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  • TEMA: Princpios, Histria e doutrina Cooperativista

    PRINCPIOS COOPERATIVISTAS: ANALISANDO SUA APLICAO NA COOPERATIVA DE CRDITO SICREDI ARAGUAIA TOCANTINS DE

    PALMAS/TO

    Wanessa Lanne de Jesus [email protected] Universidade Federal do Tocantins UFT

    Airton Cardoso Canado Airton Universidade Federal do Tocantins UFT

    Cleiton Silva Ferreira Milagres [email protected] Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado do Tocantins

    SESCOOP/TO

    Resumo

    Esse trabalho trata sobre o histrico do cooperativismo e seus princpios, dando o conhecimento para diferenciar uma cooperativa das demais organizaes. Alm disso, aborda especificamente cada princpio cooperativo, e analisa a aplicabilidade desses numa cooperativa de crdito situada no estado do Tocantins. Metodologicamente, foi utilizado o mtodo do estudo de caso, e os dados coletados por meio de entrevista semi-estruturada. Os resultados alcanados mostram que a cooperativa atende aos princpios cooperativistas na prtica e seu principal problema a participao dos cooperados. Palavras chave: Cooperativa, Cooperativa de crdito, princpios. Abstract This paper deals with history and principles of cooperatives, giving the knowledge to differentiate a cooperative from other organizations. In addition, specifically addresseach cooperative principlem and analyzes the applicability of credit union locates in the state of Tocantins. Methodologically, we used the method of case study, and data collected through semi-structured interview. The results show that the cooperative meets the cooperative principles in practice and their main problems is the participation of members. 1. Introduo

    Cooperar significa praticar aes em conjunto com outras pessoas, com o mesmo objetivo, na busca de resultados comuns a todos, superando as dificuldades individuais. Dentro deste conceito podemos dizer que desde os primrdios da humanidade, o homem esteve sempre em contato com o cooperativismo, pois j se unia para caar, pescar, se proteger.

    O cooperativismo moderno deu-se de incio, justamente, como uma forma de proteo em relao s grandes mudanas provocadas pela

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    Revoluo Industrial. Este tipo de organizao buscava formas de sobrevivncia econmica em meio ao capitalismo que submetia a classe trabalhadora a preos altos e explorao do trabalho, principalmente de mulheres e crianas com jornadas de trabalho de at 16 horas, alm do crescente desemprego causado pela grande migrao das reas rurais para os centros urbanos. Desde os primrdios da organizao cooperativa foram traados princpios norteadores, esses princpios foram embasados em valores ticos que seus fundadores acreditavam, como honestidade, transparncia, responsabilidade social e preocupao com os outros.

    Aps diversas experincias, que poderamos classificar como pr-cooperativas (moinhos e padarias coletivas), surge a primeira cooperativa moderna, registrada como Friendly Rochdale Co-operative Society, mais conhecida como Cooperativa de Rochdale. Esta cooperativa pode ser classificada como a primeira cooperativa moderna por ter sistematizado as suas regras de funcionamento (CANADO; GONTIJO, 2004; SCHNEIDER 1999). Destas regras de funcionamento, podemos extrair princpios que futuramente guiariam as demais cooperativas. Os princpios criados em Rochdale ainda hoje perduram devido a sua origem em valores ticos que formam o pensamento cooperativista, havendo apenas algumas modificaes que reforaram o ideal cooperativista. Esses princpios so as diretrizes pelas quais as cooperativas levam seus valores em prtica, formulando suas diretrizes utilizando-os como base.

    Independente de territrio, lngua, credo ou nacionalidade o cooperativismo se desenvolve tendo como a principal base estes valores universais, seguindo os princpios apoiados pela Aliana Cooperativa Internacional (ACI), visando sempre a realizao do conjunto.

    A Aliana Cooperativa Internacional define cooperativa como uma associao autnoma de pessoas unidas voluntariamente pra satisfazer suas necessidades econmicas, sociais e culturais em comum, atravs de uma organizao com propriedade coletiva e democraticamente controlada (ACI, 2011, traduo nossa). Levando sempre em considerao valores de autoajuda, responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade, para a constituio de seus princpios e regimento.

    Neste contexto, nosso objetivo a anlise da prtica dos princpios cooperativistas na cooperativa de crdito Sicredi Araguaia Tocantins, na tica dos dirigentes.

    Este texto est dividido em cinco partes, alm desta introduo, na seo seguinte trataremos do surgimento do cooperativismo, em seguida apresentaremos os princpios cooperativistas, finalizando o aporte terico. Na quarta seo apresentaremos a metodologia do trabalho, seguida dos resultados e consideraes finais.

    2. Cooperativismo A natureza humana sempre foi de viver em conjunto, sempre se

    associando para resolver problemas dos mais simples aos mais complexos, desde os primrdios como caar, pescar at os dias de hoje como comprar, vender, produzir.

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    De acordo com a Lei n 5.764/71 que define a Poltica Nacional do Cooperativismo: Cooperativas so sociedades de pessoas, com forma e natureza jurdica prprias, de natureza civil, no sujeitas a falncia, constitudas para prestar servios aos associados. Cooperativa a unio de diversos trabalhadores de igual ou diversas profisses que por iniciativa prpria visando um objetivo em comum decidem trabalhar juntos, atravs da ajuda mtua e no concorrncia, assim tendendo a aprimorar o indivduo em todas as suas dimenses, tanto social, econmica e cultural, preocupando se com a qualidade de seus produtos e servios , com o meio ambiente e o meio em que se encontra, buscando preo justo e a constituio de uma sociedade mais equitativa, democrtica e sustentvel.

    De acordo com Silva Filho (2001) as organizaes cooperativas tem atuado como mecanismos capazes de oferecer de forma satisfatria, respostas a problemas e necessidades de carter social e econmico. O sistema cooperativista um sistema que proporciona o desenvolvimento integral do indivduo. O cooperativismo pode ser reconhecido hoje como um dos sistemas mais adequados, participativos, justos e democrticos que atendem as necessidades e interesses dos trabalhadores.

    A constituio que rege as cooperativas diferencia da constituio jurdica das demais empresas isso pode ser visto como vantagem e tambm desvantagem, pois as cooperativas concorrem no mercado com as empresas em geral. Para Oliveira (2006) as vantagens cooperativas devem ser basear na sua forma de interao com seus clientes, cooperados e mercado em geral. 2.1. Histria do Cooperativismo

    Apesar da idia de cooperao e ajuda mtua serem bastante antigas somente no sculo XVIII que comeou-se a trabalhar e elaborar essa idia. Em busca de uma alternativa para viabilizar a compra de bens de primeira necessidade. A mais antiga cooperativa com existncia documentada,

    (...) iniciada em 1760 por trabalhadores empregados nos estaleiros de Woolwich e Chatham, na Inglaterra, eles fundaram moinhos de cereais em base cooperativa para no ter de pagar os altos preos cobrados pelos moleiros que dispunham de um monoplio local. No mesmo ano, o moinho de Woolwich foi incendiado e os padeiros foram acusados de sinistro. Essa cooperativa s foi registrada para a histria devido ao acidente (VEIGA e FONSECA, 2001, p. 19).

    Porm, apesar dos registros de existncia de outras cooperativas o marco inicial do cooperativismo moderno se d com a fundao, na data de 21 de dezembro de 1844, em Rochdale, Manchester (importante centro txtil), na Inglaterra, tambm conhecido como Beco do Sapo (Toad Lane), a primeira cooperativa de consumo, constituda por 27 homens e uma mulher, a grande maioria teceles, com o intuito de sobreviver aos problemas causados pela Revoluo Industrial, tendo como finalidade principal o homem e no o lucro, muitos desses cooperados seguiam as idias de Robert Owen1. Inicialmente a

    1 Robert Owen (1771-1858) considerado como um dos precursores do cooperativismo, segundo MAURER JNIOR (1966), aps seu casamento com a filha de um industrial, quando se tornou dirigente de uma fbrica em New Lanark passou a preocupar-se com o bem estar dos trabalhadores, melhorando as condies de trabalho e se preocupando com a educao dos filhos destes trabalhadores. Alm disso, ele

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    idia de se juntar foi devido a dificuldade financeira de adquirir gneros de primeira necessidade, a compra em conjunto realizada possibilitava um melhor preo. A cooperativa, por algum tempo foi motivo de deboche para muitos comerciantes. Porm com o tempo a cooperativa foi crescendo e em 1849 j contava com 390 associados, em 1859 havia 2.703 associados, em 1869 eram 5.809, e em 1879 o total de associados era de 10.427 associados, alm do seu crescimento tambm ocorreu uma maior abrangncia de suas atividades, com novas finalidades alm do consumo, como aquisies de moradias para os scios e compra de terras, produo de vrios produtos, abrindo tambm outras filiais da cooperativa (VEIGA e FONSECA, 2001). Este vertiginoso crescimento da cooperativa chega a mais de 1,7 milho de cooperados em 1900 (SINGER, 2002).

    A Cooperativa de Rochdale se tornou um exemplo, devido a sua enorme capacidade de adaptao as oportunidades e aos riscos da economia de mercado, isso sem abrir mo dos princpios cooperativistas criados por ela desde seu incio. Seu sucesso se deve justamente a essa elaborao conjunta de ideias e regras gerais, regulamentando seu funcionamento, com base em princpios morais e de conduta, justificando assim suas iniciativas (VEIGA e FONSECA, 2001).

    Por outro lado, Canado (2007) discute que o crescimento desta cooperativa, que se tornou modelo para as demais a levou a contratar funcionrios, reproduzindo, de certa forma, a questo da explorao da mo-de-obra. A criao da Aliana Cooperativa Internacional, em 1895, surge neste contexto e atualmente as cooperativas possuem funcionrios (CANADO, 2007; SCHNEIDER, 1999).

    2.2. Cooperativismo no Brasil

    No Brasil o cooperativismo tambm chegou em meio a grandes transformaes. Segundo Singer (2002) atravs de imigrantes europeus, inicialmente no formato de cooperativas de consumo na cidade e de cooperativas agropecurias no campo.

    Em meados de 1887, foram fundadas as primeiras cooperativas no Brasil, como a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Companhia Paulista, na cidade de Campinas (SP), a partir dessa surgiram outras cooperativas na regio sudeste do Brasil, Minas, So Paulo e Rio de Janeiro. A primeira cooperativa de crdito foi fundada em 1902, por produtores de vinho, em Nova Petrpolis (RS), seguindo a idia de um padre jesuta suo, Thodor Amstadt, de organizar uma caixa de crdito rural nos moldes das Caixas Raiffeisen, idealizadas por Friedrich Raiffeisen, prefeito de uma pequena localidade na Alemanha, a Cooperural existe at hoje. Em 1913 na cidade de Santa Maria (RS), foi fundada a Cooperativa de Consumo dos Empregados da

    foi um ativo defensor da unio das classes trabalhadoras a nvel nacional e internacional. Defendeu tambm um movimento denominado Novo Mundo Moral cujo intuito era a realizao de um projeto de mundo por meio de colnias ou comunidades cooperativas (SCHNEIDER, 1999).

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    Viao Frrea (Coopfer), essa cooperativa teve um grande desenvolvimento at a dcada de 1960 e foi pioneira em mltiplas iniciativas de carter social, chagando a ser a maior cooperativa de consumo da Amrica do Sul (VEIGA e FONSECA, 2001).

    A partir deste incio disperso, as ideias do movimento cooperativista se alastraram pelo pas, porm, apesar de sua difuso poucas eram as pessoas bem informadas sobre esse assunto, devido falta de material didtico, s grandes distncias e grandes vazios comuns no pas nesta poca, alm do trabalho escravo.

    No governo Mdici, em 12 de dezembro de 1971, foi decretada a lei que regulariza as cooperativas no Brasil em vigor at hoje, Lei 5.764, em vigo at os dias de hoje. A grande mudana se deu com a Constituio Federal de 1988, onde o cooperativismo passa a ser autnomo em relao ao Estado (VEIGA e FONSECA, 2001).

    A partir da dcada de 1990 proliferam no pas experincias cooperativas, na sua grande maioria informais, que surgem como alternativa ao desemprego. Estas cooperativas, definidas como cooperativas populares por Canado (2007) passam a integrar o movimento da Economia Solidria no pas. Neste trabalho, porm, nosso foco o cooperativismo tradicional, organizado sob os princpios cooperativistas da Aliana Cooperativa Internacional, da Qual a Organizao das Cooperativas Brasileiras faz parte.

    2.3. Tipos de Cooperativas e Classificaes

    As cooperativas atuam em diversos seguimentos, de acordo com as

    necessidades dos cooperados que a integram, tambm podendo ser chamados de tipos de cooperativas, ramos ou campos de ao.

    Existem no pas hoje 13 ramos cooperativistas: agropecurio (onde se inclui tambm a pesca), consumo, crdito, educacional, especial, habitacional, infra-estrutura, minerao, produo, sade, trabalho, transporte, turismo e lazer CRZIO, 2002).

    As cooperativas alm de tipos possuem classificaes que a denominam da seguinte forma:

    [...] cooperativas singulares, ou de 1 grau, quando destinadas a prestar servios diretamente aos associados; cooperativas centrais e federaes de cooperativas, ou de 2 grau, aquelas constitudas por cooperativas singulares e que objetivam organizar, em comum e em maior escala, os servios econmicos e assistenciais de interesse das filiadas, integrando e orientando suas atividades, bem como facilitando a utilizao recproca dos servios; e confederaes de cooperativas, ou de 3 grau, as constitudas por centrais e federaes de cooperativas e que tm por objetivo orientar e coordenar as atividades das filiadas, nos casos em que o vulto dos empreendimentos transcender o mbito de capacidade ou convenincia de atuao das centrais ou federaes (PINHEIRO, 2008, p. 7).

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    2.4. Cooperativas de Crdito As cooperativas de crdito so instituies financeiras organizadas sob a

    forma de sociedade cooperativista, mantida pelos prprios cooperados, que tem como o principal objetivo a prestao de servios financeiros aos associados, como concesso de crdito, captao de depsitos vista e a prazo, cheques, prestao de servios de cobrana, de custdia, de recebimentos e pagamentos por conta de terceiros sob convnio com instituies financeiras pblicas e privadas e de correspondente no Pas, alm de outras operaes especficas e atribuies estabelecidas na legislao em vigor. Assim sendo, contribuindo para o desenvolvimento e fortalecimento econmico do pas, democratizando o crdito e desconcentrando a renda (PINHEIRO, 2008).

    De acordo com Pinheiro (2008) a primeira cooperativa de crdito foi criada em 1847, por Friedrich Wilhelm Raiffeisen, natural da Rennia, no povoado de Weyerbusch/Westerwald a primeira associao de apoio para a populao rural, que, embora no fosse ainda uma cooperativa, serviria de modelo para ele em 1864, chamava- se Heddesdorfer Darlehnskassenveirein (Associao de Caixas de Emprstimo de Heddesdorf). As cooperativas criadas por Raiffeisen, tipicamente rurais, tinham como principais caractersticas a responsabilidade ilimitada e solidria dos associados, a singularidade de votos dos scios, independentemente do nmero de quotas-parte, a rea de atuao restrita, a ausncia de capital social e a no distribuio de sobras, excedentes ou dividendos.

    Inspirados nos pioneiros alemes surgiram vrias outras estruturas de cooperativismo de crdito em outros pases. Entre estas se destacam as do tipo Luzzatti e Wollemborg, na Itlia. As cooperativas do tipo Luzzatti, os chamados bancos populares, foram idealizadas por Luigi Luzzatti, poltico, escritor e professor universitrio, publicou, em 1863, Milo, A difuso do crdito e o Banco Popular, obra em que exps suas ideias a respeito do cooperativismo de crdito. Os bancos populares Luzzatti adotavam o princpio do self-help, mas admitiam ajuda estatal sob a forma de suporte, at que a sociedade fosse capaz de assumir por sua prpria conta e risco todas as responsabilidades do negcio. Wollemborg admitia a responsabilidade solidria e ilimitada dos associados quanto aos negcios realizados pela entidade. No se ocupava tanto do aspecto moral, mas preocupava-se mais com o carter financeiro da sociedade. No admitia a remunerao dos dirigentes, nem a distribuio de retorno (COOPERATIVAS..., 2010).

    No Brasil, as cooperativas criadas com essa denominao, bastante populares nas dcadas de 40 a 60, tinham como principais caractersticas a no exigncia de vnculo para a associao, exceto algum limite geogrfico (bairro, municpio etc.), quotas de capital de pequeno valor, concesso de crdito de pequeno valor sem garantias reais, no remunerao dos dirigentes e responsabilidade limitada ao valor do capital subscrito (PINHEIRO, 2008, p. 21).

    Nas Amricas surgiu outro tipo de cooperativa de crdito, com um formato totalmente distinto, mesmo inspirado nos modelos de Raiffeisen, Schultze-Delitzsche e Luzzatti, criada por Desjardins, a primeira cooperativa, na provncia canadense de Quebec, em 6 de dezembro de 1900. Esse tipo de cooperativa, que conhecida hoje no Brasil como cooperativa de crdito

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    mtuo, tinha como principal caracterstica a existncia de alguma espcie de vnculo entre os scios, reunindo grupos homogneos como os de clubes, trabalhadores de uma mesma fbrica, funcionrios pblicos etc. (PINHEIRO, 2008).

    Conforme Pinheiro (2008) no Brasil a primeira cooperativa de crdito reconhecida foi a Caixa de Economia e Emprstimos Amstad, posteriormente batizada de Caixa Rural de Nova Petrpolis, localizada em Nova Petrpolis (RS), em 1902, por iniciativa do padre suo Theodor Amstad, atuando at os dias de hoje sob a denominao de Cooperativa de Crdito de Livre Admisso de Associados Pioneira da Serra Gacha - Sicredi Pioneira/RS. Entre 1902 e 1964, ainda surgiriam 66 cooperativas de crdito do tipo Raiffeisen no Rio Grande do Sul. A primeira cooperativa do modelo Luzzatti surgiu em 1906, no municpio de Lajeado (RS), denominada de Caixa Econmica de Emprstimo de Lajeado, e at hoje est em atividade sob a denominao de Cooperativa de Crdito de Lajeado.

    De acordo com o site das cooperativas brasileiras em dezembro de 2009 o Brasil possua 1.394 cooperativas de crdito, 38 centrais estaduais e 4 confederaes, sendo alicerado basicamente em 4 sistemas de crdito, sejam eles, SICOOB, SICREDI, UNICRED e ANCOSOL. Representando atualmente 13% das agncias bancrias do pas, lembrando que cooperativa de crdito diferencia-se de banco, enquanto que os ativos totais administrados representam menos de 3% do total. 3. Princpios cooperativistas

    Desde a criao da primeira cooperativa moderna, houve a preocupao em estabelecer normas e regra bsicas que impedissem erros ocorridos anteriormente e que mantivessem o esprito cooperativista de igualdade, solidariedade e ajuda mtua, visando no somente fim para si prprio, mas uma melhoria de vida para todos os cooperados e para comunidade a qual a cooperativa pertence.

    Segundo Crzio (2002) os pioneiros de Rochdale praticavam os seguintes princpios:

    Livre adeso e sada de seus associados; Democracia nos direitos e deveres dos associados; Compras e vendas vista na cooperativa; Juro limitado ao capital investido; Retorno proporcional; Operao com terceiros; Formao intelectual dos associados; Devoluo desinteressada dos ativos lquidos.

    Ainda segundo Crzio (2002) aps sucessivos congressos da Aliana Cooperativa Internacional (ACI) criada em 1895, maior autoridade e representante mundial do cooperativismo, tendo em vista uma melhor adaptao do movimento cooperativista em um mundo de constantes mudanas econmicas, foram discutidos, reformulados e aperfeioados os princpios bsicos do cooperativismo, divulgados no congresso em 23 de setembro de 1995. Desde ento se seguem sete princpios:

    Adeso voluntria e livre;

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    Controle democrtico pelos scios; Participao econmica dos scios; Autonomia e independncia; Educao, treinamento e informao; Cooperao entre cooperativas; Preocupao com a comunidade.

    De acordo com Silva Filho (2001) essas modificaes ocorridas nos princpios cooperativistas no demonstram fraqueza dos princpios, e sim, demonstram como o pensamento cooperativo pode ser aplicado em um mundo de constantes mudanas; sugerem como as cooperativas podem organizar-se para enfrentar novos rumos econmicos e sociais; empurram e direcionam cooperativas de todo o globo para realizar novos exames dos propsitos bsicos do movimento cooperativista. Canado e Gontijo (2004) concordam com esta posio e argumentam que estas mudanas reforam as matizes dos princpios cooperativistas. 3.1. Principio da Adeso Livre e Voluntria

    Esse princpio afirma a importncia fundamental de que as pessoas se integrem a cooperativa de forma voluntria, assumindo os seus compromissos com a cooperativa, sem que haja nenhuma imposio ou obrigao no momento de sua aceitao de integrao, levando em considerao tambm, que no deve haver nenhum tipo de discriminao ou restrio para associao tanto de sexo, raa, poltica, religio ou condio social, qualquer pessoa que seja capaz e que esteja disposta a seguir os princpios e contribuir para o crescimento e desenvolvimento da cooperativa pode se associar. Tal princpio tambm garante a sada do scio em qualquer momento valorizando sua liberdade individual de escolha no que diz respeito a sua permanncia ou no como scio da cooperativa (SILVA FILHO, 2001).

    Segundo a ACI (2011) as cooperativas so organizaes voluntrias, abertas a todas as pessoas aptas a usar servios e dispostas a aceitar as responsabilidades de scios, sem discriminao social, racial, poltica ou religiosa.

    Para Silva Filho (2001) indiscutvel a importncia e o poder desse princpio, por causa da essncia significativa que existe entre a cooperativa e as pessoas a que servem, porm considerado, normalmente o menos valorizado.

    Canado e Gontijo (2004) alertam para a existncia de restries tcnicas para o ingresso em cooperativas, pois as mesmas possuem um mbito de atuao (espao geogrfico), um objetivo (prestar determinado tipo de servio para os cooperados), podem ser fechadas (determinados tipos de associado: funcionrios de determinada empresa ou setor) e ainda a capacidade tcnica de prestao de servios aos cooperados. Ainda segundo os autores, estas restries tcnicas no podem ser consideradas como descumprimento do princpio, mas uma adequao da cooperativa legislao, principalmente no ramo crdito, ou ainda sua prpria sobrevivncia no mercado. 3.2. Princpio do Controle Democrtico pelos Scios

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    Cada scio tem o direito a um voto nas assembleias independente da quantidade de quota partes que possui.

    As cooperativas so organizaes democrticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulao de suas polticas e na tomada de decises. Homens e mulheres eleitos como representantes, so responsveis perante a sociedade. Em primeiro grau os membros de cooperativas tem igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de outros graus so tambm organizadas de maneira democrtica (ACI, 2011, traduo nossa).

    Esse princpio refora o fato de que a cooperativa gerida pelos seus scios que, nessa misso procedem de forma democrtica, reafirmando tambm o direito dos scios de integrarem-se ativamente na fixao das polticas e nas tomadas de deciso de interesse social (SILVA FILHO, 2001). 3.3. Princpio da Participao Econmica dos Scios

    Esse princpio possibilita ao associado discutir e opinar sobre valores que construiro o capital social da cooperativa, sobre onde, como, quando e quanto investir na cooperativa, conforme os resultados das sobras lquidas, levando em considerao que a cooperativa deve tirar as despesas com a operacionalizao e a sua manuteno e ainda reter, conforme manda a lei, pelo menos 10% para o fundo de reserva e 5% para o Fundo de Assistncia Tcnica e Educao Social, alm dos percentuais relativos a outros fundos, caso a cooperativa os tenha (CANADO; GONTIJO, 2004; CRZIO, 2002; VEIGA e FONSECA, 2001; SCHNEIDER, 1999).

    Os membros contribuem equitativamente e controlam democraticamente o capital de suas cooperativas. Pelo menos parte desse capital , normalmente, propriedade comum das cooperativas. Usualmente, os scios recebem uma compensao limitada, se houver, sobre o capital subscrito como condio de adeso. Os membros destinam os excedentes a um ou todos os seguintes propsitos: desenvolvimento de suas cooperativas, eventualmente atravs da criao de reservas, parte das quais, pelo menos, ser indivisvel; aos scios na proporo de suas transaes com as cooperativas e apoio a outras atividades que forem aprovados pelos membros (ACI, 2011, traduo nossa).

    3.4. Princpio da Autonomia e Independncia Esse princpio est garantido por lei no inciso XVIII do artigo 5 da

    Constituio Federal onde se diz: A criao de associao, e na forma da lei, a de cooperativas independem de autorizao, sendo vedada a interferncia estatal em seu funcionamento.

    Este princpio possibilita tambm que a cooperativa firme convnios, contratos, entre outros, com terceiros, mantendo ao mesmo tempo a autonomia e a independncia da cooperativa, principalmente aos objetivos econmicos, poltico e social almejado pela associao (CRZIO, 2002).

    As cooperativas so organizaes autnomas de ajuda mtua, controladas por seus membros. Se firmarem acordos com outras organizaes, incluindo governos, ou levantar capital de fontes externas, o fazem em condies

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    que assegurem o controle democrtico pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa (ACI, 2010, traduo nossa).

    Esse princpio garante que a associao possa cumprir com seus objetivos e metas sem a interveno externa, principalmente do governo, mesmo obtendo essa ajuda de rgos externos. 3.5. Princpio da Educao, Formao e Informao

    A educao um dos compromissos do movimento cooperativistas desde sua origem. Essa questo de informao e educao pregadas por este princpio visa muito mais que uma simples distribuio de informao, visa formar o pensamento dos scios a fim de que entendam a real complexidade e riqueza do pensamento cooperativista.

    As cooperativas promovem a educao e a formao de seus membros, representantes eleitos, gerentes e funcionrios para que eles possam contribuir efetivamente para o desenvolvimento da sua cooperativa. Eles devero informar o pblico em geral, particularmente os jovens e os lideres de opinio, sobre a natureza e os benefcios da cooperao (ACI, 2011, traduo nossa).

    A cooperativa tem como objetivo permanente capacitao a prtica cooperativista, desenvolvendo intelectualmente os associados e seus familiares, e ainda a comunidade na qual a cooperativa se encontra instalada. Tendo que aplicar os recursos do Fundo de Assistncia Tcnica, Educacional e Social em educao, assistncia tcnica e social dos seus cooperados e suas famlias. Assim contribuindo para o desenvolvimento de toda sociedade a qual se encontra (VEIGA e FONSECA, 2001; CRZIO, 2002). 3.6. Princpio da Cooperao entre Cooperativas

    Para que haja um desenvolvimento e o fortalecimento do cooperativismo importante que exista intercmbio de informao entre cooperativas, trocas de experincias, produtos e servios entre as cooperativas, viabilizando o setor como atividade econmica (VEIGA E FONSECA, 2001).

    As cooperativas atendem a seus scios mais efetivamente e fortalecem o movimento cooperativo trabalhando juntas, atravs de estruturas locias, nacionais, regionais e internacionais (ACI, 2011, traduo nossa). De fato as cooperativas s conseguiro maximizar seu impacto por meio da colaborao prtica e permanente de uma com a outras, embora consigam individualmente, em mbito local, benefcios em grande escala. Esses benefcios s sero alcanados mediante muita luta e pela associao em nvel federativo, rompendo os conflitos de interesses que fazem presentes entre os assentamentos locais (SILVA FILHO, 2001, p. 161).

    3.7. Princpio da Preocupao com a Comunidade Um dos principais objetivos de uma cooperativa de beneficiar os seus

    scios, assim sendo, por haver essa estreita relao com os seus scios, a cooperativa acaba vinculado comunidade onde residem os cooperados.

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    Tendo assim uma responsabilidade especial de trabalhar para o bem estar e o desenvolvimento sustentvel de sua localidade, atravs de polticas aprovadas pelos seus membros, ou polticas realizadas em parcerias com o governo ou outras entidades (VEIGA e FONSECA, 2001).

    Segundo a ACI (2011, traduo nossa) as cooperativas trabalham pelo desenvolvimento sustentvel de suas comunidades, atravs de polticas aprovadas por seus membros.

    Enfim, os princpios definem a ideologia e o esprito cooperativista, com embasamento em normas jurdicas precisas e prticas, que garantem as semelhanas essenciais e bsicas entre as cooperativas de todo o mundo, pois os princpios so a base utilizada para estabelecer as normas reguladoras das cooperativas, embora no sejam mandamentos imperativos e rgidos.

    Os princpios cooperativistas no so independentes um do outro, um decorre em conformidade com o outros, por isso no possvel avaliar a cooperativa exclusivamente com base em um nico princpio, mas por meio da forma que a entidade aderiu aos princpios em sua totalidade (SILVA FILHO, 2001).

    Como salienta Amodeo (2006), os princpios seriam os lineamentos atravs dos quais as cooperativas praticam os seus valores. Estes formam parte da identidade das cooperativas e marcariam, por sua vez, um estilo de estratgias e de ao que deveriam guiar essas empresas. No entanto, muitas vezes, eles no so necessariamente considerados em toda sua relevncia para a gesto, podendo, desta forma, tanto as esvaziar de contedo, como as limitar, no s na sua possibilidade de alcanar os seus objetivos e cumprir a sua misso, como na sua prpria potencialidade competitiva de estar no mercado. Valores e princpios que s seriam enunciados vazios, caso no se incorporem nas rotinas de gesto e sejam difundidos e apreendidos pela educao cooperativa, a qual tem funes bastante maiores que a simples difuso desses princpios. Nesse sentido:

    (...) os associados capacitam-se mediante a prpria gesto democrtica e a ao social das cooperativas e conseguem assim desenvolver conjuntamente projetos ou influenciar as polticas que os afetam. assim, a gesto social da cooperativa baseia-se em processos de capacitao permanente, os que deveriam re-alimentar tambm a comunicao intra-organizacional, onde os fluxos de informao se transformem em elementos que contribuam na articulao eficiente das estratgias empresariais. nesse marco entende-se a gesto social e a educao cooperativa (AMODEO, 2006, p.157).

    4 Metodologia Este trabalho pode ser considerado de natureza exploratria. Nosso mtodo central o Estudo de Caso, baseado em entrevista semi-estruturada e observao no participante. Para Babbie (2005), o estudo de caso uma descrio e explicao abrangente dos muitos componentes de uma determinada situao social, onde se tenta determinar as inter-relaes lgicas dos seus vrios componentes. Realizamos uma entrevista com um dos dirigentes da cooperativa para identificar a prtica dos princpios cooperativistas na organizao. Esse processo de investigao qualitativa, importante, pois, ao aprender as

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    perspectivas dos participantes, a investigao qualitativa faz luz sobre a dinmica interna das situaes, freqentemente invisvel a observadores externos (Bogdan e Bikklen 1994, p.51). Desta forma, posteriormente, foi possvel comparamos as respostas do dirigente com a teoria dos princpios cooperativistas, o que nos permitiu inferir sobre a prtica dos mesmos na organizao cooperativa estudada. Como limitao deste trabalho, pode-se apresentar a no incluso dos cooperados no processo da pesquisa. Pretende-se na continuidade deste trabalho incluir este pblico. 5. Resultados

    Tendo como base a teoria dos princpios cooperativistas e com o auxlio de uma entrevista podemos fazer uma anlise da situao a qual os princpios interagem.

    Levando em considerao o princpio da adeso livre e voluntria conforme o entrevistado o ingresso na cooperativa feito de forma livre e voluntria, porm somente servidores do Estado podem se cooperar. Com a incorporao da Cooperativa de Araguatins este escopo se amplia, pois, esta cooperativa era uma cooperativa de crdito voltada a produtores rurais, alm disso, esta restrio pode ser considerada como uma restrio tcnica, de acordo com a abordagem de Canado e Gontijo (2004).

    Apesar de a cooperativa ter como princpio o controle democrtico pelos scios, de acordo com o entrevistado somente de 10% a 15% dos associados participam das assemblias gerais que acontecem na cooperativa, devido a falta de cultura cooperativista, muitos dos cooperados acham desnecessrio a participao nas assemblias.

    Em relao ao princpio da participao econmica dos scios conforme o entrevistado para o ingresso na cooperativa necessrio integralizar um capital social que varia de R$ 300,00 para pessoa fsica e vai at R$ 500,00 para pessoa jurdica, valores esses decididos em assemblias. No houve sobras ainda na cooperativa, devido ela ser um projeto novo, e ter partido de grupo restrito que enfrentou algumas dificuldades em seu princpio, perdas j ocorreram e elas foram rateadas entre os cooperados proporcionalmente, deciso tambm tomada em assembleia.

    Sobre o princpio da autonomia e independncia de acordo com o entrevistado a nica influncia externa na gesto da cooperativa feita pela cooperativa central, Central Sicredi que se localiza em Campo Grande MS, a qual fiscaliza a questo do regimento e andamento da cooperativa, certificando se todos os princpios cooperativistas esto sendo seguidos e se as normas que o Banco Central impe esto sendo aplicadas. As cooperativas so fiscalizadas pelo Banco Central por meio da central. Assim, esta interferncia motivada pela legislao vigente no pas, no podendo ser caracterizada como um desvio dos princpios cooperativistas.

    Em relao ao princpio de educao, treinamento e informao que visa a utilizao do Fundo de Apoio Tcnico, Educacional e Social mais conhecido como FATES, conforme o entrevistado esse fundo nunca foi utilizado pela cooperativa devido a no existncia de sobras, mas j ocorreu um curso intensivo a fim de instruir os cooperados sobre cooperativa, porm o interesse pelo curso no foi motivador, contudo ainda h outros projetos como o

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    Programa Crescer e Pertencer onde feito um trabalho de compreenso da cultura cooperativista, no somente com o intuito de informar mais tambm com a inteno de formar futuros gerentes para a cooperativa.

    A respeito do princpio cooperao entre cooperativas o entrevistado informou que a cooperativa j participou de um evento grande que ocorreu no estado em parceria com a SESCOOP (Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo), onde houve participao da organizao dos seminrios, porm a maior parceria ocorre com cooperativas do mesmo sistema, anteriormente no estado existiam trs, mas recentemente houve uma incorporao da cooperativa de Araguatins tornando-se Sicredi Araguaia Tocantins que hoje juntamente da cooperativa de Dianpolis a Sicredi Vale Manoel Alves vem promovendo eventos de capacitao e treinamento mais especfico para o sistema. H tambm um grande apoio da OCB (Organizao das Cooperativas Brasileiras) e da SESCOOP por meio de sua representao estadual.

    Sobre o princpio de preocupao com a comunidade de acordo com o entrevistado existe um programa chamado Unio Faz a Vida, com parceria do municpio, onde trabalham em conjunto escolas municipais, cooperativas de produo e cooperativas de crditos. Nesse programa feito um trabalho de apoio e incentivo da cultura cooperativista, incentivando tambm o cultivo de hortas nas escolas onde a cooperativa de crdito entra com a ajuda de custo e a cooperativa de produo com o auxlio tcnico. Esse projeto ainda est em andamento, pois demanda uma possibilidade econmica e a cooperativa ainda no dispe dessa reserva.

    Realizando um comparativo entra a fala do entrevistado e a teoria dos princpios cooperativistas podemos identificar alguns pontos fortes e fracos, os quais esto relacionados no Quadro 1 a seguir.

    Princpios Pontos Fortes Pontos Fracos

    Adeso livre e voluntria

    Entrada na cooperativa realizada de forma livre e voluntria.

    Destinada somente a servidores pblicos (restrio tcnica). Com a incorporao da Cooperativa de Araguatins amplia-se o escopo da cooperativa.

    Controle democrtico pelos scios

    Desinteresse por parte dos associados, participao ativa nas assembleias somente de 10 a 15% dos associados.

    Participao econmica dos scios

    Na diviso das perdas todos participaram de forma proporcional.

    Autonomia e independncia

    No h interferncia externas alm da central.

    Interferncia somente da central, para fiscalizar o cumprimento do regimento e normas do Banco Central.

    Educao, formao e H projetos Ainda no houve sobras;

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    informao programados para acontecer, apoio da SESCOOP e OCB

    procura imediatista por parte dos associados; falta de interesse sobre a cooperativa e sua gesto.

    Cooperao entre cooperativas

    Apoio do SESCOOP, da dentral, da OCB e do sistema de crdito.

    Interao somente com cooperativas do sistema de crdito.

    Preocupao com a comunidade

    Existem projetos do prprio sistema Sicredi.

    Pequeno poder econmico para mais aes com a comunidade.

    Quadro 1 Sntese dos pontos fortes e fracos em relao prtica dos princpios cooperativistas pela Cooperativa Sicredi Servidores. Fonte: elaborao prpria a partir dos dados da pesquisa.

    O Quadro 1 mostra que realmente os princpios cooperativistas esto

    sendo utilizados para nortear as aes da cooperativa, sem maiores problemas em sua aplicao. A cooperativa tem um grande potencial de desenvolvimento no Estado, que est em franco crescimento, e pode se tornar uma referncia estadual no cooperativismo de crdito.

    Sugere-se um reforo na promoo do significado do cooperativismo entre os cooperados, o que pode melhorar a prtica do princpio do Controle Democrtico pelos Scios, alm de gerar mais resultados econmicos para a organizao, possibilitando ainda maior investimento pela cooperativa no Princpio da Preocupao com a Comunidade e no Princpio da Educao, Formao e Informao que, por sua vez, tem o potencial de realimentar este fluxo. 6 Consideraes Finais

    Nosso objetivo neste trabalho foi realizar a anlise da prtica dos princpios cooperativistas na cooperativa de crdito Sicredi Araguaia Tocantins, na tica dos dirigentes. Para tanto nos valemos do mtodo do estudo de caso, por meio de entrevista semi-estruturada com um dos dirigentes da cooperativa.

    De maneira geral, pode-se dizer que a cooperativa atende aos princpios cooperativistas e seu principal problema a participao dos cooperados nas assembleias, o que ocorre com a imensa maioria das cooperativas no pas.

    Sugere-se um reforo maior na educao cooperativista de forma a alimentar um ciclo virtuoso, onde a maior participao (e entendimento sobre o cooperativismo e seus benefcios) pode levar a uma maior aproximao do cooperado com a cooperativa, nas dimenses social e econmica. Alm de resolver o problema da participao, esta aproximao tem o potencial de ampliar os resultados da cooperativa nestas duas dimenses, possibilitando maior apoio realizao dos princpios da Preocupao com a Comunidade e Educao, Formao e Informao, que realimentariam este ciclo.

    A limitao deste trabalho, cabe ressaltar, de natureza exploratria, levar em conta a percepo apenas dos dirigentes sem levantar a percepo dos cooperados. Porm, pelos dados obtidos se tem uma boa ideia do funcionamento da organizao.

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    Sugerem-se ainda trabalhos para ampliar estes dados j coletados, por meio da entrevista com associados, ou mesmo um survey, onde possa ser identificada a percepo dos cooperados em relao a estes aspectos da cooperativa. Referncias

    AMODEO, Nora B. Contribuio da educao cooperativa nos processos de desenvolvimento rural. In: PRESNO AMODEO, N. B. e ALIMONDA, H. (org.) Ruralidades, capacitao e desenvolvimento. Viosa: UFV, 2006.

    ALIANA COOPERATIVA INTERNACIONAL ACI. Definio dos princpios cooperativistas. Disponvel em< http://www.ica.coop/coop/index.html >. Acesso em 27 fev. 2011.

    BABBIE, Earl. Mtodos de Pesquisas de Survey. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2005.

    CANADO, Airton Cardoso. Autogesto em cooperativas populares: os desafios da prtica. Salvador: IES, 2007a. CANADO, Airton Cardoso; GONTIJO, Mrio Csar Hamdan. Princpios Cooperativistas: origens, evoluo e influncia na legislao brasileira. In ENCONTRO DE INVESTIGADORES LATINO-AMERICANO DE COOPERATIVISMO, 3, So Leopoldo, 2004. Anais..., So Leopoldo: UNISINOS, 2004. 1 CD-ROM. COOPERATIVAS DE CRDITO NO BRASIL E NO MUNDO Histria do cooperativismo de crdito. Disponvel em . Acesso em 24 maio 2010. CRZIO, Helnon de Oliveira. Como organizar e administrar uma cooperativa: uma alternativa para o desemprego. 3 Ed. Rio de janeiro: Editora FGV, 2002. OLIVEIRA, Djama de Pinho Rebolas de. Manual de gesto das cooperativas: uma abordagem prtica. 3 Ed. So Paulo: Atlas, 2006. PINHEIRO, Marcos Antnio Henriques. Cooperativas de crdito: histria da evoluo normativa no Brasil. 6 Ed. Braslia:BCB, 2008. SILVA FILHO, Cicero Virgulino. Cooperativas de trabalho. So Paulo: Atlas, 2001. SCHNEIDER, J. O. Democracia, participao e autonomia cooperativa 2. ed. So Leopoldo: UNISINOS, 1999, 496 p. SINGER, P. Introduo economia solidria. So Paulo, Editora Fundao Perseu Abramo, 2002, 130p.

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    VEIGA, Sandra Mayrink; FONSECA, Isaque. Cooperativismo: uma revoluo pacfica em ao. Rio de Janeiro: DP&A / Fase, 2001.