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Page 1: - Minuta CREPOP - Conselho Regional de Psicologia BA · Foi realizada em maio de 2010 a pesquisa CREPOP referente a atuação de psicólogas(os) nos Serviços Hospitalares do SUS-SE

- Minuta Pesquisa CREPOP -

Psicólogas(os) nos Serviços Hospitalares do SUS /SE

Foi realizada em maio de 2010 a pesquisa CREPOP referente a atuação de

psicólogas(os) nos Serviços Hospitalares do SUS-SE. As informações aqui apresentadas

se baseiam nos dados coletados durante o Georreferenciamento1 e nos encontros

presenciais2 (Reunião Específica e Grupo Fechado) ocorridos em Aracaju/SE, com a

presença de psicólogas(os) de 03 municípios sergipanos. Apresentamos a seguir um

quadro geral com o número de participantes em cada encontro:

Encontro Presencial Sergipe

Reunião Específica 12Grupo Fechado 13

Com cerca de dois milhões de habitantes, o modelo gerencial do SUS adotado em

Sergipe organiza o estado em macro-regiões de saúde, subdividida em sete regionais3.

Constata-se que há concentração das unidades hospitalares de média complexidade na

regional Aracaju (59%), que conta com um maior quantitativo populacional (683.280

habitantes), havendo certo equilíbrio entre as demais regionais. Entretanto, destaca-se

que quase todos os serviços hospitalares de alta complexidade estão na regional

Aracaju (91%).

Segundo dados disponíveis no site do Ministério da Saúde4, no estado de Sergipe,

boa parte dos prestadores dos serviços de média e alta complexidade em saúde são

instituições privadas. Durante o processo de georreferenciamento da pesquisa, foram

identificados 47 hospitais do SUS. Realizou-se contato com 26 hospitais. Destes, 11

possuíam psicólogas(os) no seu quadro de funcionárias(os), o que corresponde a 23%

dos hospitais identificados.

1 O Georreferenciamento consiste na localização das (os) profissionais de psicologia na política pública em questão.2 Estes dois encontros possuem objetivos de pesquisa distintos: na Reunião Específica investigamos o Campo da Prática, já no Grupo Fechado, discutimos o Núcleo da Prática - este conceito versa sobre aspectos ligados às Atividades Específicas, Teorias e Conceitos etc. A etapa presencial em Sergipe aconteceu no dia 08 de maio de 2010.3 Aracaju (8 municípios); Propriá (16 municípios); Lagarto (6 municípios); Itabaiana (14 municípios); Estância (10 municípios); Nossa Senhora da Gloria (9 municípios); e Nossa Senhora do Socorro (12 municípios).4 Departamento de Informática do SUS, órgão da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde. Sistema oficial de informação em saúde do Ministério da Saúde (www.datasus.gov.br)

www.crp03.org.br | [email protected]

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A seguir serão apresentados alguns pontos discutidos durante a etapa qualitativa

da pesquisa com as(os) psicólogas(os) atuantes nesta política.

a) Rede de Referência

De acordo com as(os) participantes da pesquisa:

o A rede de serviços é pouco articulada e cada serviço opera separadamente. Para

algumas(ns) profissionais, a rede de referência é mais visível em questões relati-

vas à realização de exames e nas atividades do Serviço Social.

o Foi salientado que mesmo quando há encaminhamentos do serviço de psicologia

do hospital para outros serviços, não há a contra-referência, principalmente

quando a/o usuária/o reside no interior.

o Outras(os) profissionais apontaram que a formação em psicologia, tradicional-

mente com ênfase na atuação clínica, distancia a(o) psicóloga(o) do trabalho em

equipe e em rede. Existindo assim, uma dificuldade de articular a rede entre

as(os) profissionais de psicologia que atuam em diferentes hospitais.

o A desarticulação das práticas entre os(as) diversos(as) profissionais também in-

fluencia de forma negativa na construção da rede dentro de um mesmo hospital.

A dificuldade de comunicação entre as/os funcionárias/os e entre esses e as/os

usuárias/os, resulta em pouco encaminhamento para o atendimento em psicolo-

gia.

o Houve ainda a pontuação de algumas(ns) profissionais sobre a dificuldade na

contratação de funcionários(as) como um dos entraves para a constituição de

um serviço de psicologia na instituição hospitalar, havendo um conflito entre os

setores governamentais responsáveis.

b) Dificuldades dos serviços/ Condições de Trabalho

Dentre as limitações do campo de trabalho relatadas pelas(os) participantes,

destacam-se:

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Limitações Materiais:

o Ausência de recursos materiais, tais como: livros de histórias, papel, bonecos,

lápis, cadeiras, testes psicológicos, escalas, aparelho de som;

o Ausência de brinquedoteca e biblioteca hospitalar, com temáticas pertinentes

ao contexto;

o Ambientação inadequada para recepcionar à familiares e visitantes, tais como

cadeiras quebradas;

o Ausência de sala estruturada, com mesa para estudo e específica para o setor

de psicologia.

Recursos Humanos /Organizacional:

o Limitação do número de profissionais contratados(as) ou concursados(as);

o Falta de comunicação / integração na equipe interdisciplinar;

o Desvalorização do trabalho e da profissão;

o Remuneração insatisfatória;

o Tratamento diferenciado de acordo com o vínculo empregatício do(a)

profissional (estatutário, celetista e contratos temporários).

Outros:

o Ausência de reuniões interdisciplinares;

o Não oficialização do serviço de psicologia no organograma da instituição – as(os)

psicólogas(os) são lotadas(os) no ambulatório;

o Inexistência de grupos de troca de experiência.

c) Atividades Específicas/Tecnologias de Intervenção/ Recurso Técnicos:

De acordo com as(os) profissionais presentes, são atividades específicas da(o)

psicóloga(o):

o Acolhimento;

o Avaliação psicodiagnóstica; Aplicação de teste;

o Terapia focal/breve, terapia grupal;

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o Atendimento a pacientes individualmente e em grupo, assim como, para seus

familiares e cuidadores(as) com o foco na/no paciente, baseado na escuta clí-

nica qualificada;

o Mediação da relação profissional-paciente, visando promover maiores esclareci-

mentos sobre a atuação da equipe ou mesmo contribuir para que esta possa li-

dar melhor com as situações que geram angústia;

o Encaminhamento para atendimento psicológico após a alta hospitalar, quando

necessário;

o Abordagem das implicações psicossociais relacionadas com o adoecimento físi-

co e/ou mental, numa lógica interdisciplinar com demais profissionais de saú-

de.

Como recursos técnicos, as(os) psicólogas(os) informaram que fazem uso de:

o Técnicas específicas da abordagem psicodramática;

o Técnicas de trabalho com grupos;

o Pintura; Colagem; Jogos;

o Equipamentos eletrônicos e material de avaliação psicodiagnóstica;

o Entrevista clínica;

o Escuta qualificada;

o Busca ativa;

o Leitura de narrativas (ludoterapia);

o Questionários construídos no setor.

Por seguir a própria linha teórica, realizar a busca ativa, construir projetos de

trabalho e atuar junto à pacientes e familiares, independente de solicitações formais

do médico, algumas(ns) profissionais consideram que possuem autonomia.

Outras(os), afirmam que não há intervenções nos grupos e na prática clínica

hospitalar, bem como nos encaminhamentos realizados.

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d) Teorias e Conceitos:

As teorias e conceitos utilizados pelas(os) participantes da pesquisa para atuação

no Serviços Hospitalares foram:

o Teorias: Psicodrama; Psicologia Social; Gestalt-terapia; Abordagem Fenomeno-

lógico-existencial; Abordagem Cognitiva e Estratégica; Psicanálise; Logoterapia

(humanista-existencial); Abordagem centrada na pessoa;

o Conceitos: Oncologia; Saúde coletiva;

o Área do Conhecimento: Psicologia da Saúde; Psicologia Hospitalar.

e) Potencialidades e possibilidades do campo de trabalho:

Segundo as(os) participantes, a(o) psicóloga(o) opera como um “profissional de

suporte”, pois auxilia o trabalho de outras(os) profissionais ao promover a humanização

das relações e do cuidado, atuando como mediadora(or) de conflitos e facilitadora(or) da

comunicação entre as/os profissionais, entre estes e os(as) pacientes/familiares. Ao

valorizar o vínculo e as relações interpessoais, a(o) psicóloga(o) interfere na qualidade de

vida do(a) usuário(a) durante o período de internação e na “elaboração cognitiva e

afetiva” do diagnóstico e prognóstico, o que resulta em adesão ao tratamento.

Além disso, a psicologia contribui para a política de média e alta complexidade em

saúde, visto que, traz um novo conceito de emergência, que não é médica, mas também

é do campo das necessidades dos(as) usuários(as).

Dentre as demandas dos(as) pacientes/familiares que surgem no hospital, as(os)

participantes destacaram que são solicitadas(os) a atender situações de conflito familiar,

sintomas de ansiedade e insônia, reclamação sobre a instituição e a relação com a equipe.

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f) Considerações Finais

• A mudança nas condições de trabalho, promovida pela nova administração dos

maiores hospitais de média e alta complexidade no estado de Sergipe, tem ge-

rado descontentamento das(os) profissionais uma vez que houve perdas relati-

vas às garantias já estabelecidas na CLT e no estatuto do servidor público.

• Ainda assim, é possível identificar conquistas na atuação da(o) psicóloga(o) hos-

pitalar no estado – aumento no quantitativo da contratação de profissionais de

psicologia nos hospitais; maior autonomia no seu trabalho; valorização e solici-

tação dos(as) pacientes/familiares de atendimento psicológico, entre outros.

• Por fim, salienta-se a importância de algumas definições sobre a prática da(o)

psicóloga(o) no hospital, levando-se em consideração suas especificidades, tais

como a necessidade de definir número de psicólogas(os) por número de leitos,

bem como o piso salarial e carga horária máxima de trabalho.

• O Crepop-03 a partir dessa minuta, visa divulgar informações preliminares sobre

a situação atual das(os) profissionais de psicologia inseridos na política pública

em questão no estado de Sergipe.

• Espera-se que este, assim como o relatório final da pesquisa, possa contribuir

para a regulamentação e orientação destas(es) profissionais sobre sua atuação

no cenário hospitalar, facilitando sua inserção neste espaço, em prol de melho-

rias na qualidade do serviço oferecido e a atenção integral aos (às) usuários(as)

assistidos(as).

Equipe CREPOP03 - BA/SECentro de Referência Técnica em Psicologiae Políticas Públicas – CRP- 03+(00 55) 71 3247 6716 / 71 8846 9784crepop.pol.org.br / [email protected]

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