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É preciso explicar porque o mundo de hoje, que é horrível é apenas um momento do longo desenvolvimento histórico das revoluções e insurreições e eu ainda sinto a esperança como minha concepção de futuro.Jean Paul Sartre, 1963.

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Page 1: “ É preciso explicar porque o mundo de hoje, que é horrível é apenas um momento do longo desenvolvimento histórico das revoluções e insurreições e eu ainda

“É preciso explicar porque o mundo de hoje, que é horrível é apenas um momento do longo desenvolvimento histórico das revoluções e insurreições e eu ainda sinto a esperança como minha concepção de futuro.”

Jean Paul Sartre, 1963.

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GLOBALIZAÇÃO

Expansão Marítima e Comercial [Portugal e Espanha] – Século XIV

Revolução Industrial – Século XVIII

Imperialismo ou Neocolonialismo

Política de expansão e domínio territorial e/ou econômico de uma nação sobre outras.

Mundialização do Capital Expansão capitalista dos últimos 30 anos

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O “CAPITAL FINANCEIRO”

À ascensão de sistemas altamente sofisticados de coordenação financeira em escala global

“Estou, portanto, tentando a ver a flexibilidade conseguida na produção, nos mercados de trabalho e no consumo e antes como um resultado da busca de soluções financeiras para as tendências de crise do capitalismo do que o contrário. Isso implicaria que o sistema financeiro alcançou um grau de autonomia diante da produção real sem precedentes na história do capitalismo, levando este último a uma era de riscos financeiros igualmente inédito.” (David Harvey. A condição pós-moderna)

É de fato tentador considerar tudo isso um prelúdio de uma crise financeira que faça 1929 parecer uma nota de pé de página da história.

Se quisermos procurar alguma coisa verdadeiramente peculiar (em oposição ao capitalismo e sempre) na atual situação, deveremos concentrar o nosso olhar nos aspectos financeiros da organização capitalista e no papel do CRÉDITO.

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A primeira globalização, a do colonialismo, se caracterizou pela ocupação territorial, a segunda globalização começa no fim do século XX marcada pela fragmentação dos territórios.

O século XX foi o século das revoluções tecnológicas com a ilusão de um mundo melhor. Logo começa o desmonte do Estado do Bem-Estar Social. O humanismo como motor do desenvolvimento e do progresso é substituído pelo modelo do consumo voraz. O consumo hoje é o grande O consumo hoje é o grande fundamentalismo.fundamentalismo.

** “Descolonizar é olhar o mundo com seus próprios olhos, pensá-lo sobre um ponto de vista próprio.”

Milton Santos

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CARACTERÍSTICAS ECONÔMICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS E CULTURAIS DO PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO

Homem universal [ideia do global, não local, não regional] Abertura do comércio [redução das barreiras alfandegárias] A decadência do keynesianismo abriu assimetricamente os mercados internos, reduzindo a proteção a indústria nacional e reforçando a concorrência intercapitalista. Reforça os laços de dependência da periferia

A “globalização” como fenômeno IDEOLÓGICO: • defende a existência de uma integração econômica (no lugar a desigualdade e exclusão) e cultural.

• Marshall Mcluhan (década de1960):- Profetizava a universalização dos valores

culturais- Aldeia Global- Industrial Cultural como Mercadoria

(cultura de massas)

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Primeiras observações ::Primeiras observações ::

A)A) As desigualdades na aplicação dos recursos não produzem uma aproximação do centro e periferia. Não reduzem as disparidades. B)B) 95% da população mundial não tem acesso a Internet, nem mesmo ir ao encontro da “modernidade” é possível pois vários países vem proibindo a imigração de pessoas de origem periférica.

C)C) A dinâmica e a resistência de grupos ou movimentos sociais que lutam pela preservação e ampliação de sua cultura desafiam o reinado global da “globalização”.

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NEOLIBERALISMO :: liberdade para destruir e desempregar

a ideologia que serve de suporte à expansão da atual globalização financeira.

“Novo Liberalismo”: Inspirado no liberalismo clássico do século XVIII e XIX

Maior liberdade de comércio entre as nações (fim das barreiras alfandegárias);

Redução do aparato do Estado e da sua intervenção na atividade econômica (política orientada para as privatizações de empresas estatais)

Redução da autonomia e da soberania política e econômica dos países periféricos em detrimento dos países centrais das suas instituições políticas (como a OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte) e econômica (FMI, BIRD, OMC), das grandes corporações multinacionais/transnacionais e do capital financeiro internacional.

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** Implementadas inicialmente por governos ultraconservadores Margareth Thatcher 1979 e Ronald Reagan 1980.

CONSENSO DE WASHINGTON :: a globalização como perversidade

*** *** Uma espécie de bula com prescrições consensuais, austeridade fiscal, elevação de impostos, juros altos para atrair investimentos estrangeiros, privatizações, em nome da boa administração do setor privado e da incapacidade dos Estados.

*** Ditadura do pensamento único

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O mesmo sistema ideológico que justifica o processo de globalização, ajudando a considerá-lo como o único caminho histórico, acaba também por impor, certa visão da crise e a aceitação dos remédios sugeridos. Na verdade, porém a única crise que os responsáveis desejam afastar é a crise financeira e não qualquer outra.

Limitação das despesas do Estado, estimulando o fim de todos os subsídios à agricultura ou à industria; Liberalização do mercado financeiro; Liberalização do comércio, eliminando aos poucos as taxas alfandegárias; Favorecimento do investimento estrangeiro; Privatização das empresas estatais; Introdução da concorrência nos diversos setores da economia; Garantia legal do direito de propriedade, com o respeito às “patentes”; Reforma no sistema tributário; Reforma trabalhista.

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A “GLOBALIZAÇÃO” DO DESEMPREGO

• O rendimento de 1% da população mais rica equivale a 40% daqueles que estão em um patamar inferior.

• 40 milhões de desempregados nos países industrialmente mais desenvolvido.

- Índia:

“Enquanto o número total de pessoas desempregadas registradas em agências de empregos se manteve em 336 milhões, em 1993, o número de pessoas

empregadas no mesmo ano, segundo a Comissão de Planejamento, era apenas de 307,6 milhões, o que significa que o número de pessoas desempregadas

registradas é mais elevado do que o número de pessoas empregadas. E a taxa da porcentagem de aumento de emprego é quase desprezível”

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INSERÇÃO DO BRASIL NA NOVA ORDEM

1. Fernando Collor foi responsável pelo grande passo de ingresso do Brasil na Globalização. Mas sua adaptação ao Consenso de Washington foi atropelada e desorganizada.

2. Por sua vez, FHC foi mais hábil na condução dos ajustes neoliberais:

Com o plano Real controlou a inflação com aumento dos juros e valorização da moeda. Que repercutiu na redução do PIB, no aumento do desemprego e na balança comercial deficitária.

Produziu a reforma do Estado enxugando a máquina, congelando salários do funcionalismo e privatizando estatais. No caso deste último passo, não alcançou os objetivos de redução da dívida pública, mas possibilitou o repasse do patrimônio público para a iniciativa privada.

Houve uma redução do gasto social justificada pela necessidade de pagamento dos compromissos internacionais. Por isso assistimos ao desmonte da estrutura prestadora de políticas sociais. No caso específico da CLT, abre-se o processo de flexibilização.

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FHC I –(1995-1998)

1992-94

Impeachment Collor (não por questões

éticas, mas por q. políticasAssume o vice-presidente

Itamar Franco

Voltado para a política interna

FHC – ministro das relações internacionais

Ministro da Fazenda

Plano real: estabilizaçãoMonetária

Câmbio artificial

Defasagem da balança comercial

Aumento do consumo: Loja de 1,99

Contenção da inflação Aumento da dívida externa

Propaganda:galinha, iogurte, dentadura

FHC - Vitória nas eleições 1994

Continuidade das reformas neoliberais

Abertura de Mercado

Privatizações

Abuso das Medidas Provisórias FHC promulgou 5299 MP

Lema do PSDB: Somente internacionalizando o Brasil é que seremos nacionais

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FHC II (1998 – 2002)

Re-eleição de FHC

Desvalorização do real 15/01/1999

Ajuste fiscal- Equilíbrio nas contas públicas

– cortes no orçamento

Crescimento econômico pífio – 2,2% média

Desemprego

Aumento dos juros

Privatizações: continuidade…

Flexibilização doscontratos de trabalho

Abertura comercial

Desregulamentaçãoda economia: liberdade

ao capital

Terceirização

O capital não têm pátria,

mas têm moradia

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BRASIL: A CRISE DO EMPREGO

O Brasil vive, atualmente, a mais grave crise do emprego de sua história. Nem a transição do trabalho escravo para o assalariamento, ao final do século XIX, nem a depressão econômica e 1929, nem mesmo as graves recessões nas atividades produtivas nos períodos 1981-1983 e 1990-1992 foram capazes de proporcionar tão expressiva quantidade de desempregados e generalizada transformação na obsorção da mão-de-obra nacional quanto a que pode ser identificada nos dias de hoje. (Márcio Pocmann. Desempregados do Brasil)

Em 1986, o Brasil ocupou a 13ª posição no ranking do desemprego mundial. Mas, desde o início da década de 1990, o desemprego ganhou maior dimensão, sendo, a partir de 1994, responsável pela inclusão do Brasil no bloco dos quatro países com maior volume de desempregados.

Durante as décadas de 1940 e 1970, por exemplo, a cada dez postos de trabalho gerados, oito eram empregados assalariados, sendo sete com carteira assinada. Entretanto, nos anos 1990, a cada dez empregos criados, somente quatro foram assalariados.

1) DESEMPREGO EM MASSA

2) NOVIDADE DO DESASSALARIAMENTO

A maior parte das vagas abertas no mercado de trabalho não têm sido de assalariados, mas de ocupações sem remuneração, por conta própria, autônomo, trabalho independente, de cooperativa, entre outras

3) OCUPAÇÕES PRECÁRIASAtualmente, o desemprego se transformou num fenômeno complexo e heterogêneo, pois atinge de forma generalizada praticamente todos os segmentos sociais, inclusive camadas de maior escolaridade, profissionais com experiência em níveis hierárquicos superiores e em altos escalões de remuneração. Pode-se concluir, portanto, que não há mais estratos sociais imunes ao desemprego no Brasil.

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TAYLORISMO/FORDISMO

TOYOTISMO

• Produção:

- verticalizada- padronizada- série- grandes lotes

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GLOBALIZAÇÃO

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TAYLORISMO/FORDISMO

• Trabalhador:- única tarefa- repetitiva- especializada

• Pagamento era pro rata (os benefícios salariais era distribuídos para todos os empregados de forma igualitária)

• Controle de Qualidade ex post (por um setor responsável pelo controle após a produção de mercadorias

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TAYLORISMO/FORDISMO

TOYOTISMO

A empresa precisa dominar todas as áreas de sua atividade econômica [a empresa era tanto melhor quanto maior]

• Pressupunha a ampliação do mercado consumidor

•Concentra um número expressivo de trabalhadores numa única região ou empresa.

GLOBALIZAÇÃO

CRISE dos anos 70: - mercados esgotados devido a superprodução,

- diminuição da lucratividade

- ineficiência do Estado do Bem Estar Social

Fazia-se necessário uma forma de CORTAS CUSTOS e ampliar os lucros.

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TAYLORISMO/FORDISMO

TOYOTISMO

GLOBALIZAÇÃO

A SOLUÇÃO VEIO DO JAPÃO, ONDE A TOYOTA JÁ IMPLEMENTAVA UM MODELO FLEXÍVEL QUE, MAIS TARDE, ACRESCIDO DO AVANÇO DAS TECNOLOGIAS DE COMPUTAÇÃO E DA ROBÓTICA, POSSIBILITOU UMA VERDADEIRA REVOLUÇÃO E UMA RESTRUTURAÇÃO NAS FORMAS DE GESTÃO E DO TRABALHO.

A nova ordem econômicaA nova ordem econômica: acumular capital de forma flexível

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Seremos todos flexíveis, terceirizados e produtivos?

Novos tempos: fim de carreiraUma revolução no Mundo do Trabalho

Extinção de várias carreiras profissionais-“Atualmente, nenhum setor do trabalho está imune à miséria desumana do

desemprego e do trabalho temporário”.István Mézáros

Redução dos contratos longos; Proliferação de pequenas empresas e dos chamados free lances Substituição de mão-de-obra (qualificada ou não) pelas novas tecnologias.

““Patrão nunca mais: vende-se máquina de pizza”Patrão nunca mais: vende-se máquina de pizza”* Como os empregos estão escassos, é necessário “se virar” e ser seu próprio patrão, não dependendo de mais ninguém.*** Isto revela o aumento do trabalho precário, flexível e sem perspectiva de futura.

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FLEXIBILIZAÇÃO E MAL-ESTAR DO TRABALHO

A nova organização capitalista do trabalho é caracterizada cada vez mais pela precariedade, pela flexibilização e desregulamentação, de maneira sem precedentes para os assalariados. É o mal-estar do trabalho, o medo de perder o próprio posto, de não poder mais ter uma vida social e de viver apenas do trabalho e para o trabalho, com a angústia vinculada à consciência de um avanço tecnológico que não resolve as necessidades sociais. É o processo que precariza a totalidade do viver social.

FlexibilizaçãoFlexibilização pode ser entendida, por exemplo, como::* liberdade da empresa para despedir parte de seus empregados,

sem penalidades quando a produção e venda diminuem;* liberdade da empresa para reduzir ou aumentar o horário de

trabalho, repetidamente e sem aviso prévio, quando a produção necessite;

* faculdade da empresa de pagar salários reais mais baixos do que a paridade de trabalho, seja para solucionar negociações salariais, seja para participar de uma concorrência internacional;

* possibilidade de a empresa subdividir a jornada de trabalho em dia e semana de sua conveniência, mudando os horários e as características (trabalho por turno, por escala, em tempo parcial, horário flexível etc.)

* liberdade para destinar parte de sua atividade a empresas externas

* possibilidade de contratar trabalhadores em regime de trabalho temporário, de fazer contratos por tempo parcial, de um técnico assumir um trabalho por tempo determinado, subcontrato, entre outras figuras emergentes do trabalho atípico, diminuindo o pessoal efetivo a índices inferiores a 20% do total da empresa.

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REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA E TOYOTISMO