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Natural, viva e maleável, utilizada como marca caracterizadora e individualizadora de algumas das personagens:

Ex: Vicente: “ Mas”? Não há “mas” nem meio “mas”. (pg. 23)

Frases incompletas por hesitação ou interrupção:Ex: É um santo, o teu general… (pg. 23)

Uso de frases em latim com conotação irónica, por aparecerem no momento da condenação e da execução:

Ex: “ Que no dia domingo, em todas as paróquias…a missa votiva de Nossa Senhora , pro Gratiorum Actione…” (pg.98)

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Marcas da linguagem e estilo: provérbios, expressões populares, frases

sentenciosasEx: “ Diz-me com quem andas e dir-te-ei quem és” Vicente (pg.39)“ Pobre de quem lembre ao poderoso a sua origem…” Vicente (pg.31)“ …a sabedoria é tão perigosa como a ignorância!” Principal Sousa(pg.36)“ Em política, quem não é por nós, é contra nós.” D Miguel (pg. 60)

marcas características do discurso oralEx: “ Manuel- Entre os três o diabo que escolha…”

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Linguagem:Recursos estilísticos:

Ex: Metáfora: “Vicente- Os degraus da vida são logo esquecidos por quem sobe a escada…”(pg. 31) “Principal Sousa -Vá meu filho, e ajude-nos a cuidar do rebanho, indicando-nos as ovelhas tresmalhadas antes que elas contagiem as restantes.”( pg. 38)Repetição: “Vicente- Senhores! Senhores!” (pg. 60)

Recurso frequente à ironia e ao sarcasmo.;Exs: “ Beresford- “ Como a vida num país pequeno acaba por atrofiar as almas! ( pg. 55) “ Beresford- Honras? E quem mas presta? O vosso exército pindérico? (pg. 57) “ D Miguel- Consiste apenas em chegarmos a acordo acerca da pessoa que mais nos convém que tenha sido o chefe da conjura.” (pg. 61)

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Função da linguagem:

apelativa; expressiva; referencial ou informativa;

Comunicação:1. Comunicação verbal;2. Comunicação não verbal

a expressão corporal (gestos);

Registos de língua a. Cuidado;

b. Corrente;c. Familiar;d. Popular

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Uma vez que nesta peça participam personagens de classes sociais diferentes, é normal que existam diferenças em relação ao tipo de linguagem que usam.

Enquanto os Reis do Rossio, Matilde e Sousa Falcão usam uma linguagem mais cuidada, Manuel e os outros populares usam uma linguagem mais popular e descuidada.

No entanto, tanto nas falas de uns, como nas falas de outros, podem sempre encontrar-se marcas da oralidade, embora em maior quantidade nas falas do povo.

São marcas da oralidade:• Frases curtas• Uso de interrogativas e reticências• Interjeições • Tempos verbais: presente e imperativo• Uso de deícticos• Uso de expressões populares

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Relações em interacção comunicativa:

◦ a. Actos de fala directos – modalidade declarativa, interrogativa, imperativa e exclamativa;

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A nível lexical:

1. O léxico remetendo para o domínio político: reino, nobreza, povo, pátria, patriotas, política, conspirações, revolta;

2. O léxico de carácter religioso: salvador, Senhor, Cristo, Deus, almas, condenação.

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Quanto ao estilo:

• a. A confirmar a intencionalidade crítica da obra, é de salientar a importância do discurso das personagens, que assume variadas funcionalidades;

• b. O estilo «salazarista» utilizado por D. Miguel, cuja tónica essencial é a defesa da Pátria e dos ideais patrióticos. O tom didáctico empregue pela personagem confirma a demagogia política das suas intervenções;

• c. A ironia que marca o discurso destrutivo de Beresford deixa perceber a diferença cultural entre Portugal e Inglaterra;

• d. O discurso dos populares é desolador e resignado, embora seja também irónico e acusador;

• e. O tom de lamento usado por Matilde, perante a perda do seu «homem» e do seu amor, dá lugar à contestação, à acusação mordaz e à profecia de um futuro regenerador;

• f. O uso do latim, que ocorre no momento da sentença e da execução, funciona como denúncia de uma sociedade arcaica e regida por valores caducos e estritamente vinculados a uma hierarquia social.

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Didascálias

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Explicações do autorPosição das personagensCaracterização do tom de vozIndicação das pausasSaída ou entrada das

personagensMovimentações cénicasExpressão do estado de espíritoExpressão fisionómica e gestualIluminação do palco

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A peça é rica em referências concretas (sarcasmo, ironia, escárnio, indiferença, galhofa, adulação, desprezo, irritação – relacionadas com os opressores; tristeza, esperança, medo, desânimo – relacionadas com os oprimidos). As marcações são abundantes: tons de voz, movimentos, posições, cenários, gestos, vestuário, sons (tambores, silêncio, voz que fala antes de entrar no palco, sino que toca a rebate, murmúrio de vozes, toque duma campainha) e efeitos de luz (contraste entre a escuridão e a luz; os dois actos terminam em sombra). De realçar que a peça termina ao som de fanfarra (“Ouve-se ao longe uma fanfarronada que vai num crescendo de intensidade até cair o pano.”) em oposição à luz (“Desaparece o clarão da fogueira.”); no entanto, a escuridão não é total, porque “felizmente há luar”.