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Boletim Ambiental 21 de Maio de 2018 Alameda Campinas, n. o 728 - 6 o andar, Cj. 64 - Jardim Paulista CEP 01404-001 - São Paulo - SP - Brasil Tel.: +55 (11) 2985 1070 - www.tabet.com.br Biocombustíveis Brasil RenovaBio. De acordo com o Decreto Federal n.º 9.308, de 15.03.2018, o Conselho Nacional de Política Energética – CNPE definirá as metas compulsó- rias anuais de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa para a comercia- lização de com- bustíveis, no âm- bito da Política Na- cional de Biocom- bustíveis – Renova- Bio (Lei Federal n.º 13.576, de 26.12.2017), considerando os limites máximos anuais a serem re- comendados pelo Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima – CIM e pelo Comitê RenovaBio. Os valores das metas compulsórias anuais de redução de emissões serão es- tabelecidos em unidades de Cer- tificados de Descarboniza- ção (CBio), sendo que cada uni- dade de CBio corresponde a 1 ton CO2eq (as unidades de CBio serão emitidas em quantidade propor- cional ao volume de biocombustí- vel produzido, importado e co- mercializado pelo emissor primá- rio, segundo regras a serem defi- nidas em regulamento). Incumbe à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocom- bustíveis – ANP desdobrar a me- ta compulsória anual de redução de emissões em metas indivi- duais, aplicadas a todos os dis- tribuidores de combustíveis, de modo proporcional à partici- pação de mercado que cada um detenha na comercialização de combustíveis fósseis, no ano an- terior. O CNPE poderá autorizar a redução da meta individual do dis- tribuidor de com- bustíveis em até 20%, quando com- provada a aquisi- ção de biocom- bustíveis por meio de contrato de fornecimento de longo prazo. Para atingir suas metas individuais de redução de emissões anuais, os distribuidores de combustíveis deverão adquirir unidades de CBio em mercados organizados. Na hipótese de não atendimento parcial ou integral da meta indi- vidual, o distribuidor de combus- tíveis ficará sujeito a multa, sem prejuízo de outras sanções. A multa será aplicada pela ANP, no valor de R$ 100 mil a R$ 50 mi- lhões, não podendo ser superior a 5% do faturamento anual do in- frator. Além do biodiesel e do etanol, a ANP regulamentará, como novas espécies de biocombustíveis, outras substâncias derivadas Nesta Edição: Biocombustíveis - RenovaBio Petróleo e Gás - cessão de direitos pela PETROBRAS Áreas Especialmente Pro- tegidas - Código Florestal / Uni- dades de Conservação Marinhas Resíduos Sólidos - logística reversa em São Paulo Transporte de Cargas Pe- rigosas - atendimento a emer- gências em Minas Gerais Mediação Ambiental - auto- composição de conflitos ambientais Jurisprudência - teoria do fato consumado em matéria ambi- ental / descriminalização da condu- ta por lei posterior Infrações Ambientais - con- versão de multas em serviços Normas de Direito Público - alterações na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro Administração Ambiental - atribuições e funcionamento do Conselho Estadual de Meio Ambi- ente do Amazonas Pagamento por Serviços Ambientais - contratos com pro- prietários de RPPN no Paraná / Programa Municipal de PSA em Brumadinho, MG Licenciamento Ambiental - novas regras em Minas Gerais Produtos Perigosos - limites para a presença de chumbo em tintas Patrimônio Genético - pra- zo final para apresentação do CURB e modelo de TTM

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B o l e t i m A m b i e n t a l

21 de Maio de 2018

Alameda Campinas, n.o 728 - 6o andar, Cj. 64 - Jardim Paulista CEP 01404-001 - São Paulo - SP - Brasil

Tel.: +55 (11) 2985 1070 - www.tabet.com.br

Biocombustíveis

Brasil

RenovaBio. De acordo com o

Decreto Federal n.º 9.308, de

15.03.2018, o Conselho Nacional

de Política Energética – CNPE

definirá as metas compulsó-

rias anuais de redução de

emissões de gases causadores

do efeito estufa para a comercia-

lização de com-

bustíveis, no âm-

bito da Política Na-

cional de Biocom-

bustíveis – Renova-

Bio (Lei Federal n.º

13.576, de 26.12.2017),

considerando os

limites máximos

anuais a serem re-

comendados pelo

Comitê Interministerial sobre

Mudança do Clima – CIM e pelo

Comitê RenovaBio. Os valores

das metas compulsórias anuais

de redução de emissões serão es-

tabelecidos em unidades de Cer-

tificados de Descarboniza-

ção (CBio), sendo que cada uni-

dade de CBio corresponde a 1 ton

CO2eq (as unidades de CBio serão

emitidas em quantidade propor-

cional ao volume de biocombustí-

vel produzido, importado e co-

mercializado pelo emissor primá-

rio, segundo regras a serem defi-

nidas em regulamento).

Incumbe à Agência Nacional do

Petróleo, Gás Natural e Biocom-

bustíveis – ANP desdobrar a me-

ta compulsória anual de redução

de emissões em metas indivi-

duais, aplicadas a todos os dis-

tribuidores de combustíveis,

de modo proporcional à partici-

pação de mercado que cada um

detenha na comercialização de

combustíveis fósseis, no ano an-

terior. O CNPE poderá autorizar

a redução da meta

individual do dis-

tribuidor de com-

bustíveis em até

20%, quando com-

provada a aquisi-

ção de biocom-

bustíveis por

meio de contrato

de fornecimento de

longo prazo. Para

atingir suas metas individuais de

redução de emissões anuais, os

distribuidores de combustíveis

deverão adquirir unidades de

CBio em mercados organizados.

Na hipótese de não atendimento

parcial ou integral da meta indi-

vidual, o distribuidor de combus-

tíveis ficará sujeito a multa, sem

prejuízo de outras sanções. A

multa será aplicada pela ANP, no

valor de R$ 100 mil a R$ 50 mi-

lhões, não podendo ser superior a

5% do faturamento anual do in-

frator.

Além do biodiesel e do etanol, a

ANP regulamentará, como novas

espécies de biocombustíveis,

outras substâncias derivadas

N e s t a E d i ç ã o :

Biocombustíveis - RenovaBio

Petróleo e Gás - cessão de direitos pela PETROBRAS

Áreas Especialmente Pro-tegidas - Código Florestal / Uni-dades de Conservação Marinhas

Resíduos Sólidos - logística reversa em São Paulo

Transporte de Cargas Pe-rigosas - atendimento a emer-gências em Minas Gerais

Mediação Ambiental - auto-composição de conflitos ambientais

Jurisprudência - teoria do fato consumado em matéria ambi-ental / descriminalização da condu-ta por lei posterior

Infrações Ambientais - con-versão de multas em serviços

Normas de Direito Público - alterações na Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro

Administração Ambiental - atribuições e funcionamento do Conselho Estadual de Meio Ambi-ente do Amazonas

Pagamento por Serviços Ambientais - contratos com pro-prietários de RPPN no Paraná / Programa Municipal de PSA em Brumadinho, MG

Licenciamento Ambiental - novas regras em Minas Gerais

Produtos Perigosos - limites para a presença de chumbo em tintas

Patrimônio Genético - pra-zo final para apresentação do CURB e modelo de TTM

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2 Este Boletim destina-se aos clientes deste Escritório e tem por objetivo informar sobre as principais alterações na legislação brasileira e notícias relevantes no campo ambiental. Para esclarecimentos adicionais, os advogados encontram-se à sua disposição.

de biomassa renovável, em

estado líquido, sólido ou gasoso,

que possam ser empregadas em

motores a combustão interna ou

para outro tipo de geração de

energia, com o objetivo de subs-

tituir parcial ou totalmente o uso

de combustíveis fósseis. ◼

Petróleo e Gás

Em 25.04.2018, o Governo Fede-

ral editou o Decreto n.º 9.355,

que estabelece regras de gover-

nança, transparência e boas prá-

ticas no mercado para a cessão

de direitos de exploração,

desenvolvimento e produ-

ção de petróleo, gás natural e

outros hidrocarbonetos fluídos

pela Petróleo Brasileiro S.A. –

PETROBRAS. Conforme o dis-

posto nesse Decreto, na fase des-

tinada ao planejamento do pro-

cedimento especial de cessão de

direitos (fase de preparação in-

terna), serão contemplados, en-

tre outros aspectos, uma avalia-

ção dos impactos ambien-

tais e quanto à necessidade de

obtenção de licenças e autori-

zações governamentais. ◼

Áreas Especialmente Protegidas

Código Florestal. Após seis

anos de tramitação, sob a relato-

ria do Ministro Luiz Fux, em

28.02.2018, o Supremo Tribunal

Federal (STF) concluiu seu jul-

gamento sobre a constituci-

onalidade da Lei Federal n.º

12.651/2012 (o novo “Código Flo-

restal”), no âmbito das Ações Di-

retas de Inconstitucionalidade

(ADI) n.ºs 4.901, 4.902, 4.903 e

4.937 e da Ação Declaratória de

Constitucionalidade (ACD) n.º

42.

Apesar de ainda estar pendente a

divulgação dos votos e do acór-

dão – que oportunamente mere-

cerão uma análise cuidadosa –,

bem como o início do prazo para

eventuais Embargos de Declara-

ção, é possível concluir que, con-

siderando os poucos dispositivos

proclamados inconstitucionais

ou interpretados conforme a

Constituição Federal, dentre os

vários que foram objeto de ques-

tionamento, prevaleceu o enten-

dimento de que a mencionada

Lei como um todo deve ser reco-

nhecida como válida.

A tônica do julgamento foi a dis-

cussão quanto à aplicação do

princípio da vedação do retro-

cesso em matéria ambiental,

sendo vencedora no STF a tese

segundo a qual tal princípio tem

por escopo a proteção ao nú-

cleo essencial dos direitos e

garantias socioambientais

conquistados, não podendo, no

entanto, ser entendido como

uma vedação geral para qualquer

tipo de alteração legislativa que

venha a modificar ou restringir

direitos e obrigações nessa seara.

Unidades de Conservação

Marinhas. No dia 19.03.2018,

foram criadas quatro novas Uni-

dades de Conservação marinhas:

a Área de Proteção Ambiental

(APA) e o Monumento Natural

(MONA) do Arquipélago de São

Pedro e São Paulo, no litoral do

Estado de Pernambuco (a 986

Km da costa), e a APA do Arqui-

pélago de Trindade e Martim Vaz

e o MONA das Ilhas de

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3 Este Boletim destina-se aos clientes deste Escritório e tem por objetivo informar sobre as principais alterações na legislação brasileira e notícias relevantes no campo ambiental. Para esclarecimentos adicionais, os advogados encontram-se à sua disposição.

Trindade e Martim Vaz e do

Monte Columbia, no litoral do

Estado do Espírito Santo (a apro-

ximadamente 1.200 Km da cos-

ta). Os Monumentos Naturais em

referência não

estão inseridos

dentro da res-

pectiva APA a

eles associada,

perfazendo em

conjunto uma

área total de

mais de 92,5

milhões de hec-

tares. O regime

jurídico de pro-

teção especial

estabelecido

alcança inclusi-

ve o subsolo

dessas Unida-

des de Conser-

vação, que têm o Instituto Chico

Mendes de Conservação da Bio-

diversidade (ICMBio) como ór-

gão gestor. Em ambos os casos,

as zonas de amortecimento

dos Monumentos Naturais coin-

cidem com as respectivas APA.

Com essa iniciativa, o Brasil pas-

sará de 1,5% de áreas marinhas

protegidas para 25%, cumprindo

com folga, no que tange a áreas

marinhas, a Meta 11 de Aichi –

compromisso adotado em 2010

por ocasião da 10a Conferência

das Partes (COP 10) da Conven-

ção sobre Diversidade Biológica,

realizada em Nagoya, no Japão –

que demanda a proteção de pelo

menos 10% das áreas costeiras e

marinhas de cada país até 2020.

A configuração final dessas Uni-

dades de Conservação, contudo,

foi alterada pouco antes da assi-

natura dos Decretos, por pressão

da Marinha do

Brasil, sob o

argumento de

que o desenho

originalmente

proposto pelo

ICMBio iria

limitar a atua-

ção da Mari-

nha nas ativi-

dades de defe-

sa nacional

nesses locais.

Cientistas afir-

mam que ficou

de fora dos re-

gimes especi-

ais de proteção ambiental boa

parte dos ambientes mais ricos

em vida marinha e mais sujeitos

a ameaças, referindo-se às águas

rasas em torno dos arquipélagos,

onde há maior concentração de

recifes. ◼

Resíduos Sólidos

São Paulo – Logística

Reversa. Por meio da

Decisão de Diretoria

n.º 076/2018/C, publi-

cada em 04.04.2018, a

Companhia Ambiental do Estado de

São Paulo (CETESB) incorporou a

logística reversa no âmbito dos pro-

cessos de licenciamento ambien-

tal. A Decisão de Diretoria determi-

na que, no caso dos empreendimen-

tos e atividades sujeitos ao licencia-

mento ambiental, quando envolve-

rem a fabricação, importação, distri-

buição ou comércio de produtos

ou embalagens sujeitos à logís-

tica reversa, a emissão ou a reno-

vação da respectiva licença de ope-

ração estarão condicionadas à de-

monstração da existência de siste-

mas de logística reversa em imple-

mentação ou operação, quando da

apresentação do pedido de licencia-

mento à CETESB. A lista inicial de

produtos e embalagens para os quais

se exige a prática da logística reversa

no Estado de São Paulo está contida

na Resolução n.º 45, de 23.06.2015,

editada pela Secretaria de Estado do

Meio Ambiente (SMA). Adicional-

mente, a CETESB também passou a

exigir a implantação da logística re-

versa para as embalagens vazias

de tintas imobiliárias, conforme

prevê a Resolução n.º 307, de

05.07.2002, do Conselho Nacional

do Meio Ambiente (CONAMA) e suas

alterações.

De acordo com o que ainda estabele-

ce a Decisão de Diretoria, serão equi-

parados aos fabricantes os detento-

res das marcas dos respectivos

produtos, bem como aqueles que, em

nome destes, realizem o envase, a

montagem ou manufatura dos pro-

dutos.

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4 Este Boletim destina-se aos clientes deste Escritório e tem por objetivo informar sobre as principais alterações na legislação brasileira e notícias relevantes no campo ambiental. Para esclarecimentos adicionais, os advogados encontram-se à sua disposição.

Desde a edição da

Lei Federal n.º

13.140/2015 (“Lei

de Mediação”), que

dispõe sobre a me-

diação entre particulares como

meio de solução de controvérsias

e sobre a autocomposição de

conflitos no âmbito da adminis-

tração pública, bem como do ad-

vento do Código de Processo Ci-

vil de 2015, por intermédio da

Lei Federal n.º 13.105 de mesmo

ano, tem aumentado o interesse

pela a adoção de métodos de re-

solução consensual de conflitos

no campo ambiental. Nesse sen-

tido, a Lei de Mediação expressa-

mente contempla a possibilidade

de uso da mediação em conflitos

que versem sobre direitos in-

disponíveis que admitam

transação, podendo o procedi-

mento abranger todo ou parte do

conflito, inclusive com a partici-

pação de entidades da adminis-

tração pública, que podem criar

câmaras para resolução de con-

flitos que versem sobre as ativi-

dades por eles reguladas ou su-

pervisionadas. No âmbito de ór-

gãos integrantes do Sistema Na-

cional do Meio Ambiente – SIS-

NAMA, ainda são poucas as ini-

ciativas envolvendo a criação de

câmaras de mediação especiali-

zadas, como no caso da Secreta-

ria de Estado do Meio Ambiente

do Amapá (SEMA). No entanto,

a inexistência de uma câmara

especializada não impede a utili-

zação da mediação para a com-

posição de conflitos ambientais

envolvendo esses órgãos. ◼

Dentre as obrigações estabele-

cidas pela CETESB por meio da De-

cisão de Diretoria destacam-se: (i) a

prestação de informações dos siste-

mas de logística reversa por meio do

cadastramento e atualização do

Plano de Logística e de seus re-

sultados operacionais (Relatório

Anual) no Módulo de Logística Re-

versa do Sistema Estadual de Geren-

ciamento Online de Resíduos Sóli-

dos (SIGOR), conforme os prazos

estabelecidos pela CETESB; (ii) o

cumprimento, gradual e sucessivo,

das metas quantitativas de re-

colhimento e geográficas de

abrangência, até 31.12.2021; e (iii)

adesão a um dos Termos de Com-

promisso de Logística Reversa

(TCLR) firmados entre a SMA, CE-

TESB e representantes dos respecti-

vos setores empresariais ou adoção

de um sistema de logística reversa

individual ou coletivo.

A Decisão de Diretoria n.º

076/2018/C entrará em vigor em

25.06.2018. ◼

Rio de Janeiro – Transporte.

Com base na Resolução n.º 79,

de 09.03.2018, editada pelo Con-

selho Estadual de Meio Ambien-

te (CONEMA), o Instituto Esta-

dual do Ambiente (INEA) im-

plantou um novo Sistema de

Manifesto de Transporte de

Resíduos que pode ser acessado

no seguinte endereço eletrônico:

www.inea.rj.gov.br/mtr.

No sistema antigo, eram emiti-

das quatro vias físicas do Mani-

festo, por viagem e por resíduos.

Com o novo sistema online, todo

o controle será realizado digital-

mente, permitindo o cruzamento

de dados e a elaboração de rela-

tórios específicos contemplando

todas as fases do transporte dos

diversos tipos de resíduos, inclu-

sive do lixo extraordinário e de

resíduos sólidos urbanos e sua

relação entre a geração e o local

de destinação ambientalmente

adequada. ◼

Transporte de Cargas Perigosas

Minas Gerais. Terminará em

28.06.2018 o prazo para que os

transportadores, contratantes ou

expedidores de produtos e resí-

duos perigosos se adequem às

disposições da Lei Estadual n.º

22.805, de 29.12.2017, que esta-

belece medidas relativas a aci-

dentes no transporte dessas car-

gas no Estado de Minas Gerais.

De acordo com a Lei Estadual,

deverá ser mantido, diretamente

ou por meio da contratação de

empresa especializada, serviço

de atendimento a emergên-

cias que atenda determinados

requisitos de eficiência e capaci-

tação técnica. ◼

Mediação Ambiental

5

5 Este Boletim destina-se aos clientes deste Escritório e tem por objetivo informar sobre as principais alterações na legislação brasileira e notícias relevantes no campo ambiental. Para esclarecimentos adicionais, os advogados encontram-se à sua disposição.

Jurisprudência

Teoria do Fato Consumado.

Em 14.05.2018, o Superior Tri-

bunal de Justiça (STJ) editou a

Súmula n.º 613, com a seguinte

ementa: “Não se admite a teoria

do fato consumado em tema de

Direito Ambiental.” Embora o

contexto em que essa Súmula foi

aprovada diga respeito a prece-

dentes envolvendo especifica-

mente casos de

construção ilegal

de edificações

em área de pre-

servação perma-

nente, nos quais

foram determi-

nadas judicial-

mente a respecti-

va demolição e

restauração

ambiental, a

redação aberta

que foi emprega-

da na ementa poderá ocasionar

numa aplicação mais abrangente

desse preceito, alcançando quais-

quer outras situações relaciona-

das com a proteção de bens am-

bientais, ressalvadas as disposi-

ções legais específicas em sentido

contrário. ◼

Crimes Ambientais. A Sexta

Turma do Superior Tribunal de

Justiça (STJ), em julgamento

realizado em 20.03.2018 (REsp

1.406.833-PR), entendeu que

não constitui abolitio criminis

(descriminalização da conduta

por lei posterior) o fato de o art.

61-A da Lei Federal n.º 12.651/2012

(o novo “Código Florestal”) ter

autorizado a continuidade das

atividades agrossilvipastoris em

áreas rurais consolidadas até

22.07.2008, exercidas em áreas

de preservação permanente, e

desde que firmado termo de

compromisso de regularização,

por meio de Programas de

Regularização Ambiental (PRA)

de posses e propriedades rurais.

Segundo os julgadores, trata-se

de novatio legis in mellius (lei

nova mais benéfica), que não

descriminalizou a conduta de

destruir floresta de preservação

permanente (art. 38 da Lei

Federal n.º 9.605/1998 – “Lei de

Crimes Ambientais”), mas apenas

condicionou a continuidade das

atividades ali existentes

à implantação de um

plano de recuperação

da área, que, uma vez

concluído, ensejará a

extinção de puni-

bilidade do agente,

nos termos do que

estipula o § 2º do art.

60 do novo Código

Florestal.

Cumpre lembrar que a

celebração de um termo

de compromisso para a necessária

recuperação da área servirá de

requisito para eventual

suspensão condicional do

processo, conforme prevê o art.

89 da Lei Federal n.º 9.099/1995

(“Lei dos Juizados Especiais

Cíveis e Criminais”) e o art. 28 da

Lei de Crimes Ambientais. ◼

Infrações Ambientais

Conversão de Multas. Por

meio das Instruções Normativas

n.º 06, de 15.02.2018, e n.º 02,

de 19.01.2018, aprovadas respec-

tivamente pelo Instituto Brasilei-

ro do Meio Ambiente e dos Re-

cursos Naturais Renováveis

(IBAMA) e pelo Instituto Chico

Mendes de Conservação da Bio-

diversidade (ICMBio), foram re-

gulamentados os procedimentos

para conversão de multas em

serviços de preservação,

melhoria e recuperação da

qualidade do meio ambien-

te, com base no Programa de

Conversão de Multas Ambientais

emitidas por órgãos e entidades

da União integrantes do Sistema

Nacional do Meio Ambiente –

SISNAMA (Decreto Federal n.º

9.179, de 23.10.2017).

No momento da solicitação da

conversão (até a apresentação de

alegações finais, no âmbito do

processo administrativo referen-

te ao respectivo Auto de Infra-

ção), o autuado deverá manifes-

tar sua opção entre as duas mo-

dalidades de prestação de

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6 Este Boletim destina-se aos clientes deste Escritório e tem por objetivo informar sobre as principais alterações na legislação brasileira e notícias relevantes no campo ambiental. Para esclarecimentos adicionais, os advogados encontram-se à sua disposição.

serviços existentes: (i) direta

- apresentação de projeto a ser

implementado pelo autuado, por

seus próprios meios, observando

pelo menos um dos objetivos pre-

vistos na regulamentação (por

exemplo, a recuperação de áreas

degradadas ou a proteção e ma-

nejo de espécies da flora nativa e

da fauna silvestre, entre outros);

ou (ii) indireta - adesão a projeto

previamente selecionado pelo ór-

gão ambiental. Com a conversão,

será aplicado um desconto no va-

lor da multa que tenha sido im-

posta pelo órgão ambiental, sen-

do de 35% para a modalidade

direta e de 60% para a indireta.

Na modalidade indireta, o valor

remanescente da multa ainda

poderá ser parcelado em até vin-

te e quatro vezes. Em ambas as

modalidades, a prestação de

serviços não poderá con-

templar a reparação de da-

nos decorrentes da própria

infração e seu custo será, no

mínimo, igual ao valor da multa

convertida.

Uma vez aprovada a conversão da

multa, será celebrado um termo

de compromisso entre o autua-

do e o órgão ambiental, o que im-

plicará a suspenção da exigibili-

dade da multa aplicada e a renún-

cia tácita ao direito de recorrer

administrativamente. O termo de

compromisso deverá obrigatoria-

mente contemplar cláusula im-

pondo ao autuado o dever de re-

parar os danos decorrentes da

infração, se existentes, e tem a

natureza de título executivo ex-

trajudicial. ◼

Normas de Direito Público

Lei de Introdução às Normas

do Direito Brasileiro. Por meio

da Lei Federal n.º 13.655, de

25.04.2018, foram acrescentados

novos dispositivos no Decreto-Lei

n.º 4.657, de 04.09.1942 (“Lei de

Introdução às Normas do Direito

Brasileiro”), que teriam por obje-

tivo promover a segurança jurí-

dica e eficiência na criação e

aplicação do Direito Público. Na

prática, porém, dada a maior

complexidade que foi embutida

nos atos administrativos por meio

de alguns desses dispositivos, te-

me-se que o efeito possa ser jus-

tamente o inverso. Merece desta-

que o preceito segundo o qual,

nas esferas administrativa

(órgãos da administração direta),

de controle (tribunais de contas e

outros) e judiciais, os julgadores

deverão se abster de decidir com

base em valores jurídicos abstra-

tos, sem que sejam considerados

os efeitos práticos da deci-

são. Nesse sentido, além dos as-

pectos jurídicos, as decisões ado-

tadas pelas autoridades públicas

deverão sempre levar em conta o

contexto (histórico, socioeconô-

mico etc.) e a realidade do ca-

so concreto, assim como as

possíveis alternativas existentes.

No campo ambiental, esse pre-

ceito deverá impactar não apenas

as decisões judiciais que venham

a ser proferidas nos litígios que

versem sobre a reparação de da-

nos ao meio ambiente e terceiros

afetados, como também as deci-

sões proferidas em processos de

licenciamento ambiental, entre

outros. ◼

Administração Ambiental

Amazonas. A Lei Complemen-

tar Estadual n.º 187, de

25.04.2018, disciplinou as atri-

buições e funcionamento do Con-

selho Estadual de Meio Ambiente

do Amazonas (CEMAAM), órgão

colegiado superior de assessora-

mento ao Governador do Estado

nas questões atinentes à formula-

ção, ao acompanhamento e avali-

ação das políticas de proteção ao

meio ambiente e controle da po-

luição. Dentre as atribuições do

CEMAAM estão incluídas a ela-

boração de normas e proce-

dimentos relativos à proteção

do meio ambiente e a exploração

de recursos ambientais, bem co-

mo o julgamento, em grau de

recurso, como última instância

administrativa, sobre penalida-

des aplicadas por infrações am-

bientais. ◼

7

7 Este Boletim destina-se aos clientes deste Escritório e tem por objetivo informar sobre as principais alterações na legislação brasileira e notícias relevantes no campo ambiental. Para esclarecimentos adicionais, os advogados encontram-se à sua disposição.

Produtos Perigosos

Chumbo. O

Decreto Fede-

ral n.º 9.315,

de 20.03.2018,

regulamentou a Lei Federal n.º

11.762, de 01.08.2008, que fixou

o limite máximo de chumbo per-

mitido na fabricação de tintas

imobiliárias e de uso infantil

e escolar, vernizes e materi-

ais similares. De acordo com a

Lei Federal n.º 11.762/2008, é

proibida a fabricação, comerciali-

zação, distribuição e importação

desses produtos com concentra-

ção igual ou superior a 0,06% de

chumbo, em peso, expresso como

chumbo metálico, determinado

em base seca ou conteúdo total

não-volátil. O cumprimento do

padrão será fiscalizado pelo Insti-

tuto Nacional de Metrologia,

Qualidade e Tecnologia

(INMETRO), estando os infrato-

res sujeitos a notificação, apreen-

são do produto e multa.

As disposições da Lei Federal n.º

11.762/2008 não se aplicam a tin-

tas, vernizes e materiais similares

de revestimento de superfícies

para uso em (i) equipamentos

agrícolas e industriais; (ii) estru-

turas metálicas industriais, agrí-

colas e comerciais; (iii) tratamen-

to anticorrosivo à base de pintu-

ra; (iv) sinalização de trânsito e

de segurança; (v) veículos auto-

motores, aviões, embarcações e

vagões de transporte ferroviário;

(vi) artes gráficas; (vii) eletrodo-

mésticos e móveis metálicos;

(viii) tintas e materiais similares

de uso exclusivo artístico; e (ix)

tintas gráficas. ◼

Pagamento por Serviços Ambientais

Fundo Municipal de Pagamento

por Serviços Ambientais

(FMPSA) em Brumadinho, Esta-

do de Minas Gerais. O PMPSA

tem por objetivo implementar a

PMSA por meio de incentivos

financeiros aos proprietários ou

possuidores de terras comprome-

tidos, entre outras ações, com a

conservação dos recursos hídri-

cos, proteção das áreas naturais,

adoção de práticas conservacio-

nistas de uso do solo nas áreas de

produção agropecuária, restaura-

ção ecológica e formação de cor-

redores de biodiversidade. Os in-

teressados que forem considera-

dos aptos a participar do PMPSA

firmarão instrumento contra-

tual específico, com prazo a ser

estabelecido em regulamento. ◼

Paraná. Por meio da

Resolução n.º 4, de

05.03.2018, a Secretaria

de Estado do Meio Am-

biente e Recursos Hídricos

(SEMA), aprovou alterações na

fórmula de cálculo do valor a ser

estabelecido como Pagamento

por Serviços Ambientais

(PSA) nos contratos firmados

com os proprietários de Reservas

Particulares do Patrimônio Natu-

ral (RPPN) e modificou os crité-

rios de priorização para seleção

das RPPN beneficiárias desses

recursos financeiros (públicos ou

privados), alterando dispositivos

da Resolução SEMA n.º 80, de

21.12.2015, que instituiu as dire-

trizes e normas para a execução

de projetos de PSA destinados às

RPPN no Estado do Paraná. ◼

Brumadinho, Minas Gerais.

A Lei Municipal n.º 2.396, de

23.04.2018, estabeleceu a Política

Municipal de Serviços Ambientais

(PMSA), o Programa Munici-

pal de Pagamento por Servi-

ços Ambientais (PMPSA) e o

Licenciamento Ambiental

Minas Gerais. Por meio do De-

creto Estadual n.º 47.383, de

02.03.2018, foram estabelecidos

novos procedimentos para o li-

cenciamento ambiental e a res-

ponsabilização por infrações ad-

ministrativas ambientais em Mi-

nas Gerais. A nova regulamenta-

ção implicou uma maior centrali-

zação de competências no Conse-

lho Estadual de Política Ambien-

tal (COPAM) e na Secretaria de

Estado de Meio Ambiente e Desen-

volvimento Sustentável (SEMAD).

Merece destaque a previsão ex-

pressa, no texto da norma, sobre

a possibilidade de se realizar au-

tocomposição de conflitos

associados a autos de infração

ambiental, nos termos da Lei Fe-

deral n.º 13.140/2015 (“Lei de

Mediação”), a critério do órgão

ambiental e conforme regulamen-

to próprio.

Foram também tipificadas novas

infrações ambientais, tais como o

ato de “Descumprir ou

8

8 Este Boletim destina-se aos clientes deste Escritório e tem por objetivo informar sobre as principais alterações na legislação brasileira e notícias relevantes no campo ambiental. Para esclarecimentos adicionais, os advogados encontram-se à sua disposição.

cumprir fora do prazo con-

dicionante aprovada nas licen-

ças ambientais, inclusive planos

de controle ambiental, de medi-

das mitigadoras, de monitora-

mento, ou equivalentes” (código

106) e “Deixar de comunicar ao

órgão ambiental o encerramen-

to ou a paralização temporária

de atividades, no prazo estabele-

cido neste decreto” (código 111),

ambas classificadas como gra-

ves. ◼

Contato:

Fernando Tabet [email protected]

Tel. +55 (11) 2985 1070 (r. 4)

Luiz C. Vasconcellos [email protected]

Tel. +55 (11) 2985 1070 (r. 28)

Thais Pelligrino [email protected]

Tel. +55 (11) 2985 1070 (r. 26)

Patrimônio Genético

Entre os dias 11 e 12.04.2018,

foram publicadas pelo Conselho

de Gestão do Patrimônio Genéti-

co (CGEN) seis Resoluções que

regulamentam aspectos da legis-

lação que disciplina o acesso ao

patrimônio genético e a conheci-

mentos tradicionais associados.

A Resolução CGEN n.º 4/2018

estabelece a data de 31.07.2018

como prazo final para apresen-

tação do Contrato de Utiliza-

ção do Patrimônio Genético

e de Repartição de Benefí-

cios (CURB) ou Projeto de Re-

partição de Benefícios a ser

anuído pelo CGEN, nos casos em

que os usuários de patrimônio

genético ou conhecimentos tradi-

cionais associados tenham inicia-

do o processo de regulariza-

ção antes da data de entrada em

vigor da Lei Federal n.º

13.123/2015 e, a seu critério, te-

nham optado por repartir benefí-

cios de acordo com os termos da

Medida Provisória n.º 2.186-

16/2001.

A Resolução CGEN n.º 5/2018

aprovou o modelo de Termo de

Transferência de Material

(TTM), cujas cláusulas são obri-

gatórias. Conforme o interesse

específico do remetente ou do

destinatário do material, poderão

ser incluídas cláusulas adicionais

em anexo ao TTM, desde que não

conflitem com o disposto na Re-

solução CGEN n.º 5/2018 ou na

legislação pertinente. De acordo

com essa norma, para serem re-

gularmente remetidas, as amos-

tras de patrimônio genético de-

verão estar acompanhadas dos

três seguintes documentos: (i)

comprovante do cadastro de re-

messa; (ii) cópia do TTM firmado

entre o remetente e o destinatá-

rio; e (iii) guia de remessa.

As Resoluções CGEN n.ºs 6, 7, 8

e 9/2018 estabelecem o detalha-

mento de informações a serem

apresentadas ao CGEN nas situa-

ções que especificam. ◼

Ana Claudia de M. Franco [email protected]

Tel. +55 (11) 2985 1070 (r. 6)

Caroline G. Guerini [email protected]

Tel. +55 (11) 2985 1070 (r. 25)

TABET, BUENO & FRANCO ADVOGADOS

Flavia Scarpinella Bueno [email protected]

Tel. +55 (11) 29 85 1070 (r. 21)

Jean Marc W. Sasson [email protected]

Tel. +55 (21) 2553 1541

Cel. +55 (21) 99787 8989