses com formação em Agronomia, Pecuária e Floresta. É uma organização não-governamental virada à prestação de serviços as comunidades locais, em particular na agricultura, pecuária e no setor das pescas. Tem sede e estabelecimento próprio em Cantchungo (Região de Cacheu). Esta organização trabalha hoje com as comunidades piscatórias oferecendo os serviços de assistência técnica no domínio da formação e capacitação e fornecimento de gelo assim como a venda de materiais de pesca. A intervenção da COAJOQ visa a reduzir a distorção social ambiental nas comunidades locais.

Associação do desenvolvimento Integrado das Mulheres – ADIM criada em 28 de Setembro de 1995 possui um estatuto próprio e legalizada. É uma organização não-governamental e sem fins lucrativos. A referida organização conta com vários parceiros nacionais e internacionais entre os quais se destacam: AD, Aifa Palop, Divutec, Guiarroz, Nimba, Kafo, IBAP. Mani-tese Italia/EU, PNEUD, Solidariedade Socialista (Solsoc - Belgica) Step-Portugal, Instituto de Solidariedade e Cooperação Universitária (ISU).

Esta ONG contribui na melhoria da condição de vida da mulher guineense e apoia a promoção de todas as iniciativas que visam a participação activa das mulheres guineenses na tomada de decisões relativas à vida das suas comunidades. Apoia o desenvolvimento sustentavel, através de reforço tecnico material nas actividades participativas e iniciativas locais, capazes de dinamizar as estruturas socioeconomica de uma determinda comunidade e desenvolver acções comunitárias capazes de captar e manter as relações solidárias com a comunidade de base.

Esta organização intervém no domínio das pescas artesanal nomeadamente‚ na formação em novas tecnicas da pesca artesanal, fornecimento de materiais e equipamentos, introdução de tecnicas de transformação e conservação, comercialização de pescado. Salienta-se que esta organizção atua na rregião de Bafata (Sector de Contubuel)‚ região de Gabu (Sector de Sonaco e Gabu)‚ região Tombali (Quebo, Quitafine e Cubucare)‚ região de Quinara (Buba, Dar El Salam, Tite e Fulacunda)‚ região de Bolama Bijagós (Bolama, Bubaque, Orango Grande, Uno, Caravela, Uracane, Canhabaque e Unhucum‚ Centro (SAB / Bairros) e região de Biombo.

Associação dos Armadores da Pesca Artesanal é uma entidade privada cujo principal papel é defender os interesses dos armadores da pesca artesanal e das mulheres ligadas a transformação do pescado a nível nacional. Não possui nenhum gabinete de serviço central. . O presidente é um pescador e o secretário executivo é um técnico da pesca industrial. A ANAPA funciona em colaboração com as outras associações do país e realiza em Março de cada ano a assembleia geral que reúne todos os seus membros a nível nacional. A essência da reunião basea-se nas discussões sobre os problemas ligados à facilitação ou constrangimentos na obtenção de licenças de pesca e de navegação para os seus associados. Salienta-se que ANAPA foi implicada na discussão sobre o regulamento da pesca artesanal em 2011. Participou recentemente na discussão relativamente sobre o direito do acesso aos recursos do subsector da pesca artesanal em Janeiro de 2015.

Para além da ANAPA‚ o diagnóstico realizado em 2009 revelou a existência de várias outras associações de pescadores e de mulheres ligadas à transformação do pescado. Estas associações

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inicialmente criadas para canalizar a ajuda dada por diversos projectos de desenvolvimento têm dificuldade em encontrar uma vocação real sem verdadeira representatividade nem atividades específicas quando as fontes da ajuda esgotam. Esta ausência de cultura associativa das comunidades a nível de pesca artesanal levanta um problema sério para o desenvolvimento do setor. É preciso também constatar que as diversas atividades que foram realizadas ao longo dos últimos anos com objectivo de melhor organizar a profissão da pesca artesanal e promover o desenvolvimento das comunidades dos pescadores limitadas geográfica e temporalmente‚ não foram até agora divulgadas pelas estruturas de apoio local de administração que continuam por implementar ou por consolidar. O ministério das pescas deve estar a altura destes desafios e iniciar uma reflexão sobre as organizações socio profissionais do setor que só poderão tomar a forma quando as capacidades institucionais descentralizadas que representam o poder do MP forem efectivamente criadas e tornadas operacionais.

Associação Nacional das Empresas de Pesca Esta associação reagrupa uma quinzena de empresas de consignação dos navios nacionais e estrangeiros afretados na Guiné-Bissau. Possui o seu estatuto próprio‚ mas não tem escritório. As empresas inscritas nesta associação servem de intermediárias entre armadores (nacionais e estrangeiros). e as diferentes instituições. Ocupam-se das diligências administrativas necessárias à concessão ou renovação das licenças de pesca no MP e dos certificados de navegação (junto do IMPA).

Estas empresas não têm a capacidade financeira de investir no setor das pescas e estão, portanto, muito preocupadas com a exigência da aplicação, desde 1 de Janeiro de 2015…, do novo despacho conjunto que as obriga a investir em infraestruturas em terra. num prazo de 2 anos. A ANEP disse que não foi implicada na negociação das condições do acesso às diferentes pescarias em 2015.

34. Estratégia e políticas em curso

34.1. Plano estratégico do desenvolvimento do sector das pescas

O plano estratégico de desenvolvimento do setor das pescas é um instrumento que visa assegurar a coerência global das ações no setor e definir as contribuições de cada uma das suas componentes, uma vez que, é considerado de muita importância na estratégia nacional da luta contra a pobreza e na segurança alimentar e estratégico no plano geral de desenvolvimento do país, tendo em conta a sua contribuição para as receitas fiscais e obtenção de divisas, caso a exploração económica e ambiental dos recursos marinhos for sustentável. Pois em termos de beneficiários, este abrange toda a população, quer direta, uma vez que pode criar novas oportunidades de emprego e aumento do abastecimento do mercado nacional com o pescado, quer indiretamente, através de maior contribuição da pesca industrial e artesanal em melhoria de condições socioeconómicas do país.

O plano inclui diversas orientações para o desenvolvimento do setor:

Exploração sustentável dos recursos haliêuticos; Investigação haliêutica; Gestão de acordos de pesca e cooperação internacional; Melhorar administração pública do setor, Elaboração da legislação pesqueira; Capacitação dos recursos humanos;

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Gestão dos recursos; Inspeção do pescado; Controlo de qualidade do produto da pescas Promover o desenvolvimento da pesca artesanal; Promoção do desenvolvimento da pesca industrial; Melhorar a fiscalização; Produção de informação haliêutica;

34.2. Implementação da gestão transparente

O Ministério das Pescas, para por face aos desafios sobre o ecossistema marinho e os problemas do setor adoptou em 2014 um organigrama inovador‚ com vista a reestruturar e redimensionar os órgãos e serviços tornando-os mais operacionais e eficazes. É nesta perspectiva que foi criado o Conselho Nacional das Pescas‚ órgão consultivo que compete assegurar o diálogo e colaboração com as entidades e organizações nacionais interessadas no desenvolvimento socioeconómico do sector das pescas; emitir pareceres e recomendações sobre a política e as estratégias nacionais do desenvolvimento das pescas e pronunciar-se sobre qualquer assunto que o membro do governo responsável pelo setor das pescas entenda submeter a sua apreciação. Salienta-se que a sua composição‚ competências e normas de funcionamento serão definidas por regulamento interno próprio por despacho do membro do governo responsável pelo setor das pescas.

34.2.1. Responsáveisabilizacao de todos os actores pela implementação da estratégia da gestão transparente

A estratégia do desenvolvimento das pescas toma em consideração que as pesca não só como uma actividade da responsabilidade do governo mas também, de uma organização específica ou de grupo de indivíduos. A implementação da presente estratégia de gestão transparente é, portanto, da responsabilidade de todos os actores. E todos devem trabalhar sem nenhuma distinção de grupos sociais, de género, de crenças religiosas ou de convicções políticas. Pressupõe um conjunto de acções harmonizadas numa atitude de divisão de responsabilidades.

Apesar de ainda não existir a composição e as competências do CNP‚ é óbvio que o ministério das pescas vai coordenar todas as acções relacionadas com a pesca e assumirá o papel do líder neste processo. Cabe as organizações da sociedade civil e outras organizações, de grupos comunitários, aos cidadãos ao nível individual, com a participação das Agências Internacionais de Desenvolvimento, o comprometimento de prosseguir com a implementação da estratégia de modo a permitir uma maior obtenção de informações sobre o setor. A materialização de uma gestão transparente dependerá do empenho e do comprometimento dos diversos sectores de actividade, de parcerias, de colaboração e de uma visão comum, com vista ao desenvolvimento sustentável do país.

A execução da Estratégia será materializada por um trabalho que será elaborado pelos envolvidos no processo num horizonte temporal. A execução de recursos materiais e financeiros para a implementação das reuniões‚ será também o tema de um debate e caberá o MP mobilizar os fundos e propor a sua afectação.

A materialização da estratégia da gestão transparente, só será possível com a participação de todos os interessados: setores público e privado, instituições de pesquisa, sociedade civil, e as comunidades.

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34.2.2. Papel do Ministério das Pescas

Através da estratégia que visa o Governo a estabelecer, não só a sua visão e liderança sobre o processo, como também o quadro institucional dentro do qual as parcerias e colaboração entre as partes interessadas poderão ser bem-sucedidas. As responsabilidades do Governo quanto ao desenvolvimento sustentável no país incluem o estabelecimento de políticas, normas, instituições e programas que assegurem um caminho visando a implantação de uma cultura para uma correcta gestão e uso sustentável dos recursos disponíveis, bem como o desempenho de funções de planificação, desenvolvimento de políticas, monitoramento, regulação e controle. Um primeiro passo no sentido de operacionalizar a presente estratégia será de elaborar o plano da implementação, com a participação de todos os atores envolvidos no CNP.

34.2.3. Papel do Sector Privado

O sector privado, cujo papel é contribuir no crescimento económico nacional vem assumindo um papel de relevo e, para além de utilizar a pesca como fonte de riquezas particulares, é deve ser chamado a participar na gestão dos recursos pesqueiros‚ de forma activa e consequente‚ e comparticipando nos esforços de exploração transparente e sustentável dos recursos pesqueiros.

34.2.4. Papel da Sociedade Civil

A sociedade civil através do conhecimento sobre os padrões da utilização dos recursos poderá contribuir em melhorar a utilização e a gestão transparente dos recursos pesqueiros na sua forma científica e tradicional e também poderá encorajar e reforçar a capacidade das comunidades em respeitar os acordos de gestão dos recursos nomeadamente as regras de pesca segundo a lei geral das pescas e o regulamento da pesca artesanal. De forma a dar as melhores orientações as comunidades em geral‚ delegando-lhes, através dos projectos locais em curso no país‚ poder administrativo, assim como facilitar a estreita colaboração entre as estruturas formais e informais, com particular enfoque para as ONG’s e Agências Internacionais de Desenvolvimento. As mulheres, sobretudo ao nível das comunidades rurais, desempenham um papel fundamental no uso sustentável de recursos pesqueiro. Sendo, por isso, importante para elas a transmissão das técnicas de um melhor uso.

Para além do seu papel de interventores directos enquanto complementares do Estado a nível das comunidades, as organizações da sociedade civil devem ter acesso as informações não apenas através dos relatórios de avaliações sobre os recursos pesqueiros e dos resultados da fiscalização periódica, como também serem representados nas instancias de concertação e de acompanhamento das actividades de pesca, a fim de melhor estarem em condições de exercerem influencias sobre os actores envolvidos no sector, contribuindo assim para melhorar a utilização de regras de boas praticas na gestão da exploração dos recursos marinhos, e o grau de transparência nesse processo.

34.2.5. Monitoramento dos recursos pesqueiros

A nova dinâmica criada através do funcionamento do CNP, tendente a promover o desenvolvimento económico e o bem-estar da população em geral, irá propiciar, certamente, mais actividades e mais pressão sobre os recursos pesqueiros. Deste facto, decorre a necessidade do estabelecimento de mecanismos apropriados de fiscalização marítima e monitorização do estado da exploração através dos resultados das campanhas de avaliação dos recursos pesqueiros na ZEE e nas zonas costeiras. Assim, com os estudos científicos que estão a serem desenvolvidos e os que

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devem ser implementados‚ utilizando os indicadores ambientais (quantitativos e qualitativos) utilizados nos relatórios dos estudos sobre os estados dos recursos. Os resultados destas avaliações serão elaborados e publicados periodicamente para orientar a revisão das abordagens sectoriais.

Os conhecimentos resultantes do processo da monitorização permanente constituirão‚ assim, um instrumento valioso para orientar o uso sustentável dos recursos, bem como desempenhar um papel crucial na definição de prioridades de desenvolvimento e contínua salvaguarda das opções dos Planos Estratégicos que vêm sendo concebidos ao nível nacional. Paralelamente, as alterações ambientais provocadas pelo processo de desenvolvimento conduzido no país, serão monitoradas à luz dos Indicadores de Desenvolvimento Sustentável.

34.2.7. Situação atual da implementacao da gestao transparente…

Fraca informação sobre os estados dos recursos pesqueiros em geral Fraca circulação e troca de informação sobre o funcionamento do setor Deficiente divulgação da informação; Fraca capacidade e iniciativas para reverter a situação;

34.2.9. Estratégias para o monitoramento

Equipar a sala de reunião do Ministério das pescas com documentos sobre a administração e gestão das pescas, que sirva de repositório dos estudos sobre os recursos pesqueiros do país, apoiado por um banco de dados informáticos;

Criação de uma Rede nacional de Informação sobre o setor, ligando as instituições governamentais e não-governamentais.

Efectivação de acesso aos documentos e informações sobre a gestão e administração do setor (planos de gestão‚ número de licenças de pesca e acordos de pesca)

Tornar operacional e funcional o Conselho Nacional das Pescas‚ órgão no qual se deve integrar a sociedade civil.

Segundo o organigrama do Ministério das Pescas‚ o sector da sociedade civil faz parte do órgão integrante do Conselho Nacional das Pescas. De entre os representantes da sociedade civil, a Rede temática do chamado Grupo de Trabalho sobre o Petróleo e Indústrias Extrativas (GTPIE) preenche o perfil para tomar parte também nesse Conselho, por estar vocacionado nas temáticas de influencia de medidas de politicas e das boas praticas e transparência sobre a exploração dos recursos naturais incluindo as pescas.

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35. Conclusões sobre exploração dos recursos na ZEE da Guiné-Bissau

A actividade de pesca na ZEE da Guiné-Bissau é empreendida quase exclusivamente por navios estrangeiros. Este segmento de atividades de pesca é composta por navios arrastões de crustáceos‚ cefalópodes‚ demersais e pelágicos. Neste trabalho não foram evidenciados os dados da frota atuneira por causa da sua natureza migratória e que está sendo avaliado em reuniões da ICCAT.

No entanto a partir das informações obtidas na avaliação das campanhas de recursos demersais, concluiu-se que houve uma diminuição significativa nos grupos de peixes comerciais em torno de 25% e cerca de 40% no caso dos cefalópodes. Este declínio é atribuído não só a pressão por pesca, mas também dos seus ciclos biológicos curtos que influenciam em grande parte na mudança de abundâncias. Em relação aos crustáceos registou-se uma melhoria significativa de abundancias.

Segundo os dados das capturas registadas ao logo do período que vai de 2007 a 2015 pode-se observar que estas pescarias (peixes e cefalópodes) estão sob grande mortalidade por pressão da pesca e poderão encontrar-se futuramente numa situação delicada caso não forem tomadas as providencias necessárias para inverter as tendências. De 2007 a 2015‚ tem havido um aumento constante das capturas totais (t), sendo este aumento mais acentuado nos últimos dois anos.

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 20150

20406080

100120140

Captura total

Capu

tra

(tn

em m

il)

Com base nestes resultados e sempre sob o princípio da precaução, seria aconselhável reduzir os valores de mortalidade por pesca, através de: 1. Redução das unidades de pesca: A falta de avaliações analíticas torna difícil determinar os

valores de esforço ideal para fornecer a próxima captura de rendimento especialmente sustentável. Tais recomendações que poderiam fazer-se a esse respeito seriam de tipo mais qualitativa e sempre a partir de uma base de dados pormenorizada, corrigida e actualizada.

2. Paragens espaciais são outra ferramenta para reduzir a mortalidade por pesca. Fechos espaciais são muito importantes quando há informações disponíveis sobre as áreas de recrutamento ou conjunto de espécies. Atualmente estas informações não estão disponíveis nestas áreas de pesca‚ e também está ligado a um grande número de espécies‚ o que complicaria ainda mais a sua determinação. Neste sentido, o trabalho que está a ser realizado no projeto Rias do Sul‚ pode proporcionar uma informação de grande importância devido à função que exerce nos rios e estuários.

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Paragens temporais: este tipo de paragens, também conhecidas como períodos de repouso biológico, são amplamente utilizadas e, talvez, uma das medidas mais adequadas do momento. Determinar o período mais adequado e considerando que estão envolvidas diferentes pescas, requer uma análise detalhada das estatísticas de pesca (dependente da disponibilidade de base de dados), bem como as informações biológicas disponíveis das espécies principais. Face ao exposto o Comité Científico Conjunto (CCC) ainda não está em disposição de identificar o espaço temporal de repouso biológico.

O Acordo de pesca com a União Europeia é o mais importante e contempla uma contribuição financeira de 9 200 000 €, por ano‚ dos quais 3 000 000 € estão destinados, única e exclusivamente, ao desenvolvimento do setor das pescas. A cooperação científica, prevista no acordo, traz consigo a possibilidade de dinamizar o setor.

Para o cumprimento dos planos de gestão dos recursos pesqueiros e plano estratégico do desenvolvimento das pescas, assim como das bases legais dos acordos, deveria haver uma maior articulação entre os diferentes pilares do sistema de gestão que garantam a efetividade do mesmo tais como fiscalização e investigação.

Na licença de pesca artesanal não figura a delimitação geográfica e nem a informação sobre a sinalização da áreas protegidas. Este facto continua a ser um constrangimento que deve ser removido na actividade pesqueira de forma a evitar as reclamações constantes apresentadas pelos pescador pois são vais vezes apreendidas indevidamente. A Direção da Pesca artesanal carece de mecanismos do controlo da actividade da pesca artesanal estrangeira da empresa CONAPESCA que opera na ria de Cacine que constitui uma actividade de elevada pressão sobre os recursos pesqueiros.

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36. Recomendações

Proporcionar a disponibilização de informações sobre o setor das pescas nomeadamente da gestão dos recursos pesqueiros para a sociedade civil;

Promoção, edição, e publicação de resultados de trabalhos ligados a gestão dos recursos pesqueiros;

Reforçar os meios de fiscalização para permitir o sector das pescas e a FISCAP controlar as actividades da pesca industrial a nível da ZEE da Guiné-Bissau (sistema de radar e navios de guarda costeira) e alargar ao sistema VMS para os navios da pesca artesanal;

Intervir junto dos pescadores e das comunidades costeiras no sentido de apropriarem-se de instrumentos com regras de boas práticas a fim de favorecerem mudança de atitudes em relação a questões da gestão dos recursos e de desenvolvimento sustentável;

Inclusão das entidades estatais e socioprofissionais de pesca nas regiões como beneficiários de parte de receitas provenientes das cobranças de multas de pesca ilegal;

Reforçar a participação dos governos regionais e das organizações da sociedade civil e representantes de pescadores locais nas instancias de tomadas de decisão sobre emissão de licenças de pesca artesanal;

Reforçar os mecanismos que garantam maior transparência na gestão de receitas provenientes das licenças de pesca, nomeadamente a publicação anual, pela DGPI e DGPA, das receitas e despesas realizadas com esses fundos;

Envolver as organizações dos pescadores e as OSC que intervêm em cada região pesqueira nas sessões de apresentação dos resultados de avaliação dos recursos pesqueiros na ZEE;

Tornar funcional o Conselho Nacional das Pescas de modo a permitir que os apoios destinados ao desenvolvimento ao sector das pescas tenham um impacto nas comunidades piscatórias e facilitara implementação de orientações existentes com vista materialização dos planos através dos projectos e programas;

O Ministério das Pescas juntamente com o IBAP devem continuar a desenvolver sinergias de modo a facilitar a actividade pesqueira nas áreas protegidas através de sinalização das mesmas;

Dar a maior autonomia ao serviço de seguimento e monotorização de navios na ZEE e liga-lo directamente ao Coordenador da FISCAP;

Implementar o período do repouso biológico na pesca industrial;

Encorajar a participação dos cidadãos no fornecimento de informações sobre infractores de regras de pesca sustentável através da inclusão na regulamentação do direito a proteção dos denunciantes e da sua premiação por cada ação de denúncia;

Elaborar um plano de gestão nacional para a pesca artesanal;

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Ao Estado para definir, de forma concreta, as propostas alternativas a fim de proteger a biomassa a longo termo atraves de uma das seguintes opcoes: Ou reduzir o nº de embarcacoes por ano; Ou decidir pela concessao de licencas segundo o sistema de paragens espaciais

(interdicao de pesca em determinadas zonas em certos periodos do ano) ou paragens temporais ou espaciais.

O Governo deve criar infraestruturas de base que possam permitir o desenvolvimento do sector das pescas;

Nas licenças de pesca artesanal e industrial, o Governo deve incluir obrigações às empresas de desembarcarem o pescado nos locais devidamente determinados, nos termos das leis nacionais;

O Ministério das pescas através da direcção Geral da Pesca Artesanal deve monitorar as atividades da pesca artesanal estrangeira e da empresa CONAPESCA localizada na ria de Cacine tendo em consideração elevada pressão que está a ser exercida sobre a espécie “djoto”.

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36. Bibliografias Consultadas

1. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2015. Plano de Gestão dos Recursos Pesqueiros‚ pp. 2. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2010. Relatório do Comité científico RGB/EU para o período de 2007 a

2011‚ pp. 3. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2016. Relatório do Comité científico RGB/EU para o período de 2014 a

2017. 4. UICN (Guiné-Bissau).‚ 2015. Relatório Anual do Projeto Rias do Sul “3º ano.5. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2015. Plano das Pescas. pp 6. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2011. Relatório do Inquérito Socioeconómico sobre a pesca artesanal

na Guiné-Bissau. Pp7. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2011. Relatório do Inquérito Socioeconómico sobre a pesca artesanal

na Guiné-Bissau. Pp8. Ministério das Pescas.‚ (2011-2021). Plano Estratégico de Desenvolvimento das Pescas da

Guiné-Bissau. Pp 9. Acordo de parceria entre a União Europeia e República da Guiné-Bissau para o período de 14

Outubro de 2014 a 14 de Outubro de 2017.10. IBAP (Guiné-Bissau).‚ (2015.2020). Estratégia o Plano de Ação para a

Biodiversidade‚ Junho‚ pp. 156.11. PRAO (Guiné-Bissau).12. Ministério das Pescas (Guiné-Bissau).‚ 2006. Lei Geral das Pescas da República da Guiné-

Bissau‚ pp. 33.13. DGPA (Guiné-Bissau).‚ 2014. Condições do Acesso aos Recursos Pesqueiros da Pesca

Artesanal. Pp. 5.14. DGPI (Guiné-Bissau).‚ 2014. Condições do Acesso aos Recursos Pesqueiros da Pesca Artesanal15. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2015. Base de Dados das Capturas da Pesca Industrial.16. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2013. Síntese Bibliográfico dos Estudos Realizados no Rio Grande de

Buba‚ pp. 20.17. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2013. Síntese Bibliográfico dos Estudos Realizados no Rio Cacine‚ pp 2118. CIPA (Guiné-Bissau).‚ 2014. Diagnóstico na Pesca Artesanal nas rias de (Cacheu‚ Buba e

Cacine)‚ pp. 49.19. Jumpe. T.J.R.‚ 2008. Avaliação dos Recursos de Crustáceos (P. Longirostris, P. notialis e A.

varidens) na Guiné-Bissau‚ pp. 90. 20. PRAO (Guiné-Bissau).‚ 2015. Diagnóstico do quadro político-legal e regulamentar sobre a

utilização dos recursos haliêuticos na Guiné-Bissau. pp. 102.21. Gonzalez‚ M. J.‚ 2015. Análise da Cadeia de Valor dos Principais Produtos da Pesca na Guiné-

Bissau. pp. 117;22. Airaud, F, (Guiné-Bissau), 2015. Relatório da Avaliação da Governanca Ambiental na Guiné-

Bissau: pp. 90 e 93.

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ANEXO

Encontros realizados durante as missões efectuadas

Bissau:

Encontro com o Diretor geral da Pesca Artesanal e o seu Estaf (director do serviço de licenciamento e o da pesca continental);

Encontro com o Coordenador da FISCAP; Encontro com o Diretor do CIPA; Encontro com o Vice presidente da ANAPA; Encontro com o Diretor Geral da Pesca Industrial; ONG ADIM.

Região de Quinara:

1. Encontro com a Governadora da Região de Quinara2. Encontro com o Secretario Regional de Quinara3. Encontro com a Federação dos Pescadores do Rio Grande de Buba4. Encontro com a Associação de Mulheres transformadoras de pescado “Bubacalhau”

Região de Tombali

1. Administrador do Setor de Cacine;2. Delegado Regional das Pescas;3. Diretor do Centro de Pesca Artesanal;4. Base da FISCAP em Cacine;5. Associação dos pescadores e mulheres transformadoras e bideiras.

Rio Cacheu

1. Administrador do Setor de Cacheu;2. Delegado Regional das Pescas;3. Diretor do Parque Natural dos Tarrafes de Cacheu;4. Base da FISCAP em Cacheu;5. Associação dos pescadores e mulheres transformadoras e bideiras.

Região de Bolama Bijagós

1. Membro de associação de Bubaque;2. Vice-presidente de Associação dos Pescadores de Arquipélago de Bubaque;3. Autoridade Administrativa;4. Elemento de Base da FISCAP em Bubaque;5. Associação das Mulheres Transformadoras e bideiras.

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