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À espera de respostas Do acesso à banda larga gratuita à organização inteligente da cidade, 10 áreas estarão entre os temas prioritários da campanha eleitoral Até agosto de 2014, por determinação federal, os lixões e os aterros controlados (ambos danosos ao meio ambiente) deverão ser erradicados. Dentre as cidades gaúchas, 18% despejam os detritos em aterros controlados e 4% em lixões. Isso significa que 22% dos futuros prefeitos precisarão encontrar uma alternativa para o lixo. Os 78% de municípios que já utilizam aterros sa- nitários (licenciados pela Fepam) não estão livres de problemas. Sem área própria e adequada para o descarte, a maioria opta por transportar os resíduos para aterros de empresas privadas, alternativa one- rosa. Até agosto de 2014, os gestores também se- rão obrigados a implementar a coleta seletiva. Hoje, apenas 182 municípios gaúchos fazem a coleta. Resíduos sólidos A lei é de 1998, mas, passados 14 anos, 228 cidades ainda não se integraram ao Sistema Nacio- nal de Trânsito. A consequência é que multas por parada, estacionamento e circulação, incluindo ul- trapassagens proibidas, dirigir falando ao celular e deixar de usar o cinto, não podem ser aplicadas por nenhuma autoridade nas ruas destas cidades. Antes de municipalizar o trânsito, é requisito a criação de uma estrutura responsável pela área na prefeitura. Dos 228 municípios que estão adequa- dos a lei, 47 possuem agentes próprios de fiscaliza- ção. Nas demais cidades, a tarefa é cumprida pela BM. Os prefeitos também ficam responsáveis pela sinalização viária e pelas ações de educação dos motoristas. Municipalização do tRânsito Não se trata do acesso asfáltico dos municípios (tarefa do governo do Estado), mas do asfaltamen- to de estradas vicinais entre cidades do Interior, por onde é escoada a produção da agricultura familiar. A qualificação dos trajetos, além de facilitar o transporte da produção e fomentar a economia, também contribui para o deslocamento da popula- ção para destinos como escola, posto de saúde e local de trabalho. Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, a construção e pavimentação de estradas é prioridade em mais de 300 municípios gaúchos. O mais comum, neste caso, é que o prefeito faça a obra com recursos do município. estRadas Levantamento do TCE aponta que os municípios gaúchos apresentam déficit de 237.401 vagas em escolas de Educação Infantil, que compreende a creche (0 a 3 anos) e a pré-escola (4 a 5 anos). A falta de vagas é mais crítica na Região Sul, mas o problema também atinge a Região Metro- politana. Em Alvorada, apenas sete em cada cem crianças são atendidas por instituições de Educa- ção Infantil. Em 2016, será obrigatório atender 100% das crianças de 4 a 5 anos nas pré-escolas. No caso dos pequenos de 0 a 3 anos, o índice de vagas em creches deverá corresponder a 50%. Outros desa- fios são ampliar o transporte escolar e pagar o piso nacional do magistério. educação Apenas 31 cidades possuem bons níveis de acesso à internet banda larga, seja ela móvel ou fixa. Entretanto, é um serviço considerado caro, acessível só para a classe média. É tarefa dos pre- feitos buscar parcerias com os governos estadual e federal para ampliar o acesso à banda larga gratui- ta ou de baixo custo. Especialistas apontam que os prefeitos devem ir além da disponibilização da banda larga. É fun- damental interligar as estruturas municipais, como escolas, postos de saúde e órgãos fazendários, em uma rede virtual de comunicação. Também é ne- cessário colocar os serviços públicos à disposição do contribuinte na rede, como matrículas em esco- las e marcação de consultas em postos de saúde. cidades digitais Elaboração e aperfeiçoamento dos planos dire- tores serão ações necessárias. A organização das cidades exige delimitação de áreas industriais e residenciais, qualificação do sistema de transporte público, investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana, controle da po- luição, limpeza das ruas. Para o professor da Escola de Administração da UFRGS, Luís Roque Klering, é fundamental projetar as cidades com a ampliação dos serviços de saúde, educação, lazer e comércio nos bairros de maior população. Desta forma, evita-se o des- locamento massivo para a região central, fator que causa congestionamentos e degradação do siste- ma viário. uRbanisMo Os prefeitos precisarão adequar as gestões à Lei de Acesso à Informação, considerada um marco da transparência no país. A norma entre em vigor no dia 16 de maio, mas o período de adaptação vai se estender ao próximo mandato. Prefeituras e outros órgãos públicos deve- rão publicar informações na internet, incluindo gas- tos, folha de pagamento e detalhes de licitações. Os gestores também serão obrigados a provi- denciar estruturas que atendam o cidadão interes- sado em solicitar informações. A transparência na administração pública será a regra, e o sigilo a ex- ceção. Os dados, se estiverem disponíveis, devem ser repassados no ato. Caso contrário, abre-se um prazo de 20 dias. tRanspaRência Embora não sejam atribuição constitucional dos municípios, as ações de prevenção à violência es- tão pautando os mandatos dos prefeitos, pressiona- dos pela sensação de insegurança da população. Especialistas apontam que as cidades precisam investir na criação de secretarias ou departamentos de segurança. Atualmente, 44 municípios contam com esse tipo de estrutura. É uma forma de integrar o trabalho das policias, Ministério Público, Judiciário e instituições comunitárias. O somatório de forças pode gerar ações inteligentes de prevenção à vio- lência e à criminalidade. Nas cidades de médio e grande porte, é aconse- lhada a criação das guardas municipais. Hoje, elas estão presentes em 23 municípios. seguRança É uma área em que os prefeitos demonstram empenho. Aplicam, em média, 19,54% dos orça- mentos na qualificação do SUS. O indicador supera o investimento mínimo constitucional de 15% que os municípios devem fazer no setor. É uma lição dos prefeitos, que veem o Estado repassar pouco mais de 6% do seu orçamento para a saúde, metade dos 12% que lhe competem. Diante do quadro, o auditor externo Paulo Lou- renço Machado, do TCE, diz que o desafio dos prefeitos é qualificar o gasto, com mais eficácia. Especialistas em gestão da Famurs dizem que é papel dos prefeitos ampliar as equipes de saúde da família e os postos de saúde, com mais contrata- ções de clínicos-gerais, pediatras e obstetras. saúde Apenas 15% do esgoto das cidades é conduzido até estações de tratamento, solução considerada “ideal”. A média de tratamento no Brasil é de 25%. O saneamento é uma das áreas em que o Es- tado apresenta maior atraso. O vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-RS), Eduardo Carvalho, diz que a gravidade da situação é amenizada quando se con- tabiliza as fossas sépticas das residências como forma aceitável de tratamento. Se levada em consideração a fossa séptica, o RS apresenta a mesma média de tratamento do Brasil: 45%. Em contrapartida, as fossas nem sem- pre se mostram úteis. São recorrentes os casos de entupimento e obsolescência. saneaMento

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  • À espera de respostas Do acesso à banda larga gratuita à organização inteligente da cidade,10 áreas estarão entre os temas prioritários da campanha eleitoral

    Até agosto de 2014, por determinação federal, os lixões e os aterros controlados (ambos danosos ao meio ambiente) deverão ser erradicados. Dentre as cidades gaúchas, 18% despejam os detritos em aterros controlados e 4% em lixões. Isso significa que 22% dos futuros prefeitos precisarão encontrar uma alternativa para o lixo.

    Os 78% de municípios que já utilizam aterros sa-nitários (licenciados pela Fepam) não estão livres de problemas. Sem área própria e adequada para o descarte, a maioria opta por transportar os resíduos para aterros de empresas privadas, alternativa one-rosa. Até agosto de 2014, os gestores também se-rão obrigados a implementar a coleta seletiva. Hoje, apenas 182 municípios gaúchos fazem a coleta.

    Resíduos sólidos

    A lei é de 1998, mas, passados 14 anos, 228 cidades ainda não se integraram ao Sistema Nacio-nal de Trânsito. A consequência é que multas por parada, estacionamento e circulação, incluindo ul-trapassagens proibidas, dirigir falando ao celular e deixar de usar o cinto, não podem ser aplicadas por nenhuma autoridade nas ruas destas cidades.

    Antes de municipalizar o trânsito, é requisito a criação de uma estrutura responsável pela área na prefeitura. Dos 228 municípios que estão adequa-dos a lei, 47 possuem agentes próprios de fiscaliza-ção. Nas demais cidades, a tarefa é cumprida pela BM. Os prefeitos também ficam responsáveis pela sinalização viária e pelas ações de educação dos motoristas.

    Municipalização do tRânsito

    Não se trata do acesso asfáltico dos municípios (tarefa do governo do Estado), mas do asfaltamen-to de estradas vicinais entre cidades do Interior, por onde é escoada a produção da agricultura familiar.

    A qualificação dos trajetos, além de facilitar o transporte da produção e fomentar a economia, também contribui para o deslocamento da popula-ção para destinos como escola, posto de saúde e local de trabalho.

    Para o presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, a construção e pavimentação de estradas é prioridade em mais de 300 municípios gaúchos. O mais comum, neste caso, é que o prefeito faça a obra com recursos do município.

    estRadas

    Levantamento do TCE aponta que os municípios gaúchos apresentam déficit de 237.401 vagas em escolas de Educação Infantil, que compreende a creche (0 a 3 anos) e a pré-escola (4 a 5 anos).

    A falta de vagas é mais crítica na Região Sul, mas o problema também atinge a Região Metro-politana. Em Alvorada, apenas sete em cada cem crianças são atendidas por instituições de Educa-ção Infantil.

    Em 2016, será obrigatório atender 100% das crianças de 4 a 5 anos nas pré-escolas. No caso dos pequenos de 0 a 3 anos, o índice de vagas em creches deverá corresponder a 50%. Outros desa-fios são ampliar o transporte escolar e pagar o piso nacional do magistério.

    educação

    Apenas 31 cidades possuem bons níveis de acesso à internet banda larga, seja ela móvel ou fixa. Entretanto, é um serviço considerado caro, acessível só para a classe média. É tarefa dos pre-feitos buscar parcerias com os governos estadual e federal para ampliar o acesso à banda larga gratui-ta ou de baixo custo.

    Especialistas apontam que os prefeitos devem ir além da disponibilização da banda larga. É fun-damental interligar as estruturas municipais, como escolas, postos de saúde e órgãos fazendários, em uma rede virtual de comunicação. Também é ne-cessário colocar os serviços públicos à disposição do contribuinte na rede, como matrículas em esco-las e marcação de consultas em postos de saúde.

    cidades digitais

    Elaboração e aperfeiçoamento dos planos dire-tores serão ações necessárias.

    A organização das cidades exige delimitação de áreas industriais e residenciais, qualificação do sistema de transporte público, investimentos em infraestrutura e mobilidade urbana, controle da po-luição, limpeza das ruas.

    Para o professor da Escola de Administração da UFRGS, Luís Roque Klering, é fundamental projetar as cidades com a ampliação dos serviços de saúde, educação, lazer e comércio nos bairros de maior população. Desta forma, evita-se o des-locamento massivo para a região central, fator que causa congestionamentos e degradação do siste-ma viário.

    uRbanisMo

    Os prefeitos precisarão adequar as gestões à Lei de Acesso à Informação, considerada um marco da transparência no país.

    A norma entre em vigor no dia 16 de maio, mas o período de adaptação vai se estender ao próximo mandato. Prefeituras e outros órgãos públicos deve-rão publicar informações na internet, incluindo gas-tos, folha de pagamento e detalhes de licitações.

    Os gestores também serão obrigados a provi-denciar estruturas que atendam o cidadão interes-sado em solicitar informações. A transparência na administração pública será a regra, e o sigilo a ex-ceção. Os dados, se estiverem disponíveis, devem ser repassados no ato. Caso contrário, abre-se um prazo de 20 dias.

    tRanspaRência

    Embora não sejam atribuição constitucional dos municípios, as ações de prevenção à violência es-tão pautando os mandatos dos prefeitos, pressiona-dos pela sensação de insegurança da população.

    Especialistas apontam que as cidades precisam investir na criação de secretarias ou departamentos de segurança. Atualmente, 44 municípios contam com esse tipo de estrutura. É uma forma de integrar o trabalho das policias, Ministério Público, Judiciário e instituições comunitárias. O somatório de forças pode gerar ações inteligentes de prevenção à vio-lência e à criminalidade.

    Nas cidades de médio e grande porte, é aconse-lhada a criação das guardas municipais. Hoje, elas estão presentes em 23 municípios.

    seguRança

    É uma área em que os prefeitos demonstram empenho. Aplicam, em média, 19,54% dos orça-mentos na qualificação do SUS. O indicador supera o investimento mínimo constitucional de 15% que os municípios devem fazer no setor.

    É uma lição dos prefeitos, que veem o Estado repassar pouco mais de 6% do seu orçamento para a saúde, metade dos 12% que lhe competem.

    Diante do quadro, o auditor externo Paulo Lou-renço Machado, do TCE, diz que o desafio dos prefeitos é qualificar o gasto, com mais eficácia. Especialistas em gestão da Famurs dizem que é papel dos prefeitos ampliar as equipes de saúde da família e os postos de saúde, com mais contrata-ções de clínicos-gerais, pediatras e obstetras.

    saúde

    Apenas 15% do esgoto das cidades é conduzido até estações de tratamento, solução considerada “ideal”. A média de tratamento no Brasil é de 25%.

    O saneamento é uma das áreas em que o Es-tado apresenta maior atraso. O vice-presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes-RS), Eduardo Carvalho, diz que a gravidade da situação é amenizada quando se con-tabiliza as fossas sépticas das residências como forma aceitável de tratamento.

    Se levada em consideração a fossa séptica, o RS apresenta a mesma média de tratamento do Brasil: 45%. Em contrapartida, as fossas nem sem-pre se mostram úteis. São recorrentes os casos de entupimento e obsolescência.

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