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1 OAC Autora: MARILENE LEMOS GARCIA Estabelecimento: CEEBJA - RIO NEGRO Ensino: EF 5/8 SÉRIE Disciplina: LÍNGUA PORTUGUESA Conteúdo DISCURSO ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL 1- RECURSOS DE EXPRESSÃO 1.1 Problematização do Conteúdo Chamada: “O pior dos males é aquele que não é reconhecido.” (LEMLE). Bibliografia: LEMLE Miriam: Guia Teórico do Alfabetizador. Título: A produção de texto sob uma nova perspectiva. Atualmente, os alunos da escola pública chegam, no segundo segmento do Ensino Fundamental, com muitas dificuldades na sua produção escrita. Tanto de ordem estrutural, quanto de ordem gramatical. Estas defasagens no processo de aquisição de conceitos e regras têm se refletido no registro da produção escrita. Não podemos negar que nas salas de aula, ainda persistem práticas inadequadas e irrelevantes, que não são condizentes com as mais recentes concepções de língua e, conseqüentemente, com os objetivos mais amplos que se pode pretender com o seu ensino. Temos consciência de que essa reflexão está muito além dos murros acadêmicos, tornando-se uma das preocupações da sociedade em geral. Ou seja, esta já é uma constatação de domínio comum - que o ensino da língua não vai bem. Porém, o grande desafio da escola continua sendo formar cidadãos pensantes e capazes de expor suas idéias, de forma oral e escrita, tendo condições de ler e interpretar diferentes linguagens.

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Page 1: OAC · tão pouco, de textos sem propósito. Sem a clara e inequívoca definição de sua razão de ser. Por isso, a escola precisa abolir a prática de uma escrita improvisada, sem

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OAC

Autora: MARILENE LEMOS GARCIA

Estabelecimento: CEEBJA - RIO NEGRO

Ensino: EF 5/8 SÉRIE

Disciplina: LÍNGUA PORTUGUESA

Conteúdo DISCURSO ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL

1- RECURSOS DE EXPRESSÃO

1.1 Problematização do Conteúdo

Chamada: “O pior dos males é aquele que não é reconhecido.” (LEMLE).

Bibliografia: LEMLE Miriam: Guia Teórico do Alfabetizador.

Título: A produção de texto sob uma nova perspectiva.

Atualmente, os alunos da escola pública chegam, no segundo segmento do

Ensino Fundamental, com muitas dificuldades na sua produção escrita. Tanto de ordem

estrutural, quanto de ordem gramatical. Estas defasagens no processo de aquisição de

conceitos e regras têm se refletido no registro da produção escrita.

Não podemos negar que nas salas de aula, ainda persistem práticas

inadequadas e irrelevantes, que não são condizentes com as mais recentes

concepções de língua e, conseqüentemente, com os objetivos mais amplos que se

pode pretender com o seu ensino.

Temos consciência de que essa reflexão está muito além dos murros

acadêmicos, tornando-se uma das preocupações da sociedade em geral. Ou seja, esta

já é uma constatação de domínio comum - que o ensino da língua não vai bem.

Porém, o grande desafio da escola continua sendo formar cidadãos pensantes e

capazes de expor suas idéias, de forma oral e escrita, tendo condições de ler e

interpretar diferentes linguagens.

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Não se pode perder de vista, a concepção de que para o indivíduo apropriar-se

da língua escrita existe um longo caminho a percorrer, não havendo necessidade de

anular o sujeito deste processo, que é o próprio aluno. Pois, é somente sentindo-se

autor que o aluno interage e penetra na escrita viva e real, feita na história.

Referência:.

GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: João W. (org). O texto em sala de aula. 2 ed. São Paulo. Ática, 12997.

2. RECURSOS DE INVESTIGAÇÃO

2.1 Investigação Disciplinar

Título: Teoria x Prática

A partir de uma concepção interacionista, funcional e discursiva da língua busca-

se um norte para que a teoria não se perca numa infrutífera abstração.

Para alcançar esta meta, será estabelecido diálogo com os professores das

diferentes disciplinas, através de conversas e entrevistas, questionários ou relatos

escritos, para verificar como os educadores trabalham os problemas apontados pelos

teóricos e, a partir deste confronto entre a pesquisa bibliográfica e a pesquisa realizada

na escola realizar estudo em conjunto com os educadores, buscando novas

intervenções pedagógicas, as quais serão implementadas no decorrer do processo de

ensino e aprendizagem.

Subsidiados por estas reflexões, temos como finalidade garantir que o objetivo

último do ensino de português: a ampliação da competência comunicativa do aluno

para falar, ouvir, ler e escrever textos fluentes, adequados e socialmente relevantes

seja efetivado.

Aprender a ler e escrever é um processo cognitivo, mas também uma atividade

social e cultural essencial para a criação de vínculos entre cultura e conhecimento.

A língua é um instrumento essencialmente utilizado em interações socioculturais:

sempre há um emissor e um receptor que interagem em uma situação comunicativa

concreta; sempre se diz ou se escreve algo para alguém com um determinado

propósito.

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Para que a comunicação se estabeleça, o indivíduo deve ser capaz de produzir

textos orais ou escritos, adequados e eficazes às solicitações das mais diferentes

situações. Quando o indivíduo está desenvolvendo essa capacidade estará

desenvolvendo o que chamamos de competência comunicativa.

O trabalho com a linguagem precisa garantir o desenvolvimento das

competências comunicativas dos alunos para as quatro habilidades básicas da língua,

em todos os seus aspectos, que são escutar, falar, ler e escrever.

Não podemos negar que o desenvolvimento destas habilidades dá-se no espaço

escolar, que por sua vez está voltado para o ensino acadêmico, que por esta razão

apresenta propostas mais direcionadas para a aprendizagem da leitura e da escrita.

Porém diante desta realidade, levando em conta o caráter sociocultural, interativo e

complexo que a aprendizagem da leitura e da escrita exige, torna-se necessário que o

aprendiz se transforme no principal ator do seu próprio processo de aprendizagem, de

compreensão, de construção e de recriação do mundo.

Percebemos que, no processo de aquisição do domínio da escrita, a escola tem

ignorado a necessidade da interferência decisiva do sujeito aprendiz, bem como, a sua

participação efetiva na construção e na testagem de suas hipóteses de representação

gráfica da língua.

Não podemos negar, que na sala de aula ainda se tem presente uma prática de

escrita mecânica e periférica, centrada, inicialmente, nas habilidades motoras de

produzir sinais gráficos, privilegiando sempre a memorização pura e simples de regras

ortográficas, pois para muita gente, não saber escrever equivale escrever com erros de

ortografia.

Conforme afirma Antunes, é na escola que as pessoas “exercitam” a linguagem

ao contrário, ou seja, a linguagem que não diz anda, praticando uma escrita artificial e

inexpressiva, sempre presente em “exercícios” de criar listas de palavras soltas ou de

formar frases isoladas.

Todas estas práticas de sala de aula estão desvinculadas de qualquer contexto

comunicativo, são sempre vazias de sentido e de intenção e estão afastando o

indivíduo daquilo que ele faz naturalmente quando interage com os outros, que é

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“construir peças inteiras”, ou seja, textos com unidade, com começo, meio e fim, para

poder expressar sentidos e intenções.

Quando a escola faz uso desta linguagem vazia, ela está negando e violando os

princípios básicos da textualidade, porque o que se diz é reduzido a uma seqüência de

frases desvinculadas umas das outras, sem perspectiva de ordem ou de progressão,

desprovidas de qualquer contexto social.

O equívoco de fazer uso de uma escrita sem função, apenas para “exercitar”,

destituída de qualquer valor interacional, sem autoria e sem recepção, priva o indivíduo

de estabelecer a relação pretendida entre a linguagem e o mundo, entre o autor e o

leitor do texto.

É preciso ter presente que algumas práticas não são tão relevantes neste

momento de apropriação do processo da escrita, e que os mesmos podem e devem ser

inteiramente adiáveis, como por exemplo, a fixação nos exercícios de separação de

sílabas, de reconhecimento de dígrafos, encontros vocálicos e consonantais.

Torna-se necessário compreender que, socialmente não existe a escrita para

nada, sem intencionalidade. Nos grupos sociais a comunicação não se dá através da

escrita de palavras ou de frases soltas. De frases inventadas, fora de um contexto. Nem

tão pouco, de textos sem propósito. Sem a clara e inequívoca definição de sua razão de

ser.

Por isso, a escola precisa abolir a prática de uma escrita improvisada, sem

planejamento e sem revisão, na qual o que se leva em conta é, prioritariamente, a

tarefa de realizá-la, sem dar importância ao que se diz e como se faz, valorizando a

repetição, a automação e a imitação.

Referência:

ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. Parábola Editorial, 2003 – (Série Aula; 1). FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

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2.2 Perspectiva Interdisciplinar

Título: Produzir Texto: uma prática que permeia todas as disciplinas

Dentro deste contexto de aprendizagem o aluno precisa ser capaz de

compreender a linguagem oral e escrita como um sistema de comunicação, tendo

compreensão de que as diferentes mensagens se utilizam da comunicação verbal e

não verbal, transitando entre uma e outra disciplina.

Para que o aluno possa estabelecer uma ponte entre os conhecimentos de uma

área e outra, ele precisa distinguir diferentes gêneros textuais, identificando a sua

função e os seus aspectos composicionais, podendo produzi-los na forma oral ou

escrita, atendendo sempre às diferentes propostas e situações de comunicação.

No planejamento do trabalho com diferentes tipos de textos a coerência e a

relação harmônica entre o tipo de texto com o qual se vai trabalhar e as etapas do

processo de aprendizagem da escritura nas quais se encontram os alunos são as

pilastras que devem nortear o trabalho com a tipologia textual.

Levar o aluno a produzir bons textos não é responsabilidade somente do

professor da disciplina de Língua Portuguesa, mas sim dos professores de todas as

disciplinas, porque é através do seu uso consciente, através da oralidade, da leitura e

da escrita que o indivíduo poderá interagir com os conhecimentos socialmente

construídos.

É preciso termos confiança e esperança que podemos sair do espaço que

acreditamos dominar, para vencermos o medo do desconhecido. Superando assim

nossas próprias limitações, para sermos capazes de ajudar os nossos alunos a

vencerem o preconceito lingüístico que a falta de letramento provoca. E que, na maioria

das vezes, tem impedido a sua manifestação nos meios sociais.

Referência:

GERALDI, J. W. Concepções de linguagem e ensino de português. In: João W. (org). O texto em sala de aula. 2 ed. São Paulo. Ática, 12997. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, 2006.

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2.3 Contextualização

Título: Alfabetização e letramento

Texto: Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário,

o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e escrever no contexto das

práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo

tempo, alfabetizado e letrado (Soares, 1998, p. 47).

Este texto analisa a mudança do conceito de alfabetizado no contexto social e o

que esta mudança de paradigma interfere nas políticas educacionais e no fazer

pedagógico do cotidiano escolar.

Referências: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=1246 27/12/2008

Fonte: ALBUQUERQUE, Eliana Borges Correia de. A Alfabetização de jovens e

adultos em uma perspectiva de letramento/organizado por Eliane

Borges de Albuquerque e Telma Ferraz Leal. Belo Horizonte, 2004. P.

59-76.

SOARES, M. Letramento: Um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998ª.

3. RECURSOS DIDÁTICOS

3.1 Sítios

• Título: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

Disponível em: file://C;\Documents and Settings\Administrador\Meus

documentos\sítio.htm, em 16/2/2008.

• Comentários:

Antologia Poesia Necessária de Manuel Rui

In 11 Poemas em Novembro, Luanda, Ed. Lavra e Oficina, 1876 – 08/06/2007

Nesta antologia poética podemos fazer uma reflexão de que o cotidiano deste

país se constrói a partir do imaginário dos indivíduos, em torno da palavra falada,

cantada, ouvida, e que escrever é registrar os fatos do dia a dia, os sonhos do povo.

Onde produzir através da palavra se constitui num instrumento de poder de um povo,

de uma nação que canta a sua história.

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Antologia: Há palavras que nos beijam, de Alexandre O´Neill.

In No Reino da Dinamarca, 1958 – 24/05/2007.

O autor reforça o poder da palavra sobre as pessoas, revelando que elas podem

exercer uma influência sobrenatural no dia a dia do ser humano, construindo ou

destruindo sonhos. O professor pode usar este enfoque para que se compreenda que

escrever é uma das formas da pessoa interferir através da palavra, pois sabendo usá-la

de forma correta e coerente, participará do contexto do grande palco da vida, onde se

revelam e se constroem a história dos homens.

Antologia: A nossa magna Língua portugueza de Fernando Pessoa.

Pode ser uma possibilidade de se compreender a importância da língua e o seu

percurso no decorrer do passar do tempo, as mudanças que sofre, já que ela se

consolida no processo de construção, no andamento do processo histórico.

3.2 Sons e Vídeos

Vídeo

Título: Para aprender a escrever

Produtora: TV PUC São Paulo

Duração : 5’

Local de Publicação: TV escola

Ano: 2007

Endereço: Ministério da Educação – Secretaria de Educação a Distância

www.mec.gov.br

Comentário: Uma reflexão sobre a escrita enquanto ato da criação humana, como

forma de expressão de idéias e sentimentos. Ênfase na importância de mostrar para o

aluno em processo de alfabetização que escrever não se trata de um processo

mecânico. Professores debatem formas de como estimular a reflexão e a expressão

dos alunos, entendo que os mesmos são escritores iniciantes.

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Áudio –CD/MP3

Título da música: A Lei

Executor/ Intérprete: Raul Seixas

Título do CD: Para Sempre

Duração: 00:03:17

Gravadora: EMI

Ano: 2001

htt:/megastore.uol.com.br/acervo/rock/r/Raul_seixas/para_sempre/leaf_371213.html

Texto: A Lei

Raul Seixas

Todo homem tem direito

de pensar o que quiser

Todo homem tem direito

de amar a quem quiser

Todo homem tem direito

de viver como quiser

Todo homem tem direito

de morrer quando quiser

Direito de viver

viajar sem passarporte

Direito de pensar

de dizer e de escrever

Direito de viver pela sua própria lei

Direito de pensar de dizer e de escrever

Direito de amar,

Como e com quem ele quiser

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A lei do forte

Essa é a nossa lei e a alegria do mundo

Faz o que tu queres ah de ser tudo da lei

Fazes isso e nenhum outro dirá não

Pois não existe Deus se não o homem

Todo o homem tem o direito de viver a não ser pela sua própria lei

Da maneira que ele quer viver

De trabalhar como quiser e quando quiser

De brincar como quiser

Todo homem tem direito de descansar como quiser

De morrer como quiser

O homem tem direito de amar como ele quiser

De beber o que ele quiser

De viver aonde quiser

De mover-se pela face do planeta livremente sem passaportes

Porque o planeta é dele, o planeta é nosso.

O homem tem direito de pensar o que ele quiser, de escrever o que ele quiser.

De desenhar, de pintar, de cantar, de compor o que ele quiser

Todo homem tem o direito de vestir-se da maneira que ele quiser

O homem tem o direito de amar como ele quiser, tomai vossa sede de amor, como

quiseres e com quem quiseres

Há de ser tudo da lei

E o homem tem direito de matar todos aqueles que contrariarem a esses direitos

O amor é a lei, mas amor sob vontade

Os escravos servirão

Viva a sociedade alternativa

Viva Viva

Direito de viver, viajar sem passaporte

Direito de pensar de dizer e de escrever

Direito de viver pela sua própria lei

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Direito de pensar de dizer e de escrever

Direito de amar, como e com quem ele quiser

Todo homem tem direito

de pensar o que quiser

Todo homem tem direito

de amar a quem quiser

Todo homem tem direito

de viver como quiser

Todo homem tem direito

de morrer quando quiser

Comentário: Através da mensagem da letra desta música, podemos refletir que expressar o pensamento através da escrita também é um direito do indivíduo, enquanto cidadão. Conscientizar que para cada direito que o homem conquista existe um direito a cumprir.

Filme: A Sociedade dos Poetas Mortos Filme: Central do Brasil

Direção: Walter Salles

Elenco: Fernanda Montenegro, Vinícius de Oliveira, Marília Pêra, Soia Lira, Othon

Bastos, Otávio Augusto, Stela Freitas, Matheus Natchergaele e Caio Junqueira.

Roteiro: João Emanuel Carneiro e Marcos Bernstein.

Duração: 112’

Ano: 1998

País: Brasil

Gênero: Drama

Distribuição: Sony Pictures Classics

Site Oficial: HTTP://www.centraldobrasil.com.br

Texto: A obra provoca reflexões sobre o drama do analfabetismo e as deficiências da

educação no país. A professora aposentada, protagonista da história, cobra para

escrever e enviar cartas para pessoas que vivem à margem do mundo das letras, e

nunca cumpre a tarefa porque também sofre as conseqüências dos problemas sociais.

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O roteiro também retrata a massa de migrantes nordestinos que, desde o início do

século 20, abandona o sertão em busca de oportunidades de trabalho nas metrópoles.

Título original: Deads Poets Society

Direção: Peter Weir

Elenco: Robin Williams, Robert Sean Leonard, Ethan Hawke e Josh Charles.

Roteiro: 128 min.

Ano: 1989

País: EUA

Gênero: Drama

Distribuidora: Abril Vídeo

File://C:/Documents and Settings\Administrador\Meus documentos\films sociedade

dos... 27/2/2008

Texto: Em um centro educacional conservador, o professor não mede esforços para

provar aos estudantes que a preparação para a universidade não precisa ser um

tormento. Pelo contrário aprender pode ser um prazer. Estabelece vínculo entre os

indivíduos do grupo e incentiva-os a decidir seus destinos, sendo autores de sua

história.

Filme: A Voz do Coração

Título original: Les Choristes

Direção: Christophe Barratier

Elenco: Gérard Jugnot, Françoais Berléand, Jean-Baptiste Maunier, Jacques Perrin,

Kad Merad, Marie Bunel e Philippe Du Janerand

Roteiro: Christophe Barratier e Philippe Lopes-Curval

Duração: 95 min.

Ano: 2004

Países: França/Suíça

Gênero: romance

Distribuidora: Playarte

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File://C:/Documents and Settings\Administrador\Meus documentos\films sociedade

dos... 27/2/2008

Texto: O filme é idealista, discute a educação com abordagem sensível e romântica,

mostrando que, afeto e conversa podem também ser instrumentos eficientes na sala de

aula, coloca em xeque políticas rígidas de disciplina, já que esta não significa ter

ambiente organizado e disciplinado.

3.3 Proposta de Atividades

Título: Diferentes usos da leitura e da escrita no dia-a-dia

Texto: Para que os alunos percebam que a leitura e a escrita estão presentes no seu

cotidiano e conheçam os diferentes usos da leitura e da escrita nas suas relações

diárias, podem ser trabalhados diferentes tipos de textos: receitas, embalagens, jornais,

revistas, cartas, cartazes, convites, etiquetas, listas, anúncios, instruções de jogos,

textos expositivos e literários, calendários e regras da escola.

Referências:

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, 2006. ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. Parábola Editorial, 2003 – (Série Aula; 1). Título: Produção de texto: uma atividade para todas as disciplinas

Texto: A produção e revisão de textos pelos alunos podem fazer parte do espaço de

todas as disciplinas, sendo o professor responsável por planejar e revisar a produção

de textos narrativos, dissertativos, poesias, esquemas de textos para estudo, resumos,

registro de experimentos e outros que abordem ou estejam relacionados com os

conteúdos da área em apreciação.

Referências:

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, 2006. ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. Parábola Editorial, 2003 – (Série Aula; 1).

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Título: Linguagens utilizadas nas diversas situações sociais

Texto: Os alunos precisam diferenciar as linguagens utilizadas nos diferentes tipos de

textos, utilizados nas diversas situações sociais, realizando atividades que envolvam: a

troca de correspondências e/ou e-mails; elaboração de convites e avisos;

desenvolvimento de campanhas de interesse público (cartazes, e/ou folhetos sobre

reciclagem de lixo, alcoolismo, prevenção de DSTs); elaboração de jornal escolar;

produção de programas de rádio ou TV; saraus literários; realização de entrevistas,

debates políticos, abaixo- assinados, cartas com reivindicações a autoridades;

simulação de entrevista de emprego e outras deste gênero.

Referência bibliográfica:

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica. Curitiba, 2006. ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. Parábola Editorial, 2003 – (Série Aula; 1).

3.4 Imagens

Imagem:

Comentário:

4. RECURSOS DE INFORMAÇÃO

• Revista Científica

Título do Artigo: Leitura e Escrita: Sistema de Comunicação Humana

Referência: Autora: Jaqueline Kachinski Brey

E-mail: [email protected] Fone: 42 - 32334656

Orientador: Paulo Ramos

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E-mail: [email protected]

Comentário: Somente uma reflexão constante da prática pedagógica é que poderá ser

capaz de indicar os fatores que levam os alunos a ter dificuldade na leitura e na escrita.

De nada adianta procurar ou definir culpado, muitos têm sido crucificados, mas

nenhuma desculpa tem contribuído para amenizar o problema, nem tampouco resgatar

a motivação dos envolvidos no processo de aprendizagem.

• Periódico

Título do Artigo: Propriedade da Linguagem.

Referência: Fernando Pessoa

Http:/ciberduvidas.sapo.pt/articles.php?rid=633&template=

Acessado em 16/2/2008

Bibliografia: in “A Língua Portuguesa”, edição Luísa Medeiros, Assírio & Alvim, 1997,

Lisboa. – 12/12/19997.

Comentário: Observar as influências estrangeira que a língua recebe: as que são

absolutamente estrangeira, as que, apesar de estrangeiras, são susceptíveis de tomar

forma portuguesa e as que, sendo absolutamente estrangeiras e, portanto

insusceptíveis de nacionalização, correspondem contudo a coisas que convém designar

com vozes portuguesas, e há vantagens em que a recebam, não deixando de perceber

que o nacionalismo é um patriotismo activo.

• Livro

Título: O texto na Sala de Aula – Leitura & Produção

Referência: O texto na sala de aula. Org. /por/ João Wanderley

Geraldi. 2 ed. Cascavel, ASSOESTE, c1984.

Comentário: Nesta obra os autores e o organizador, levam o educador a refletir sobre

a contribuição da lingüística na formação acadêmica e intelectual do professor. É a

partir dela que passa a compreender o fenômeno lingüístico.

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Internet

• Outros

4.2 Notícias

• Jornal da Tarde

Título da Notícia: Qualificar nunca mais

Referência: http://www.crmariocovas.sp.gov.br/noticia.php?it=9140

Acessado em 27/2/2008

Qualificar nunca é demais

O aluno que lê e escreve bem desde cedo tem melhor poder de síntese e

compreende com mais facilidade qualquer disciplina.

Um total de 55% das crianças que terminam a quarta série do Ensino Fundamental sem

saber ler e escrever, segundo dados do sistema Nacional de Avaliação da Educação

Básica (Saeb) 2005. Isso acarreta problemas de interpretação que muitas vezes são

carregados até o ensino Médio. Com a intenção de preparar o educador para que ele

possa melhor desenvolver a capacidade de leitura e escrita em sala de aula, Silvia

Carvalho, coordenadora executiva do Instituto Avisa Lá, elaborou o projeto Além das

Letras.

JT: No que consiste o programa Além da Letras?

Silvia Carvalho: Em apoiar as secretarias municipais para formar os professores na

área de leitura e escrita. Nosso conteúdo é gratuito e pode ser acessado online de

qualquer lugar do Brasil. Uma vez por ano fazemos um seminário e discutimos os

acertos e melhorias aos professores, que por sua vez aplicam o que aprendem com os

estudantes em sala de aula.

O programa atinge todos os Estados e municípios brasileiros, inclusive a Capital

Paulista?

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Não, só os que se cadastraram no nosso site Além das Letras. Não fomos procurados

pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, mas cidades como Santos, no

litoral, São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, e Itatiba, no interior, participam.

Dados como o do Saeb mostram que o professor não está tão bem preparado para

alfabetizar?

Não dá para generalizar, mas é sempre necessário reciclar e aplicar novas

metodologias. Isso não só para os educadores, mas em qualquer profissão. Hoje, o

professor mais inexperiente está nas classes de alfabetização, tanto em creches como

no Ensino Médio. Eu acho que deveria ser ao contrário.

Qual a importância de aprimorar a leitura e a escrita dos alunos?

É fundamental porque todas as outras aprendizagens dependem de se ter uma boa

escrita e uma boa leitura. O aluno que lê e escreve bem desde de cedo tem um melhor

poder de síntese e de compreensão de qualquer disciplina.

Que problemas são evitados quando o desenvolvimento da leitura e da escrita é

colocado em prática já na Educação Infantil?

Repetência e evasão escolar, por exemplo. A idade máxima para começar a aprender a

ler é 7 anos e no máximo 8 para escrever. Se você é uma criança de 3 anos que a mãe

lê histórias infantis, sua facilidade de interpretar será maior. Isso aparentemente é

simples, mas faz uma diferença, porque hoje temos alunos do Ensini Médio que não

sabem interpretar nem reconhecer gêneros. Aprender a ler são processos lentos, que a

pessoa vai construindo durante a vida e precisa ser sedimentado para um bom

aproveitamento nas séries iniciais.

Quais métodos são mais apropriados para a assimilação da leitura?

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Todos aqueles que partem do conhecimento prévio da criança. Por isso é importante o

professor reconhecer aquilo que ela já sabe ao chegar à escola. E a partir daí planejar

as interferências didáticas, sempre usando o conteúdo e não a palavra isolada. Se o

professor vai aplicar um ditado ele precisa contextualizar, ou seja, explicar o porquê do

exercício, para não se tornar uma reprodução de frases sem significado nenhum.

Que dificuldades são mais notadas pelos alunos? As deficiências são diferentes em

cada idade?

Os problemas aparecem em qualquer idade e série se na infância o conceito de leitura

e escrita não foi bem trabalhado e sedimentado. O que ajuda muito no desenvolvimento

da criança é a ajuda dos pais. O professor desenvolve suas potencialidades e em sua

casa a família consolida o que foi aprendido.

Qual a melhor maneira de ensinar?

Potencializando a capacidade de criação e a curiosidade da criança. Exercícios

práticos, atividades em conjunto e a troca de experiência são combustíveis para um

bom aprendizado. Sou contra a cartilha. Ela pega a língua escrita e a deixa

enquadrada. O importante é a leitura de algo que entusiasme, porque assim, mesmo

com dificuldade.

http://txt.jt.com.br/editoriais/2007/04/09/opi-1.94.8.20070409.5.1.xml

Comentário: A entrevista esclarece sobre o objetivo do programa Além das Letras.

Tece considerações sobre a avaliação do Saeb, dizendo que realmente o professor

precisa de capacitação. Porém não podemos generalizar dizendo que o professor não

está preparado para alfabetizar. Reflete sobre a importância de aprimorar a leitura e a

escrita, para melhorar o seu poder de síntese e de compreensão das demais

disciplinas. Concluí dizendo que os melhores métodos de alfabetizar são aqueles que

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partem do conhecimento prévio dos alunos, ressaltando a necessidade dos pais

participarem do processo de aprendizagem dos filhos.

• Revista de circulação

Título da notícia: A arte de escrever bem

Referência: Revista Nova escola – dezembro 2006. Ano XXI. Número 198. p.42-45.

www.novaescola.org.br

A arte de escrever bem

Ao ser apresentada aos cordéis, turma de 8ª série toma gosto pela leitura e aprende que a

linguagem falada é rica, mas que a escrita deve seguir a norma culta

DRAWLIO JOCA

Francisca e os alunos com o varal de cordéis: literatura ao alcance de todos

Meus senhores e senhoras,

Que aqui estão presentes

Queiram ouvir um cantor

Que propala simplesmente

Palavras da ignorância

Do tempo de sua infância

Da classe dos inocentes

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professora percebia a dificuldade deles em diferenciar a linguagem popular da linguagem

escrita."Apostei nos poemas de cordel, tão próximos das histórias contadas por pais e avós",

conta. "Ao valorizar a cultura popular, Francisca conseguiu levar a turma a reconhecer e legitimar

o mundo letrado", explica a consultora Heloisa Cerri Ramos (leia mais no quadro). Esses versos

são de Neco Martins, cordelista e cantador. Ou melhor, de Manoel de Oliveira Martins,

fazendeiro que fundou, no fim do século 19, São Gonçalo do Amarante, a 60 quilômetros de

Fortaleza. Nem a origem da cidade nem os cordéis de Neco, reunidos e preservados pela família,

conseguiram impedir que essa tradição perdesse a força com o tempo. Um século depois, no

entanto, a professora Francisca das Chagas Menezes Sousa levou os moradores de Cágado

distrito rural de São Gonçalo onde está localizada a EEF João Pinto Magalhães a procurar entre

seus guardados os antigos livretos. O material se tornou uma preciosa fonte de pesquisa para a

turma de Francisca, que, com o projeto Cordel: Rimas que Encantam, conquistou o título de

Educadora do Ano no Prêmio Victor Civita 2006.

Durante os três meses em que estudaram essa arte, os 45 alunos de 8ª série aprenderam que a

língua falada é diferente da língua escrita e que a variação da fala, tão comum no país, precisa ser

respeitada. Na hora de escrever, no entanto, é necessário seguir uma norma-padrão.

Os alunos de Chaguinha, como é mais conhecida (leia o quadro), tinham dificuldade de inferir as

idéias de um texto e a escrita deles era carregada de marcas da oralidade. Filhos de pais

analfabetos ou semi-analfabetos, não têm em casa incentivo para a leitura. A pro

Em uma roda de conversa, Chaguinha avaliou o que os alunos já tinham ouvido falar sobre cordel

e pediu que eles pesquisassem mais sobre o tema. Como o acervo da escola é pequeno, foram à

biblioteca na sede do município. Lá, encontraram várias publicações que tratam da temática do

projeto e também conheceram obras como O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. Um

dos garotos descobriu um livro de Neco Martins, o fundador da cidade, que ninguém sabia ser

cordelista, e outro sobre Patativa do Assaré.

Aos poucos, os mais desconfiados se interessaram pelo tema. "Eu achava que era enrolação. Para

mim, a gente precisava de aula de Português", lembra Francisca Rosiane Barroso Lima, 15 anos.

Mas não demorou para ela perceber que aquilo era aula, sim, e das boas! Ainda mais quando

todos foram ao Centro Vocacional Tecnológico pesquisar na internet. Depois de explicações

josobre o funcionamento dos computadores - a maioria nunca tinha usado -, um mundo de

informações se abriu. Alguns textos, como biografias de autores e vários cordéis, acabaram sendo

impressos para serem estudados depois na escola.

Conversas na comunidade

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Os moradores mais velhos foram outra fonte de informação preciosa sobre o tema. Ao visitá-los,

os jovens conseguiram 30 livretos, copiados e devolvidos aos donos. Em sala ou debaixo das

árvores do pátio, as cópias passavam de mão em mão em animadas rodas de leitura.

com Para que os alunos colocassem em prática todo o conhecimento adquirido, a professora

discutiu eles as características do gênero, incluindo as rimas e a métrica: os versos são escritos

em forma de sextilha, estrofe de seis linhas, cada uma com sete sílabas poéticas, e rimas iguais

nos versos pares. A classe começou a escrever, mas sem fazer a contagem das sílabas.As

produções eram corrigidas, relidas e aprimoradas com a consulta a livros e dicionários." Eu

apontava versos com tamanhos muito diferentes ou rimas feitas com a mesma palavra", diz

Chaguinha.

Durante a produção, ela percebeu que eram mencionados versos contados por familiares ou

conhecidos e sugeriu uma entrevista com uma dessas pessoas, João Evangelista Ferreira dos

Santos, 48 anos. Estudante de EJA na própria escola, ele sabe muitos cordéis de cor e os

declamou para a garotada. A transcrição da conversa foi feita em papel pardo, colado na parede

da classe, e analisada. "Essa atividade é muito útil para compreender que a linguagem escrita não

é a transcrição da fala", explica Heloisa.

Chaguinha teve o cuidado de dizer que o modo de o povo falar não é errado. O Enredo do

Diabo,um dos cordéis declamados por Evangelista, começava assim, na transcrição: "Sexta- fera

da paxão/ U satanás deu um fora/ Tumou um certo distino." No trabalho de adequação para a

linguagem escrita, objetivo de seu projeto, o mesmo texto virou: "Sexta-feira da paixão/ O

satanás deu um fora/ Tomou um certo destino."

Depois dessa etapa, foram exibidos os DVDs de O Auto da Compadecida e de um show de Caju

& Castanha, uma dupla de mestres no coco- de-embolada nordestino, para mostrar diferentes

modos de falar. Para socializar o conhecimento, os jovens organizaram um calendário de

apresentações e recitaram versos para os colegas de outras salas, que aguardavam ansiosos a troca

de idéias. Quem queria podia apreciar os textos expostos no mural da escola. Depois, foi a vez de

os moradores da vizinhança receberem a visita dos novos escritores, numa atividade batizada de

cordel ambulante.

Muita produção textual

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Os alunos partiram para a produção de um cordel coletivo sobre um colega que havia se afogado

num rio. Após consultar a família para pedir autorização, eles foram em busca de mais

informações sobre Nascélio Lima, 17 anos. Em dois dias de empolgação e lágrimas, surgiram

versos como estes: "Essa é uma real história/ Que São Gonçalo abalou/ Tragédia de um

estudante/ Que em um rio se passou/ Na localidade de Cágado/ Muita tristeza deixou".

A última etapa do trabalho envolveu a escrita de cordéis em duplas. Os temas eram variados:

mitos e histórias contadas pela comunidade ou temas atuais, como as diferenças entre um menino

feio e um bonito. Corrigidos os textos, a meninada começou a produção das ilustrações. Como

forma de substituir as tradicionais xilogravuras, Chaguinha ensinou a fazer carimbos com EVA.

As capas eram grampeadas nos livros, que depois, como manda a tradição, terminaram presos em

varais.

No fim do trabalho, a escola organizou uma noitada de cantorias. Em uma praça iluminada por

lampiões e uma grande fogueira, a turma montou barracas com comidas típicas e expôs suas

produções. A comunidade leu os livretos, ouviu os jovens declamando versos e artistas locais

apresentando emboladas, repentes, e como não poderia deixar de ser, muitos cordéis. A

professora ainda comandou uma noite de autógrafos.

A avaliação do trabalho foi feita por meio de um portfólio, com as produções e os relatórios

mensais redigidos pelos alunos. "Assim, eles e eu percebíamos avanços na adequação do

vocabulário, na concordância, na paragrafação e na ortografia", diz Chaguinha. Suas impressões

também eram colocadas em relatórios. "Com o aumento da leitura, eles passaram a escrever e a

falar melhor e a se interessar mais pelos livros." Trecho do relatório de Ednardo Evangelista

Batista, 14 anos, dá uma amostra do sucesso do projeto: "Agora, sempre procuro, na nossa

biblioteca, livros sobre outros temas, poesias, romances e revistas".

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Amor, morte e decepção: temas dos livretos ilustrados com carimbos de EVA

Palavra da consultora Raízes que levam ao mundo letrado

A consultora Heloisa Cerri Ramos, formadora de professores de São Paulo, foi a responsável pela

seleção do trabalho de Francisca entre os inscritos na nona edição do Prêmio Victor Civita

Educador Nota 10. O grande mérito do projeto - que deu a Chaguinha o título de Educadora do

Ano de 2006 -, de acordo com ela, é partir das origens da comunidade, que ganharam valor pelas

mãos da professora. "Ela percebeu que os alunos traziam para seus escritos a influência da

linguagem oral, emprestada das cantorias, histórias e falares dos pais e avós", conta. Por meio do

cordel, tão próximo ao universo local, os estudantes se abriram para o prazer da leitura e, dessa

forma, se aproximaram da linguagem escrita. Chaguinha pode fazer a turma ir além, segundo

Heloisa, usando a mesma metodologia aplicada no projeto, baseada no conhecimento da classe,

em modelos, na prática e em comparações. "Assim, é possível explorar outros gêneros, como

conto, fábula, lenda, romance e suspense", explica a consultora. O fato de os estudantes não

terem proximidade com esses tipos de leitura não atrapalha a atividade. Cabe ao professor

desenvolver a familiaridade. O tema ou o local da história podem atrair a moçada.

1 - Pesquisa

Depois de avaliar o que os alunos sabiam sobre cordel, a professora foi com eles à sede do

município para uma pesquisa. Visitaram a biblioteca e o Centro Vocacional Tecnológico - onde

acessaram a internet pela primeira vez. Entre muitos autores, Patativa do Assaré foi o preferido.

2 -Roda de leitura

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Para ampliar os conhecimentos sobre o tema, a garotada fez uma pesquisa na comunidade,

reunindo 30 antigos cordéis, que foram copiados e devolvidos aos moradores. Em sala, as cópias

passavam de mão em mão em animadas rodas de leitura.

3 - Primeira produção

Trabalhadas as características do gênero, Chaguinha pediu aos estudantes que escrevessem

cordéis. Na hora da correção, mostrou para Francisca Rosiane Barroso Lima, por exemplo, que o

segundo verso não estava rimando com o quarto.

4 - Falar e escrever

A turma foi entrevistar moradores, como João Evangelista Ferreira dos Santos, que sabia muitos

cordéis. A conversa, gravada e transcrita, serviu para o estudo das diferenças entre linguagem

falada e escrita.

5 - Cordel ambulante

Todo o trabalho foi socializado. Os jovens recitavam os versos antigos e os produzidos por eles

para os colegas de outras séries, que ficavam encantados. Animados, eles passaram a visitar as

casas, fazendo a leitura para os moradores.

6 - Versos coletivos

Os alunos sugeriram a produção de um cordel coletivo sobre um colega que havia se afogado

num rio de São Gonçalo. A família autorizou o trabalho e deu mais informações. Em dois dias, os

versos ficaram prontos.

7 - Como manda a tradição

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O trabalho continuou com a produção de cordéis em dupla. Os textos, discutidos, corrigidos e

aprimorados, ganharam capas ilustradas pelos próprios jovens. No lugar da tradicional

xilogravura, Chaguinha ensinou a garotada a fazer carimbos com EVA.

8 -Noitadas de cantoria

O projeto foi encerrado com uma grande festa para a comunidade. Cantadores convidados

animaram o evento, com repentes, emboladas e, é claro, muitos cordéis.

Quem é Francisca Francisca das Chagas Menezes Sousa tem 29 anos, é casada e tem dois filhos. Nascida no Piauí,

foi para o Ceará aos 4 anos, mas sempre voltava nas férias para a casa do avô, que a aguardava

com uma caixinha cheia de cordéis. Analfabeto, gostava de ouvir a neta lendo os versos em voz

alta. "O gosto por essa literatura vem daí", admite Chaguinha, que, depois de formada em

Magistério, fez o curso de Pedagogia no campus avançado da Universidade Estadual do Vale do

Acaraú, em São Gonçalo do Amarante, e está concluindo uma pós-graduação em Psicopedagogia.

Nos dez anos de profissão, já lecionou em creche, para turmas de 1a a 4a série e há oito anos para

as de 5a a 8a. Atualmente, dá aulas de Língua Portuguesa, Arte e Geografia nos três períodos e

ainda acumula a presidência do Conselho Escolar.

Estudar cordel

Aprimora a escrita ao permitir a reflexão sobre a diferença entre a língua falada e a escrita.

Aproxima os alunos da cultura popular.

Incentiva o gosto pela leitura.

Quer saber mais?

CONTATO

EEF João Pinto Magalhães, R. Tarcísio Faustino, 3, 62670-000, São Gonçalo do Amarante, CE,

tel. (85) 3372-0059

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BIBLIOGRAFIA

Cordel, Neco Martins, 157 págs., Ed. Hedra, tel. (11) 3097-8304, 18 reais

Comentário: A reportagem apresenta o projeto em oito etapas para promover o resgate

cultural da literatura de cordel, aprimorando a escrita ao permitir a reflexão sobre a

diferença entre a língua falada e a escrita, aproximando os alunos da cultura popular

como forma de incentivar o gosto pela leitura.

4.3 Destaques

Título: Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem Escrita

Referência: http://www.ppe.uem.br/publicacao/sem_ppe_2004

Texto: disponível no endereço eletrônico

Comentário: Uma pesquisa científica sobre a importância do desenvolvimento

Psicomotor no processo de aprendizagem.

4.4 PARANÁ

Título: A escola em xeque

Essa semana todas as escolas estaduais passaram pela prova Brasil, evento realizado

pelo MEC em conjunto com os NRE que avalia não somente o aluno, mas todo o

processo ensino-aprendizagem e todos os agentes que dele fazem parte. O que me

chama a atenção é ao mesmo tempo em que prega uma política de abertura onde os

alunos devem ser avaliados de forma subjetiva pelo professor e ser aprovado mesmo

que para isso não tenha os requisitos mínimos o Estado enquanto gestor da educação

aplica uma prova, no conceito mais arcaico da mesma, pra avaliar o ensino. Não

consigo entender! O aluno não deve reprovar, mas tem que aprender e se ele não

aprende a culpa é da escola, dos professores, do papa... menos daqueles que detém

real culpa. O problema da educação não está somente na escola em nos professores,

embora tenhamos sérios problemas nesses itens eles são pontuais e localizados e não

representam a maioria. O grande problema, não somente da educação, mas do mundo

é a falta da família. Hoje em dia temos a impressão que a única função do pai é cuspir

um filho no mundo e da mãe é abrir as pernas e parir. A grande maioria dos pais nem

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querem saber o que seus filhos fazem na escola desde que dêem sossego a eles, seus

progenitores irresponsáveis, e lhes possibilitem algumas horas de tranqüilidade e paz.

Enquanto isso, nós os professores-babas ficamos com a função de educar essa prole

sem pais e sem mães... a grande culpada de todos os males sociais hoje é a família, ou

seja, a falta dela!"

cesar eduardo pinheiro, londrina - 20/11/2007

Texto: Existe uma preocupação constante por parte dos envolvidos no processo

educacional em defender-se e/ou apontar um possível culpado, pelo fracasso escolar.

Porém, na realidade o mais importante e porque não dizer, o necessário seria unirem-

se para buscar reais possibilidades de mudança, já que todos são protagonistas e

atores desta história.

Referência:

http://www.bond.com.br/bondenews/bondenewsd.php?oper=opiniao&prox_x=31