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DE MIM SAIU VIRTUDE UM ESTUDO SOBRE A ESPONTANEIDADE DO MILAGRE Será que isso é sem retorno Sai de nós um sopro, um aura, um sonho Um desejo, um lírio, uma voz, um suspiro Sai de nós um canto, quem sabe um gesto, um sorriso Sai de nós um sentimento e junto dele Um pedaço de nós, já não nos pertencerá Nunca mais Sai de nós um olhar Envolto em amores plenos Ou terrores amenos E neles cordas invisíveis Que nos amarram aos outros Com cordões que não se quebram Até que não mais sejamos.

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DE MIM SAIU VIRTUDE

UM ESTUDO SOBRE A ESPONTANEIDADE DO MILAGRE

Será que isso é sem retornoSai de nós um sopro, um aura, um sonhoUm desejo, um lírio, uma voz, um suspiroSai de nós um canto, quem sabe um gesto, um sorrisoSai de nós um sentimento e junto deleUm pedaço de nós, já não nos pertenceráNunca maisSai de nós um olharEnvolto em amores plenosOu terrores amenosE neles cordas invisíveisQue nos amarram aos outrosCom cordões que não se quebramAté que não mais sejamos.

WELINGTON CORPORATION

DE MIM SAIU VIRTUDE

O que torna possível o inefável? O que torna possível a existência divina? Deus certamente possui as respostas para sua própria existência. Porém, Deus possui questionamentos? Existem perguntas que ele gostaria de realizar? As Escrituras traduzem arguições divinas feitas ao ser humano impossíveis de serem respondidas. Onde estavas tu quando eu fundava a terra?

Se você imagina que esse estudo vai nessa direção, pode tirar seu cavalo da chuva... é que fazia parte de questões internas, no processo de questionamento que gerou o estudo abaixo. E já que eu vou ousar questionar o que você lerá abismado nos próximos parágrafos... deixei por deixar...

DE MIM SAIU VIRTUDE

O evento conhecido

E uma mulher, que tinha um fluxo de sangue, havia doze anos, e gastara com os médicos todos os seus haveres, e por nenhum pudera ser curada,Chegando por detrás dele, tocou na orla do seu vestido, e logo estancou o fluxo do seu sangue.E disse Jesus: Quem é que me tocou? E, negando todos, disse Pedro e os que estavam com ele: Mestre, a multidão te aperta e te oprime, e dizes: Quem é que me tocou?E disse Jesus: Alguém me tocou, porque bem conheci que de mim saiu virtude.Então, vendo a mulher que não podia ocultar-se, aproximou-se tremendo e, prostrando-se ante ele, declarou-lhe diante de todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como logo sarara.E ele lhe disse: Tem bom ânimo, filha, a tua fé te salvou; vai em paz.

Lucas 8:43-48

Não ocorreu certamente uma única vez. Porém desta vez Jesus nos deu a conhecê-lo.

Cantares de Salomão retrata a espontaneidade, sentimentos que acontecem independentes da vontade de seus protagonistas, simbolizado na mirra que destilava nas aldrabas da fechadura proveniente do perfume em forma de óleo de mirra derramado as pressas pelo corpo de Sunamita, no amor “roubado” pelo pastor misterioso quando sunamita diz “estou enferma de amor, confortai-me com passas” e na cena em que seus sentidos são subitamente arrebatados “antes de que pudesse senti-lo imaginei-me no carro do meu nobre povo”

Espontâneo, não controlável, não voluntário, não submisso à volição. Veremos isso quanto ao rei assentado no trono durante a dança de Maanaim “roubastes o meu coração com uma das pedras do colar de teu pescoço” diz o rei, amando Sunamita, brincando três vezes na mesma frase - fortemente cercado por guardas no local mais bem-guardado de Israel, o palácio, ele diz que foi “assaltado”, sendo ele o rei poderoso não tinha ‘controle’ sobre as batidas aceleradas de seu coração e ao acusar a jóia pendente no colar brinca com a possibilidade de ser um ‘talismã’, uma pedra mágica, colocada ali para “cativá-lo” porque só magia explicava o que lhe estava acontecendo...

Salomão “sofreu” o roubo de seu coração do mesmo modo que Jesus quando se sente “roubado” dizendo que dele, independente de sua vontade, havia “saído” virtude.

Deus possui forças que não dependem de sua vontade? Ou de sua “ciência”? Existem energias que fluem dele, espontaneamente, se “tocado” pela fé genuína? Independentes de seu querer?

Caminho sobre o abismo do conhecimento bíblico.

Haveria fatos similares a estes no Velho Testamento? Ao que parece, sim.

No discurso que Deus faz sobre seu poder a Jó, sobre seue domínio sobre todas as coisas, contrastando, sem patamar de igualdade, seu poder com a capacidade humana, ele abre um estranho parêntesis:

“Ou tens braço como Deus, ou podes trovejar com voz como ele o faz?Orna-te, pois, de excelência e alteza; e veste-te de majestade e de glória.Derrama os furores da tua ira, e atenta para todo o soberbo, e abate-o.Olha para todo o soberbo, e humilha-o, e atropela os ímpios no seu

lugar.Esconde-os juntamente no pó; ata-lhes os rostos em oculto.Então também eu a ti confessarei que a tua mão direita te poderá salvar.Jó 40:9-14

Esse texto é um enigma dentro das Escrituras. Eu sou o todo-poderoso, mas tenho uma confissão. Se você colocar aos ímpios em seu devido lugar... a tua mão direita de poderá salvar...

Como se dissesse independente do que posso ou não fazer, e eu tenho poder inimaginável, há algo que se você fizer é capaz de preservar a tua vida. Independente do que sou ou posso.

O rapaz entrou no elevador do prédio onde trabalhava. Ao entrar se deparou com uma bela jovem que estava recostada num dos espelhos, sua longa cabeleira caída sobre o rosto e com muito sono. Seria um encontro casual, como outro qualquer de pessoas desconhecidas. A jovem era dotada de uma beleza incomum. E mesmo o cansaço não lhe turvava essa característica. O rapaz discretamente a olhou pela segunda vez. Foi talvez o seu grande erro. O que ele relatou a mim é que sentiu como se dele saísse um sopro. Foi o melhor modo de explicar. Ele deu um suspiro profundo e a partir dai ele saiu profunda e docemente incomodado com a moça que encontrou. Não parava de pensar nela de jeito algum. Procurou descobrir de todos os modos onde trabalhava e como faria para reencontrá-la. E como fazer para conversar com ela. Ele já não conseguia enxergá-la de um modo natural. Ou percebe-la como nós percebemos pessoas desconhecidas. Os teóricos sobre o amor denominam isso de ‘amor-a-primeira-vista’ e há hoje acalorada discussão entre os psicólogos sobre sua existência ou não. Várias situações ocorreram para que ambos se tornassem amigos. A moça não fora informada sobre a situação emocional do rapaz. Ele não revelou de modo claro seu afeto. Segundo ele relatou-me alcançou o ultimo grau de uma típica paixão adolescente, com direito a lágrimas, saudade, medo, angustias desconhecidas, e por meses ele sentiu-se como a moça em Cantares “enfermo de amor”. Tal paixão não se consolidou num namoro ou num relacionamento intimo de qualquer tipo. Porém restou para esse amigo uma amizade e uma ligação entre ambos que ele, passados alguns anos do acontecido, não sabe precisar. Ele já não possui o sofrimento ao conviver com sua amiga inesperada, mas da experiência ele guarda a imagem sensorial única.

“De mim saiu um sopro”

No livro de Jó o místico Bildade (?) reclama que um encontro com um “espírito” fez com seus cabelos se “arrepiassem”. Involuntariamente.

O involuntário não gera lei. Porque toda LEI deriva de um ato de volição, deriva da voluntariedade, da vontade. A LEI é a VONTADE tornada SOLIDA.

A LEI significa, regra, prescrição, mandamento, principio. A Lei estabelece pontos fixos. A natureza divina possui pontos fixos, possui leis. Leis incontornáveis. Poderiam, contudo haver Leis que poderiam ser independentes da vontade de Deus? Que não podem ser alteradas porque não dependem dele? Como se ele é o criador e o estabelecedor de tudo?

Menos de uma coisa. Há algo que não foi estabelecido pela vontade de Deus. Ele mesmo. E podem haver leis independentes porque são IMPOSTAS por sua própria EXISTENCIA. Princípios que existem porque ele É.

Pelo simples fato de Deus mover-se, existir, ser. Pelo simples fato de Deus viver.

Elas não podem ser alteradas pelo que ele PENSA, não dependem de sua sabedoria, ou de seu conhecimento, e não podem ser manipuladas ou mudadas pelo seu poder. Porque sua EXISTENCIA, as impõe. E a existência divina não pode ser alterada pelo seu poder. Por que é imutável. Porque é eterna. Porque antes de qualquer outra realidade Deus É. E sua natureza é tão grandiosa que a revelação do nome divino traduz-se como “Eu Sou”. Ou “Eu Sou aquele que É”. Ser o que Deus é define o invisível. Define o espiritual. O material – o Cosmos- pode ser mudado, mas, o tecido espiritual, a energia divina que sustenta o plano da existência, aquilo que SUPORTA ao universo, não pode ser alterado – considerando que é a energia de Deus que engloba todo o invisível,

Haveria, então, leis que não são geradas pela vontade de Deus?

A fé baseia-se em leis espirituais, ou existe como poder que REGE o universo físico, porque Deus existe. A fé, nesse caso, emanaria dele. Deus e a fé estariam intimamente associados, interligados.

E a fé sustenta, domina, perpetua, preserva, suporta o cosmos. Sustenta a matéria. E a energia.

Seria a fé um PODER que não pode ser modificado, sendo a essência do mundo espiritual, fruto da existência divina? E por isso, quem sabe, Deus não seria INSENSIVEL aos seus EFEITOS. A fé possuiria efeito em DEUS.

Porque é produzida por sua VIDA. Porque faz parte de sua essência. Porque é anterior a tudo e contemporânea de sua eternidade.

A fé incriada, habitaria em DEUS. A réplica para tal possibilidade é que Jesus é o AUTOR da fé, que implica ser ele o CRIADOR, e sua inexistência em algum instante. A não ser que essa AUTORIA não implicasse em CRIAÇÃO, antes em organização. Como o poeta que junta palavras pré-existentes para compor sua poesia. O outro texto que me contradiz, mais ou menos, é que “sem ele, nada do que foi feito, se fêz”, porém...isso diz respeito a esfera das coisas criadas, e se a fé é uma consequência da EXISTENCIA divina ela seria anterior ao universo e estaria presente na FEITURA de todas as coisas. E as coisas feitas não necessariamente se referiam aquilo que as criou. E se tudo é feito de fé, grama, céu, lágrima e cor, vento e anjo, fogo e geléia de mocotó, não haveria de se ferir o sentido anterior do texto.

Se a fé fosse uma entidade autônoma Jesus não seria seu autor, ainda que pudesse ser seu CONSUMADOR. Mas, isso também pode não ser verdadeiro, estou forçando a fé à realidade do domínio divino para adaptar sua esfera ao domínio de Cristo. Essa independência é estranha. Teria que voltar ao principio, antes do “haja luz” para compreender, porque nesse instante a fé já era realidade incontornável.

É o abismo da ciência das Escrituras, já falei...

A FÉ e a LEI são realidades diferenciadas nas Escrituras.

A argumentação deste texto de que existem LEIS geradas pela existência de Deus, por isso mesmo inquebrantáveis, mistura-se com a pergunta: Que a LEI do UNIVERSO gera a fé. Ou se a LEI, ou LEIS, independem da fé. O Universo é gerado pelo PODER da fé baseado em PRINCIPIOS ou LEIS espirituais vigentes, que emanam do Criador?

A fé é “submissa” as Leis? Leis divinas, reveladas no SINAI, a essência de Deus é rígida, imutável como a sua LEI?

A LEI é eterna, passarão os céus e a terra, mas a Lei não passará, porque é anterior ao cosmos e posterior ao mesmo, ela é eterna, citada pelo salmista desde modo.

É certo que a LEI está unida, entrelaçada a existência divina.

A fé possui uma “autoria” um início? Mesmo que o tenha, não terá fim. Porque a profecia de Paulo em I CO 13 afirma que das três coisas que permanecem, uma dessas é a fé.

O que me lembra a questão de que essas três coisas transpassam, as eternidades:

fé, esperança e amor.

A esperança significava na eternidade passada, EXPECTATIVAS.

Questão pouco a ver com o assunto em voga

Certa questão, qual o primeiro ser criado por Deus? A resposta parece óbvia. Ou não. Lúcifer seria a minha aposta. O mistério da fé é anterior a criação e se a afeta de modo tão espetacular, deve pertencer ao escopo de segredos e conhecimentos necessários a Satanás para se contrapor a Deus. O argumento que uso para a primazia, passageira ao menos, da criação ser de Lucifer... ISAIAS ou EZEQUIEL falam do momento de sua criação, isso explicaria alegria do momento. E a dor resultante de seu afastamento. Isso explicaria outra questão é a ciência necessária para criar a antítese da vida, a morte. E o advento do poder necessário, e outras tantas coisas.

Claro que esse parágrafo é só um desvio de atenção do assunto principal.

De mim saiu virtude.

Voltando ao assunto, a fé é um princípio baseado na SABEDORIA divina? Ou é ESTRUTURAL? Por estrutural é digo que é uma SINGULARIDADE espiritual, uma situação que acompanha o mistério da eternidade divina.

Viver é ser suportado por milhares de processos que não são controlados, contidos ou contiveis, não dependentes do pensamento. As reações fisiológicas são autônomas. Dor/cheiro/cor.

Há o texto “contra essas coisas não há lei” falando a respeito das virtudes, elas, as virtudes, não necessitam ser reguladas, regidas, proibidas ou controladas.

Não são limitadas e nem limitáveis. Não são restritas e nem restringíveis. Não são sujeitas a inibição, ao impedimento ou a proibição. No entanto a sua ‘produção’, o bem, é limitado pela nossa humanidade.

Resumindo,

Creio que há leis geradas pela vontade divina e que há leis geradas pela sua existência.

Elas não se contradizem, Deus não pode contrariar a Lei, ele não peca. O pecado não tem nem influencia e nem domínio sobre ele. E nunca terá. A fé, como lei que é ou pode ser independente de sua vontade - o toca sempre. Porque não depende do Ele pensa, ou sente, ou imagina, antes depende de algo que Deus não pode mudar, ele mesmo, depende de sua existência.

Jesus Surpreende-se com – Mulher! Grande é tua fé! – Há ESPONTANEIDADE divina, surpresa. Como se o termo ‘novo, novidade de vida’ também o alcançasse – Há o novo para Deus?

Jesus é Deus conosco. A dimensão divina aprisionada provisoriamente por uma ‘casinha’ de carne é limitada em sentidos, em ciência, é absolutamente natural que Jesus desconheça um zilhão de coisas que acontecem enquanto ministra, sobre as pessoas que o cercam, sem diminuir aquilo que ele é. Nesse instante da encarnação é justo dizer “o Pai é maior que eu’ ou que dimensão divina que sustenta tudo, da qual ele saiu e veio ao mundo, continua do jeitinho que sempre foi, sabendo tudo, sustentando tudo, governando tudo, basicamente. Mas a beleza do acontecimento é a REPRESENTAÇÃO. Jesus representa ao mesmo tempo o homem perfeito e DEUS NA TERRA. Deus caminhando conosco. Ele é o cumprimento da profecia “e sereis ENSINADOS POR DEUS”. Significa dizer que sua espontaneidade não é sem razão de ser...ela aponta para algo... como se Deus tocado pelo ser humano, através da fé, manifestasse poder, independente do qualquer outra coisa! Até DELE mesmo! Uma coisa engraçada, o que é outro bom indicativo. Nosso Deus é LUDICO! É só olhar para os passarinhos brincando que veremos que a alegria divina é uma realidade que se transporta até as entranhas da criação. Sua felicidade “dança” diante dos nossos olhos boquiabertos.

Tudo foi criado por ele, e nada do que foi feito se fez, a frase é mais complicada do que parece:

Tudo foi criado – Coisas criadas

O que foi feito – Feitorias, realizações. O Espírito Santo diferencia as coisas criadas de feitos ou realizações.

Noutro texto, leremos sobre essa possibilidade, da dimensão da fé que ultrapasse os tempos, as dispensações, as eternidades. “Até que

venha o que é perfeito, PERMANECEM a fé, a esperança e o amor”. Como se as três realidades atravessassem todas as outras, incluindo o temporal, elas são adimensionais, elas vem lá da eternidade antes do inicio e depois de tudo e até do fim, elas permanecem – coisa muito suspeita...diga-se depassagem...

Elas ultrapassam até mesmo as fronteiras da recriação. Aquela que se inaugura em apocalipse 22.

Deus diz: Eu tenho projetos, eu tenho expectativas, eu possuo planos. Eu possuo desejos, eu tenho metas, eu possuo tempos determinados. E ainda assim nada disso interfere na tríade

Amor, fé e esperança.

A premissa dessa meditação louca, há fé porque existe Deus, a fé é um PODER ou uma LEI,

Há um principio nela, é dito de Abraão que CREU CONTRA a ESPERANÇA.

De Jesus é dito que CUMPRIU TODA A LEI. Pela LEI DA FÉ?

Paul Yong Cho compreendeu a fé como um LUGAR, uma dimensão a mais no nosso universo. A incredulidade é similar nas Escrituras a um véu, crer é VER, ENXERGAR, não crer é permanecer cego. O caminho de Israel para Canaã prefigura a busca de um LUGAR. Exemplifica a fé de modo dimensional, como um destino, como um lugar.

O Santo dos Santos é oculto, coberto com um véu, descobri-lo era sempre perigoso. Era um lugar de mistério, único na terra.

A fé nos envolve? O poder da fé – poder gerado pela fé – sustenta a matéria - o grego compreendia, ao menos, os poetas, que em Deus vivemos, nos movemos e existimos.

Pela fé compreendemos que os mundos foram criados.

Mas, tal frase pode ter duas formas de interpretação no original em grego:

a) Cremos pela fé que o universo foi criado por ato divinob) Compreendemos a existência manifestada pela palavra

de fé divina, pela fé de um Deus absurdamente cheio de fé.

Seria a fé exercida por Deus Pai como principio, a palavra profética, a ordem manifesta PODER por meio de uma dimensão de fé- no caso de Deus – infinita.

Em Deus, a dimensão da fé, ou simplesmente, a fé, seria incomensurável,

A opção menos romântica é que Deus não necessita de fé, por ser ele a fonte de todo poder, ou seja, a fé seria concedida a todos os seres criados como um princípio ou como lei, para alcança-lo, debaixo da regência de sua vontade ou soberania.

Mas, ai... Não haveria a SURPRESA de Jesus...

DE MIM SAIU VIRTUDE! A fé me tocou independente de meu pensamento, e como neste momento eu represento o Pai, nada podia acontecer comigo (assim de sopetão).

Nenhum poder poderia ser ROUBADO de Cristo, desse jeito, ao menos ilustrativamente dizendo, em parábola.

A fé foi concedida ao homem pela profecia – DOMINA sobre todas as coisas.

Ou... Jesus só toma posse de uma Comissão anterior, profética, dada ao homem pelo Pai e todos os profetas beberam desta mesma fonte, talvez decretada no Edén. Inclusive o homem perfeito.

Imagino DOMINIO outorgado por PROFECIA que nos é apropriado através da fé.

Fé divina – Só vejo em Cristo (não lembro do termo fé como coisa exercida pelo Pai) na cena em que ele divide-a (duas dimensões de fé uma relacionada a ele como Cristo e outra relacionada a Deus como Pai) outra coisa absurdamente espantosa – CREDE EM DEUS e CREDE TAMBÈM EM MIM. Já que não seria naquele momento a mesma coisa... em tese. Ou seria exatamente a mesma coisa. Em tese também.

Outra questão Jesus afirma O PAI TRABALHA ATÉ AGORA. Isso significa que ele exerce esforço. Isaias profetiza sobre o ministério de Jesus, ministério este exercido pela fé, uma fé derramada sobre ele de modo ilimitado – fé sem medida – de TRABALHO. Se a palavra divina gera trabalho...ou é trabalho...há então uma pista no termo “TRABALHO DE VOSSA FÉ” em alguma epistola. Tenho certeza que um professor de escola bíblica estaria aos prantos de plena alegria se eu tivesse decidido colocar as referencias bíblicas em vez de citar de memória sem colocar a referencia.

O sábado simboliza o descanso divino, fruto do esforço de um gigantesco trabalho. Criar o universo – a fé CONSOME energia. Ou GASTA. Ou de outro modo: CRER GERA energia.

A fé muda a equação da conservação de energia e altera a porcaria da entropia do nosso universo. E de todos, já que ela altera a dimensão que REGE o físico.

De mim saiu virtude.

Não foi necessária a ‘consciência’ de Cristo, divina, para a manifestação do poder. Dependeu exclusivamente da fé da mulher. Não houve interferência de Cristo no processo, de sua vontade ao menos. Ele nem sabia quem o estava tocando. Ainda que no âmbito geral a moça só se aproximou e só conseguiu tocar a Cristo por permissão divina. Jesus, como homem, não sabia. O Pai e o Espírito sabiam.

O ato é automático, tocou foi curada.

"Depois morreu Eliseu, e o sepultaram. Ora, as tropas dos moabitas invadiram a terra à entrada do ano. E sucedeu que, enterrando eles um homem, eis que viram uma tropa, e lançaram o homem na sepultura de Eliseu; e, caindo nela o homem, e tocando os ossos de Eliseu, reviveu, e se levantou sobre os seus pés." (II Reis 13.20-21

O outro exemplo mágico das Escrituras é o susto do coveiro, do morto não nomeado, vulgo, indigente, sendo enterrado num cemitério de campanha – descobrem o “amontoado de ossos” e dentre os ossos, o de um desconhecido, não tão desconhecido assim.

Eliseu. O morto, ao tocar aos ossos do outro morto, ressuscita.

Não há fé no soldado morto.

Não há fé no coveiro e não há fé no osso. Há ali somente um esqueleto. Não há profecia anterior que redefina a cena. No caso da pessoa que era curada ao agitar das águas do tanque de Betesda poderíamos ter uma profecia anterior que instaurasse nele uma ordem celestial perpétua. Não há, no entanto uma profecia, lei, escrito que prescreva uma situação como essa. De um morto ressuscitar a outro morto.

Não há tão pouco a presença do Espírito que unge, que habita ao espírito humano, pois ali não há espírito humano para ser habitado, nem carne, somente ossos. Não há a unção, não há a

presença do Espirito, restou somente o seu PODER. Fruto de profunda interação entre o espírito de Eliseu e o espírito de Deus. Fruto de um pedido mais ou menos insensato. Aquele pedido que Eliseu faz a Elias: “dá-me o dobro do teu espírito”.

Há ali, no osso anônimo, poder remanescente, poder remanente, poder que restou, que permaneceu sobre o morto. A unção em Eliseu deixou energia DIVINA, acidentalmente ...ativada.

Aparentemente. É essa a APARENCIA mágica da história. Mesmo que não fosse uma coisa automática, houvesse anjos ali, guardando o corpo do profeta, a aparência da maravilha é a de um morto tocando um objeto mágico contendo poderes ilimitados.

Se não cavassem ali, por acaso, naquele local, e se naquela vala não tivessem tocado naquele osso, o soldado morto permaneceria morto.

Não houve interferência da vontade do morto. Eliseu, diga-se de passagem, estava bem distante de seus ossos, numa outra dimensão chamada Sheol no hebraico do Velho testamento. O que restou ali é parte da indumentária e de sua habitação provisória, o corpo humano transformado em ossos e pó.

É o equivalente ao “De mim saiu virtude do Novo Testamento”.

É algo absurdamente mágico. Nada no mundo da antiguidade se igualou a tal acontecimento, em grau de assombro. Ou de espanto. Nunca tal ocorreu antes e tal jamais ocorreria novamente até que Jesus quebra o recorde solitário, quando ao morrer na cruz, o poder que dele se esvai é de tal monta que ressuscita talvez a dezenas de pessoas num cemitério judaico próximo do local onde morria. Sem toque físico.

Temos então o osso que dá testemunho da ‘magia’ divina, do ato mágico, do poder divino não natural, de origem celestial, presente em coisas, que teoricamente é considerada IMPURA. O corpo de um morto. Isso de usar ossos como coisa ‘mágica’ lembra o osso do pobre-coitado do jumento morto no chão e tendo a queixada arrancada para infelicidade de cerca de 1000 soldados filisteus. No singular dia em que um osso de um jumento morto valeu mais que a fúria de 1000 soldados.

Temos outra vez um paralelo, sob o ponto de vista do jumento morto, com a ‘virtude’ saindo de Cristo.

E há outra cena enigmática que nos ajudaria, se possível fosse, a entender o mistério –

A cena de Uzai e a arca do Concerto.

Creio que compreender essa presença autônoma do poder de Deus sobre coisas, atuando e se incorporando a coisas do nosso universo nos ajuda a entender a morte de Uzai. Uzai toca, cheio de boa vontade a Arca, tentando evitar que ela caia, e ao fazer morre fulminado, Deus só permitia que o ser humano tocasse a arca onde era guardado o cajado que dera a Moisés, as tábuas da Lei e um vaso de maná, após sérios ritos de purificação. Não era à toa. Havia uma dimensão de perigo INEVITÁVEL, a existência de um PODER remanente, continuo sobre a Arca.

O cajado de Moisés é algo que é lhe confiado ou ‘energizado’ ou ‘ungido’ pelo próprio Deus e a este objeto comum de um pastor do oriente médio é dada não pouca importância pelo próprio Deus ‘ toma a vara, pois com ela realizarás os sinais’ como se algo tivesse sido colocado no cajado, não somente em Moisés.

Há uma observação sobre lugar sagrado, que não pode ser penetrado de um modo qualquer, talvez porque ali estivesse habitando ou transcendendo sua dimensão particular, a celestial, e toda a região estava ‘contaminada’ com o poder de sua presença – os lugares sagrados da antiguidade eram assim designados por que ali os magos da antiguidade tiveram experiências místicas com entidades, sonhos, revelações, sentimentos, experiências espirituais que os fizeram reconhecer a existência de locais ‘de livre transito’ de suas divindades, que um dia saberemos ser ‘demonios’. Se a presença espiritual de ‘demonios’ era capaz de alterar a naturalidade de uma região, normalmente topos de colinas, quanto mais a presença real do Criador de todas as coisas e de sua corte celestial, os querubins e os anjos. Ao subir o Sinai, a ordem: - tira os sapatos de teus pés porque o lugar que você está é santo, separado.

Isso não era somente para Moisés mostrar humildade, havia uma preocupação de ‘segurança celestial’ com o futuro profeta. Na verdade o poder ao qual será submetido, diante do qual é apresentado, muda Moisés. Ele sobe pastor a montanha de Deus, mas quando desce dali é um profeta.

Assombroso observar, ele se encontra com alguém que está FISICAMENTE ali. Pouca gente se apercebe da dimensão do encontro entre Deus e Moisés no monte. Ele RECEBE das mãos de DEUS uma vara. Deus revelará certa feita numa certa rebeldia de Araão e de Mirian, um segredo, aos profetas eu me revelo em sonhos, em

visões, a esse rapaz, irmão de vocês eu falo com ele PESSOALMENTE. O termo presença divina para nós é uma condição espiritual, para Moisés era LITERAL.

A outra cena de ‘entrar desautorizado’ na esfera do poder, como quem aproxima a mão de uma fonte de energia sem proteção é a do rei ‘avisado’ que estende as mãos em direção a um altar no templo e tem sua mão ressecada imediatamente.

DE MIM SAIU VIRTUDE

Temos que compreender que Jesus, além de representar um Ministro do Evangelho, é denominado profeticamente de Emanuel, Deus conosco, ele REPRESENTA DEUS na terra dos homens. Quando ele é TOCADO sem sua consciência se aperceber, de certa forma, representa DEUS operando independente de sua VOLIÇÃO. Por mais inacreditável tal frase possa parecer.

Como se as Escrituras nos dissessem – Se você atingir a fé, você alcançará um milagre. Porque, NA VERDADE, não há RESERVAS divinas para os corações que CREEM.

Você ficou meio que chocado com tanta possibilidade de eu criar uma heresia nova e eu ser tão humilde na minha colocação...

O OUTRO PONTO. O poder DIVINO presente no universo, tanto em sua sustentação natural, segundo as leis físicas, químicas e biológicas, quanto de forma CONCENTRADA, sobrenatural, transcendente, celestial, deste tipo que subverte as leis citadas anteriormente, opera independente de canais, profetas, homens ungidos e similares. Não imagino independência angelical, of course.

O “osso ungido” ou os restos mortais do profeta, falando de um modo chique, guardam uma identidade supranatural ou sobrenatural e independente de haver ou não fé futura, ou da espiritualidade de qualquer um, preserva em si o poder divino.

Uma operação no passado, cerca de dois anos ou mais separam o profeta de sua ossada. A pessoa que ressuscita é um soldado de uma tropa inimiga. Um Moabita. O corpo do soldado morto em batalha é ‘desovado’ na cova recém aberta de Elias. Ele é lançado apressadamente, porque o enterro do mesmo é interrompido pelo avistamento de uma tropa inimiga. Uma operação de fé no passado gerou uma estrutura permanente, uma dimensão sobrenatural continua, de poder que não prescreveu. Uma energia que não cessou mesmo após a morte de seu possuidor. Convém meditar que de todas

as operações milagrosas a RESSURREIÇÃO é o ultimo nível de poder que o operador de milagres enseja viver. É sempre o mais assombroso, porque o mundo natural é cheio de coisas maravilhosas, terríveis, grandiosas. Os terremotos, os maremotos, as explosões, as marés, as tempestades, os furacões, os relâmpagos, os meteoros e estrelas cadentes. O vendaval e o ruído do trovão, as grandes quedas de água, as auroras boreais, o por-do-sol. As intrincadas coreografias de milhares de indivíduos como peixes e aves, que realizam um complexo balé concatenando milhares de movimentos e agindo como se fossem um corpo único. Nós vivemos num mundo cheio de coisas grandiosas, mas a ressurreição assume para nós uma transgressão das leis de entropia, uma digressão das leis biológicas, uma mudança da seta do tempo, uma recriação de um pequeno universo, que é a melhor representação do corpo humano, quando da restauração de milhares de processos encadeados e entrelaçados que compõe a existência, dispersos, anulados, destruídos pelo poder da morte, pela decomposição e desagregação celular. A ressurreição é o milagre em foram de poesia, a quintessência do poder divino, a magia divina dançando sobre o abismo de nossa fragilidade e nos demonstrando sua capacidade de negar ao impossível de um modo glorioso, magnifico. É simplesmente a releitura do salmo: “meditarei na magnificência gloriosa de tua majestade” tomando a forma de maravilha e incutindo em nossos ânimos uma alegria imensa, a de que o cessar é só um termo que perdeu seu significado, que o adeus é provisório e que o amanhã é absurdamente imprevisível.

Porque sim.

De mim saiu virtude...

Welington José Ferreira