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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Curso de Pós Graduação “Lato Sensu” Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital para ambientes corporativos DANIELLE CAROLINA DE QUEIROZ MARKETING ON-LINE PARA MERCADOS INDUSTRIAIS 9

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

Curso de Pós Graduação “Lato Sensu”

Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital para ambientes corporativos

DANIELLE CAROLINA DE QUEIROZ

MARKETING ON-LINE PARA MERCADOS INDUSTRIAIS

SÃO PAULO, 2012

9

DANIELLE CAROLINA DE QUEIROZ

MARKETING ON-LINE PARA MERCADOS INDUSTRIAIS

Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo a Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento às exigências do Curso de Pós Graduação Latu Sensu, para obtenção do título de Especialista em Gestão Integrada da Comunicação Digital para Ambientes Corporativos.

Orientador: Prof. Dr. Claudio Oliveira

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES

Curso de Pós Graduação “Latu Senso”

Especialização em Gestão Integrada da Comunicação Digital

SÃO PAULO, 2012

Autora: Danielle Carolina de Queiroz

10

Título: Marketing on-line para mercados industriais

Presidente da Banca: ___________________________________________________

Banca Examinadora:

_____________________________________________________

_____________________________________________________

_____________________________________________________

Aprovado em: ___/___/___

11

INTRODUÇÃO

O posicionamento estratégico da comunicação de uma empresa reflete a sua

identidade e os anseios de todas as áreas da corporação. A área de comunicação é o elo

de contato entre a organização, seus colaboradores e o mercado. Não há como planejar a

comunicação corporativa sem que os envolvidos nesta criação estejam completamente

alinhados à estratégia de negócio da empresa. Para reforçar a importância da integração

da comunicação ao posicionamento estratégico da corporação é necessário que se

entenda o conceito de marketing holístico.

Holístico significa que tudo - do desenvolvimento, ao projeto e à

implementação de programas, processos e atividades de marketing, é

entrelaçado e interdependente. Os dias em que cada uma dessas partes do

todo era cuidado em separado ficaram definitivamente para trás. O

marketing holístico, da mesma forma que a gestão holística da marca,

reconhece que “tudo tem a sua importância”. (KOTLER, 2007, p. 35)

Por mais que Kotler traga o aspecto holístico ao Marketing, é interessante

estender essa abordagem à estratégia de negócio das empresas. O plano de negócio de

uma empresa é criado de acordo com a sua identidade. Porém, para que seus objetivos

sejam atingidos, é necessário que seus colaboradores e, posteriormente, consumidores,

compreendam, conheçam e passem a ver sentido no seu posicionamento. É nesse

momento que a comunicação precisa ser pensada, pois o seu papel é unir esses pontos

para traduzi-los a seus públicos. “O branding procura trabalhar com alguma coisa

comum de maneira tal que ela passe a ter mais valor e significado”. (KOTLER upod

Bedbudy, 2007, p. 23).

Se a comunicação deve ser vista como um elemento único e integrado à

estratégia de negócio das empresas, com o marketing on-line a realidade não pode ser

diferente. O desenvolvimento da internet trouxe inúmeras novas plataformas e diversos

conceitos e quem se encantou com esse novo universo rendeu-se a essas novidades. Há

uma tendência em buscar entender a comunicação nas mídias sociais como se ali os

fenômenos fossem ser diferentes. Se o on-line é um reflexo do off-line, a essência de

12

ambos é única, portanto as estratégias aplicadas à comunicação são levadas também ao

mundo virtual.

“[a internet] é uma extensão da vida como ela é, em todas as

suas dimensões e sob todas as suas modalidades. Ademais, mesmo na

representação de papeis e nas salas informais de chat, vidas reais

parecem moldar a interação on-line”. (CASTELLS, 2003, p. 100).

O branding on-line atualmente tem uma importância equivalente ao branding off-

line. A internet trouxe novas interpretações a conceitos como distância e tempo.

Qualquer marca antes local ganhou um caráter global com a popularização da web. Não

ter uma imagem digital é ignorar parte da sua identidade, já que seu público está on-

line. Todas as corporações, independente de sua atividade, necessitam criar o seu

branding digital.

As tecnologias digitais, e as novas formas de conexão sem fio, criam

usos flexíveis do espaço urbano: acesso nômade à internet,

conectividade permanente com os telefones celulares, objetos

senescentes que passam informações aos diversos dispositivos,

etiquetas de rádio frequência (RFID) levando a um reexame do que

significa proximidade, distância e mobilidade. (LEMOS, 2002, p. 296).

O alcance da internet, seu volume de usuários e seu dinamismo demandam um

planejamento muito detalhado. É necessário mapear seus públicos para ser certeiro no

direcionamento de suas ações, tornando o diagnóstico uma das etapas mais importante

para a construção do branding on-line. Assim como Pierre Levy citou de forma simples

e direta que o “universal da cibercultura não possui nem centro nem linha diretriz. É

vazio, sem conteúdo particular. Ou antes, ele os aceita todos.” (LEVY, 2010, p.13). 

Traçar estratégias de comunicação para mercados industriais e consumidores tem as

suas particularidades. Vender para organizações é diferente do que se vender para

indivíduos. Essas desigualdades devem ser levadas em conta ao planejar o branding.

Interactions between B2B brands and their audiences have traditionally

been rational and fact driven. Yet there is a growing body of evidence

that radical change is afoot, and a more emotional and brand-centric

13

approach, which has proven so successful in developing B2C

relationships, will become increasingly useful in the B2B space. (PwC,

2011, p. 5).

A grande questão deste trabalho é entender como o marketing on-line deve ser

pensado para mercados industriais e quais estratégias e objetivos devem ser tomados

como base ao criar um plano de atuação em mídias sociais. Se o digital atinge em

grande parte o consumidor final, como as empresas B2B deverão dialogar com seus

seguidores e admiradores? O fato é que essas organizações também necessitam

desenvolver à sua imagem digital.

14

CAPÍTULO 1

MARKETING PARA EMPRESAS B2B

Neste capítulo vamos entender como as empresas do tipo B2B criam suas estratégias de marketing, conhecer cases de corporações que já enxergam e colhem frutos por apostarem na divulgação de suas marcas e como as redes sociais são plataformas eficientes para a comunicação de empresas Business-to-Business.

Ao pensar em grandes marcas, os primeiros nomes estarão sempre relacionados

a mercados B2C (Business-to-Consumer), não só pelo montante que esse tipo de

negócio investe em branding como também por esses produtos e estratégias serem

pensados diretamente para impactar o consumidor final. Segundo Kotler (2008, p. 21)

para as companhias de mercado consumidor, as respectivas marcas representam um

ativo de valor e durabilidade, um motivador de valor que alavanca o sucesso da

empresa. Rara é a empresa que negligencia a importância das marcas no B2C.

Quando não se trata de comunicar com o consumidor, é um desafio defender

estratégias que propõem o investimento em marketing. Em um contexto de mercados

industriais, ou seja, “organizações que adquirem bens e serviços, que são vendidos,

alugados ou fornecidos a terceiros” (KOTLER, 2011, p. 188), os gestores argumentam

sobre a eficácia de certas estratégias que se propõem a atingir o perfil do seu

consumidor, já que este tem informação suficiente. “A justificativa de semelhante

convicção reside no fato de atuarem num mercado de commodities ou de especialidades,

cujos consumidores naturalmente contam com abundante informação sobre seus

produtos e também sobre as ofertas da concorrência” (KOTLER, 2008, p. 21).

Kotler (2008) faz uma análise dos mercados industriais e enumera alguns

aspectos importantes para aquelas que querem destacar-se no meio Business-to-

Business. Segundo o autor “mesmo a mais perfeita campanha de publicidade é incapaz

de criar aquilo que não existe” (KOTLER, 2008, p. 84). De uma forma geral, não há

estratégia de marketing capaz de conceituar e criar um posicionamento e um modelo de

negócio que não existe.

Observa-se que a marca é algo importante para algumas empresas que exploram

mercados B2B como Microsoft, IBM, General Eletric, Intel, HP, Cisco Systems, Dell,

Oracle, SAP, Siemens, FedEx, Boeing, Petrobrás, Vale e Embraer.

15

Elas [as marcas] facilitam a identificação de produtos, serviços e

negócios, ao mesmo tempo que os diferenciam dos concorrentes. São um

meio efetivo e instigante de comunicação os benefícios e valor que um

produto ou serviço conseguem proporcionar. São uma garantia de qualidade,

origem e desempenho, com isso incrementando o valor percebido para o

consumidor e reduzindo o risco e a complexidade presentes na decisão de

compra. (KOTLER, 2008, p. 23).

Estudo realizado pela McKinsey Company em conjunto com o Marketing Center

Muenster sobre a importância das marcas em mercados B2B destacou três importantes

funções do branding B2B:

• Incrementar a eficiência da informação;

• Reduzir riscos;

• Criar benefício de valor agregado/imagem.

Um aspecto essencial para a comunicação das empresas B2B é considerar a visão

holística apresentada na introdução deste trabalho. Ao integrar todas as áreas da

comunicação aos objetivos de negócio e ao posicionamento da corporação, consegue-se

atingir as metas da empresa como um todo. “O desenvolvimento de uma estratégia

holística de marca precisa envolver todos os níveis da gestão de marketing. O

envolvimento ativo dos demais departamentos internos e agências externas relevantes,

sem exceção, são igualmente necessários para criar uma melhor possibilidade de

sucesso” (KOTLER, 2008, p. 82).

Para Kotler (2011), ainda há algumas caraterísticas que devem ser levadas em

consideração e fazem os mercados industriais contrastarem de forma clara com os

mercados consumidores:

As empresas B2B possuem poucos e grandes compradores, ou seja, seus produtos

normalmente são destinados a um grupo pequeno de consumidores que demandam um

volume alto de mercadorias. “Poucos grandes compradores são responsáveis pela

maioria das compras, como ocorre nos setores de motores de avião e armas de defesa”

(KOTLER, 2011, p. 189).

16

Os mercados industriais demandam também a criação de um relacionamento estreito

entre fornecedores e compradores. Algumas empresas B2B possuem uma atividade

muito específica, exigindo de seus fornecedores uma alta especificidade no

desenvolvimento de produtos que serão absorvidos por elas. Por isso, a importância de

se ter o fornecedor sempre por perto, oferecendo-o capacitação para que eles se

adequem às suas exigências de qualidade e estejam de fato compromissados com a

corporação. Há algumas empresas também que privilegiam os fornecedores que

compram seus produtos.

Em alguns casos as exigências do mercado são tão específicas que demandam que

os fornecedores tenham uma localização geográfica privilegiada. A concentração de

compradores em uma mesma região ajuda a reduzir os custos de venda, tornando os

produtos mais competitivos. Nos EUA, metade dos compradores norte-americanos está

localizada em sete estados: New York, Illinois, Ohio, New Jersey e Michingan.

No Brasil, as principais regiões industriais estão localizadas na região sudeste na

Grande São Paulo, formada por 39 municípios, no Rio de Janeiro, no Grande Rio, em

Minas Gerais, na grande Belo Horizonte e nos municípios de Mariana, Santa Bárbara,

Itabirito, entre outros, na região Sul, em Porto Alegre, nas proximidades de Curitiba,

Ponta Grossa e Guarapuava, Joinville, Criciúma, Chapecó, Blumenau. Na região

Nordeste, no entorno de Recife, Salvador e Fortaleza e no Norte e Centro-Oeste,

destaque para região metropolitana de Belém do Pará, Manaus no Amazonas com a

Zona Franca, Goiânia, Anápolis, Campo Grande, Corumbá e Brasília.

Os mercados industriais também possuem particularidades nas suas demandas. A

demanda por produtos industriais está diretamente relacionada com a demanda de bens

de consumo, ou seja, se o mercado automobilístico está vendendo muito, as empresas

precisarão de mais bens industriais para continuar a sua produção. Por sua vez, as

variações de preço não irão gerar mudanças no mercado, se uma empresa B2C precisa

do produto X para produzir, ela não irá comprar mais ou menos matéria-prima.

Os compradores de mercados B2B, como foi dito brevemente no início deste

capítulo, são profissionais treinados, com bastante informação na área, e a sua grande

maioria, está dedicado a aprender a comprar cada vez melhor, o que demonstra a

importância e complexidade desses compradores.

17

Ao contrário do que se possa parecer, nas compras industriais existem mais pessoas

influenciando a compra do que em mercados de consumo. As empresas B2B precisam,

portanto ter uma equipe de vendedores muito bem treinados para conseguir abordar e

responder a todos as questões dos compradores industriais. Segundo Kotler, os centros

de compra para mercados B2B incluem:

• Iniciadores: Aqueles que solicitam algo que seja comprado. Podem ser

usuários ou outras pessoas da organização.

• Usuários: São aqueles que usarão o produto ou serviço. Em muitos

casos, os usuários iniciam a proposta de compra e ajudam a definir as

especificações do produto.

• Influenciadores: São pessoas que influenciam a decisão de compra. [...]

O pessoal técnico é particularmente, importante como influenciador.

• Decisores: São aqueles que decidem sobre as exigências do produto

e/ou fornecedores.

• Aprovadores: São as pessoas que autorizam as ações propostas por

decisores ou compradores.

• Compradores: São aqueles que têm autoridade formal para selecionar o

fornecedor e preparar as condições de compra [...].

• Fiscais internos: São as pessoas que têm o poder de evitar que

vendedores ou informações cheguem aos participantes do centro de

compras. (KOTLER, 2001, p. 192).

Para Gillin (2011) existem algumas diferenças entre mercados industriais e

consumidores que serão importantes para a análise, dentre elas, mercados B2B são mais

focados no valor do que na experiência, decisões em empresas industriais geralmente

são feitas em grupos, os ciclos de compra de mercados B2B são maiores que os ciclos

de compra dos mercados consumidores. Além disso, as decisões de compra de negócios

das corporações B2B são mais propensas a ser um compromisso do que as decisões de

compra do consumidor, o relacionamento tem um papel mais importante para mercados

B2B do que B2C, o serviço e suporte são fatores essenciais, as compras industriais são

mais dinâmicas e os canais de relacionamento são fatores complicados na equação de

mercado.

18

“B2B marketing is much more likely to focus on value than

experience. The point is that the Wow factor that is so important

to many consumer buying decisions rarely means much in

business engagements. […] B2B buying decisions are usually

made by groups […] Business buying cycles are longer than

consumer buying cycles – decisions often involve many rounds

of meeting and may take a year or longer to conclude. […]

Business buying decisions are more likely to be a commitment

than consumer buying decisions. Business to business with

those they trust. […] Relationships play a more important role

in B2B than in B2C decisions. Smart B2B marketers realize that

their job is as much about ensuring the success of the buyer as it

is about selling the product. […] Service and support are

essential decision factors. […] B2B sales have lots of moving

parts.” (GILLIN e SCHWARTZMAN, 2011, p. 6-8).

Ao levar em conta todas essas particularidades descritas por Kotler e que definem e

diferenciam os mercados industriais dos de consumo, é necessário entender também as

principais influências sobre os compradores. Kotler, em seu livro "Administração de

marketing: análise, planejamento, implementação e controle", analisa os fatores que

influenciam no comportamento de compra do consumidor. São inúmeros aspectos

internos e externos que explicam a decisão de um indivíduo ao optar por algum produto.

Figura 1. Principais influências sobre o comportamento de compra industrial.

(KOTLER, 2011, p. 194).

19

Como foi visto na figura 1, são inúmeros os fatores que podem afetar a decisão de

compra dos consumidores e a função do marketing é mapear todos esses aspectos a fim

de evitar que eles causem grandes impactos na imagem e nas vendas dos mercados

industriais. Outro ponto importante é, após definir quais mensagens serão disseminadas

para auxiliar o consumidor, determinar as estratégias e os melhores canais a serem

utilizados.

Ainda segundo Kotler, no livro “Gestão de marcas em mercados B2B”, o sucesso de

um negócio depende da identificação de novas oportunidades de valor, concretizá-las

em novas e promissoras ofertas de valor, e, por último, mas não menos importante, fazer

uso de capacidades e infraestrutura a fim de entregar essas novas ofertas de valor com

eficiência.

Os objetivos da comunicação, ou do marketing, não devem ser diferentes da

estratégia do negócio segundo a visão holística. Por isso a importância de se deixar bem

claro que os esforços do marketing, ou da comunicação, devem ter um impacto e

colaborar para o alcance dos fins da empresa.

Está claro a importância do marketing para os mercados industriais, entretanto, o

grande desafio continua a ser traçar estratégias certeiras de marketing para empresas

deste tipo. As características e diferenças dessas corporações devem ser levadas em

conta. O primeiro ponto a ser esclarecido deve ser o público. Por mais que o foco do

B2B não seja o consumidor final, é preciso destacar todos os interessados no negócio,

como, funcionários, sócios, concorrentes e investidores. Com o público definido,

entende-se que mesmo que os produtos não atinjam o consumidor final, há um amplo

cenário a ser explorado.

1.1. Os mercados industriais e as redes sociais

Por mais improvável que possa parecer, os mercados industriais foram os primeiros

a incorporar plataformas sociais às suas estratégias de marketing. Em 2005, empresas

como Microsoft, IBM e Cisco possuíam diversos blogs de colaboradores. Uma pesquisa

da B2B Magazine e da Association of National Advertisers de 2010, mostrou que 57%

das ações de Marketing B2B eram voltadas ao desenvolvimento de perfis em mídias

sociais, um aumento de 15% se comparado a 2007. Outra pesquisa do New Media

20

Institute divulgou, em janeiro de 2010, que as empresas B2B investiram cerca de $80 bi/

ano em marketing, sendo que $3 bi só para ações on-line.

“Social media marketing is a way to humanize the business, to turn

frailties into endearing qualities that encourage experimentation, loyalty and

forgiveness. Today’s most admired social media marketers – Dell, Cisco,

Starbucks, Google, Ford, Procter % Gamble, and Wal-Mart, to name just a

few –have adopted a philosophy of open experimentation layered upon a

culture of risk tolerance. But one thing they all share in common is that they

all had the good fortune of making high-profile, public mistakes, which

compelled their upper management to update their communications strategy”

(GILLIN, 2011, p. 10)

Para buscar resolver problemas de clientes e reunir profissionais interessados no

mercado de tecnologia, a Dell, criou em 2007, a DellTechCenter

(http://en.community.dell.com/), comunidade on-line que auxilia profissionais de

empresas de tecnologia a resolver grandes problemas da área em cooperação com

outros. Os membros podiam, além de trocar experiência entre eles, enviar perguntas

para os engenheiros da Dell que participavam da comunidade e davam dicas sem custo.

Entre esses profissionais da empresa estava Scott Hanson, engenheiro sênior da Dell,

considerado uma celebridade no mundo dos profissionais de tecnologia, o que conferiu

mais credibilidade a comunidade. Em 2008, cerca de 100 internautas visitavam a

comunidade diariamente e dois anos depois esse número chegou a cinco mil.

Além da comunidade on-line, a Dell também enxergou grandes oportunidades ao

explorar virtualmente a imagem de seus executivos. Seguido pelo exemplo de Hanson,

outros profissionais como Jeff Sullivan, Kong Yang e Dennis Smith também

começaram a ser embaixadores on-line da marca Dell.

Perfis no Twitter foram criados como canais secundários de comunicação da

DellTechCenter. Sullivan gerencia @jeffsullivan e Hanson passou a gerenciar o twitter

@dellservergeek, que atualmente, após a saída do executivo da empresa, foi

redirecionado ao @dellcares, que oferece suporte 24 horas por dia e sete dias por

semana, e o @ciscoservergeek, conta com 4.576 seguidores (22/09/2012), em que

Hanson faz o mesmo contato com internauta de quando estava na Dell.

21

Após o desenvolvimento dos perfis em redes sociais, a Dell, percebeu que a

comunidade on-line estava sendo responsável indiretamente por um aumento nas vendas

da companhia, mesmo sem possuir nenhum anúncio em sua plataforma.

“That’s despite the fact that Dell TechCenter isn’t charged with seeling

anything. The site is free of advertising, and the member list may never be

used for promotions. “The last thing IT people want then they come to a

technical resource is an ad asking them to buy a leptop” Hanson says.

Those sales are generated by the affinity that the staff has developed with

these key corporate customers”. (GILLIN, 2011, p. 4)

Segundo Gillin (2011), Bussines.com mostrou em 2009 que 81% das empresas B2B

mantinham perfis em mídias sociais, contra 67% das empresas B2C. O mesmo

levantamento também relatou que três de quatro corporações B2B possuem presença no

Twitter, contra metade das marcas B2C.

Há uma falsa imagem de que o principal objetivo das redes sociais é ser um canal

que aproxime a marca de seus consumidores, oferecendo promoções e fomentando a

venda de produtos. Os profissionais que se guiam por argumentos comerciais como este

terão dificuldades para entender e defender a presença de empresas B2B nas redes

sociais. O Social Media Examiner divulgou em 2011 um estudo sobre o Marketing

digital. Esse levantamento mostrou que aumentar as vendas está em 7º lugar entre

principais benefícios que as mídias sociais trazem às marcas. Vejam os resultados

completos na figura 2:

gerar exposição para o negócioaumentar assinantes/ tráfegomelhorar resultado de buscanovas parcerias de negóciosgerar insumos para pesquisa

reduzir despesas de marketingaumentar vendas

0% 10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

88%

72%

62%

56%

51%

49%

43%

Figura 2. Motivos pelos quais mercados industriais investem em redes sociais

Por ser um universo ainda muito novo e dinâmico, investimentos em redes sociais

são muito questionados, principalmente se levarmos em conta o retorno sobre o

22

investimento, devido a sua dificuldade de mensuração dos resultados e os riscos à

imagem da marca.

A internet trouxe pela primeira vez uma liberdade de expressão e alcance que nunca

havia sido vista antes. Tal abertura causa receio nas empresas, já que elas se sentem

vulneráveis em um ambiente novo e sem regras definidas.

A PWC, network de empresas do mundo todo capacitadas a dar assessoria

Tributária e Empresarial e de Auditoria, publicou, em 2011, na Grã-Bretanha, o estudo

“Uncovering B2B social media: Value, innovation and engagement”. Segundo esse

artigo, uma lista de riscos deve ser levada em conta antes de entrar em redes sociais.

Org

aniz

ação

Risco Prevenção

Cliente fica exposto a

fraudes.

Estabelecer um plano para

proteger a marca, incluindo

elementos como, guia de

marca, patentes, licenças,

gerenciamento de domínio

e monitoramento de mídia

social. Estas funções são

muitas vezes fragmentadas

em várias áreas da

corporação

A falta de controle sobre o

conteúdo corporativo –

quando colaboradores

postarem informações

erradas ou indevidas em

nome da empresa nas redes

sociais.

Estabelecer uma “Política

de Conduta nas Redes

Sociais”, um documento

que detalha a forma como a

web pode ser utilizada e

especialmente o que pode e

não pode ser

compartilhado.

Expectativas ilusórias de

atendimento ao cliente em

tempo real.

Certifique-se de que sua

equipe pode lidar com o

tráfego que pode surgir

com as redes sociais.

23

Estabelecer um

cronograma claro para as

respostas.

A má gestão das mídias de

comunicações on-line pode

ser afetada por

regulamentos ou pela busca

eletrônica.

Estabelecer políticas e

processos que garantam

que todas as mídias de

comunicação on-line sejam

controladas.

Col

abor

ador

Usando contas pessoais

para comunicar

informações relacionadas

ao trabalho.

Estabelecer políticas de RH

e de sensibilização para

que os funcionários não

compartilham informações

da empresa

Postar fotos ou

informações que possam

danificar a marca da

empresa.

Mais uma vez, trabalhar

com RH para desenvolver

políticas que explicam o

que pode e não pode ser

compartilhado.

Uso excessivo de redes

socais no ambiente de

trabalho.

Criar filtragem de conteúdo

ou limitar o acesso a sites.

O acesso a redes sociais via

celular pode resultar em

roubo de dados.

Políticas, treinamentos e

manuais que definem as

punições no caso do não

cumprimento.

Figura 3. Riscos e prevenções de redes sociais para corporações B2B (PWC, 2001,

p. 17)

Apesar da escassez de grandes cases de redes sociais no mercado brasileiro B2B,

existem cases globais muito interessantes. Mesmo com essas incertezas, as pesquisas

citadas anteriormente demonstram a maturidade do mercado B2B ao Social Marketing e

a ansiedade e desejo dessas corporações em aproveitar as oportunidades que as redes

sociais podem trazer aos seus negócios.

24

Muitas empresas de marketing industrial criam o que poderia ser chamada

de uma vantagem competitiva, ao demonstrar capacidades especiais no

gerenciamento de relacionamentos com os principais clientes ou ao elaborar

estratégias inovadoras em conjunto os parceiros da aliança. Essas empresas

aprenderam como ser bons parceiros e essas capacidades superiores de

relacionamento são um ativo valioso. (HUTT, 2011, p. 95).

Reconhecendo as oportunidades que as redes sociais podem trazer aos mercados

industriais, ainda assim existem muitas dificuldades e resistência em se aprovar projetos

(figura 4).

Preferência pelo marketing tradicional

Irrelevância da área

0.0% 20.0% 40.0% 60.0%

26%

13%

45.50%

B2BB2C

45,50%

Figura 4: Quais são os obstáculos que seu time terá ao aprovar projetos de redes

sociais? (GILLIN, 2011, p. 33)

Uma das grandes dificuldades de se trabalhar redes sociais, tanto para

corporações industriais quanto para as focadas nos consumidores, é a mensuração de

resultados, e é exatamente neste ponto que investimentos em projetos são vetados.

Segundo o relatório da PWC, 36% das empresas B2B não mensuram resultados em

social media, enquanto 10% possuem padrões básicos de mensuração qualitativa, e a

grande maioria, ou seja, 39% confiam em medidas quantitativas básicas como avaliar o

número de seguidores ou menções a marca. Apenas 14% dos mercados industriais que

investem em redes sociais utilizam-se de processos de mensuração sofisticados, que

tratam de verificar a o impacto das ações digitais no negócio e nos riscos da empresa.

Neste capítulo, mostramos uma análise breve do cenário dos mercados

industriais que investem em redes sociais e mais adiante aprofundaremos nos conceitos

25

de redes sociais e como essas ferramentas podem auxiliar no branding de corporações

B2B.

26

CAPÍTULO 2

O MARKETING E A INTERNET

Quais as mudanças que a internet trouxe ao marketing? Como o marketing on-line pode contribuir para a construção da marca? Neste capítulo, buscaremos respostas à essas perguntas, assim como, quais os melhores caminhos para os mercados industriais dentro desse novo contexto.

“O surgimento da mídia um a um fornecerá um tipo de concorrência

totalmente novo – marketing um a um. No futuro um a um, você vai estar

competindo para conquistar um cliente por vez (...) Você não estará tentando

vender um único produto a grande número de consumidores. Ao contrário,

estará tentando vender grande número de produtos a um único consumidor -

durante longo período de tempo e com linhas de produtos diferentes”.

(KOTLER apud PEPPERS, 2011, p.623)

Segundo Kotler, as definições de Marketing podem ser dividas em sociais e

gerenciais. De uma maneira geral, a definição gerencial está relacionada ao poder de

venda do marketing, enquanto a versão social está ligada às funções dele para a

sociedade. Kotler e Fox (1994) acreditam que marketing é a habilidade de planejar e

administrar as relações de troca de uma instituição com seus vários públicos. É análise,

planejamento, implementação e controle de programas cuidadosamente formulados para

proporcionar trocas voluntárias de valores com mercados-alvo e alcançar os objetivos

institucionais. Marketing envolve programar as ofertas da instituição para atender às

necessidades e aos desejos de mercados-alvo, usando preço, comunicação e distribuição

eficazes para informar, motivar e atender a esses mercados.

Ainda sobre os diversos papeis do marketing, Kotler e Armstrong (2011)

definem a função do marketing como “[...] lidar com os clientes. Apesar de explorarmos

adiante as definições de marketing com mais detalhes, talvez a mais simples seja:

marketing é administrar relacionamentos lucrativos com o cliente. Os dois principais

objetivos do marketing são: atrair novos clientes, prometendo-lhes valor superior, e

manter e cultivar os clientes atuais, propiciando-lhes satisfação”.

27

Seguindo a mesma linha de pensamento, McDonald (2008, p. 2) pensa o

marketing como um conjunto de “atividades de uma organização que são impulsionadas

por um desejo de satisfazer às necessidades de clientes. Assim sendo, a empresa

forneceria bens ou serviços para os quais há uma demanda já conhecida, não baseando

suas vendas naquilo que a empresa gosta de produzir”.

O mercado atual está muito fragmentado. Chris Anderson descreveu esse cenário

de forma muito concreta em seu livro “A Cauda Longa – Do mercado de massa ao

mercado de nicho”. Segundo o pesquisador, o conceito está relacionado aos mercados

que vendem uma grande quantidade de itens em pequenas quantidades, ao invés de

focar nos produtos mais vendidos. É importante analisar a Cauda Longa nesse contexto

para entender como essa teoria exigiu novas formas de marketing, entre eles o

marketing direto.

Para Kotler (2011, p. 624), marketing direto “é um sistema interativo que usa

uma ou mais mídias de propaganda para obter uma resposta e/ou mais mídias de

propaganda para obter uma resposta e/ou transação mensurável em qualquer

localização”. Ainda segundo o autor, muitas empresas têm utilizado o marketing direto

para criar um relacionamento de longo prazo com o consumidor (marketing de

relacionamento direto).

Kotler e Armstrong (2011, p. 433) definem marketing direto como

“comunicações diretas a consumidores individuais cuidadosamente definidos como

alvo, com o objetivo de obter uma resposta imediata e cultivar relacionamentos

duradouros com eles”. Essa comunicação geralmente é feita em uma “base interativa

um-para-um”.

A utilização cada vez mais frequente do marketing direto é uma resposta à

realidade do marketing nos anos 90. O fenômeno da Cauda Longa, demonstrando a

desintegração do mercado de massa e força do mercado de nicho, e a popularização e

desenvolvimento da internet, obrigaram as corporações a buscarem novos instrumentos

para atingir seus consumidores.

Kotler e Armstrong (2011) dividem o marketing direto em cinco principais

formas: (figura 5)

28

Figura 5. Formas de marketing direto (KOTLER, 2007, p. 437).

Como se pode analisar, o marketing on-line e as novas tecnologias digitais são

duas formas de se fazer marketing direto.

Kotler (2007) define o marketing on-line como a forma de marketing direto de

mais rápido crescimento. A ampla utilização da Internet e outras poderosas novas

tecnologias estão tendo um impacto drástico tanto nos compradores quando nas

empresas que os atendem.

Claudio Torres, estudioso de Marketing, vai ainda mais longe e afirma que desde

a criação da internet o conceito de marketing sofreu profundas transformações, de uma

forma que passou a não ser mais possível pensar em estratégias de marketing sem

considerar a web.

“Entender a Internet não é mais uma questão de opção. Não se

esconda atrás da ideia de que é possível fazer marketing sem a Internet. [...]

Quando você ouve falar de marketing digital, publicidade on-line, marketing

web, publicidade na Internet ou quaisquer outras composições criativas que

se possa fazer dessas palavras, estamos falando em utilizar efetivamente a

Internet como uma ferramenta de marketing, envolvendo comunicação,

29

Clientes existentes e potenciais

Venda pessoal

Marketing on-line

Marketing de mala direta

Marketing de catálogo

Telemarketing

Marketing de televendas

Marketing de terminais de multimídia (quiosques)

Novas tecnologias

digitais

publicidade, propaganda e todo o arsenal de estratégias e conceitos já

conhecidos na teoria do marketing” (TORRES, 2009, p. 45).

Torres (2009) ainda traça um paralelo interessante entre o Marketing e a Internet

a fim de mostrar como os conceitos se influenciam.

Estratégia de marketing

Estratégia de marketing digital

Ações táticas e operacionais

Tecnologias e plataformas empregadas atualmente

Comunicação corporativa Relações públicas

Marketing de conteúdo

Geração de conteúdo Marketing de busca

Blogs SEO/SEM

Marketing de relacionamento

Marketing nas mídias Sociais

Ações em redes sociaisAções com blogueiros

Orkut, Twitter, Facebook, Youtube, LinkedIn, etc.

Publicidade e propaganda Marketing de guerrilha

Marketing viral Postagem de vídeos, animações e músicas Publicações de widgest

Redes sociais YoutubeWidgets virais

Publicidade e propaganda Branding

Publicidade on-line BannersPodcast e vídeocastWidgetsJogos on-line

Sites e blogs Mídias sociaisGoogle AdWords

Pesquisa de mercado Branding

Pesquisas on-line Buscas e clipping Monitoramento de marcaMonitoramento de mídia

Google Redes sociais Clipping

Marketing direto E-mail marketing NewsletterPromoções Lançamentos

E-mail SMS

Figura 6. O Marketing e a Internet (TORRES, 2009, p. 69)

Para Gabriel (2010, p. 104) marketing digital é “marketing que utiliza estratégias

em algum componente digital no marketingmix – produto, preço, praça ou promoção”.

Martha Gabriel explica também porque esse conceito não é adequado:

i) privilegia um dos componentes da estratégia, no caso, o

digital, em detrimento dos outros, como impressos,

eletrônicos etc.;

ii) apesar de o digital se difundir cada vez mais no dia a dia,

a eletricidade e energia de baterias são os principais

30

fatores pode detrás não apenas das mídias digitais, mas

das eletrônicas também – assim, se temos marketing

digital, teríamos de ter o marketing elétrico ou eletrônico.

(GABRIEL, 2010, p.104).

Ao analisar a figura 2.1, entende-se exatamente onde as redes sociais podem ser

usadas e auxiliar na estratégia de marketing. Essas plataformas podem ajudar nas

estratégias de Marketing de relacionamento, Publicidade e propaganda, Marketing de

Guerrilha, Branding e Pesquisa de mercado.

Kotler e Armstrong (2007) ainda enumeram os domínios do marketing-online.

Segundo os autores, existem quatro principais domínios: B2C (business-to-consumer),

B2B (business-to-business), C2C (consumer-to-consumer), C2B (consumer-to-

business). Esta pesquisa se preocupará em entender melhor o marketing-online para o

domínio B2B.

2.1. Estratégia de mídias sociais para mercados industriais

Gabriel (2010, p.196) define rede social como:

[...] “estrutura social formada por indivíduos (ou empresas), chamados

de nós, que são ligados (conectados) por um ou mais tipos específicos de

interdependência, como amizade, parentesco, proximidade/afinidade, trocas

financeiras, ódios/antipatias, relações sexuais, relacionamento de crenças,

relacionamento de conhecimento, relacionamento de prestígio etc”. Dessa

forma, tanto on-line quanto off-line, há diversos tipos de redes sociais,

conforme o tipo de interdependência que elas desenvolvem [...].

Terra (2009, p.2) define: “(...) o conceito de “rede” deriva das redes sociais:

laços que as pessoas estabelecem entre si, buscando apoio, referências, informações e a

sensação de “pertencimento”, (...) Após o advento da web 2.0, o conceito de rede social

passou a ser largamente associado à comunicação no ciberespaço.

31

Segundo Recuerdo (2009, p. 102) os sites de redes sociais não são algo novo,

“mas uma consequência da apropriação das ferramentas de comunicação mediada pelo

computador pelos atores sociais”.

Portanto, as redes sociais designam toda e qualquer “estrutura social formada

por indivíduo” independente se esta é on-line ou off-line. O que interessa ao presente

trabalho são as redes sociais existentes no ambiente on-line, e por isso, para evitar

confusões, usaremos o termo mídias sociais. Para Gabriel (2010), as mídias sociais

seriam associadas a conteúdos (imagem, texto, vídeo etc.) gerados e compartilhados

pelas pessoas nas redes sociais.

De acordo com Torres (2009), as redes sociais podem auxiliar na estratégia de

marketing nos seguintes pontos (ver tabela 2.1):

• Comunicação Corporativa e de Relações públicas;

• Marketing de relacionamento;

• Publicidade e propaganda

• Marketing de guerrilha;

• Branding;

• Pesquisa de mercado.

Para Gillin, são inúmeros os benefícios que a presença em mídias sociais pode

gerar aos mercados industriais, entre eles, agregar a inteligência de mercado, identificar

oportunidades, construir uma imagem junto aos formadores de opinião on-line, realizar

pesquisas de mercado, oferecer suporte aos clientes, gerenciar crises e solicitar

feedback. As possibilidades de conversa foram ampliadas assim como os formadores de

opinião.

No que diz respeito a pesquisa de mercado e a inteligência de mercado, as redes

sociais facilitaram o contato das corporações com seu público-alvo.

Searching for mentions of your own brand is a start, but you’ll learn

much more if you expand your criteria. The information you get back is

only as good as the keywords you search. Among the search phrases to

consider are:

32

• Competitors

• Customers

• Channel partners

• Regulatory agencies and commissioners

• Legislators

• Influential authors, journalists and bloggers.

• Individuals within the organizations mentioned at the start of

this list. (GILLIN, 2011, p. 16).

O trabalho em redes sociais para empresas B2B devem ter como estratégia os

itens descritos por Torres (2009). As corporações industriais devem usar as plataformas

on-line para gerar confiança e credibilidade a fim de encurtar os ciclos de compra,

buscar feedback dos consumidores e auxiliar no crescimento geral do negócio e na

construção da imagem da marca. Ao final de todo esse ciclo, esse posicionamento

acabará gerando novas vendas, mas, segundo Gillin (2011), não deve ser o foco do

trabalho.

Social media certainly make listening easier, but it’s the actions that

organizations take from their conversations that building enduring

relationships with customers that last long after a single transaction.

[…] Our (Dell) commitment to blog, social networks, and customer

forums seems particularly striking in light of the fact that just four years

ago we were the target of some vocal criticism in those same places.

Here’s why we embrace social media. It’s because these social media

communities are we get honest, candid feedback from our customers

that incorporate into solutions that better meet their needs. They remind

us of the importance of how direct customer interaction drives our

business strategy and growth (GILLIN, 2011, p.VII)

As estratégias que serão aplicadas ao posicionamento digital das empresas B2B

não serão criadas exclusivamente para serem desenvolvidas no ambiente on-line. Se on

e off são faces de uma mesma moeda, a essência do branding é a mesma, o que muda

são as plataformas e as formas de interação.

33

2.2. A escolha das plataformas

Escolher quais as plataformas ideais a sua estratégia é um passo importante para

o marketing on-line. A web oferece um leque variado de opções que serão utilizadas

após uma análise profunda do público e objetivos da marca. É interessante ressaltar que

as mídias sociais sugeridas em um momento mudarão com facilidade, devido também

ao grande dinamismo da internet. Por isso, é imprescindível estar atento aos

movimentos e mudanças no comportamento do consumidor. Para Recuerdo (2005, p.

17), “os sistemas sociais e as redes sociais, assim, estão em constante mudança. Essa

mudança implica no aparecimento de novos padrões estruturais. Redes sociais, portanto,

precisam ter capacidade de adaptação, pois têm um equilíbrio dinâmico, constantemente

redirecionado entre caos e ordem”.

Geralmente as plataformas mais adequadas aos mercados consumidores não

serão fortemente recomendadas aos mercados industriais. O primeiro necessita engajar

o maior número de internautas, buscando assim mídias que atraem milhares de

indivíduos, já o segundo está mais focado na qualidade do internauta, buscando assim

redes que envolvam pessoas de um mercado específico e que possuam conhecimento

específico.

For B2B, less is usually more. You don’t want fans, subscribers and

followers, when your target market is usually far less. Bear in mind that social

media is an opportunity to scale relationships, involve in direct customer

engagement, get real-time survey data, and experiment with ideas. (NAIR,

2011, p. 20)

Desde a criação do MySpace, em 2003, muitas mídias sociais passaram a fazer

parte desse cenário (figura 7), entre elas, Facebook, Twitter, YouTube e LinkedIn.

Todas essas plataformas já foram usadas em estratégias dos mercados industriais, porém

elas não possuem o mesmo valor (figura 7). Veja a aplicação de cada uma delas no

contexto B2B.

34

Facebook

Twitter

LinkedIn

Blogs

YouTube

Comunidades/ fóruns

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30%

20%

13%

26%

19%

7%

14%

Figura 7. Plataformas mais importantes de mercados B2B (2011, Social Media for B2B

Marketing)

LinkedIn

O site de conexões profissionais anunciou no Brasil, em fevereiro de 2012, que

atingiu sete milhões de usuários no país é a mídia social preferida dos mercados

industriais (tabela 2.1.2). Pesquisa da B2B Magazine mostrou que 81% dos executivos

de mercados B2B disseram que usam o LinkedIn em comparação com 25% dos

executivos de mercados B2C.

Além das mensagens que podem ser compartilhadas entre os usuários

“conectados”, o LinkedIn oferece outra ferramenta interessantíssima e que gera bastante

engajamento. Há uma infinidade de comunidades e grupos de discussões ativos,

agregando diferentes tipos de profissionais e com distintos interesses. O fato é que dessa

união colaborativa nascem muitos projetos e ideias.

There are groups for almost any professional discipline you can imagine,

and discussions are focused and active. It’s easy to start groups, and you can

35

also drop in on relevant discussions to find out what’s on the minds of business

customers. “Our LinkedIn groups are all under 200 people and they are all

customers”, says CME Group’s Allan Schoenberg. “You can ask anything and

get a reaction”. (GILLIN, 2011, p.106).

YouTube

A maior plataforma de compartilhamento de vídeos da web foi criada em 2005,

e sete anos depois chegou a mais de quatro bilhões de visualizações diárias, segundo

dados divulgados pelo próprio YouTube. Só em 2011, a mídia social teve mais de um

trilhão de visualizações.

Muitas empresas veem o YouTube como uma plataforma eficiente para

disseminação de campanhas promocionais, vídeos de treinamento para empregados e

compartilhamento de depoimentos de clientes. O canal também envolve um número alto

de internautas, por isso, caso a corporação deseje mídias mais focadas, podem

experimentar outras plataformas de compartilhamento de vídeos, como o Vimeo.

Twitter

Dados de setembro de 2012, mostraram que os resultados do Twitter no Brasil

caíram de forma acentuada, apesar de continuar sendo uma rede social importante no

país. No intervalo de um ano (2011/2012), o microblogging teve uma queda de 24% no

número de acessos.

Apesar da queda, o Twitter é uma plataforma que os mercados industriais

devem, ter devido ao seu potencial de prestação de serviço. As mensagens com apenas

140 caracteres, a rapidez, o volume e a forma das interações fazem do Twitter o cenário

perfeito para aquelas empresas que buscam aprimorar seu serviço ao consumidor.

Como foi visto anteriormente, um dos fatores decisivos para os compradores de

produtos industriais é o serviço que essas empresas prestam, por isso o microblog é uma

ferramenta interessantíssima para aproximar os clientes das corporações. A Dell, por

meio da conta @dellcares, oferece a seus clientes suporte de serviços 24 horas por dia e

sete dias por semana (Figura 8).

36

Figura 8. Twitter da Dell oferece suporte a seus clientes.

Blogs

Segundo o relatório “A2/M2 Three Screen Report”, divulgado em 2009, mais de

133 milhões de blogs são criados diariamente no mundo todo desde 2002. No Brasil,

grande porcentagem desses blogs são interessantes aos mercados industriais. É fato que

em sua maioria os blogs são dedicados ao Entretenimento, 69% segundo a Boo-Box.

Porém, como foi dito anteriormente, o interesse do mercado B2B reside na Cauda

Longa, ou seja, em pequenos nichos.

De acordo com a revista B2B Magazine (2010), profissionais de marketing que

trabalham em mercados industriais apontam os blogs como a ferramenta mais eficiente,

por possibilitar aprofundar em alguns conceitos.

“Entries can be of any length, and graphics and multimedia can be

incorporated to illustrate a point. In the technical realm in which many B2B

professionals dwell, blogs are the best way to explain complex concepts and

engage in audience discussions of equal depth” (GILLIN, 2011, p. 104).

Facebook

A rede social criada por Mark Zukerberg, em 2004, atingiu, em 2012, pouco

mais de 36 milhões de visitantes únicos, segundo a comScore. O Facebook é atualmente

a rede social mais popular em todo mundo, com 901 milhões de usuários ativos por

mês, de acordo com relatório da União Internacional das Telecomunicações (UIT).

Por ser a plataforma mais popular, o Facebook acaba não sendo uma plataforma

com foco em estratégias de redes sociais para empresas B2B. Além disso, o marketing

da ferramenta acontece a partir da permissão do internauta, ou seja, o internauta precisa

gostar (“like”) da empresa para receber as suas atualizações.

37

Apesar das inúmeras possibilidades criativas disponibilizadas pelo Facebook,

principalmente no que diz respeito ao potencial de seus aplicativos, não encontram-se

grandes cases dos mercados industriais.

B2B companies have found Facebook to be an effective vehicle for

recruiting. Ernst & Young, Deloitte and Sodexo are among the firms that

have had success there. In a novel twist, copper producer TVI has also

adopted Facebook as a way to communicate with investors. (GILLIN,

2011, p. 106).

38

CAPÍTULO 3

METODOLOGIA

Esse capítulo traz um breve esclarecimento dos porquês da escolha da empresa estudada, o perfil dos entrevistados e as razões que motivaram a decisão pelos mesmos, além de como a análise foi construída.

Como já foi dito em outros momentos desta pesquisa, uma das grandes

dificuldades foi encontrar um caso que fosse interessante para analisar segundo o

levantamento teórico feito nos primeiros capítulos. Na falta de um case que se

aproximasse ao máximo do modelo ideal de trabalho das redes sociais em um mercado

industrial, encontramos uma empresa de software que, apesar de ser uma multinacional,

possui perfis em redes sociais focados apenas em no público brasileiro. A marca traçou

sua estratégia em cima de três pilares: PR 2.0, ações de engajamento, monitoramento. O

interessante da escolha por uma organização que não possui um modelo de estratégia

para mercados industriais é verificar a eficácia de outros caminhos e entender os

porquês da falta de sucesso daquele plano.

A estratégia de mídias sociais é criada em consonância com o modelo

estratégico de negócios da empresa. Esse pensamento está alinhado ao marketing

holístico, conceito de Philip Kotler que defende a integração de todas as áreas de uma

corporação, reconhecendo a sua importância a fim de alcançar um objetivo em comum.

Considerando o pensamento holístico, dois colaboradores da empresa foram

entrevistados: a diretora de comunicação global, que participa ativamente de todas as

reuniões de diretoria e tomada de decisão, e a gerente de comunicação, responsável por

toda a gestão dos processos comunicacionais, incluindo as mídias sociais da marca na

América Latina.

A entrevista com estas representantes da empresa trouxeram duas visões

diferentes e complementares. A primeira trata-se do pensamento estratégico da empresa,

seus desafios enquanto negócio e a transposição dessas metas para a área de

comunicação. A segunda se refere à análise da criação e desenvolvimento da parte

tática, assim como a avaliação dos resultados.

39

Para buscar as informações e percepções necessárias, entrevistas foram feitas e

materiais como, relatórios, planos de ação e manuais de procedimentos da marca em

mídias sociais foram analisados a fim de cruzar esses dados com a pesquisa teórica

proposta nos primeiros capítulos dessa pesquisa para chegar a uma análise qualitativa do

trabalho.

40

CAPÍTULO 4

ESTUDO DE CASO

Após analisar toda a parte teórica, este capítulo trará uma avaliação das práticas em redes sociais de um mercado industrial. Construiremos uma linha de pensamento e parâmetros para fazer uma consideração aprofundada do tema.

4.1. Perfil da empresa

Por questões de confidencialidade, o nome da empresa não será divulgado neste

trabalho. A corporação pesquisada para a construção dessa tese foi uma multinacional

da área de tecnologia e desenvolve softwares para auxiliar na gestão de diferentes

processos corporativos.

Segundo o seu diretor de marketing, DW, o principal foco da entrada nas redes

sociais foi aumentar a exposição da marca, deixá-la mais próxima de jovens executivos,

já que eles perceberam que esse perfil de profissional lhes oferecia uma excelente

oportunidade de negócio, e fazer com que o seu assunto fosse mais entendível a outras

pessoas. Foi deixado bem claro que não havia ali aspirações de gerar novos negócios

diretamente, já que eles tinham conhecimento da complexidade do seu negócio.

4.2. Cenários dos canais

A estratégia aplicada aos perfis brasileiros nas mídias sociais veio do global.

Algumas poucas adaptações foram feitas para o mercado brasileiro. De uma forma

geral, o posicionamento da marca foi baseado em três pilares: PR 2.0 (geração de

conteúdo on-line, Community Manager), Ações de engajamento (criar relacionamento

com formadores de opinião on-line), Monitoramento (pesquisa das mensagens que

citam a empresa e seus concorrentes).

Segundo o Social Media Plan, vindo da empresa global e adaptado à realidade

brasileira, o objetivo do trabalho de PR 2.0 é aproximar a empresa dos internautas

brasileiros, posicionando a organização de forma transparente, responsável e inovadora.

Além disso, criar uma agenda de pautas e temas de interesse do internauta, não

esquecendo da divulgação de suas mensagens-chave.

Para tal, três mídias sociais foram escolhidas, Facebook, Twitter e Blog. O blog

traz várias notícias traduzidas do blog internacional e algumas matérias veiculadas na

41

imprensa sobre a atividade. A média mensal de visitas do blog é 250 visitantes únicos,

que permanecem 1’04’’.

O Twitter, após dez meses de sua abertura, possui 61 seguidores, uma média de

5 retuites e 9 menções diretas a seu perfil. O objetivo da abertura de um perfil no

microblogging foi trazer notícias de tecnologia, destacando os benefícios do produto.

O Facebook funciona como um canal de integração das outras redes socais, mas

também postando conteúdo único, como os vídeos do Youtube internacional do

negócio. A fanpage possui 68 seguidores, uma média de 4 curtir, 2 compartilhamentos

e 28 views por posts. A grande dificuldade dessa plataforma é conseguir novos

seguidores, já que seu tema é muito específico e não desperta grande interesse.

Propostas para pequenos investimentos em Facebook Ads foram apresentadas,

mas nenhuma aprovada, já que, segundo o diretor de comunicação, não há uma

preocupação com a quantidade de fãs e sim com a qualidade desses internautas e o

volume de interações que eles promovem na página. Porém, como foi visto acima, a

quantidade de compartilhamento de informações na fanpage é muito pequena. Mesmo

após 10 meses trazendo informações e curiosidades sobre tecnologia e produtos, o

internauta em nenhum momento iniciou uma discussão aprofundada sobre o tema no

Facebook.

Ainda de acordo com o Social Media Plan, o pilar PR 2.0 destaca que, mesmo

cada plataforma tendo as suas particularidades, existem três processos que são comuns a

todas elas: planejamento, relacionamento com internautas e mensuração.

A fase de planejamento será utilizada para buscar e selecionar perfis, fanpages e

amigos de interesse do negócio e definir, segundo a linha editorial dos canais, as

postagens que deverão ser realizadas. O relacionamento com internautas será utilizado

para analisar postagens e realizar um monitoramento on-line e conhecer o

comportamento e as necessidades desse internauta. A última fase, ou mensuração, tem

como objetivo trazer relatórios semanais com uma análise quantitativa e qualitativa da

evolução de cada plataforma: número de membros, comentários, interações, entre

outros.

O segundo pilar descrito pelo Social Media Plan é o “Ações de Engajamento”,

que tem como foco engajar os internautas e posicionar a empresa como expert em

42

tecnologia, por meio de encontros, promoções e eventos com formadores de opinião on-

line.

O terceiro e último pilar está relacionado ao monitoramento das mensagens que

citam a marca e seus softwares na web, que está diretamente ligado a avaliação do

próprio trabalho. Não há no plano nenhuma menção à utilização desses levantamentos

para gerar um plano de gerenciamento de crise.

4.3. Parâmetros de análise

No capítulo 3 do livro “Social Marketing to the business”, Gillin traz quatro

caminhos para que os mercados industriais possam aproveitar os benefícios das mídias

socais. Segundo o autor, os principais usos estão relacionados à inteligência de

mercado, identificação de oportunidades, relacionamento com formadores de opinião

on-line, pesquisa de mercado, serviços a clientes, gestão de crise e solicitação de

feedback.

Por trazer uma visão geral dos aspectos positivos que as mídias sociais podem

trazer aos mercados industriais tomaremos esses parâmetros como análise da estratégia

que é desenvolvida atualmente pela empresa.

4.4. Análise

Para iniciar a análise da estratégia utilizada pela empresa de softwares nas redes

sociais brasileiras, é preciso estabelecer uma escala de valor (1 a 5) para classificar a

qualidade do trabalho sendo que “1” é insatisfatório, “2” ruim, “3” regular, “4” bom e

“5” muito bom. A avaliação será feita tendo como base todos os conceitos teóricos

descritos nesta pesquisa junto com a análise de relatórios disponibilizados pela empresa

e a mera observação das plataformas.

Parâmetro Nota

Inteligência de mercado 1

43

Identificação de oportunidades 1

Relacionamento com formadores de

opinião on-line

4

Pesquisa de mercado 1

Serviços a clientes 2

Gestão de crise 1

Solicitação de feedback 1

Figura 9. Parâmetros de análise para o estudo de caso

Gillin (2011, p.15), destaca “the big opportunity is marketing intelligence is

developing a holistic picture of your competitive environment and your market”. A

análise e monitoramento das menções ao negócio é o primeiro passo para se conseguir

levar dados e conclusões que gerem avaliações de cenário importantes.

Pela análise dos materiais apresentados, a empresa em questão traz um

levantamento simples e focado em redes sociais. Não há uma leitura de cenário que

consiga oferecer conclusões importantes que possam agregar à estratégia do negócio.

Em uma análise rápida de profundidade, os relatórios que são apresentados

semanalmente e mensalmente não identificam novas oportunidades. O que se vê nesses

materiais é um breve resumo dos resultados do trabalho proativo que é feito. Não há

uma visão global de cenário. “Many common business problems can be solved by

searching message boards of inviting feedback from Twitter followers. These results

can then be used to convince internal skeptics of the value of participating in on-line

communities”. (GILLIN, 2011, p. 18).

Como um dos pilares da sua estratégia é o relacionamento com formadores de

opinião on-line, o negócio investe muitos esforços para se aproximarem de internautas

relevantes. Muitos eventos e encontros são agendados com blogueiros para apresentar

os produtos, executivos da empresa e novidades do mercado. Formadores de opinião on-

line são tratados pela empresa com a mesma importância que os jornalistas. O que ainda

tem que ser desenvolvido é a diferença existente entre esses públicos. Algumas ações

44

para estreitar relacionamento serão mais interessantes à jornalistas do que para

blogueiros e vice-versa.

A mesma carência de análise existente nos quesitos “inteligência de mercado” e

“identificação de oportunidades” acontece também com o “gerenciamento de crise” e a

“pesquisa de mercado”. Relatórios rasos e pouco analíticos não oferecem insumos

necessários à esse tipo de trabalho que exige, antes de qualquer coisa, uma pesquisa

profunda.

Mesmo que de maneira indireta, os perfis em mídias sociais da empresa trazem

de forma esporádica um atendimento ao cliente. Esse serviço acontece apenas de forma

reativa, por esse motivo a utilização da palavra “esporádica”. Não há um programa ou

um canal específico para fomentar a resposta de dúvidas dos clientes a respeito de

produtos.

“B2B companies may also get equal or better results by using long-form

channels like blogs of video for customer support. That’s because business customers

often require more customized of detailed support then users of a commodity service”

(GILLIN, 2011, p. 25).

Da mesma forma que acontece com o atendimento ao cliente, o aspecto

“solicitar feedback” também não é explorado da forma que deveria. Não existe um

processo que busque uma avaliação dos seus produtos. Comentários de internautas

nesse tom aconteceram apenas em duas situações ao longo de 10 meses da abertura dos

perfis.

O Social Media Plan trouxe uma organização ao trabalho que ocasionou em

benefícios à aplicação da estratégia definida pela empresa, porém o perfil da corporação

foi tratado de forma geral, sem explorar todo o potencial que as mídias sociais podem

trazer aos mercados industriais. O plano e as ações descritas poderiam ser aplicadas com

um melhor resultado se a empresa fosse de um mercado consumidor, o que não era o

caso analisado.

45

CONCLUSÃO

Durante todo o período de pesquisa, buscamos entender a importância da marca

mercados industriais e como o marketing on-line poderia contribuir nessa construção de

imagem. Para isso, procuramos recursos em conceitos básicos do marketing, branding,

estratégia, mídias sociais e web. O objetivo principal desse projeto é perceber quais as

reais necessidades das corporações B2B nos ambientes de interação on-line.

Ao esboçar todas as teorias necessárias para análise, também recorremos a um

estudo de mercado para verificar como uma marca trabalhava na prática com o público

brasileiro e percebemos que as plataformas tradicionais, como Facebook, Twitter e

Blogs, ainda são as preferidas dos estrategistas em mídias sociais, mesmo as mesmas

não oferecendo um ambiente favorável para atingir os objetivos.

Os mercados industriais não buscam engajar internautas em larga escala, o

número de seguidores ou fãs não é o fator mais importante, mas sim a qualidade das

interações que são estabelecidas nessas plataformas. Apesar dessas afirmativas, durante

o estudo de caso percebemos que existe uma preocupação e pressão recorrentes com os

resultados quantitativos.

Toda e qualquer estratégia em redes sociais deve partir da necessidade do

público. É preciso mapear os interesses e carência do seu público-alvo para depois e

decidir qual será o posicionamento da empresa nos ambientes digitais interativos. É a

partir do público, que as ações são criadas e passam a fazer sentido para quem elas

foram destinadas.

Ao analisar a empresa para construir o estudo de caso, percebemos o quanto

faltou planejamento e leitura de cenário, já que a estratégia digital da corporação acabou

sendo construída dentro dos moldes tradicionais das empresas B2C, o que acabou

gerando poucas interações com internautas e resultados pouco atraentes.

As diferenças de modelo de negócio entre mercados industriais e consumidores

são outros fatores que não são levados em grande consideração ao criar a estratégia de

redes sociais. Como os grandes cases em digital estão normalmente concentrados nas

empresas B2C, os estrategistas de mídias sociais acabam focando a sua atenção nesses

46

modelos e aplicando-os às corporações B2B, o que não é efetivo, tendo em vista o

abismo que existe entre esses dois modelos de negócios.

Sentimos também uma ansiedade das corporações em enxergar resultados

rápidos de seus investimentos, enquanto o que deveria ser pensado é que o principal

objetivo das mídias sociais é ser sociável, ou seja, criar relacionamento com seu

público, e que por sua vez, relacionamento não existe com poucas semanas de trabalho,

e sim com um processo contínuo e duradouro.

As corporações B2C têm certa facilidade em enxergar o resultado de seus

investimentos em redes sociais, já que há um forte apelo comercial em suas estratégias,

fato que não acontece nos mercados industriais, o que dificulta ainda mais a defesa dos

projetos.

Apesar do dinamismo da web e da velocidade das redes sociais, principal

característica dessas mídias, há uma fase de análise, planejamento e diagnóstico que

deve ser levada em consideração e que leva algum tempo para ser construída.

Entendemos a ansiedade em estar logo presente nas mídias sociais, porém essa

inquietude não pode trazer impactos negativos ao trabalho. Um planejamento mal feito

pode resultar em uma construção errônea da imagem digital da corporação, o que nem

sempre tem volta.

47

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