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0 JAEME GONÇALVES DOS SANTOS LUANA DE ASSIS RELATÓRIO TÉCNICO PRMIEIRO SEMINÁRIO DE BOAS PRÁTICAS EM PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA PÚBLICA

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JAEME GONÇALVES DOS SANTOSLUANA DE ASSIS

RELATÓRIO TÉCNICOPRMIEIRO SEMINÁRIO DE BOAS PRÁTICAS EM PLANEJAMENTO E

GOVERNANÇA PÚBLICA

CURITIBAMARÇO /2016

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JAEME GONÇALVES DOS SANTOSLUANA DE ASSIS

PRIMEIRO SEMINÁRIO DE BOAS PRÁTICAS EM PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA PÚBLICA

PALESTRANTE: Enf ª. Mª. Denise Jorge Munhoz da Rocha

Relatório técnico referente ao Primeiro Seminário de Boas Práticas em Planejamento e Governança Pública, apresentado ao Programa de Pós-Graduação – Mestrado Profissional em Planejamento e Governança Pública (PPGPGP) da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), como requisito para validação de créditos parciais à obtenção do Título de Mestre em Planejamento e Governança Pública.

Orientador(es): Prof. Dr. Christian Luiz da Silva e Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento

CURITIBAMARÇO/2016

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SUMÁRIO

1.METODOLOGIA, ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO EVENTO.................................................................................................... 3 2. CURRICULUM VITAE DO PALESTRANTE.......................................... 73. INTRODUÇÃO....................................................................................... 94. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA.............................................................. 145. MÉTODOS/INSTRUMENTOS IMPLEMENTADOS............................... 156. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS........................................................ 177. LIMITES E PROPOSTAS DE MELHORIA ............................................ 198. PERGUNTAS E RESPOSTAS .............................................................. 219.ANEXOS................................................................................................... 24

ANEXO A. LISTA DE PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO ....................... 24ANEXO B. DIVULGAÇÃO DO EVENTO.................................................... 30ANEXO C. AUTORIZAÇÃO DE DIVULGAÇÃO – PALESTRANTE........... 33ANEXO D SLIDES DA PALESTRA............................................................ 34ANEXO E. FOTOS...................................................................................... 57ANEXO F. APROVAÇÃO PELO (S) ORIENTADOR (ES )......................... 61

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1. METODOLOGIA, ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO EVENTO

O Primeiro Seminário de Boas Práticas em Planejamento e Governança

Pública foi uma proposta da turma de Mestrado Profissional em Planejamento e

Governança Pública (ano 2015) a fim de expandir o trabalho que era realizado

até então no programa, para a obtenção dos créditos obrigatórios pelos alunos

mestrandos. A intenção era ampliar a discussão dos temas que eram trazidos

pelos gestores públicos, de forma a envolver não só os alunos do curso, mas

também demais professores, alunos, gestores e toda a comunidade

interessada no tema da gestão pública.

Assim, substitui-se o modelo anterior, em que os gestores/palestrantes

eram convidados a ministrar uma palestra e uma discussão em sala de aula

para o modelo de Seminário, com participação de toda a comunidade

acadêmica e profissional. Além da oportunidade de experiência e crescimento

acadêmico para os alunos, também se apresentou a possibilidade de maior

divulgação do programa.

No início do terceiro quadrimestre de 2015, uma comissão foi elaborada

para coordenar as atividades e estabelecer as diretrizes com os demais

mestrandos. Inicialmente os alunos organizaram-se em duplas. Após, a tarefa

era pensar em gestores atuantes e com ampla experiência em diversas áreas

da gestão pública, de forma que fosse possível a representação de cada área.

Cada dupla ficou responsável em entrar em contato com o gestor/palestrante

de interesse, informar ao mesmo qual era o objetivo do Seminário e solicitar a

sua contribuição. Posteriormente esse contato inicial, a presidente da comissão

estabeleceu a comunicação com os palestrantes, quando necessário.

Os assuntos operacionais (estrutura e organização do evento), bem

como a definição dos temas e palestrantes do Seminário, eram tratados

primeiramente pela comissão e após, com os demais alunos mestrandos via e-

mail, para finalizações. Uma página do evento também foi realizada a fim de

facilitar a disponibilização de informações e também as inscrições dos

participantes.

No início de janeiro de 2016 o projeto do Seminário foi atualizado pela

presidente da comissão, bem como o cronograma para a realização do mesmo.

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ATIVIDADE RESPONSÁVEL PRAZO1 Envio de convites oficiais aos palestrantes KELLY/ANTONIO2 Confirmação 1º rodada Palestrantes KELLY3 Finalização Logo Evento AMANDA 20/01/20164 Deliberação e envio convite para Novos

PalestrantesKELLY/ANTONIO

5 Projeto Estruturado com palestrantes definidos KELLY 20/01/20166 Site Finalizado para inscrições / páginas de

divulgaçãoARION/LEANDRO 26/01/2015

7 Arquivo de banner enviado à gráfica para impressões

ANTONIO 28/01/2016

8 Projeto Gravação/Eventos Finalizado ELZIMAR 29/01/20169 Projeto Divulgação Finalizado LUANA 29/01/201610 Projeto Coffe Break INICIAL VINICIUS/AMANDA 29/01/201611 Inscrições ARION/LEANDRO 01/02 à

29/02/201612 Divulgação site PGP e da UTFPR ARION LEANDRO 01/02/201613 Envio para Assessoria Comunicação Institucional ELZIMAR 01/02/201614 Afixação de Cartazes UTFPR MESTRANDOS 01/02/201615 Afixação de Cartazes Outras Instituições MESTRANDOS 01/02/201616 Envio de convites autoridades em geral MESTRANDOS 05/02/201617 Confirmação inscrições ARION/LEANDRO 01/03/201618 Projeto de Organização específica evento ELZIMAR 10/03/201619 Pastas, bloco, impressão programação, canetas ELZIMAR 10/03/201620 Impressão certificados para palestrantes ANTONIO 10/03/201621 Fiscais de presença no evento ARIANE/HELOISA 16/03/201622 EVENTO 16/03 à

18/03/201623 Preparação dos certificados para disponibilização

on lineARION/LEANDRO 21/03/2016

24 Disponibilização no site dos certificados ARION/LEANDRO 21/03/201625 Entrega do relatório Boas Práticas MESTRANDOS 18/04/2016

A partir do mês de fevereiro de 2016 iniciaram-se os trabalhos de

divulgação. Uma página do evento foi criada no facebook. Um projeto de

divulgação foi realizado, conforme previsão no projeto encaminhado em janeiro

de 2016, que foi entregue em 25 de janeiro de 2016. Uma reunião foi realizada

no dia 15 de fevereiro de 2016 e foram distribuídos cartazes do evento aos

mestrandos para que os mesmos afixassem em órgãos públicos e instituições

de ensino. Realizou-se um registro de quais organizações cada mestrando faria

a divulgação a fim de que não houvesse duplicidade. Também foi

disponibilizada, no início de fevereiro, a arte do banner com a divulgação do

Seminário, que poderia ser postada em páginas de internet de organizações

que aceitassem auxiliar na divulgação do evento. Complexo Hospital de

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Clínicas da Universidade Federal do Paraná e Faculdades Santa Cruz foram

algumas das instituições que auxiliaram na divulgação do Seminário em seus

sites.

No dia 12 de março de 2016 uma última reunião foi realizada, com a

presença de todos os mestrandos, para ajustes finais e para distribuição das

atividades do Seminário entre os alunos.

DIA 16/03/2016 (Quarta-feira) Responsáveis

Horário Painel Ação

Das 08h as 8h30h Credenciamento Meninas PET + Tanaka + Teixeira + Arion + Rogério + Amanda

08h30h às 09h Abertura Oficial Reitoria UTFPR Vinicius G. responsável por lotação

09h às 10h

Gislene Pereira – Planejamento e Desenvolvimento Urbano na atualidade: estratégias e alternativas

Cerimonialista: JuniorAuxilio de Mesa: Dayane

10h às 10h15 Debates e perguntas Microfone: Vinicius M.

10h15 às 10h20 Intervalo Amanda responsável pela fiscalização do café

10h20 às 11h10h Artur Silva Coelho – Fomento e Sistema Financeiro Nacional Presidente de Mesa: Professor Antonio

11h10 às 11h30 Debates e perguntas

DIA 17/03/2016 (Quinta-feira) ResponsáveisHorário Painel Ação

Das 08h as 8h15h Listas Presença Tanaka + Teixeira + Arion + Dayane + Jaeme

08h15 às 09hZaki Akel Sobrinho  - Políticas Públicas no Ensino Superior Brasileiro

Cerimonialista: LuanaAuxilio de Mesa: Jaeme

Vinicius G. responsável por lotação.

09h às 09h15 Debates e Perguntas Microfone: Rogério

09h15 às 10h Richer de Andrade Matos – Atuação da Fomento Paraná Presidente de Mesa: Professora Ana

10h às 10h15 Debate e perguntas

10h15 às 10h30 Intervalo Amanda responsável pela organização do café

10h30 às 11h20 Ricardo Mugnol – Trilhas de Auditoria de Pessoal

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11h20 às 11h35 Debates e perguntas

DIA 18/03/2016 (Sexta-feira - Manhã) ResponsáveisHorário Painel Ação

Das 08h30 as 9h Listas de presença Tanaka + Teixeira + Arion + Dayane + Vinicius M.

09h às 09h50Hemerson Bertassoni – A contribuição da polícia científica para a segurança pública no PR

Cerimonialista: Amanda (Junior reserva)Auxilio de mesa: Teixeira

09h50 às 10h15 Debates e Perguntas Microfone: Vinicius G.

10h15 às 10h30 Intervalo Presidente de Mesa: Professor Ivan

10h30 às 11h20Denise Jorge Munhoz da Rocha – Políticas de Segurança do Paciente em hospitais públicos

11h20 as 11h45 Debates e Perguntas

DIA 18/03/2016 (Sexta-feira - Tarde) ResponsáveisHorário Painel Ação

Das 13h as 13h30 Listas de presença Tanaka + Teixeira + Arion + Dayane + Junior

13h30 às 14h20José Anacleto Abduch - Gestão Urbana Sustentável: a sustentab. do desenvolvim. local e regional

Cerimonialista: MárcioAuxilio de mesa: Vinicius M.

14h20 às 14h45 Debates e Perguntas Microfone: Junior

14h45 às 15h Intervalo Presidente de Mesa: Professora Simone

15h as 15h50 Marlos Augusto Melek – Inovações da Gestão Pública

15h50 as 16h15 Debates e Perguntas

16h15 as 17h Intervalo

17h às 17h50 Osmar Dias – As políticas públicas em agronegócios na atualidade

17h50 às 18h15 Debates e Encerramento do Evento Encerramento do Evento: Antonio G.Emissão de certificados: Arion

Durante o evento, cada dupla ficou responsável pela recepção de seu

palestrante. Todos os mestrandos auxiliaram nas atividades operacionais do

dia, mesmo sem a definição formal, anteriormente estabelecida.

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2. CURRICULUM VITAE DO PALESTRANTE

Denise Jorge Munhoz da Rocha

Chefe do Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente e

gerente de riscos do Hospital Sentinela do Complexo Hospital de Clínicas da

Universidade Federal do Paraná e Avaliadora líder da Organização Nacional de

Acreditação.

Endereço para acessar CV Lattes:

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4703653Y2

Denise Jorge Munhoz da Rocha possui graduação em Enfermagem e

Obstetrícia, com o título Licenciatura em Enfermagem pela Pontifícia

Universidade Católica do Paraná. É mestre em Enfermagem pelo Programa de

Pós-Graduação em Enfermagem - Mestrado Profissional da Universidade

Federal do Paraná, especialista em Qualidade em Saúde e Segurança do

Paciente pela Fundação Oswaldo Cruz e especialista em Controle de Infecção

Hospitalar pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Atualmente é Chefe

do Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente e Gerente de

Riscos do Hospital Sentinela do Complexo Hospital de Clínicas da

Universidade Federal do Paraná. É avaliadora líder da Organização Nacional

de Acreditação. Tem experiência na área de Enfermagem, com ênfase em

Gestão da Qualidade e Gerenciamento de Riscos Assistenciais.

Segue a trajetória da atuação profissional da Enfª. Mª. Denise Jorge

Munhoz da Rocha:

- 1987-1988 Enfermeira no Hospital de Olhos do Paraná;

- 1991-1993 Chefe Geral de Enfermagem e Membro da Comissão de Controle

de Infecção Hospitalar da Clínica e Maternidade Nossa Senhora do Rosário;

- 1993-1994 Enfermeira na Clínica Heidelberg;

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- 1994-1994 Enfermeira Assistencial no Serviço de Pediatria do Hospital Nossa

Senhora das Graças;

- 1994-1996 Enfermeira Assistencial do Serviço de Emergência Clínica do

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná;

- 1996-1998 Enfermeira Assistencial do Alojamento Conjunto do Hospital de

Clínicas da Universidade Federal do Paraná;

- 1998-2000 Enfermeira Chefe do Pronto Atendimento Tocoginecológico do

Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná;

- 2001-2002   Coordenadora de Enfermagem da Maternidade Victor Ferreira do

Amaral do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná;

- 2002-2003 Enfermeira Chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de

Clínicas da Universidade Federal do Paraná;

- 2003-2009   Enfermeira Chefe do Pronto Atendimento Adulto do Hospital de

Clínicas da Universidade Federal do Paraná;

- 2010-atual Enfermeira da Assessoria de Gestão da Qualidade/Setor de

Vigilância e Segurança do Paciente do Complexo Hospital de Clínicas da

Universidade Federal do Paraná.

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3. INTRODUÇÃO

Para a reflexão da realização de boas práticas em planejamento e

governança na área da saúde pública, o Seminário apresentou o tema de

Políticas de Segurança do Paciente em Hospitais Públicos. A palestra foi

ministrada pela Enfª. Mª. Denise Jorge Munhoz da Rocha que trouxe

considerações do assunto em âmbito nacional e internacional; além de

compartilhar a experiência do Complexo Hospital de Clinicas da Universidade

Federal do Paraná, para a implantação de seus trabalhos nessa área.

A palestrante Enfª. Mª. Denise Jorge Munhoz da Rocha iniciou sua

explanação ressaltando a importância da inclusão do tema no Seminário, tendo

em vista que a gestão da saúde pública, bem como a promoção de políticas

para o bem-estar e segurança da população, ainda é muito pouco pensada e

debatida. A oportunidade dessa discussão em eventos como esse é um dos

passos iniciais para o amadurecimento das reflexões e ações para a saúde

pública. Como cidadãos, todos têm o dever de preocupar-se com essa

questão.

Devido à diversidade do perfil do público presente, não específico para a

área de saúde, a palestrante explicou o que é segurança do paciente em

hospitais públicos. Para sua compreensão, menciona o histórico. Apesar de ser

uma preocupação antiga (Hipócrates em 4 a.c já ensinava que “primeiro, não

causar dano”) a Segurança do Paciente é um segmento novo dentro da gestão

pública. Com o surgimento de várias situações desconfortáveis e prejudiciais

aos usuários dos sistemas de saúde de diversos países verificou-se a

necessidade de repensar o modelo que até então era praticado. Além do

incremento da legislação era necessária uma quebra de paradigmas e uma

mudança de cultura, tanto dos profissionais quanto da sociedade, a fim de

cuidar dos cidadãos através de uma assistência segura.

Para exemplificar o cenário que não poderia mais ser mantido, diversas

publicações da mídia foram mostradas referente a erros médicos, danos a

pacientes e indenizações emitidas pela Justiça. Cita-se um erro de

administração de medicação (aplicação de uma dose 1000 vezes maior que a

correta), óbitos de bebês por quedas ou aborto errôneo e o caso da

administração de vaselina ao invés de soro em uma criança, ocasionando a

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sua morte. Os fatos ocorreram tanto no Brasil como em países desenvolvidos.

Esse foi um alerta muito importante: a Segurança do Paciente é um problema

mundial. Muitas pessoas ainda imaginam que só aqui no Brasil é que existem

adversidades relacionadas ao atendimento das pessoas e que em países

desenvolvimentos, a assistência é muito mais segura. Desde 1974, vários

estudos internacionais foram realizados quanto aos erros adversos (ou também

chamados de danos) na assistência. Na Suécia, por exemplo, verificou-se que

70% dos erros realizados eram evitáveis. Ou seja, é uma questão séria, global,

que exige atuação dos órgãos internacionais e nacionais para a sua mitigação

e preservação da saúde e vida da população.

Há então, um panorama da mídia, que repercute os erros ocorridos nas

instituições de saúde, mas há também um panorama de evidências científicas

comprovando que realmente há um grave problema na assistência.

Percebe-se que antigamente, a assistência era simples, muitas vezes

não curava (apenas tratava), porém não causava danos. Hoje a medicina é

moderna, complexa; ela cura; mas também causa danos. Deve-se ter a

compreensão de que os sistemas de saúde são complexos e por isso é

fundamental entender seus processos e criar barreiras de proteção.

A palestrante então esclarece que a Política de Segurança do Paciente,

conforme a Organização Mundial de Saúde (2009), é a redução de riscos dos

danos desnecessários, associados a uma assistência em saúde até um mínimo

aceitável. Explica que o conceito aborda os termos “danos desnecessários” e

“mínimo aceitável”, pois há danos que necessitam ser realizados para o

tratamento do paciente. Por exemplo, quando uma pessoa passa por uma

cirurgia, a sua pele necessitará ser cortada. Esse é o dano aceitável.

A Organização Mundial de Saúde preocupou-se em definir um modelo

para os procedimentos de segurança do paciente. Como informações

basilares, utilizou-se um estudo dos Estados Unidos realizado mediante análise

de diversos prontuários, que trouxe as informações de que 98.000 americanos

morriam a cada ano devido a erros; que a proporção dessas mortes poderia ser

comparada a queda de um avião por dia e que além do sofrimento e transtorno

para a família, também havia um aumento de custos para as organizações, de

cerca de 17 a 29 bilhões de dólares por ano. Ou seja, é uma questão social e

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econômica. Esse estudo foi divulgado através de um relatório denominado

“Errar é Humano: Construindo um Sistema de Saúde mais seguro”.

Como referencial para a construção da nova assistência, utilizou-se o

modelo elaborado por James Reason (2000), o Modelo do Queijo Suíço. James

Reason é especialista em análise de incidentes aéreos e incidentes em usinas

nucleares. A área de saúde importa muitos conceitos dos demais setores de

alta complexidade. O modelo proposto defende que existem vários fatores

sistêmicos que repercutem em danos aos pacientes. Entre uma falha inicial (o

ato inicial) e o dano final gerado há a oportunidade de existir uma série de

barreiras (“fatias”), que evitem a repercussão/concretização do mesmo. Essas

barreiras são representadas pelos protocolos clínicos, bloqueios físicos,

educação continuada e cultura organizacional. Porém, quando esses

obstáculos/fatias possuem falhas ou furos (por isso “queijo suíço”) como por

exemplo ausência de padronização nos procedimentos e equipe sem

capacitação - e quando essas várias falhas ou furos se encontram - há a

concretização do dano ao usuário. Ou seja, deve-se prever, planejar essas

barreiras, pois não há como acreditar em um modelo de comportamento

humano perfeito. As pessoas são humanas e assim elas erram.

Modelo Queijo Suíço Figura 1. Fatores Sistêmicos que resultam em dano ao paciente/doente. “Modelo Queijo Suíço”

Fonte: Apresentação Palestrante

As ações para diminuir a probabilidade dessas ocorrências são: foco no

sistema (a análise e o desenho dos sistemas, fase por fase, de maneira a

identificar possíveis falhas); reconhecimento da falibilidade humana (entender

que o erro pode acontecer por dois motivos: o lapso, o deslize, embora haja o

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conhecimento técnico ou por falta de capacitação. Cada causa exige uma

resposta diferente); cultura educativa (focar no processo e não em pessoas,

focar no aprimoramento e não em indicar culpados, entender as causas e as

consequências para que essas possam ser evitadas futuramente. A punição só

estimula a omissão dos fatos e assim a perca da oportunidade de melhorar o

sistema).

O Brasil, também preocupado em melhorar a política de segurança dos

pacientes, iniciou um processo de reformulação dos procedimentos até então

praticados. E para solidificar as mudanças propostas, criou legislações para

nortearam as novas práticas estabelecidas. Pode-se citar a Portaria número

529, de 01 de abril de 2013, que institui o Programa Nacional de Segurança do

Paciente; a Resolução - RDC número 36, de 25 de julho de 2013, que além de

definir ações para a segurança dos usuários, orienta as diretrizes de uma forma

muita esclarecedora; a Portaria número 1377, de 09 de julho de 2013, que

aprova os principais protocolos do programa de segurança do paciente (cirurgia

segura, higiene das mãos e prevenção de úlcera por pressão) e a Portaria

número 2095, de 24 de setembro de 2013, que aprova demais protocolos para

a segurança do paciente (prevenção de quedas, identificação do paciente,

segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos). A palestrante

faz uma ponderação sobre os procedimentos a que se referem os protocolos

criados. São rudimentares, ou seja, é óbvio que profissionais de saúde devem

lavar as mãos ou saber como identificar o paciente. Porém, esse é o cenário

em que se encontrava a assistência nacional. Ainda se busca que a cirurgia

certa seja feita no paciente certo. Demonstra o quanto o país ainda precisa

avançar em políticas de segurança na saúde pública.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA propõe o

Programa Nacional de Segurança do Paciente, formado por quatro eixos:

estímulo à segurança na assistência (definir protocolos e métodos),

envolvimento do cidadão (trazer o paciente, a família, a sociedade para auxiliar

na construção da assistência segura. Pois o paciente atuante muitas vezes

representa a última barreira do modelo, quando por exemplo, ele comunica que

é alérgico a medicação que será administrada), tema no ensino (incluir a

questão nos currículos acadêmicos) e pesquisa em segurança (ampliar o

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investimento em pesquisa, que ainda é pequeno, incluindo a questão

financeira: quanto custa a insegurança da assistência ao paciente?).

A Enfª. Denise observa que a nova legislação foi uma mudança radical

no âmbito da saúde pública, pois os hospitais tiveram que realizar grandes

esforços para se adequarem a ela. Representou uma quebra de paradigma.

Primeiro porque exige a padronização de conceitos e terminologias utilizados

pelos profissionais. Segundo porque exigiu a implantação de Núcleos de

Segurança do Paciente nas organizações a fim de analisar os eventos e danos

ocorridos e identificar formas de remediação atual e não repetição futura. Isso

também exige a formulação de planos, documentos, protocolos, o que não era

uma rotina na assistência. E também porque fez com que as organizações

implantassem protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela

ANVISA, tais como a notificação de óbitos em 72 horas. O país está criando

um banco de dados que possibilita realizar diagnósticos da assistência.

As organizações também devem seguir as metas internacionais para a

segurança do paciente, que são: identificação correta do paciente;

comunicação efetiva; segurança dos medicamentos de alta vigilância; cirurgias

em local de intervenção, procedimentos e paciente corretos; redução do risco

de infecção associado aos cuidados de saúde e redução dos riscos de lesões

ao paciente em decorrência de queda.

De acordo com a Enfª. Denise, um dos grandes desafios para que se

consiga promover essas transformações é a mudança de cultura. A cultura de

segurança deve ter um caráter educativo, que substitui a culpa e a punição

pela oportunidade de aprender com as falhas e assim aprimorar a assistência

oferecida. Complementa também que é essencial uma estrutura de saúde

pública que comporte essas novas diretrizes. É fundamental ter recursos,

equipamentos, materiais para atender a população. E infelizmente não é o

cenário brasileiro. A palestrante demostra diversas fotos dos hospitais públicos,

com superlotação de pessoas, sem condições de prestar um atendimento de

qualidade.

14

4. DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

Assim, para atender não só as novas expectativas e diretrizes propostas

pela ANVISA e também pela Organização Mundial de Saúde, mas também as

legislações que esses órgãos implantaram para a solidificação do trabalho com

o tema, o Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

iniciou diversos trabalhos a fim de atingir uma Política de Segurança do

Paciente mais madura.

O Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná

(CHC/UFPR) percebeu a sua responsabilidade de atuar e contribuir com um

modelo de assistência mais segura aos pacientes, devido a sua

representatividade no sistema de saúde de Curitiba, do Paraná e também do

Brasil. É o maior prestador de serviços do Sistema Único de Saúde do Paraná

e o terceiro maior hospital universitário público do país. Em suas instalações,

circulam mais de 11.000 pessoas por dia. Realiza em média 30.000 consultas e

1.300 internamentos por mês. É referência nacional em procedimentos de

média e alta complexidade.

Em 2002, o então Diretor Geral do CHC/UFPR Dr. Giovani Loddo, após

uma capacitação sobre o tema de Acreditação Hospitalar, propôs a instituição

que incluísse em seus objetivos estratégicos a busca dessa certificação. A

Acreditação Hospitalar é um certificado de qualidade para organizações de

saúde, que garante que esses estabelecimentos possuem condições para

prestar um atendimento seguro e de qualidade. É um processo voluntário,

coordenado pela Organização Nacional de Acreditação (ONA). A partir de 2003

uma Comissão de Acreditação Hospitalar foi criada no hospital a fim de realizar

todos os trabalhos necessários, com todas as unidades hospitalares, para

atingir essa certificação.

15

5. MÉTODOS/INSTRUMENTOS IMPLEMENTADOS

Após a criação da Comissão de Acreditação Hospitalar em 2003,

esforços foram realizados para que a segurança dos procedimentos no hospital

fosse cada vez mais efetiva. Percebe-se que ainda não era uma obrigação

imposta pela ANVISA, que foi executada a partir de 2013. Pode-se visualizar

com esse fato o envolvimento da organização e o compromisso com a saúde e

a vida de seus usuários.

Efetivamente, a partir de 2010, a dedicação foi intensificada, inclusive

para o acompanhamento das legislações que seriam aplicadas e que já

estavam sendo sinalizadas pelos órgãos reguladores. Nesse ano foi criada a

Assessoria de Gestão da Qualidade. O foco era obter a certificação de Hospital

Acreditado – Nível 1 (critério de segurança do paciente). Todas as unidades

hospitalares foram envolvidas através da sensibilização do conceito e

metodologia da avaliação, além da capacitação técnica de profissionais chaves

para a realização das mudanças necessárias em suas unidades. Um grande

movimento foi realizado na instituição o que repercutiu na motivação das

equipes e consequentemente, na obtenção do certificado de Hospital

Acreditado em 2011.

Para se obter essa certificação é necessário que a instituição tenha

planos, protocolos e procedimentos muito bem definidos de forma a garantir a

segurança do paciente em seu atendimento. E essa foi a conquista do hospital,

um primeiro passo na mudança de cultura organizacional voltada a segurança

do paciente.

Infelizmente, a certificação não pode ser mantida, pois é um processo

pago e o hospital não teve mais condições de cobrir o investimento necessário

para as avaliações externas. Porém, todo o trabalho construído não só

permaneceu, como também avançou nos últimos anos. Tanto no planejamento

estratégico institucional anterior (2012) como no Plano Diretor Estratégico

atual, a melhoria da qualidade e segurança ao paciente é um objetivo de

destaque.

A metodologia de trabalho atualmente utilizada é a seguinte:

primeiramente, deve-se realizar a identificação de todos os riscos possíveis em

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uma Unidade. Para isso é necessário que a equipe daquele setor, juntamente

com a equipe do Setor de Segurança e Vigilância do Paciente, reflita sobre os

processos que ali ocorrem, e se possível, faça o mapeamento dos mesmos. É

dessa forma que se poderá prever os riscos que podem acontecer e assim

elaborar mecanismos que impeçam a sua concretização, ou na hipótese de

ocorrência, a sua mitigação e resolução.

A segunda etapa dessa metodologia é a notificação de incidentes. É

extremamente importante notificar os erros, as falhas, os danos causados ao

paciente. É um processo voluntário e representa uma oportunidade do

profissional expor as suas preocupações. Aqui há o desafio de manter a cultura

educativa e não punitiva, de que as pessoas não tenham receio de comunicar o

que aconteceu. Após há o trabalho de investigação. Buscar todas as

informações possíveis daquele evento a fim de entender o que aconteceu, por

que aconteceu e como poderia ter sido evitado. Esse processo é chamado de

análise de causa raiz. É essencial para a formulação de planos e protocolos,

que evitem a repetição dos fatos.

A quarta fase corresponde então às ações para mitigar a probabilidade

de repetição do erro ou danos. Para isso são elaborados planos, protocolos,

processos, em conjunto com as Unidades relacionadas. E por último, realiza-se

o monitoramento das ações executadas, dos resultados, bem como da adesão

das Unidades à metodologia estabelecida através de auditorias bimestrais.

Coloca-se também que além dessa metodologia adotada, há outras

fontes de informação que levam ao Setor de Segurança e Vigilância do

Paciente o conhecimento de situações relacionadas a danos e eventos, tais

como relatórios de indicadores encaminhados pelas Unidades, representações

do Setor de Ouvidoria, comunicação direta das Comissões de Óbitos, análises

de resumo de alta por óbito e processos judiciais.

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6. DESCRIÇÃO DOS RESULTADOS

Percebe-se um avanço positivo na mudança da cultura de segurança do

paciente. As pessoas estão internalizando a compreensão de que o processo

não tem fins punitivos, mas sim de focar no processo e identificar as melhorias

necessárias a serem realizadas na assistência. Elas acreditam que a realidade

pode ser diferente. A Enfª. Denise apresentou um quadro com a evolução do

número de notificações de eventos e danos no CHC/UFPR: em 2011, 684

notificações; em 2013, 2531 e no ano de 2015, 3034 notificações realizadas.

Ou seja, praticamente tudo é notificado, inclusive a suspeita do erro ou dano.

Essa é uma prática muito positiva, pois a atenção à assistência do

paciente é vital; um lapso pode causar danos irreversíveis e assim toda a ação

voltada à qualidade desse atendimento é primordial.

A palestrante afirmou também que consequentemente as Unidades

Hospitalares também realizam um gerenciamento dos erros e danos que

ocorrem em seus setores, o que anteriormente não era executado. Isso

também demonstra um amadurecimento institucional na política de Segurança

do Paciente.

A instituição adotou a classificação de eventos da Organização Mundial

de Saúde a fim de conhecer quais são os principais grupos de erros e danos,

em que locais ocorrem e em que proporção (qual grau de dano ao paciente).

Essa classificação inclui categorias como medicação/fluídos, comportamento,

risco ocupacional, administração clínica, dispositivos/equipamentos médicos,

evasão do paciente, dentre outros. É a busca da padronização com as

diretrizes internacionais.

A palestrante cita como pontos positivos do trabalho a caracterização do

perfil da assistência, o conhecimento das condições latentes que induzem o

erro, o banco de dados para o suporte na tomada de decisão, a construção de

protocolos, a promoção e a valorização da interface entre as diversas áreas do

hospital e principalmente a compreensão da importância da transparência com

o paciente. A nova legislação foi bem vista pela organização, pois auxiliou

muito a consolidação do trabalho que já era realizado.

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Como desafios, não só para o CHC/UFPR, mas para toda a saúde

pública, a Enfª. Denise coloca que um dos principais, é alinhar as práticas

hospitalares às regras estabelecidas, mediante um cenário de insuficiência de

recursos. É preciso ter um mínimo necessário para que se atenda a legislação.

Além disso, também cita os fatores pontuados pelo autor Lucian Leape, tais

como a necessidade de ampliar a transparência nos processos e nas

comunicações, em todos os níveis (entre profissionais, entre pacientes e

profissionais, entre organizações); de fortificar o foco no paciente e em sua

assistência segura (com equipes bem informadas e preparadas) e de

amadurecer o relacionamento entre profissionais e pacientes na decisão

terapêutica (o paciente e a família devem entender as formas de tratamento e

optar por uma delas, quando possível).

Outra questão fundamental é a valorização dos profissionais e das

profissões de saúde, estimular capacitação, estimular a moral, valorizar a

experiência desses profissionais nos processos decisórios, tratar as pessoas

com dignidade. Exemplifica que nos Estados Unidos, há uma crise na saúde

devido ao grande número de desistência pela área dos trabalhadores. E

finalmente, o foco na reforma da educação, que inclua as interações humanas

fortemente presentes na área da saúde.

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7. LIMITES E PROPOSTAS DE MELHORIA

A intervenção realizada no CHC/UFPR é extremamente importante, pois

é um dos agentes responsáveis pela saúde pública. Há muito tempo as

condições de atendimento à população mostram-se insuficientes, ineficientes e

sem resolutividade e dessa forma toda a ação voltada para a melhoria desse

quadro é urgente e vital.

Conforme considerações da Enfª. Denise, o CHC/UFPR apresenta

várias dificuldades, mas ressalta que não é uma das instituições que apresenta

as piores condições de atendimento. Há hospitais públicos com situações

extremas em seus Pronto-Atendimentos para emergências. O Complexo

Hospital de Clínicas conseguiu, junto com esse trabalho da Política de

Segurança do Paciente, manter um atendimento com mínimas condições aos

usuários, tais como camas e cadeiras elétricas, que são utilizadas para evitar a

queda do paciente. Estruturas foram reformadas e protocolos foram

reelaborados a fim de trazer maior comodidade e reduzir riscos aos usuários.

Pode-se observar que há o interesse da instituição e de seus dirigentes

em prover uma assistência segura e de qualidade. Tanto que em 2003, mesmo

ainda distante das obrigações legais, o hospital criou uma comissão. Porém, os

esforços realmente foram intensificados com a proximidade da imposição legal

da ANVISA e da Organização Mundial de Saúde. Mas pode-se inferir que isso

ocorreu não por falta de interesse, mas provavelmente devido ao investimento

insuficiente de instâncias superiores. Assim em 2010 a então criada Assessoria

de Gestão da Qualidade conseguiu realizar os trabalhos necessários para a

certificação, envolvendo todas as unidades, obtendo assim ao Hospital o Título

de Hospital Acreditado Nível 1 (critério de segurança). Essa é uma política com

resultados extremamente importantes para a comunidade que utiliza o

Complexo Hospital de Clínicas. O aprimoramento e a padronização de seus

processos permitiram um atendimento de maior qualidade aos usuários. É um

trabalho que foi conquistado mesmo diante das várias dificuldades

relacionadas a recursos que as organizações públicas de saúde enfrentam. Por

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isso, o processo teve uma duração de 8 anos (2003 a 2011), o que

normalmente é muito mais rápido em hospitais privados.

A palestrante ressaltou que a cultura é um dos fatores críticos de

sucesso. Muitas vezes, as equipes, não querem realizar procedimentos ou

protocolos. Mas considera que há uma melhora significativa nessa questão.

Compreende-se então que, não só devido à obtenção da certificação, mas

também as novas mudanças propostas pela EBSERH, os profissionais dos

hospitais inevitavelmente encontram-se em ambientes que exigem ações

resolutivas e rápidas. É uma demonstração que a atuação das equipes está

sendo estabelecida conforme os objetivos do bem público.

Acredita-se que a instituição está preparada a continuar o processo já

em andamento, que é a busca de Políticas de Segurança do Paciente maduras

e efetivas. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares mostra-se como um

potencial aliado nessas ações, já que a intenção da mesma é reestruturar

estrategicamente os hospitais universitários federais. A palestrante considera

que a empresa está apoiando de forma significativa para o aprimoramento do

trabalho.

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8. PERGUNTAS E RESPOSTAS

Perguntas dos participantes e respostas da palestrante a seguir são descritas..(Márcio). Pergunta 1:

“Professora Denise, Bom dia. Um tema muito estimulante e apresentado de uma maneira muito empolgante, minha sincera admiração. Obrigado. Eu faço uma pergunta absolutamente trivial e que está praticamente no imaginário popular. Pegando o gancho a que você se referiu de padrões da aviação, que são padrões muito rígidos de segurança, quando você faz uma manutenção, por exemplo, em um motor aeronáutico de alta performance existe um checklist, em que você verifica tudo o que entrou (para digamos assim fazer comparação a uma cirurgia) e depois se tudo o que entrou de fato saiu do processo. Aparece, talvez de uma maneira não tanto rara na mídia, esquecimento de objetos no paciente. Existe algum procedimento nesse sentido, um checklist para verificar o que entrou e o que saiu da sala? E o que dá errado nisso? ”

Resposta:

“Sim, existe um Protocolo de Segurança Cirúrgica. Uma das grandes etapas desse protocolo é sim a aplicação de um checklist que é feito antes do paciente fazer a cirurgia, quando começa a cirurgia, e quando ele sai. E sim, um dos itens é: Tudo o que entrou no paciente está saindo? Realizado por meio de contagem. É lógico que essa contagem não se aplica a todas as cirurgias, obviamente tem cirurgias que não existe a possibilidade de ficar um corpo estranho no paciente, mas aquelas de barriga aberta sim. Teve um caso que saiu na mídia recentemente em que foi esquecido um celular dentro da barriga do paciente. Então, sim, é realizado, a gente importa muitos conceitos e um deles é o checklist da cirurgia segura. Esse Protocolo do Brasil é todo embasado na Organização Mundial de Saúde e em 2006 foi criada a Aliança Mundial para Segurança do Paciente. Um dos primeiros trabalhos foi a elaboração de um checklist para cirurgia segura. E um dos itens é: a sala está adequadamente equipada? Ou, o paciente tem possibilidade de sangramento a ponto de ter que reservar sangue? É simples. E a grande dificuldade é a adesão da equipe. A equipe resiste bravamente em não aderir. E quando a gente vê na mídia “Tiraram o órgão errado”. Assusta-se. E um simples “vamos avaliar, vamos fazer a demarcação cirúrgica”...existe isso também...quando há lateralidade (órgão direito e esquerdo) você tem que fazer um círculo e um ponto no meio, uma forma de alvo para dizer: é esse que deve ser operado. Até a padronização do símbolo está descrita nesse protocolo, porque se

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colocar um “X”, pode surgir a dúvida se não é para operar esse órgão e sim o outro. Até isso está padronizado. O grande desafio é a equipe aderir. ”

Pergunta2:

“Pensando nas transformações realizadas, a gente vê que agora foi criada a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares, queria saber se é esse o momento de implantar novas mudanças... A EBSERH irá contribuir? ”

Resposta:

“Sim. Foi uma grata surpresa para esse setor que eu trabalho, o Setor de Vigilância em Saúde e Segurança do Paciente. Lá na EBSERH eles têm um modelo muito bom para essas questões de segurança. Então sim, a gente tem a possibilidade de evoluir. Então isso foi positivo para a gente (pensando no setor em que eu trabalho) porque a gente tem muita coisa lá no HC, mas eles inclusive estão exigindo que nós tenhamos planos (não só o plano de segurança, esse é lei e não tem discussão) mas um plano de capacitação, que envolve a capacitação do paciente e já estamos desenhando esse projeto; um plano de comunicação e um plano de pesquisa, que nós temos que desenvolver junto a Universidade e a Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão. Então não tem problema ela (EBSERH) estar entrando. Graças a Deus ela tem um bom modelo para essa questão que a gente já trabalha, no mínimo, desde 2010. ”

(Camila). Pergunta 3:

“Bom dia. Eu queria saber a respeito do que você disse, que são analisados esses riscos depois de quando ocorrem falhas...Se no caso de o médico, a equipe não ter informado de fato o que aconteceu a família, se depois de analisados esses fatos, os mesmos são passados para a família”.

Resposta:

“Olha, para isso você precisa de muita maturidade, certo? A gente faz aquela análise local, a análise de causa raiz de um evento grave. Participam dessa reunião, que é extremamente restrita, os profissionais que cuidaram diretamente do paciente, os envolvidos no que aconteceu, para eles contarem o que aconteceu. Não é para punir ninguém. O punir não é com a gente. Se identifica alguma suspeita de infração ética é o Comitê de Ética que irá trabalhar, não somos nós. Também algum gestor tem que estar participando porque você vai sair dessa reunião com um plano de ação, pois tem quem mudar processo de trabalho se você identifica falhas. E nessa reunião,

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algumas vezes se identifica (deveria ser em todas, mas nós não somos maduros o suficiente) uma necessidade de se reunir com a família. Essa reunião tem um nome em inglês, que é “disclosure” e é quando se abre para o paciente ou para a família - normalmente é a família, pois ele não tem condição – tudo o que aconteceu. Se pede desculpas e já diz o que está fazendo para que isso não se repita. Por que os pacientes, quando eles processam judicialmente o hospital, você vê muito... não é vingança, mas... assim tem que acontecer alguma coisa com vocês, não é possível isso continuar desse jeito. E eles têm toda a razão. Não é possível mesmo. Então a gente já se antecipa e já diz. Não que a gente queira hipocritamente “vamos falar com ele para ver se ele não nos processa”. Não! É porque a gente acredita de fato. Nós já fizemos quatro reuniões dessas, em que tem que ter um diretor do hospital, a médica que trabalha no setor da gente (ela faz toda a coordenação da reunião) e tem que ter um especialista com propriedade para explicar o que aconteceu, dependendo do evento. E a gente coloca o que está fazendo para melhorar. O hospital sempre é obrigado a, se o paciente ficou com uma sequela, dar todo o tratamento que ele precise. Nós o acompanhamos para sempre. Nós tivemos uma queda de uma criança, uma coisa assim inacreditável e que a gente oferece o atendimento para sempre para essa criança”.

O Professor Dr. Ivan Carlos Vicentin encerra o debate e agradece a presença da Enfª. Mª. Denise Jorge Munhoz da Rocha. Afirma que se sabe que existe um modelo mental na sociedade, um senso comum da ineficiência do serviço público e que quando há casos de sucesso ou casos em que está sendo construído modelo de qualidade é importante divulgar.

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9. ANEXOS

ANEXO A. LISTA DE PARTICIPANTES DO SEMINÁRIO

NOMEADILSON ALVES

ADRIANA RIPKA DE ALMEIDA

ADRIANE APARECIDA RAMALHO SELEME FOFANO

AILTON DIAS

ALINE LAURINO DA CUNHA

ALVARO LUIS ALVES

ALYSON LOPACINSKI

AMANDA DE OLIVEIRA PONTES

AMANDA MARIANA RAMOS

AMAURI V. CONSTI

ANA CLAUDIA ROCHA DA SILVA

ANA LUISA DE SIQUEIRA CALLEGARI

ANA PAULA BARROS

ANDERSON CATAPAN

ANDRE FURTADO VOLCOV

ANDRÉ LUIS M. BRITO JR

ANNA PAULA MOTA

ANTONIO SERGIO CARNEIRO FERRAZ

ARTHUR M. LEAL

AUGUSTO CÉZAR MOREIRA DE JESUS

BÁRBARA PAZINI CARDOSO

BRUNA SBARDELOTTO

BRUNO AURÉLIO SILVÉRIO TEIXEIRA

CAMILA CAPUCHO CURY MENDES

CAMILA DA COSTA

CAMILA HERNÁNDEZ

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CAMILA MILAROSKI

CAMILE BENINCA

CARINA CLEUDES DUDA BITTENCOURT

CARLOS EDUARDO FORTES GONZALEZ

CASSIANA GISLENE FARAGO

CÁTIA HENRIQUE DOS SANTOS

CLEUBER ROBERTO PEIXOTO JUNIOR

CRISTHINE NICOLOTE DA COSTA MAIESKI

DANIEL DA SILVA MOUTA

DANIEL MARQUES MINICCH

DANIEL ORTIZ DA CUNHA

DANIELA DE OLIVEIRA

DANILO DURSKI

DENISE RAUBER

DIMAS DE OLIVEIRA RODRIGUES

DJALMA DE SÁ

EDGARDO ROBERTO AMARO

EDÍLSON CARLOS MACHADO

EDUARDO CARLOS DE OLIVEIRA

EDUARDO MALYSZ PORTELLA

ELCIO LUIZ RIBEIRO

ELIAS ALVIZURI HERNANDEZ

ELISANE RODRIGUES DE LIMA

EMANUELLE STUTZ

FABIANA MARISSA ETZEL BARDDAL

FÁBIO SILVA LADEIRA

FLÁVIA DE FARIA GOMES

FLAVIA ZANFORLIM

FRANCIELI MATOS DA SILVA

FRANCIELI WRIDARSKI

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FRANCIELLE FERNANDA BALTHAZAR DA SILVA

GABRIEL FERNANDO PASSOS

GERSON LUIZ RESNAUER

GILVANA PRESTES

GIOVANNI GRUBER LUCCA

GUILHERME ANDERSON MASCARENHAS

GUILHERME NUNES DE CARVALHO

GUSTAVO KUBASKI

HANIEL KAISER RIBEIRO

HARUMY FREITAS

HASSON MOHAMAD SAFIEDDINI

ISADORA PAMPANINI SOARES

IVONE GOMES DE BRITO

IVONETE TERXEIRA

JAN PAROL DE PAULA VIRGILIO

JESSICA JEZ LINZMEYER

JOANA D'ARC CIESIELSKI

JOÃO JUSTAPHA NAZARIO

JOÃO PAULO KOT

JOSÉ CARLOS ASSUNÇÃO BELOTTO

JUAREZ AFONSO SILVEIRA

JULIA MONSEFF RODRIGUES DA SILVA

JULIANA CARLA E. FRANÇA

JULIANA PRZYBYSZEWSKI

KARINA ANDRESSA FERRARI DE OLIVEIRA

KATIA REGINA HOPFER

KATLEN DO R. CORDEIRO

KELLY CRISTINA GALVÃO DE OLIVEIRA

KYSTIANE MARIA LANZIANI BERGAMO

LAILA DEL BEM SELEME WILDAUER

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LEONARDO BACHMANN DA SILVA

LEONARDO MORAIS GONÇALVES AYRES

LETÍCIA PULCIDES DE SOUSA

LIGIA CAVAGNARI

LIGIA DE BARROS ALVES

LILIANE PIRES

LUCAS MANEZZO ALVES

LUIZ ALBERTO LANARO

LUIZA REGINA DE MOURA

MARCEL VINICIUS MALAQUIAS

MARCELLE SOARES DE MIRANDA

MARCELO BARBIERI

MARCO CARNEIRO BINDE

MARCOS ROBERTO RODACOSKI

MARIANA ROSA MILANEZ

MARIANA T. LOPATA

MARIANA TEIXEIRA FANTINI

MARIANE SATIE HONDA PADILHA

MARIELI MACHIAVELLI

MARÍLIA ALARCON GUIDOLIN

MARILZA STADLER DE CAMPOS HACK

MATEUS MIQUELETTI DE LIMA

MATHEUS EINECKE WALTER DE CAMARGO

MELISSA MAYUMI CATUYAMA

MELISSA ROSSINE DE OLIVEIRA

MICHELE RENATA ZIMOLO VARASQUIM

ODILON CESAR MIGUEL

PATRÍCIA CASSINI

PATRICIA TOMAZELLI HERMANY

PAULO HENRIQUE PEREIRA

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PEDRO AUGUSTO B. ALMEIDA

PEDRO DE CAMARGO SARAIVA

PRISCILA S DA SILVA

RAFAEL HIDEKI KIMURA

REBECA CAVALCANTI CARDOSO

RENATA HIMOVSKI TORRES

RICARDO LEITOLES CORRÊA

ROBERTA CAROLINE RAUCHER DO CANTO

RODRIGO MÜLLER

ROSANGELA GARCIA DA SILVA

ROSANGELA IARA DOS SANTOS

ROZELI DO ROCIO COSMO MASSINHÃ

RUY ROSSI PECINI

SABRINE RAMOS

SANDRA AKEMI YOSHIDOME VIEIRA

SANDRA E. M. NEVES

SANDRA MARA REIS DOS SANTOS

SANDRA MARA SAFIANO

SATURNINO MACHADO OLIVEIRA NETO

SEBASTIÃO DAMBROSKI

SIDNEI PEREIRA ROSA

SILVANA NAKAMORI

SÔNIA MARIA AUGUSTINHO

STEFANY RODRIGUES

STEPHANIE DAHER

TATIANA MAIA CORDEIRO

TATIANE HLATCHUK

THALITA BORGATTI DO NASCIMENTO

VANESSA ISHIKAWA RASOTO

VANIELE MARCONDES

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VICTOR PEREIRA MENDES DA SILVA

VINICIUS BELOHUBY MENEZES

YULIA PORTES F. MEIRA

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ANEXO B. DIVULGAÇÃO DO EVENTOCARTAZ/BANNER

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PÁGINA DA INTERNET/SITE DO EVENTOEndereço eletrônico: http://petpp.utfpr.edu.br/?page_id=1879

1º SEMINÁRIO DE BOAS PRÁTICAS EM PLANEJAMENTO E GOVERNANÇA PÚBLICA

ProgramaçãoDia 16/03/2016 Quarta-feira08:00 Credenciamento08:30 Abertura Oficial com o Prof. Dr. Antonio Gonçalves de Oliveira09:00 Palestra com a Prof.ª Dr.ª Gislene Pereira – Os contrastes nos planejamentos estratégicos das cidades10:00 Debate e Perguntas10:15 Intervalo10:20 Palestra com o Prof. Me. Artur Silva Coelho – Fomento e sistema financeiro nacional11:10 Debate e Perguntas Dia 17/03/2016 Quinta-feira08:15 Palestra com o Prof. Dr. Zaki Akel Sobrinho – Políticas públicas no ensino superior09:00 Debate e Perguntas09:15 Palestra com o Prof. Me. Richer de Andrade Matos – Atuação da Fomento Paraná10:00 Debate e Perguntas10:15 Intervalo10:30 Palestra com o Sr. Ricardo Mugnol – Trilhas de auditoria de pessoal11:20 Debate e Perguntas Dia 18/03/2016 Sexta-feira09:00 Palestra com o Prof. Dr. Hemerson Bertassoni – A contribuição da polícia científica para a segurança pública no Paraná09:50 Debate e Perguntas10:15 Intervalo10:30 Palestra com a Ma. Denise Jorge Munhoz da Rocha – Políticas de segurança do paciente em hospitais públicos11:20 Debate e Perguntas13:30 Palestra com o Prof. Dr. José Anacleto Abduch – A gestão urbana sustentável: a sustentabilidade do desenvolvimento local e regional14:20 Debate e Perguntas14:45 Intervalo15:00 Palestra com o Prof. Me. Marlos Augusto Melek – Inovações da gestão pública15:50 Debate e Perguntas16:15 Intervalo17:00 Palestra com o Sr. Osmar Dias – Atual panorama das políticas agrárias no país17:50 Debate e Perguntas

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18:15 Encerramento do EventoLocal do eventoUNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ – UTFPR Sede CentroAs palestras ocorrerão no miniauditório.Av. Sete de Setembro, 3165 – RebouçasCuritiba – PR – Brasilfone: (41) 3310- 4981e-mail: [email protected]

O que é o 1º Seminário de Boas Práticas em Planejamento e Governança PúblicaO 1º Seminário de Boas Práticas em Planejamento e Governança Pública fundamenta-se na importância e relevância para a comunidade acadêmico-profissional relacionada à área de Ciências Sociais Aplicadas, com ênfase no Planejamento Urbano Local e Regional, envolto pelos princípios da Governança Pública em busca de uma sociedade mais justa, consoante a continuidade sustentável do Estado, visando ao bem estar e desenvolvimento da sociedade.ObjetivosO evento tem por objetivo geral possibilitar um locus de discussão e desenvolvimento acadêmico-profissional, promovendo a difusão e o diálogo de produções científicas geradas na academia e boas práticas de gestão, relacionadas ao Planejamento e Desenvolvimento, visando à sustentabilidade do Estado e o desenvolvimento de seu povo.Nesse sentido justifica-se o evento pela possibilidade de reunir pesquisadores e profissionais com experiência de gestão pública e de áreas temáticas aderentes ou próximas num espaço democrático para discussão de resultados, geração de propostas e debate sobre pesquisas relacionadas ao tema, o que tende a contribuir e fortalecer tão relevante área de conhecimento, cuja contribuição faz-se salutar para o desenvolvimento sustentável da res-pública.Público AlvoEstudantes de graduação, de pós-graduação nos diversos níveis, professores, pesquisadores, servidores públicos e profissionais das diversas áreas do conhecimento que desenvolvem atividades aderentes ou com proximidade temática com o Planejamento Urbano Local/Regional e/ou Governança e Gestão de Políticas Públicas, bem como àqueles que tenham interesse sobre a discussão, pelo relevado interesse público do evento e como forma de levar à sociedade as atividades e preocupações universitárias quanto à gestão pública.Inscrições encerradas

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ANEXO C. AUTORIZAÇÃO DA DIVULGAÇÃO PELA PALESTRANTE

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ANEXO D. SLIDES DA PALESTRAObs: alguns slides, do final da apresentação, foram retirados a pedido da palestrante devido à presença de informações da assistência do CHC/UFPR, que poderiam ser erroneamente interpretadas sem a devida explicação.

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ANEXO E. FOTOS DO EVENTO

Abertura, dia 16.03.2016.

Palestra Enfª. Mª. Denise Jorge Munhoz da Rocha, dia 18.03.2016.

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Entrega do Certificado de participação pelo Prof. Dr. Ivan Carlos Vicentin

Foto encerramento, dia 18.03.2016

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ANEXO F. APROVAÇÃO PELO (S) ORIENTADOR (ES)