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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA CIDADE CÍVEL DA CIDADE [ Pede-se os benefícios da Gratuidade da Justiça ] FRANCISCO DAS QUANTAS, divorciado, comerciário, residente e domiciliado na Rua X, nº 0000, em Curitiba (PR) – CEP nº. 44455-66, possuidor do CPF(MF) nº. 555.333.444-66, com endereço eletrônico [email protected], ora intermediado por seu mandatário ao final firmado – instrumento procuratório acostado –, esse com endereço eletrônico e profissional inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 106, inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, ajuizar a presente AÇÃO REVISIONAL “COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA”

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA CIDADEEXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA CIDADE

[ Pede-se os benefícios da Gratuidade da Justiça ]

FRANCISCO DAS QUANTAS, divorciado, comerciário,

residente e domiciliado na Rua X, nº 0000, em Curitiba (PR) – CEP nº. 44455-66,

possuidor do CPF(MF) nº. 555.333.444-66, com endereço eletrônico

[email protected], ora intermediado por seu mandatário ao final firmado –

instrumento procuratório acostado –, esse com endereço eletrônico e profissional

inserto na referida procuração, o qual, em obediência à diretriz fixada no art. 106,

inc. I c/c art. 287, ambos do CPC, indica-o para as intimações que se fizerem

necessárias, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, ajuizar a

presente

AÇÃO REVISIONAL“COM PEDIDO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA”

contra o BANCO ZETA S/A, instituição financeira de direito privado, inscrita no

CNPJ/MF sob n° 11.222.333/0001-44, estabelecida(CC, art. 75, § 1º) na Rua Y, nº.

0000 , em São Paulo (SP) – CEP 22555-666, endereço eletrônico [email protected],

em decorrência das justificativas de ordem fática e de direito abaixo delineadas.

EM LINHAS INICIAIS

( a ) Benefícios da justiça gratuita (CPC, art. 98, caput)

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A parte Autora não tem condições de arcar com as

despesas do processo, uma vez que são insuficientes seus recursos financeiros para

pagar todas as despesas processuais, inclusive o recolhimento das custas iniciais.

Destarte, o Demandante ora formula pleito de gratuidade da

justiça, o que faz por declaração de seu patrono, sob a égide do art. 99, § 4º c/c 105,

in fine, ambos do CPC, quando tal prerrogativa se encontra inserta no instrumento

procuratório acostado.

( b ) Quanto à audiência de conciliação (CPC, art. 319, inc. VII)

O Promovente opta pela realização de audiência

conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por

carta (CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para essa

finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º).

II - RESENHA FÁTICA.

O Promovente celebrou com a Promovida, na data de

xx/yy/zzzz, Contrato de Empréstimo Consignado em Folha de Pagamento, o qual

recebeu a numeração 0000. (doc.01)

No referido pacto as partes convencionaram:

a) Empréstimo de R$ .x.x.x;

b) Juros de 00% ao mês e 00% ao ano;

c) Com prazo de pagamento de 60(sessenta) meses;

d) Vencendo-se a 1ª em 11/22/3333 e a última em 33/22/4444;

e) Valor base inicial de R$ .x.x.x

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Pactuaram, mais, que o valor do financiamento seria

debitado junto à conta corrente mantida naquela mesma instituição (Conta Corrente

nº. 334455-6 – Ag. nº. 7788):

“5.3. (...) o FINANCIADO, em caráter irrevogável e irretratável, autoriza o FINANCIADOR

a proceder aos pertinentes e necessários lançamentos contábeis a débito de sua conta

corrente, mantida na agência do Banco Xista S/A, (...)”

Outro fato a destacar-se é que a referida contratação veio

dissimulada na existência de juros capitalizados diários. A esse propósito, o Autor

acosta demonstrativo contábil, elaborado Programa Estadual de Proteção e Defesa

do Consumidor (PROCON), onde referido documento demonstra às claras que:

os Promoventes apenas têm a pagar um saldo devedor de R$ .x.x.x.x.x( .x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.

.x.x.x.x.x.x ), valor esse que, dividido pelo número de parcelas vincendas(19), traduz-se no

montante mensal a pagar de R$ .x.x.x( .x.x.x.x.x .x.x.x.x). (doc. 03)

Em razão dessas colocações, urge salientar que hoje pouco resta Em razão dessas colocações, urge salientar que hoje pouco resta

do salário do Autor, justamente em razão do débito formalizado com a Ré. Sua situação é, do salário do Autor, justamente em razão do débito formalizado com a Ré. Sua situação é,

ademais, vexatória, e precisa nesta ocasião do remédio processual de URGÊNCIA. ademais, vexatória, e precisa nesta ocasião do remédio processual de URGÊNCIA.

II - MERITUM CAUSAE.

DELIMITAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES CONTRATUAIS CONTROVERTIDASCPC, art. 330, § 2º

Observa-se que a relação contratual entabulada entre as

partes é de empréstimo, razão qual o Embargante, à luz da regra contida no art. 330,

§ 2º, da Legislação Adjetiva Civil, cuida de balizar, com a exordial, as obrigações

contratuais alvo desta controvérsia judicial.

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O Autor almeja alcançar provimento judicial de sorte a

afastar os encargos contratuais tidos por ilegais. Nessa esteira de raciocínio, a querela

gravitará com a pretensão de fundo para:

( a ) afastar a cobrança de juros capitalizados diários;

Fundamento: ausência de ajuste expresso nesse sentido e onerosidade excessiva.

( b ) reduzir os juros remuneratórios;

Fundamento: taxa que ultrapassa a média do mercado.

( c ) excluir os encargos moratórios;

Fundamento: o Autor não se encontra em mora, posto que foram cobrados encargos

contratuais ilegalmente durante o período de normalidade;

( d ) excluir a cobrança de encargos moratórios, remuneratório e comissão de

permanência;

Fundamento: colisão as súmulas correspondentes do STJ

Dessarte, tendo em conta as disparidades legais supra-

anunciadas, o Promovente acosta planilha provisória com cálculos (doc. 03) que

demonstra, por estimativa, o valor a ser pago:

( a ) Valor da obrigação ajustada no contrato R$ 0.000,00 ( .x.x.x. );

( b ) valor controverso estimado da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. );

( c ) valor incontroverso estimado da parcela R$ 000,00 ( x.x.x. ).

Nesse compasso, com supedâneo na regra processual ora

invocada, o Autor requer que Vossa Excelência defira o depósito, em juízo, da parte

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estimada como controversa. Por outro ângulo, pleiteia que a Promovida seja instada a

acatar o pagamento da quantia estimada como incontroversa, acima mencionada, a

qual será paga junto à Ag. 3344, no mesmo prazo contratual avençado.

No tocante ao depósito, feito por estimativa de valores,

maiormente no caso em espécie onde a relação contratual em espécie se originou nos

idos de 2012, sem qualquer sombra de dúvidas para se apurar os valores é uma

tarefa que requer extremada capacidade técnica. Além disso, isso demandaria no

mínimo um mês de trabalho com um bom especialista da engenharia financeira ou

outra área equivalente. E, lógico, um custo elevadíssimo para a confecção desse

laudo pericial particular.

Nesse aspecto, há afronta a disposição constitucional de

igualdade entre os litigantes e, mais ainda, ao princípio da contribuição mútua entre

todos envolvidos no processo judicial (CPC, art. 6º) e da paridade de tratamento

(CPC, art. 7º). Quando o autor da ação é instado a apresentar cálculos precisos e

complexos com sua petição inicial, como na hipótese, afasta-o da possibilidade de se

utilizar de um auxiliar da Justiça (contador) que poderia fazer justamente esse papel,

e muito bem desempenhado (CPC, art. 149). Assim, no mínimo é essencial que se

postergue essa tarefa de encontrar o valor correto a depositar (se ainda tiver) para

quando já formada a relação processual.

Ilustrativamente convém evidenciar o seguinte julgado:

APELAÇÃO CÍVEL.

Ação revisional de contrato de abertura de crédito rotativo em conta-

corrente. Recurso dos autores. Sentença de extinção, sem resolução do

mérito, com fundamento nos arts. 267, inc. I, e 294, inc. I, da Lei adjetiva civil.

Indeferimento do petitório inicial fundamentado no atendimento parcial da

ordem de emenda. Decisão determinando a adequação da exordial ao

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estabelecido no art. 285-b do código de processo civil [ CPC/2015, art. 330, §

2º ]. Razões recursais que sustentam o cumprimento satisfatório dos

requisitos enunciados pelo referido dispositivo legal e a aplicabilidade do

Código de Defesa do Consumidor. Irresignação acolhida no ponto. A teor do

art. 285-b do código de ritos, "nos litígios que tenham por objeto obrigações

decorrentes de empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o

autor deverá discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais,

aquelas que pretende controverter, quantificando o valor incontroverso". No

caso, colhe-se do petitório e da peça de emenda que a parte autora, na linha

do que preceitua o art. 285-b da Lei Processual Civil [ CPC/2015, art. 330, § 2º

], enumerou o contrato a ser revisado, especificando o seu alcance.

Quantificação do valor incontroverso a ser depositado. Relação contratual

que inviabiliza a delimitação do quantum debeatur. Dispensabilidade do

atendimento do respectivo pressuposto. Caso concreto, ainda, em que não

houve apreciação do pedido de inversão do ônus da prova. Apelo provido.

Sentença cassada. Impossibilidade, todavia, de aplicação do art. 515, § 3º, do

código de processo civil [ CPC/2015, art. 1.013, § 3º ]. Necessidade de

saneamento do feito com a consecutiva dilação probatória. Relativamente à

quantificação do valor incontroverso, considerando que na hipótese sub

judice a pretensão revisional é de um contrato de abertura de crédito do tipo

cheque especial, a exigência do depósito é relativizada porquanto, por estar

vinculado à conta-corrente, em que o saldo devedor se modifica mês a mês, a

aferição do quantum debeatur torna-se dificultosa, dispensando-se, assim, o

atendimento do respectivo pressuposto. Ademais, verifica-se a existência de

manifestação da parte autora de que sequer possui os extratos de evolução

da dívida referente ao contrato a ser revisado (consta do feito a juntada tão-

somente da primeira folha do ajuste), e de requerimento expresso de

inversão do ônus da prova, com base no Código de Defesa do Consumidor,

para que a instituição financeira colacione ao processo toda documentação

relativa ao instrumento contratual objeto da lide, de maneira que a extinção

do feito, sem resolução do mérito, por indeferimento da inicial, não é a

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medida mais acertada quando sequer apreciado tal pleito. Embora imperiosa

a cassação da sentença, mostra-se inaplicável o art. 515, § 3º [ CPC/2015, art.

1.013, § 3º ], do código de processo civil, porquanto o processo ainda não se

encontra apto a julgamento, reputando-se necessário o saneamento do

processo com a consecutiva dilação probatória. (TJSC; AC 2014.091644-5;

Capital - Bancário; Segunda Câmara de Direito Comercial; Rel. Des. Robson

Luz Varella; Julg. 26/01/2016; DJSC 15/02/2016; Pág. 153)

Todavia, cabe aqui registrar o magistério de Nélson Nery

Júnior, o qual, acertadamente, faz considerações acerca da norma em espécie,

chegando a evidenciar que isso bloqueia o à Justiça, verbis:

“18. Bloqueio do acesso à Justiça e igualdade.

É interessante notar que a previsão constante desses dois parágrafos se aplica

apenas a ações envolvendo obrigações decorrentes de empréstimo, financiamento

ou alienação de bens. Mas por que isso se aplica apenas a esses casos? Ainda, pode

ocorrer de o autor não ter condições de quantificar o valor que pretende discutir,

bem como o valor incontroverso, já no momento da propositura da ação. A petição

inicial deve, portanto, ser indeferida, em detrimento do acesso à Justiça? Neste

último caso, nada impede que a discriminação cobrada por estes parágrafos seja

feita quando da liquidação da sentença (cf. Cassio Scarpinella Bueno. Reflexões a

partir do art. 285-B do CPC [RP 223/79]). Vale lembrar ainda que o § 3º é mais um

exemplo de norma constante do CPC que disciplina questões não ligadas ao

processo civil. Essa desorganização, se levada adiante, pode fazer com que tais

exemplos se multipliquem, dificultando a sistematização e a lógica processuais.” (in,

Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: RT, 2015, p. 904)

(negritos e itálicos no texto original)

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A ratificar os fundamentos acima mencionados, urge

evidenciar diversos julgados acolhendo o pleito de depósito do valor incontroverso,

esse delimitado pelo Autor com a inaugural, verbis:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO

BANCÁRIO. DEFERIMENTO DO DEPÓSITO DAS PARCELAS CONTRATUAIS NO VALOR

INCONTROVERSO. LEVANTAMENTO PELO CREDOR ANTES DO TRÂNSITO EM

JULGADO DA SENTENÇA. POSSIBILIDADE. RECURSO NÃO PROVIDO.

De acordo com a posição do STJ, conforme RESP repetitivo 1.061.530-RS, não havia

qualquer vedação ao depósitos das parcelas contratadas, no valor que a parte

entende devido, desde que sem qualquer efeito liberatório da mora, sendo esse

entendimento aplicável aos casos em que a ação revisional tenha sido proposta

anteriormente à vigência do art. 285-B, parágrafo único, do CPC. Nas ações

revisionais de contrato bancário é possível o levantamento, pela parte ré/credora,

das parcelas depositadas pelo autor/devedor, tidas como incontroversas, sobre as

quais não pesa qualquer discussão, mesmo que antes do trânsito em julgado da

sentença. Recurso não provido. (TJMG; AI 1.0027.09.186239-4/004; Relª Desª

Marcia de Paoli Balbino; Julg. 25/02/2016; DJEMG 08/03/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO.

Pedido de consignação incidental de parcelas incontroversas. Decisão que indeferiu

o requerimento de antecipação de tutela formulado pelo agravante, denegando a

sua pretensão de evitar a inclusão do seu nome nos cadastros restritivos de crédito

ou, caso já efetivado o apontamento, a sua exclusão, mediante o depósito do valor

das prestações que considerava devido, evitando os efeitos da mora. Ilegalidades e

abusividade das taxas contratadas não demonstradas de plano. Cálculos elaborados

unilateralmente pela própria parte interessada, sem a participação da parte

contrária, em violação ao princípio constitucional do contraditório. Taxas de juros e

valores de parcelas pré-fixados. Ilegalidade do valor da prestação pactuada não

evidenciada. A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a

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caracterização da mora do autor. Súmula nº 380 do STJ. Ausência de demonstração

de que as ilegalidades apontadas estavam fundadas na aparência do bom direito e

na jurisprudência consolidada do STF ou do STJ, requisitos necessários à abstenção

da inscrição ou da manutenção em cadastro de inadimplentes. Ausência de

verossimilhança da alegação, requisito previsto no art. 273 do CPC. Possibilidade de

depósito dos valores das parcelas que o autor considera devidos, sem o condão de

afastar os efeitos da mora, tampouco impedir restrições cadastrais ao seu nome. Art.

285-B do CPC. Precedentes da Jurisprudência. Recurso parcialmente provido. (TJSP;

AI 2231785-40.2015.8.26.0000; Ac. 9040563; São Paulo; Vigésima Quarta Câmara de

Direito Privado; Rel. Des. Plinio Novaes de Andrade Júnior; Julg. 26/11/2015; DJESP

01/02/2016)

Ademais, é de toda conveniência revelar aresto no sentido

da possibilidade do valor incontroverso ser menor que aquele pactuado, a saber:

REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PRETENSÃO DO AGRAVANTE À

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO DE PARCELAS MENSAIS EM VALOR INFERIOR AO

PACTUADO. POSSIBILIDADE. ARTIGO 285-B, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC.

[CPC/2015, art. 330, § 2º]

Discussão do contrato celebrado para efetuar depósito de valor mensal menor que o

pactuado, sem a inclusão de seu nome junto aos órgãos de proteção ao crédito.

Súmula nº 380 do STJ. Existindo a mora, é direito do credor adotar as medidas

cabíveis para evitar a inconstitucional vedação de seu acesso à jurisdição.

Inteligência dos artigos 273 do CPC[CPC/2015, art. 294], 5º, inciso XXXV, da CF, 585,

parágrafo 1º, do CPC e 43, parágrafos 1º e 4º, do CDC. Decisão mantida. Recurso

improvido, com ressalva. (TJSP; AI 2041259-53.2014.8.26.0000; Ac. 7497668;

Jundiaí; Vigésima Segunda Câmara de Direito Privado; Rel. Des. Sérgio Rui; Julg.

10/04/2014; DJESP 22/04/2014)

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APELAÇÕES CÍVEIS. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL DE

CONTRATOS BANCÁRIOS DIVERSOS.

1. Admissibilidade recursal. 1.1. Tarifas bancárias. Questão estranha ao contexto da

lide, na medida em que ausente discussão a respeito desse tema no presente feito.

Matéria não incluída na causa de pedir inicialmente deduzida pelo autor. Interesse

recursal não evidenciado no ponto. Recurso do réu não conhecido nesse tópico. 1.2.

Comissão de permanência. A parte não possui interesse recursal quando requer a

reforma da decisão para obter vantagem que já lhe foi concedida no

pronunciamento recorrido. Recurso do autor não conhecido no ponto. 2. Código de

Defesa do Consumidor. Aplica-se, na espécie, o Código de Defesa do Consumidor. 3.

Juros remuneratórios. 3.1. Inexiste abusividade na cobrança de juros remuneratórios

superiores a 12% ao ano, considerando os percentuais usualmente praticados no

mercado. Precedentes do STJ. 3.2. No caso concreto, devida a redução dos juros à

média do mercado financeiro em um dos cartões de crédito controvertidos, por

exceder significativamente à taxa média divulgada pelo Banco Central do Brasil para

operações de cheque especial, parâmetro observado, na espécie, por analogia. A

respeito do outro pacto em discussão, porque ausente documento que indique as

taxas praticadas, os juros devem ser igualmente limitados à taxa média de mercado

registrada pelo BACEN. 4. Capitalização de juros. 4.1. Conforme orientação do RESP

nº 973.827/RS, para os contratos bancários posteriores à medida provisória nº

1.963-17, publicada em 31 de março de 2000 (atual MP nº 2.170-36/2000), admite-

se a incidência da capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano, desde

que expressamente pactuada ou, ainda, se a taxa de juros anual for superior ao

duodécuplo da mensal. 4.2. Caso concreto em que é possível verificar, nas cláusulas

padronizadas dos cartões de crédito, estipulação expressa de capitalização mensal

dos juros, razão por que se impõe mantê-la. No outro ajuste discutido, contudo,

diante da falta de informações sobre as taxas de juros e sua forma de capitalização,

admite-se apenas a capitalização anual dos juros, que é a regra geral para os

contratos bancários. 5. Comissão de permanência. Somente é permitida a comissão

de permanência quando expressamente prevista e não cumulada com encargos

moratórios. Verificada a cobrança cumulativa, deve ser cobrada unicamente a

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comissão de permanência, limitada à taxa contratada, se for menor que a taxa

média ou dela não discrepar significativamente. Ausente demonstração de

contratação da comissão de permanência, inviável sua cobrança. 6. Repetição do

indébito/compensação. Se houve pagamento a maior, considerando a solução

tomada no processo judicial, são devidas a compensação e a repetição do indébito,

nos termos dos artigos 368 e 876 do CCB. 7. Inscrição em cadastros restritivos e

mora. Reconhecida a abusividade descaracterizada a mora do devedor, ficando

vedada a inscrição ou manutenção do seu nome em cadastros de restrição ao

crédito. 8. Depósito em juízo. Não há óbice à realização de depósitos de parcelas

incontroversas pelo autor, desde que por sua conta e risco e sem efeito liberatório.

Valores consignados que poderão ser posteriormente compensados com o saldo a

ser apurado em liquidação. Apelações parcialmente conhecidas e, nessa extensão,

providas em parte. (TJRS; AC 0478544-39.2014.8.21.7000; Caxias do Sul; Vigésima

Terceira Câmara Cível; Rel. Des. Carlos Eduardo Richinitti; Julg. 31/03/2015; DJERS

09/04/2015)

Com esse exato enfoque são as lições de Guilherme Rizzo

Amaral, ad litteram:

“Regra mais delicada é a inserida no § 3º, do art. 330, que prevê o dever do autor

em continuar pagando o valor incontroverso no tempo e modo contratados. Sua

interpretação deve ser restrita. Nenhuma consequência advirá para o autor e sua

ação revisional caso ele deixe de pagar o valor incontroverso, especialmente

porque eventuais dificuldades financeiras não podem obstar o acesso à via

jurisdicional. O que a norma em comento determina é que o simplesmente

ajuizamento da ação revisional não serve para justificativa para a suspensão da

exigibilidade do valor incontroverso.” (in, Comentários às alterações do novo CPC.

São Paulo: RT, 2015, p. 447)

(os destaques são nossos)

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De igual modo é desnecessário o pagamento de valores

prévios ao ajuizamento da ação revisional, o que se depreende do julgado abaixo:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL. APELAÇÃO. AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO.

INDEFERIMENTO DA INICIAL. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. ARTIGO

285-B DO CPC. COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DAS PARCELAS ANTERIORES AO

AJUIZAMENTO DA AÇÃO. PRESCINDIBILIDADE. QUESTÃO QUE AFETA APENAS A

AFERIÇÃO DA ELISÃO DA MORA PELA PARTE AUTORA E NÃO AS CONDIÇÕES DA

AÇÃO. ERROR IN PROCEDENDO. SENTENÇA CASSADA.

1. O artigo 285-b, caput, do código de processo civil[CPC/2015, art. 330, caput]

dispõe que. Nos litígios que tenham por objeto obrigações decorrentes de

empréstimo, financiamento ou arrendamento mercantil, o autor deverá discriminar

na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende

controverter, quantificando o valor incontroverso. Seu parágrafo 1º[CPC/2015, art.

330, § 1º] acrescenta que. O valor incontroverso deverá continuar sendo pago no

tempo e modo contratados. 2. O referido artigo visa tão somente obrigar a parte a

apontar clara e precisamente a causa de pedir das ações revisionais, declarando qual

a espécie e o alcance do abuso contratual que fundamenta sua ação, bem como

explicitar a inadmissão do depósito judicial do valor incontroverso das obrigações

contratuais. 3. Tal artigo, não impõe a comprovação do pagamento das parcelas

anteriores ao ajuizamento da ação ou o mesmo o efetivo pagamento do valor

incontroverso como condição de procedibilidade da ação revisional. Caso assim o

fizesse, implicaria em nítida ofensa ao princípio constitucional do livre acesso ao

poder judiciário, previsto no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, pois

impediria que o consumidor inadimplente e sem condições de promover o

pagamento das prestações contratadas, de discutir em juízo a legitimidade dos

valores que lhe estão sendo exigidos, por vícios insertos no contrato em que a

obrigação inadimplida foi convencionada. 4. A não comprovação, do pagamento das

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prestações anteriores ao ajuizamento da ação revisional de contrato bancário, e a

ausência de continuidade do pagamento dos valores vincendos tidos como

incontroversos, não sendo circunstância que possa mitigar o direito constitucional

de ação, resulta apenas na impossibilidade de ser elidida a mora do consumidor,

pelo simples ajuizamento da pretensão revisional, não se tratando de circunstância

que autorize a extinção do processo sem o julgamento dos pedidos deduzidos em

juízo, volvidos a infirmar as disposições contidas no instrumento contratual. 5. In

casu, sendo desnecessária a comprovação do pagamento das parcelas contratadas a

fim de se constatar as condições de procedibilidade da ação revisional de contrato

bancário ajuizada pela autora, a extinção do processo pelo indeferimento da petição

inicial representa error in procedendo, devendo ser cassada a sentença recorrida. 6.

Apelação conhecida e provida. Sentença cassada. (TJDF; Rec 2014.09.1.019627-6;

Ac. 846.624; Rel. Des. Alfeu Machado; DJDFTE 20/02/2015; Pág. 317)

A SITUAÇÃO EM DEBATE NÃO É CASO DE IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DOS PEDIDOSCPC, art. 332 c/c art. 918, inc. II

É de toda conveniência ofertarmos considerações acerca da

impossibilidade de julgamento de improcedência liminar dos pedidos aqui ofertados.

Existem inúmeras súmulas e outros precedentes sobre temas

mais diversos de Direito Bancário, seja no aspecto remuneratório, moratório e até

diversos enlaces contratuais. E isso, aparentemente, poderia corroborar um

entendimento de que as pretensões formuladas nesta querela afrontariam os ditames

previstos no art. 332 do Código de Processo Civil. É dizer, por exemplo, por

supostamente contrariar súmula do STF ou STJ, ou mesmo acórdãos proferidos em

incidente de resolução de demandas repetitivas. Não é o caso, todavia.

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( i ) Não há proximidade entre os fundamentos abordados e súmulas e/ou ações

repetitivas

Os temas ventilados na exordial, como causas de pedir, não

têm qualquer identidade com as questões jurídicas tratadas nas súmulas que cogitam

de assuntos bancários. E isso se faz necessário, obviamente.

Empregando o mesmo pensar, vejamos o magistério de José

Miguel Garcia Medina:

“V. .... E a precisão da sentença de improcedência liminar, fundada em enunciado

de súmula ou julgamento de casos repetitivos. A rejeição liminar do pedido, por ser

medida tomada quando ainda não citado o réu, apenas com supedâneo no que

afirmou o autor, é medida excepcional, a exigir cautelar redobrada do magistrado

sentenciante. Tal como o enunciado de uma súmula, p. ex., não pode padecer de

ambiguidade (cf. comentário supra), exige-se da sentença liminar de improcedência

igual precisão: deverá o juiz identificar os fundamentos da súmula ( ou do

julgamento de caso repetitivo) e apresentar os porquês de o caso em julgamento se

harmonizar com aqueles fundamentos (cf. art. 489, § 1º, V do CPC/2015). “ (in, Novo

Código de Processo Civil Comentado. São Paulo: RT, 2015, p. 554)

(negritos no texto original)

Com efeito, inexistindo identidade entre os temas,

inadmissível o julgamento de improcedência liminar.

( ii ) A hipótese em estudo requer a produção de provas

A situação em vertente demanda que sejam provados

fatos, quais sejam: a cobrança (ocorrência de fato) de encargos ilegais no período

de normalidade, os quais, via reflexa, acarretaria na ausência de mora.

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Sustenta-se, como uma das teses da parte autora, que, ao

revés de existir a cobrança de juros capitalizados mensais há, na verdade, cobrança

de juros capitalizados diariamente. E isso, como será demonstrado no mérito, faz

uma diferença gigantesca na conta e, sobretudo, uma onerosidade excessiva.

Não é o simples fato de existir, ou não, uma cláusula

mencionando que a forma de capitalização é mensal, bimestral, semestral ou anual,

seria o bastante. Claro que não. É preciso uma prova contábil; um expert para

levantar esses dados controvertidos (juros capitalizados mensais x juros capitalizados

diários).

Por esse norte, a produção da prova pericial se mostra

essencial para dirimir essa a controvérsia fática, maiormente quanto à existência ou

não da cobrança de encargos abusivos, ou seja, contrários à lei. Não é uma mera

questão de direito que, supostamente, afronta uma determinada súmula.

Pela necessidade de produção de prova pericial nos casos de

ações revisionais de contratos bancários, vejamos os seguintes julgados:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. ALEGAÇÃO DE

NULIDADE DE CLÁUSULAS E ABUSIVIDADE DE ENCARGOS CONTRATUAIS. PROVA

PERICIAL CONTÁBIL. NÃO REALIZAÇÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA.

CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA CASSADA.

O julgamento do feito com fulcro no art. 285-A do CPC [CPC/2015, art. 332] e a

consequente ausência de realização de prova técnica necessária ao deslinde de

questões controvertidas nos autos viola o devido processo legal, no qual está

inserido o direito à produção probatória, e acarreta, portanto, cerceamento de

defesa. Em fiel observância ao devido processo legal, ao autor da ação incumbe

fazer prova acerca dos fatos alegados como fundamento do invocado direito, porque

a lide delineada nos autos não comporta qualquer exceção legal, permissiva da

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inversão dos ônus da prova, assim como ao réu a produção de prova de fatos

impeditivos, modificativos ou extintivos. (TJMG; APCV 1.0024.14.094894-4/001; Rel.

Des. Leite Praça; Julg. 26/02/2015; DJEMG 10/03/2015)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. PEDIDO DE

PRODUÇÃO DE PROVA PERICIAL. NÃO APRECIAÇÃO PELO JUÍZO A QUO

JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE COM RESOLUÇÃO DE MÉRITO PELA

IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. NULIDADE DA SENTENÇA.

1. O juízo a quo ao decidir a demanda não levou em consideração as alegações

fáticas apresentadas pela autora em sua petição inicial. 2. Não se admite o

julgamento antecipado de improcedência da ação, nos termos do art. 285-a, do CPC

[CPC/2015, art. 332], sem examinar as alegações do autor e posteriormente

confrontá-las com a prova pericial requerida. Devendo ser apurado através de

planilha de cálculos necessária eventual aplicação de juros abusivos e capitalização

mensal de juros, resta inviabilizado, por este juízo ad quem, o exame das teses

levantadas por ambas as partes. 3. Sentença anulada, remessa dos autos ao d juízo

de origem com vistas à realização da regular instrução do feito para o julgamento da

ação revisional, em obediência ao devido processo legal (art. 5º, LIV, cf).

Jurisprudência do TJPI. Recurso conhecido e provido. (TJPI; AC 2010.0001.005308-3;

Segunda Câmara Especializada Cível; Rel. Des. Brandão de Carvalho; DJPI

09/03/2015; Pág. 14)

Convém ressaltar as lições de Teresa Arruda Alvim

Wambier, ad litteram:

“Por conseguinte, para fosse possível o julgamento prima facie de improcedência do

pedido, a relação conflituosa deveria assentar-se uma situação preponderantemente

de direito, isto é cujos fatos podem ser compreendidos com exatidão e grau máximo

de certeza através, tão somente, de prova pré-constituída. “ (Tereza Arruda Alvim

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Wambier ... [et tal], coordenadores. Breves comentários ao novo código de processo

civil. São Paulo: RT, 2015, p. 856)

( itálicos do texto original )

Mais adiante arremata:

“Ou seja, antes de aplicar o art. 332 do CPC/2015, o juiz deve assegurar ao autor a

possibilidade de demonstrar porque sua petição inicial, v.g., não contraria súmula do

STF ou súmula do STJ. Somente após essa segunda manifestação do autor é que se

poderia cogitar da aplicação da referida técnica de forma constitucionalmente

adequada. “ (ob. aut. cits., p. 860)

Desse modo, impõe-se reconhecer a impossibilidade do

julgamento de improcedência liminar, visto que, havendo controvérsia a respeito

de fatos, cuja prova não se encontra nos autos, é imprescindível que este juízo

viabilize à parte Autora a produção da prova requerida. Além disso, a disposição

contida no art. 373, I, do Código de Processo Civil, dita que tal ônus a esse

pertence.

( iii ) A inconstitucionalidade do art. 332 do Código de Processo Civil

De outro bordo, é inconteste que há inúmeras razões para

receber a norma acima mencionada como inconstitucional.

Ao subordinar o pedido de tutela jurisdicional do Estado aos

ditames do art. 332, sem ao menos antes ouvir-se a parte adversa, sucede-se, no

mínimo, afronta ao direito de ação consagrado pela Constituição da República.

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Com esse enfoque, urge evidenciar as lições de Nélson

Nery Júnior, in verbis:

“3. Inconstitucionalidade. O CPC 332, tal qual ocorria com o CPC/1973 285-A, é

inconstitucional por ferir as garantias da isonomia (CF art. 5º caput e I), da

legalidade (CF art. 5º, II), do devido processo legal (CF art. 5º caput e LIV), do direito

de defesa (CF art. 5º, XXXV) e do contraditório e da ampla defesa (CF art. 5º LV), bem

como o princípio dispositivo, entre outros fundamentos, porque o autor tem o

direito de ver efetivada a citação do réu, que pode abrir mão de seu direito e

submeter-se à pretensão, independentemente do precedente jurídico de tribunal

superior ou de qualquer outro tribunal, ou mesmo do próprio juízo. “ (Nery Júnior,

Nélson; de Andrade Nery, Rosa Maria. Comentários ao Código de Processo Civil. São

Paulo: RT, 2015, p. 908)

Não fosse isso o suficiente, há identicamente

inconstitucionalidade na regra espécie, todavia sob o prisma de que essa norma adota

como “súmula vinculante” decisões não emanadas do STF. É dizer, impede-se o

aprofundamento do mérito pelo simples fato de contrariar, por exemplo, súmula do

STJ, TJ´s ou até mesmo TRF´s.

É consabido que a edição de súmula vinculante é tarefa

constitucionalmente atribuída ao Supremo Tribunal Federal (CF, art. 103-A). Nesse

passo, é tarefa do STF editar súmulas, simples ou vinculantes, e essas devem orientar

e vincular suas teses a todo o Poder Judiciário Nacional, além de órgãos da

administração direta e indireta, na esfera federal, estadual e municipal.

Nesse diapasão, impende destacar o que aduz a doutrina:

“De início, cumpre esclarecer que o efeito vinculante previsto para todos os

provimentos elencados nos incs. I a IV do art. 332 do CPC/2015 – com exceção da SV

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do STF – é inconstitucional porque essa atribuição (=de efeito vinculante) não pode

ser instituída mediante legislação ordinária. “ (Teresa Arruda Alvim Wambier ... [et

tal], coordenadores. Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil. São

Paulo: RT, 2015, p. 859)

( iv ) A exordial traz pedido de fazer composição em audiência conciliatória

O Código preservou, ao máximo, a ideia da composição em

detrimento do litígio. Destacou, inclusive, uma seção inteira do Título I, do livro IV,

do CPC, para as tarefas dos mediadores e conciliadores (CPC, art. 165 e segs). E é

também a previsão estabelecida no art. 3º, §§ 2º e 3º, do CPC, bem assim aquela

que determina que o magistrado promova a qualquer tempo a conciliação (CPC, art.

139, inc. IV).

A interpretação do Código de Processo Civil deve ser

sistemática, vista como um todo, e não em função de uma única norma isolada. É

absurdo exaltar-se o art. 332 em detrimento de todas essas regras que procuram a

conciliação das partes. E muito menos há, aqui, uma interpretação teleológica (CPC,

art. 8º).

Desse modo, maiormente à luz da disciplina contida no art.

3º, § 2º do CPC, de toda pertinência seja designada audiência conciliatória.

( a ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS( a ) DA IMPERTINÊNCIA DA COBRANÇA DE JUROS CAPITALIZADOS

Conquanto na espécie seja uma relação de consumo, o

Código de Defesa do Consumidor permite seja revisto o contrato quando ocorrer fato

superveniente que o desequilibre, tornando-o excessivamente oneroso a um dos

participantes (art. 6º c/c art. 51, inc. IV, § 1º, inc. III, da Lei nº. 8.078/90), ou excluída

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a cláusula que estabelece obrigações iníquas, abusivas ao consumidor, conduzindo-o

a uma situação de desvantagem perante o prestados de serviços.

Antes de tudo, convém ressaltar que, no tocante à

capitalização dos juros ora debatidos, não há qualquer ofensa às Súmulas 539 e 541

do Superior Tribunal Justiça, as quais abaixo aludidas:

STJ, Súmula 539 - É permitida a capitalização de juros com periodicidade

inferior à anual em contratos celebrados com instituições integrantes do

Sistema Financeiro Nacional a partir de 31/3/2000 (MP 1.963-17/00,

reeditada como MP 2.170-36/01), desde que expressamente pactuada.

STJ, Súmula 541 - A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual

superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da

taxa efetiva anual contratada.

É dizer, os fundamentos lançados são completamente

diversos dos que estão insertos nas súmulas em apreço.

É consabido que a cláusula de capitalização, por ser de

importância crucial ao desenvolvimento do contrato, ainda que ajuste eventualmente

existisse nesse pacto, deve ser redigida de maneira a demonstrar exatamente ao

contratante do que se trata e quais os reflexos gerarão ao plano do direito material.

O pacto, à luz do princípio consumerista da

transparência, que significa informação clara, correta e precisa sobre o contrato a

ser firmado, mesmo na fase pré-contratual, teria que necessariamente conter:

1) redação clara e de fácil compreensão(art. 46);

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2) informações completas acerca das condições pactuadas e seus

reflexos no plano do direito material;

3) redação com informações corretas, claras, precisas e ostensivas,

sobre as condições de pagamento, juros, encargos, garantia(art. 54,

parágrafo 3º, c/c art. 17, I, do Dec. 2.181/87);

4) em destaque, a fim de permitir sua imediata e fácil compreensão, as

cláusulas que implicarem limitação de direito(art. 54, parágrafo 4º)

Nesse mesmo compasso é o magistério de Cláudia Lima

Marques:

“ A grande maioria dos contratos hoje firmados no Brasil é redigida

unilateralmente pela economicamente mais forte, seja um contrato aqui

chamado de paritário ou um contrato de adesão. Segundo instituiu o CDC, em

seu art. 46, in fine, este fornecedor tem um dever especial quando da elaboração

desses contratos, podendo a vir ser punido se descumprir este dever tentando

tirar vantagem da vulnerabilidade do consumidor.

( . . . )

O importante na interpretação da norma é identificar como será apreciada

‘a dificuldade de compreensão’ do instrumento contratual. É notório que a

terminologia jurídica apresenta dificuldades específicas para os não

profissionais do ramo; de outro lado, a utilização de termos atécnicos pode

trazer ambiguidades e incertezas ao contrato. “ (MARQUES, Cláudia Lima.

Contratos no Código de Defesa do Consumidor: o novo regime das relações

contratuais. 6ª Ed. São Paulo: RT, 2011. Pág. 821-822)

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Por esse norte, a situação em liça traduz uma relação

jurídica que, sem dúvidas, é regulada pela legislação consumerista. Por isso, uma vez

seja constada a onerosidade excessiva e a hipossuficiência do consumidor, resta

autorizada a revisão das cláusulas contratuais, independentemente do contrato ser

"pré" ou "pós" fixado.

Assim, o princípio da força obrigatória contratual (pacta

sunt servanda) deve ceder e se coadunar com a sistemática do Código de Defesa do

Consumidor.

Nesse ponto específico, ou seja, quanto à informação

precisa ao mutuário consumidor acerca da periodicidade dos juros, decidira o

Superior Tribunal de Justiça no seguinte sentido:

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO.

CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA. TAXA NÃO INFORMADA. DESCABIMENTO. VIOLAÇÃO A

DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS. DESCABIMENTO.

1. Controvérsia acerca da capitalização diária em contrato bancário.

2. Comparação entre os efeitos da capitalização anual, mensal e diária de uma

dívida, havendo viabilidade matemática de se calcular taxas de juros equivalentes

para a capitalização em qualquer periodicidade (cf. RESP 973.827/rs).

3. Discutível a legalidade de cláusula de capitalização diária de juros, em que pese a

norma permissiva do art. 5º da Medida Provisória nº 2.170-36/2001. Precedentes do

STJ.

4. Necessidade, de todo modo, de fornecimento pela instituição financeira de

informações claras ao consumidor acerca da forma de capitalização dos juros

adotada.

5. Insuficiência da informação a respeito das taxas equivalentes sem a efetiva

ciência do devedor acerca da taxa efetiva aplicada decorrente da periodicidade de

capitalização pactuada.

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6. Necessidade de se garantir ao consumidor a possibilidade de controle a priori do

contrato, mediante o cotejo das taxas previstas, não bastando a possibilidade de

controle a posteriori.

7. Violação do direito do consumidor à informação adequada.

8. Aplicação do disposto no art. 6º, inciso III, combinado com os artigos 46 e 52, do

código de defesa do consumidor(cdc).

9. Reconhecimento da abusividade da cláusula contratual no caso concreto em

que houve previsão de taxas efetivas anual e mensal, mas não da taxa diária. 10.

Recurso Especial desprovido. (STJ; REsp 1.568.290; Proc. 2014/0093374-7; RS;

Terceira Turma; Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino; DJE 02/02/2016)

Ainda que inexistisse essa cláusula, certamente a perícia

contábil irá demonstrar que, na verdade, a capitalização dos juros ocorrera de forma

diária. Essa modalidade de prova, de logo se requer. Afinal, é uma prática corriqueira,

comum a toda e qualquer instituição financeira, não obstante a gritante ilegalidade.

Ademais, é cediço que essa espécie de periodicidade de

capitalização (diária) importa em onerosidade excessiva ao consumidor, causando,

com isso, um desequilíbrio contratual de sorte a contrariar normas do Código de

Defesa do Consumidor (art. 6º, inc. IV e V, e 51, inc. IV).

Nesse sentido:

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO.

SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

EMBARGADA.

Alegada impossibilidade de revisão das cláusulas contratuais livremente pactuadas.

Tese arredada. Contrato de adesão. Princípio pacta sunt servanda mitigado.

Aplicação do Código de Defesa do Consumidor à relação jurídica formada entre as

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partes. Arts. 2º e 3º do CDC. Súmula nº 297 do Superior Tribunal de Justiça.

Possibilidade de revisão das cláusulas contratuais, sem que isso implique em

violação ao ato jurídico perfeito e à boa-fé contratual. Inteligência dos artigos 6º e

54 do CDC. Apelo não provido nesse aspecto. Capitalização dos juros em

periodicidade diária. Prática que é vedada, porque importa em onerosidade

excessiva ao consumidor. Sentença mantida nessa parte. Comissão de permanência.

Contrato que prevê, para o período de inadimplência, o encargo sob a nomenclatura

"taxa de remuneração - Operações em atraso". Validade da exigência. Vedada a

cumulação com juros remuneratórios, moratórios, correção monetária e multa.

Inteligência das Súmulas nºs 472 e 30 do STJ. Reclamo desprovido.

Prequestionamento. Rejeição. Razões analisadas de forma fundamentada (CF, art.

93, IX). Ônus de sucumbência que não sofre alteração. Recurso conhecido e

desprovido. (TJSC; AC 2015.090947-4; Blumenau; Quinta Câmara de Direito

Comercial; Relª Desª Soraya Nunes Lins; Julg. 10/03/2016; DJSC 15/03/2016; Pág.

265)

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO REVISIONAL.

1. Preliminares contrarrecursais. 1.1. Tendo o apelante autor exposto, com

dialeticidade suficiente, as razões pela qual entende ser necessária a reforma da

sentença, incabível falar em não conhecimento do recurso, diante do atendimento

ao disposto no artigo 514, II do CPC. 1.2. O Código de Defesa do Consumidor é

aplicável aos negócios jurídicos firmados entre as instituições financeiras e os

usuários de seus produtos e serviços (art. 3º, § 2º, CDC). Súmula nº 297, STJ. 2.

Comissão de permanência. - É válida a estipulação de cobrança de comissão de

permanência. Incidência das Súmulas nºs 294 e 296 do STJ. É, no entanto, vedada a

cumulação com demais encargos moratórios (juros e multa). - No caso em tela,

inexistindo pactuação expressa, resta afastada a possibilidade de cobrança do

encargo. 3. Capitalização. - Caso concreto em que prevista e afastada a

capitalização diária em razão da abusividade e onerosidade excessiva que devem

ser rechaçadas. Possibilitada a periodicidade mensal. 4. Tarifa de abertura de crédito

e tarifa de emissão de carnê. - Com a vigência da resolução CMN 3.518/2007, em

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30.4.2008, não mais tem respaldo legal a contratação da tarifa de emissão de carnê

(tec) e da tarifa de abertura de crédito (tac), salvo nos contratos celebrados até esta

data e se estiver devidamente contratada. Entendimento firmado pelo STJ, RESP nº

1251331. - In casu, os documentos acostados não demonstram a previsão contratual

expressa para cobrança de tarifas de abertura de crédito e de emissão de carnê,

portanto, caso ocorra, é abusiva. 5. Outras tarifas bancárias. - Nos termos da

resolução nº 3919/2010, do BACEN, existindo pactuação expressa em relação às

tarifas, não há ilegalidade em sua cobrança. Ademais, consoante posicionamento

firmado pelo STJ, somente com a demonstração cabal de vantagem exagerada por

parte do agente financeiro é que podem ser consideradas ilegais e abusivas. - Na

espécie, os documentos acostados comprovam a existência da previsão de cobrança

de tarifas bancárias. Portanto, não há ilegalidade na sua cobrança. 6.

Descaracterização da mora. - Constatada abusividade contratual nos encargos da

normalidade, resta descaracterizada a mora. 7. Repetição do indébito. - Na forma

simples ou pela correspondente compensação é admitida, ainda que ausente prova

de erro no pagamento. 8. Negativação. - Observada a orientação jurisprudencial do

STJ, constatadas irregularidades na contratação, cabível a proibição ao réu de

inscrever o nome do contratante nos órgãos de proteção do crédito. 9. Dos

depósitos judiciais e suspensão de descontos. - É direito da parte realizar depósito

judicial do valor que entende como devido, enquanto pendente discussão judicial,

restando suspensos os descontos em sua conta-corrente. 10. Sucumbência. -

Redimensionados os ônus sucumbenciais em face do resultado do julgamento.

Preliminares cont parcialmente provido. (TJRS; AC 0436387-17.2015.8.21.7000;

Estância Velha; Vigésima Terceira Câmara Cível; Relª Desª Ana Paula Dalbosco; Julg.

08/03/2016; DJERS 11/03/2016)

APELAÇÃO CÍVEL. DECLARATÓRIA. PURGAÇÃO DA MORA POSSIBILIDADE. ART. 34

DO DECRETO-LEI N. 70/66/ART. 26 DA LEI N. 9.514/97. CAPITALIZAÇÃO DIÁRIA DE

JUROS. ABUSIVIDADE. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BEM IMÓVEL. LEI Nº 9.514/97.

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REVISÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO. ART. 6º, V

E ART. 51, IV/CDC. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.

O artigo 34 do Decreto-Lei nº 70/66 aplicado subsidiariamente à Lei nº 9514/97,

possibilita ao devedor purgar a mora após a consolidação do bem nas mãos do

credor, ressalvado que a purgação se dê antes da realização do leilão. Não havendo

a alienação dos bens imóveis, faculta-se ao devedor a possibilidade de proceder

purgação da mora (art. 34 do Decreto-Lei n. 70/66; art. 39 da Lei nº 9.514/97).

Ainda que seja cabível a capitalização dos juros em periodicidade mensal, a

previsão de capitalização diária acarreta onerosidade excessiva e causa

desequilíbrio na relação jurídica. O procedimento de alienação fiduciária de bem

imóvel é perfeitamente legal (lei nº 9.514/97). O principio da força obrigatória dos

contratos não impede a revisão daquelas cláusulas consideradas abusivas, nos

termos do art. 6º, V e art. 51, IV, cdc. (TJMT; APL 96338/2015; Cáceres; Rel. Des.

Sebastião Barbosa Farias; Julg. 26/01/2016; DJMT 01/02/2016; Pág. 27)

Obviamente que uma vez identificada e reconhecida a

ilegalidade da cláusula que prevê a capitalização diária dos juros, esses não poderão

ser cobrados em qualquer outra periodicidade (mensal, bimestral, semestral, anual).

É que, lógico, inexiste previsão contratual nesse sentido; do contrário, haveria

nítida interpretação extensiva ao acerto entabulado contratualmente.

Com efeito, a corroborar as motivações retro, convém

ressaltar os ditames estabelecidos na Legislação Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL

Art. 843. A transação interpreta-se restritivamente, e por ela não se transmitem,

apenas se declaram ou reconhecem direitos.

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Nesse passo, é altamente ilustrativo transcrever o seguinte

aresto:

Agravo de instrumento Ação de execução por título judicial Incidente de execução

Decisão proclamando o valor atualizado do débito Irresignação parcialmente

procedente Antecedente título executivo extrajudicial substituído por transação

Incabível, assim, o cômputo da multa moratória prevista no primitivo título

Aplicação do art. 843 do CC, a dispor que a transação não comporta interpretação

extensiva Juros previstos no instrumento da transação, de 1,5% a.m., incidindo até o

efetivo cumprimento da obrigação Evidente a má-fé processual na conduta da

credora, por ter computado os juros de modo mensalmente capitalizado, em total

infração ao ordenamento jurídico da época e sem que o instrumento da transação

isso autorizasse Quadro ensejando a aplicação da multa do art. 18 do CPC, de 1%

sobre o valor atualizado da execução. Agravo a que se dá parcial provimento. (TJSP;

AI 2187868-05.2014.8.26.0000; Ac. 8269858; São Paulo; Décima Nona Câmara de

Direito Privado; Rel. Des. Ricardo Pessoa de Mello Belli; Julg. 23/02/2015; DJESP

13/03/2015)

Não é pelo simples motivo da não existência de cláusula de

capitalização diária que essa não possa ter sido cobrada. Fosse assim, qualquer banco

colocaria que, por exemplo, não houve sequer capitalização de juros. “Ponto, assunto

encerrado.” Não é isso, lógico.

A inexistência da cláusula nesse propósito (capitalização

diária) chega a espantar qualquer gerente de banco. Todos são unânimes que a

cobrança de juros capitalizados é (e sempre será) diária. Afirmar-se que em uma

dívida de atraso de, suponhamos, 89(oitenta e nove) dias o banco irá cobrar 60 dias

(duas mensalidades capitalizadas) e deixará para trás a capitalização dos outros 29

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dias (porque não completou 30 dias) chega a ser hilário para qualquer bancário.

Afinal, a capitalização autorizada é, quando ajustada, no mínimo a mensal.

Daí ser de imperiosa necessidade a realização de prova

pericial contábil para “desmascarar” o embuste em debate, o que logo a parte autora

requer como uma de suas provas.

Diante disso, conclui-se que declarada nula a cláusula que

estipula a capitalização diária, resta vedada a capitalização em qualquer outra

modalidade. Subsidiariamente (CPC, art. 289), seja definida a capitalização de juros

anual (CC, art. 591), ainda assim com a desconsideração da mora pelos motivos

antes mencionados.

( b ) DOS JUROS MORATÓRIOS CAPITALIZADOS ( b ) DOS JUROS MORATÓRIOS CAPITALIZADOS

Há igualmente outra cláusula abusiva no enlace contratual

em estudo, entrementes no período de anormalidade contratual (inadimplência).

Vê-se da cláusula 29 do contrato de empréstimo a seguinte

redação, ad litteram:

“29. Atraso de pagamento e multa – Se houver atraso no pagamento ou vencimento

antecipado, o Mutuário pagará juros moratórios de 0,49%(zero vírgula quarenta e

nove por cento) ao dia, capitalizados mensalmente. “ (sublinhamos)

Inexiste qualquer previsão legal quanto à possibilidade da

cobrança de juros moratórios capitalizados. Ao revés disso, há limite expressamente

estabelecido no montante de 1% a.m. (CC, art. 406 e CTN, art. 161, § 1º)

Bem a propósito a seguinte súmula do Superior Tribunal

de Justiça:

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STJ, Súmula 379: Nos contratos bancários não regidos por legislação específica, os

juros moratórios poderão ser fixados em até 1% ao mês.

Com efeito, a situação fere o quanto estabelecido no art.

170, inc. V da Constituição Federal, além do art. 51, inc. IV, do Código de Defesa

do Consumidor.

Com esse enfoque:

APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE CONTRATO DE ARRENDAMENTO MERCANTIL.

LEASING. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. AUSÊNCIA DE PREVISÃO. GRAVAME,

SERVIÇOS DE TERCEIROS, RESSARCIMENTO DE PROMOTORA DE VENDAS E

REGISTRO DE CONTRATO. ABUSIVIDADE.

É vedada a cobrança de juros moratórios capitalizados mensalmente, por ausência

de amparo legal. Constitui abusividade a cobrança de tarifa de gravame, de serviços

de terceiros, ressarcimento de promotora de vendas e registro de contrato,

porquanto decorre de custos inerentes à própria atividade bancária, devendo a

instituição financeira arcar com esse custo, não havendo que repassá-lo ao

consumidor. (TJMG; APCV 1.0027.12.014808-8/001; Rel. Des. Marco Aurelio

Ferenzini; Julg. 03/03/2016; DJEMG 11/03/2016)

AÇÃO REVISIONAL DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS CUMULADA COM REPETIÇÃO DE

INDÉBITO E ANTECIPAÇÃO DE TUTELA.

Contrato de financiamento firmado em 20.10.2010.preliminar. Sentença com relação

a serviços de terceiros. Nulidade parcial da sentença. Apelação cível 1. Leandro

cagliari da cruz. Pleito de exclusão da cobrança de juros capitalizados. Não acolhido.

Contratação clara e expressa. Taxa de juros anual superior ao duodécuplo da taxa de

juros mensal. Contrato celebrado após 31.03.2000.legalidade da cobrança. Limitação

de juros moratórios a taxa mensal de 1%. Possibilidade. Pactuação de juros

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moratórios capitalizados mensalmente a taxa de 0,49% ao dia. Abusividade.

Súmula nº 379 do Superior Tribunal de justiça. Recurso conhecido e parcialmente

provido. Apelação cível 2. Banco itaucard s/a. Revisão contratual. Suporte legal no

inc. V, art. 6º, do Código de Defesa do Consumidor. Tarifas de registro de contrato e

de inclusão de gravame eletrõnico pactuadas de forma clara. Legalidade. Cobrança

não vedada pelo ordenamento jurídico pátrio. Condição de eficácia do contrato.

Valor não abusivo. Tarifa de cadastro. Cobrança autorizada. Nº recurso repetitivo

1.251.331/rs STJ e 1.255.573/rs. STJ. Repetição do indébito. Desnecessária a prova

de erro. Sucumbência mínima da parte requerida (art. 21, parágrafo único do cpc).

Condenação da parte autora a arcar com a integralidade do ônus sucumbencial e

honorários advocatícios. Recurso conhecido e parcialmente. Provido. (TJPR; ApCiv

1323511-3; Curitiba; Quarta Câmara Cível; Relª Desª Maria Aparecida Blanco de

Lima; Julg. 21/07/2015; DJPR 26/08/2015; Pág. 344)

JUROS. CAPITALIZAÇÃO. ENTIDADE PERTENCENTE AO SISTEMA FINANCEIRO

NACIONAL. POSSIBILIDADE. ENCARGOS MORATÓRIOS CONTRATUAIS. JUROS

MORATÓRIOS CAPITALIZADOS. ILICITUDE. RAZÃO DE 0,49% AO DIA. ABUSIVIDADE.

É lícita a capitalização de juros em contratos firmados por entes que integrem o

Sistema Financeiro Nacional, desde que tenha expressa pactuação neste sentido, e

que seja posterior a 31 de março de 2000. Os juros moratórios não são passíveis de

capitalização e a sua incidência na razão de 0,49% ao dia é abusiva . (TJMG; APCV

1.0428.11.000911-8/001; Rel. Des. Cabral da Silva; Julg. 04/08/2015; DJEMG

14/08/2015)

( c ) COBRANÇA DE DESPESAS EXTRAJUDICIAIS ( c ) COBRANÇA DE DESPESAS EXTRAJUDICIAIS

Com a exordial vê-se que a Autora traz em sua planilha

cobrança referente a “despesas extrajudiciais de cobrança”. Também se encontra

expressa na cláusula 29. Essa impõe ao mutuário, ora Autor, a obrigação de ressarcir

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as despesas de cobrança judicial e ou extrajudicial. Ademais, não há reciprocidade em

cláusula em favor do consumidor-mutuário no mesmo sentido.

Inegavelmente essa situação traz uma desvantagem gritante

ao consumidor, consoante se depreende do Código de Defesa do Consumidor:

Art. 51 - São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas

ao fornecimento de produtos e serviços que:

( . . . )

IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o

consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a

equidade;

( . . . )

XII - obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrança de sua obrigação, sem

que igual direito lhe seja conferido contra o fornecedor;

Lapidar nesse sentido o entendimento expendido nos arestos

abaixo:

APELAÇÕES CÍVEIS. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO. SENTENÇA DE

PARCIAL PROCEDÊNCIA. RECURSO DE AMBAS AS PARTES. RECURSO DA

INSTITUIÇÃO FINANCEIRA RÉ.

Despesas de cobrança e de honorários advocatícios extrajudiciais. Impossibilidade

de se aferir a existência de reciprocidade de obrigações entre os contratantes.

Nulidade da cláusula mantida. Insurgência não acolhida. Caracterização da mora.

Súmula nº 380 do STJ. Discussão a respeito dos encargos contratuais que, por si só,

não enseja a descaracterização da mora. Ademais, depósito de valor incontroverso

ou caução idônea que não foram comprovados. Mora configurada. Recurso provido

no tópico. Recurso do autor. Justiça gratuita deferida em primeiro grau de jurisdição.

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Benefício que compreende todos os atos do processo até decisão final do lítigio em

todas as instâncias (art. 9º da Lei nº 1060/50). Prescindibilidade da reiteração da

pretensão. Não conhecimento do apelo nessa parte. Preliminar. Cerceamento de

defesa. Julgamento antecipado da lide. Não ocorrência. Provas documentais

suficientes para o julgamento do feito. Tese afastada. Capitalização de juros.

Contrato firmado após a edição da MP n. º 1.963-17/2000, reeditada sob n. 2.170-

36/01. Previsão da taxa de juros anual superior ao duodécuplo da taxa mensal que é

suficiente para permitir a incidência do encargo. Observância do atual entendimento

do Superior Tribunal de Justiça (RESP 973.827). Recurso desprovido. Repetição do

indébito. Almejada devolução em dobro. Descabimento. Viabilidade na forma

simples. Art. 42, parágrafo único, da Lei n. 8.078/90. Recurso desprovido no tema.

Cláusula contratual que prevê o vencimento antecipado da dívida em caso de

inadimplemento. Abusividade inexistente. Pactuação expressa no contrato.

Aplicação do disposto no art. 1.425, inciso III, do Código Civil. Insurgência não

acolhida. Insurgência comum às partes. Juros remuneratórios. Autor que pugna pela

limitação em 12% ao ano e réu que pleiteia a manutenção da taxa negociada entre

as partes. Inacolhimento. Percentual pactuado que se mostra abusivo se comparado

com os índices médios divulgados pelo Banco Central. Manutenção da sentença.

Enunciados I e IV do grupo de câmaras de direito comercial desta corte. Ônus

sucumbenciais que não sofrem alteração. Recurso do réu conhecido e parcialmente

provido e recurso do autor conhecido em parte e desprovido. (TJSC; AC

2015.086477-8; Brusque; Quinta Câmara de Direito Comercial; Relª Desª Soraya

Nunes Lins; Julg. 28/01/2016; DJSC 10/02/2016; Pág. 292)

APELAÇÃO CÍVEL. ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA. REVISÃO DE CONTRATO. DA

APLICAÇÃO DO CDC E DOS CONTRATOS DE ADESÃO.

Relação consumerista configurada. Presença de consumidor e fornecedor; arts. 2º e

3º da Lei nº 8009/90. Súmula nº 297, STJ. Lei protetiva aplicável ao caso concreto.

Juros remuneratórios. Limitação dos juros ao percentual da taxa média do mercado,

quando forem abusivos, tal como publicado pelo BACEN em seu site. Posição do STJ

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consubstanciada no acórdão paradigma - RESP 1.061.530/RS. Capitalização de juros.

A incidência da capitalização de juros é permitida, mas desde que conste sua

pactuação de forma expressa no instrumento contratual, nos termos do RESP nº

973.827-RS, de relatoria da Min. Maria isabel Gallotti. Como este é o caso dos autos,

a capitalização é mantida. Comissão de permanência. Estando contratualmente

prevista, a comissão de permanência deve ser aplicada para o período de

inadimplência, de forma não cumulada com juros moratórios, multa ou correção

monetária, em conformidade com as Súmulas nºs 30, 294, 296 e 472 do STJ. Tarifa

de cadastro - A tarifa de cadastro somente poderá incidir no início do

relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira, desde que contratado

expressamente, ressalvado a análise da abusividade no caso concreto, se comparada

com a média mensal divulgada pelo BACEN. Abusividade caracterizada no caso

concreto. Tec. Não havendo prova de que se estipulou a incidência da referida tarifa

no contrato em questão, resta prejudicado o pedido. Dos honorários extrajudiciais.

Nulidade da cláusula de imposição de honorários e cobrança de despesas

extrajudiciais em benefício do fornecedor; abusividade. Da mora e da tutela

antecipada. Ausente a abusividade nos encargos previstos para a normalidade

contratual, a tutela antecipada deve ser indeferida. Apelos parcialmente providos.

(TJRS; AC 0036589-25.2016.8.21.7000; Sapiranga; Décima Quarta Câmara Cível; Rel.

Des. Roberto Sbravati; Julg. 03/03/2016; DJERS 10/03/2016)

APELAÇÃO CÍVEL. REVISÃO DE CONTRATO. FINANCIAMENTO BANCÁRIO. CÉDULA

DE CRÉDITO BANCÁRIO. AUSÊNCIA DE INTERESSE RECURSAL. CONHECIMENTO

PARCIAL DO RECURSO DA AUTORA. CAPITALIZAÇÃO DE JUROS. POSSIBILIDADE.

ENCARGOS MORATÓRIOS. JUROS DE MORA. MULTA CONTRATUAL E JUROS

REMUNERATÓRIOS. POSSIBILIDADE. DESPESAS DE COBRANÇA. IMPUTAÇÃO

APENAS AO CONSUMIDOR. IMPOSSIBILIDADE.

1. Não se conheceda parte do recurso, na qual não tenha interesse recursal

manifesto (CPC, artigo 499). 2. Admite-se, no contrato de cédula de crédito

bancário, a capitalização mensal de juros (art. 28, § 1º, I, da Lei nº. 10.931/2004).

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3.A norma do § 3º do art. 192 da Carta Magna que exigia a normatização da matéria

referente ao Sistema Financeiro Nacional por meio de legislação complementar, foi

revogada pela Emenda Constitucional nº 40/2003. 4. O STF ao julgar a ADIN 2.316-1,

autorizou a capitalização de juros em empréstimos bancários com periodicidade

inferior a um ano, entendendo que a Medida Provisória n. 2.170-36, que autorizou o

cálculo de juros compostos, é constitucional. 5.É lícita a cumulação de juros

remuneratórios, juros de mora de 1% AM e multa contratual de 2%. 6. É nula a

cláusula que prevê a responsabilidade apenas do consumidor em relação às

despesas com honorários advocatícios e cobrança por inadimplemento (CDC, XII,

art. 51). 7. Recurso da autora parcialmente conhecido e, na parte conhecida,

desprovido. Recurso do réu conhecido e desprovido. (TJDF; Rec 2013.04.1.008248-3;

Ac. 882.889; Quinta Turma Cível; Rel. Des. Carlos Rodrigues; DJDFTE 04/08/2015;

Pág. 292)

APELAÇÃO CÍVEL.

Demanda revisional de contrato de financiamento para aquisição de automotor.

Sentença de parcial procedência da pretensão deduzida na exordial. Irresignação da

financeira. Código de Defesa do Consumidor. Incidência. Exegese da Súmula nº 297

do Superior Tribunal de Justiça. Princípios do pacta sunt servanda, ato jurídico

perfeito e autonomia da vontade que cedem espaço, por serem genéricos, à norma

específica do art. 6º, inciso V, da Lei nº 8.078/90. Possibilidade de revisão do

contrato, nos limites do pedido do devedor. Inteligência dos arts. 2º, 128, 460 e 515,

todos do código de processo civil. Aplicação da Súmula nº 381 do Superior Tribunal

de Justiça e da orientação 5 do julgamento das questões idênticas que caracterizam

a multiplicidade oriunda do RESP n. 1.061.530/RS, relatado pela ministra nancy

andrighi, julgado em 22/10/08. Cláusula resolutória expressa. Previsão no contrato

sem, contudo, dar opção ao consumidor entre a resolução do pacto ou sua

manutenção. Dever de alternatividade não respeitado. Afronta ao art. 54, § 2º, da

Lei nº 8.078/90. Cláusula resolutiva abusiva. Sentença mantida neste viés.

Honorários extrajudiciais e despesas em razão de eventual cobrança. Banco que

almeja o reconhecimento da legalidade das exigências. Inviabilidade. Imposição ao

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consumidor do montante pago pela casa bancária a título de honorários

advocatícios extrajudiciais e despesas de cobrança. Ofensa ao art. 51, inciso XII, do

pergaminho consumerista. Nulidade estampada. Decisão inalterada nesta seara.

Repetição do indébito. Prescindibilidade de produção da prova do vício. Inteligência

do art. 42 do Código de Defesa do Consumidor. Aplicação do verbete n. 322, do

Superior Tribunal de Justiça. Permissibilidade na forma simples. Compensação dos

créditos. Partes reciprocamente credoras e devedoras. Incidência do art. 368 do

Código Civil. Quantum pago a maior. Correção monetária conforme o INPC/IBGE

desde o efetivo pagamento. Provimento n. 13/95 da corregedoria-geral da justiça

deste areópago estadual. Juros moratórios limitados em 1% a. M. Exigíveis desde a

citação. Incidência dos arts. 406 do Código Civil, 161, § 1º, do Código Tributário

Nacional e 219 do código buzaid. Recurso improvido. (TJSC; AC 2015.048449-1;

Criciúma; Quarta Câmara de Direito Comercial; Rel. Des. José Carlos Carstens Kohler;

Julg. 25/08/2015; DJSC 31/08/2015; Pág. 480)

Por esse norte, é totalmente descabida a cobrança desse

encargo contratual, devendo, por isso, ser afastada.

( d ) EXCLUSÃO DA “CLÁUSULA MANDATO”( d ) EXCLUSÃO DA “CLÁUSULA MANDATO”

Em outra cláusula (cláusula 31) existe mais uma ilegalidade.

Há disposição, na forma de mandato, conferindo poderes à Ré para sacar Letra de

Câmbio de qualquer quantia em atraso.

Obviamente que essa situação é manifestamente abusiva e,

por isso, deve ser extirpada.

Com efeito, tocante à emissão da Letra de Câmbio, tal

proceder ofende o quanto registrado na Súmula 60 do Egrégio Superior Tribunal

de Justiça:

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STJ, Súmula 60: É nula a obrigação cambial assumida por procurador do mutuário

vinculado ao mutuante, no exclusivo interesse deste.

( e ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO( e ) - JUROS REMUNERATÓRIOS ACIMA DA MÉDIA DO MERCADO

Não fosse bastante isso, concluímos que a Ré cobrara do

Autor, ao longo de todo trato contratual, taxas remuneratórias bem acima da

média do mercado.

Tais argumentos podem ser facilmente constatados com uma

simples análise junto ao site do Banco Central do Brasil. Há de existir, nesse tocante,

uma redução à taxa de XX % a.m., posto que foi a média aplicada no mercado no

período da contratação. Não sendo esse o entendimento, aguarda-se sejam apurados

tais valores em sede de prova pericial, o que de logo requer.

Nesse passo:

AGRAVO REGIMENTAL CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA PROFERIDA EM

RECURSO DE APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REVISIONAL. SERVIDOR PÚBLICO.

CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO

CONSUMIDOR. PRINCÍPIOS DA TRANSPARÊNCIA E INFORMAÇÃO.

VIOLAÇÃO. DESCONTO DO MÍNIMO DA FATURA. REFINANCIAMENTO

MENSAL DO DÉBITO. ABUSIVIDADE. CONVERSÃO PARA MODALIDADE

EMPRÉSTIMO PESSOAL. POSSIBILIDADE. JUROS REMUNERATÓRIOS.

PERCENTUAL. SEM PREVISÃO. INCIDÊNCIA DA TAXA MÉDIA DE MERCADO.

CAPITALIZAÇÃO MENSAL. NÃO PACTUADA. COBRANÇA VEDADA.

APLICABILIDADE DO 557, CPC. INEXISTÊNCIA FATOS NOVOS.

I- O artigo 557 do CPC permite ao relator julgar monocraticamente o recurso,

o que colabora para a desobstrução das pautas dos tribunais e propicia aos

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litigantes uma prestação jurisdicional mais célere, sem mitigar o direito ao

duplo grau de jurisdição ou ofender o devido processo legal. Ii- os contratos

firmados entre consumidores e fornecedores devem observar os princípios da

informação e da transparência, nos termos dos artigos 4º e 6º do CDC.

Verificada, na hipótese, a omissão das principais características da operação,

em afronta aos princípios em destaque, devem as cláusulas contratuais serem

interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor (art. 47, CDC). Iii- ao

consumidor, no momento da contratação, não foi dada ciência da real

natureza do negócio, modalidade contratual que combina duas operações

distintas, o empréstimo consignado e o cartão de crédito. Iv- para o

contratante o pacto é um empréstimo nos moldes tradicionais, contudo, o

desconto mensal somente no valor mínimo da fatura, leva ao

refinanciamento do restante da dívida, além de não ser amortizado o débito

principal, apresentando um crescimento vertiginoso, gerando uma dívida

vitalícia, caracterizando a abusividade. V- deve ser restabelecido o pacto na

modalidade crédito pessoal consignado (servidor público), no intuito de

restabelecer o equilíbrio entre as partes contratantes. Vi- é admitida a revisão

dos juros remuneratórios em situações excepcionais, desde que caracterizada

a relação de consumo e que a abusividade fique cabalmente demonstrada.

Ante a inexistência de previsão de taxa mensal e anual, os juros

remuneratórios devem ser fixados segundo a taxa média de mercado apurada

pelo BACEN para o período. Vii- a capitalização em periodicidade inferior à

anual, é permitida nos contratos celebrados após a publicação da medida

provisória nº 1.963-17/2000, em vigor como MP nº 2.170-36/01, desde que

expressamente pactuada. Não havendo, in casu, previsão de capitalização

mensal, referido encargo deve ser afastado. Viii- impõe-se o desprovimento

do agravo regimental que não traz em suas razões qualquer novo argumento

que justifique a modificação da decisão agravada. Agravo regimental

conhecido, porém improvido. (TJGO; AC 0342508-15.2014.8.09.0051;

Goiânia; Primeira Câmara Cível; Relª Desª Maria das Graças Carneiro Requi;

DJGO 25/02/2016; Pág. 88)

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( f ) - DA AUSÊNCIA DE MORA( f ) - DA AUSÊNCIA DE MORA

Não há que se falar em mora do Promovente.

A mora reflete uma inexecução de obrigação diferenciada,

maiormente quando representa o injusto retardamento ou o descumprimento

culposo da obrigação. Assim, na espécie incide a regra estabelecida no artigo 394 do

Código Civil, com a complementação disposta no artigo 396 desse mesmo Diploma

Legal.

CÓDIGO CIVIL

Art. Art. 394 - Considera-se em mora o devedor que não efetuar o pagamento e o

credor que não quiser recebê-lo no tempo, lugar e forma que a lei ou a convenção

estabelecer.

Art. 396 - Não havendo fato ou omissão imputável ao devedor, não incorre este em

mora.

Do mesmo teor a posição do Superior Tribunal de Justiça:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.

Bancário. Revisional. Contrato de financiamento. Alienação fiduciária. Alegada

afronta aos arts. 2º, § 2º, do Decreto-Lei nº 911/69; 3º, § 2º; 6º, IV e V; 20, II; 39, IV

e V; 41; 42; 51, IV, parágrafos 1º e 2º; 52, § 1º, da Lei n. 8078/90; arts. 122; art. 397,

caput e parágrafo único; 876; 406 e 489, do Código Civil; art. 21 e 273 do código de

processo civil. Ausência de prequestionamento da matéria pelo tribunal de origem.

Incidência da Súmula nº 211 desta corte. Capitalização de juros. Possibilidade desde

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que expressamente pactuada. Comissão de permanência. Taxas/tarifas/iof.

Deficiência da fundamentação. Ausência de indicação do dispositivo legal. Súmula

nº 284 do STF, por analogia. Descaracterização da mora. Manutenção. Recurso

Especial parcialmente provido. (STJ; REsp 1.463.565; Proc. 2014/0154945-2; RS;

Terceira Turma; Rel. Min. Moura Ribeiro; DJE 01/03/2016)

Nesse sentido é a doutrina de Washington de Barros

Monteiro:

“ A mora do primeiro apresenta, assim, um lado objetivo e um lado

subjetivo. O lado objetivo decorre da não realização do pagamento no tempo,

lugar e forma convencionados; o lado subjetivo descansa na culpa do devedor.

Este é o elemento essencial ou conceitual da mora solvendi. Inexistindo fato ou

omissão imputável ao devedor, não incide este em mora. Assim se expressa o art.

396 do Código Civil de 2002. “ (MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de

Direito Civil. 35ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2010, vol. 4. Pág. 368)

Como bem advertem Cristiano Chaves de Farias e Nélson

Rosenvald:

“ Reconhecido o abuso do direito na cobrança do crédito, resta

completamente descaracterizada a mora solvendi. Muito pelo contrário, a mora

será do credor, pois a cobrança de valores indevidos gera no devedor razoável

perplexidade, pois não sabe se postula a purga da mora ou se contesta a ação. “

(FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direito das Obrigações. 4ª Ed.

Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. Pág. 471)

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Em face dessas considerações, conclui-se que a mora

cristaliza o retardamento por um fato, quando imputável ao devedor. É dizer,

quando o credor exige o pagamento do débito, agregado com encargos excessivos,

retira-se do devedor a possibilidade de arcar com a obrigação assumida. Por

conseguinte, não pode lhes ser imputados os efeitos da mora.

Uma vez constatada a cobrança de encargos abusivos

durante o “período da normalidade” contratual, restará afastada eventual condição

de mora do Autor.

Por todo o exposto, de rigor o afastamento dos encargos

moratórios, ou seja, comissão de permanência, multa contratual e juros moratórios.

( g ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS( g ) – DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA E OUTROS ENCARGOS Entende o Autor, inclusive fartamente alicerçado nos

fundamentos antes citados, que o mesmo não se encontra em mora.

Caso este juízo entenda pela impertinência desses

argumentos, o que se diz apenas por argumentar, devemos também destacar que é

abusiva a cobrança da comissão de permanência cumulada com outros encargos

moratórios/remuneratórios, ainda que expressamente pactuada. É pacífico o

entendimento do Colendo Superior Tribunal de Justiça, no sentido de que em caso de

previsão contratual para a cobrança de comissão de permanência, cumulada com

correção monetária, juros remuneratórios, juros de mora e multa contratual, impõe-se

a exclusão da incidência desses últimos encargos. Em verdade, a comissão de

permanência já possui a dupla finalidade de corrigir monetariamente o valor do débito e de

remunerar o banco pelo período de mora contratual.

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Perceba que no pacto há estipulação contratual pela

cobrança de comissão de permanência com outros encargos moratórios. Desse modo,

os mesmos devem ser afastados pela via judicial.

Com esse enfoque:

AGRAVO REGIMENTAL EM SEDE DE APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E

CONSUMIDOR. EXIGÊNCIA DA COMISSÃO DE PERMANÊNCIA CUMULADA COM

CORREÇÃO MONETÁRIA E JUROS MORATÓRIOS. IMPOSSIBILIDADE. COBRANÇA DA

TAXA DE ABERTURA DE CRÉDITO TAC. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTO LEGAL

VIGENTE. PRECEDENTES DO STJ. AGRAVO CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Cingese a demanda em saber se é legal a tacha de abertura de crédito, a exigência

da comissão de permanência cumulada com a correção monetária e os juros

moratórios. 2. O Superior Tribunal de Justiça tem jurisprudência pacífica, aduzindo

que a cobrança da comissão de permanência somente é legal quando não for

cumulada com correção monetária, juros remuneratórios, multa contratual e juros

moratórios (Súmulas nºs 30, 294 e 472 do STJ). Precedentes do STJ: AGRG no AREsp

n. 264.054/RS, Relatora Ministra Maria ISABEL Gallotti, QUARTA TURMA, julgado em

18/12/2014, DJe 6/2/2015 e AGRG no RESP 1291792/RS, Rel. Ministro ANTONIO

Carlos Ferreira, QUARTA TURMA, julgado em 16/04/2015, DJe 23/04/2015. In casu, a

cobrança é cumulada, portanto, ilegal. 3.Quanto a cobrança da taxa de abertura de

crédito, restou sedimentado na Corte Cidadã que os contratos celebrados após

30.04.2008, fim da vigência da Resolução 2.303/1996 do CMN, não têm respaldo

legal para efetuar tal exigência. Compulsando os fólios, verificase que o contrato

fustigado foi assinado no dia 16 de maio de 2011, fl. 31, logo incabível é a sua

imputação ao consumidor. 4. Agravo regimental conhecido, porém improvido. (TJCE;

AG 001963081.2013.8.06.0151/50000; Quinta Câmara Cível; Rel. Des. Carlos Alberto

Mendes Forte; DJCE 22/02/2016; Pág. 28)

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( h ) HOUVE VÍCIO RESULTANTE DE ERRO( h ) HOUVE VÍCIO RESULTANTE DE ERRO

O Autor, de outra sorte, quando da efetivação do contrato

fora levado a erro.

O pacto é, pois, vicioso, defeituoso e imprestável para todas

finalidades almejadas. O Promovente foi induzido em erro quando da apresentação de

cálculos mirabolantes, aos quais não estava afeto, ficando, erroneamente, adstrito à

obrigação que não lhe pertencia.

A hipótese clarividente foi de erro essencial, uma vez que o

Promovente tão somente fizera o negócio bancário acreditando, equivocadamente,

que os juros não eram eivados de ilicitude, máxime com capitalização diária e seus

efeitos nefastos.

Nesse compasso, o Requerente fora levado a realizar

negócio jurídico de mútuo, no desconhecimento do verdadeiro valor da coisa,

operando em ERRO.

O negócio, ademais, foi feito na base no abuso da confiança,

numa ótica vesga que estariam fazendo um financiamento com taxas corretas e dentro

da legalidade.

Podemos destacar, assim, o que reza a Legislação

Substantiva Civil:

CÓDIGO CIVIL

Art. 138 – São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de

vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa

de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.

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Acerca do tema de anulabilidade, sob o prisma do erro,

destacamos as lições do jurista CAIO MÁRIO DA SILVA PEREIRA, quando o

mesmo professa que:

“Substancial é o erro que diz respeito à natureza do ato, ao objeto principal da

declaração, ou a algumas qualidades a ele essenciais (art. 139, I). É o que se dizia

nas fontes em expressões até hoje consagradas: error in negotio, quando é

afetada a própria natureza do ato, por exemplo, se alguém faz doação supondo

estar vendendo; error in corpore, quando versa sobre a identidade do objeto, por

exemplo, se alguém adquire um quadro de um troca-tintas vulgar, supondo

tratar-se de tela de um pintor famoso; error in substantia, quando diz respeito às

qualidades essenciais da coisa, como se dá no fato de uma pessoa supor que está

comprando uma estatueta de marfim e, na verdade, adquire uma escutura em

osso; (....) “ (PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 23ª Ed. Rio

de Janeiro: Forense, 2010, vol. 1. Pág. 444-445)

No mesmo sentido é o magistério de Carlos Roberto

Gonçalves:

“ Foi dito que substancial é o erro sobre circunstâncias e aspectos

relavantes do negócios. Não quis o legislador deixar, no entanto, que essas

circunstâncias e aspectos relevantes constituíssem conceitos vagos, a serem

definidos por livre interpretação do juiz, preferindo especificá-los. Enuncia, com

efeito, o art. 139 do Código Civil: (...) “(GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil

Brasileiro. 5ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2007, vol. 1. Pág. 361-362)

Com efeito, não discrepando das lições doutrinárias antes

evidenciadas, leciona Flávio Tartuce que:

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“Nos dois casos, a pessoa engana-se sozinha, parcial ou totalmente, sendo

anulável o negócio toda vez que o erro ou a ignorância for substancial ou

essencial, nos termos do art. 139 do CC, a saber:

( . . . )

A título de exemplo, imagine-se o caso de um locatário de imóvel comercial que

celebra novo contrato de locação, mais oneroso, pois pensa que perdeu o prazo

para a ação renovatória. Sendo leigo no assunto, o locatário assim o faz para

proteger o seu ponto empresarial. Pois bem, cabe a alegação de erro de direito

essencial ou substancial, a motivar a anulação desse novo contrato. “(TARTUCE,

Flávio. Direito Civil, 1: Lei de Introdução e parte geral. 8ª Ed. São Paulo: Método,

2012. Pág. 362-363)

Desse modo, houve indubitável vício de consentimento,

nomeadamente no que diz respeito ao ERRO SUBSTANCIAL, o que torna anulável

o ato jurídico em ensejo.

É necessário não perder de vista a posição da jurisprudência:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE ATO NEGOCIAL COM

PEDIDO LIMINAR C/C REPETIÇÃO DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS

MORAIS. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO EM FOLHA DE PAGAMENTO. RELAÇÃO

CONSUMERISTA. CONSUMIDOR APOSENTADO E ANALFABETO FUNCIONAL.

AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA CONTRATAÇÃO. DESCONTOS NOS PROVENTOS

DE APOSENTADORIA. INDEVIDOS. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. NEGLIGÊNCIA DA

INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.

RESPONSABILIDADE OBJETIVA. ART. 14 DO CDC E SÚMULA Nº 479 DO STJ.

NULIDADE DO CONTRATO. DEVER DE INDENIZAR. RESTITUIÇÃO SIMPLES. DANO

MORAL. CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO EM PARTE.

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1. Cuidase de Apelação Cível interposta por Alvino Miguel da Fonseca adversando

sentença que julgou improcedente o pleito autoral nos autos da Ação Declaratória

de Inexistência de Ato Negocial com Pedido Liminar, Repetição do Indébito e Danos

Morais ajuizada em desfavor do Banco do Brasil S/A. 2. O Juízo Monocrático julgou o

pedido autoral improcedente, sob o fundamento de que o recorrente, consoante

declarações do próprio junto à Delegacia de Polícia Civil, teria subscrito documentos

aptos à contratação de empréstimos junto à instituição financeira. Entretanto,

extraise do Boletim de Ocorrências acostado aos autos que o demandante, apesar

de instado por terceiro denominado Damião para assinar alguns papéis, não o fez,

porém, entregou cópias de seus documentos àquele, razão pela qual se conclui que

referidas cópias foram usadas fraudulentamente para a malsinada contratação. 3.

Em resultado, o banco promovido efetivamente realizou descontos na conta

corrente do demandante, vinculada ao INSS para o recebimento do seu benefício de

aposentadoria, conforme documentos que instruem o feito. Por outro lado, não há

nos autos qualquer evidência de que o autor tenha anuído com suposto contrato de

empréstimo junto ao Banco do Brasil, mediante assinatura, autorizandoo a proceder

aos descontos em folha. 4. É cediço que o vínculo estabelecido entre as partes é

regido pelas normas do Código de Defesa do Consumidor, por se tratar de relação de

consumo (artigos 2º e 3º), devendose assegurar a facilitação da defesa dos direitos

do consumidor, mediante a inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII). 5. Nessa toada,

o promovido não se desincumbiu do ônus de provar que celebrou contrato de

empréstimo com a ciência e anuência do apelante. Houve falha na prestação do

serviço por parte do banco, que não teve uma postura mais cautelosa no momento

da contratação, deixando de atentar para a possibilidade de fraude ou de falsificação

de assinatura, o que caracteriza negligência, ensejando o dever de indenizar. A

responsabilidade pelo fato danoso deve ser imputada ao recorrido com base no art.

14 do CDC e na Súmula nº 479 do STJ. 6. Anulado o contrato, deve ser restituído ao

recorrente o valor indevidamente descontado de seu benefício de aposentadoria,

mas de forma simples, vez que não houve comprovação da máfé da instituição

financeira. 7. A privação do uso de determinada importância, subtraída da

aposentadoria do INSS, recebida mensalmente para o sustento do autor, gera ofensa

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à sua honra e viola seus direitos da personalidade, na medida em que a

indisponibilidade do numerário reduz ainda mais suas condições de sobrevivência,

não se classificando como mero aborrecimento. 8. Seguindo os precedentes desta

Corte e demais Tribunais em casos análogos, fixo o valor da indenização em

R$5.000,00 (cinco mil reais), atendendo aos princípios da razoabilidade e da

proporcionalidade, acrescido de juros de mora de 1% (um por cento) ao mês a partir

da citação e correção monetária a partir do arbitramento. 9. Recurso provido em

parte. Sentença parcialmente reformada. (TJCE; APL 000370137.2013.8.06.0109;

Quinta Câmara Cível; Relª Desª Maria de Fátima de Melo Loureiro; DJCE 17/11/2015;

Pág. 29)

( i ) – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO QUE FORA COBRADO A MAIOR( i ) – RESTITUIÇÃO EM DOBRO DO QUE FORA COBRADO A MAIOR

Tendo em vista a incidência do Código de Defesa do

Consumidor no contrato em espécie, necessário, caso haja comprovação de cobrança

abusiva, que seja restituído ao Autor em dobro aquilo que lhe fora cobrado em

excesso. (CDC, art. 42, parágrafo único)

Nesse sentido:

CIVIL, PROCESSO CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO ORDINÁRIA. CELG. FORNECIMENTO

DE ENERGIA ELÉTRICA. RELAÇÃO DE CONSUMO. NÃO INCIDÊNCIA DAS NORMAS

DA ANEEL. COBRANÇA EXCESSIVA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. ARTIGO 42,

PARÁGRAFO ÚNICO, CDC. INOVAÇÃO EM SEDE RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE.

DOAÇÃO À LBV. CONCORDÂNCIA. RESTITUIÇÃO INDEVIDA.

1. É de consumo a relação entre a celg e o usuário dos serviços, incidindo na espécie

o Código de Defesa do Consumidor, fato que não implica a incidência das resoluções

normativas da ANEEL para colocar o consumidor em extrema desvantagem em face

da cobrança excessiva praticada pela empresa concessionária. 2. Demonstrada a

negligência da empresa concessionária, ao empreender a cobrança indevida de

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fornecimento de energia, impõe-se a sua condenação à restituição em dobro do

valor do indébito, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC. 3. É defeso ao

recorrente alterar os limites da lide na fase recursal, sob pena de praticar supressão

de instância e violar o princípio do duplo grau de jurisdição, nos termos do art. 515,

§ 1º, do CPC, ressaltando- se que, no caso, a omissão da alegação da questão pelo

autor, na primeira instância, não se deu por motivo de força maior, conforme

estabelece o art. 517 do CPC. 4. Evidenciado nos autos que o autor concordou com a

doação para a lbv no período noticiado e já cancelada tal contribuição, não há falar

em irregularidade da aludida cobrança, não gerando, assim, restituição. 5. Recursos

não providos. (TJDF; Rec 2014.01.1.033088-0; Ac. 893.270; Quarta Turma Cível; Rel.

Des. Cruz Macedo; DJDFTE 28/09/2015; Pág. 156)

(J) – PLEITO DE TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA CPC, art. 300

Ficou constatado claramente, em tópico próprio, que a

Embargada cobrou juros capitalizados indevidamente, encargo esse, pois,

arrecadado do Embargante durante o período de normalidade contratual. E isso,

segundo que fora debatido também no referido tópico, ajoujado às orientações

advindas do c. Superior Tribunal de Justiça, afasta a mora do devedor.

De outro norte, o Código de Processo Civil autoriza o Juiz conceder a tutela de

urgência quando “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao

resultado útil do processo”:

Art. Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que

evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado

útil do processo.

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Há nos autos “prova inequívoca” da ilicitude cometida pela

Ré, fartamente comprovada por documentos imersos nesta querela.

Desse modo, à guisa de sumariedade de cognição, os

elementos indicativos de ilegalidades contido na prova ora imersa e até mesmo da

análise das cláusulas contratuais antes mencionadas, traz à tona circunstâncias de que

o direito muito provavelmente existe.

Acerca do tema do tema em espécie, é do magistério de

José Miguel Garcia Medina as seguintes linhas:

“. . . sob outro ponto de vista, contudo, essa probabilidade é vista como requisito, no

sentido de que a parte deve demonstrar, no mínimo, que o direito afirmado é

provável (e mais se exigirá, no sentido de se demonstrar que tal direito muito

provavelmente existe, quanto menor for o grau de periculum. “ (MEDINA, José

Miguel Garcia. Novo código de processo civil comentado ... – São Paulo: RT, 2015, p.

472)

(itálicos do texto original)

Com esse mesmo enfoque, sustenta Nélson Nery Júnior,

delimitando comparações acerca da “probabilidade de direito” e o “fumus boni iuris”,

esse professa, in verbis:

“4. Requisitos para a concessão da tutela de urgência: fumus boni iuris: Também é

preciso que a parte comprove a existência da plausibilidade do direito por ela

afirmado (fumus boni iuris). Assim, a tutela de urgência visa assegurar a eficácia do

processo de conhecimento ou do processo de execução...” (NERY JÚNIOR, Nélson.

Comentários ao código de processo civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 857-858)

(destaques do autor)

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Diante dessas circunstâncias jurídicas, faz-se necessária a

concessão da tutela de urgência antecipatória, o que também sustentamos à luz dos

ensinamentos de Tereza Arruda Alvim Wambier:

"O juízo de plausibilidade ou de probabilidade – que envolvem dose significativa de

subjetividade – ficam, ao nosso ver, num segundo plano, dependendo do periculum

evidenciado. Mesmo em situações que o magistrado não vislumbre uma maior

probabilidade do direito invocado, dependendo do bem em jogo e da urgência

demonstrada (princípio da proporcionalidade), deverá ser deferida a tutela de

urgência, mesmo que satisfativa. “ (Wambier, Teresa Arruda Alvim ... [et tal]. – São

Paulo: RT, 2015, p. 499)

No tocante ao periculum na demora da providência judicial,

urge asseverar que há, na hipótese, descabido débito na folha de pagamento do Autor.

Inarredável que essa situação resvala em uma expressiva diminuição da capacidade

financeira de manter-se, bem assim dos membros de sua família. É dizer,

inoportunamente existem deduções de recursos de caráter alimentar.

Ademais, a medida em liça é completamente reversível,

máxime quando o Réu, se vencedor, poderá tornar a cobrar a dívida normalmente e,

se for o caso, até mesmo inserir o nome do Embargante junto aos órgãos de

restrições.

Diante disso, o Autor vem pleitear, sem a oitiva prévia da

parte contrária (CPC, art. 9º, parágrafo único, inc. I c/c art. 300, § 2º),

independente de caução (CPC, art. 300, § 1º), tutela de urgência antecipatória

no sentido de:

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1) Seja a Ré instada a não promover débito de quaisquer valores da conta corrente

nº. .x.x.x da Ag. nº. .x.x.x, pertinentes ao empréstimo em mira, sob pena de

pagamento incorrer de multa diária de R$ 100,00(cem reais);

2) Pleiteia seja reconhecida provisoriamente a cobrança abusiva de encargos no

período de normalidade contrato e, por isso, seja instado que a Ré se abstenha de

proceder informações a qualquer órgão de cadastro de inadimplentes, inclusive, até

que seja feito o recálculo da dívida, sob pena da multa diária de R$ 100,00 (cem

reais);

3) Autorizar que o Autor deposite em juízo a quantia mensal incontroversa de

R$ .x.x.x(.x.x.x .x.x.x.x .x.x.x), apurada pelo PROCON, consoante demonstrativo

anexo.

III – P E D I D O S e R E Q U E R I M E N T O S

Em arremate, requer o Promovente que Vossa Excelência se

digne de julgar a querela nos seguintes moldes:

3.1. Requerimentos

( i ) O Autor opta pela realização de audiência conciliatória (CPC, art. 319, inc. VII), razão qual requer a citação da Promovida, por carta (CPC, art. 247, caput) para comparecer à audiência designada para essa finalidade (CPC, art. 334, caput c/c § 5º), devendo, antes, ser analisado o pleito de tutela de urgência;

( ii ) seja deferida a inversão do ônus da prova, uma vez que há relação de consumo entre as partes litigantes e, além disso, a concessão dos benefícios da gratuidade da justiça.

3.2. Pedidos

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( i ) pede-se, mais, que sejam JULGADOS PROCEDENTES OS PEDIDOS FORMULADOS PELO AUTOR, declarando nulas as cláusulas que estejam afrontando à legislação, e, via de consequência, com o recálculo do empréstimo:

( a ) excluir a cobrança de juros capitalizados sob a periodicidade diária;

( b ) reduzir os juros remuneratórios à taxa média do mercado, apurado no período do pagamento das parcelas;

( c ) sejam afastados todo e qualquer encargo contratual moratório, visto que o Autor não se encontra em mora, ou, como pedido subsidiário (CPC, art. 326), a exclusão do débito de juros moratórios, juros remuneratórios, correção monetária e multa contratual, em face da ausência de inadimplência, possibilitando, somente, a cobrança de comissão de permanência, limitada à taxa contratual;

( d ) que a Ré seja condenada, por definitivo, a não inserir o nome do Autor junto aos órgãos de restrições, bem como a não promover informações à Central de Risco do BACEN;

( f ) pede, caso seja encontrado valores cobrados a maior durante todo o encadeamento contratual, sejam os mesmos devolvidos ao Promovente em dobro (repetição de indébito), ou subsidiariamente, sejam compensados os valores encontrados(devolução dobrada) com eventual valor ainda existe como saldo devedor; ainda como pedido subsidiário em relação aos anteriores, pede seja a Ré condenada à devolução simples dos valores encontrados a maior;

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( g ) sejam anuladas as cláusulas que disciplinam a cobrança de juros moratórios capitalizados, da cobrança de despesas extrajudiciais e, ainda, da cláusula mandato;

( ii ) protesta provar o alegado por toda espécie de prova admitida (CF, art. 5º, inciso LV), nomeadamente pela perícia técnica contábil (com ônus invertido), exibição de documentos, tudo de logo requerido

( iii ) seja a Ré condenada a pagar o todos os ônus pertinentes à sucumbência, máxime honorários advocatícios, esses de já pleiteados no patamar máximo de 20%(vinte por cento) sobre o proveito econômico obtido pelo Autor ou, não sendo possível mensurá-los, sobre o valor atualizado da causa (CPC, art. 85, § 2º).

Atribui-se à causa o valor do contrato (CPC, art. 292, inc.

II), resultando na quantia de R$ 00.0000,00 ( x.x.x. ).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de março do ano de 0000.