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RELATÓRIO Recife, maio de 2016 Perspectivas para a empresa Pernambuco de comunicação (EPC)

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RELATÓRIORecife, maio de 2016

O Seminário Internacional de Comunicação: Perspectivas para a Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC) foi realizado nos dias 18 e 19 de fevereiro de

2016, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com a participação de mais de 400 pessoas. O evento representou o resultado de mais um esforço da sociedade

civil, dos profissionais da área de comunicação e do Governo do Estado para a formulação de propostas ao desenvolvimento da EPC/TVPE. Entre os objetivos do

Seminário estava o de provocar a reflexão sobre diferentes aspectos da comunicação pública, em especial da radiodifusão, em Pernambuco, no Brasil e no mundo, a fim de que esta pudesse contribuir para a formulação de propostas ao desenvolvimento da EPC/TVPE, especialmente no contexto do Plano de Ciência,

Tecnologia e Inovação para o Estado de Pernambuco, em elaboração pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI.

Perspectivas para a empresa Pernambuco de comunicação (EPC)

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Realização

Universidade Católica de PernambucoSecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco

EPC - Empresa Pernambuco de Comunicação

Patrocínio

FACEPE - Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco

Apoio

Centro de Cultura Luiz FreirePorto Digital

COMPESAHotlink

iMagenhariaPorto Zero

Entidades Participantes

ABEPEC - Gilberto RiosAMUPE - Eunice Couto

Conselho de Administração da EPC - Paulo André, Tarciana Portella, Rosa Sampaio Sindicato dos Jornalistas - Osnaldo Moraes

FNDC - Renata MielliInstituto Barão de Itararé - Sidney Mamede

UEP (União dos Estudantes de Pernambuco) - Jelsimar PimentelEBC TV Brasil - José Roberto Garcez

TV Rede Minas - Túlio Ottoni e Celma ReginaRTV ES - Geraldo Magela

TV ALEPE - Haymone NetoTV Antares PI - Humberto Coelho

TV Câmara do Recife - Éden PereiraTV Ceará - Tibico Brasil

TVE BA - Flavio GonçalvesTVE TO - Valéria Kurovski

TVU Recife - José Mário Austregésilo, Luiz Lourenço, Gustavo AlmeidaLuciana Santos - Deputada Federal

Porto Digital - Rossini BarreiraSecretaria da Casa Civil -Evaristo Filho

EPC - Expedito Frazão e Humberto AlbanezSECULT - Rafael Santos Barreira e Socorro Lacerda

UFPE Agreste - Amílcar Bezerra e Sheila BorgesAESO - Rodrigo Martins

UNICAP - Aline Greco, Claudio Bezerra, Vladimir Salvador, Alfredo Sotero, Dario Brito e Márcia Mendes

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GOVERNO DO ESTADO DE PERNAMBUCO

Paulo Henrique Saraiva Câmara Governador do Estado

Raul Jean Louis Henry JúniorVice-Governador do Estado

SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO (SECTI)

Lúcia Carvalho Pinto de Melo Secretária de Ciência, Tecnologia e Inovação

Leonildo da Silva Sales Secretário Executivo de Ciência, Tecnologia e Inovação

EMPRESA PERNAMBUCO DE COMUNICAÇÃO - TV PERNAMBUCO

Diretor presidenteGuido Bianchi

Diretor vice-presidentePaulo Fradique

COMISSÃO ORGANIZADORA

Juliano Domingues da SilvaUniversidade Católica de Pernambuco (Unicap)

Jurema Regueira A. Monteiro RosaSecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco (SECTI)

Tiago Cargnin GonçalvesSecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco (SECTI)

GERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO DA SECTIFélix Filho

PROJETO GRÁFICO Antônio Carlos Acioli

DIAGRAMAÇÃO E FOTOGRAFIASAilton Pedroza

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ROTEIRO

RESUMO..................................................................................................................................... 8

1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................................10

2. CONTRIBUIÇÕES DO SEMINÁRIO:

CONCEITOS, PRINCÍPIOS E CONJUNTURA DA

RADIODIFUSÃO PÚBLICANO BRASIL E NO MUNDO................................................12

3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA TVPE: HISTÓRICO, LEGISLAÇÃO

E TECNOLOGIA........................................................................................................................37

4. PROPOSIÇÕES DOS GRUPOS TEMÁTICOS DE TRABALHO...............................46

5. INTEGRAÇÃO DA EPC/TVPE AO PCTI-PE..............................................................53

6. SÍNTESE CONCLUSIVA....................................................................................................55

7. PROPOSTAS GERAIS DE AÇÃO....................................................................................59

ANEXO.........................................................................................................................................62

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Com sede na cidade de Caruaru, agreste pernambucano, a TV Pernambuco é uma emissora pública de televisão vinculada ao Governo de Estado de Pernambuco.

Em 2009, fruto de debates sobre a Comunicação Pública levantados pela sociedade civil organizada, foi criado um Grupo de Trabalho, comandado pelo produtor cultural Roger de Renor, que assumiu também a Direção da TV Pernambuco, iniciando seu processo de transição, rumo a uma emissora pública de qualidade e gerida com participação social.

ComafinalizaçãodorelatóriodesteGrupodeTrabalho,em2010,noqualseapon-taram as diretrizes primeiras para a formação de uma empresa pública de comunicação, a TV Pernambuco tem trabalhado com base na divulgação da cultura, da ciência e de outros temas relevantes ao cidadão, além de realizar a cobertura de eventos importantes como o Carnaval do Recife, o São João de Caruaru e o Festival de Inverno de Garanhuns.

Também alicerçada nessas diretrizes, a emissora abre espaço para o diálogo com a produção independente, sendo canal de veiculação de programas e produtos para televisão financiadospeloFuncultura,comoPénaRua,TodaMúsicaeCinePendrive.Alémdeparce-rias institucionais com a UPE, SECMulher, CEPE, Espaço Ciência, FUNDARPE, UFPE Agreste, MPPE, AESO, ALEPE e TVU.

Em2013aTVPernambucopassoua integraraEmpresaPernambucodeComuni-cação–EPC.Apartirde2014firmouparceriacomaEBC/TVBrasilesevinculouaRedeNacional de Comunicação Pública.

Tv Pernambuco / EPC

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RESUMO O Seminário Internacional de Comunica-ção: Perspectivas para a Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC) representou o resultado de mais um esforço da sociedade civil, dos pro-fissionaisdaáreadecomunicaçãoedoGovernodo Estado para a formulação de propostas ao de-senvolvimento da EPC/TVPE. Entre os objetivosdoSeminárioestavaodeprovocarareflexãoso-bre diferentes aspectos da comunicação pública, em especial da radiodifusão, em Pernambuco, noBrasilenomundo,afimdequeestapudes-se contribuir para a formulação de propostas ao desenvolvimentodaEPC/TVPE,especialmentenocontexto do Plano de Ciência, Tecnologia e Inova-ção para o Estado de Pernambuco, em elaboração pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI.

OSemináriofoirealizadonosdias18e19defevereirode2016,naUniversidadeCatólicadePernambuco (Unicap), com a participação de mais de400pessoasentrecredenciados,palestrantese a equipe que trabalhou na organização e reali-zação do evento. Todas as palestras foram trans-mitidas ao vivo pelo canal da TV Pernambuco no Youtube. A TVPE também gravou e editou todo o conteúdo do seminário.

O primeiro dia foi dedicado à apresen-tação de palestras e debates de cunho teórico--conceitual, abordando temas como democracia, comunicação pública, tecnologia e jornalismo,além de experiências de instituições nacionais e internacionais voltadas à comunicação pública. O segundodia iniciou-secomumamesaespecíficasobre a EPC e a TV Pernambuco e, tendo como subsídioosdebatesdodiaanterior,ofinaldama-nhã foi dedicado à formulação de propostas pelos participantes, organizados em quatro grupos de trabalho (GT), divididos pelas seguintes áreas te-máticas:

RESUMO

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RESUMOa) Conteúdo & Participação Social, b) Financiamento & Sustentabilidade, c) Governança & Gestão, d) Tecnologia & Inovação.

No período da tarde, cada GT apresentou seusresultadosemumaplenáriafinal. Como resultado, tem-se a reafirmaçãodos princípios da comunicação pública, do com-promisso com a democracia e a pluralidade de ideias, em favor da diversidade, inclusive na pro-dução e exibição dos conteúdos. A comunicação pública deve ser compreendida como um dever do estado e um direito da sociedade, portanto, pensada como uma política pública de estado. A principal contribuição do Seminário foi demonstrar que o futuro da radiodifusão, no Bra-sil e no Mundo, será através do uso concomitante de vários dispositivos, em ambiente de conver-gência tecnológica. Assim, ampliar, modernizar einovaroconteúdodaEPC/TVPEéfundamental,como também não será possível sobreviver sem o uso de multiplataformas e segunda tela, que só poderá ser operacionalizado com a modernização do parque técnico e a digitalização do sistema de produção e da malha de transmissão até no-vembro/2018(datalimiteimpostapelalegislaçãoatual), permitindo, desta forma, a exibição de multiprogramação. Os participantes defenderam também que será preciso: completar a transição estrutural, administrativaejurídicadoDETELPEparaaEPC,implantar o organograma funcional já definido,incluindo ampliar e requalificar tecnicamente oquadro de pessoal. Sugeriu-se também a possi-bilidade de relocalização das instalações da TVPE no Recife, além de novas destinações dos imó-veis de Caruaru e Garanhuns e a elaboração de

um Planejamento Estratégico da gestão. Torna--se necessário, ainda, aumentar a capacidade de produção própria audiovisual e da programação local (região metropolitana e interior); implantar umnúcleodejornalismo,aouvidoriaprópriaeoconselho curador consultivo. Destaca-se também o fomento a parcerias institucionais de interesse social com o setor público e parcerias com a pro-dução independente para produção de conteúdos específicos. Noqueconcerneaofinanciamentoesus-tentabilidade da EPC/TVPE: incremento da do-tação orçamentária para fins de estruturaçãoe custeio da empresa; reforço junto aos órgãosda administração direta e indireta para política de apoio cultural; redirecionamento de parte da verba institucional de publicidade do Gover-no do Estado para a EPC; ampliação do serviço de compartilhamento de infraestrutura com em-presas privadas e públicas; estruturação da EPC para prestação de serviços conexos de radiodi-fusão, tanto no âmbito público como privado, e aconstituiçãodecontratosdefinanciamentoe/ouconvêniosdoestadocomentidadesfinanceiraspúblicas e programas governamentais. ParatransformaraEPC/TVPEnoprincipalveículo de promoção e difusão de CT&I e outras áreas correlatas como saúde, educação, desen-volvimento econômico e social em Pernambuco, sugere-se a integração ao Sistema Pernambucano de Inovação (SIP), principalmente através da pro-moçãodeaçõesintegradasentreaEPC/TVPEeoparque tecnológico Porto Digital, em especial as ações desenvolvidas pelo Porto Mídia. Também a integração ao sistema estadual de ensino e pes-quisa, especialmente nas áreas de área de Enge-nharia e Computação; Comunicação e Design da Informação para o desenvolvimento de pesquisa e soluções tecnológicas, apoio a gestão e produção de conteúdo de forma integrada.

RESUMO

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1. Introdução

A EPC/TVPE tem a inovação em seuDNA. Surgida de um movimento pioneiro no Brasil, trata-se da primeira experiência re-gional nos moldes da Empresa Brasil de Co-municação (EBC), guiada pelos princípios da comunicação pública de qualidade e gerida com a participação social em sintonia com a esfera governamental. As diretrizes gerais da EPC foram elencadas no documento “Essa TV VaiPegar”,relatórioconcluídoem2010,emtorno da ideia de se resgatar e reformular a TV Pernambuco a partir de amplo processo de participação social. Parte das ações pro-postas foram implementadas, a exemplo da formulação de um novo marco legal para a TV Pernambuco. Porém, outra parte ainda aguarda resolução. Percebe-se que, naquela ocasião, o ponto central era estabelecer os princípios norteadores fundantes do que veio a se concretizar formalmente como EPC, e iniciar a sua implantação e estruturação en-quanto empresa pública concomitantemente com a recuperação a atualização técnica de sua malha de retransmissão estadual.

O momento presente sugere um passo adianteemrelaçãoaodefinidoàquelaépoca.Entende-se como fundamental revisitar tais propostas, adaptando-as, se assim for ne-cessário,paraqueresultadosefetivossejamvislumbrados. O presente contexto socioe-conômico local e nacional sugere a urgência de um debate sobre as possibilidades de um sistema público de comunicação sustentável e de qualidade, de modo a contribuir com o desenvolvimento social, econômico e terri-

torial do Estado, considerando os princípios ediretrizesjáconsolidadosdacomunicaçãopública. O Seminário Internacional de Comu-nicação: Perspectivas para a Empresa Per-nambuco de Comunicação (EPC) representou, portanto, o resultado de mais um esforço da sociedadecivil,dosprofissionaisdaáreadecomunicação e do Governo do Estado para a formulação de propostas ao desenvolvimen-to da EPC/TVPE.Após algumas reuniões naSecretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTI), coma participaçãodeprofissionaisda área de comunicação e representantes da sociedade civil, tomou-se a decisão de rea-lizar um Seminário para uma discussão mais ampla com sociedade, baseando-se na expe-riência exitosa realizada de forma semelhan-teem2010. O objetivo principal do Seminário foiodeprovocarareflexãosobrediferentesas-pectos da comunicação pública, em especial da radiodifusão, em Pernambuco, no Brasil e nomundo, a fimde que pudesse contribuirpara a formulação de propostas ao desen-volvimento da EPC/TVPE, em especial, nocontexto do Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Estado de Pernambuco, em elaboração pela SECTI. OSeminário foi realizadonosdias18e 19 de fevereiro de 2016, naUniversidadeCatólica de Pernambuco (Unicap), com a pre-sençade370participantescredenciados,20

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palestrantes emais de 40 pessoas da equi-pe da SECTI, da EPC/TVPE e UNICAP quetrabalharam na organização e realização do evento. Já considerando as novas tecnologias existentes e os novos meios de consumo de conteúdo audiovisual, as palestras e os deba-tes foram gravados e transmitidos ao vivo e on line pelo canal da TVPE no Youtube, o que resultouemmaisde8horasdevídeosdispo-níveis para toda a sociedade.

O evento reuniu pesquisadores da área da comunicação, representantes do po-der público e da sociedade civil e especialis-tas nacionais e estrangeiros. Organizado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e Empresa Pernambuco de Comuni-cação (EPC), o seminário contou com o apoio do Centro de Cultura Luiz Freire, Porto Di-gital, Hotlink, iMagenharia, Porto Zero e da COMPESA, além do patrocínio da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE). A programação do Seminário foi estru-turada em dois momentos. No primeiro dia, houve palestras e debates de cunho teórico--conceitual, abordando temas como demo-cracia, comunicação pública, tecnologias e jornalismo,alémdeexperiênciasdeinstitui-ções nacionais e internacionais voltadas à co-municação pública. O segundo dia iniciou-se comumamesaespecíficasobreacontextua-lizaçãoEPC/TVPE(histórico,legislação,tec-nologia) e, tendo como subsídio os debates dodiaanterior,ofinaldamanhãfoidedicado

à formulação de propostas. Os participantes puderam escolher entre os quatro grupos de trabalho organizados nas seguintes áreas te-máticas:

a) Conteúdo & Participação Social b) Financiamento & Sustentabilidadec) Governança & Gestão d) Tecnologia & Inovação

No período da tarde, representantes dos grupos temáticos de trabalho apresenta-ram seus resultados em uma plenária final,que se encontram reproduzidos neste docu-mento. O presente relatório foi estrutura-do em capítulos, seguindo a programação do Seminário. No segundo capítulo tem-se a sistematizaçãoresumidadasreflexõesapre-sentadas pelos palestrantes e convidados que ocorreram no primeiro dia do Seminário. No Capítulo3estáretratadaamesasobreaCon-textualização da TVPE: Histórico, Legislação e Tecnologia, com a descrição sintética das apresentações dos palestrantes. Atendendo aos objetivos do Seminário, as proposiçõeselaboradas pelos quatro grupos temáticos de trabalho encontram-se descritas no capítulo 4. No capítulo 5 foi feito um exercício porparte da equipe da SECTI em parceria com aEPC/TVPEdeidentificarobjetivosestraté-gicos e ações que possam contribuir com o Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para oEstadodePernambuco.Aofinaldorelatóriotem-seumasínteseconclusivaeumconjuntodepropostasdeaçõesparaaEPC/TVPE.

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2. Contribuições do Seminário: conceitos, princípios e conjuntura da

radiodifusão pública no Brasil e no Mundo

Mesa de abertura

ÊNNIO BENNING, Secretário Estadual de Imprensa Profª. Drª. ALINE GREGO, Pró-reitora Acadêmica da UNICAPProfº. ABRAHAM SICSU, Presidente da FACEPE

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Em sua saudação a professora Aline Grego destacou a afinidade de papéis quemarca tanto a Universidade Católica de Per-nambuco como a Empresa Pernambuco de Comunicação, uma como instituição de ensi-no superior de caráter comunitário e a ou-tra como mentora da comunicação pública em nosso estado. Estimando que o Seminário Internacional de Comunicação: perspectivas para a Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC), além de seus objetivos específicos,seja a concretização de uma parceria quepropicie outras convergências e ações que in-tegrem ambas as instituições. O professor Abraham Sicsu justificouestar representando a secretária Lúcia Melo, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inova-ção, em face de um impedimento de ordem pessoal e familiar que a impediu de se fazer presente. Em seguida, ressaltou a relevância do seminário na perspectiva de substanciar o Governo do Estado e o campo da Ciência, Tecnologia e Inovação, para divisar o papel e a importância da Empresa Pernambuco de Co-municação no âmbito do Estado, propiciando suporte e apoio ao desenvolvimento de uma sociedademaisjusta. Na sequencia, a gestora de projetosmobilizadores da SECTI Jurema Regueira Mon-teiro Rosa apresentou aos participantes as li-nhas gerais que nortearam a orientação dada pela secretária Lúcia Melo como parâmetros

a serem seguidos pelo seminário. Destacou o tema do seminário como uma das vertentes ao Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação (PCTI-PE), tendo como premissas a qualidade de vida, autodeterminação e dinamismo eco-nômico com sustentabilidade, em especial assegurado pela possibilidade de contribuição ao acesso ao conhecimento e à informação através da EPC/TVPE, propiciando elevaçãodo padrão de cidadania, equidade e demo-cracia. Tendo entre os mais diversos eixos deaçãoidentificadosatéoaquelemomentopelo PCTI-PE, a promoção e difusão de conhe-cimentos e informações de ciência, tecnolo-gia e inovação para todo território do Estado, destaca-se como o mais próximo às funções da comunicação pública. Assim o desenvolvi-mento de um sistema de comunicação públi-cainovador,modernoeeficiente,possibilitaumainteraçãoobjetivaentrediversosatoresdo Sistema Pernambucano de Inovação, como sugereasprimeirasreflexõesnoPlano.

Por sua vez, o secretário Ênnio Benning ratificouaimportânciadoeventolembrandoque o governador Paulo Câmara adotou o mo-delo de governança de escuta a sociedade, a exemplo do Todos por Pernambuco, valo-rizando nessa dimensão os objetivos do se-minário. Lembrando entre outros aspectos, a relevância de parcerias e fontes alternativas de investimento para a Empresa Pernambuco de Comunicação e TV Pernambuco.

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Mesa 1 Perspectivas para a radiodifusão pública no Brasil

JULIANA SAWAIA, Kantar Ibope MediaPOLA RIBEIRO, Secretário do Audiovisual do Ministério da CulturaINDIRAPEREIRAAMARAL,ACERP/TVEscola/MinistériodaEducação(Mediadora)

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Juliana Sawaia - Kantar Ibope Media A consultora apresentou uma pesquisa que foi aplicada em nove países da América do Sul e em várias cidades brasileiras inclu-sive o Recife, sobre o comportamento das pessoas no uso dos meios de comunicação, em particular a televisão, e consumo de seus conteúdos,ecomoastecnologiasinfluenciamesse consumo, tendo como critério os núme-ros obtidos pela pesquisa referente aos há-bitos do dia a dia das pessoas. Na sequencia tem-se os principais pontos da apresentação.

Big Ben midiático, pluralização de telas, mídias, comportamentos emergentes, pes-

soas envolvidas em mutação constante.

Segundo os resultados da pesquisa:

• 98%daspessoasconsomemte-levisão, no Recife e também no Bra-sil;

• 89%consomemmídiaexterior,extensiva, conteúdos disponíveisem outdoors, etc.;

• 66%consomemrádio;

• 33%queleemjornale

• 16%queleemrevistas.

A internet é vista em um eixo especí-fico, já que é possível através dela acessarosdemaismeios.NoRecifefoiverificadoumcrescimento de uso da internet, de 2003 a2015,de16%para64%dapopulação,quandono Brasil no mesmo período o crescimento foi de26%a68%.Crescimentoexponencialatri-buído à população com uma concentração de jovens,ondesepercebeumaintençãodeusodessa internet. Esse uso não é exclusivo em acessos aos meios, mas com múltiplas ativi-dades.

No dia a dia, analisando de maneira simplificada,ousodotempodaspessoassedivide em mobilidade, trabalho e consumo de mídias. Antes da multiplicação de telas mó-veis, esse consumo atingia seu ponto alto de-poisdas18hquandoaspessoas começavamachegaremcasa.Hojecomachegadadostablets, smartphones e notebooks que passa-ram a conviver com o aparelho de televisão, a pesquisa aponta o crescimento desse uso e consumo dos meios compartilhados. No Reci-feenoBrasil,de2012a2015, foi verifica-da a utilização de dois até quatro aparelhos concomitantemente, a televisão é sempre um deles; uso de dois aparelhos ainda se destaca crescendode70%a79%;usodetrêsapare-lhosde15%a46%eusodequatroaparelhosde1a8%porcentodapopulação.Muitas telas e muitas mídias. Nesse contexto é a experiência das pessoas que passa a ser determinante no ce-nário de mutações na utilização dos meios de comunicação. Eis que surgem as perguntas: “a televisão vai morrer?, o rádio vai mor-rer?”. Não. Segundo o autor do livro “Cultura da Convergência”, Henry Jenkins, através de pesquisa, os meios, em especial a televisão e o rádio alvos da questão, não vão deixar de existir, o que já estámudando radicalmen-te é o modo de utilização e consumo de seus conteúdos. Na medida em que os conteúdos tradicionais, por exemplo, exibidos pela tele-visão estão sendo consumidos também atra-vés de tablets, smartphones e notebooks e a experiência propiciada por essa convergência começa a ditar novos critérios de recepção, mais crítica, que aponta para mudanças nos formatos narrativos desses conteúdos. Entre tantas telas a televisão destaca-se a princi-pal opção para diversos modos de recepção de conteúdos cujas narrativas, em linhasgerais, ainda guardam formatos tradicionais com indícios de renovação, em sua gênese ou adotando formas complementares de contri-

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buições do público com a distribuição de aplicativos que permitem aos usuários de aparelhos móveis uma audiência com status de interatividade criativa.

Ressignificação da televisão entre lugar e o momento

O compartilhamento e utilização da televisão simultaneamente com outros aparelhos (ta-blets, smartphones e notebooks) nos permite a alternância e câmbio de lugar – sala de casa em que está a televisão – quando distante de casa usufruímos de momentos de acesso à conteúdos televisivos por meio de um desses outros aparelhos.

Pola Ribeiro - Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura O secretário Pola Ribeiro apoiado em sua rica experiência no campo público, ex-diretor da TV Educativa da Bahia, da ABEPEC e da EBC, centrou sua participação com depoimentos e re-latos obtidos em diversos momentos de sua atuação, no curso da execução de políticas públicas no âmbito da comunicação social.

A comunicação pública é um dever do Estado e um direito da sociedade.

“Quando a televisão em minha casa quebra minha filha não sabe onde namora, meu marido não sabe onde senta e eu perco a hora do jantar e de dormir.” O secretário Pola Ribei-

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ro, da secretaria do audiovisual do Ministério da Cultura, iniciou sua participação lembran-do este depoimento, dado por uma dona de casa num evento em Salvador, para destacar o valor que as pessoas atribuem à televisão. “A comunicação no Brasil começa com a car-ta do Rei de Portugal dizendo que aqui não podia ter imprensa, então nosso histórico de comunicação é de como a gente não ter co-municação. Mesmo na constituição de 1988, que delineia os campos da comunicação em privada, estatal e pública, ainda não teve regulamentação. Quando algo assim não é regulamentado no Brasil, a iniciativa priva-da faz o que quer e o poder público não faz nada, porque não pode gastar dinheiro com o que não está regulamentado. A comunicação privada no Brasil cresceu exponencialmente, gostando ou não, o fato é que ela é referên-cia no mundo todo. Não tenho nada contra a comunicação privada, acho que cumpre um papel, mas um país com o nosso tamanho e diversidade não pode tratar a comunicação somente nesse nicho privado. O fato de o Es-tado brasileiro não ter meios de se comuni-car com a população, para passar transparên-cia, discutir políticas públicas, participação social demonstra a fragilidade da comunica-ção pública no país. E a sociedade não to-mou ainda conhecimento que é um direito. Exemplo, a faixa estampada na parede diz a comunicação pública é um dever do Estado, é preciso outra completando: e um direito da sociedade.”

“É um momento de recomposição do campo público, bom lembrar isso num mo-mento que a televisão, a velha e nova mídia, cresce para atender e dialogar com a socie-dade. Assim, 25 anos sem regulamentar mas surge alguns esforços nessa direção, ou seja, estamos colocando no ar três canais federais públicos, o canal da cultura, da educação e o canal da saúde, são três canais públicos. Tem o Canal da Cidadania, que permite que cada município possa ter quatro canais abertos di-gitais: um do executivo, outro do legislativo

e dois previstos de utilização da comunidade. Ontem anunciamos o Canal da Cidadania de Serra Talhada, cidade do sertão pernambuca-no.”

“Acho que um dos papéis da televi-são pública, do canal da cidadania, da TV Pernambuco, da TV Universitária, da EBC é trazer a vida para dentro da comunicação, um processo antagônico da comunicação que vive da morte. As pessoas se reconhecerem no cotidiano. Bacana ter o momento do su-per-herói, bacana ter o momento do futebol, da novela, do puro entretenimento, mas a vida precisa estar presente na comunicação. O Brasil tem uma escala grandiosa, a gente conhece muito pouco do Brasil. É preciso ter um país mais harmônico nessas relações. As pessoas estão gritando que precisam também falar.”

“O desafio do Ministério da Cultura hoje, o grande voo é entrar numa escala Bra-sil, quando se promove algo que alcance 200 mil pessoas a gente acha que é um sucesso, mas o país tem 200 milhões de habitantes.”

“Tem um ditado que diz: o olho do dono é que engorda o gado. Se a população enten-der que a TV pública é dela, é ela quem paga aqui; é ela quem faz a participação social, interfere na gestão, interfere no conteúdo; se ver representada naquilo, cada vez mais ela vai ter essa TV como referência. Ah... o brasileiro não tem consciência de preserva-ção, claro, não tem porque não tem acesso aos acervos, no dia em que se disponibilizar na escola bens que desconhece vai dar valor e exigir políticas públicas de preservação.”

O Brasil precisa fazer contato visual com os brasileiros e o caminho é a TV pública, não é cara nem é barata, é o que precisa ser. Precisamos dar relevância a TV públi-ca. A sociedade tem que ter consciência

que a televisão é dela.

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debates da mesa 1

Milton Pereira de Carvalho, estudan-tede jornalismodaUnicap: “Qual o cami-nho que a televisão pública deve seguir para estabelecer uma regularidade de recepção, para produzir uma fidelização do público que ainda tem a televisão como principal meio de informação e entretenimento?” “Conside-rando a ampliação do uso de “devices” e de novas plataformas, o que podemos esperar em termos da disponibilização dos recursos de acessibilidade que permita aos portadores de deficiências fazer parte desse processo?”

RenataMielli,secretáriageraldoFó-rum Nacional pela Democratização da Co-municação: “É fundamental que a sociedade se aproprie mais das discussões, dos desafios da construção da TV pública, porque só vai ser pública na medida em que isso aconte-ça. Esses canais e emissoras devem ter em suas estruturas organizativas conselhos com representação da sociedade, evitando desse modo que sua linha editorial sofra ingerên-cias ao sabor dos humores de mudanças de governo.”

“Quando a representante do Ibope nos diz que o alcance da internet é um fato, mas as pessoas só acreditam na informação que viu na televisão, isso é muito forte e precisa ser considerado quando pensamos na radio-difusão hoje. Tem que se levar em conta a televisão sim. Não podemos desistir da radio-difusão.”

Ivan Moraes - Centro de Cultura Luis Freire: “Duas coisas importantes levantadas por esse seminário. Uma: não podemos de-sistir da radiodifusão, a população ainda se comunica prioritariamente pela radiodifu-são, ainda que use também outros meios. A segunda coisa é: política pública é dever do Estado, financiar comunicação pública é de-ver do Estado.”

Flávio Gonçalves - Diretor Geral daTV Educativa da Bahia: “Falamos aqui de um programa que a EBC via TVE da Bahia vai co-locar no ar um programa sobre o movimento LGBT. Vamos assistir ao primeiro programa em rede nacional no auditório da TVE, possi-bilitando que os representantes do movimen-to já interajam com a produção do programa em São Paulo. É preciso pensar estratégias para dar visibilidade aos conteúdos, aos es-paços criados na programação, o canal que veiculará essa programação, se não tivermos uma política forte, agressiva de comunicação e marketing para avançar nesta questão.”

Profª Dr.ª Ana Veloso - integrante do Conselho Curador da Empresa Brasil de Co-municação (EBC) e pesquisadora do Centro de Artes e Comunicação Social da UFPE: “Precisamos criar um fórum de conselhos de comunicação pública para que a participação da sociedade civil se fortaleça, visando moni-torar o passo a passo das demandas de quali-ficação das grades de programação. O desafio da produção do conteúdo. Quem vai produ-

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zir esse conteúdo inovador, o “inesperado reconhecível”? Qual o papel da universidade nisso? Ao implantarmos a disciplina de comu-nicação pública, vamos ter de nos envolver nisso.”

Juliana Sawaia: “Quando a gente pen-sa como é que a gente vai se comunicar com esse telespectador que tem um mundo de te-las, que tem um tempo curto, que tem uma série de decisões de consumo de conteúdos e de mídias para fazer, não tem como, vai ter de ser pelo conteúdo que venha a ser perce-bido como relevante. E a medida que é tor-nado como relevante ele passa a fazer parte do cotidiano e passa a ser inserido num cír-culo virtuoso.A audiência pensada hoje tem que ser expandida, tem a audiência física por meio da televisão, a audiência por meio do celular, vai estar no streaming internet, en-tão cada vez mais essa audiência tem de ser percebida em 360 graus”.

Pola Ribeiro: “Essa é a grande ques-tão, como aquecer a tela da TV pública. Fa-zendo essa questão a uma telespectadora obtive uma resposta surpreendente: com o inesperado reconhecível. Ou seja, é a neces-sidade de surpreender as pessoas mais que elas se reconheçam nessa surpresa.Quanto mais essa TV falar dessa pessoa mais ela vai sentir que faz parte do seu cotidiano, mais a população vai se apropriar dela. Se a popu-lação entender que a TV pública é dela, ela que paga aquilo, que faz a participação so-cial, que interfere na gestão; no conteúdo e se vê representada, cada vez mais ela vai ter essa televisão como referência.Outra coisa é a medida do que é audiência, a gente só tem essa referência do setor que é comercial, que na verdade não mede o valor daquele pro-grama, quer saber o quanto aquele programa sustenta o telespectador até a hora do co-mercial. A gente precisa buscar outros mé-todos de aferição de audiência. O caminho é por aí, uma TV que fala e também escuta.”

“Acho bacana a estratégia de trazer os movimentos LGBT da Bahia para assis-tir o programa, quando o movimento se ver representado na tela da TV vai reproduzir a experiência pelas redes sociais, vai fazer debate e vai querer interferir. Na Bahia o movimento negro foi quem reconheceu a te-levisão como pública. Pouco depois a gente estava discutindo com o movimento negro como íamos fazer o carnaval com os blocos e afoxés.O Brasil está precisando fazer contato visual com os brasileiros e o caminho é a TV pública.A questão da sustentabilidade é no próprio orçamento, não é inventar mais um imposto para manter a TV pública do Brasil, com o mesmo orçamento com que governo faz comunicação na mídia privada tira uma fatia porque a comunicação é mais barata que a comunicação privada e dá para fazer tudo. Eu aposto muito também na diversida-de de fontes de recursos, o que possibilitaria ao gestor mais segurança.E envolver sim as universidades, que precisam deixar a “zona de conforto” se envolver mais colaborativa-mente e realizar junto com a sociedade mui-tas das ideias que foram contempladas com projetos acadêmicos.”

“Os conselhos precisam também se mexer no sentindo de buscar fórmulas novas de atuação e participação, na Bahia existem 8 mil conselhos e ninguém se dá por satisfeito com os objetivos alcançados.A comunicação pública não será feita por produtores audio-visuais só, por quem fez curso de televisão, de linguagem, ela é necessariamente uma voz da sociedade em todos os seus setores e todos têm de ser responsáveis por isso.Antes de finalizar quero deixar um recado, tem um cineclubista na Bahia que brinca com as pala-vras e diz “não gosto de desenvolvimento, eu gosto de envolvimento”, acho também que é esse o conceito para a comunicação pública, temos que envolver a sociedade.”

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mesa 2 TV Pública e Tecnologia: convergência com participação?

REGINA LÚCIA A. DE LIMA, ouvidora do Ministério da Cultura Prof.ºRAONI KULESZA, UFPB - LAVIDmediaçãodeJACQUESBARCIA,PortoDigital/PE

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Regina Lima, professora da UFPA e ouvidora do MiniCom, ao iniciar sua participação elo-giou a coordenação do seminário na escolha dos temas a serem abordados pelas mesas, não obstante, ressaltou que tinha preparado sua apresentação sobre conteúdos televisi-vos, tema da mesa seguinte, mas que teve sua participação antecipada e por isso não abordariao temaespecíficodestamesa.“Acomunicação pública no Brasil é recente, nós temos um histórico de comunicação privada, todo o parâmetro utilizado pela população para avaliar a comunicação pública é o das emissoras privadas o que é cruel. A minha ex-periência de gestão na Fundação Paraense de Radiodifusão (FUNTELPA), me deixou a evi-dência que a televisão continua sendo muito forte, no norte do país com sua vastidão ter-ritorial continuará sendo o meio mais impor-tante de comunicação.”

A comunicação tem de ser pensada como uma política pública de Estado.

“A televisão brasileira ainda tem um alcance muito grande, é muito importante que a gente tenha uma política de produção de conteúdos para a televisão pública bra-sileira. Fico pensando o governador decidir fazer um investimento tendo em contrapar-tida o conceito e a exigência de audiência que estamos acostumados a associar com as televisões privadas, como foi demonstra-do aqui. Não que eu não goste do conceito de audiência, mas vejo audiência como uma consequência do processo, condicionar, dar recurso para qualquer veículo público condi-cionado à audiência é desconhecer a história do campo da comunicação pública.Um ponto essencial para definir como operar as políti-cas de comunicação públicas, de Estado e não de governo, financiada não controlada pelo Estado. Os conselhos com representação da sociedade civil é que devem estabelecer os parâmetros da questão. A sociedade ainda

não vê a relevância da comunicação pública porque ainda não a reivindica como direito que é. Nós precisamos estimular isso.”

É fundamental retomar a questão da regu-

lação da mídia.

“É preciso refletir sobre o campo da comunicação pública em torno de questões antecedentes, a gente não pode pretender mudar a sociedade através da grade de pro-gramação da televisão, a meu ver tem pon-to que é fundamental: regulação da mídia. Claro, que a comunicação pública tem de constituir uma narrativa em contraponto à comunicação privada, mas é preciso que esse país encare e enfrente a regulação da mídia. Sabem que há interesses econômicos em jogo que não se coadunam com a regulação desse campo, ou seja, interesses que se conflitam com a liberdade de expressão que permitiria se colocar de público questões que afetam, por exemplo, a dita linha editorial adota-da por empresas da mídia privada. A reação mais imediata quando tratamos da regulação é que se pretende com ela estabelecer uma forma velada de censura. Que é o oposto, não é raro o cerceamento de abordagem aos aspectos mais delicados dessas linhas edito-riais. Ou seja, fere os interesses daqueles que não querem mudar a maneira como faze-mos comunicação”.

A narrativa e a transversalidade da informação.

“Acho que a narrativa da comunicação pública tem de ser a do contraponto, tem de ser antagônica, não faz sentido ela existir se adotar a estratégia de concorrer às demais emissoras privadas oferecendo os mesmos conteúdos. Tem de ser alternativa em favor da diversidade, da pluralidade inclusive no modo de abordar, no modo de fazer. Pensar a televisão dentro da comunicação pública

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como um todo, é pensar como comunicação pública de Estado e como tal tem de ser fi-nanciada, tal qual é financiada a saúde, a educação, porque é a essência do direito que exige essa salvaguarda e não pode ficar re-fém dos interesses de mercado. Essa política tem de se voltar para franquear a informa-ção e formar o cidadão para preservar esse direito.”

“Venho analisando a programação das emissoras públicas e também das privadas, tem uma lógico da linguagem televisa que não estamos sabendo explorar: a transver-salidade da informação. Ou seja, o recurso de pontuar em diversos conteúdos e horá-rios uma ideia como mote de comunicação, a repetição desse mote mantém a memória e a atenção acessas, conectadas ao eixo da intenção de comunicação da emissora. Isso é uma estratégia que precisamos explorar para reter o público que queremos cativar.”

ProjetoSBTVD-T.Padrãode TV Digital Brasileiro.

ProfºRaoniKulesza, do Núcleo de Pesquisa eExtensãoLAVIDdaUniversidadeFederalda Paraíba – UFPB

O pesquisador realizou uma apresentação di-dática que tem sido a base dos cursos de ca-pacitação realizados em países da América do Sul que adotaram o padrão digital nipo-bra-sileirodetelevisãodigital.Cercade500mi-lhões de pessoas utilizam esse sistema inter-nacional no Japão, Brasil, Argentina, Chile, Venezuela, Peru, Equador, Paraguai, Bolívia, Costa Rica, Filipinas, Nicarágua e Uruguai.Switch-off ou cronograma de desligamento do sinal analógico.

A banda do espectro ocupada pelo tráfego de sinaisanalógicos,afaixade700MHz,foileilo-adaem2014paraasoperadorasdecelularesporR$4,9bilhões,destinadaàtecnologia4Gde acesso à internet. Parte dos recursos deve ser utilizada através do Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais de TV e RTV - GIRED - e Empresa Administradora da Digitalização - EAD - no processo de desligamento e para distribuição de15milhõesdereceptoresparaossegmen-tos D e E da população.

Estima-sequesejamequipadoscomoGINGAC, propiciando maior padrão de interativida-de para essa faixa da população utilizar em acesso a múltiplos serviços de políticas públi-cas de saúde, educação e cultura.

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GINGA - Mídia digital para desenvolvimento social.

O Brasil tem como tecnologia de tele-visãodigitalterrestreopadrãojaponêsado-tado e aperfeiçoado com tecnologia nacional. Na América do Sul com exceção da Colômbia todos os demais países adotaram o sistema SBTVD-T que integra o midway GINGA, desen-volvido pela PUC-Rio e a UFPB, reconhecido pela União Internacional de Telecomunica-ções - UIT - que permite receber e rodar apli-cativos no aparelho de televisão.

Noventa por cento dos aparelhos de TV LCD fabricados no Brasil vem com o GINGA,

estima-sequeao términode2016cercade64 milhões de aparelhos estejam nos laresequipados com o GINGA, nessa perspectiva deverá se constituir ao término deste ano no terceiro maior mercado de aparelhos de TV digital do mundo.

Brasil 4D: TV digital interativa para famílias debaixarenda.

Duas experiências realizadas, a primei-raemJoãoPessoaenvolvendo100famíliaseposteriormenteemBrasíliacom300famílias,possibilitou a distribuição gratuita do GINGA para acesso a diversos serviços públicos com monitoramento.Aprimeiraaconteceuem14

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dedezembrode2012,açãodesenvolvidacomapoio do Banco Mundial, da EBC – TV Brasil, TV Câmara de João Pessoa, UFPB, UFSC e UCB. Compreendendo reunião de planejamentocom as famílias, instalação de equipamentos de transmissão na TV Câmara de JP e nos re-ceptoresdas100famíliasselecionadas,todasbeneficiáriasdoProgramaBolsaFamília,comacompanhamento e avaliação de técnicos do Banco Mundial.

Quatro programas interativos na área de be-nefícios, cursos e empregos, saúde e servi-çoseorientaçõesdefinançasdomésticascomapoio do Banco do Brasil, foram transmitidos para as famílias em João Pessoa pela TV Bra-

sil. Durante o monitoramento a utilização do aplicativoGINGApropicioua72%daspessoasacesso a cursos e oportunidade de empregos; a69%acessoaserviçosdesaúde;61%abe-nefícios sociais diversos e 47% aos serviçosdo Banco do Brasil. Em pesquisa aplicada aos usuários foram obtidos os seguintes resulta-dos:100%informouqueajudouabuscarme-lhoresqualificações;78%facilitounaprocuraporempregos;50%facilitouatirardocumen-tos; 41% a obter conhecimentos em saúde;29%admitiutermelhoradoemconhecimen-tossobredireitosedeveressociaise18%queaumentou em conhecimentos de educação financeira.

debates da mesa 2

Osnaldo Moraes, diretor do Sindicato dos Jornalistas de PE e FENAJ: “Em recente seminário promovido pela Rede Globo, a empresa não vê qualquer futuro ou desen-volvimento para tecnologia como o GINGA.Ouvimos do mediador da mesa que a televi-são vai se acabar, se isto vai se comprovar a médio prazo como analisar o investimento que vem sendo feito neste veículo em espe-cial pela iniciativa privada, estão jogando di-nheiro no lixo?”

Luciana Santos, deputada federal: “Penso que esse é um debate estratégico, necessá-rio porque a comunicação pública é essencial

para a vitalidade desse campo em um país de-mocrático. Um direito básico que é ameaçado pela concentração de empresas nas mãos da iniciativa privada. A constituição brasileira prevê para a comunicação social um sistema público, privado e estatal, na perspectiva de corrigir a concentração desse setor na inicia-tiva privada, o que acarreta em muitas dis-torções e não expressando como deveria a di-versidade e multiplicidade cultural da nação brasileira. A criação da EBC no governo Lula em 2007 foi um marco importante para a de-mocratização da comunicação em nosso país, mas é preciso avançar e em nosso estado con-solidar o projeto da Empresa Pernambuco de

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Comunicação pelo Governo, pela sociedade.” Renata Mielli, secretária geral do FNDC: “Esse debate sobre a transversalidade temá-tica dos conteúdos trabalhados na TV pública nos desperta para a necessidade de aprofun-dar a discussão sobre formatos, elevando a qualidade do que se faz e permitindo ocupar os espaços com maior inteligência, propi-ciando uma recepção mais rica. Acho que as universidades podem ser o espaço ideal para essa experimentação. Não quero deixar de observar, nas duas mesas de hoje percebemos que o debate da radiodifusão está cada vez mais imbricado pelas telecomunicações, ora é o leilão da faixa dos 700 MHz, ou é a judi-cialização de diversos processos. Na fronteira da convergência o debate não é mais só sobre a radiodifusão, o debate é sobre comunica-ção no sentido mais amplo. As empresas de telecomunicações hoje estão se constituindo em adversárias da democracia. Precisamos estar atentos à proposta que virá em torno dum novo marco legal para as telecomuni-cações no Brasil, precisamos ter atenção pra isso porque pode dificultar mais ainda a luta pela democratização nesse campo.”

Indira Amaral, da TV Escola: “Em minha opi-nião quando a gente afirma que a televisão está acabando estamos expressando uma in-quietação ou ansiedade que tem origem no mercado, uma reacomodação do mercado que visa explorar uma nova vertente de desen-volvimento tecnológico, mas que não atende uma demanda real das pessoas na busca de maior interação com a sociedade. Basta lem-brar um dado indicativo de um hiato entre

as demandas de mercado e as da população, hoje 70 milhões de brasileiros não sabem o que é internet. Não é uma lacuna que irá ser reparada em pouco tempo, ainda mais consi-derando as dimensões gigantescas que tem o país. Como essas pessoas vão obter informa-ções, conhecimentos e serviços se já aceita-mos que a televisão vai acabar?”

Regina Lima: “Primeiro, repito que temos sim que encarar a questão da regulação da mídia, sob pena de não avançarmos na de-mocratização de nossa sociedade. Isso é um ponto passivo. Qual a metodologia a se utili-zar, qual a legislação complementar à consti-tuição, enfim isso é um processo. A sociedade precisa adotar essa causa.”

Raoni Kulesza: “Eu sou professor da área de desenvolvimento e multimídia, sempre que faço uma apresentação com esta gosto de lembrar que controle interativo não é só o GINGA, nossos projetos usam ele como base porque ajudamos a inventar. Entendo a posi-ção da Rede Globo de não querer investir no GINGA por não entender que seja um modelo de negócio viável, digamos, mas isso não in-valida o sentido social do projeto. Para uma TV pública como a EPC acho que é viável, cla-ro, porque a TV pública não é um negócio, mas sim um processo de investimento social. Embora estabeleça essa distinção, percebe-mos sempre quando é possível aprender com aRede Globo. Estamos tentando convencer os Ministérios a adotar a segunda tela, coisa que a Globo já vem fazendo, mas para obter outros resultados.”

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mesa 3 A programação da TV Pública: Qual conteúdo?

Prof.º Dr. DANILO ROTHBERG, UNESPISRAEL DO VALE, Rede Minas e ABEPECmediação de IVAN MORAES FILHO, Centro de Cultura Luís Freire

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Prof.º Dr. Danilo Rothberg da UNESP

O prof. Danilo tem desenvolvido e orientado pesquisas na UNESP sobre códigos editoriais, práticas e conteúdos de serviço públicodecomunicação,ejornalismopúbli-co: informação, cidadania e televisão baseou nessa experiência sua apresentação. Visando assegurarpadrõesdequalidadecomobjeti-vidade, para que as questões não dependam dojulgamentodoquetemounãotemquali-dade,oscódigosdefinemàpriorioquepossavira serobjetodediscordânciaemrelaçãoaos padrões que seguem a produção de pro-gramas,abordagemjornalística,tempodedi-cado a este ou aquele conteúdo. “Quando se fala na competição entre as TVs públicas e privadasficadifícilanalisaroprodutodessacompetição, há uma ideia disso no documen-tário A TV Brasileira vista pelos estrangeiros”.

Códigos de conduta editorial são achave para a produção de conteúdos para a TV pública brasileira, assim como são em

outras partes do mundo.

“A BBC apura sua audiência por diver-sas formas não apenas por órgão similar ao IBOPE, essa é uma das formas, 85% das pesso-as pesquisadas afirmam que se informam pela BBC na última semana utilizando todas as suas plataformas: rádio, TV ou internet;81% afirmam que a BBC continua a merecer as taxas anuais que cobram de cada domicílio com TV, são 145 libras, cerca de 439 reais. Uma outra forma de medir a credibilidade de uma TV pública não só com indicadores de audiência, nesse caso de até 30 pontos de im-portância, os telespectadores atribuem em média 28% para as notícias, muito acima das novelas e futebol, numa pesquisa com mais de duas mil pessoas, o que estabelece a rele-vância da informação numa sociedade como a inglesa; em relação aos demais canais, 57% de telespectadores da BBC consideram como

acuradas, precisas, equilibradas as notícias que assistem, diante de 33% para o principal concorrente.”

“Os dois principais canais da BBC têm um terço da audiência dos principais canais de TV na Inglaterra;38% das matérias vei-culadas pela ITV que é concorrente da BBC têm qualidades consideradas como “sensa-cionalistas”, enquanto a BBC fica 16,1%, bem abaixo disso, ou seja, o telespectador avalia que nesse aspecto a BBC explora esse recur-so muito menos;no quesito de matérias mais sérias a ITV tem um percentual significativo de 40%, mas a BBC fica bem acima com quase 60%.”

“Critérios para produção de guias edi-toriais que levem em conta pluralismo interno e externo, como uma televisão pública atin-ge os principais, ou dois dos principais crité-rios de controle de qualidade dos conteúdos jornalísticos que não se restringem a telejor-nais; o externo é obtido quando vários meios produzem a diversidade. A própria existên-cia de uma TV pública já define a existência de pluralismo externo desde que ela tenha qualidade e audiência. O pluralismo interno ocorre quando no próprio meio de comunica-ção há princípios concebidos para orientar as práticas jornalísticas de pluralidade. Quero explorar os meus próximos 9 minutos com o pluralismo interno; um aspecto contemplado por alguns códigos é como o enquadramento jornalístico é construído a fim de atingir plu-ralidade”

“O enquadramento é constituído por procedimentos como seleção, exclusão e ên-fase, compondo perspectivas pelas quais os acontecimentos e situações do dia a dia são dados ao conhecimento, o enquadramento é uma ideia central que organiza a realidade dentro de eixos de apreciação e entendimen-to que envolvem expressões, estereótipos, sintagmas e assim por diante”

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“A teoria jornalística também indica que os enquadramentos podem seguir for-matos específicos de cobertura como jogo, estratégia, episódicos e conflitos; enquadra-mentos, claro, são tipificados pela sociologia do jornalismo como caricaturas que, nesse sentido, devem ser evitados em nome dos enquadramentos temáticos. Meios de supe-rar a fragmentação e a superficialidade que estejam nos formatos inicialmente citados como caricatos; temáticos porque os temas são aspectos concretos de políticas públicas definidos em escolhas eleitorais, em ações e decisões de mandatários, conferências, vo-tações, arranjos partidários, implementação de medidas legais e assim por diante.”

Os enquadramentos temáticos de-vem ser aqueles que devem ser buscados pelosjornalistasparasuperarosefeitosde

superficialidadeefragmentação.

“E o que nos vemos é a existência de códigos editoriais como o da BBC, por exem-plo, que possuem normas bem claras sobre como atingir pluralidade, equilíbrio em en-quadramentos temáticos em suas matérias.”

Qual conteúdo e para qual TV PÚBLICA?

Israel do Vale, presidente da Rede Minas de TV e da Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais - ABEPEC

O presidente da Rede Minas de TV ini-ciou sua participação utilizando a indagação utilizada como tema desta mesa “Programa-ção da TV PÚBLICA: qual conteúdo” para in-teragir com a plateia também com uma per-gunta: “qual TV PÚBLICA”? Num esforço para delinear com alguma coerência o cenário in-tegrado por aspectos institucionais, legais e jurídicosqueapagamcomessa caracteriza-ção com toda TV é pública por se tratar de uma concessão do governo, mesmo aquelas

que também costumamos chamar de TVs pri-vadas ou comerciais. Com isso, seria de se su-por que essas concessões deveriam produzir contrapartidas sociais.

“A televisão no Brasil nasceu comer-cial, é um dado histórico que diferencia nos-sa situação para aquela encontrada em ou-tros países, caso da BBC de Londres, aqui já mencionado.A TV pública no Brasil nasceu em outro contexto e já pressionada duas décadas depois das TVs privadas, em clima de sabota-gens, achaques e ameaças por parte de Assis Chateaubriand contra Getúlio Vargas e Jus-celino Kubitschek, respectivamente, quando ambos acenaram com a hipótese da criação da TV pública no Brasil. Mais do que isso, o retrato da televisão comercial, em que pese toda a importância do pioneirismo do Assis Chateaubriand de bancar o surgimento da televisão quando não se tinha ainda apare-lhos à venda, claro que isso tem relevância e não pode ser desconsiderado, contudo, mar-ca também muitos dos cacoetes que regem a relação entre público e privado. Quando a operação não deu certo o que se fez? A te-levisão começou privada e depois foi estati-zada como a TV Cultura. O velho truque de privatizar o lucro e socializar o prejuízo, isso está na origem da constituição da televisão no Brasil.”

A televisão pública que tem todos os deve-res das TVs comerciais precisa começar a

ter também todos os direitos.

“É preciso que se tenha isso em vis-ta, a televisão no Brasil surge com uma forte incidência das piores práticas da iniciativa privada e das piores práticas do manejo de certas forças políticas. É importante ter dis-cernimento disso para evitar tratar a televi-são pública que é o que é, tratada pelas po-líticas públicas como o “cachorro vira-latas” da política de comunicações, porque a gente

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não tem competência pra fazer isso. Não cair na inocência que a gente poderia ser a “BBC” e só não é porque não tem competência. Va-mos encontrar o caminho para a televisão pública.BR, vamos assumir o nosso DNA tu-piniquim e vamos ver qual é a nossa vocação e capacidade de dar respostas a essa reali-

debates da mesa 3

dade.Esse seminário é especialmente valio-so porque essa discussão sofre de um déficit histórico, nesse momento ainda embrionário da EPC imaginar que o Governo tem essa vi-são de que é preciso criar um projeto robusto e lastreado em parâmetros mais saudáveis, isso é muito bem-vindo.”

FlávioGonçalves,daTVEdaBahia: “A questão da credibilidade é um desafio, não só para a comunicação pública mas para a co-municação de modo geral. Acho que a comu-nicação pública precisa incomodar e com isso ocupar o devido espaço no debate nacional, regional e local. Tivemos agora a experiência de transmitir o carnaval de Salvador ao vivo, transmitimos 60 horas ao vivo. Transmitimos do Paulinho da Viola ao Igor Canário, um ar-tista local da periferia de Salvador que mobi-liza uma massa bem maior que Ivete Sangalo e outros mais conhecidos do Sudeste.”

Renato Feitosa, do FOPECOM e CCLF: “A publicidade institucional não poderia ser uma fonte de financiamento regulada para produção de conteúdos no âmbito da comuni-cação pública, uma vez definidos os critérios da linha desses conteúdos em acordo com os objetivos da comunicação pública?Emissora é quem emite o sinal, acho uma coisa estranha essa obrigação em produzir conteúdos, não é o que a gente vê na tradição da TV pública em

outros países.Acho interessante essa coloca-ção da relação produção e emissão de conte-údos, o que é um pouco a característica da história da nossa televisão, a TVs comerciais são também polos de produção. Uma questão que passa a meu ver pela democratização da comunicação, ou seja, o caminho pelo qual poderíamos debate e sugerir mudanças sobre o tratamento da questão.”

Renata Mielli, do FNDC: “Em São Paulo, nós temos lá a tradição de luta pela preservação da TV Cultura, uma questão em especial contradiz um pouco a linha desse debate, temos nos posicionado contra a uma tendência de terceirizar a produção da TV Cultura em defesa dos quadros profissionais da emissora. Ou seja, isso acontece ao mes-mo tempo em que pregamos a ampliação dos espaços para aproveitamento da produção in-dependente.”

Tibico Brasil, diretor da TV Ceará: “O ano passado começamos a exibir um pro-

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grama chamado “Conexões periféricas”, tem sido uma experiência muito rica e colabora-tiva, o programa é inteiramente produzido por jovens da periferia de Fortaleza. Uma experiência que tem gerado respostas posi-tivas externas e internas, do público em ge-ral e do nível de envolvimento dos servidores expresso com carinho.Outra experiência vi-tal foi resultado de uma convocatória para a produção independente local e regional vi-sando rever, discutir e melhorar a qualidade dos conteúdos, o que vem sendo uma experi-ência igualmente rica e dolorosa, na medida em que descobrimos o acerto da indagação de Israel: qual o conteúdo e qual TV pública que queremos fazer, ou seja, estamos bus-cando isso ao vivo, cara a cara com as pessoas envolvidas. ”

Ivan Moraes Filho, do CCLF: “An-tes dos palestrantes quero dar minha visão sobre a questão produção independente e terceirização da produção de conteúdos. A terceirização é diferente da abertura para a produção independente, a produção indepen-dente tem a prerrogativa de realizar coisas que não serão feitas numa emissora, mesmo sendo pública, uma vez que os recursos para essa produção já estão assegurados por um fundo democrático, temos a liberdade de di-zer tudo e elevar o grau da crítica. Crítica que, na privada, tem que passar pelo crivo dos anunciantes. Acho que o grande desafio é conseguir separar o que é terceirização e o que é produção independente.”

Prof. Danilo Rothberg: “A questão do Flávio sobre credibilidade, como a TV públi-ca consegue. Quando essa pergunta é feita damos como suposto que não há mais o tra-tamento dito “chapa branca” e não é bem assim. Ainda há muito essa tendência o que prejudica um pouco a questão. Quando es-tudei os documentos de criação da BBC em 1922 me deparei com questões semelhantes

a essas que nos colocamos aqui. Então como obter credibilidade, me parece que não há como escapar de ter como guias códigos edi-toriais, que coloquem em prática equilíbrio, pluralidade, etc.O investimento de verbas públicas em publicidade institucional na co-municação pública é uma possibilidade viável e com alguns exemplos bem-sucedidos, em alguns estados, que podem seguir o caminho da regulamentação.A produção independen-te é uma linha de contribuição da sociedade para a produção de conteúdos, a BBC inclu-sive assegura isso estabelecendo percentuais de ocupação de espaços na programação com contribuição da produção independente, 40% da programação do horário nobre tem de ter essa origem. A ideia de “indústria criativa” no contexto inglês surgiu dessa associação entre a BBC e a produção independente. ”

Israel do Vale: “O fundamental é o se-guinte, a gente precisa se posicionar em con-traponto à televisão comercial, a primeira forma de se conseguir fazer isso é construir uma televisão mais porosa, uma televisão mais permeável, aberta a novos fluxos. Uma televisão menos vertical que é o modelo da TV comercial, a televisão pública não deve ser refém desse modelo, vamos reinventar essa lógica.O caminho para fazer isso é en-volvendo a sociedade de todas as formas, por meio de editais para a sociedade organizada em torno da engrenagem da produção au-diovisual, estimular a organização de outros segmentos e criar as oportunidades para essa colaboração.O essencial pra mim é criar no-vos campos de diálogo, quando a gente fala em contratar a produção independente não é pra fazer o que a gente já faz em casa não tem sentido, a grande vantagem da convoca-ção por editais é provocar polifonias, outros olhares, outras visões, outro segmentos so-ciais para renovar.”

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MESA 4 a radiodifusão públicana américa latina

Prof.º Dr.ºMARTIN BECERRA, Universidad Nacional de Quilmes, ArgentinaOCTÁVIO PENNA PIERANTI, Secretário Executivo do Ministério das ComunicaçõesmediaçãodoProf.ºDr.ºJULIANODOMINGUES,coordenadordocursodejornalismoda Universidade Católica de Pernambuco

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Prof.º Dr.º MARTIN BECERRA, Universidad Nacional de Quilmes, Argentina

O professor Martin Becerra fez sua exposição baseada numa contínua pesquisa e reflexãoquedesenvolve sobreamídianaAmérica Latina, em especial as experiências de uma década visando estabelecer a televi-são pública nos países que integram a região.

“Nosso tema são as emissoras públicas de televisão na América Latina. Em princípio, quais são as tendências históricas com todas as diferenças que temos como região, há al-gumas tendências coincidentes que conjugam as indústrias culturais indústrias dos meios, em particular a televisão. A lógica comercial que predomina entre os meios de comunica-ção de modo que qualquer outra lógica par-te em desvantagem; concentração geográfi-ca da produção de conteúdos; concentração das propriedades dos meios em poucas mãos; escassa regulação e forte controle governa-mental.”

“A América Latina é uma das regiões mais desiguais do mundo, em consequência essa desigualdade, esse desequilíbrio socioe-conômico tem como correlação um grau defi-citário de acessos aos bens e serviços da cul-tura de massa, obviamente atravessado pela fratura socioeconômica.”

“Há uma crescente inter-relação com as telecomunicações, como já foi dito aqui, cada vez as concentrações mais convergentes e a presença crescente de capital financeiro que estabelecem ao setor dos meios de co-municação uma busca imediata de rentabi-lidade própria da lógica do setor financeiro.Também caracterizam nossa região a marca da concentração dos meios de produção de conteúdos, com exceção talvez da Colômbia. Outro aspecto que se destaca na América La-tina, comparativamente com outras regiões

do mundo, muito pouca regulação dos meios, a lei de regulação no Brasil é de 1962. No Uruguai é de dezembro do ano passado, até então não havia nada de regulação e muito controle, até a publicação da lei das conces-sões ou licenças para explorar a mídia eletrô-nica eram eternas, os proprietários não paga-vam nenhum tipo de imposto. Isso é comum na América Latina.”

“Na América Latina há pouca regu-lação e muito controle dos meios, esse é o paradoxo de uma perspectiva liberal rústica, o controle dos meios é uma negociação por baixo da mesa entre grandes e poucos grupos de meios e governos. Essa é a história que se conhece, assim se regula de fato. Se há con-centração de propriedade dos meios já é uma regulação, porque a economia se regula na concentração em poucos grupos.”

“Ausência de serviços públicos de co-municação não governamentais, quando digo que na América Latina há acessos restritos aos serviços da cultura industrializada e comercial, que o comercial tem tutelado a evolução do sistema de meios, entendemos a dificuldade de iniciar e desenvolver servi-ços públicos de comunicação. Ao contrário da Europa, onde existe também uma presença forte da mídia privada mas há atores públi-cos com décadas de tradição com uma lógica que não é comercial.”

“Nas últimas décadas experimentamos algumas transições, em especial no cone sul latino-americano, que combinam recupera-ção da democracia com desenvolvimento tec-nológico e participação social. O movimento das rádios comunitárias tem sido forte em alguns países. O desenvolvimento tecnológi-co tem propiciado experiências paralelas de televisão aberta e paga, globalização, digi-talização de processos produtivos, internet e aparelhos móveis, em uns países de forma mais veloz e outros mais lentos.”

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“Diria que o México é um caso extraor-dinário para pensar, em que o governo avan-çou com uma regulação muito ambiciosa que põe limites a concentração da propriedade dos meios, que estabelece contrapartidas de interesse público.Não há na América Latina clareza em torno do conceito do que é públi-co nesse campo, escassa tradição a respeito. Público é o contrário de privado? Público é estatal? Estatal é governamental?”

“Eixos de reflexão e em torno dos quais devem girar políticas públicas de co-municação. Cobertura geográfica: relevância de espaço local na programação. Acesso so-cial: conteúdos significativos e atuais; base audiovisual aberta on-line. Quem e como de-cide: perfil institucional e governamental; participação social; critérios de relevância e audiência. Quem e como financia. Publicida-de, apoios institucionais. Quem programa e como programar. Agenda pública; terceiriza-ção; critérios de diversidade interna e exter-na; inovação e criatividade; informação com jornalismo de qualidade.”

“Alguns desafios e dificuldades. Perfil de emissora generalista em tempos de seg-mentação por meio de aparelhos móveis. Descontinuidade de gestão e de programa-ção. Relação entre conteúdos e organizações sociais. Equilíbrio entre obrigação e relevân-cia de atos de governo sem detrimento do ca-ráter público não governamental da emisso-ra. Escasso aproveitamento de conteúdos em outras plataformas e/ou aparelhos móveis, se possível com adequação às respectivas lin-guagens. Não perder de vista a relevância e audiência qualificada como medidas e crité-rios de produção. Assegurar acesso e partici-pação pública.”

OctavioPennaPieranti,secretárioexecutivodoMinistériodasComunicações

O Octavio Pieranti centrou sua exposi-ção com a experiência do gestor público que temlidadocomdiversasquestõesobjetodereflexãodasmesasdoseminárioeemespe-cial desta.

“Considerando em perspectiva pelo que passamos nos últimos anos, organização do fórum das TVs públicas, criação da Em-presa Brasil de Comunicação, conferência nacional de comunicação, com vários de vo-cês nessas mesmas lutas, vendo esse passado, olhando o presente e o potencial da radiodi-fusão pública num futuro próximo acredito que não há outro caminho a não ser otimis-ta.”

“Começando especificamente sobre expansão. Há décadas se diz que a radiodi-fusão pública não se expandia, dentre outros motivos por causa da falta de outorgas. O Estado não outorgava ou as outorgas eram discricionárias sem critérios objetivos e não se conseguia criar e consolidar um campo público capaz de estar presente em grandes municípios brasileiros. Felizmente esse tem-po acabou, desde 2011 esse não é mais um problema.”

“Hoje todo o rito de outorga e de ex-pansão da radiodifusão pública está calcado numa estratégia de política pública que tem como elemento central os planos nacionais de outorgas. O Ministério das Comunicações desde 2011 vem publicando planos nacionais de outorgas e avisos de habilitação para ra-diodifusão comunitária, para radiodifusão educativa e para retransmissoras de televi-são. Esses planos nacionais de outorgas são a reunião de avisos de habilitação, a reunião de editais públicos divulgados com muita an-tecedência e indicam quais as cidades con-templadas. No caso da radiodifusão comu-nitária, ao longo desses quatro anos, foram mais de 2500 municípios contemplados. No

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caso da radiodifusão educativa foram cerca de 600 municípios contemplados, o atual Pla-no Nacional de Outorgas conta com 375 mu-nicípios.”

“Há novas possibilidades de novos ato-res nesse setor e um ponto importante no caso da radiodifusão educativa é a priorida-de conferida por norma a entidades públicas, ranqueadas numa ordem de preferências, primeiro as universidades federais, estaduais em segundo, assim por diante. Se uma enti-dade pública decide em concorrer, ela tem uma boa possibilidade de conseguir uma ou-torga. Aliado a isso, há um esforço de desbu-rocratizar o processo no ministério, hoje esse entidade que decide concorrer tem de apre-sentar um único requerimento disponível no site do próprio ministério.”

“Acho importante frisar que avalio como fundamental para vitalidade da radio-difusão pública investir em dois meios. Pri-meiro dele é o rádio. Pode parecer estranho falar disso a essa altura do campeonato, mas acredito que o rádio ainda é um elemento central na vida de boa parte da população brasileira. O segundo é a televisão digital que terá atualidade ainda por muito tempo junto à população e na medida em que haja expansão da internet, a televisão tem tudo para experimentar sua própria expansão não no formato convencional de conteúdo, mas se adequando e explorando as inúmeras pos-sibilidades das novas plataformas.”

“No Ministério das Comunicações, nos preocupa haver ainda muito atraso no pro-cesso de digitalização das emissoras públi-cas, em alguns municípios que serão desliga-dos em 2017, a emissora pública local ainda não está operando com sinal digital. Imagino que haja um cronograma das emissoras para isso, mas convém acelerar.”

Umadasestratégiasnecessáriasnocampopúblico é a busca por parcerias com outras

entidades do campo público.

“Por último, acho importante a gente fazer uma reflexão sobre a importância da radiodifusão pública. Estou querendo falar de relevância da emissora pública para a co-munidade local, na verdade a pergunta que cada um de nós tem de fazer. Se a emisso-ra pública do meu município, do meu estado finalizasse sua atividades hoje a população sentiria falta? Se a resposta for não temos um problema grande. Acho que a população sentiria falta em alguns estados e em outros menos ou não. A relevância é máxima do ser-viço público, não havendo relevância não há justificativa.Como alcançar essa relevância? Necessário construir e consolidar uma audi-ência qualificada e se colocar politicamente como uma forma alternativa de fazer comu-nicação, claro, ao mesmo tempo buscar cria-tivamente o diálogo com a sociedade que em essência o sentido com o qual forjamos a re-levância.”

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debates da mesa 4

Cátia Oliveira, da FOPECOM: “As emissoras privadas já se beneficiaram com uma linha de financiamento do BNDES. Qual a perspectiva de algo semelhante ocorrer vi-sando acelerar o processo de digitalização das emissoras públicas, como bem alertou o secretário Octavio Pieranti?”

Osnaldo Moraes, Sindicato dos Jor-nalistas de PE: “Qual o padrão digital para rádio? Não há clareza a respeito, alguns em-presários não se sentem seguros em buscar investimentos nessa linha. Quais os critérios de outorgas de rádios comunitárias?Sempre que se fala a respeito chegam denúncias de que segmentos não previstos em lei estão explorando indevidamente.Existe a preocu-pação com a sustentabilidade dessa leva de outorgas que o ministério vem concedendo, evitando que as mesmas não consigam seu in-tento, que essas TVs públicas realmente fun-cionem?”

Juliano Domingues, mediador da mesa: “Há uma questão falsamente exclu-dente entre televisão e internet que suscita a questão: ainda faz sentido investir em tele-visão? De certa forma já houve resposta para a questão, em especial através de Juliana Sawaia, mas gostaria de tornar a levantá-la para os integrantes desta mesa.”

Octavio Pieranti: “Desde 2006 todas as

emissoras estão informadas da necessidade e urgência da digitalização. Foi aberta uma li-nha investimento pelo BNDES e pouquíssimos candidatos apresentaram projetos, o que sabe é que as emissoras não conseguem reu-nir a documentação necessária para se habi-litarem e ter o projeto aprovado pelo BNDES. É um banco que atende a todos os segmentos sem regras específicas para a radiodifusão. Vários bancos públicos ou privados oferecem linhas de financiamentos para equipamen-tos. O orçamento para digitalizar uma emis-sora hoje é muito menor do que foi quatro cinco anos atrás, é alto mas não é nada que inviabilize a digitalização dessas emissoras. Em suma, o espaço para diálogo existe com recursos e mecanismos para isso. Não estou menosprezando a realidade de nenhuma re-gião ou empresa, entidade que opera na ra-diodifusão pública, mas é necessário um pla-nejamento e arcar com esses custos.O padrão digital de rádio não foi definido, na verdade porque houve uma diminuição do interesse. Acredito que esse tema voltará à discussão, mas não há hoje um cronograma para uma definição a respeito.”

“Desde 2011 tem sido feita a revisão de normas fazendo com que a entidades co-munitárias sejam abertas à participação de toda a comunidade, acredito que as outorgas de 2011 em diante já estejam enquadradas a elas. Existe um problema de financiamen-

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to dessas emissoras e que requer alteração da legislação da radiodifusão comunitária, problema que abre algumas brechas que ge-ram desconformidade de fontes de recursos.Os canais do poder executivo são projetos antigos, NBR, TV Escola, Canal Saúde foram criados na década de 90. O Canal Saúde nasce duma parceria com a EMBRATEL estatal em 94, são projetos que estão aí há muito tempo e passaram por diferentes momentos orça-mentários e sobreviveram. Toda essa expan-são tem sido objeto de consideração de cada órgão e a realidade potencial financeira dos próximos anos.”

“O rádio e a televisão ainda persisti-rão por muito tempo como meios inseridos no cotidiano dos brasileiros, a internet não vai acabar com eles, mas como já afirmei irá propiciar uma expansão e readequação des-ses meios”. A radiodifusão ainda é a melhor forma de se massificar uma informação no

país, além disso, se falamos de uma radio-difusão pública que busca relevância, que se pauta pela afirmação política e pela busca de um projeto alternativo de comunicação, tudo isso resulta em credibilidade, algo que a internet por suas próprias características dificilmente alcançará. Faz sentido sim con-tinuar investindo na radiodifusão.

Martin Becerra: “Concordo com Octa-vio, esse é um período de transição no qual a radiodifusão segue obtendo audiência mas-siva mesmo com a descoberta dos aparelhos móveis com acesso a internet, como bem apontou a Juliana esta manhã. Claro, sem perder de vista que é preciso delinear poli-ticamente com quem e para quem estamos fazendo comunicação, essa é uma questão anterior aos novos meios tecnológicos. Modo pelo qual é possível ordenar a utilização si-multânea e paralela de todos esses recursos, sem descarte de um ou do outro.”

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3. Contextualização da TVPE: histórico, legislação e tecnologia

Apresentação sobre a EPC/TVPE

Guido Bianchi, EPC - diretor presidenteWellington Sampaio, EPC - diretor técnicoCátia Oliveira, conselheira representante do Conselho de AdministraçãoJoão Paulo Quérette, iMagenhariaMarcílio Ferreira e Jeferson Guedes, Porto Zero

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A proposta de introduzir no seminário uma contextualização sistematizada sobre a TV Pernambuco foi motivada pela necessidade de apoderar os participantes de seu processo histórico e de informações, dados e propostas acerca da estrutura técnica, administrativa, jurídicaeoperacionalpara:a)obterumare-flexãocoletivaobjetivaecircunstanciada;b)subsidiar os grupos de trabalho temáticos e c) possibilitar o nivelamento da situação atual daTVPEcomasreflexõesapresentadaspelasmesas de debate.

Guido Bianchi, EPC - diretor presidente

Guido Bianchi iniciou sua fala apresen-tando um breve histórico sobre a TV Pernam-buco a partir da Fundação da TV Tropical, ge-radoraemCaruaru-Canal12-erepetidoranoRecife-Canal9-afiliadaaoSBTaté1987.ATVTropical,em1988,mudasuadenomina-ção para TV Pernambuco, integrando o Siste-ma DETELPE (autarquia estadual).

Duranteosperíodosde1987-1990ede1995-1998, aTVPE tornou-se um veículo deinformação e entretenimento regional com repercussão em sua audiência. No período de1999à2006tantoaTVPEquantooDETEL-PE experimentam diversos arranjos institu-cionais e seu patrimônio sofre forte processo de abandono e sucateamento.Em 2000 o ca-nal9/VHFdoRecifefoirepassadoparaosDi-áriosAssociadossendodestinadoocanal46/UHF para a retransmissão na região metro-politanadacapital.Em2003-2005oDETELPEtransforma-se em Sociedade de Economia Mista. Posteriormente,em Unidade Técnica daSECTMA.NesteperíodoécriadaaOS/MO-Vimagem.

Durante a primeira gestão do governo Eduardo Campos instala-se um processo de reformulação da TV Pernambuco. Entre 2009-2010 o Governador reúne-se com represen-

tantes da sociedade civil e inicia a discussão acerca de uma nova TV Pernambuco enquanto emissora pública.É nomeado grupo de traba-lho para elaborar diagnóstico e a proposta de reestruturação da TVPE. Encerra-se o contra-todegestãocomaOS/MOVimagem.Em2011O GT conclui seus trabalhos e o Governo Esta-dualencaminhaProjetodeLeiàAssembleiaLegislativa que autoriza, por unanimidade, a criaçãodaEPC.ALei14.404épublicadaem22desetembrode2011.

Em 2012 a TV Pernambuco continuasob a gestão do DETELPE são iniciadas as dis-cussões para a elaboração do Estatuto Social o levantamento dos bens patrimoniais para composiçãodocapitalsocial.Emjaneirode2013decretoaprovaoEstatutoSocialdaEPC.São nomeados diretores para a implantação formalejurídicadanovaempresa,apoiadospela UT/DETELPE.Elabora-se o Plano Estra-tégico de Digitalização do Sistema e o Plano Inicial de Estruturação proposto para a LOA 2014.EmsetembrotomaposseoConselhodeAdministração. É apresentado o Regimento Interno, Organograma e Quadro de Pessoal. Em2014aEPCentraemoperaçãomantendoos mesmos níveis orçamentários e de pessoal daUT/DETELPE,osdoisdiretoresnomeadoscom pequena ampliação posterior.

Nesse breve histórico ressalta a instabi-lidade organizacional e conceitual vivida pela TV Pernambuco como, também, a carência de investimentoscalçadosemprojetoscon-sistentes de estruturação e posicionamento estratégico no espaço da radiodifusão esta-dual. Como resultado consolidou-se ao longo do tempo a depreciação, o sucateamento e a defasagem técnica, estrutural e operacio-nal da emissora, e um total abandono de suas potencialidades naturais pela falta de visão pública e convencimento político.

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EPC/TVPernambuco.Umanecessidadedemocrática.

Não obstante, surge a EPC consciente da importância da transformação da TV Pernambu-co em uma emissora gerida a partir dos princípios éticos e legais no âmbito da comunicação pú-blica,emquegovernoesociedadecivilcriamumnovoperfilparaaemissora,visandoumnovomodelo de programação que respeite os direitos humanos, a cidadania e a valorização de nossa cultura por meio do fomento da produção audiovisual própria e independente, da modernização técnica e operacional em atendimento às inovações tecnológicas e como canal de promoção da indústria do conhecimento, da liberdade de expressão e da integração regional.

Alei14.404de2011eodecreto39.073de2013definiramfinalidades,princípioseob-jetivosdaEPC/TVPE.Sãoeles:Atenderaconstituiçãoquantoacomplementaridadeentreossistemas privado, público e estatal. Incluir a sociedade civil em seu conselho de administração. Fomentar a construção da cidadania, a consolidação da democracia e a participação da socie-dade garantindo o direito à comunicação, informação e à livre expressão do pensamento com respeito a diversidade social, pluralidade de ideias e promoção dos direitos humanos. Direcionar oconteúdodesuaprogramaçãoparaasfinalidadeseducativa,artística,cultural,informativa,científicaecidadã,emparceriacomaproduçãoindependente,cooperandocomosprocessoseducacionais e de formação do cidadão e no desenvolvimento de sua consciência crítica. Nesse escopojurídiconota-seoalinhamentoconstitutivodaEPC/TVPEparacomaslinhasgeraisdepensamento apresentadas nas mesas de debate no primeiro dia do seminário.

Dando sequência foram apresentadas as ações gerais necessárias que ainda perduram:Planejamentoestratégicodagestão;regularizaçãojurídica/técnicadasoutorgasesuas RTVs; estruturação da empresa; requalificação e capacitação técnica e administrativa;digitalização do sistema de exibição e da malha de transmissão; reavaliação do modelo de ra-diodifusão. E as ações na infraestrutura: Repensar as instalações prediais de Caruaru, Recife e Garanhuns; reequipar e modernizar as áreas de captação e edição; ampliar a base de exibição complementar para multiplataformas; redimensionar o sistema de transmissão analógica exis-tente:Manutençãodaoutorgadegeração;reduçãode71para15outorgasderetransmissão.

Wellington Sampaioapresentouemsuaexplanaçãoumconjuntodeavaliaçõesepropos-tas abrangendo a área de técnica de engenharia. Como ponto central a questão da DIGITALIZA-ÇÃODOSISTEMADETRANSMISSÃOcomprazoslegaisassimdefinidos:

• DigitalizaçãodageradoradeCaruaru-imediata

• DigitalizaçãodaretransmissoradoRecife(RM)-julho/2017

• Demais15cidades-novembro/2018(desligamentoanalógico)

AcrescentouaindaváriostópicosrelativosasituaçãoatualdaTVPE:

• 29retransmissorasemfuncionamentoprecário

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• 34retransmissorasforadoar/desativadas

• 08retransmissorasemsuspenso

• Sucateamentodeabrigos,torreseequipamentos

• DescumprimentodasnormasgerandonotificaçõesdaANATEL

• Recuperaçãoinviáveldamalhaatualderetransmissãoanalógica

• Restriçãoorçamentária

E as demandas mais urgentes:

• DigitalizaçãoimediatadageradoraemCaruaru

• Modernizaçãoda infraestruturadebandabásicaparaHDeSD(estúdio,centraltécnica e controle mestre).

• Criaçãodeumfluxodetrabalhobaseadoemarquivos(ingest,armazenamento,edição, catalogação, Busca, exibição, arquivamento).

• IntegraçãodaspraçasRecifeeCaruaruatravésdesistemaavançadodetransferên-cia de arquivo.

• Criaçãodoacervodigital(CDOC)noRecifeecompartilhadocomCaruaru

• Instalaçãodesistemadetransmissãomultiplataforma:TVabertadigitalcanal45,TV a cabo mais servidor de streaming para internet e dispositivos moveis.

Diante desse quadro formulou a seguinte proposta:

• DigitalizaçãodageradoradeCaruaruem2016

• DigitalizaçãodaretransmissoradoRecife(RM)emjulho/2017edemais15cidadesaténovembro/2018

• Recuperaçãotécnicaeregularizaçãonormativade15retransmissorasanalógicasmantendo o sinal presente no Estado

• Aquisiçãodeunidademóvelparagravaçãoetransmissãoaovivo

• Devoluçãoimediatadas56outorgasanalógicasrestantes

SegundoestimativasgeraisfeitaspelaequipedaEPC/TVPE,oinvestimentonecessáriosãodaordemdeR$12,9milhões,assimdistribuído:

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• GeradoradeCaruaru=R$3,2milhões

• RetransmissoradoRecife(RM)=R$2,2milhões

• Retransmissoraparademais15cidades=R$3,4milhões

• Recuperaçãoeregularizaçãode16retransmissoras=R$800mil

• Unidademóvel+UpLink=R$1,8milhão

• SistemaFotovoltaicoem04unidades=R$1,5milhão

Retomando a sua exposição, Guido BianchiafirmoucomrelaçãoasustentabilidadedaEPCqueasemissoraspúblicas,educativaseculturaistemsidomantidasefinanciadasbasica-mente com recursos públicos de dotações orçamentárias. Receitas próprias oriundas de suas atividadestempesocomplementar.ApartirdacriaçãodaEBC/TVBrasil,nomodelodeempresapública,seguidopelaEPC/TVPernambuco,foramampliadasascondiçõesepossibilidadesdecaptaçãovisandoumfuturocomautonomiaeautossuficiênciafinanceiracomaparticipaçãodoestado. Como exemplo da dimensão do montante anual de recursos oriundos de dotações orça-mentáriaspara2015revertidosparaalgumasTVspúblicasbrasileirasapresentouosseguintesnúmeros:

EBC-TVBrasil:R$536milhõesTVCulturaSP:R$173milhõesTVEBahia:R$30milhões

RedeMinasMG:R$26milhõesTVEscolaMEC:R$20milhõesFuntelpaPA:R$13milhões

TVERS:R$9milhõesTVAperipê:SER$9milhõesTVCeará:R$6milhões

TVCulturaAM:R$5,5milhõesTVEAL:R$5,3milhõesTVPE:R$2,7milhões

AnaturezajurídicadaEPCpermitecomopossíveisfontesdecaptaçãoderecursosnãoapenas as dotações orçamentárias mas, também, a exploração de serviços conexos e o compar-tilhamento de infraestrutura; a prestação de serviços, distribuição de conteúdo, programação, licenciamento de marcas e produtos, locação de equipamentos; apoio cultural de entidades públicas ou privadas; publicidade institucional de entidades públicas ou privadas; recursos dos sistemas instituídos por leis federais, estaduais ou municipais; recursos provenientes de acor-dos, convênios e contratos com entidades nacionais ou internacionais, públicas ou privadas; rendimentosdeaplicaçõesfinanceirasedeoutrasfontescompatíveiscomoseuregimejurídicoefinalidades,etc.AtualmenteasuacaptaçãoprópriaseconcentranocompartilhamentodeInfraestrutura e, residualmente, no apoio cultural e na publicidade institucional. A médio prazo

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podem ser incorporadas receitas provenientes de serviços conexos de radiodifusão pública; da parcela da Contribuição para o Fomento da Radiodifusão Pública; do compartilhamento de In-fraestruturacomaTVALEPE;deinvestimentoscomfinanciamentoseoutros.

Multiprogramação:Um novo horizonte para a comunicação pública de PE.

Tendências recentes de desenvolvimento do setor apontam para a possibilidade da mul-tiprogramação com a prestação de serviços de transmissão, com parcerias institucionais, para maistrêscanaispúblicos:oCanaldoExecutivo(GovernodoEstado-SEI);oCanaldaEducação/CT&I (SEE e SECTI) e o Canal da Cultura (SECULT-FUNDARPE) ampliando enormemente a oferta da comunicação pública aos cidadãos, disseminando informação como serviço público, com-partilhando a sustentação operacional inclusive fora do âmbito governamental, além de gerar oportunidades de trabalho, renda e desenvolvimento humano, cultural e social.

Acrescentou diversas informações complementares como as parcerias institucionais ini-ciadascomEBC/TVBrasil-RedeNordestinadeTVsPúblicas,ANCINE,MPPE,ALEPE,SECULT/FUNDARPE, SECMULHER,UFPE Agreste, UPE, AESO, CEPE, Porto Mídia, Espaço Ciência,Prefeituras do Recife e Olinda, ACERP TV Escola (MEC).

AcomposiçãodoquadroprofissionalatualdaEPC/TVPEengloba66servidorese15pro-fissionaisterceirizadosdispostosdaseguinteforma:

Direção-03nomeadose01servidor Administração-22servidorese02terceirizados Financeiro-04servidorese01terceirizado Jurídico-02servidores Técnica-04servidores TécnicanúcleoOlinda-07servidores TécnicanúcleoCaruaru-16servidores TécnicanúcleoCustódia-04servidores TécnicanúcleoSalgueiro-06servidores NúcleoProgramação/Produção-09terceirizadose03Estagiários.

Em sua programação atual, em que pese a estrutura mínima existente e a falta de recur-sos para custeio de sua produção audiovisual, a TV Pernambuco realiza a transmissão de even-toscomoocarnaval,SãoJoão,FIG,Fenearte,Mimo,etc.Editainterprogramasjornalísticose

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culturaiscomooTVPECultura(literatura,audiovisual,música,teatro)/TVPEEsporte/TVPEEconomiaepolítica/TVPEEducação&CiênciaTVPECidadania/TVPEMulher/TVPEDireitosHumanos/VotaPernambuco/TVPEMicrocefalia/TVPECarnaval.EtemosprogramassemanaisBalaio (revista cultural) e Pensando Alto (entrevistas). E mantém o espaço aberto para a produ-ção independente com a exibição de diversas produções locais: Cine Pendrive (Curtas e vídeos); Brasil,CordeleRepente(Música);PéNaRua(Cidadeecidadania);TodaMúsica(Músicade/emPernambuco); Mais Radical (Esportes radicais no interior do Estado); Meio de Campo (Esportes); Sessão Pernambuco (Cinema); Carroça do Tio Neco (Infantil); A Turma do Xaxado (Infantil); Re-cife Monumental (Patrimônio histórico); Guia do Recife (Turístico-cultural); O Valor das Ruas (Social); Ao Vivo na Várzea (Música); MPPE Em Foco (Cidadania); Animacine (Animação).

CátiaOliveira–conselheirarepresentantedoConselhodeAdministraçãodaEPC

Cátia Oliveira apresentou um relato analítico acerca do Conselho, sua composição, atri-buições e competências a partir do que está estabelecido na lei de criação da EPC, no estatuto social e no regimento interno. O Conselho de Administração, órgão de caráter deliberativo conta comaparticipaçãodasociedadecivilemsuacomposiçãoedesdeasuainstalaçãoem18desetembrode2013,acumuloucomoprincipaisdeliberaçõeseencaminhamentos:

AprovaçãodoOrganograma AprovaçãodoRegimentoInterno AprovaçãodoPlanodeEstruturação2014-2ªVersão EncaminhamentodoPlanodeDigitalização2016 AprovaçãodaparceriacomaEBC/TVBrasil Aprovaçãoparalicitaçãodeserviçoscontábeis EncaminhamentodoquadrodecargosparaaSAD

EncaminhamentodepropostadeseleçãosimplificadaparaaSAD

EncaminhamentodoPlanodeEstruturação2015

EncaminhamentodoPlanodeDigitalização2015/2016

Aprovaçãodaprestaçãodecontas2014

OConselhoécompostopor06representantesdesignadospeloGovernoEstadual(Secre-tarias de Ciência, Tecnologia e Inovação, Imprensa, Casa Civil, Educação, Cultura, PGE e su-plentes);06representanteseleitosdasociedadecivilesuplentes;01representanteindicadodaAMUPE.Temmandatode03anosereuniõesordináriastrimestrais.Aprimeirareuniãofoiem19

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desetembrode2013eaúltimaem14dedezembrode2015.Atéhojerealizaram-se06reuniõesordináriase03reuniõesextraordinárias.

Processos que antecederam à criação da EPC. Desde a conferência nacional de comuni-cação até o grupo de trabalho que elaborou o relatório denominado “Essa TV vai pegar”; apro-vação na ALEPE da lei que criou a EPC e o decreto que autorizou o Estatuto Social.Desenho da estrutura administrativa da EPC: I - Assembleia geral; II - Conselho de administração; III - Dire-toria executiva.

Funcionamento e desenho institucional do Conselho de Administração

Instância na qual se viabiliza a participação social na gestão da empresa, por meio dos seis representantesdasociedadecivilescolhidosemeleiçãocujoscritérioseconvocaçãosedá por meio de edital para um mandato de três anos e renovável por mais um ano. E mais seis representantes de secretarias de governo e um representante da Associação Municipalista de PE. O Conselho de Administração realiza uma reunião ordinária a cada três meses e extraordi-nariamente sempre que convocado por seu presidente ou por dois terços de seus integrantes. As decisões serão votadas por maioria simples, havendo empate caberá ao presidente o voto de qualidade.

PerfilousadodoConselhodeAdministraçãocomatribuiçõeseresponsabilidadesdevotoe de veto em torno das ações formuladas pela direção executiva da empresa, que avançou em relação, por exemplo da EBC, que tem atributo de curadoria. Não obstante, mesmo com esse perfilousadoseudesempenhoficouaquémemfacedaempresaaindanãoterrecebidoosinves-timentosnecessáriosparafinalizarsuaimplantaçãoeiniciaraestruturaçãoprevistanosplanosapresentados.

A diretoria executiva composta pelo diretor presidente, diretor vice-presidente, diretor deadministraçãoefinanças,diretordeengenharia,tecnologiaeoperações;diretordeprogra-maçãoeprodução;diretordeprojetosinstitucionaiseumdiretordejornalismoeesportes.AEPC tem no presente apenas os três primeiros diretores nomeados e um gerente administrativo.

João Paulo Quérette da empresa iMagenharia

João Quérette falou sobretecnologia e digitalização da radiodifusão. Existem duas gran-desvantagensemtornarumsistemadigital,sejaaudiovisualounão.Aprimeiradizrespeitoaos equipamentos. São mais leves, mais compactos e capazes de processar qualquer tipo de conteúdo porque usam uma língua, um código. São por essa característica também denominados processadores, e por utilizarem uma mesma língua são capazes de se comunicarem, máquina com máquina ou via internet. A segunda diz respeito às cópias produzidas em formato digital. São sempre similares ao original.

Na digitalização na radiodifusão essa transformação se processa na produção, a transmis-são e a recepção do sinal audiovisual. Tudo mudou na produção de conteúdos com a revolução digital, a começar pelas câmeras que tornaram-se capazes de alterar a resolução das coisas que

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agentevê,comoavelocidadedeexibiçãoquepodevariarde48a1000quadrosporsegundo.A transmissão pode acontecer de ponto a ponto por via terrestre ou via satélite, processo que também deu saltos qualitativos com a digitalização do trânsito do sinal. Por último a recepção, osresultadosdadigitalizaçãodosaparelhosinfluiudesdeaformadelesatéoresultadoobtidonateladeles,ouseja,umaqualidadeinfinitamentemelhordeáudioeimagem.

PrincipaiscaracterísticasdoSBTVD.Trafeganoespectrode470a745MHz,permitindoumabandade275MHzquepermiteacolher45canais,resultandoem6MHzporcanal.Compres-sãoH.264ouMPEG-4AVC,característicaexclusivadosistemadigitalbrasileiro.UmaqualidadedeimagemFullHDde1920por1080aaté60quadrosporsegundoemresoluçãode16:9Wides-creen.

Marcílio Ferreira e Jeferson Guedes,da Porto Zero consultoria de gestão de processos

Marcílio Ferreira e Jeferson Guedes falaram sobre a necessidade de um “marco zero” para o campo das legislações da radiodifusão e telecomunicações uma vez que os parâmetros legaisaindaemvigênciadatamdadécadade60edesdeentãoosavançostecnológicospedemuma urgente uma readequação das rotinas administrativas e burocráticas do setor. Radiodifusão etelecomunicaçãosãodoissetoresdistintosecomdemandasespecíficasdocampodascomuni-cações.Emfacedisso,umaempresadecomunicaçãonecessitadeconsultoriatécnicaejurídicavisando não apenas a interpretação adequada da legislação, bem como reunir rapidamente e apresentar documentos da empresa exigidos para submissão de cada requerimento, como tam-bém acompanhar o trâmite dos processos nas instâncias ministeriais.

Oespectroderadiofrequênciaéumbemfinitoearegulaçãodoseuusodevepartirdogoverno federal visando melhor atender a expansão de todos os programas de concessões e habilitações para exploração do mesmo.O processo iniciado para digitalização dos meios ele-trônicos é irreversível, não há como deixar de lado, desse modo o nosso papel no processo é de orientarvisandoatendertodasasexigênciasjurídicasetécnicastornando-omaisexequívelemseuscustoserespeitoàlegislaçãoespecíficavigente.

AAnateltemopapeldefiscalizarousufrutodasconcessõeseexigirqueasconcessio-nárias,sejamempresaspúblicasouprivadas,nãooperacionalizemosistemaforadospadrõesoriginaisdoprojetoautorizadopeloMinistériodasComunicações.

AEPCtem72outorgasque,pordiversasrazões,estãoforadessespadrõesejáforamobjetodefiscalizaçãoeemissãodemultas.Adireçãodaempresapretendeenxugaressainfra-estrutura devolvendo ao ministério os pontos que não tenciona digitalizar. Medida acertada para ambas as partes, a empresa que se livra do risco das multas e o ministério que pode que voltar a disponibilizar os canais devolvidos.

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4. Proposições dos grupos temáticos de trabalho

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AformulaçãodepropostasparaodesenvolvimentodaEPC/TVPEcomoprevistonosob-jetivosdoSeminárioseguiuométododeconstruçãocoletivaemGruposdeTrabalhoporeixotemático, organizados da seguinte forma: a) Conteúdo & Participação Social, b) Financiamento & Sustentabilidade, c) Governança & Gestão, d) Tecnologia & Inovação. A seguir estão descritas de forma sintéticas as proposições construídas nos respectivos grupos de trabalho.

Grupo de trabalho 01: CONTEÚDO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Aberturadeeditaisdeincentivoàproduçãoindependentedeconteúdoaudio-visualquecontemplemadiversidadeculturaldoestadoequeestejamvinculadosalinhasdefinanciamentojáexistentesaexemplodoPRODAV/FSA–Ancine;

GarantiadainserçãodeproduçõesaudiovisuaisoriundasdoeditalFunculturaAudiovisual PE na grade de programação da EPC;

Garantiadeumespaçodedifusãodaproduçãoacadêmica,científicaeextensi-va local dentro da programação da TV, com isonomia de investimentos entre todas as áreas de conhecimento.

Espaçonagradedeprogramaçãodirecionadoàamplitudedainformaçãoeàdiversidade do debate que contemplem movimentos sociais, coletivos independentes, mídia livristas e demais setores da sociedade que não têm acesso aos meios de comu-nicação convencionais.

Criaçãodoconselhocuradorcomparticipaçãoparitáriadasociedadecivilego-verno.

Criaçãodeespaçomusicalcomartistasindependentesdentrodaprogramação;

Aumentodofluxodeconteúdosrealizadosporprodutoresdointeriordoestado;

Aumentarasformasdedivulgaçãodocanalemoutrasmídias;

Produzirumespaçoparaqueostelespectadorespossamencaminharseusconte-údos,sejamelescaptadosporequipamentosprofissionaisouamadores(smartphones)efazeraveiculaçãodelesnagradedeprogramação,sejacomoumprogramaoucomo

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material veiculado ao longo do dia (interprogramas). Caberá a emissora receber o con-teúdoeproduzirferramentasdecaptaçãoeverificaraautenticidadedomaterialquelhe será encaminhado, incluindo sua apuração;

Aumentarodebatesobreculturacontemporânearealizadananossaregião.Sejao teatro, cinema, literatura;

Construirnovasformasdeacessoaopiniãodostelespectadoressobreaprogra-mação da TVPE. Possibilidades disponíveis seriam a implantação de uma ouvidoria específica,umnúmerodewhatsapp;

Construçãodeumveículodejornalismoquesejacapazdegerarconteúdosquenão marginalizem os locais e suas fontes, com respeito pelas partes envolvidas, abor-dando os vários lados da história e que assuma seu papel de defensor dos movimentos sociais;

DisponibilizaraostelespectadorestodososmeiosdeacessoàTVparaenviomen-sagens e conteúdos produzidos pela comunidade;

Criarespaçoquecontemplenaprogramaçãopessoasesegmentosperdidosno“anonimato” e recônditos da região metropolitana e demais cidades do estado;

Produzirconteúdoquecontempleouniversodamulherapartirdeconstruçõescoletivas que originem pautas de abordagem dessas questões;

Oscritériosdevemremetercomprioridadeolegítimointeressepúblico,socialecoletivo, dando voz e imagem aos diversos grupos esquecidos pela grande mídia sem reforçar estigmas estampados na grande mídia;

Osconteúdosdevematenderoscritériosdediversidadetemática;pluralidadevozes, representatividade territorial, autoria e colaboração;

Telejornalismocontemplandoo”jornalismocidadão”eadiscussãodotelejorna-lismo tradicional;

Deveterconselhocuradoresistemadeouvidoria;

Asseguraraatuaçãodeestagiáriosestimulandoojovemnalinhadeproduçãodeconteúdos;

Criaçãodechamadasparaeditaisconjuntosparaproduçãodeconteúdodein-teresse das diversas áreas das secretarias de governo (interprogramas, campanhas, minidocs, etc.)

AmarrarascartasdeanuênciaaocompromissoefetivodeveicularoconteúdonaTVPE;

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Ampliarasrelaçõescomasuniversidadeseescolastécnicas,pontosdeculturaeorganizaçõesdoaudiovisual,visandoaçõesconjuntasedeproduçãodeconteúdos;

OconteúdodaTVPernambucodevecontemplartodasasregiõesdoestado:Lito-ral,RMR,ZonadaMata,AgresteeSertão,eassuasespecificidades;

Abordartemascomresponsabilidadesocial:Questõesdegênero,racial,LBGT,religiosas, estatuto da cidade, meio ambiente, violência e culturas locais;

Abrirespaçoparaproduçõesamadoraseindependentes;

Disponibilizartodooconteúdoproduzidoparaolivreacessodapopulação;

Oconselhocuradordeveserformadoporumterçodasociedadecivil,umterçodacomunidadeacadêmicaeumterçodogoverno,comfinalidadededebateroconte-údo;

Implementarumapolíticadeacessibilidadeparapessoascomdeficiência,quecontemple desde a produção de conteúdos (em libras, audiodescrição e demais lin-guagensinclusivas,comoprevêoEstatutodaPessoacomDeficiênciaeaLeidaAces-sibilidade) multiplataforma até a adequação dos espaços físicos da TV para as pessoas portadoras de necessidades especiais;

Estabelecimentodecritériospararecebimentodeconteúdosproduzidosdefor-maindependente,amadorae/oucolaborativa,financiadaounãocomrecursospúbli-cos;

Realizaçãodeaudiênciaspúblicascomapopulaçãoparaavaliaçãodeconteúdoegrade da TV;

Mínimode60%deprogramaçãoregional(NEePE);

Princípios:Compromissocomademocraciaeapluralidadedeideias.

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Grupo de trabalho 02: FINANCIAMENTO E SUSTENTABILIDADE

Determinaçãoporpartedogoverno,mediantedecreto,obrigandoosórgãospú-blicos, autarquias, fundações que recebem recursos do tesouro para gastos com publi-cidadeaalocar20%dosrecursosdestinadosàveiculaçãonasemissorasparaainserçãona TVPE. O decreto também autorizará a pagar o percentual previsto às agências de publicidade;

Propostadeestabelecermecanismosdegarantiadecumprimentodosorçamen-tos,mediantepesquisadeinstrumentosjurídicoselegais;

Identificareresolverosentravesparaorecebimentodosrecursospublicitáriosdo Governo de Pernambuco e da SECOM – Secretaria de Comunicação da Presidência da República;

Criarnormas,editaiscomcontrolesocial–submissãoaoconselhodeadministra-ção – para que produtores independentes possam captar autonomamente recursos com entidades públicas e privadas, através de apoio cultural, exclusivamente para paga-mento de custos de produção e com a devida prestação de contas dos recursos, tendo comoreferênciaoart.10eseguintesdaPORTARIANORMATIVAN°11,DE27DEAGOS-TO2015;

RetomarasnegociaçõesentreaUFPEeaEPCparaarealizaçãodeumconvênioque permita o uso compartilhado da infraestrutura da EPC em Caruaru através do in-vestimento da UFPE;

Convênioscommunicípiosparacompartilhamentonainstalaçãodeequipamentospara os canais da cidadania;

Reverindicativosdeinvestimentoderecursosnaestruturaçãoereestruturaçãode emissoras e retransmissoras, tendo como prioridade a digitalização, remetendo à análise do conselho de administração qualquer demanda por equipamento analógico.

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Grupo de trabalho 03: GOVERNANÇA E GESTÃO

OConselhodeAdministraçãodevesercomposto,majoritariamente,pelasocie-dade civil. Assim, os membros da Direção da EPC só poderão ser exonerados pelo Con-selho e não mais pelo governador - que os nomeia para o mandato (Incluir as regras de EmpresaS.A.cujoconselhoescolheedestituiadiretoria);

Asreuniõesordináriasouextraordináriaspoderãoserconvocadaspormaioriasimples do Conselho de Administração, mesmo em casos de vacância do seu presiden-te.SegundooEstatuto:“§8º.OConselhodeAdministraçãoreunir-se-á,ordinariamen-te, a cada três (três) meses, e, extraordinariamente, sempre que convocado pelo seu Presidente ou por dois terços dos seus membros.”

Instituiçãodeumplanejamentoestratégicodelongoprazo;

Criarindicadoresparaavaliarocumprimentodasmetasestabelecidasedivulgaros resultados;

Pensaredebaterformasdeumamaiorparticipaçãoemonitoramentonagestãopor parte da sociedade com a utilização das tecnologias de comunicação e informação como, por exemplo, a transmissão das reuniões do Conselho de Administração;

Porempráticaoqueprevêalegislaçãoparaacontrataçãodepessoalpormeiode concurso público;

CumpriraLeideAcessibilidade(RETIRAR-queprevêacontrataçãodeintérpretede Libras nos programas exibidos na grade);

CumpriraleiqueprevêauditoriainternaeinstituiaOuvidoria;

CriarprogramasdeaperfeiçoamentodagestãodaEPC;

CriarumasecretariaexecutivaqueassessoreoConselhodeAdministraçãonosaspectosjurídicosecontábeis;

AmpliarovalordarubricadestinadaàEPC,deacordocomoPlanejamentoEstra-tégico da empresa.

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Grupo de trabalho 04: TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

CompartilhamentodeantenasentreTVUeEPCéfundamental,especialmenteporque a antena da TVU se encontra num “cluster” de televisão, no bairro de Santo Amaro, o que facilita o apontamento de antenas para captação do sinal digital;

AEPCdeveconsiderar,desdejá,asegundatela-ouseja,dispositivosmóveis- como uma das formas de acessar seu conteúdo. E dentro disso, smartphones são o principal dispositivo de acesso a conteúdo móvel. Pensar em estratégias, ferramentas e conteúdos para a utilização e presença da EPC em smartphones é fundamental;

AEPCdeve,ainda,serumaferramentadeacessoaserviçospúblicos,comoaler-tas de chuvas, acesso a programas de governo e de assistência social;

Multiprogramaçãoéumanecessidade,sejautilizandoainternetouosistemademultiprogramação(Netflixseminternet?)doGinga.ÉcrucialqueaprogramaçãodaEPCsejaacessadadeacordocomavontadedotelespectadorenãodeacordocomuma grade de programação;

AEPCdeveser,nãosóumcanaldeproduçãoedisseminaçãodecultura,comoserumaplataforma/laboratórioparaodesenvolvimentodetecnologiasparaoaudio-visual, potencializado pela presença dos polos de desenvolvimento de TIC e Economia Criativa do Porto Digital;

AEPCdeveutilizaroPEMultidigital(aredededadosdefibraóticaquecobretodo o Estado) como seu suporte de dados;

AEPCpoderiaserrebeldeeusaro1-Segparatransmitirserviços,assimcomoaNHK no Japão faz.

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O Plano de Ciência, Tecnologia e Inovação para Pernambuco que está sendo construído pela SECTI tem como base premissas e princípios que dialogam com a comunicação pública, comoavalorizaçãodasespecificidadeslocaisedadiversidadedoterritório,autodeterminação,inclusão,equidadeetransversalidade.Objetivamente,oPCTIpretendecontribuirparaeleva-çãodaqualidadedevidaedodinamismoeconômicosustentável,eparatantocontacom10objetivosespecíficos,asaber:

• Ampliaronúmerodeempreendimentosinovadores,elevaracompetitividadeeas competências inovativas nas diversas categorias que formam a base produtiva;

• PromoveraInovaçãoInclusiva;

• Estimularainteriorizaçãointegradadossub-sistemasestaduaisdeinovaçãoeascompetências de CT&I;

• DotaroestadodeinfraestruturaatratoradeatividadesdePDE&Ipúblicasepri-vadas, nacionais e estrangeiras;

• Ampliar,qualificareinternacionalizarabasecientíficaetecnológicaestadual;

• DinamizaroSistemaPernambucanodeInovação(SPI)

• Criarasbasesparaumaindústriadofuturo,compessoasqualificadasnasáreashabilitadoras (STEM);

• IntensificarahorizontalidadedafunçãoCT&Inasdiversasesferaseníveisdegoverno;

• Modernizaromarcoregulatóriodepromoçãoedifusãodainovação;

• Alavancaraagendadepolíticaindustrialancoradanainovação;

• OrientareadequarasfontesdefomentoefinanciamentoparaCT&I;

• PromoçãoedifusãodeinformaçõessobreCT&Iemtodooterritórioestadual; EntreosobjetivosestratégicosdoPlano,aEPC/TVPEestámaisdiretamenterelacionadacom a questão do acesso ao conhecimento e à informação, com foco na cidadania, equidade e democracia que incluem a promoção e difusão de informações sobre CT&I em todo o território estadual.Ouseja,alémdeCT&I,aEPC/TVPEpodeedeveaindaasseguraapromoçãoedifusão

5. Integração da EPC/TVPE ao PCTI-PE

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deinformaçãoeconhecimentonasmaisdiversasáreas,sejanaeducação,saúde,cultura,cida-dania ou desenvolvimento econômico.

Alémdisso,épossívelidentificaroutraslinhasdeaçãorelacionadasaalgunsgrandesob-jetivosdoPlano,comosesegue:

• Contribuirparaapromoçãodainovaçãonabaseprodutiva,emespecialdosetorde TIC e Economia Criativa

o PromoveraçõesintegradasentreaEPC/TVPEeoparquetecnológicoPortoDigi-tal, em especial as ações desenvolvidas pelo Porto Mídia;

• Ampliar,qualificareinternacionalizarabasecientíficaetecnológicaestadual

o IntegraraEPC/TVPEaoscursosdegraduaçãoepós-graduaçãodaáreadeEnge-nharia e Computação; Comunicação e Design da Informação das diversas IES como espaço para ensino, pesquisa e extensão, além do desenvolvimento de soluções tecnológicas e produção de conteúdo de forma integrada;

o ArticularaEPC/TVPEcomainstituiçãodeensinoepesquisaparaqueelavenhaase tornar um espaço para desenvolvimento de habilidades e competências no campo da Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs);

o AmpliararelaçãodaEPC/TVPEcomTVspúblicasnacionaiseinternacionaisdemodo a integrá-la às redes mundiais de comunicação, através dos instrumentos de apoio à pesquisa e desenvolvimento.

• PromoçãoedifusãodeinformaçõessobreCT&Iemtodooterritórioestadual

o TransformaraEPC/TVPEnoprincipalveículodepromoçãoedifusãodeCT&Ieoutras áreas correlatas como saúde e educação, entre outras em Pernambuco, atra-vés da elaboração de conteúdos inovadores, atrativos e que atendam às demandas da população;

o FazerdaEPC/TVPEoveículodedifusãodasações,programaseprojetosdoPlano de Ciência, Tecnologia e Inovação de Pernambuco, a exemplo do Programa de Inovação Inclusiva.

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6. Síntese conclusiva

plenária final

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De forma sintética segue-se minimizada algumas conclusões mais expressivas:

1. Apercepçãogeraléadequeosconceitos,princípiosediretrizesestabelecidosnaconstituiçãodaEPC/TVPEcorrespondemaoperfildeemissorapúblicaexemplificadaaolongo do seminário.

2. A comunicação pública deve ser compreendida como um dever do estado e um direito da sociedade, portanto, pensada como uma política pública de estado.

3. Numpaíscomdimensõescontinentaisegrandediversidade,nãopodeserestringira comunicação à esfera privada. O estado brasileiro precisa ter meios de se comunicar com a população - e vice versa – para garantir transparência, discutir políticas públicas e possibilitar participação social.

4. Acomunicaçãopúblicaéessencialparaavitalidadedeumpaísdemocrático.Éumdireito básico ameaçado pela concentração de empresas nas mãos da iniciativa privada. A constituição brasileira prevê para a comunicação social um sistema público, privado e estatal, na perspectiva de corrigir a concentração existente.

5. Mesmocomoavançodainternet,pesquisasrevelamqueapopulaçãoconfiamaisna informação veiculada pela televisão. A população ainda se comunica prioritariamen-te pela radiodifusão, ainda que use também outros meios.

6. Devidoaoseugrandealcance,aTVbrasileiranecessitadeumapolíticadeprodu-ção de conteúdo para a sua televisão pública, a exemplo do que está sendo experimen-tadohojepelaANCINE.

7. ApopulaçãoprecisaráentenderqueaTVpúblicaédela.Elapaga,participasocial-mente, interfere na gestão e no conteúdo. Ao se vir representada, passa a ter essa TV como referência.

8. Umpontoessencialparadefinircomooperaraspolíticasdecomunicaçãopública,financiadapeloEstado,sãoosconselhoscomrepresentaçãodasociedadecivilquede-vem estabelecer os parâmetros da questão.

9. A narrativa da comunicação pública em de ser alternativa em favor da diversidade, da pluralidade, inclusive no modo de abordar, no modo de fazer.

10. CódigosdecondutaeditorialsãoachaveparaaproduçãodeconteúdoparaaTVpública brasileira e enquadramentos temáticos devem ser aqueles buscados para supe-rarosefeitosdesuperficialidadeefragmentação.

11. Aproduçãoindependenteéumalinhadecontribuiçãodasociedadeparaaprodu-ção de conteúdo de uma emissora pública, com recursos assegurados por um fundo de-mocrático garantindo, assim,liberdade artística, de expressão e de crítica.Uma convo-

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catória para a produção independente local e regional visando rever, discutir e melhorar a qualidade dos conteúdos será vital e igualmente rica.

12. É fundamental se posicionar emcontraponto à televisão comercial construindouma opção mais permeável e aberta, menos vertical.A TV pública não deve ser refém do modelo privado e tem que reinventar essa lógica, envolvendo a sociedade, estimulando a organização de outros segmentos e criando as oportunidades para essa colaboração em novos campos de diálogo, provocando polifonias, outros olhares, outras visões, com espírito renovador.

13. Eixosemtornodosquaisdevemgiraraspolíticaspúblicasdecomunicação: (i)coberturageográficacomrelevânciadeespaçolocalnaprogramação;(ii)acessosocialviaconteúdossignificativoseatuais;(iii)umabaseaudiovisualabertaon-line;(iv)quemecomodecideatravésdeperfilinstitucionalegovernamental;(v)participaçãosocialcomcritériosderelevânciaeaudiência;(vi)quemecomofinancia,sejapublicidadeouapoios institucionais;(vii) quem programa e como programar; (viii) agenda pública; (ix) critérios de diversidade interna e externa; (x) inovação e criatividade; (xi) informação comjornalismodequalidade.

14. Instituirperfildeemissorageneralistaemtemposdesegmentaçãopormeiodeaparelhos móveis. Consolidar a relação entre conteúdos e organizações sociais. Manter o equilíbrio entre obrigação e relevância de atos de governo sem detrimento do caráter público não governamental da emissora. Aproveitamento de conteúdos em outras pla-taformase/ouaparelhosmóveiscomadequaçãoàsrespectivaslinguagens.Nãoperderdevistaa relevânciaeaudiênciaqualificadacomomedidasecritériosdeprodução.Assegurar acesso e participação pública.

15. Atelevisãodigitalteráatualidadeaindapormuitotempojuntoàpopulaçãoenamedidaemquehajaexpansãodainternet,atelevisãotemtudoparaexperimentarsuaprópria expansão não no formato convencional de conteúdo, mas se adequando e explo-rando as inúmeras possibilidades das novas plataformas.

16. Pensaratelevisãodentrodacomunicaçãopúblicacomoumtodoépensarcomocomunicaçãopúblicadeestadoecomotaltemdeserfinanciada,talqualéfinanciadaa saúde, a educação, porque é a essência do direito que exige essa salvaguarda e não podeficarrefémdosinteressesdemercado.

17. Duas importantes definições:Não se pode desistir da radiodifusão, a populaçãoainda se comunica prioritariamente pela radiodifusão, ainda que use também outros meios.Asegunda:políticapúblicaédeverdoEstado,financiarcomunicaçãopúblicaédever do Estado.

18. A“culturadaconvergência”demonstraqueosmeios,emespecialatelevisão,nãovão deixar de existir. O que deve mudar radicalmente é o modo de utilização e consumo de seus conteúdos inclusive com mudanças nos formatos narrativos desses conteúdos. O

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compartilhamento e utilização da televisão simultaneamente com outros aparelhos (ta-blets, smartphones e notebooks) permitem a alternância e a troca de lugar e de acesso aos conteúdos televisivos por diversas plataformas.

19. Aaudiênciapensadahojetemqueserexpandida,temaaudiênciafísicapormeioda televisão, a audiência por meio do celular, vai estar no streaming internet. Cada vezmaisessaaudiência temde serpercebidaem360graus.Nãodevendocondicio-nar o investimento na radiodifusão ao conceito e exigência de audiência que estamos acostumados a associar com as televisões privadas. A audiência será uma consequência do processo, condicionar os recursos aos veículos públicos à audiência é desconhecer a história do campo da comunicação pública.

20. A TV pública tem que abraçar a interatividade de interesse público. O GINGA tem sentido. Para a EPC será viável porque a TV pública não é um negócio, mas sim um pro-cesso de investimento social.

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7. Propostas gerais de ação

Considerações finais

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Apósaanáliseereflexãodaspropostasapresentadaspelosgrupostemáticosdetrabalhotem-se a seguir as propostas gerais de ações, algumas de cunho emergencial e outras que ne-cessitam de detalhamento.

a) Conteúdo & Participação Social

Aumentaracapacidadedeproduçãoprópriaaudiovisualedaprogramaçãolocal(região metropolitana e interior);

Fomentarparceriascomaproduçãoindependente;

Estabelecerparceriasdeinteressesocialcomosetorpúblico;

Implantarnúcleodejornalismo;

Implantarouvidoriaprópriaedeconselhocuradorconsultivo.

b) Financiamento & Sustentabilidade

IncrementaradotaçãoorçamentáriaparafinsdeestruturaçãoecusteiodaEPC;

Reforçarjuntoaosórgãosdaadministraçãodiretaeindiretapolíticadeapoiocultural;

RedirecionarpartedaverbainstitucionaldepublicidadedogovernoparaaEPC;

Ampliaroserviçodecompartilhamentodeinfraestruturacomempresasprivadase públicas;

Prepararascondiçõesparaarealizaçãodeprestaçãodeserviçosconexosdera-diodifusão, no âmbito público ou privado;

Estabelecercontratosdefinanciamentoe/ouconvêniosdoestadocomentidadesfinanceiraspúblicaseprogramasgovernamentais.

c) Governança & Gestão

Realizarplanejamentoestratégicodagestão;

Ampliarerequalificartecnicamenteoquadrodepessoal;

Implantaroorganogramafuncionaldefinido;

Completaratransiçãoestrutural,administrativaejurídicadoDETELPEparaaEPC;

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ExaminaraspossibilidadesparaarelocalizaçãodasinstalaçõesdoRecifeenovasdestinações dos imóveis de Caruaru e Garanhuns.

d) Tecnologia & Inovação

Modernizaroparquetécnicocomadigitalizaçãodosistemadeproduçãoedamalhadetransmissãoaténovembro/2018;

Redimensionarosistemaatualdetransmissãocomreduçãodeoutorgasanalógi-cas;

Digitalizarabasedeexibiçãoparautilizaçãodemultiplataformasesegundatela;

Adquirirunidademóvelcomuplink;

ImplantarsistemafotovoltaicoemCaruaruenoRecife;

Projetarapossibilidadedamultiprogramaçãocomoutrossetoresdogoverno;

IntegraroserviçopúblicodecomunicaçãosustentáveledequalidadeaoSistemaPernambucano de Inovação (SIP).

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Anexos

Programação realizada

18/02/2016

Mesa de abertura, palestrantes e coordenadores de mesa

9:00às10:00-MesadeaberturaProf.ª Dr.ª Aline Grego, Pró-reitora Acadêmica da UNICAP Prof.º Abraham Sicsu, Presidente da FACEPE EnnioBenning, Secretário de Imprensa do Governo do Estado

10:00às12:00-Mesa1-PerspectivasparaaRadiodifusãoPúblicanoBrasilJulianaSawaia, Kantar IBOPE MediaPola Ribeiro, Ministério da CulturaIndira Amaral, Associação de Comunicação Educativa Roquette Pinto (ACERP) -Coordenadora

14:00às16:00-Mesa2-TVPúblicaeTecnologia:convergênciacomparticipação?Guido Lemos, Universidade Federal da Paraíba (UFPB)ReginaLúciaAlvesdeLima,UniversidadeFederaldoPará(UFPA)/MinistériodaCulturaJacques Barcia, Porto Digital - Coordenador

16:00às18:00-Mesa3-AprogramaçãodaTVPública:qualconteúdo?Danilo Rothberg, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp)IsraeldoVale,RedeMinas/AssociaçãoBrasileiradasEmissorasPúblicas,EducativaseCulturais(ABEPEC)Ivan Moraes Filho, Centro de Cultura Luis Freire (CCLF) - Coordenador

19:00às21:00-Mesa4-AradiodifusãopúblicanaAméricaLatinaMartín Becerra, Universidad Nacional de Quilmes (UNQ, Argentina)Octavio Penna Pieranti, Ministério das ComunicaçõesJuliano Domingues, Universidade Católica de Pernambuco - Coordenador

19/02/2016

Mesa de abertura, palestrantes, coordenadores de mesa e grupos de trabalho

08:00às09:00-ContextualizaçãodaTVPernambuco:histórico,legislaçãoetecnologiaGuido Bianchi, Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC)Welington Sampaio, Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC)Cátia Oliveira , Representante do Conselho Administrativo da EPCJoão Paulo Querette, iMagenhariaMarcílio Ferreira, Porto Zero

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09:00às12:00-GT1-Conteúdo&ParticipaçãoSocial(SalaG608)Ana Veloso, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – CoordenadoraRenato Feitosa, Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom) - Relator

09:00às12:00GT2-Financiamento&Sustentabilidade(SalaG609)Luiz Carlos Pinto Júnior, Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) – CoordenadorFelipe Calheiros, Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom) - Relator

09:00às12:00GT3-Governança&Gestão(SalaG610)Andrea Trigueiro, Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) – CoordenadoraCátia Oliveira, Fórum Pernambucano de Comunicação (Fopecom) - Relatora

09:00às12:00GT4-Tecnologia&Inovação(SalaG611)Carlos Ferraz, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) – CoordenadorJacques Barcia, Porto Digital - Relator

RELATÓRIORecife, maio de 2016

O Seminário Internacional de Comunicação: Perspectivas para a Empresa Pernambuco de Comunicação (EPC) foi realizado nos dias 18 e 19 de fevereiro de

2016, na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com a participação de mais de 400 pessoas. O evento representou o resultado de mais um esforço da sociedade

civil, dos profissionais da área de comunicação e do Governo do Estado para a formulação de propostas ao desenvolvimento da EPC/TVPE. Entre os objetivos do

Seminário estava o de provocar a reflexão sobre diferentes aspectos da comunicação pública, em especial da radiodifusão, em Pernambuco, no Brasil e no mundo, a fim de que esta pudesse contribuir para a formulação de propostas ao desenvolvimento da EPC/TVPE, especialmente no contexto do Plano de Ciência,

Tecnologia e Inovação para o Estado de Pernambuco, em elaboração pela Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação - SECTI.

Perspectivas para a empresa Pernambuco de comunicação (EPC)