· web view... melhor compreensão da análise dos anúncios disponibilizados nas capas de...

25
1 A LINGUAGEM SEMIÓTICA PRESENTE EM CAPAS DA REVISTA VEJA Rosimeire Santos Alecrin * Nara Maria Fiel de Quevedo Sgarbi ** RESUMO: Os estudos Inter semióticos são fortes aliados da linguagem publicitária e tem como objetivo analisar a linguagem tanto no campo verbal como no campo não - verbal. Neste texto foram analisados três capas da Revista Veja com a intenção de expor a importância dessa ciência geral dos signos que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação, para a composição e interpretação dos anúncios publicitários. A base da análise foi a Semiótica de Charles Peirce (1999), além de outras teorias como as de Ferdinand Saussure (2003) e de Lucia Santaella ( 2003). ABSTRACT: Studies intersemióticos are strong allies of advertising language and aims to analyze the language both in the field and in the field not verbal - verbal. In this paper we analyzed three cases of Veja magazine with the intention of exposing the importance of this general science of signs that studies all cultural phenomena as if they sign systems, ie, systems of meaning, for the composition and interpretation of advertisements. The basis of the analysis was the semiotics of Charles Peirce (1999), as well as other theories of Ferdinand de Saussure (2003) and Lucia Santaella (2003). PALAVRA CHAVE: Linguagem publicitária, Semiótica, Semiologia. KEYWORD: Advertising language, Semiotics, Semiology. CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES A todo momento estamos em contato com materiais midiáticos: jornal, revista, outdoor, cinema, televisão, capas e fotografias, com isso os milhares de leitores e telespectadores absorvem uma série de mensagens inigmáticas compostas de linguagens diversificadas repletas de sígnos verbais e não verbais, as quais têm que interpretar, assim, para acompanhar essa avalanche de informações, precisam ter entendimento tanto das mensagens escritas quanto das mensgens visuais, o que faz da semiótica a ciência perfeita Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p

Upload: truongliem

Post on 24-Jan-2019

212 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

A LINGUAGEM SEMIÓTICA PRESENTE EM CAPAS DA REVISTA VEJA

Rosimeire Santos Alecrin *

Nara Maria Fiel de Quevedo Sgarbi **

RESUMO: Os estudos Inter semióticos são fortes aliados da linguagem publicitária e tem como objetivo analisar a linguagem tanto no campo verbal como no campo não - verbal. Neste texto foram analisados três capas da Revista Veja com a intenção de expor a importância dessa ciência  geral dos signos que estuda todos os fenômenos culturais como se fossem sistemas sígnicos, isto é, sistemas de significação, para a composição e interpretação dos anúncios publicitários. A base da análise foi a Semiótica de Charles Peirce (1999), além de outras teorias como as de Ferdinand Saussure (2003) e de Lucia Santaella ( 2003).

ABSTRACT: Studies intersemióticos are strong allies of advertising language and aims to analyze the language both in the field and in the field not verbal - verbal. In this paper we analyzed three cases of Veja magazine with the intention of exposing the importance of this general science of signs that studies all cultural phenomena as if they sign systems, ie, systems of meaning, for the composition and interpretation of advertisements. The basis of the analysis was the semiotics of Charles Peirce (1999), as well as other theories of Ferdinand de Saussure (2003) and Lucia Santaella (2003).

PALAVRA CHAVE: Linguagem publicitária, Semiótica, Semiologia.

KEYWORD: Advertising language, Semiotics, Semiology.

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

A todo momento estamos em contato com materiais midiáticos: jornal, revista, outdoor, cinema, televisão, capas e fotografias, com isso os milhares de leitores e telespectadores absorvem uma série de mensagens inigmáticas compostas de linguagens diversificadas repletas de sígnos verbais e não verbais, as quais têm que interpretar, assim, para acompanhar essa avalanche de informações, precisam ter entendimento tanto das mensagens escritas quanto das mensgens visuais, o que faz da semiótica a ciência perfeita para auxiliá-los neste processo de compreensão da linguagem nos anúncios publicitários.

A publicidade nas capas da Revista Veja está a cada dia mais avançada, composta por vários tipos de textos: imagens, palavras, cores, e, muita criatividade, os designers dos anúncios estão cada vez mais coloridos e completos, assim, as mensagens verbais e não verbais estão empenhadas em atrair o leitor, portanto, encaixam-se perfeitamente no perfil contemporâneo, e tem como público alvo estudantes, acadêmicos e profissionais liberais, além de serem utilizadas nas escolas como fonte de pesquisa escolar. Diante de toda essa importância e abrangência, serão analisadas a seguir três capas da Revista Veja com base na Semiótica de Charles Peirce (1999) e sua tríade da linguagem (ícone, índice e símbolos), e, para melhor compreensão das teorias de Peirce, serão expostos os

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 1

fundamentos da Semiologia de Ferdinand Saussure (2003), na qual o signo estabelece uma relação entre significante e significado.

Este texto visa mostrar a importância da Semiótica para a comunicação, na composição e interpretação da linguagem publicitária nos anúncios divulgados nas capas da Revista Veja, pois a revista utiliza os recursos midiáticos para compor suas capas, unindo mensagens linguísticas e visuais, e a Semiótica, por ser a ciência que estuda todos os signos, facilitará o processo de comunicação entre produtor e leitor.

1. SEMIÓTICA, SEMIOLOGIA E SEUS PRINCIPAIS TEÓRICOS

A comunicação no século XXI se apresenta como o tempo das mídias digitais e interativas, nas quais surgem vários tipos de linguagens, com isso, para interpretar as linguagens utilizadas na divulgação de notícias em capas de revistas, recorre-se aos estudos Semióticos, baseados nas teorias de Charles Sanders Peirce (1999), e também, para melhor compreensão da Semiótica, analisa-se a Semiologia, com base nas teorias de Ferdinand Saussure (2003), pois a Semiologia é a ciência da linguagem verbal, também conhecida como linguística saussureana, e, a Semiótica é a ciência de toda e qualquer linguagem.

A semiótica é uma ciência que ajuda a compreender a interação entre pessoas e objetos, e, a forma como essas pessoas interpretam o mundo a sua volta, ela tem como base de compreensão os signos, que servem para representar “coisas” em nosso cérebro, segundo ROSA (2003, p. 5) “A semiótica ou lógica tem a função de classificar e descrever todos os tipos de signo teoricamente possíveis”.A semiótica e os signos estão interligados, pois signos são coisas representando coisas, são estímulos e saberes que chegamos a reconhecer e a relacionar através dos raciocínios associativos, Charles Sanders Peirce (1999) chegou a afirmar que o próprio homem e um signo, pois tem consciência de si mesmo, e, pelo simples fato de discernir o não ser planta, pedra ou outro animal. Peirce classifica os signos em três espécies as quais correspondem a três diferentes modos de semiose: os símbolos, os ícones e os índices ou indícios. PEIRCE (1980, p. 28) firma que:

O representamen (...) divide-se por tricotomia em signo geral ou símbolo, índice e ícone. O Icone é um representamen que preenche essa função em virtude de característica própria que possui, mesmo que seu objeto não exista. Assim, a estátua de um centauro (...) representa um centauro (...) exista ou não o centauro. (...) Índice é representamen em virtude de uma característica que deve à existência de seu objeto, e que continuará tendo quer seja interpretado como representamen ou não. Por exemplo, um antiquado higrômetro é um índice. (...) Símbolo é um representamen que preenche sua função sem qualquer similaridade ou analogia com seu objeto e é igualmente independente de qualquer ligação factual, símbolo unicamente por ser interpretado como reresentamen. Por exemplo, uma palavra genérica, uma sentença, um livro.

Enquanto as teorias relacionadas à Linguística estão voltadas para o estudo da linguagem humana, a Semiótica estuda todos os sinais utilizados para a comunicação, que são os signos em geral: imagem, desenho, dança, o escrito, o falado e todas as linguagens. Ela é uma das bases da linguagem, pois não são só os seres humanos que se

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 2

comunicam, mas todo o planeta está em constante comunicação: a natureza, os animais, ou seja, todos os seres vivos e não vivos.

1.1 A SEMIÓTICA DE CHARLES PEIRCE

A Semiótica americana surgiu entre o final do século XIX e o início do século XX, tendo como base os estudos do americano Charles Sanders Peirce (1999), considerado “Leonardo das ciências modernas” .

Seu surgimento se deu em virtude da necessidade de se compreender novos fenômenos de linguagem e suportes midiáticos que começaram a se inserir no mundo por meio da comunicação feita em cartazes, jornais, revistas, rádios, fotografias e cinemas. ROSA ( 2006, p.3) afirma que:

A semiótica é a ciência de investigação de todas as linguagens possíveis, ou seja, que tem por objetivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer fenômeno de produção de significação e de sentido seu ponto de investigação é tão vasto que chega a cobrir o que chamamos de vida, visto que desde a descoberta da estrutura química do código genético, nos anos 50, aquilo que chamamos de vida não é senão uma espécie de linguagem isto é a própria noção de vida depende da existência de informação do sistema biológico.

A semiótica peirciana tem como princípio a teoria de fenômeno, pois Peirce caracteriza como fenômeno tudo que aparece a mente um cheiro, um barulho de chuva ou até algo mais complexo como um conceito abstrato provocado por uma lembrança. Rosa (2003, p. 3) em seu resumo da obra “O que é semiótica”, de Lucia Santaella, afirma que:

Entende-se por fenômeno qualquer coisa que esteja de algum modo em qualquer sentido presente na mente, para Peirce fenômeno é tudo aquilo que aparece a mente, corresponda ao real ou não. A fenomenologia levanta os elementos que pertence a todos os fenômenos e participam de todas as experiências.

Charles Peirce (1999), através da fenomenologia, concluiu que tudo que se dá a consciência se processa em três propriedades que correspondem a toda e qualquer experiência: primeiridade, que são as coisas do mundo, reais ou abstratas, que nos aparecem à mente como qualidade; secundidade quando relacionamos essas coisas com algo que já conhecemos, e por fim, a terceiridade que é quando a mente interpreta o que captamos, formando, assim, uma sequência de qualidade, relação e representação.

Ao analisar a trama de significação da primeiridade, secundidade e terceiridade, pode–se afirmar que primeiridade (sentimento), secundidade (conflito) e terceiridade (interpretação) estão interligados visto que a primeiridade e a secundidade são o caminho para se chegar à interpretação (terceiridade), portanto primeiridade e secundidade estão fadadas ao evanescimento, pois a terceiridade é exatamente o resultado dos conceitos da primeiridade e da secundidade, assim, à proporção que a ideia se evolui, uma se evanesce para dar origem à outra, porém todas se relacionam significativamente. Como afirma SGARBI (2006, p. 6):

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 3

Dessa maneira, a teoria Semiótica permite ao educando e ao educador três estágios de testagem de suas hipóteses e de projeções de suas conclusões, uma vez que esta teoria parte da noção da significação, entendendo a linguagem como uma trama de relações significativas.

Dentro dessa trama de relações significativas a primeiridade é a tomada de consciência imediata, a primeira impressão ou um novo sentimento, o qual ainda não foi analisado. Na primeiridade temos o primeiro contato com o signo, pois é o momento em que ele se apresenta à mente. Essa se pode comparar a uma criança em seu primeiro contato com o mundo, a qual ainda não estabeleceu distinção e nem tem consciência de sua existência, tudo é presente, novo, fresco, iniciante, original, assim, à medida que esta criança vive situações, este primeiro sentimento desaparece para dar lugar a um segundo, que também tem vínculo de significação com o primeiro. SANTAELLA (2003, p.8) defende que:

(...)o primeiro (primeiridade) é presente e imediato, de modo a não ser segundo para uma representação. Ele é fresco e novo; porque, se velho, já é um segundo em relação ao estado anterior. Ele é iniciante, original, espontâneo e livre, porque senão seria um segundo em relação a uma causa. Ele precede toda síntese e toda diferenciação; ele não tem nenhuma unidade nem partes. Ele não pode ser articuladamente pensado; afirme-o e ele já perdeu toda sua inocência característica, porque afirmações sempre implicam a negação de uma outra coisa. Pare para pensar nele e ele já voou.

A secundidade é a consciência reagindo em relação ao mundo, que designamos como experiência, que é quando se tem uma imagem na mente a qual é tomada como garantida (primeiridade) e aparece uma segunda ideia a qual é brutalmente empurrada nos impelindo a pensar de modo diferente (secundidade), esta segunda consciência depende do primeiro sentimento para existir, pois estão interligados. SANTAELLA ( 2003, p.11) afirma que “Secundidade é aquilo que dá à experiência seu caráter factual, de luta e confronto. Ação e reação ainda em nível de binariedade pura, sem o governo da camada mediadora da intencionalidade, razão ou lei.”Na secundidade surge o conflito, porque uma nova ideia é imposta, e, para que ela se sobreponha é necessário haver ação, reação, interação, processo necessário para que um terceiro conceito nasça, deste modo se esvai um segundo plano para dar origem a um terceiro, o qual também estará vinculado ao primeiro e ao segundo.A terceiridade é a síntese intelectual do primeiro e do segundo conceito, é o pensamento em signos pelo qual representamos e interpretamos o mundo. Na terceiridade temos o significado compreendido a partir do analise da primeiridade e da secundidade, pois se recorre a uma série de signos para esclarecer e interpretar um pensamento. SANTAELLA ( 2003, p.12) afirma que:

Daí que o signo seja uma coisa de cujo conhecimento depende do signo, isto é, aquilo que é representado pelo signo. Daí que, para nós, o signo seja um primeiro, o objeto um segundo e o interpretante um terceiro. Para conhecer e se conhecer o homem se faz signo e só interpreta esses signos traduzindo-os em outros signos.

A tríade da linguagem na semiótica se completa, e, essa cumplicidade entre primeiridade (sentimento) e secundidade (conflito) resulta na terceiridade que é a interpretação do mundo em que vivemos, e, também onde encontramos o signo genuíno,

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 4

com isso observa-se que uma ideia se evanesce para dar origem à outra, mas a terceiridade sempre recorre a primeiridade e a secundidade para construir a linguagem e o significado. A tríade da linguagem dentro da semiótica evolui e muda a cada segundo, a cada experiência vivida e a cada tomada de consciência em relação ao signo, apresentando diversificadas formas de interpretar o mundo através da linguagem.

1.2 A SEMIOLOGIA DE FERDINAND SAUSSURE

A Semiótica na Europa ganhou uma amplitude a partir da segunda metade do século XX e está fundamentada no livro “Tratado de Linguística Geral” de Ferdinand Saussure (2003), o qual deu origem a várias correntes de pensamento como o estruturalismo, e, serviu de ponto de partida para o desenvolvimento da Semiologia. ROSA ( 2006, p. 8) afirma que:

A Semiologia (ou Semiótica) é a teoria geral dos sinais. Ela difere da Lingüística por sua maior abrangência: enquanto a Lingüística é o estudo científico da linguagem humana, a Semiologia preocupa-se não apenas com a linguagem humana e verbal, mas também com a dos animais e de todo e qualquer sistema de comunicação, seja ele natural ou convencional. Desse modo, a Lingüística insere-se como uma parte da Semiologia. Semiologia e Semiótica são termos permutáveis.

A semiologia é uma ciência que estuda o signo na intimidade da vida social e propõe estudos de outras linguagens não verbais, tendo como referência à linguística, e, interessa-se somente pelo que constitui o signo e não pelo o que dá origem a ele. TRINDADE (2006, p. 2) em seu artigo defende que Saussure ao romper como o positivismo afirmava que “(...) a língua é um produto social, cuja unidade mínima de comunicação, o signo (a palavra) é dotada de um significado (o conceito/função) e de um significante (a parte material)(...)”.

Na Semiologia os elementos teóricos são vistos por Saussure como o signo, o significante e o significado, para ele o signo estabelece uma relação diádica entre significante e significado, e, é qualquer coisa que substitua outra, é também a união do sentido e da imagem acústica. Na teoria saussureana o significante é uma imagem acústica se que constitui com a representação natural da palavra, assim, quando pronunciamos ou escrevemos uma palavra temos o significante composto pelo traço e pelo som da escrita, e, o que esta palavra quer dizer é o significado. Como por exemplo, se encontrassem um desenho de um animal desenhado na parede de uma caverna, o qual fora desenhado por um homem primitivo a fim de representar a sua caça, pode-se afirmar que o desenho do animal é o signo, pois representa o conteúdo que o homem quis expressar, e, para representar o animal o homem uniu o conceito a uma imagem, assim, ele estabeleceu uma relação de significante e significado. NETTO (2003, p.61) afirma que “(...) não há signo sem significante e significado, do mesmo modo como uma moeda não pode deixar de ter cara e coroa.”

No início dos anos 50 os pesquisadores europeus o dinamarquês Hjelmslev, o russo Roman Jakobson e o francês Roland Barthes (2003) deram um novo significado a obra saussureana, com base na ideia de signo criado por Saussure, deram origem a semiologia estrutural que tinha a língua como sistema de linguagem para o estudo de

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 5

outras linguagens não verbais, assim, a língua, enquanto conjunto de normas, combina elementos para a constituição da mensagem. NETTO (2003, p.58) defende que:

Tendo por objeto todos os sistemas de signos, a semiologia também se ocuparia do estudo das linguagens e com isso seria o gênero de que a linguística é a espécie. Espécie privilegiada esta, para muitos, na medida em que forneceria um modelo aplicável aos demais setores cobertos pela semiologia.

Nos anos 60 a publicidade ganhou espaço nas sociedades de consumo e com a revisão da teoria semiológica surge um movimento conhecido como pós- estruturalismo comandado por Hjelmslev, o qual transforma a noção de signo por conteúdo expressão, o que possibilitou a criação de uma teoria gerativa que estudava todos os tipos de texto, assim, logo o nome semiologia caiu em desuso e entrou em vigor a Semiótica narrativa e discursiva, com isso a publicidade brasileira tornou-se baste estudada e pesquisada desde a semiologia estrutural à semiótica narrativa e discursiva.

2. A LINGUAGEM PUBLICITÁRIA NO BRASIL.

A propósito de melhor compreensão da análise dos anúncios disponibilizados nas capas de revista, será abortado um breve histórico sobre a implantação dos anúncios publicitários no Brasil, com base no artigo “Abordagem semiótica da publicidade na construção da narrativa o mez da grippe” de Walkírio Ricardo da Costa (2006).

Os primeiros anúncios ilustrados surgiram em 1875, publicados nos jornais Mequetrefe e O Mosquito do Rio de Janeiro, e, eram ilustrados pelo próprio caricaturista da publicação. As revistas surgiram em 1900 e com elas os anúncios são incrementados e conquistam o público. Em 1913, inicia-se a produção de cartazes e propagandas ao ar livre, e, logo com a chegada das multinacionais Bayer, General Motors, Mercedes- Benz, Ford , as agências publicitárias começam a atender as empresas. Nos anos 50 a indústria brasileira cresce e concentra-se no eixo Rio - São Paulo e com isso aumenta a utilização da publicidade, assim, nos anos 60 e 80 as agências publicitárias são impelidas a criar novas formas de organização profissional, onde a criação dos anúncios contariam com um redator e um diretor de artes. COSTA (2006, p. 3) afirma que:

Importante observar que a criação na publicidade brasileira começa com textos de jornalistas e poetas. Os artistas plásticos, pintores, desenhistas e outros se integram ao rol de criadores para desenvolver os aspectos visuais, estéticos dos anúncios, os textos não verbais.

Desde o início observamos a necessidade da ilustração visual para atrair o público, pois a ilustração torna os anúncios mais envolventes, persuasivos e comunicativos, e, neste ponto a semiótica proporciona suporte para análise e interpretação, por ser ela capaz de estudar todas as linguagens.

3. A SEMIÓTICA NA LINGUAGEM PUBLICITÁRIA

A Semiótica, ciência que estuda os signos, tem sido uma grande parceira no campo da linguagem e comunicação em geral, por ser ela responsável por analisar a linguagem

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 6

tanto no campo verbal como no campo não verbal. A linguagem publicitária é composta por todos os tipos de linguagens, por isso a Semiótica se torna uma forte aliada na composição da linguagem dos anúncios. TRINDADE ( 2006, p. 1) a firma que:

Tal aspecto, dá a esta formulação teórica um papel desbravador nos estudos das linguagens midiáticas, tendo aplicações no universo do discurso das mensagens publicitárias, pois a análise gramatical dos tipos de signos, como uma das possibilidades de utilização da teoria peirciana, permite a avaliação do impacto perceptivo das mensagens, logomarcas, logotipos e embalagens, entre outros suportes de comunicação publicitária, o que torna essa semiótica uma aliada para os estudos da linguagem publicitária e para o trabalho e formação de designers e profissionais da área de criação publicitária.

A linguagem utilizada nos anúncios publicitários é um vasto campo de análise para os estudos intersemióticos, pois além de serem ricos em linguagem não verbal, as inúmeras mensagens transmitidas pela linguagem verbal requer interpretação e investigação intertextual. Como bem afirma TRINDADE ( 2006, p. 3) “As teorias semióticas são um arsenal poderoso que, via linguagem, podem propiciar uma porta de entrada para o exercício da pesquisa interdisciplinar da comunicação, como eu acredito.”A comunicação e a semiótica são íntimas e a publicidade aproveita essa intimidade para gerar anúncios atrativos e com o propósito de fazer a cabeça do público desejado. SANTAELLA & NÖTH (2001, p. 7) defende que:

Semiótica é a ciência da significação e de todos os tipos de signos, afirmar que as teorias semióticas e suas respectivas metodologias podem ser aplicadas às linguagens das mídias mais diversas e seus respectivos processos de comunicação, desde a oralidade até o ciberespaço.

Os anúncios em capas de revistas são cheios de signos e estéticas imaginárias, pois utilizam textos verbais e não verbais com objetivo informativo e persuasivo que fazem múltiplos apelos aos sentidos para alcançar a comunicação pretendida pela revista. Uma capa de revista, além atrair a atenção do leitor, tem a responsabilidade de expor os assuntos de forma concisa, responsável e de acordo com a ordem de interesse deste leitor, ela tem, ainda, o dever de dar destaque à reportagem principal sem deixar de anunciar as outras reportagens existentes dentro do material, com isto, imagens, cores, formatos de letras, a disposição e o tamanho dos textos verbais, e, ainda a harmonia existente entre signos verbais e não verbais, se unem em um anúncio com um único propósito: compor a linguagem para um objetivo maior, a comunicação com o público alvo. KOZLAKOWSKI ( 2011, p. 5) afirma que:

Todo anúncio publicitário é regido pelo rigor das respostas programadas e deve observar as características gerais e específicas do perfil do público-alvo da campanha. (...) A construção do discurso, dessa forma, é elaborada a partir de um número de possibilidades em que algumas qualidades e valores desse perfil, em média, e seu repertório são definidos pelas pesquisas de mercado.

Na linguagem, vista pela semiótica, todos os signos falam e transmitem mensagens, as quais devem ser interpretadas pela tríade primeiridade, secundidade e terceiridade, o que faz da semiótica uma ciência inovadora e essencial para desvendar os mistérios linguísticos.

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 7

4. ANÁLISE DA LINGUAGEM SEMIÓTICA PRESENTE EM CAPAS DA REVISTA VEJA.

A Revista Veja atende a um público bastante exigente: estudantes de Ensino Médio, acadêmicos, profissionais liberais, ou seja, esta voltada para o público jovem e adulto, esta também, é muito utilizada como fonte de pesquisa por demonstrar compromisso com a verdade e seriedade nos temas abordados em suas reportagens.

Serão analisadas a seguir Três capas da revista Veja, com objetivo de compreender tanto a linguagem verbal quanto a linguagem não verbal, com base nos estudos intersemióticos, tendo como foco duas reportagens em destaque, uma referente à visita da blogueira Yoani Sánhez e a outra referente à renúncia de Bento XVI.

A Revista Veja do dia 20 de Fevereiro de 2013, do dia 27 de Fevereiro de 2013 e do dia 20 de Março de 2013 apresenta os principais assuntos discutidos pela mídia nestes dias, assim, os signos apresentados nestas capas têm um forte poder de persuasão, atração e informação, pois além de convencer o leitor a levar as revistas para casa, ele é atraído, por elas, através das informações disponibilizadas na propaganda de capa.

Veiculada em 20/02/2013, a Revista Veja apresenta como notícia em destaque: (a) a renúncia do papa Bento XVI como um sacrifício para salvar a igreja; (b) a conspiração entre governantes petistas e cubanos contra a blogueira Yoani Sánchez; (c) a queda do maior meteoro a atingir a terra, o qual deixou os russos apavorados.

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 8

Editorial Abril; edição2309- ano 46- nº 8; 20 de Fevereiro de 2013; Disponibilizada em: http://veja.abril.com.br/revistas/. Acesso em 20 de Março de 2013, às 08h 30Min.

Tendo como ponto da análise os estudos intersemióticos, a compreensão dos textos da capa da Revista Veja de 20 de Fevereiro de 2013 acontecerá da seguinte forma: texto não verbal, contendo a imagem visual como fundamento, e o texto verbal, tendo as mensagens linguísticas como complemento da mensagem visual.

Ao analisar, os signos linguísticos não verbais apresentam-se em destaque: (a) como pano de fundo, a cor preta, com a imagem do papa Bento XVI em primeiro plano, o qual está de cabeça abaixada e iluminado apenas por um fraco foco de luz, roupas brancas e cordão dourado no pescoço; (b) no canto esquerdo e em segundo plano temos a imagem do céu azul riscado por uma fumaça branca simbolizando a passagem de um meteoro, nesta imagem consta também a imagem de vário prédios em uma iluminação típica de inverno; (c) no canto direito, e também em segundo plano, a imagem singela do rosto da blogueira Yoani Sánchez, com um olhar sereno e ao mesmo tempo objetivo,e ,com um leve e tímido sorriso nos lábios.

Os signos linguísticos se apresentam da seguinte forma: a palavra Veja em fonte grande e de cor transparente, Editorial Abril; edição 2309- ano 46- nº 8; 20 de Fevereiro de 2013, que são as referências da revista; (a) em primeiro plano, Renúncia/ O Sacrifício de Bento XVI para salvar a igreja, em fonte grande ocupando grande parte da página e de cor vermelha, como itens adicionados aparecem as frases, “A rede de intrigas do Vaticano/Os cardeais brasileiros na crise/O perfil ideal do próximo pontífice/ A vida e o poder o ex- papa/ Pedofilia, a chaga da Igreja que derrotou Ratzinger/ Artigo: o que significa a Renovação/ Dilema: se um papa pode renunciar, por que um casal não pode se divorciar?”; (b)Terror do espaço, em destaque na cor amarela,/ O maior meteoro a atingir a terra em 100 anos apavora os russos; (c) Exclusivo, destacado em amarelo, A conspiração cubano-petista contra a blogueira Yoani Sánchez.

Ao observarmos a harmonia entres os elementos verbais e não verbais, compreende-se que a revista apresenta sua logomarca, VEJA de cor transparente com o objetivo de se harmonizar com o pano de fundo das reportagens; (a) a imagem do papa Bento XVI em primeiro plano com a cabeça abaixada e iluminado apenas por um fraco foco de luz, e como pano de fundo da imagem a cor preta, e como se ele estivesse em um quarto escuro, uma cena que lembra a cela solitária de uma penitenciária, e o foco de luz neste contexto, pode ser interpretado como se a única saída para o pontífice fosse a renúncia, o que combina perfeitamente com a mensagem linguística “ Renúncia / O Sacrifício de Bento XVI para salvar a igreja”, e também, vale ressaltar o detalhe das letras em cor vermelha que nos remete ao sangue, sinal perfeito do sacrifício, assim, ao se ver essa mensagem linguística em união com a imagem visual do papa com roupas brancas, cabisbaixo e com os dedos cruzados, tem-se a impressão de se ver uma ovelha a caminho do matadouro, aqui representada simbolicamente pela figura do papa Bento XVI. Na parte inferior da capa, temos as mensagens linguísticas “A rede de intrigas do Vaticano/Os cardeais brasileiros na crise/O perfil ideal do próximo pontífice/ A vida e o poder o ex- papa/ Pedofilia, a chaga da Igreja que derrotou Ratzinger/ Artigo: o que significa a Renovação/ Dilema: se um papa pode renunciar, por que um casal não pode

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 9

se divorciar?” as quais apresentam as principais dificuldades enfrentadas na atualidade pela Igreja Católica, o que se compreende como os motivos da renúncia de Ratzinger.

(b) A mensagem verbal “Terror do espaço, em destaque na cor amarela/O maior meteoro a atingir a terra em 100 anos apavora os russos” é essencial para o complemento da mensagem não verbal, pois a iluminação típica de inverno da à imagens o clima específico da Rússia e a fumaça branca cortando o céu nos leva a crer ser do meteoro, o qual deixou os habitantes da Rússia apavorados; (c) a imagem singela do rosto da blogueira Yoani Sánchez, em combinação com seu leve sorriso em um semblante calmo, demonstra despreocupação com a tormenta que há de vir, é como se ela tivesse plena convicção do que está fazendo, seu olhar objetivo e sereno, nos dá impressão de estar fixo diretamente na mensagem verbal “A conspiração cubano-petista contra a blogueira Yoani Sánchez” o que reforça o conceito de que a ação de seus opositores não a faria desistir de seus objetivos e ideais.

Veiculada em 27/02/2013, a Revista Veja em continuidade as reportagens anteriores apresenta como notícia em destaque: (a) em primeiro plano, a visita da blogueira Yoani Sánchez ao Brasil, mostrando os motivos pelos quais a ditadura cubana e seus seguidores no Brasil a temem; (b) a morte de um torcedor boliviano em um jogo do Corinthians que reacende a tragédia da violência nos estádios de futebol; (c) também em continuidade a reportagem anterior, apresenta a investigação encomendada por Bento XVI a respeito de escândalos de sexo, chantagem e roubos.

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 10

Revista Veja; Editorial Abril; edição2310- ano 46- nº 9, 27 de Fevereiro de 2013; Disponibilizada em: http://veja.abril.com.br/revistas/. Acesso em 20 de Março de 2013, às 08h 30Min.

Ao analisar os signos não verbais da capa da Revista Veja de 27 de Fevereiro de 2013, vê-se: (a) em primeiro plano, a imagem de um elefante da cor verde musgo, a mesma cor usada no uniforme militar, o qual está com um chapéu em sua cabeça, o chapéu é igual ao utilizado no uniforme militar cubano, e, com uma estrela no peito com a sigla PT (Partido dos Trabalhadores), em seu braço tem uma faixa com a sigla UJS (União da Juventude Socialista), o elefante está em cima de uma cadeira e está com medo de uma mulher com um notebook em sua mão, a qual está apontando o mouse para o elefante, a figura do elefante está disponibilizada em tamanho grande ocupando a maior parte da capa, e, a mulher disponibilizada em uma imagem pequena e com um mouse em sua mão, assim, a figura da mulher é imediatamente remetida a uma comparação com um pequeno rato; (b) em segundo plano, um homem vestido com uma camiseta com o símbolo de um time de futebol, o Corinthians, onde consta a logomarca “Gaviões da fiel” que é a marca do time, o homem está com as mãos para trás e com uma venda preta nos olhos, a sua frente um homem vestido como o uniforme da policial; (c) também em segundo plano, a imagem de perfil do papa Bento XVI, o pontífice está de óculos como se estivesse lendo algo.

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 11

Os signos verbais também não deixam nem um pouco a desejar, quando se trata de compor a mensagem, par isso foi utilizado a linguagem escrita, onde o foco principal foi colocado em fonte grande e em destaque, com o objetivo de atrair o olhar do leitor, e, os outros signos, foram colocados em fonte menor, a fim de despertar o senso investigativo do leitor. Os signos verbais se apresentam da seguinte forma: O nome da revista Veja, em fonte grande na cor transparente; Editorial Abril; edição2310- ano 46- nº 9, 27 de Fevereiro de 2013, disponibilizados em fonte pequena; (a) A blogueira que assusta a tirania/ Por que a ditadura cubana e seus seguidores no Brasil têm tanto medo de Yoani Sánchez, a ponto de tentar calar sua voz à força; (b) Crime no futebol, escrito na cor laranja/ A morte do jovem boliviano em um jogo do Corinthians reacende a tragédia da violência nos estádios; (c) Trindade maligna, escrito em cor laranja,/ Os escândalos de sexo, chantagem e roubo revelados em uma investigação encomendada por Bento XVI.

A unidade entre signos verbais e não verbais são de suma importância para se interpretar do enunciado: (a) em destaque e em primeiro plano a imagem da blogueira Yoani Sánchez e do elefante em cima da cadeira lembram a relação existente entre o elefante o rato, observa-se que na natureza, o rato, embora muito pequeno, é um animal temido pelos elefantes, porque o pequeno rato, por ser pequeno, pode entrar na tromba do elefante e matá-lo asfixiado, com isso, dentro de uma análise intertextual e semiótica, a mulher Yoani Sánhez é colocada simbolicamente como esse rato, e, o enorme elefante assustado e com medo, simboliza o poder de Cuba e seus seguidores no Brasil, por isso, assim como rato é um perigo para o elefante, a blogueira Yoani Sánhez é um perigo para o poder de Cuba e seus seguidores, tal conceito fica claro ao se unir com a mensagem verbal “A blogueira que assusta a tirania”, no caso a tirania é a ditadura cubana e seus seguidores no Brasil, outro tema importante, é a colocação das cores, que também é um ponto interessante de se analisar, pois o verde, cor do uniforme do quartel, está mais em evidência do lado do elefante, sugerindo o poder da ditadura militar, já o pano de fundo em que a figura da mulher se encontra, vê-se uma luz, sugerindo que a mulher tenta se livrar do militarismo, e, assim, esta representa, na capa analisada, como uma luz na escuridão, esse conceito e reforçado pela mensagem verbal “Por que a ditadura cubana e seus seguidores no Brasil têm tanto medo de Yoani Sánchez, a ponto de tentar calar sua voz à força”, assim como um luz, a voz da blogueira prevalece mesmo sendo tão pequena.

No ponto ( b) ao analisar a imagem do homem vestido com uma camiseta com a frase “ Gaviões da Fiel”, torcida organizada de um time de futebol, o Corinthians, lembra um dos grandes desafios enfrentados pelos brasileiros nos estádios de futebol, que são as brigas entre torcidas organizadas de todos os times, as quais são representadas, nessa copa, pelo jovem corintiano, o qual está com as mãos para trás e com uma venda preta nos olhos, e, a sua frente um homem vestido como o uniforme da policia, e, com isso, se tem a impressão de que o homem está sendo preso, o que leva o leitor a pensar na necessidade de se tomar uma providência em relação à guerra existente entre as torcidas de times de futebol no Brasil, a venda representa a vergonha e o medo de se mostrar e de assumir as responsabilidades pelo fato ocorrido no estádio, a linguagem verbal “Crime no futebol”/ “A morte do jovem boliviano em um jogo do Corinthians”, esclarece o fato representado pela imagem, assim, linguagem verbal e não verbal se

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 12

unem para compor o enunciado e facilitar a interpretação do leitor; (c) a imagem do pontífice Bento XVI de perfil, óculos e com os olhos inclinados para baixo, traz a lembrança o dia em ele leu sua renúncia, esse fato fica claro ao se juntar com a mensagem verbal “Trindade maligna/ Os escândalos de sexo, chantagem e roubo revelados em uma investigação encomendada por Bento XVI”, a qual mostra claramente os motivos de sua renúncia, com isso, a palavra trindade se referi aos escândalos de sexo, à chantagem e ao roubo, os quais o levaram à renúncia. Em continuidade a saga dos lideres da Igreja Católica, a Revista Veja em 20 de Março de 2013 concede uma capa exclusiva e dedicada totalmente a pose do novo pontífice, que se apresenta simplesmente como Francisco.

Revista Veja; Editorial Abril; edição2313- ano 48- nº 12, 20 de Março de 2013; Disponibilizado em : http://veja.abril.com.br/revistas/ acesso em 22 de Março de 2013;às 08:30 horas.

Ao analisar os signos não verbais, vê-se o nome da Revisa VEJA em fonte grande na cor azul, como pano de fundo a cor preta e em primeiro plano a imagem de Jorge Mario Bergoglio, o papa Francisco, vestido com roupas brancas, um crucifixo prateado no pescoço, sorridente e com um olhar carismático, ele está com as mãos levantadas, e, sobressai-se ocupando quase toda página da capa. Os elementos verbais são: Veja / Edição especial, Editorial Abril; edição 2313- ano 48- nº 12, 20 de Março de 2013; PAPA FRANCISCO/ O profundo e histórico significado da escolha do nome do Santo dos Pobres pelo novo líder espiritual dos católicos.

Com o rosto alegre e aspecto jovial, como se acenasse para as multidões, o papa Francisco representa um novo tempo para a Igreja Católica, a começar pela imagem simples e carismática, o que é sem sombra de dúvida uma marca registrada do novo pontífice, pois os gestos de humildade, os quais têm marcado o início de seu mandato, combinam perfeitamente com a imagem simples, pura e única apresentada na capa da Revista Veja. A cor azul claro, no signo verbal “PAPA FRANCISCO” traz a lembrança da santidade, simbolizada pela cor azul, a cor do céu. A palavra “Veja”, em segundo

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 13

plano, também aparece na cor azul, como se a cor da palavra fosse escolhida propositalmente para combinar com a santidade atribuída ao papa Francisco.

No texto verbal “O profundo e histórico significado da escolha do nome do Santo dos Pobres pelo novo líder espiritual dos católicos” completam o sentido de “Edição especial”, pois a personalidade e o nome Francisco são diferentes e únicos na história da Igreja Católica, assim, como o termo “Santo dos Pobres” característica que vem bem acalhar com a simplicidade e carisma de Francisco, o papa dos humildes e necessitados, pois essa é a imagem, com a qual a Revista Veja procura atrair e convencer o seu público a levá-la para casa.

As capas da Revista Veja são compostas por signos verbais e não verbais com o propósito de transmitir uma mensagem, desta forma eles se completam e se unem para dar significado, esta unidade da linguagem verbal e não verbal atrai o leitor e o estimula a examinar o conteúdo. Mas o interessante é que todos esses enigmas citados anteriormente podem ser decifrados por causa dos estudos intersemióticos, pelo fato desses analisarem a linguagem de forma completa, levando em consideração tanto a linguagem visual quanto a linguagem escrita.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro destes propósitos de designers contemporâneos, fica claro que os estudos intersemióticos são essenciais para decifrar, analisar e interpretar esse universo fantástico composto por cores, símbolos, imagens e letras que formam os anúncios publicitários. Nas capas das revistas da atualidade se encontram todas as linguagens, pois são uma série de ícones, símbolos e índices unidos para transmitir mensagens explicitas e implícitas, as quais são decifradas pelos estudos intersemióticos, pois eles, com base nas teorias da Semiótica do americano Charles Peirce (1999), e as teorias da Semiologia de Ferdinand Saussure (2003), e, as abordagens teóricas de Lucia Santaella (2003) são grandes aliados nesta jornada de composição e interpretação da linguagem publicitária nas capas da Revista Veja.

Através destes estudos, vê-se que a linguagem não está restrita a um só item, quer seja ele linguístico ou visual, mas amplia-se a cada dia com as mudanças tecnológicas e recursos da mídia, com o propósito de agradar e satisfazer as exigências de um público imediatista, que não se conforma com a monotonia de uma só linguagem verbal em preto e branco, mas requer criatividade, originalidade e exemplificações visuais na criação dos anúncios aptos a atraí-los, portanto, a ideologia do momento é inovar, incrementar e ilustrar, e isso, faz com que todos os signos falem, e, é preciso analisar a linguagem como um todo para entendê-los.

Na era da tecnologia moderna, os designers dos anúncios estão a cada dia mais repletos de imagens e cores, quase a ponte de substituir os textos verbais, sendo assim, o leitor e é seduzido tanto pela composição visual como pela composição verbal dos anúncios. A capa da Revista Veja, por ter um público exigente, em nada deixa a desejar quando se trata de conquistar esse público, logo, a Semiótica é a ciência perfeita tanto para auxiliar na composição dos textos como para interpretá-los, pois neste campo de recursos midiáticos, pode-se nomeá-la a ciência do século XXI.

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 14

Referências Bibliográficas

COSTA ,Walkírio Ricardo da. Abordagem semiótica da publicidade na construção da narrativa o mez da grippe.< http://www.filologia.org.br/ixfelin/trabalhos/pdf/12.pdf >. Acesso em: 20 de Março de 2013, às 10h 13 min.

KOZLAKOWSKI, Allan.Semiótica na Publicidade: Abordagens Conceituais sobre o Uso da Figa em Anúncios. - Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XVI Congresso de Ciências da Comunicação na Região Sudeste – São Paulo - SP – 12 a 14 de maio de 2011.<http://www.intercom.org.br/papers/regionais/sudeste2011/resumos/R24-0793-1.pdf.>. Acesso em 16 de Março de 2013 , às 9h 30 min.

NETTO, José Teixeira Coelho. Semiótica, informação e comunicação. 3,Ed. Perspectiva, 1980.In: _____ A Semiologia e Semiótica . A semiologia e seu modelo linguístico (2003). Seminário de Estudos Intersemióticos. UNIGRAN ( 2013).

NICOLAU ,Marcos ; ABATH, Daniel; LARANJEIRA ; Pablo Cézar, MOSCOSO; MARINHO , Társila; NICOLAU, Thiago Vítor . Comunicação e Semiótica: visão geral e introdutória à Semiótica de Peirce. http://www.insite.pro.br/2010/Agosto/semiotica_peirce_nicolau.pdf >. Acesso em 15 de Março de 2013, às 18h 19 min.

NICOLAU,Vítor Feitosa. Comunicação, semiótica e publicidade: um estudo inter e transdisciplinar; Revista Eletrônica Temática; < http://www.insite.pro.br/2007/46.pdf> Acesso em: 16 de Meço de 2013, às 9h 40 min.

PEIRCE, Charles Sanders. Terceiridade degenerada. In:_____ Conferências sobre o Pragmatismo. As categorias (continuação), § 1. São Paulo: Abril Cultural, 1980. (col. Os Pensadores); Site: < http://ligiacabus.sites.uol.com.br/semiotica/signos.htm >. Acesso em: 14 de Março de 2013, às 18h 29 min.

_____________________. Semiótica. Trad. Coelho Netto, José Teixeira. São Paulo:Perspectiva, 1999.

SANTAELLA, Lucia O que é semiótica. 1.ed. São Paulo: Brasiliense, 2003. Coleção primeiros passos. Resumo. Everaldino do Rosário Rosa. Texto sobre uma nova ciência, a semiótica. http://everaldino.spaceblog.com.br/262/texto-sobre-uma-nova-ciencia-a-semiotica/. Acesso em 19 de Março de 2013, às 16 horas.

____________________.Abrir as janelas: olhar para o mundo. Trecho do livro. In:_____O que é semiótica. 1.ed.São Paulo: Brasiliense, 2003. Coleção primeiros passos: 2003. < http://hrenatoh.net/curso/textos/txtcom_123idades.pdf . Acesso em 20 de Março de 2013, às 14 horas.

SANTAELLA, Lúcia e NÖTH, Winfried. Imagem, cognição, semiótica, mídia. 2. ed. São Paulo: Iluminuras, 2001.

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 15

SGARBI , Nara Maria Fiel de Quevedo. O olhar semiótico para entender o mundo, Revista Virtual InterLetras da Unigran, 2006; < www.interletras.com.br – v.1, n.5 – jul./dez. 2006 >. Acesso em: 16 de Fevereiro de 2013, às 23 h.

______________________________Semiologia e Semiótica- Seminário de Estudos Intersemióticos. UNIGRAN ( 2013).

TRINDADE, Eneus. Semiótica na comunicação publicitária: alguns pingos nos “is” Revista Com ciência. http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=11&id=77 >. Acesso em:16 de Março, às 16h 30 min.

VEJA, Revista. Edição 2309, ano 46- nº 8, 20 de Fevereiro de 2013; Edição 2310, 27 de fevereiro de 2013, edição2313- ano 48- nº 12, 20 de Março de 2013; < http://veja.abril.com.br/revistas/ > .Acesso em 20 de Março de 2013, às 08h 30 min.

*Graduada em Letras - Língua portuguesa e Língua espanhola pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul ( UFMS) , pós – graduanda em Estudos da Linguagem pela pelo Centro Universitário da Grande Dourados(UNIGRAN).

**Professora da UNIGRAN orientadora deste artigo,graduada em Letras pela UFMS, cursou especialização em Metodologia da Língua Portuguesa a UNIGRAN, Mestrado em Educação na UCDB em Campo Grande – MS e é doutora em Linguística e Língua Portuguesa pela UNESP/ Araraquara/SP.

Interletras, volume 3, Edição número 18,outubro 2013/ março.2014 - p 16