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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA
COMISSÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
DEPARTAMENTO DE MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO ACADEMICO
Análise da Adoção de Ferramentas e
Conceitos de Sustentabilidade no Processo de
Desenvolvimento de Produtos
Autor: Camila Alejandra León Vanegas
Orientador: Prof. Dr. Robert Eduardo Cooper Ordóñez
A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Dissertação:
__________________________________ Prof. Dr. Robert Eduardo Cooper Ordóñez UNICAMP/FEM ____________________________________ Prof. Dr. Auteliano Antunes dos Santos Junior UNICAMP/FEM ____________________________________ Prof. Dra. Ieda Kanashiro Makiya UNICAMP/FCA
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica do aluno.
Campinas, 07 de dezembro de 2017.
Dedicatória
Dedico este trabalho a meus adorados pais, Ciro e Ana que
sempre estão presentes em minha vida, meus motores, seu apoio
incondicional e constante amor. A meus queridos irmãos, Leonardo
e Tatiana pelo o carinho e exemplos de vida juntos. A meu amado
Cesar pela motivação, amor e sonhos pela vida juntos. A meus
sobrinhos, David e Isabel que dão a maior felicidade e conforto a
minha vida.
Agradecimentos
Primeiro a Deus pela vida maravilhosa que me deu e por deixar-me seguir seu caminho.
A minha família que a pesar da distância, estão sempre presentes com seu apoio,
motivação, amor e sendo meus motores de vida.
A meu amado Cesar pela paciência, conselhos, amor, apoio e caminhar pela senda da vida
sempre juntos para cumprir nossos sonhos.
A meu prezado Orientador o Prof. Dr. Robert por sua dedicação, pelas palavras de
motivação e apoio incondicional. Agradeço a oportunidade, confiança e novos conhecimentos
brindados neste caminho por percorrer.
Aos meus colegas, amigos de laboratório durante o mestrado pelos conselhos, em especial
a Gaby, Rodrigo, Cassio e Guilherme pelas sugestões e pelo apoio que sempre recebi na
realização de meu trabalho.
Aos meus pais, meus adorados Ciro e Ana, sempre ali em cada passo grande que dou,
com suas miradas de amor, obrigada sempre por serem a base fundamental de minha vida, por
caminhar comigo da mão, pela paciência e dedicação que sempre recebi de vocês, meus mais
grandes motores e as melhores pessoas que podem existir na minha vida.
Aos meus irmãos, meus magníficos Leo e Tatica por serem meus exemplos a seguir, pela
dedicação fornecida em meu ensino e o crescimento juntos com amor e apoio.
Aos meus sobrinhos que com seus risos e amor pela tia fazem de minha vida lutar por
mais pessoas.
Às pessoas maravilhosas que durante o transcorrer da vida tem conhecido, pelas
ensinanças e confiança que recebi delas para a realização de minha vida profissional.
À fundação de Coordenação de aperfeiçoamento de pessoal de nível superior (CAPES)
no Brasil, pela oportunidade de bolsa de mestrado.
À Faculdade de Engenharia Mecânica por brindar-me a oportunidade de fazer um
mestrado e pelo oferecimento de todos os serviços para a realização desta pesquisa.
Resumo
Na atual situação do mercado, a inovação e a sustentabilidade são consideradas tendências
para as empresas que pretendem continuar competitivas. Para oferecer produtos diferenciados
as organizações precisam, além de uma capacidade superior de produção (produção flexível
com qualidade e produtividade), de um bom desempenho em seu processo de desenvolvimento
de produtos (PDP). Analisando a literatura e trabalhos acadêmicos considera-se que são poucos
os estudos científicos que discutem a integração entre sustentabilidade e o desenvolvimento de
produtos. O objetivo deste trabalho é analisar a adoção de ferramentas e conceitos de
sustentabilidade no desenvolvimento de produtos, através de uma proposta de modelo integrado
que especifique etapas para facilitar o processo. Por meio da revisão bibliográfica é realizada a
seleção de ferramentas de sustentabilidade e a identificação de um modelo especifico que
trabalhe de maneira estruturada, o PDP. Em seguida, é feito um levantamento do grau de adoção
dos conceitos de sustentabilidade que podem ser inseridos no PDP aplicando um questionário
a profissionais de diferentes empresas, pertencentes às áreas de desenvolvimento de produtos e
sustentabilidade. Finalmente são apresentados os resultados do levantamento inicial e do
modelo de integração a especialistas em sustentabilidade e PDP, tanto da academia como da
indústria, que por meio de entrevistas codificadas avaliaram dito modelo. Como principal
resultado obtém-se uma análise do grau de adoção da integração de ferramentas e abordagens
de sustentabilidade no processo de desenvolvimento de produtos que serve como base para a
proposta de um modelo.
Palavras chaves: Sustentabilidade, ferramentas e abordagens de sustentabilidade,
processo de desenvolvimento de produtos (PDP).
Abstract
In the current market situation, innovation and sustainability are considered trends for
companies that intend to remain competitive. To offer differentiated products, organizations
need, in addition to superior production capacity (flexible production with quality and
productivity), to perform well in their product development process (PDP). Analyzing the
literature and academic papers it is considered that few scientific studies discuss the integration
between sustainability and product development. The objective of this work is to analyze the
adoption of sustainability tools and concepts in product development, through a proposal of an
integrated model that specifies steps to facilitate the process. Through the bibliographic review,
the selection of sustainability tools and the identification of a specific model that works in a
structured way, the PDP, is performed. Next, a survey is made of the degree of adoption of
sustainability concepts that can be inserted in the PDP applying a questionnaire to professionals
from different companies, belonging to the areas of product development and sustainability.
Finally, the results of the initial survey and integration model are presented to sustainability and
PDP specialists from academia and industry, who, through coded interviews, have evaluated
this model. The main result is an analysis of the degree of adoption of the integration of tools
and approaches of sustainability in the product development process that serves as the basis for
the proposal of a model.
Keywords: Sustainability, sustainability tools and approaches, product development
process (PDP).
Lista de Figuras
Figura 1- Evolução de modelos de referência para o desenvolvimento de produtos .............. 25
Figura 2- Modelo de desenvolvimento de produto de Wheelwright e Clark (1992) ............... 27
Figura 3- Modelo das fases do desenvolvimento de produto de Rosenthal (1992). ................ 28
Figura 4- Modelo de desenvolvimento de produto de Cooper (1993). ................................... 28
Figura 5- Modelo de desenvolvimento de produtos de Pahl et al. (2005) .............................. 29
Figura 6- Modelo de desenvolvimento de produtos de Rozenfeld et al. (2006). .................... 30
Figura 7- Modelo de desenvolvimento de produto de Back et al. (2008) ............................... 31
Figura 8- Os três pilares da sustentabilidade ......................................................................... 34
Figura 9- Processo da Logística Reversa. ............................................................................. 35
Figura 10- Elementos de valor na SVAT. ............................................................................. 37
Figura 11. Ferramenta SVAT. .............................................................................................. 37
Figura 12- Estímulos para cadeia de suprimentos sustentável. .............................................. 40
Figura 13- Processo da avaliação do ciclo de vida. ............................................................... 41
Figura 14. Processo de formulação de um SBSC. ................................................................. 43
Figura 15- Vinculo da Responsabilidade Social Corporativa na sustentabilidade. ................. 44
Figura 16- A pirâmide de Informação................................................................................... 45
Figura 17. Publicações disponíveis no ISI Web of Science. .................................................. 49
Figura 18- Percentual de participação e quantidade das revistas nas publicações. ................. 50
Figura 19- Países das instituições de pesquisa dos artigos. ................................................... 50
Figura 20- Artigos com maior número de citações ............................................................... 51
Figura 21- Porcentagem da distribuição de artigos por dimensão de sustentabilidade. .......... 52
Figura 22- Evolução da distribuição dos artigos por dimensão de sustentabilidade. .............. 53
Figura 23- Rede de relacionamento de palavras chaves nos artigos....................................... 54
Figura 24- Mapa de densidade das palavras chaves das publicações. .................................... 55
Figura 25- Rede de co-citacão. ............................................................................................. 56
Figura 26- Etapas da pesquisa. ............................................................................................. 62
Figura 27- Modelo de referência do processo de desenvolvimento de produtos selecionado. 70
Figura 28- Setores participantes do preenchimento do questionário. Pergunta 6. .................. 73
Figura 29- Porte das empresas na qual trabalham ou trabalharam os especialistas participantes
do questionário. Pergunta 7. ................................................................................................. 74
Figura 30- O desenvolvimento de produtos segundo o organograma da empesa. Pergunta 8. 75
Figura 31- Utilização de um modelo de referência para o processo de desenvolvimento de
produtos. Pergunta 9. ........................................................................................................... 75
Figura 32- Inclusão de conceitos de sustentabilidade. a) Incorporação da sustentabilidade no
desenvolvimento de produtos nas empresas. Pergunta 12. b) Consideração de índice ou
indicador para avaliar a sustentabilidade. Pergunta 15. c) Consideração do TBL nas empresas.
Pergunta 17. d) Indicadores ou índices baseados no TBL nas empresas. Pergunta 18. .......... 78
Figura 33- Motivação das empresas para usar a sustentabilidade. Pergunta 13. ..................... 80
Figura 34- Índice ou indicador que trabalham ou trabalharam na empresa. Pergunta 16........ 82
Figura 35 - Vantagem competitiva da inclusão de ferramentas e abordagens de sustentabilidade
no PDP. Pergunta 19. ........................................................................................................... 83
Figura 36. Interesse pelas empresas na inclusão de ferramentas e abordagens de sustentabilidade
no PDP. Pergunta 21. ........................................................................................................... 84
Figura 37- Panorama geral do relacionamento entre a sustentabilidade e o PDP. .................. 91
Figura 38- Integração dos aspectos de sustentabilidade no PDP ........................................... 92
Figura 39- Mapa metal de opiniões sobre ferramentas e conceitos de sustentabilidade,
relacionado à pergunta 1 da entrevista. ................................................................................. 96
Figura 40- Mapa metal de opiniões sobre as ferramentas e abordagens de sustentabilidade no
PDP, relacionado à pergunta 2 da entrevista. ........................................................................ 97
Figura 41 - Mapa metal de opiniões sobre a proposta de integração de ferramentas e abordagens
de sustentabilidade no PDP, relacionado à pergunta 3 da entrevista. ..................................... 98
Figura 42- Mapa metal de opiniões sobre os benefícios da proposta, relacionado à pergunta 4
da entrevista. ........................................................................................................................ 99
Figura 43- Mapa metal de opiniões sobre as limitações da proposta, relacionado à pergunta 4
da entrevista. ...................................................................................................................... 100
Lista de Tabelas
Tabela 1-Artigos da rede de co-citação ................................................................................. 57
Tabela 2- Classificação dos modelos pela AHP. ................................................................... 69
Tabela 3. Resultado com a técnica TOPSIS aos conceitos de sustentabilidade. Pergunta 12,
15, 17 e 18. .......................................................................................................................... 79
Tabela 4. Aplicação das ferramentas de sustentabilidade escolhidas para serem integradas no
PDP. .................................................................................................................................... 85
Tabela 5- Codificação das respostas dos especialistas .......................................................... 95
Tabela 6- Dados de respostas os profissionais para as perguntas 12, 15, 17 e 18 do
questionário ....................................................................................................................... 126
Tabela 7- Dados das respostas dos especialistas à pergunta 22 do questionário................... 129
Lista de Quadros
Quadro 1- Etapas metodológicas de métodos de PDP na literatura. ...................................... 26
Quadro 2- Fatores de sucesso para a integração de ecodesign no desenvolvimento de produtos
............................................................................................................................................ 39
Quadro 3- Prós e contras de índices. ..................................................................................... 46
Quadro 4- Índices/ Indicadores de Sustentabilidade. ............................................................. 46
Quadro 5- Método e classificação da pesquisa. ..................................................................... 61
Quadro 6- Ferramentas e abordagens escolhidas. ................................................................. 71
Quadro 7- Modelos de referência para o processo de desenvolvimento de produtos segundo
respondentes. Pergunta 10. ................................................................................................... 76
Quadro 8- Normas aplicadas pelas empresas para o desenvolvimento de produtos. Pergunta 11.
............................................................................................................................................ 77
Quadro 9- Normas ou requisitos do cliente considerados nas empresas para incluir
sustentabilidade no desenvolvimento de produtos. Pergunta 14. ........................................... 81
Quadro 10- Informações dos especialistas participantes da entrevista. .................................. 94
Quadro 11- Opiniões de especialistas da distribuição das ferramentas e abordagens de
sustentabilidade nas etapas do PDP. ................................................................................... 102
Quadro 12- Opiniões dos profissionais sob o porquê incluiriam ferramentas e abordagens de
sustentabilidade no PDP. .................................................................................................... 127
Lista de abreviaturas
ACV Análise De Ciclo De Vida
AHP Decisão Multicriterial
BOM Bill Of Materials
BSC Balanced Scorecard
CDS Desenvolvimento Sustentável
CEP Comitê De Ética em Pesquisa
CGSDI Consultative Group On Sustainable Development Indicators
DFE Design For Environment
DJSI Dow Jones Sustainability Index
DP Desenvolvimento De Produtos
EPI Enviromental Pressure Indicators (Para A União Européia)
EPRII Environmental Performance Resource Impact Indicator
EUA Estados Unidos De América
Ford PSI Product Sustainability Index
GM MSM Metrics For Sustainable Manufacturing
GRI Global Reporting Initiative
IC Indicador Composto
IChemE Métricas De Sustentabilidade Da Instituição Dos Engenheiros Químicos
ICO2 Índice Carbono Eficiente
OECD Env Organisation For Economic Co-Operation And Development- Environment
OECD- Toolkit Organisation For Economic Co-Operation And Development - Toolkit
PDP Processo De Desenvolvimento De Produtos
QFD Quality Function Deployment
QFDE Quality Function Deployment For Environment
RSC Responsabilidade Social Corporativa
SBSC Sustainability Balanced Scorecard
SCM Supply Chain Management
Sus-VSM Sustainable Value Stream Mapping
SVAT Sustainable Value Analysis Tool
TBL Triple Bottom Line
TBLIS Triple Bottom Line Index System
TCLE Termo De Consentimento Livre E Esclarecido
UN-CSD United Nations Commission On Sustainable Development Indicators
UNICAMP Universidade Estadual De Campinas
VSM Value Stream Mapping
Walmart Qs Walmart Sustainability Product Index
Sumário
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 17
1.1 Objetivos da pesquisa ................................................................................................. 19
1.1.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 19
1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 20
1.2 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 20
2 REVISÃO DA LITERATURA ....................................................................................... 22
2.1 Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP) ....................................................... 22
2.1.1 Métodos ou modelos de desenvolvimento de produtos ......................................... 24
2.2 Sustentabilidade.......................................................................................................... 32
2.2.1 Triple Bottom Line ............................................................................................... 33
2.2.2 Ferramentas e Abordagens de sustentabilidade ..................................................... 35
2.2.3 Índices de sustentabilidade/ Indicadores de sustentabilidade ................................. 45
2.3 Revisões e classificações da Literatura ........................................................................ 48
3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................................ 59
3.1 Caracterização da Pesquisa ......................................................................................... 59
3.2 Etapas da pesquisa ................................................................................................. 61
3.2.1 Etapa 1- Revisão bibliográfica .............................................................................. 62
3.2.2 Etapa 2- Identificação do Modelo de PDP e seleção de ferramentas de
Sustentabilidade ............................................................................................................ 63
3.2.3 Etapa 3: Levantamento ......................................................................................... 64
3.2.4 Etapa 4- Conclusões finais da pesquisa ................................................................. 67
4 IDENTIFICAÇÃO DO MODELO DE PDP E SELEÇÃO DE FERRAMENTAS E
ABORDAGENS DE SUSTENTABILIDADE................................................................... 68
4.1 Identificação do modelo de PDP ................................................................................. 68
4.2 Seleção das ferramentas de sustentabilidade ............................................................... 70
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ............................................................................... 72
5.1 Questionário .......................................................................................................... 72
5.1.1 Setor e porte da empresa....................................................................................... 73
5.1.2 O desenvolvimento de produtos na empresa ......................................................... 74
5.1.3 Incorporação de conceitos de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos ... 78
5.1.4 Inclusão e conhecimento de ferramentas de sustentabilidade no processo de
desenvolvimento de produtos. ....................................................................................... 82
5.2 Proposta de integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP ... 86
5.3 Entrevista ............................................................................................................... 93
5.4 Sínteses dos Resultados ............................................................................................ 104
6 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E TRABALHOS FUTUROS .............................. 106
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 109
APÊNDICE A- Termo de consentimento livre e esclarecido para a realização do questionário
.......................................................................................................................................... 118
APÊNDICE B- Roteiro do questionário aplicado utilizando a plataforma Google Forms .. 121
APÊNDICE C- Dados iniciais das perguntas 12, 15, 17 e 18 do questionário, para análise com
a técnica TOPSIS ............................................................................................................... 126
APÊNDICE D- Opiniões dos respondentes sobre a pergunta 20 do questionário ............... 127
APÊNDICE E- Dados iniciais da pergunta 22 do questionário, para análise com a técnica
TOPSIS ............................................................................................................................. 129
APÊNDICE F- Termo de consentimento livre e esclarecido para a realização da entrevista
.......................................................................................................................................... 129
APÊNDICE G- Roteiro da entrevista ................................................................................ 134
17
1 INTRODUÇÃO
Atualmente, os impactos negativos causados pelo homem na natureza estão cada vez mais
evidentes. A poluição, a destruição de habitats, o acúmulo de resíduos sólidos, o aumento de
gases do efeito estufa e a diminuição rápida da biodiversidade são apenas alguns dos exemplos
desses problemas ambientais.
Considerando a quantidade de habitantes na terra, a atividade industrial que não para de crescer
e a intensificação das transformações climáticas, uma das maiores inquietudes da sociedade
está na questão de como o mundo estará no futuro, em termos de condições de vida. Dentre os
fatores que mais influenciam nas mudanças ambientais estão as atividades industriais, que
impactam o meio ambiente principalmente devido a geração de resíduos dos seus processos
produtivos e produtos comercializados.
A inovação e a sustentabilidade são consideradas tendências progressistas para as
empresas que pretendem continuar competitivas no mercado globalizado. A prática de
transformar as empresas em organizações que respeitam os limites ambientais, ao mesmo tempo
em que cumprem desejos e necessidades sociais, tornou-se uma plataforma para a inovação na
estratégia, design, fabricação e marca, oferecendo grandes oportunidades de competir e de
adaptação a um mundo em rápida evolução.
As empresas foram incentivadas a atuar com um gerenciamento amplo devido aos
avanços econômicos e as mudanças advindas da globalização, levando a considerar os aspectos
econômicos, sociais e ambientais (ALVES et al., 2016). Neste cenário, as empresas começaram
a desenvolver estratégias de sustentabilidade baseadas no conceito Triple Bottom Line (TBL),
proposto por Elkington (1998), no qual uma empresa sustentável tem que considerar a
correlação entre os pilares econômico, ambiental e social no seu processo decisório.
Com o aumento dos problemas ambientais gerados pelo crescimento nas últimas décadas,
os consumidores ficaram mais conscientes sobre a importância da preservação do meio
ambiente. Buscando cada vez mais os produtos e serviços de empresas sustentáveis.
Mundialmente existem muitas empresas contribuindo com o desenvolvimento de produtos e
serviços sustentáveis, sejam esses tangíveis ou intangíveis, exercendo um papel na garantia da
preservação do meio ambiente, e da qualidade de vida da sociedade, expandindo deste modo o
aspecto que amplia a competitividade das mesmas.
18
Para atingir alto grau de vantagem competitiva e produtos diferenciados, as organizações
necessitam além de uma capacidade superior de produção (produção flexível com qualidade e
produtividade), de um bom desempenho em seu processo de desenvolvimento de produtos
(PDP), o que é obtido, em grande parte, com uma estratégia de desenvolvimento de longo prazo
e com uma gestão eficiente e eficaz desse processo (CLARK; WHEELWRIGHT, 1993).
Segundo Magnago, Aguiar e Paula (2012), formando uma tríplice aliança entre as
dimensões econômicas, ambientais e sociais, a importância da sustentabilidade, tem como um
de seus objetivos proporcionar melhores resultados mercadológicos e inovadores no
desenvolvimento de produtos.
Considerando os aspectos levantados e baseando-se na revisão da literatura, apresentada
em detalhe no Capítulo 2 deste trabalho, os seguintes tópicos são considerados os pontos
centrais para justificar a realização da presente pesquisa:
1. São poucas as organizações que sabem relacionar de maneira efetiva os conceitos de
sustentabilidade ao desenvolvimento de produtos (DP). No entanto, muitas
organizações desejam ter este aspecto (AMEKNASSI; AIT-KADI; KEIVANPOUR,
2016; HALLSTEDT et al., 2010).
2. Uma vez que a relação entre sustentabilidade e desenvolvimento de produtos está
sendo frequentemente discutida no ambiente acadêmico e empresarial
(CAVALCANTI E DELAI, 2016; MAGNAGO, AGUIAR E PAULA, 2012), são
poucos os trabalhos que apresentam temas relacionados às categorias das abordagens
e diferentes conceitos de sustentabilidade integrados no DP, gerando incertezas na sua
aplicação.
3. As empresas ou organizações que desenvolvem produtos raramente usam um método
ou modelo especifico, executando em muitas ocasiões um processo de
desenvolvimento de produtos complexo para entender.
Considerando o apresentado anteriormente, expõem-se o problema, a importância e a
proposta de solução desta pesquisa, considerando as seguintes perguntas:
Qual é o problema?
Uma forma de adotar a sustentabilidade no ambiente da empresa é a realização do
desenvolvimento de projetos/produtos sob a ótica do desenvolvimento sustentável
(HAUSCHILD; JESWIET; ALTING, 2005). Interpretando a sustentabilidade como uma nova
19
forma de fazer negócios, refletindo o novo papel da empresa na sociedade e levando em
consideração que são poucos os estudos analisados cientificamente que possibilitam ampliar a
discussão da integração entre sustentabilidade e desenvolvimento de produtos, obtém-se a
pergunta de pesquisa do presente estudo: “Como integrar os conceitos de sustentabilidade no
desenvolvimento de produtos?”.
Qual é a sua importância?
Esta pesquisa propõe ferramentas, abordagens e conceitos de sustentabilidade que podem
ser inseridos no processo de desenvolvimento de produtos, facilitando às empresas a
incorporação destes conceitos de forma simples e orientada. Além disso, atualmente os
conceitos de sustentabilidade estão sendo frequentemente utilizados e procurados na literatura
por grande parte da sociedade.
Qual é a proposta para resolver o problema?
Realizar um estudo das ferramentas e abordagens de sustentabilidade e diferentes
métodos que contribuam no desenvolvimento de produtos. Definir uma forma de integrar estas
ferramentas de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos, adaptando um método ou
modelo de DP que facilite o processo e, por último, conhecer distintas opiniões de especialistas
que trabalhem com estes temas da pesquisa com o propósito de avaliar o modelo proposto.
Qual vai ser a contribuição do estudo para a solução do problema?
Esta proposta traz como principal contribuição a geração de conhecimento aplicado e sua
divulgação na área acadêmica, de forma que também possa ser usado nas organizações.
Contribui também em identificar ferramentas e conceitos de sustentabilidade com a finalidade
de serem inseridos no DP para facilitar este processo, adaptando um método ou modelo
especifico de desenvolvimento de produtos que integre a sustentabilidade.
1.1 Objetivos da pesquisa
1.1.1 Objetivo Geral
Com fundamento na pergunta de pesquisa, delimita-se como objetivo geral: analisar a
adoção de ferramentas e conceitos de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos,
20
apresentando uma proposta de modelo integrado que especifique etapas para facilitar o processo
de desenvolvimento de produtos.
1.1.2 Objetivos Específicos
Identificar quais são os processos de desenvolvimento de produtos utilizados pelas
empresas.
Detectar como o conceito de sustentabilidade é incluído no processo de
desenvolvimento de produtos das empresas.
Selecionar ferramentas e abordagens que lidam com os conceitos de sustentabilidade
considerando a visão do Triple Bottom Line (TBL).
Propor a inclusão das ferramentas e abordagens de sustentabilidade em um modelo de
PDP identificado na literatura.
Avaliar o potencial de aplicação da proposta através de consulta a especialistas.
1.2 Estrutura do Trabalho
A dissertação está dividida em seis capítulos, detalhados a seguir:
O Capitulo 1 apresenta os comentários iniciais sobre os problemas, a importância e as
propostas da pesquisa, apresentando também os objetivos e a estrutura do trabalho.
O Capitulo 2 contém um levantamento do estado da arte dedicado ao Processo de
desenvolvimento de produtos e à sustentabilidade.
O Capitulo 3 estabelece a metodologia da pesquisa, na qual apresentam-se a
caraterização e as etapas que foram realizadas.
O Capitulo 4 descreve a seleção do método de PDP e das ferramentas e abordagens de
sustentabilidade que foram empregados na pesquisa.
21
O Capitulo 5 considera os resultados do levantamento da pesquisa e apresenta as análises
do questionário, seguido da proposta de integração de abordagens e ferramentas de
sustentabilidade no desenvolvimento de produtos, da análise das opiniões dos especialistas na
entrevista e, por fim, de um método final proposto a partir das respostas obtidas.
O Capitulo 6 apresenta as considerações finais, limitações da pesquisa e recomendações
para trabalhos futuros.
Por fim, os apêndices A, B, C, D, E, F e G, são compostos pelos termos de aceitação do
Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), roteiros do questionário e da entrevista para o estudo da
pesquisa e as análises qualitativas das perguntas do questionário.
Tendo um conhecimento dos objetivos da pesquisa, a seguir é apresentada a revisão da
literatura que contribui com a discussão teórico-conceitual para a elaboração da proposta deste
trabalho.
22
2 REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo é composto pelos principais conceitos e trabalhos desenvolvidos sobre os
temas que norteiam a proposta desta pesquisa. A partir do objetivo de integração de conceitos
de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos, primeiramente a revisão de literatura
apresenta o levantamento das pesquisas que detalham o processo de desenvolvimento de
produtos, já que é necessário conhecer a definição, os modelos de referência existentes na
literatura e como estes se encaixam nas empresas, considerando suas estruturas.
Posteriormente, apresenta-se a sustentabilidade por intermédio de definições e conceitos
derivados, como: (1) Triple Bottom Line, que aborda a relevância das três dimensões da
sustentabilidade (ambiental, social e econômica); (2) as ferramentas e abordagens de
sustentabilidade que foram parte essencial para esta dissertação devido à integração no PDP;
(3) os índices e indicadores de sustentabilidade, a partir de relatórios.
2.1 Processo de Desenvolvimento de Produtos (PDP)
A origem da formalização de desenvolvimento de produtos ocorreu mais notavelmente
no final do século XIX. Com o decorrer do tempo, despertou na indústria grande importância,
atingindo assim uma posição de destaque ao final do século XX. Foi a partir da Revolução
Industrial, alavancada pela obra de Frederick Winslow Taylor e seus contemporâneos, que o
processo de desenvolvimento de produtos (PDP) foi sofrendo alterações, incluindo a estrutura
hierárquica desse processo. Neste período, com o crescimento da complexidade tecnológica dos
produtos, esse processo começou a demandar análises mais robustas e detalhadas, sendo objeto
de preocupação especifica no ambiente industrial (CUNHA, 2004).
Segundo Kechinski et al. (2010), uma mudança importante que experimentou o PDP foi
que a estrutura deixou de ser centralizada em uma única pessoa e restrita a uma única área de
conhecimento e passou a ser descentralizada, envolvendo várias áreas de conhecimento,
chegando ao trabalho colaborativo, em conjunto com a interação entre áreas, estabelecendo
assim uma estrutura mais sistêmica.
23
Ulrich e Eppinger (2000) definem o processo de desenvolvimento de produtos como
uma sequência de atividades para conceber, projetar e comercializar um produto de uma
empresa. Sendo que muitas dessas atividades são intelectuais e organizacionais, com o
propósito de entregar um produto físico, conduzem a que seja uma transformação de uma
oportunidade de negócio e um conjunto de premissas sobre uma ou mais tecnologias em um
produto aplicável para o mercado (KRISHNAN; ULRICH, 2001).
O desenvolvimento de produtos pode ser visto como um processo, o que significa realizar
diversas atividades desde a geração do conceito até a descontinuidade do produto (JUGEND;
SILVA, 2005). Com a finalidade de controlar de forma eficaz do PDP é necessária a descrição
das atividades, dos estágios e a lógica do processo. Isso exige uma estrutura de modelagem que
possa capturar as características específicas de cada empresa (JUN; SUH, 2008; TOLEDO et
al., 2008)
Para Rozenfeld et al. (2006) a representação gráfica ou textual de um PDP ideal é um
modelo referencial, que serve de inspiração (base) para elaboração ou melhoria do PDP de uma
determinada área produtiva. A partir de um modelo de referência genérico, uma empresa pode
definir o seu modelo específico, o qual se torna um “manual de procedimentos” e serve de base
para a especificação de projetos de desenvolvimento de produtos. Os modelos pretendem
assegurar a repetitividade de seus projetos, além de se constituir em um repositório de melhores
práticas.
Conforme De Paula e Mello (2013), o PDP define todas as funções envolvidas no
processo de desenvolvimento, incluindo tarefas, responsabilidades e interfaces claras e
objetivas, ajudando às equipes de desenvolvimento nas organizações a realizar objetivos
estratégicos, tais como a alta qualidade e redução do tempo e dos custos no desenvolvimento
de novos produtos.
Por conseguinte, algumas organizações seguem um processo de desenvolvimento preciso
e detalhado enquanto outras podem nem mesmo ser capazes de descrever seu processo. Além
disso, cada organização emprega um processo pelo menos ligeiramente diferente do que
qualquer outra organização (ULRICH; EPPINGER, 2000), conseguindo aplicar alguma técnica
própria de processo ou método/modelo que representa o PDP no decorrer dos anos. Este tema
será aprofundado no item seguinte deste capitulo.
24
2.1.1 Métodos ou modelos de desenvolvimento de produtos
Na literatura existem diferentes métodos ou modelos referentes ao desenvolvimento de
produtos, envolvendo doutrinas e conceitos que representam distintas visões do mundo ao longo
anos. Assim, os processos de desenvolvimento de produtos podem ser teóricos ou
desenvolvidos na própria empresa, permitindo alcançar objetivos por meio de modelos
prescritivos, sistematizando os processos e atividades necessárias para transformar as
estratégias da organização em negócios, técnica e economicamente viáveis (OLIVEIRA, 2007).
De acordo com Alliprandini e Toledo (2003) o desenvolvimento de produto é um evento
complexo, sendo difícil conceber, utilizar um modelo e chegar a um ponto em comum já que,
tem-se perspectivas de diferentes escolas do pensamento, visões específicas de disciplinas
distintas, principalmente entre o marketing e a engenharia. Neste sentido, os modelos de
referência contribuem para que as empresas passem a executar um processo de
desenvolvimento de produtos mais formal e sistemático, integrando os demais processos
empresariais com os participantes da cadeia de fornecimento e com os clientes finais.
Existem diferentes autores que apresentaram modelos de referência teóricos sobre
processos de desenvolvimento de produtos, contribuindo com diferentes etapas para facilitar
este processo. A Figura 1 apresenta uma síntese de um estudo bibliográfico realizado por
Suarez, Jung e Caten (2009), identificando vários métodos de desenvolvimento de produtos,
proporcionando um contexto constituído por marcos históricos da ciência e tecnologia e por
modelos de pesquisa e desenvolvimento que podem ter influenciado suas concepções.
25
Figura 1- Evolução de modelos de referência para o desenvolvimento de produtos Fonte: Suarez, Jung e Caten (2009).
Segundo Jung, Caten e Ribeiro (2013), um importante fator que pode contribuir para a
escolha de um Modelo de DP é o conhecimento das suas estruturas e respectivas características
lineares e sistêmicas, representando distintas visões do mundo. No Quadro 1, são apresentados
modelos de referência com suas respectivas fases do método ou modelo, estes referem-se aos
seis autores com maior destaque na literatura. Alguns deles também se encontram na Figura 1.
26
Quadro 1- Etapas metodológicas de métodos de PDP na literatura.
MODELOS /AUTORES
ETAPAS METODOLOGICAS DE METODOS DE PDP Pre-
Desenvolvimento Desenvolvimento Pós-
Desenvolvimento ROSENTHAL (1992)
1.Validação da ideia
2.Projeto conceitual 3.Especificação e projeto 4. Protótipo, produção e teste 5.Início da manufatura.
WHEELWRIGHT e CLARCK (1992)
1.Gerar, conceber e desenvolver ideias.
2.Determinar os requisitos e detalhar os projetos. 3.Focar na inovação e desenvolver os projetos selecionados.
COOPER (1993) 1.Investigação Preliminar. 2. Investigação Detalhada.
3.Desenvolvimento. 4.Validação e Testes.
5. Produção total e Lançamento no mercado.
PAHL et al. (2005)
1.Planejar a tarefa. 2.Desenvolver o princípio da solução.
3.Desenvolver a estrutura de construção. 4.Projetar a forma definitiva. 5.Desenvolver documentação para fabricação.
ROZENFELD et al. (2006)
1.Planejar estrategicamente os produtos. 2.Planejar o projeto.
3.Efetuar o projeto Informacional. 4.Efetuar o projeto conceitual. 5.Efetuar o projeto detalhado. 6.Preparar a produção. 7. Lançar o produto.
8.Acompanhar o produto e processo. 9.Descontinuar o produto
BACK et al. (2008)
1.Planejamento do Projeto
2.Projeto Informacional 3.Projeto Conceitual 4.Projeto Preliminar 5.Projeto Detalhado 6.Preparação da Produção 7.Lançamento
8.Validação
Fonte: Adaptado de De Paula (2011), Jung et al. (2009) e Mendes (2008)
De Paula (2011) detalhou em sua pesquisa seis métodos de desenvolvimento de produtos
escolhidos os quais são: Wheelwright e Clark (1992), Rosenthal (1992), Cooper (1993), Pahl
et al. (2005), Rozenfeld et al. (2006) e Back et al. (2008). Estes métodos destacam-se por ter
mais foco na gestão do processo de desenvolvimento e por serem os modelos mais referenciados
na literatura.
Com o propósito de obter um conhecimento detalhado dos métodos mencionados, são
apresentados nas Figura 2 até Figura 7 os seis diferentes modelos destacados nesta pesquisa.
27
Figura 2- Modelo de desenvolvimento de produto de Wheelwright e Clark (1992) Fonte. Adaptado de De Paula (2011), Wheelwright e Clark (1992)
O modelo de Wheelwright e Clark (1992) apresenta as seguintes fases: na definição do
projeto determina-se o escopo do projeto de desenvolvimento, dos limites das partes
constituintes, dos objetivos dos projetos e dos compromissos de alocação de recursos. Na fase
de organização e designação de pessoal para o projeto, definem-se as pessoas que farão parte
da equipe de projeto e como elas se organizarão para realizar o trabalho. A fase de liderança e
gestão do projeto divide as tarefas que serão realizadas durante o desenvolvimento, gestão e
verificação do trabalho individual das pessoas. A quarta fase a solução de problemas, teste e
prototipagem verifica o trabalho dividido na terceira fase com a finalidade de observar como
está sendo conduzido este trabalho, com o fim de solucionar problemas, testar e protótipar para
objetivar o progresso do projeto. Na fase cinco de análise crítica e controle da alta direção
há intervenção da direção da equipe do projeto para analisar, avaliar ou modificar o projeto,
conforme os objetivos e caso seja necessário. Na última fase as correções em tempo real e de
meio-curso realiza avalições e medições da situação atual do projeto resolvendo e oferecendo
solução do problema no laboratório de desenvolvimento de produtos e com o cliente (DE
PAULA, 2011; WHEELWRIGHT; CLARK, 1992)
28
Figura 3- Modelo das fases do desenvolvimento de produto de Rosenthal (1992). Fonte: Adaptado de De Paula (2011), Rosenthal (1992).
O modelo de Rosenthal (1992), apresentado na Figura 3, expõe as seguintes fases: Fase
0- Validação da ideia, nesta fase a partir da alta direção se brinda uma ideia com o propósito
de identificar uma oportunidade no mercado. Fase 1- Projeto conceitual, nesta fase são
definidos o produto e o projeto, deixando claro os integrantes chaves do projeto e os recursos
de apoio. Fase 2- Especificação e Projeto, com a finalidade de lançar o projeto do produto,
desenvolvem-se protótipos de engenharia detalhando especificações do produto e do processo
para incluir as partes necessárias dos componentes do produto. Fase 3- Protótipo, produção e
teste, realiza-se todo o produto em uma corrida piloto, na qual são especificadas as condições
do produto em relação à sua qualidade e atendimento dos aspectos de competitividade. Desta
maneira, realiza-se projetos detalhados para o lançamento do produto r são desenvolvidos
programas de treinamento para a força de vendas e serviço. Fase 4- Início da manufatura, esta
última fase do modelo tem como objetivo atingir à capacidade da produção necessária para
atender os volumes de vendas projetados, sendo mais associada ao marketing, serviço ao cliente
e serviço de campo (DE PAULA, 2011).
Figura 4- Modelo de desenvolvimento de produto de Cooper (1993). Fonte: Adaptado de Cooper (1993), De Paula (2011).
29
No modelo de Cooper 1993 são apresentadas as seguintes fases: Na fase de investigação
preliminar, elabora-se um escopo rápido do projeto, desenvolve-se uma avaliação preliminar
do mercado e uma avaliação técnica a fim de realizar as prováveis rotas de manufatura. Na fase
de Investigação detalhada, constrói-se o plano de negócio e começa o desenvolvimento do
produto, define-se o mercado, realiza-se uma avaliação técnica mais detalhada para conhecer o
cliente, e por fim, faz-se uma análise financeira e análise de sensibilidade para identificar
prováveis riscos do projeto. Desenvolvimento, nesta fase realiza-se projetos detalhados de teste
de protótipo, projetos de lançamento, projetos de produção, requisitos de recursos de produção,
planejamento de marketing, planejamento do processo, uma atualização de análise financeira e
soluções referentes à assuntos regulatórios, legais e de patentes. Teste e validação, nesta fase
é testada e avaliada a viabilidade completa do projeto tendo-se em conta a viabilidade do
produto, do processo de produção, aceitação do cliente e viabilidade econômica do projeto. Por
último, na fase Produção total e lançamento ocorre a implementação do plano de marketing
para o lançamento e do plano de produção do novo produto desenvolvido (COOPER, 1993; DE
PAULA, 2011).
Figura 5- Modelo de desenvolvimento de produtos de Pahl et al. (2005) Fonte: De Paula (2011).
30
No modelo de Pahl et al. (2005), apresentam-se as seguintes fases: nas fases de planejar
a tarefa, desenvolver o princípio da solução e desenvolver a estrutura de construção, indicam
de forma clara e completa a estrutura de construção de um produto, partindo da estrutura de
funcionamento ou da solução preliminar e também baseando-se em critérios técnicos e
econômicos. Nas últimas duas fases, projetar a forma definitiva e desenvolver documentação
para fabricação, consideram-se as prescrições definitivas do produto, como são algumas
medições do mesmo e sua composição, com a finalidade de construção do produto considerando
os componentes e instruções para produção e montagem (DE PAULA, 2011).
Figura 6- Modelo de desenvolvimento de produtos de Rozenfeld et al. (2006). Fonte: Rozenfeld et al. (2006)
O modelo de Rozenfeld et. al. (2006) é composto pelas seguintes fases: Planejamento
estratégico de produtos, em que as informações contidas nas estratégias corporativas são
desbordadas para o plano estratégico de produtos e também contém a descrição do portfólio de
produtos. Planejamento do projeto, determinam-se o escopo e o planejamento macro do projeto
do produto selecionado no portfólio. Projeto informacional, no qual são elaboradas as
especificações-meta do produto. Projeto conceitual elabora o conceito do produto e a definição
da sua arquitetura. Na fase de Projeto detalhado são feitos todos os cálculos e desenhos
detalhados para a produção, protótipos do produto, bem como planos de lançamentos, vendas
e apoio ao produto no mercado. Preparação da produção, realiza-se as especificações de
máquinas, ferramentas e dos métodos de produção, também é gerada toda a documentação
necessária para produzir o produto com qualidade. Lançamento do produto, nesta etapa o
31
produto é lançado e o time de desenvolvimento desfeito. As últimas duas fases,
Acompanhamento do Produto e Processo de descontinuação do produto no mercado, realizam-
se o acompanhamento sistemático e a produção da documentação correspondente à melhoria
de um produto ao longo de sua fase de uso. Também inclui a retirada sistemática do produto do
mercado e a avaliação de todo o ciclo de vida (DE PAULA, 2011; ROZENFELD et al., 2006)
Figura 7- Modelo de desenvolvimento de produto de Back et al. (2008) Fonte: Back et al. (2008), De Paula (2011) e Romano (2003)
O modelo de Back et al. (2008) é constituído pelas seguintes fases: fase de Planejamento
do projeto, em que acontece a abertura do projeto sendo este elaborado e detalhado com
informações relevantes, como o escopo do projeto e o planejamento de marketing. Projeto
informacional, as especificações do projeto são avaliadas, a análise econômica e financeira é
realizada e o plano do projeto é atualizado como requisito para a próxima fase. Na fase de
Projeto conceitual realiza-se a concepção do novo produto a partir das especificações do
projeto, desenvolve-se os possíveis processos de fabricação e a definição dos prazos com os
fornecedores para o desenvolvimento do projeto preliminar e detalhado. Projeto preliminar, esta
fase se inicia com a determinação do layout final do produto, também se realiza o
desenvolvimento do plano de fabricação, teste de protótipo e definição da estrutura preliminar
do produto.
32
Dando sequência modelo proposto por Back et al. (2008), a fase do Projeto detalhado
destina-se ao teste e aprovação do protótipo, otimização e determinação das especificações
finais do produto, detalhamento do plano de manufatura e preparação da solicitação de
investimento. Na fase de Preparação da produção, obtiva-se a estruturação dos recursos
envolvendo atividades para fabricação do produto. Por conseguinte, realiza-se o lote piloto, no
qual as peças são analisadas por meio de testes e a conformidade do produto é certificada. Por
último, leva-se em consideração ainda nesta fase os custos envolvidos no desenvolvimento. Na
fase de Lançamento do produto, por meio com o planejamento do marketing é produzido o lote
inicial para atender as primeiras solicitações dos clientes. Assim, verifica-se os padrões de
qualidade e se o produto está de acordo com o que foi definido no escopo do projeto. Na
sequência, realiza-se o lançamento do produto e os produtos vendidos são monitorados após a
comercialização do lote inicial. Por último, na fase de Validação do produto é encerrado o
projeto e são feitos a avaliação da satisfação do cliente e o levantamento de informações (BACK
et al., 2008; DE PAULA, 2011; ROMANO, 2003).
Diante do panorama teórico apresentado sobre os processos desenvolvimento de
produtos, pode-se verificar a importância destes para as empresas na realização de novos
produtos. Nesta seção foi possível detalhar alguns modelos mais relevantes na literatura com
suas respectivas etapas, detectando uma variedade e complexidade em sua aplicação. Isto
auxilia na seleção de um modelo em específico para realizar a integração entre o PDP ou DP
com os conceitos de sustentabilidade.
2.2 Sustentabilidade
A busca pela sustentabilidade está começando a transformar o cenário competitivo,
forçando as empresas a mudarem a maneira como pensam sobre produtos, tecnologias,
processos e modelos de negócios (NIDUMOLU, PRAHALAD e RANGASWAMI, 2009).
Desde a publicação do Manual de Oslo, pela Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OECD) (2005), já se apontava a inovação fundamental para o
crescimento, tanto em tamanho, quanto em lucros de uma empresa, reforçando também a
importância da inovação para a sustentabilidade (KLOEPFFER, 2008).
33
O desenvolvimento sustentável é definido pela comissão Brundtland (1987), como o
padrão de utilização dos recursos naturais que visa atender as necessidades humanas, ao mesmo
tempo em que preserva o meio ambiente, possibilitando o atendimento das necessidades das
gerações atuais e futuras.
Outro conceito de desenvolvimento sustentável usado amplamente é o estabelecido no
relatório da conferência RIO 92 (ONU, 1992), no qual se diz que é necessário que o
desenvolvimento permita a satisfação das necessidades básicas e aspirações de bem estar da
população, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras estabelecerem suas próprias
necessidades e aspirações. De acordo com esta visão, o desenvolvimento sustentável deve
permitir o crescimento econômico, sem comprometer o meio ambiente e a igualdade social,
proporcionando qualidade de vida para as gerações presentes e futuras.
O desenvolvimento sustentável pode ser compreendido como estratégias planejadas para
satisfazerem critérios da sustentabilidade, uma vez que o desenvolvimento pressupõe uma
transformação progressiva e deliberada da sociedade, da economia e do ecossistema (NOBRE,
WALKER E HARRIS, 2012). Em resposta a esta pressão pela incorporação dos aspectos de
sustentabilidade, muitas organizações começaram a desenvolver estratégias sustentáveis
baseadas no Triple Bottom Line (TBL), buscando alcançar um desempenho econômico,
ambiental e social (STREIMIKIENE E SIKSNELYTE, 2016; NADAE E CARVALHO, 2016).
Compreendida a definição geral do termo sustentabilidade, é essencial para esta pesquisa
estudar os pilares de sustentabilidade contidos no Triple Bottom Line, assim como obter
conhecimento sobre ferramentas e abordagens que possibilitem a aplicação destes conceitos.
2.2.1 Triple Bottom Line
Para ser sustentável, uma empresa precisa ser capaz tanto de assegurar os seus direitos de
funcionar como o de obter lucro. Para tanto, as decisões estratégicas tomadas pelas empresas
devem considerar não somente os tradicionais fatores econômicos, mas também os fatores
sociais e ambientais, que são apoiados pelo conceito do Triple Bottom Line (TBL), que é uma
abordagem relacionada ao conceito de sustentabilidade (NADAE E CARVALHO, 2016)
Desta maneira, a temática em questão passou a evoluir e ganhar destaque, agregando
conceitos e tornando-se complexa. A frase Triple Bottom Line (TBL) foi acunhada pela primeira
34
vez em 1994 por John Elkington, em que argumentava-se que as empresas deveriam preparar-
se em três diferentes pontos de partida, os quais foram representados pelos termos people,
planet e profit. Da mesma natureza foi criado o Tripé da Sustentabilidade (do inglês “Triple
Bottom Line”) definindo a sustentabilidade em três pilares: social, ambiental e econômico, e
representando hoje uma das estruturas mais respeitadas ao tratar do assunto de sustentabilidade
(ELKINGTON, 1998; ONYALI, 2014). Na Figura 8, expõe-se os pilares de sustentabilidade e
suas respectivas funcionalidades, segundo a integração entre eles mesmos.
Figura 8- Os três pilares da sustentabilidade Fonte: Adaptada de (ONYALI, 2014).
De acordo com Onyali (2014), a implementação do TBL fornece os seguintes benefícios:
incrementa as receitas, reduz as despesas de energia, reduz as despesas de desperdício, reduz
materiais e despesas de água, incrementa a produtividade de empregados, reduz as despesas de
contratação e atrito, bem como reduz riscos estratégicos e operacionais. Neste contexto, medir
o desempenho na busca pela sustentabilidade tem sido uma questão importante para empresas,
mas ao mesmo tempo complexa. (NADAE E CARVALHO, 2016).
Ambiental Uso de recursos naturais
Gestão ambiental Prevenção da polução
(Ar, água, terra, desperdício)
Social Padrões de vida
Educação Comunidade
Igualdade de oportunidades
Econômico Lucro
Poupança de custos Crescimento econômico
Pesquisa e desenvolvimento
Social- Ambiental Justiça ambiental
Administração de recursos naturais
Localmente e Globalmente
Ambiental-Econômico Eficiência energética
Subsídios/ Incentivos para uso de recursos naturais
Econômico- Social Ética de negócios Comércio Justo
Direitos dos trabalhadores
SUSTENTABILIDADE
35
2.2.2 Ferramentas e Abordagens de sustentabilidade
Muitas abordagens e ferramentas de sustentabilidade vêm nos últimos anos promovendo uma
releitura nas técnicas de concepção, projeto e produção industrial de bens, para conter as
questões relativas à sustentabilidade (BYGGETH, BROMAN E ROBERT, 2007). Na
sequência, apresentam-se diferentes abordagens e ferramentas levantadas na literatura.
Logística reversa: Segundo Shibao, Moori e Dos Santos (2010), as atividades de
logística reversa são resumidas em quatro funções básicas: 1) Controle do fluxo de materiais e
do fluxo de informações do ponto de consumo à origem; 2) Movimentação dos produtos na
direção: consumidor produtor; 3) Busca da melhor utilização dos recursos; 4) Segurança na
destinação após descarte. Em termos práticos, a logística reversa tem como objetivo principal
reduzir a poluição do meio ambiente e os desperdícios de insumos, assim como a reutilização
e reciclagem de produtos.
Figura 9- Processo da Logística Reversa. Fonte: Shibao, Moori e Dos Santos (2010).
Na figura 9 é ilustrado o processo da logística reversa com sua respectiva comparação
com a logística tradicional. Evidentemente, quando se fala que o produto deve retornar a sua
origem, não se pretende dizer que ele deve ser devolvido exatamente ao ponto em que foi
fabricado, mas sim voltar para a empresa que o produziu. A empresa, por sua vez, dará o destino
que lhe for mais conveniente, pode ser recuperá-lo, reciclá-lo, vendê-lo para outra empresa ou,
até mesmo, jogá-lo no lixo.
36
A logística reversa, diz respeito ao fluxo de materiais que voltam à empresa por algum
motivo tal como: devolução de produtos com defeitos, retorno de embalagens, retorno de
produtos e/ou materiais para atender à legislação. A atividade principal é a coleta dos produtos
a serem recuperados e sua distribuição após reprocessamento (SHIBAO, MOORI e DOS
SANTOS, 2010).
Berço ao berço: A visão de que resíduos são matéria-prima,refere-se à ideia central para
a proposta Berço a Berço, uma oposição à visão tradicional ‘berço ao túmulo’. Mcdonough e
Braungart (2002) montaram um sistema de certificação para empresas que redesenham seus
processos baseadas na segurança e produtividade regeneradora da natureza, mimetizando o
fluxo de nutrientes que ocorre naturalmente utilizando, analogamente, o metabolismo
tecnológico (MAGNAGO, AGUIAR E PAULA, 2012).
Sob a abordagem de design berço ao berço, os produtos que resultam em materiais que
fluem para a biosfera (do conteúdo do produto ou da embalagem) são considerados "produtos
de consumo". Os materiais recuperados após o uso podem ser considerados "produtos de
serviço ". A abordagem berço ao berço, centra-se em uma transição ideológica de "menos ruim"
para "mais bom". As abordagens conhecidas eco-eficientes convencionais se esforçam para
minimizar os danos infligidos no mundo, concentrando-se esta abordagem na ecoeficácia,
estimulando às empresas a fazer as coisas certas para uma melhoraria contínua no
desenvolvimento de produtos, indústria e economia (TOXOPEUS, DE KOEIJER e MEIJ,
2015).
Sustainable Value Analysis Tool (SVAT): Consiste em uma análise qualitativa de um
formulário multidimensional de valor que permite avaliar profundamente o sistema. A principal
motivação para o desenvolvimento foi a constatação que durante o projeto de produtos poucas
organizações se preocupam em adicionar valor nos aspectos social e ambiental. O maior
objetivo desta ferramenta é identificar oportunidades de criação de valor sustentável ao longo
do ciclo de vida do sistema produto-serviço. Desta maneira o desenvolvimento da ferramenta
auxilia às empresas de fabricação a integrar a sustentabilidade no desenvolvimento do sistemas
produto-serviço e também ajudar os pesquisadores a entender os desafios e os principais fatores
desse processo (YANG et al., 2013)..
De acordo com Yang et al. (2014), os elementos de valor a serem analisados pela empresa
na SVAT estão identificados na Figura 10.
37
Figura 10- Elementos de valor na SVAT. Fonte: adaptado de Yang et al. (2014).
No processo da SVAT, se analisa primeiramente todo o ciclo de vida ou processo de
desenvolvimento de produto com o propósito de encontrar os elementos de valor durante este
ciclo, conforme mostrado na Figura 11. Esta análise é feita da seguinte maneira: definir proposta
de valor no início de vida do produto (BOL-VP), na metade de vida do produto (MOL-VP) e
no final de vida do produto (EOL-VP); mapear valor não capturado no início de vida do produto
(BOL-VU), na metade de vida do produto (MOL-VU) e no final de vida do produto (EOL-VU).
Figura 11. Ferramenta SVAT. Fonte: adaptado de Yang et al. (2014).
38
Nesta ferramenta se descreve, em cada fase do desenvolvimento de produtos, a proposta
de valor de acordo com as dimensões ambientais, econômicas e sociais e as intercepções entre
estas dimensões, que são: econômico-ambiental, econômico-social, social-ambiental e
econômico-ambiental-social. Logo, deste processo se realiza a identificação de valor não
capturado em todo o processo de desenvolvimento de produtos, tendo em conta os valores que
se consideraram e também de acordo à estrutura das dimensões sustentáveis, da mesma maneira
da proposta de valor. Depois, analisa-se o valor não capturado, e se explora as oportunidades
de valor, finalmente, avalia-se as oportunidades de valor (YANG et al., 2014).
Design for Environment (DFE): O princípio do DFE pode ser evidenciado por
intermédio da aplicação de uma ferramenta proposta para realização de diagnóstico de
reciclagem do produto, ainda na fase de projeto. Conforme com Junior Giannetti e Almeida
(2003), o DFE é uma ferramenta da Ecologia Industrial e deve examinar todo o ciclo de vida
do produto para propor alterações no projeto de forma a minimizar o impacto ambiental do
produto desde sua fabricação até seu descarte.
No entanto, esta ferramenta necessita das informações contidas na lista de materiais do
produto, também conhecida como Bill of Materials (BOM), permitindo diagnosticar quais são
as partes mais críticas do produto e possibilidades de mudança ainda na fase de projeto,
melhorando assim o aspecto de reciclagem do produto no final de sua vida (AGUIAR et al.,
2016).
Ecodesign: Rossi et al. (2016) definem que conforme a ISO 2011, o ecodesign consiste
em uma abordagem que considera e integra os aspectos ambientais no processo de
desenvolvimento do produto, por meio da aplicação de estratégias que visam reduzir o impacto
ambiental negativo durante as fases do ciclo de vida do produto. Considera-se a função do
produto, sua segurança, performance, custo, aceitação no mercado, qualidade, legislação e
regulamentos. Para BOKS (2006), o Ecodesign desempenha um papel importante no PDP. Este
autor apresenta os fatores de sucesso que geram os relacionamentos desta abordagem no PDP,
conforme apresentado no Quadro 2.
39
Quadro 2- Fatores de sucesso para a integração de ecodesign no desenvolvimento de produtos
Área de interesse Fatores de sucesso
Gestão
Compromisso e apoio são fornecidos São estabelecidos objetivos ambientais claros As questões ambientais são abordadas como questões
comerciais Consideração as dimensões estratégicas de ecodesign em vez
de apenas dimensões operacionais Ecodesign não só é tratada a nível operacional, mas também a
nível estratégico As questões ambientais são incluídas ao estabelecer a
estratégia de tecnologia de uma empresa
Relação com clientes Adoção de um forte foco no cliente Treinamento de clientes em questões ambientais
Relação com fornecedores
Estreita relação com fornecedor
Processos de desenvolvimento
Consideração de problemas ambientais no início do PDP Integração de questões ambientais no PDP existente Introdução de pontos de controle ambientais, revisões e marco
ambiental no PDP Uso de princípios, regras e padrões de design ambiental
específico da empresa Ecodesign é realizado em equipes multifuncionais Ferramentas de suporte são aplicadas
Competência
Educação e treinamento são fornecidos ao pessoal de desenvolvimento de produtos Um especialista ambiental apoia as atividades de
desenvolvimento São utilizados exemplos de boas soluções de design
Motivação
Uma nova mentalidade enfatizando a importância das questões ambientais é estabelecida Presença de um campeão ambiental Os indivíduos são estimulados a participar ativamente na
integração do ecodesign. Fonte: adaptado de BOKS (2006)
Quality Function Deployment for Environment (QFDE): Os pioneiros Masui et al.
(2003) enfatizam que o QFDE auxilia na tomada de decisões com a incorporação do contexto
ambiental, possuindo o intuito de tratar simultaneamente estas informações ambientais em
conjunto a forma tradicional de tratamento das informações de requisitos de qualidade do
produto. Assim, o principal foco da aplicação do QFDE consiste em estimular o crescimento
da consciência ambiental na etapa de projeto do produto, tornando possível identificar pontos
de melhoria ainda em uma fase conceitual da ideia.
40
O QFDE proposto permite identificar aspectos do projeto dentro de suas quatro fases. Os
resultados das fases I e II são a identificação de componentes e itens, que permitem focar no
desenho do produto e considera-o ambientalmente. Depois desta identificação, os engenheiros
do projeto melhoram o desenho do com a finalidade de avaliar as mudanças em aspectos
ambientais antecipadamente. Nas fases III e IV, os engenheiros examinam a possibilidade de
melhorias nos desenho para cada componente, buscando identificar sempre melhorias à partir
dos desenhos (MASUI et al., 2003).
Cadeia de suprimentos verde: A cadeia de suprimentos engloba todas as atividades
associadas ao fluxo e transformação de bens do estágio de matérias-primas (extração) até o
usuário final, bem como os fluxos de informação associados. A gestão da cadeia de suprimento
sustentável se define como a gestão de materiais, informações e fluxos de capital, bem como a
cooperação entre as empresas ao longo da cadeia de suprimentos, considerando os diferentes
propósitos das três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômico, social e ambiental),
tanto dos clientes como dos requisitos das partes interessadas.
Nas cadeias de suprimentos sustentáveis, os membros devem cumprir os critérios
ambientais e sociais, permanecendo dentro da cadeia de suprimentos, enquanto se espera que a
competitividade seja mantida atendendo às necessidades dos clientes e aos critérios econômicos
relacionados. (SEURING e MÜLLER, 2008).
Figura 12- Estímulos para cadeia de suprimentos sustentável. Fonte: adaptado de Seuring e Müller (2008).
Na Figura 12 são apresentados avanços externos que são colocados em empresas focais
pelas agências governamentais, clientes e partes interessadas ou stakeholders. Essas pressões,
bem como os incentivos, podem levar à ação de empresas focais. Na sua relação com os
41
fornecedores, são observáveis várias barreiras e incentivos que dificultam ou fortalecem o
gerenciamento sustentável da cadeia de suprimentos. Com base nesses desencadeantes, são
identificadas duas estratégias, a primeira é rotulada como "gerenciamento de fornecedores de
riscos e desempenho", em que um dos principais receios das empresas que seguem essa
estratégia é a perda da reputação se os problemas relacionados forem levantados. Já a segunda
estratégia é denominada "gestão da cadeia de suprimentos para produtos sustentáveis", esta
geralmente exige a definição de padrões baseados no ciclo de vida para o desempenho
ambiental e social dos produtos, que são então implementados em toda a cadeia de suprimentos
(SEURING e MÜLLER, 2008).
Análise de Ciclo de Vida (ACV): O ACV é um quadro para quantificar o impacto
ambiental de produtos ou serviços ao longo de suas fases do ciclo de vida (NBR ISO 14040,
2009). Vários instrumentos baseados nessa metodologia existem para apoiar o cálculo do
impacto. Esta categoria de metodologia inclui ferramentas de software comercial, usadas direta
e indiretamente (RAHDARI e ROSTAMY, 2015). Desta maneira, a ACV tem dentro dos seus
objetivos analisar os impactos oriundos dos processos produtivos, identificando as causas e
consequências de seus impactos.
Figura 13- Processo da avaliação do ciclo de vida. Fonte: NBR ISO 14040 (2009).
De acordo com a norma NBR ISO 14040 (2009), a estrutura da avaliação do Ciclo de
Vida de produtos apresentada na Figura13, deve incluir em seu desenvolvimento e aplicação, a
42
definição do objetivo e do escopo do estudo, uma análise do inventário, uma avaliação de
impacto ambiental e a interpretação dos resultados.
As etapas da ACV são basicamente, a definição dos objetivos que consiste em limitar o
estudo e escolher a unidade funcional, a análise do inventário de entradas e saídas de energia e
materiais relevantes para o sistema em estudo, a avaliação do impacto ambiental associado às
entradas e saídas de energia e materiais ou avaliação comparativa de produtos ou processos que
avalia os impactos devidos às emissões identificadas e ao consumo de recursos naturais, assim
como interpreta os resultados da avaliação de impacto com a finalidade de implantar melhorias
no produto ou no processo.
Quando a ACV é utilizada para comparar produtos, esta última etapa é a que recomenda
qual produto seria ambientalmente preferível, além de identificar oportunidades de melhoria de
desempenho ambiental no ciclo de vida dos mesmos. De modo geral, a ACV permite criar e
gerenciar informações para análise, e também auxilia na tomada de decisão junto aos projetos
e fabricação (CHEHEBE, 1997).
Sustainable Value Stream Mapping (Sus-VSM): Value Stream Mapping (VSM) é uma
técnica importante utilizada na fabricação enxuta para identificar os desperdícios, define-se
como sendo um fluxo de valor que identifica todas as ações necessárias, tanto de valor agregado
como de valor não agregado, para trazer um produto por meio de seus fluxos essenciais, como:
o fluxo de produção da matéria-prima até o cliente e o design do conceito para lançamento. O
VSM vêm recebendo atenção quando se trata de fabricação verde e sustentável (FAULKNER
E BADURDEEN, 2014).
Sus-VSM é uma ferramenta preliminar para avaliar o desempenho da sustentabilidade
econômica, ambiental e social na manufatura. As métricas existentes para avaliação do
desempenho de produção sustentável são examinadas para identificar critérios e métricas
essenciais a serem incluídos no VSM (método de produção enxuta para identificar desperdícios,
analisar o estado atual e projetar o estado desejado da manufatura), promovendo a produção
sustentável deste produto e consequentemente realiza a melhoria contínua, resultando no Sus-
VSM (FAULKNER E BADURDEEN, 2014).
As métricas a serem avaliadas no desempenho da fabricação sustentável pelo Sus-VSM,
são as seguintes: métricas para avaliar a produção sustentável, como os indicadores e índices;
métricas econômicas, em termos de valor agregado e custos incorridos, tempos de ciclos,
tempos de transição, horários de funcionamento, número de operadores envolvidos, nível de
inventário em andamento; métricas ambientais, que podem ser métricas de consumo de água
do processo, métrica de uso de matérias-primas, métricas de consumo de energias; métricas
43
sociais, como métrica de trabalho físico e métrica do ambiente de trabalho. Além disso, os
valores das métricas documentadas em um Sus-VSM não serão suficientes para classificar se
uma métrica específica é boa ou ruim. Esta avaliação requer comparar e relacionar os valores
com o desempenho em outras linhas / sistemas semelhantes, com dados de benchmarks da
indústria ou avaliando em relação a um Sus-VSM anterior para a mesma linha (FAULKNER E
BADURDEEN, 2014).
Sustainability Balanced Scorecard (SBSC): Apresentada por Figge et al. (2002), baseia-
se no Balanced Scorecard (BSC) proposto por Kaplan, R S e Norton (1992), mas com a inclusão
dos aspectos ambientais e sociais nas estratégias da empresa. Utiliza-se para contabilizar fatores
de sucesso não monetário, como exemplo os aspectos de sustentabilidade que têm um impacto
significativo e financeiro na empresa, ou seja, estes aspectos são atributos para medição e
verificação de desempenho das estratégias estabelecidas. O conceito SBSC é um conceito
aberto, isso significa que pode usar estratégias corporativas "convencionais", bem como
estratégias explícitas de sustentabilidade corporativa como ponto de partida.
Na figura 14, apresenta-se o processo formulado da ferramenta SBSC em que é de grande
importância possuir uma gestão baseada no valor dos aspectos ambientais e sociais, estes
aspectos devem ser integrados ao sistema geral de gestão da empresa. Este processo deve
garantir que o SBSC seja específico da unidade de negócios. No entanto, os aspectos ambientais
e sociais de uma unidade de negócios devem ser integrados de acordo com sua relevância
estratégica, isso inclui a questão de saber se à introdução de uma perspectiva adicional não
comercial é necessária (FIGGE et al., 2002).
Figura 14. Processo de formulação de um SBSC. Fonte: Adaptado de FIGGE et al., (2002)
44
Responsabilidade Social Corporativa (RSC): RSC é uma abordagem de gestão voltada
a contribuição das empresas para o desenvolvimento sustentável. Com base no conceito de
gestão de relações com as partes interessadas, Steurer et al. (2005), definiu a RSC como:
"conceito pelo qual as empresas integram preocupações sociais e ambientais nas suas operações
de negócio e na sua interação com as partes interessadas numa base voluntária" e “não é uma
surpresa encontrar a tríplice linha de fundo também no contexto”. A abordagem enfatiza
fortemente a necessidade de consulta com as principais partes interessadas da comunidade no
desenvolvimento sustentável (KANG et al., 2015).
Figura 15- Vinculo da Responsabilidade Social Corporativa na sustentabilidade. Fonte: Munck e Souza (2009).
Conforme Munck e Souza (2009) e considerando o vínculo apresentado na Figura 15, a
responsabilidade social corporativa em seus escopos econômicos, sociais e ambientais,
dependem de três personagens fundamentais: das pessoas, do planeta e do lucro, os quais, se
adicionam como parte considerável dos aspectos necessários para se alcançar a sustentabilidade
organizacional.
Por conseguinte, a responsabilidade social corporativa constitui uma iniciativa estratégica
que fundamenta a sustentabilidade organizacional, a qual é parte integrante e fenômeno
consequente da estratégia organizacional responsável por conciliar interesses organizacionais,
expectativas sociais e preservação ambiental.
45
2.2.3 Índices de sustentabilidade/ Indicadores de sustentabilidade
O termo indicador é originário do latim indicare, que significa descobrir, apontar,
anunciar, estimar. O indicador composto (IC) é formado quando os indicadores individuais são
compilados em um único índice com base em um modelo subjacente. Dessa forma, o indicador
composto nesta pesquisa, refere-se ao índice que pode ser simplesmente definido como uma
agregação de diferentes indicadores com uma metodologia bem desenvolvida e predeterminada.
Assim, um IC está no topo de uma pirâmide de informação (HAMMOND et al., 1995), como
ilustrado na Figura 16. A adição de vários indicadores a um IC único difere conceitualmente
das técnicas baseadas em outros indicadores, obtendo informações e dados elementares que
ajudam no processo de tomada de decisão.
Figura 16- A pirâmide de Informação. Fonte: Adaptado de Hammond et al. (1995)
Os indicadores devem apresentar métricas bem definidas, indicando uma meta,
recomendação ou valores mínimos de aceitação em determinado aspecto. Os indicadores são
agregados e se tornam índices de sustentabilidade para alcançar essas metas (LEONETI,
NIRAZAWA E OLIVEIRA, 2016; USSUI E BORSATO, 2011). Com o propósito de entender
melhor o que são os índices no Quadro 3 expõe-se os pros e os contras dos índices.
46
Quadro 3- Prós e contras de índices.
Prós Contras Pode resumir questões complexas e multidimensionais.
Pode gerar indicações falsas se mal construídas.
Mais fácil de interpretar. Pode produzir conclusões simplistas. Facilita a tarefa de classificação de alternativas ao longo do tempo em questões complexas.
Pode ser subutilizado, por exemplo, para apoiar uma política desejada, se a construção não é transparente e não há sólidos princípios estatísticos e conceituais.
Reduz o tamanho de um grupo de indicadores ou incluindo mais informações dentro do limite de tamanho existente.
A seleção dos indicadores e pesos poderia ser um alvo para desafio político
Coloca questões de desempenho e questões de progresso no centro da arena política.
Pode mascarar falhas graves em algumas dimensões e aumentar a dificuldade em identificar medidas corretivas adequadas.
Facilita a comunicação com o público em geral e promove a prestação de contas.
Pode levar a inadequações políticas se as dimensões de desempenho, que são fáceis de medir, são ignoradas.
Fonte: Adaptado de Nardo et al. (2005)
Indicadores/índices de sustentabilidade contemplam em sua estrutura básica uma lista de
categorias e quesitos, variando de acordo com o objetivo de cada indicador. Diversos
indicadores a nível internacional e nacional são desenvolvidos e ainda muitos estão em estudo.
No Quadro 4 apresenta-se uma lista com os principais indicadores de sustentabilidade
(USSUI E BORSATO, 2011):
Quadro 4- Índices/ Indicadores de Sustentabilidade.
Índices/ Indicadores de sustentabilidade existentes DJSI (Dow Jones Sustainability Index) Ecological Footprint OECD Env (Organisation for Economic Co-operation and Development)
GRI (Global Reporting Initiative)
OECD Toolkit ISO 14031 Ford PSI (Product Sustainability Index) Métricas de Sustentabilidade da Instituição
dos Engenheiros Químicos (IChemE) GM MSM (Metrics for Sustainable Manufacturing) Wuppertal Sustainability Indicators EPI (Enviromental Pressure Indicators) para a União Européia
Eco-efficiency indicator
UN-CSD (United Nations Commission on Sustainable Development Indicators)
Índice Carbono Eficiente - ICO2
Walmart Sustainability Product Index (Walmart Qs) Interface EcoMetrics CGSDI (Consultative Group on Sustainable Development Indicators)
Environmental Performance Resource Impact Indicator (EPRII)
Wellbeing Index Global Scenario Group Enviromental Sustainability Index Ethos de Responsabilidade Social e
Empresarial Desenvolvimento Sustentável (CDS) Dashboard da Sustentabilidade Barômetro de Sustentabilidade Triple Bottom Line Index System (TBLIS) Fonte: Adaptado de Ussui e Borsato (2011), Delai e Takahashi (2008), Leoneti, Nirazawa e Oliveira
(2016)
47
Os indicadores de sustentabilidade comumente usados no processo decisório das
organizações, são: Indicadores de Desenvolvimento Sustentável da Comissão para o
Desenvolvimento Sustentável (CDS), o Dashboard da Sustentabilidade, o Global Reporting
Initiative (GRI), o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), o Barômetro de Sustentabilidade, as
métricas do Instituto dos Engenheiros da Inglaterra (ICheme) e o Triple Bottom Line Index
System (TBLIS). Em nível nacional, citam-se os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social
e Empresarial, do Instituto Ethos (DELAI E TAKAHASHI, 2008; LEONETI, NIRAZAWA E
OLIVEIRA, 2016).
A seguir apresenta-se alguns deles, destacando a relevância de sua aplicação nas
dimensões ambiental, econômica e social do TBL:
DJSI (Dow Jones Sustainability Index): O DJSI é constituído de um conjunto de índices
globais e de um europeu. A pontuação é calculada com base em questionários e informações
disponíveis na mídia aos investidores, além da análise dos stakeholders, documentos, políticas,
relatórios, informações públicas e contato de um analista, além disso, essas informações passam
por auditoria. Os indicadores de sustentabilidade desenvolvidos pela bolsa de valores norte
americana Dow Jones visam avaliar o grau de sustentabilidade financeira e ambiental das 10%
maiores empresas listadas no índice global da bolsa de valores da Dow Jones (DOW JONES,
2016).
Ecological Footprint: O objetivo deste indicador é avaliar o grau de sustentabilidade do
planeta. A análise é realizada com base no consumo global de recursos renováveis e não
renováveis em vários países, mais a geração de resíduos e a capacidade do planeta de absorver
estes resíduos e criar novos recursos.
O indicador avalia o impacto ambiental causado pelas lavouras, pasto, desmatamento,
pesca, infraestrutura e combustíveis fosseis. O consumo e impacto ambiental são então
comparados com o estoque de recursos do planeta. Análises utilizando este indicador
demonstram que o atual consumo global excede a capacidade do planeta de repor estes recursos
(WACKERNAGEL et al., 2002).
GRI (Global Reporting Initiative): Lançado em 1997 pela UNEP (United Nations
Environment Programme), em conjunto com a CERES (Coalition for Environmentally
Responsible Economics). O índice GRI tem por objetivo avaliar, auxiliar e reportar o nível de
sustentabilidade de empresas, indústrias e instituições públicas e privadas no entendimento e
comunicação das contribuições da organização ao alcance do desenvolvimento sustentável,
melhorando a qualidade e utilidade dos relatórios de sustentabilidade. Composto de mais de
48
100 indicadores, atualmente, mais de 156 empresas utilizam o GRI para reportar o seu nível de
sustentabilidade para os stakeholders (GRI, 2013).
Indicadores de Desenvolvimento Sustentável da Comissão para o Desenvolvimento
Sustentável (CDS): Foi proposto em 1995 pela Organização das Nações Unidas com base na
agenda 21. O CDS tem 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, além de coordenar a
implementação destas metas, promete liderar e catalisar a ação na promoção dos 140
indicadores de sustentabilidade nas empresas e comunidades ao redor. Estes indicadores
seguem o conceito de desenvolvimento sustentável proposto pelo Relatorio Brundtland,
abrangendo as dimensões de sustentabilidade e outra institucional (DELAI E TAKAHASHI,
2008; LEONETI, NIRAZAWA E OLIVEIRA, 2016).
Indicadores Ethos de Responsabilidade Social e Empresarial: Estes indicadores
propostos pelo Instituto Ethos no Brasil no ano 2002, têm o propósito de oferecer uma
ferramenta que auxilie no processo de aprofundamento com a responsabilidade social e com o
desenvolvimento sustentável. Estes indicadores são estruturados em forma de questionário,
facilitando sua aplicação nas empresas (ETHOS, 2007).
A revisão de conceitos de sustentabilidade demostra o aumento da vantagem competitiva
com o propósito de pensar em um futuro melhor e mudar no presente na sociedade, sendo
envolvido nas empresas que desejam inovar e contribuir com uma consciência na mudança
climática atualmente existente no planeta.
Portanto, nesta pesquisa se procura inserir estes conceitos de sustentabilidade estudados,
em específico diferentes ferramentas e abordagens de sustentabilidade, no processo de
desenvolvimento de produtos com a finalidade de facilitar a produção de produtos mais
sustentáveis.
2.3 Revisões e classificações da Literatura
Neste item, apresentam-se as análises correspondentes à pesquisa bibliográfica da
amostra de artigos levantados da base de dados ISI Web of Science, os quais se referem aos
temas de sustentabilidade no processo de desenvolvimento de produtos. Serão apresentadas
figuras e tabelas correspondentes à revisão sistemática e análises de redes de relacionamento
dos dados bibliográficos.
49
Foram utilizados os seguintes filtros na base de dados Web of Science, na qual se
obtiveram 299 artigos:
Filtro 1: “Sustainability” OR "triple bottom line";
Filtro 2: "new product development" OR "product development" OR "product
development process";
Filtro 3: Tipo de documento - Article;
Filtro 4: No software EndNote - leitura de títulos e resumos relacionados ao tema de
pesquisa.
Contemplando os 299 artigos da base de dados ISI Web of Science sobre sustentabilidade
e desenvolvimento de produtos, ilustra-se na Figura 17 a distribuição das publicações nos
diferentes anos (1994 -2016).
Figura 17. Publicações disponíveis no ISI Web of Science. Fonte: Elaborado pela autora.
Com a análise da Figura 17 é notório o fato de que nos últimos anos tem sido intensificado
o crescimento do número de publicações, observando que 21% das publicações foram no ano
2016, o que demonstra o aumento do interesse da comunidade científica e acadêmica nestes
temas.
Com a análise da Figura 17 é notório o fato de que nos últimos anos tem sido intensificado
o crescimento do número de publicações, observando que 21% das publicações foram no ano
2016, o que demonstra o aumento do interesse da comunidade científica e acadêmica nestes
temas. Assim, na Figura 18 são apresentadas as 11 revistas com mais publicações.
0% 1% 1% 1%
3%1% 1%
3% 3%4%
1%
5% 5%
9%
14%
12%
15%
21%
0%
5%
10%
15%
20%
25%
1
6
11
16
21
26
31
36
41
46
51
56
61
66
Qtde. %
50
Figura 18- Percentual de participação e quantidade das revistas nas publicações. Fonte: Elaborado pela autora.
Observa-se na Figura 18 que com 66 artigos, o Journal of Cleaner Production é a revista
com maior importância, com uma participação de 22,1% entre as publicações. Seguido do
Sustainability, que aporta 10 artigos e com participação de 3,3%.
Na Figura 19 ilustra-se os 15 países com mais instituições de pesquisa aos quais os autores
das diferentes publicações pertencem.
Figura 19- Países das instituições de pesquisa dos artigos. Fonte: Elaborado pela autora.
Conforme a Figura 19, com 15,6% de participação, os EUA lideram, seguido de países
como Inglaterra (7,1%) e Suécia (6,4%). Observa-se também o Brasil com 4,6%, destacando
sua atuação sobre os temas abordados nesta pesquisa.
22,1%, (66 artigos)
3,3%, (10 artigos)
2,3%, (7 artigos)
2,3%, (7 artigos)
2,3%, (7 artigos)
2,0%, (6 artigos)
2,0%, (6 artigos)
1,7%, (5 artigos)
1,3%, (4 artigos)
1,3%, (4 artigos)
1,3%, (4 artigos)
Journal of Cleaner Production
Sustainability
International Journal of Production Economics
Business Strategy and the Environment
The International Journal of Life Cycle…
Journal of Product Innovation Management
Journal of Business Ethics
Journal of Sustainable Tourism.
Clean Technologies and Environmental Policy
International Journal of Production Research
International Journal of Operations &…
15,6%
7,1%
6,4%
6,1%
5,4%
4,8%
4,8%
4,6%
4,6%
4,1%
3,6%
3,6%
3,3%
2,8%
2,6%
EUA
Inglaterra
Suécia
Alemanha
Holanda
Canadá
Itália
Brasil
Índia
Taiwan
Austrália
Suíça
Espanha
Dinamarca
França
51
Para analisar a evolução na quantidade e percentual dos artigos publicados com mais
citações, ilustra-se na Figura 20 os artigos com mais frequência de citações.
Figura 20- Artigos com maior número de citações Fonte: Elaborado pela autora.
Na Figura 20 se evidencia que os artigos com mais influência são os estudos de Vachon
e Klassen (2008), Environmental management and manufacturing performance: The role of
collaboration in the supply chain, seguidos de Smith e Lewis (2011) com Toward a Theory of
Paradox: A Dynamic Equilibrium Model of Organizing e Maxwell e Van der Vorst, (2003),
com Developing sustainable products and services.
Baseando-se nas diferentes pesquisas ilustradas pela Figura 20, é possível destacar alguns
resultados da revisão de literatura, como:
(1) Relevantes soluções para o desenvolvimento de produtos e processos. No PDP
caracteriza-se o gerenciamento ambiental por parte dos stakeholders, nas quais questões
ambientais e éticas podem levantar dúvidas sobre a sustentabilidade ambiental nos produtos
desenvolvidos pelas empresas, sendo analisado o ciclo de vida dos processos para avaliar os
impactos ambientais, podendo auxiliar como ferramenta de tomada de decisões para o
desenvolvimento de produtos (GALLEZOT, 2008; KOTLER, 2011; LUTTROPP E
LAGERSTEDT, 2006; PUJARI, 2006; VACHON E KLASSEN, 2008; VARMA et al., 2007).
(2) O principal fator para adoção da sustentabilidade nas empresas é a obtenção de um
equilíbrio da organização por meio de um desempenho máximo de sustentabilidade com o
propósito de ter um êxito no futuro, tendo em conta diferentes ferramentas de suporte para o
desenho de produtos (CHANDRASEGARAN et al., 2013; SMITH E LEWIS, 2011).
348 Citações , 6,67%
322 Citações, 6,17%
174 Citações, 3,33%
172 Citações, 3,29%
143 Citações, 2,74%
134 Citações, 2,57%
130 Citações, 2,49%
118 Citações, 2,26%
116 Citações, 2,22%
112 Citações, 2,15%
Vachon, S; Klassen, RD (2008)
Smith, WK; Lewis, MW (2011)
Maxwell, D; van der Vorst, R (2003)
Luttropp, C; Lagerstedt, J 2006)
Pujari, D (2006)
Chandrasegaran, SK; Ramani, K; Sriram, RD et…
Kotler, P (2011)
Varma, VA; Reklaitis, GV; Blau, GE et al. (2007)
Kloepffer, W (2008)
Gallezot, P (2008)
52
(3) O maior desafio que enfrenta a sociedade e a indústria é a implementação dos
princípios de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos. Nesse sentido, Maxwell e Van
Der Vorst (2003) apresentam um método para avaliar e identificar opções de sustentabilidade
por meio de checklist de questões no desenvolvimento de produtos e serviços, durante todo o
seu ciclo de vida. Assim, outro ponto importante da sustentabilidade é que as empresas tenham
essa estabilidade no desenvolvimento de produtos considerando os pilares de sustentabilidade
(ambiental, social e econômico) (KLOEPFFER, 2008; MAXWELL E VAN DER VORST,
2003).
Com a finalidade de demostrar os pilares de sustentabilidade (ambiental, social e
econômico), distribuídos nos diferentes artigos publicados, nota-se na Figura 21 as
porcentagens das três dimensões e o cruzamento destes conceitos. Para esta análise foi
necessária a separação dos 299 artigos da seguinte maneira: 1) artigos que discutiam só uma
dimensão; 2) artigos que discutiam dois dimensões entre si; 3) artigos que discutiam as três
dimensões entre si mais os artigos que só discutiam o TBL.
Figura 21- Porcentagem da distribuição de artigos por dimensão de sustentabilidade. Fonte: Elaborado pela autora.
Com a análise da Figura 21, evidenciou- se a dominância da dimensão ambiental em pelo
menos 75,6% dos artigos publicados, seja particular ou combinada com as outras dimensões,
seguido da dimensão social em pelo menos 36,8% dos artigos e a dimensão econômica em pelo
menos 32,4% dos artigos, sendo este último o pilar com menor representação.
Considerando a distribuição de artigos feita anteriormente, na Figura 22 é apresentada a
evolução da intensidade da publicação de pesquisas sobre os pilares da sustentabilidade
37,5% 3,3%
7,0%
Social
Ambiental Econômico
11,7% 2,7%
11,0%
15,4%
53
(ambiental, social e econômico), desde o ano de 1994, no qual detectado apenas um artigo
publicado, até o ano de 2016 com 62 artigos publicados, realçando não só a dimensão ambiental
como também as dimensões social e econômica.
Figura 22- Evolução da distribuição dos artigos por dimensão de sustentabilidade. Fonte: Elaborado pela autora.
Ainda sobre a Figura 22, observa-se o envolvimento do conceito do TBL com um
incremento nos últimos anos, fornecendo um equilíbrio ideal no desenvolvimento de produtos,
já que ao mesmo tempo que se tem em conta a proteção ambiental, a equidade social e a
prosperidade econômica, considera-se os requisitos do produto (qualidade, mercado, questões
técnicas e de custo, etc.) (MAXWELL E VAN DER VORST, 2003).
Com a intenção de seguir analisando os principais temas abordados nos artigos da
amostra, na Figura 23 é representado um gráfico de rede, no qual são relacionadas as palavras-
chave mais frequentes nos artigos publicados pela base de dados Web of Science.
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
Ambiental Economico Social Amb. e Social Amb. e Econ. Econ. e Social TBL
54
Figura 23- Rede de relacionamento de palavras chaves nos artigos. Fonte. Dados do software Netdraw.
Destaca-se na Figura 23, obtida por intermédio do uso do software Netdraw, as palavras-
chave com mais linhas de relacionamento nos 299 artigos, as quais são product development e
sustainability, participando em pelo menos 42% e 40% respectivamente nas publicações,
porcentagens fornecidas pela quantidade de ocorrências encontradas destas palavras-chave,
segundo o software Vosviewer.
Por conseguinte, na Figura 24 se apresenta o gráfico de densidade de ocorrência das
palavras-chave mais frequentes (ocorrências maiores de 12 artigos), identificando as palavras a
partir das cores de intensidade, em que neste caso a cor vermelha representa as palavras com
mais ocorrências até chegar às zonas de cor azul, encontrando-se palavras com menor
ocorrência.
55
Figura 24- Mapa de densidade das palavras chaves das publicações. Fonte: Dados do software VOSviewer.
Identifica-se na Figura 24 que as palavras-chave trabalhadas pelos autores dos artigos
publicados são product development, e sustainability (cor vermelha), destacando-se em 128 e
121 artigos respectivamente, e observando seguidamente as palavras-chave como performance,
innovation, design e management (cor amarela) em 48, 40, 46 e 38 artigos respectivamente.
Assim, considera-se que as publicações tem foco em vincular a sustentabilidade no
desenvolvimento de produtos, explorando uma sociedade mais globalizada e indústrias com
processos cada vez mais inovadores para o desenvolvimento de produtos (PUJARI, 2006;
SMITH E LEWIS, 2011).
Todavia, quando são vinculadas as palavras model e framework com product development
e new product development, essa associação não se apresenta forte. Já a palavra-chave TBL não
aparece no resultado do processamento do software da Figura 24, em contraposição à análise
dos 299 artigos apresentada na Figura 22, que demonstra que mesmo que o termo TBL faça
56
parte das análises internas o mesmo não aparece na identificação do assunto dos temas
estudados nos artigos, impossibilitando os pesquisadores relacionar o tema por meio das suas
buscas e diminuindo desta forma a importância do mesmo.
Com a finalidade de identificar quais eram os trabalhos com maior número de citações,
na Figura 25 ilustra-se um gráfico de rede que relaciona os 16 artigos científicos, identificados
através dos nomes dos autores, com mais de 17 referências nos 299 artigos analisados e seu
relacionamento ou condição de co-citação entre eles.
Figura 25- Rede de co-citacão. Fonte: Obtido a partir do software Netdraw.
Desta maneira, na Tabela 1, apresenta-se os 16 artigos da rede com mais de 17
ocorrências, destacando-se os autores Hart (1995), Baumann, Boons e Bragd (2002), Pujari,
Wright e Peattie (2003) com 30, 28 e 26 ocorrências respectivamente.
57
Tabela 1-Artigos da rede de co-citação
Autor (Ano) Revista Titulo Ocorrências Hart (1995) Academy of
Management Review a Natural-Resource-Based View of the Firm
30
Baumann, Boons e Bragd (2002)
Journal of Cleaner Production
Mapping the green product development field: engineering, policy\rand business perspectives
28
Pujari, Wright e Peattie (2003)
Jornal of Business Research
Green and competitive influences on environmental new product development performance
26
Pujari (2006) Technovation Eco-innovation and new product development: understanding the influences on market performance
25
Porter e Linde (1995)
Harvard Business Review
Green and competitive: ending the stalemate
23
Dangelico e Pontrandolfo (2010)
Journal of Cleaner Production
From green product definitions and classifications to the Green Option Matrix
21
Kaebernick, Kara e Sun (2003)
Robotics and Computer-Integrated Manufacturing
Sustainable product development and manufacturing by considering environmental requirements
21
Nidumolu, Prahalad e Rangaswami (2009)
Harvard Business Review
Why Is Now the Key Driver of Innovation There ’ S No Alternative To Sustainable Development
20
Luttropp e Lagerstedt (2006)
Journal of Cleaner Production
EcoDesign and The Ten Golden Rules: generic advice for merging environmental aspects into product development
20
Barney (1991) Journal of Management
Firm Resources and Sustained Competitive Advantage
20
Elkington (1998)
New Society Publishers
Partnerships from Cannibals with Forks : The Triple Bottom line of 21st Century Business
19
Boks (2006) Journal of Cleaner Production
The soft side of ecodesign 18
Byggeth e Hochschorner (2006)
Journal of Cleaner Production
Handling trade-offs in ecodesign tools for sustainable product development and procurement
18
Eisenhardt (1989)
Academy of Management Review
Building Theories from Case Study Research
18
Albino, Balice e Dangelico (2009)
Business Strategy and the Environment
Environmental Strategies and Green Product Development: an Overview on Sustainability-Driven Companies
17
Zhu e Sarkis (2004)
Journal of Operations Management
Relationships between operational practices and performance among early adopters of green supply chain management practices in Chinese manufacturing enterprises
17
Fonte: Elaborado pela autora.
58
Utilizando como referência a Tabela 1, algumas contribuições desses autores podem ser
citadas:
Conforme Porter e Linde (1995) e Zhu e Sarkis (2004) aumentar a produtividade dos
recursos por meio de estratégias ambientais é uma oportunidade econômica e inovadora nos
negócios. Como vantagem competitiva da empresa, a relação existente com o meio ambiente
utilizando recursos naturais a fim de ter um desenvolvimento sustentável por meio de
perspectivas de sistemas tanto na pesquisa como na prática. Para o desenvolvimento de
produtos baseados em produtos verdes, variam dependendo do setor econômico da empresa
obtendo um comportamento mais equilibrado enquanto à perspectiva geográfica. (ALBINO,
BALICE E DANGELICO, 2009; BARNEY, 1991; BAUMANN, BOONS E BRAGD, 2002;
HART, 1995; PUJARI, 2006).
De acordo com Boks (2006) atendendo no design ecológico por meio do PDP é
importante o compromisso gerencial das empresas para que não tenham lacunas entre
proponentes e executores nos objetivos implantados para cadeia de valor. Com a
implementação de regras e ferramentas, como ACV são implementadas no PDP para avaliar
este processo ambiental sendo um trabalho análogo com os requerimentos de custos e qualidade
dos produtos (KAEBERNICK, KARA E SUN, 2003; LUTTROPP E LAGERSTEDT, 2006;
PORTER E LINDE, 1995)
Em síntese, contata-se que os termos de sustentabilidade e PDP podem ser integrados,
possuindo uma intensificação nos últimos anos, justificada pela demanda ambiental existente
na sociedade. Ainda que, não é possível encontrar um aprofundamento de modelos de PDP que
integrem ferramentas e abordagens de sustentabilidade.
Com o conhecimento do referencial teórico, e com o propósito de atingir os objetivos
propostos, prossegue-se o próximo capítulo com as etapas, métodos e técnicas usados para a
elaboração deste trabalho.
59
3 METODOLOGIA DA PESQUISA
A metodologia de pesquisa é o caminho escolhido para que se chegue ao final de uma
pesquisa, para isso, deve ser desenvolvida mediante a junção do conhecimento disponível e a
utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Deste modo, a
importância é ressaltar o problema de pesquisa, a escolha do método científico e a definição
das etapas de pesquisa planejadas como meio para alcançar os resultados esperados.
Segundo Gil, (2002, p.17), pesquisa é definida como:
(...) procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados.
Com isso, este capitulo contem a metodologia para guiar o desenvolvimento da pesquisa,
apresentando primeiramente a caraterização da pesquisa a partir da pergunta e objetivos de
pesquisa. Posteriormente, aborda-se as etapas realizadas necessárias para chegar à realização
da pesquisa, obtenção e análise de resultados.
3.1 Caracterização da Pesquisa
Conhecendo a pergunta de pesquisa que norteia este trabalho: “O que deve ser feito para
integrar conceitos de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos?” e os objetivos que
deverão ser respondidos durante o presente estudo por meio de um caminho especifico, os
próximos passos são, descrever a natureza da pesquisa e determinar como deve ser feita a
escolha do método e das técnicas utilizadas.
Assim, com o propósito de obter uma pesquisa centralizada e interpretada, utiliza-se o
método indutivo que segundo Gray, 2012, os dados são acumulados e analisados para ver se
surgem relações entre os termos pesquisados. Tentando assim, construir generalizações a partir
de experiências em casos específicos.
Quanto à natureza esta pesquisa foi classificada como aplicada já que objetivo é gerar
conhecimentos para aplicação prática e dirigida à solução de problemas específicos, através de
60
um modelo que especifique etapas para facilitar o processo, e desta forma gerar conhecimentos
práticos direcionados a empresas com o fim de procurar soluções nas diferentes etapas
vinculadas ao desenvolvimento de produtos. Uma vez que a pesquisa tem como objetivo
analisar a adoção de ferramentas e conceitos de sustentabilidade no desenvolvimento de
produtos, apresentando uma proposta de modelo integrado que especifique etapas para facilitar
o processo de desenvolvimento de produtos.
A pesquisa quanto à sua abordagem, considera-se que faz uma relação dinâmica entre
o mundo real e o sujeito. Desse modo, a abordagem desta pesquisa é classificada como
qualitativa (QUAL), aprofundando compreensão nos temas abordados pela revisão
bibliográfica, neste caso, sobre sustentabilidade e DP, interpretando todos os fenômenos e
esclarecendo dados indutivamente. Em complemento, a abordagem qualitativa é usada para
análises dos resultados, comentários e justificações dos engenheiros, gerentes, diretores e
supervisores vinculados ao desenvolvimento de produtos ou profissionais de equipes de
sustentabilidade de empresas em qualquer um dos segmentos da cadeia produtiva, sendo
avaliados por meio dos questionários e entrevistas que se apresentam posteriormente nesta
pesquisa. Permitindo com isso a criação de um ambiente que facilite a coleta de dados de
maneira descritiva e a obtenção de elementos essências de sustentabilidade para ser inseridos
no DP.
Quanto aos seus objetivos esta pesquisa se classifica em exploratória. Isso se afirma
pois, segundo Gil, 2002, pretende-se fornecer maior familiaridade com o problema com vistas
a torna-o explicito e construir resultados. Explorando o porquê da realização desta pesquisa, o
porquê de classificações e o porquê da integração dos elementos de sustentabilidade no DP por
meio de justificativas.
Quanto ao método de pesquisa para confrontar a visão teórica com os dados da
realidade, torna-se necessário traçar um modelo conceitual e operativo a partir da literatura,
revisões bibliográficas e modelagens conceituais. No delineamento da coleta de dados para a
pesquisa podem ser definidos dois grandes grupos: aqueles que se valem das chamadas fontes
de "papel" ou fontes passadas e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas (GIL, 2002).
Assim classifica-se a pesquisa em revisão bibliográfica e levantamento apresentando desta
maneira a previsão de análise e interpretação de dados.
Revisão Bibliográfica na qual a partir de livros, teses, dissertações e artigos se constrói
um estado da arte relacionado ao DP e sustentabilidade, permitindo uma gama de informações
bastante ampla. No estudo exploratório realiza-se maiormente pesquisas bibliográficas, neste
caso o levantamento é mais de artigos por meio de bases de dados sendo em particular a base
61
de dados Web of Science. Estes artigos são utilizados para realizar gráficos apresentados como
análises de dados bibliográficos obtidos nas publicações de 299 artigos e gráficos de mapas de
relacionamento construídos através dos softwares VOSviewer e Netdraw.
Levantamento considerando pessoas, neste estudo particularmente engenheiros, gerentes,
diretores e supervisores vinculados ao desenvolvimento de produtos, profissionais que
desenvolvem atividades de sustentabilidade. Selecionando-se uma amostra de pessoas aleatória
se realiza um questionário por meio da plataforma Google Forms. O Google Forms é uma
ferramenta que permite um controle de dados integro, com o fim de ter uma análise dos temas
abordados para ser integradas as ferramentas e abordagens de sustentabilidade no DP.
Entrevistas estruturadas baseadas nos questionários e uma amostra de pessoas menor para
avaliar a proposta e elementos de sustentabilidade a ser inseridos no DP. Assim permite-se
constatar opiniões e sugestões do conhecimento direto com a realidade e obtém-se o teste de
hipóteses da pesquisa realizada.
Tendo com o anterior uma visão da caraterização da pesquisa, o Quadro 5 apresenta de
uma maneira resumida a classificação da mesma.
Quadro 5- Método e classificação da pesquisa.
Método cientifico Indutivo
Classificações da pesquisa
Natureza Aplicada Abordagem Qualitativa Objetivos Exploratórios Método de pesquisa
Revisão Bibliográfica e Levantamento
Fonte: Elaborado pela autora.
São apresentas neste item as classificações científicas utilizadas ao longo da pesquisa e
no próximo item as diferentes etapas necessárias para se obter resposta à pergunta de pesquisa
além de conclusões dos objetivos da pesquisa.
3.2 Etapas da pesquisa
Esta dissertação contempla cinco etapas, as quais são alinhadas com a metodologia
cientifica exposta anteriormente. Estas etapas são apresentadas na Figura 26.
62
Figura 26- Etapas da pesquisa. Fonte: Elaborado pela autora.
A continuação as etapas apresentadas na Figura 26 são descritas.
3.2.1 Etapa 1- Revisão bibliográfica
Nesta primeira etapa da pesquisa se realiza um levantamento do estado de arte dos temas
levados destacados no trabalho utilizados também para a obtenção da análise bibliométrica.
Estado da arte.
Assim, os temas primeiramente são processo de desenvolvimento de produtos seguido de
sustentabilidade com o objetivo de analisar e obter uma integridade destes temas, estes temas
foram levantados por uma revisão bibliográfica em livros, bases de dados e diferentes artigos.
No tema de processos de desenvolvimento de produtos se apresenta um contexto geral,
identificando a grande variedade de métodos usados para este processo. Durante o estudo do
tema de sustentabilidade, expõe-se um contexto geral, permitindo conhecer conceitos
63
importantes como o Triple Bottom Line. Detecta-se também a grande variedade de ferramentas
e abordagens de sustentabilidade e de índices e indicadores para avalia-la.
Análise Bibliométrica.
Posteriormente, realiza-se uma análise bibliométrica com a relação e integração dos temas
de processo de desenvolvimento de produtos e sustentabilidade, encontrando-se lacunas nestes
temas. Para extrair a informação usa-se como base de dados Web of Science a qual sobressai
por sua grande variedade de publicações anexadas. Após obter uma quantidade de artigos
publicados se realiza uma análise tendo em conta: ano de publicação, revistas dos artigos,
autores dos artigos mais referenciados, coautores mais citados, palavras chaves mais usadas nos
artigos.
Aplicando-se ferramentas que auxiliam na compreensão das análises, entre elas, os
softwares Excel e VOSviewer, este último que permite uma construção e visualização de redes
bibliométricas e que pode ser utilizado principalmente para criar mapas de autores, palavras-
chaves, palavras do título ou do resumo, revistas e artigos. Também, o software Netdraw, que
dá uma representação gráfica a uma matriz de adjacência, obtida a partir de dados fornecidos
pelo VOSviewer. Desta maneira se permitem análises detalhadas e gráficos das relações
existentes entre os artigos escolhidos dos tópicos mencionados.
Os resultados desta etapa foram apresentados no capítulo 2.
3.2.2 Etapa 2- Identificação do Modelo de PDP e seleção de ferramentas de
Sustentabilidade
Esta segunda etapa consiste em identificar ferramentas de sustentabilidade e métodos de
desenvolvimento de produtos com o propósito de inserir as ferramentas e conceitos de
sustentabilidade no PDP.
Desta maneira, considerou-se a referência do estudado na revisão bibliográfica,
identificando diferentes ferramentas e abordagens de sustentabilidade para o DP: a de Magnago;
Aguiar e Paula, (2012). Observando que estes autores aplicam ferramentas de sustentabilidade
mais focadas no âmbito ambiental, se escolhem sete ferramentas que são: Logística reversa,
Berço ao berço, DFE, QFDE, Cadeia de suprimentos verde, Ecodesign, Sus-VSM e ACV.
Assim, se procura na literatura ferramentas que incluam as outras duas dimensões de
sustentabilidade (social e econômica) para ter em conta o TBL, se escolhem três ferramentas
64
mais, sendo: Sus-VSM, SBSC e RSC. Neste trabalho foram abordadas onze ferramentas de
sustentabilidade.
Com a finalidade de integrar as onze ferramentas de sustentabilidade em um processo, no
capítulo 2, item 2.1.1, foi apresentada uma variedade de métodos de referência aos processos
de desenvolvimento de produtos.
A pesquisa de De paula e Mello, (2013) que classificou e realizou uma seleção de um
modelo de PDP a partir de distintos critérios os quais fornecem uma visão de um modelo
completo, com uma estruturação em seu processo e adaptável, foi utilizada como base para
identificar o método de referência do PDP de Rozenfeld et al., (2006) para realizar a integração
de sustentabilidade.
Os resultados desta etapa são expostos no capítulo 4.
3.2.3 Etapa 3: Levantamento
Nesta terceira etapa da pesquisa, a partir da revisão bibliográfica e da seleção de métodos
de PDP e ferramentas e abordagens de sustentabilidade, foi elaborado um questionário, a
proposta de modelo de integração e a entrevista aos especialistas nas áreas de PDP e
sustentabilidade.
Envio do projeto ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) Unicamp e análise.
Para a aplicação do questionário, primeiramente o projeto deve ser apresentado ao Comitê
de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP, embora seja uma pesquisa considerada como
ciência social aplicada, já que neste caso se envolvem seres humanos. Também, um Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), apresentado no Apêndice A, deve ser elaborado.
Quando este projeto e o roteiro do questionário são avaliados e aprovados pelo CEP, prossegue-
se ao envio do questionário para os respondentes.
Questionário da pesquisa.
Na elaboração do questionário foram desenvolvidas perguntas com foco em
sustentabilidade e em seus diferentes conceitos (TBL, ferramentas e abordagens e índices e
indicadores).
Além disso, são levantados em conta a aplicação de método PDP e normas para o
desenvolvimento de produtos. Por último, realizaram-se perguntas sobre vantagens
65
competitivas que poderiam trazer a integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade
no PDP, se essa integração seria aplicável e foi incluída uma avaliação das ferramentas e
abordagens de sustentabilidade a partir de seu conhecimento e aplicação nas empresas. A
elaboração do questionário foi por meio da ferramenta Google Forms, ferramenta do Google,
no qual o questionário se apresenta no apêndice B.
Para o preenchimento do questionário, o mesmo foi enviado para uma população alvo de
150 potenciais respondentes: especialistas, engenheiros, gerentes, diretores e supervisores
vinculados ao desenvolvimento de produtos, profissionais que desenvolveram atividades de
sustentabilidade. Estes especialistas foram procurados através de contatos diretos e por meio de
e-mail e Linkedin, (comunidade social orientada para empresas, negócios e empregos)
O envio do questionário e a recepção das respostas aconteceu entre os meses de agosto e
outubro de 2017, obtendo um total de 41 questionários (27,3%, taxa de retorno) preenchidos
por profissionais de diferentes setores industriais e áreas de trabalho nas empresas.
Para a análise dos questionários levou-se em consideração a estruturação das perguntas
as quais se dividiram em quatro itens sendo: (1) Setor e porte da empresa, (2) O
desenvolvimento de produtos na empresa, (3) Incorporação de conceitos de sustentabilidade no
desenvolvimento de produtos e (4) Inclusão e conhecimento de ferramentas de sustentabilidade
no processo de desenvolvimento de produtos.
As respostas foram analisadas e compiladas, na qual gerou-se gráficos em Excel, síntese
de respostas abertas e análise por meio da técnica estatística TOPSIS. A técnica TOPSIS
permite obter um ranking com as alternativas que mais se aproximam da solução ótima, por
meio da adoção de uma quantidade não limitada de critérios para avaliar uma quantidade não
limitada de alternativas (LIMA JUNIOR E CARPINETTI, 2015; SINGH et al., 2016).
Proposta da integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no
desenvolvimento de produtos.
A partir da análise das perguntas do questionário e da revisão da literatura, surge a
proposta de integração das ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP, considerando
o método de PDP selecionado e as ferramentas e abordagens de sustentabilidade escolhidas.
Para esta proposta o primeiro foi descrever como as diferentes ferramentas e abordagens
de sustentabilidade escolhidas poderiam encaixar-se nas diferentes etapas que contém o método
de referência de processo de desenvolvimento de produtos de Rozenfeld et al., (2006),
identificado nesta pesquisa.
66
Uma rede de relacionamento das ferramentas e abordagens de sustentabilidade com as
diferentes etapas do PDP é fornecido por meio do software NodeXL. Este é um software de
análise e visualização de rede de código aberto para o Microsoft Excel.
Finalmente, adapta-se o modelo de referência de PDP de Rozenfeld et al., (2006),
inserindo as onze ferramentas e abordagens de sustentabilidade, colocando estas nas diferentes
etapas e identificando as etapas do PDP com suas respectivas cores propostos pelo autor do
método.
Emenda (TCLE e projeto para entrevista) CEP Unicamp e análise.
A realização da entrevista teve como objetivo a avaliação e levantamento de opiniões de
especialistas nas áreas de sustentabilidade e PDP. Para a realização das mesmas foram
consideradas as análises do questionário e a proposta de integração de ferramentas e abordagens
de sustentabilidade no PDP; o roteiro da entrevista se apresenta no apêndice G.
Como a realização da entrevista envolvia seres humanos, e com fins éticos, devia ter uma
aceitação pelo CEP Unicamp e obter um novo TCLE, apresentado no apêndice F. Assim,
baseado em que já se tinha um projeto incorporado no CEP, enviou-se uma emenda como
proposta de justificação para a realização da entrevista. Sendo avaliada, analisada e aceita esta
emenda para a realização da entrevista, procedeu-se com a escolha dos profissionais para a
realização da entrevista.
Entrevista e opiniões dos especialistas.
A partir dos respondentes do questionário, escolheu-se uma amostra aleatória de dez
especialistas na área de PDP e sustentabilidade. A estes especialistas foi enviado um e-mail de
convite de participação nas entrevistas, dos quais se obtiveram cinco retornos, sendo dois
especialistas na área de desenvolvimento de produtos em empresas, um na área de
desenvolvimento de produtos na academia e dois na área de sustentabilidade na academia. As
entrevistas foram realizadas via Skype, telefone e presencial, podendo serem gravadas e com
sigilo de participação.
Sendo realizadas as entrevistas, levantou-se uma grande quantidade qualitativa de
opiniões e informações. Desta maneira, prosseguiu-se com as análises das mesmas com o
auxílio do software NVivo, que é um software que aborda pesquisas com métodos qualitativos
e mistos, sendo projetado para ajudar a organizar, analisar e encontrar perspectivas em dados
não estruturados ou qualitativos. Este software tem sido pouco aplicado na literatura
(GALLICANO, 2013; SICCAMA E PENNA, 2008).
67
Com o NVivo se realizou uma codificação com os termos mais relevantes das perguntas
da entrevista e o objetivo da pesquisa. A partir das opiniões referentes aos códigos se
estruturaram mapas mentais com o propósito de organizar as opiniões e ideias fornecidas nas
respostas, conseguindo uma análise de cada pergunta.
Os resultados desta etapa são apresentados em detalhe no Capítulo 5 desta pesquisa.
3.2.4 Etapa 4- Conclusões finais da pesquisa
Nesta quarta etapa, os resultados da realização da integração das ferramentas de
sustentabilidade no processo de desenvolvimento de produtos e os levantamentos realizados
através do questionário e a entrevista são relacionados com os objetivos exploratórios da
pesquisa com a finalidade de responder ao problema proposto através da análise qualitativa.
Os resultados dessa etapa são apresentados no capítulo 6, onde também é incluída uma
análise sobre as limitações da pesquisa e propostas para trabalhos futuros.
Com este capitulo se descreve os métodos, técnicas e etapas levantadas para justificar a
condução desta pesquisa. No capitulo a seguir se apresenta os aportes da literatura na escolhia
de ferramentas e abordagens de sustentabilidade e a identificação do método a serem utilizado
neste trabalho.
68
4 IDENTIFICAÇÃO DO MODELO DE PDP E SELEÇÃO DE
FERRAMENTAS E ABORDAGENS DE SUSTENTABILIDADE
4.1 Identificação do modelo de PDP
Pelo exposto no Capitulo 2 sobre o levantamento bibliográfico e na análise sistemática,
são encontrados vários modelos de referência do DP o que possibilita demostrar a força da
sustentabilidade no DP nos últimos anos. Para facilitar a inserção de conceitos de
sustentabilidade, melhorar a gestão, sistematização e facilidade no processo foi identificado um
método existente na literatura dentre tantos outros.
Utiliza-se como referência a pesquisa realizada por De Paula e Mello (2013), na qual
realizam a seleção de um modelo de referência (PDP) para uma indústria de autopeças. Esta
pesquisa, conforme sugerem Fass et al. (2009) e Neves et al. (2009), os quais utilizaram o
método de auxílio à decisão multicritério (AHP), mostra como selecionar o modelo PDP mais
adequado para empresas de base tecnológica que considera uma abordagem de gestão do
conhecimento que atendesse aos critérios aplicáveis à tomada de decisão e gerenciamento de
riscos em projetos de empresas de base tecnológica.
Dessa maneira, De Paula e Mello (2013) utilizam o método AHP com o fim de selecionar
um modelo para uma empresa no setor de autopeças, seis modelos de PDP são estudados, sendo
dos seguintes autores: Wheelwrigth e Clark (1992a), Rosenthal (1992), Cooper (1993), Pahl et
al. (2005), Rozenfeld et al. (2006), Back et al. (2008). Os critérios analisados pelo método
AHP foram inovação, integração dos processos e sistematização do PDP, esses critérios foram
escolhidos baseados em entrevistas feitas a cinco especialistas que atuaram por mais de três
anos com o PDP na empresa pesquisada.
Os especialistas foram capacitados nos seis modelos com o fim de ter informações e
realizarem os julgamentos de acordo a uma escala composta por números absolutos de 1 a 9,
entre os critérios e entre as alternativas em relação ao critério. Deste modo os critérios
receberam pesos relativos: em primer lugar o critério de inovação de 67,82 %, em seguida pelo
critério sistematização do PDP, com 16,46%, e em terceiro, o critério integração do processo,
com 15,72%. Os pesos relativos dos critérios foram multiplicados pelos pesos relativos dos
métodos em sim, dos quais resulta o vetor de decisão sendo o resultado final do AHP, sendo
mostrado na Tabela 2.
69
Tabela 2- Classificação dos modelos pela AHP.
MODELO VETOR DE DECISÃO (%) CLASSIFICAÇÃO
ROZ 39,26 1°
BAC 26,78 2°
COO 11,75 3°
ROS 11,73 4°
WCL 6,42 5°
PAH 4,06 6°
Fonte: De Paula e Mello, 2013.
A fim de escolher um método PDP para trabalhar nesta pesquisa, tem-se as informações
anteriores nas quais considerando três critérios de decisão destaca-se o modelo de referência de
PDP do Rozenfeld et. al. (2006) segundo a pesquisa de De Paula e Mello (2013). Sendo o
Modelo de Rozeneld et. al. (2006), um modelo consolidado na literatura, possibilitando o
detalhamento das operações a serem desenvolvidas, além de apresentar caraterísticas
sistemáticas e de adaptabilidade às necessidades do PDP das empresas (JUNG; CATEN;
RIBEIRO, 2013). Outro aspecto positivo está na forma com que o modelo se adapta na
elaboração de projetos distintos, assim algumas fases do processo podem ser descartadas, sem
comprometer o projeto, dependendo da complexidade do produto a ser desenvolvido.
Deste modo, para a realização desta pesquisa foi adotado o método de referência do PDP
do Rozenfeld et. al. (2006), apresentado na Figura 27, recomendando nas empresas utilização
do PDP de forma sistemática já que obtém qualidade de produto e processo, alcançando
vantagem competitiva como custo, velocidade e confiabilidade de entrega e flexibilidade.
70
Figura 27- Modelo de referência do processo de desenvolvimento de produtos selecionado. Fonte: Rozenfeld et al. (2006)
4.2 Seleção das ferramentas de sustentabilidade
A partir da revisão da literatura conseguiu-se conhecer ferramentas e diferentes
abordagens sobre a sustentabilidade. Conforme à pesquisa Magnago Aguiar e Paula (2012) as
ferramentas e abordagens no qual se trabalham em sua pesquisa tem foco no desenvolvimento
de produtos, deixando uma visão conjunta de abordagens de sustentabilidade com o propósito
de que estas sejam inseridas em uma empresa de manufatura por meio da uma equipe de PDP.
Assim por meio da pesquisa de Magnago Aguiar e Paula (2012) escolhe-se oito
ferramentas, são elas: Logística reversa, Berço ao berço, Design for Environment (DFE),
Ecodesign, Quality Function Deployment for Environment (QFDE), Cadeia de suprimentos
verde, Análise de Ciclo de Vida (ACV) e Sustainable Value Stream Mapping (Sus-VSM).
Analisando estas ferramentas apresentadas e descritas no Capítulo 2 da revisão da
bibliografia, se percebeu que a maioria de ferramentas consideram e se centram maiormente
em abordagens que sustentam apenas a dimensão ambiental. Assim, tendo em consideração o
TBL, se analisaram outras ferramentas que se unificaram e sustentaram o conceito de TBL
71
levantando outras três opções que foram: Developing the Sustainable Value Analysis Tool
(SVAT), Sustainability Balanced Scorecard (SBSC) e Responsabilidade Social Corporativa
(RSC), as ferramentas e abordagens escolhidos são apresentadas no Quadro 6.
Quadro 6- Ferramentas e abordagens escolhidas.
Ferramentas/ Abordagens Dimensão segundo TBL Autor
Logística reversa Ambiental Shibao et al. (2010)
Berço ao berço Ambiental Mcdonough and Braungart
(2002) Developing the Sustainable Value Analysis Tool (SVAT)
Ambiental, Social e Econômica
Yang et al. (2013)
Design for Environment (DFE)
Ambiental Aguiar et al. (2016)
Ecodesign Ambiental Rossi et al. (2016) Quality Function
Deployment for Environment (QFDE)
Ambiental Masui et al. (2003)
Cadeia de suprimentos verde Ambiental, Social e
Econômica Seuring and Müller (2008)
Análise de Ciclo de Vida (ACV)
Ambiental ISO 14040 (2009) Rahdari e Rostamy (2015)
Sustainable Value Stream Mapping (Sus-VSM)
Ambiental, Social e Econômica
Faulkner and Badurdeen (2014)
Sustainability Balanced Scorecard (SBSC)
Ambiental, Social e Econômica
Figge et al. (2002)
Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
Ambiental, Social e Econômica
Steurer et al. (2005) Munck and Souza (2009)
Fonte: elaborado pela autora.
Realizou-se uma análise com as onze ferramentas para entender o quão aprofundado são
os seus conceitos nas empresas pesquisadas, podendo com isso analisar a sua integração com o
PDP identificado. Esta análise contou com a participação dos profissionais.
Por conseguinte, identificando o método de desenvolvimento de produtos de Rozenfeld
et. al. (2006) como um modelo adaptável e selecionando onze ferramentas e abordagens de
sustentabilidade, no próximo capitulo se concentrará em conhecer como se encontra no Brasil
estes termos com o propósito de analisar uma integração entre estas ferramentas e abordagens
de sustentabilidade no PDP identificado.
72
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capitulo apresentam-se os resultados da etapa 3 de levantamento, conforme
apresentado na Figura 26 do Capitulo 3 de metodologia, em relação a três itens: 5.1)
Questionário, realizado a partir dos temas abordados neste trabalho e levantado por
profissionais nas áreas de sustentabilidade e PDP de empresas no Brasil; 5.2) Proposta de
integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP, com o fim de relacionar
estes temas a partir do PDP identificado e as ferramentas e abordagens de sustentabilidade
escolhidas, se constrói esta proposta; e 5.3) Entrevistas, realizadas a especialistas, os quais
forneceram opiniões sobre a proposta de integração abordada neste trabalho.
5.1 Questionário
Tal como foi descrito no Capítulo 3 de metodologia, um questionário eletrônico, foi
enviado para um grupo de 150 pessoas, das quais se recebeu 41 respostas de profissionais com
atuação nas áreas de PDP e sustentabilidade.
O questionário (APÊNDICE B) aborda perguntas de sustentabilidade e PDP com a
finalidade de justificar os conhecimentos dos respondentes e as empresas nestas áreas. Para o
preenchimento do questionário os participantes receberam um TCLE (APÊNDICE A), o qual
declaram ter lido e observam o comprometimento que o pesquisador tem com os respondentes.
Além disso, digitam seu nome, a empresa na qual trabalham ou trabalharam, sua área de
trabalho na empresa e os produtos desenvolvidos na empresa, sendo estas perguntas não
obrigatórias para o respondente. Assim com o propósito de analisar as respostas deste
questionário se obtém avaliações estatísticas descritivas usando a técnica TOPSIS, esta última
desenvolvida com base no princípio de proximidade com as soluções ideal positiva e negativa,
relacionados a uma lógica matemática. No questionário são analisados os seguintes itens:
Setor e porte da empresa.
O desenvolvimento de produtos na empresa.
Incorporação de conceitos de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos.
73
Inclusão e conhecimento de ferramentas de sustentabilidade no processo de
desenvolvimento de produtos.
Considerando o anterior, apresenta-se as análises do questionário segundo seus itens.
5.1.1 Setor e porte da empresa
As empresas são caraterizadas por diferentes aspectos na indústria, seja primeiro o porte
da empresa a qual facilita ao mercado para avaliar a potência econômica, de acordo com seu
número de empregados ou segundo o setor da empresa que depende do tamanho e o tipo de
atividade que se executa na empresa.
Na Figura 28, apresenta-se a análises dos participantes do questionário de acordo aos
setores.
Figura 28- Setores participantes do preenchimento do questionário. Pergunta 6. Fonte: elaborado pela autora.
A Figura 28 permite observar os onze setores mais participativos segundo os profissionais
respondentes, os quais o mais representativo com 24,39 % é autopeças, seguido dos setores
aeroespacial e química com 9,76 %, educação com 7,32 %. Isto permite saber em que setor da
indústria se encontra as empresas pesquisadas neste estudo.
24,39%
9,76%
7,32%4,88%
4,88%2,44%
9,76%
4,88%
2,44%
2,44%
4,88%Autopeças
Aeroespacial
Educação
Cosméticos
BENS DE CONSUMO
Moveleira
Química
Eletrônico
Equipamentos
Equipamentos de Proteção contra incêndio
Alimentício
74
Seguindo com a caraterização das empresas, neste caso, segundo o tamanho da empresa,
apresenta-se a Figura 29.
Figura 29- Porte das empresas na qual trabalham ou trabalharam os especialistas participantes do questionário. Pergunta 7. Fonte: elaborado pela autora.
Observe-se com a Figura 29 que os respondestes do questionário encontra-se em sua
maioria em empresas de grande porte com 60,98 % e seguido de pessoas que se encontram em
empresas de médio porte. Isto pode ser interpretado como que aproximadamente 80,5% dos
respondentes pertencem a organizações que por seu porte ou tamanho estão familiarizados com
processos de gestão e a chance de ter processos de desenvolvimento de produtos formais é
maior.
5.1.2 O desenvolvimento de produtos na empresa
Este item tem o propósito de observar como se encontra o processo de desenvolvimento
de produtos nas empresas a partir do questionário, se estas usam um método específico e quais
normas se têm em conta para a realização deste processo, sendo um dos temas mais analisados
nesta pesquisa. Na Figura 30 se apresenta como o desenvolvimento de produtos se encontra
relacionado nas empresas.
60,98%14,63%
19,51%
4,88%
500 ou mais (grande)
20 - 99 (pequena)
100 – 499 (média)
Até 19 (micro)
75
Figura 30- O desenvolvimento de produtos segundo o organograma da empesa. Pergunta 8. Fonte: elaborado pela autora.
Assim, pode-se considerar segundo a Figura 30 que 42% dos respondentes vêm o
desenvolvimento de produtos nas empresas como um setor/departamento vinculado à área de
engenharia/produto e 39 % como uma área própria da empresa vinculada diretamente à
diretoria, permitindo ver a importância que tem este processo para a engenharia/projeto e a
existência de relacionamento entre a diretoria e engenharia do produto.
Na Figura 31 se apresenta a informação relativa à utilização ou não de um modelo de
referência especifico no processo de desenvolvimento de produtos.
Figura 31- Utilização de um modelo de referência para o processo de desenvolvimento de produtos. Pergunta 9.
Fonte: elaborado pela autora.
3%
39%
42%
7%
2%2% 5%
Uma área própria vinculada a vice-presidência de Marketing e InovaçaoUma área própria da empresa vinculadadiretamente à DiretoriaUm setor/departamento vinculado à área deEngenharia/Projetouma área própria da empresa vinculadadiretamente à PresidênciaComposta por vários Grupos de Empresas
Um setor/departamento vinculado à áreaIndustria/ProduçãoUm setor/departamento vinculado à áreaComercial
53,66%
46,34% Sim Não
76
Observando os resultados da Figura 31, 53,66% dos respondentes afirmam que nas
empresas nas quais trabalham ou trabalharam existe um modelo de referência para o processo
de desenvolvimento de produto. Chama a atenção que, segundo as informações apresentadas
na Figura, 80.5% dos respondentes pertencem a grandes ou médias empresas, e mesmo assim,
aproximadamente a metade (53,66%) confirmam que existe um processo formal.
Desta maneira, os profissionais são conduzidos a responder abertamente qual modelo de
referência usam as empresas para o processo de desenvolvimento de produtos e obteve-se o
Quadro 7.
Quadro 7- Modelos de referência para o processo de desenvolvimento de produtos segundo respondentes. Pergunta 10.
Projeto Pedagógico Modelo de referência próprio da
Lenovo com grandes contribuições de técnicas de gerenciamento de projetos.
ND Não utiliza. eNPI - Sistema eletrônico de
introdução de novos produtos AMPIP MLR AMPIP Existe um processo criado pela
matriz, identificado internamente como um padrão de Processo de desenvolvimento do produto
Matriz Japão Multinacionais de abates de aves e
suínos FAST Prolaunch (próprio) Modelo global próprio (GVDP) PLM Modelo próprio PLM Processo de desenvolvimento de
produtos (PDP) Europeia Modelo interno que tem como base o
"NASA's Engineering Design Life Cycle".
Fonte: Elaborado pela autora.
Através do Quadro 7 pode-se observar que as empresas em sua maioria não estabelecem
um método especifico do PDP similar àqueles identificados na revisão bibliográfica. Também
é possível observar que muitos dos respondentes não têm o conhecimento básico do PDP com
o qual trabalham nas empresas, além de que as empresas, em sua maioria usam um modelo para
o PDP próprio e especifico em seus produtos.
Na sequência, com a intensão de ter mais conhecimento das normas que são usadas pelas
empresas para PDP, o Quadro 8 apresenta a informação das respostas.
77
Quadro 8- Normas aplicadas pelas empresas para o desenvolvimento de produtos. Pergunta 11.
Nada a declarar Normas de graduação da instituição Nenhuma Na área do ensino, cada professor
adota uma metodologia de desenvolvimento de produto que lhe convém. Muitas das vezes adaptam um modelo presente na literatura para o contexto do laboratório do qual faz parte.
ASME, ORANGE BOOK, RESOLUÇÃO 420 ANTT
NRs, UL e FM, NFPA. ND Normas da Conformidade Europeia ISO 14001, ISO 18001, ISO 9001 Políticas internas Normas da matriz Normas MIL, NASA, Normas
internas, ASTM. Não sei NORMA GLOBAL Não sei Procedimento global de novos
desenvolvimentos da AGCO
A norma ABNT e seguindo as instruções da EURO IV e V para componentes de motores.
Normas regulamentadoras e as instruções técnicas dos bombeiros, oshua, NBR 7195, NHO
ABNT NR 12, NR 36, NR35, NR33 e demais
aplicáveis Políticas e procedimentos internos Não sei Modelo global próprio (GVDP) Várias normas dependendo do
Segmento N/A Nenhuma específica Diversas, internas, nacionais e
internacionais, dependendo do produto
Europeia DIN, SAE, ABNT e Normas de
Clientes NBRs. Brasileiras que variam de
produto para produto. Normas internas (comerciais,
engenharia, manufatura, manutenção, etc.), ASTM, FAA, ANAC, ISO, SAE, ATA, outras.
Fonte: Elaborado pela autora.
De acordo com o Quadro 8, existem diferentes respostas as quais, umas demostram que
os respondentes não têm conhecimento das normas utilizadas para o desenvolvimento de
produtos nas empresas, outras que estas normas são usadas segundo o produto a desenvolver
pelas empresas e por último apesar do TCLE apresentado em companhia do questionário, existe
grande sigilo de informações das empresas por meio dos respondentes.
Destaca-se neste a incerteza que tem os respondentes com o uso de um modelo de
referência para o PDP, a maioria de empresas que usam um modelo para este processo é próprio
da empresa e algumas não tem um modelo estabelecido que seja estruturado e sistemático para
o desenvolvimento dos produtos.
Com a finalidade de identificar e conhecer como as empresas estão relacionando-se com
conceitos de sustentabilidade, se analisa o item a seguir.
78
5.1.3 Incorporação de conceitos de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos
Como apresentado na revisão da literatura (Capítulo 2), existe um aumento do interesse
sobre a sustentabilidade por parte das empresas. Dessa forma, no presente item são consideradas
as análises correspondentes à inclusão dos conceitos de sustentabilidade no desenvolvimento
de produtos. Entre estes conceitos destacam-se normas, índices, indicadores e o TBL de
sustentabilidade, os quais são usados pelas empresas. A inclusão destes conceitos é analisada
na Figura 32.
a)
b)
c)
d)
Figura 32- Inclusão de conceitos de sustentabilidade. a) Incorporação da sustentabilidade no desenvolvimento de produtos nas empresas. Pergunta 12. b) Consideração de índice ou indicador para avaliar a sustentabilidade. Pergunta 15. c) Consideração do TBL
nas empresas. Pergunta 17. d) Indicadores ou índices baseados no TBL nas empresas. Pergunta 18.
Fonte: elaborado pela autora.
12,20%
7,32%
14,63%
26,83%
39,02%
Não aplica
Pouco
Eventualmente
Frequentemente
Sempre
29,27%
7,32%
19,51%
12,20%
31,71%
Não aplica
Pouco
Eventualmente
Frequentemente
Sempre
34,15%
7,32%
17,07%
19,51%
17,07%
Não aplica
Pouco
Eventualmente
Frequentemente
Sempre
36,59%
9,76%
14,63%
21,95%
17,07%
Não aplica
Pouco
Eventualmente
Frequentemente
Sempre
79
Na Figura 32 observa-se no gráfico a) com 39,02%, que as empresas incluem
sustentabilidade no desenvolvimento de seus produtos, o gráfico b) apresenta um dado no qual
31,71% dos respondentes consideram um índice ou indicador para avaliar a sustentabilidade.
Não obstante, no gráfico c) com 34,15%, os respondentes manifestam que não aplicam o TBL
nas empresas, resultados similares são apresentados pelo gráfico d), no qual 36,59% dos
respondentes informam que não aplicam indicadores ou índices baseados no TBL nas empresas.
Desta maneira, embora as empresas possam manifestar que incluem sustentabilidade no
desenvolvimento de produtos, isso não quer dizer que essa inclusão esteja associada com um
controle ou monitoramento dessas ações, por exemplo, por meio do uso de indicadores ou
índices de sustentabilidade, o que não garante uma adequada gestão.
A partir das análises anteriores da Figura 32, foi possível observar a variabilidade de
respostas por parte dos respondentes. Assim, com o objetivo de conhecer a resposta que melhor
represente como as empresas fazem a inclusão dos conceitos de sustentabilidade no PDP,
realizou-se uma análise com a ferramenta TOPSIS.
Desta maneira na Tabela 3 é apresentado o ranking fornecido pela análise feita com
TOPSIS, na qual as variáveis foram as perguntas 12, 15, 17 e 18 analisadas anteriormente.
Também foi utilizado como critério de classificação das respostas (APÊNDICE C), o porte
(tamanho) das empresas para atribuir diferentes pesos: (0,1) para microempresas, (0,2) para
pequenas empresas, (0,3) para médias empresas e (0,4) para grandes empresas, conjuntamente
foram considerados os seguintes valores para as avaliações dos respondentes: 1 - não aplica, 2
- pouco, 3 - eventualmente, 4 - frequentemente e 5 - sempre.
Tabela 3. Resultado com a técnica TOPSIS aos conceitos de sustentabilidade. Pergunta 12, 15, 17 e 18.
Pergunta Ranking
12. A empresa incorpora o conceito de sustentabilidade no desenvolvimento de produtos? (Considerando Sustentabilidade como: padrão de utilização dos recursos naturais que visa atender as necessidades humanas, ao mesmo tempo em que preserva o meio ambiente, possibilitando o atendimento das necessidades das gerações atuais e futuras)
1,000
17. A empresa tem em conta alguma dimensão baseada no Triple Bottom Line (Ambiental, social ou econômica)?
0,321
15. Leva em conta algum indicador ou índice para avaliar a sustentabilidade?
0,286
18. Os indicadores ou índices aplicados na empresa são baseados nas dimensões do Triple Bottom Line (Ambiental, social ou econômica)?
0,175
Fonte: elaborado pela autora.
80
Com a análise TOPSIS foi possível realizar uma avaliação geral do grau de incorporação
dos conceitos de sustentabilidade e observar a relevância do uso deste termo nas empresas. Por
isso, na Tabela 3, de acordo com o ranking sugerido pela análise TOPSIS, no qual existe uma
alternativa que está próxima à solução ideal, observa-se que a maioria das empresas inserem o
conceito de sustentabilidade em seu desenvolvimento de produtos. Todavia, mesmo que os
respondentes manifestem que aplicam sustentabilidade nas empresas, estas seguem com
ausência de conhecimento e utilização dos outros conceitos de avaliação de sustentabilidade,
como os índices/indicadores, normas e Triple Bottom Line.
Este fato pode estar relacionado à geração de impacto para a sociedade que possuem as
empresas com o desenvolvimento sustentável, e à motivação que estas têm para usar este
conceito. Assim, a Figura 33 apresenta a análise desta motivação por parte das empresas.
Figura 33- Motivação das empresas para usar a sustentabilidade. Pergunta 13. Fonte: elaborado pela autora.
No gráfico da Figura 33 são apresentadas as oito motivações com maior destaque segundo
os respondentes. A maior motivação que têm as empresas para incorporar sustentabilidade é a
agregação de valor com 19,51%, seguido do potencial de impacto ao meio ambiente e da
priorização nas ações socioambientais, ambos com 14,63%.
19,51%
14,63%
14,63%
9,76%
9,76%
7,32%
2,44%2,44%
Agregação de valor
Potencial de impacto ao meio ambiente
Priorização nas ações sócio ambientais
Vantagem Competitiva
Muda a cultura na organização
Criação de um ambiente favorável
Geraçao de impacto positivo TBL
A empresa não incorporava qualquer conceito desustentabilidade que não estivesse na legislação.
81
Considerando a sociedade neste conceito, o Quadro 9 mostra as normas ou requisitos do
cliente que são considerados para incluir sustentabilidade no desenvolvimento de produtos,
segundo as respostas obtidas.
Quadro 9- Normas ou requisitos do cliente considerados nas empresas para incluir sustentabilidade no desenvolvimento de produtos. Pergunta 14.
Nada a declarar As necessidades da sociedade do
estado do Maranhão por profissionais que venha a contribuir com a economia do Estado, que atuem visando os aspectos relacionados à sustentabilidade.
Não aplicamos isso durante o desenvolvimento de produto
Desconheço Resolução 420 ANTT ISO 14001 ND Não utiliza normas. ROHS, WEE, ISO 14001 Na verdade, existe requisitos de
legislação, por exemplo, não utilizar na aeronave produtos que possuem na fórmula cromatos e produtos afins.
Menos poluição Norma global, ANFAVEA
Emissão de poluentes Não lembro ISO 14001 / OHSAS / Segurança e
saúde ocupacional e requisitos dos clientes
As normas regulamentadoras e as instruções técnicas
Não aplicável Código de conduta da empresa Economia de combustível e utilização
de material tóxico\contaminante Redução CO2, controle ambiental
nos processos. ISO 14000 é uma delas. MCR Diversas Não se aplica Europeia e Brasileira de acordo
TIER3 ISO 14001 Baixo ISO 14001:2015 e OHSAS
18001:2007
Fonte: Elaborado pela autora.
Observando o Quadro 9, segundo os profissionais que responderam abertamente, umas
empresas não consideram normas ou requisitos a partir do cliente para incluir sustentabilidade
no DP, outras dependem das especificações do produto e também é possível notar que uma das
normas mais aplicadas é a ISO 14001, que está relacionada aos sistemas de gestão ambiental.
Com a intenção de conhecer quais índices ou indicadores conforme à literatura as
empresas aplicam, apresentam-se os resultados na Figura 34.
82
Figura 34- Índice ou indicador que trabalham ou trabalharam na empresa. Pergunta 16. Fonte: elaborado pela autora.
Na Figura 34, analisa-se a consideração por parte da empresa de alguns índices
apresentados na revisão bibliográfica, 65,85 % (27 respondentes) indicam que não sabem/não
conhecem índices ou indicadores que sejam aplicados para avaliar a sustentabilidade na
empresa. A partir do gráfico, nota-se que os índices mais trabalhados são, com 7,32% DJSI e
4,88% GRI. Observando outras respostas, têm-se que as empresas possuem seus próprios
indicadores e indicadores focados mais no meio ambiente.
Tendo analisado como as empresas estão fazendo uso da sustentabilidade, no seguinte
item são apresentadas as análises das ferramentas de sustentabilidade no PDP.
5.1.4 Inclusão e conhecimento de ferramentas de sustentabilidade no processo de
desenvolvimento de produtos.
Neste item são analisas as avaliações e opiniões que fornecem os respondentes em relação
à inclusão das ferramentas de sustentabilidade no PDP. Além disso, analisa-se que tanto as
65,85%
Não Sei/ Não Conheço
DJSI (Dow Jones Sustainability Index)
GRI (Global Reporting Initiative)
Mais de uma opçao acima. Mas só consigo flegaruma opçao
TUV
Nenhum destes
DJSI e GRI
indicadores da própria empresa
Relatório de emissão de carbono
AGCO Stock este é um indicar que damos
Indicadores voltados ao meio ambiente, consumoágua, energia.
Indicadores internos não baseados em modelosexistentes no mercado
83
ferramentas e abordagens de sustentabilidade escolhidas e apresentadas no Capitulo 4 são
utilizadas e conhecidas nas empresas.
Considerar o que as organizações podem alcançar com a sustentabilidade como uma
vantagem competitiva foi um aspecto expressado pelos profissionais por meio das respostas
apresentadas no gráfico da Figura 35.
Figura 35 - Vantagem competitiva da inclusão de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP. Pergunta 19.
Fonte: elaborado pela autora.
Segundo os resultados apresentados na Figura 35, 58,54 % (24 respondentes) pensam que
é relevante o que a inclusão de ferramentas de sustentabilidade pode propiciar como vantagem
competitiva nas empresas, seguido de moderado com 17,07 % (7 respondentes) e indiferente
12,20% (5 respondentes). De certa forma, em sua maioria os profissionais vêm a inclusão de
ferramentas de sustentabilidade em seus processos de desenvolvimento de produtos como uma
vantagem competitiva para as empresas.
Sendo assim, o gráfico da Figura 36 mostra o percentual de interesse que as empresas
possuem em relação à inclusão das ferramentas de sustentabilidade no PDP.
7,32%
4,88%
12,20%
17,07%
58,54%
Nada
Pouco
Indiferente
Moderado
Muito
84
Figura 36. Interesse pelas empresas na inclusão de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP. Pergunta 21.
Fonte: elaborado pela autora.
Na Figura 36, analisa-se que 82,93% dos respondentes estão de acordo que as empresas
têm interesse na inclusão de ferramentas de sustentabilidade no PDP. No Apêndice D aparece
uma descrição das diferentes opiniões dos respondentes sobre esse interesse nas empresas.
As diferentes opiniões por parte dos profissionais demostram a importância que tem a
sustentabilidade, em sua maioria opinam que a sustentabilidade agrega valor ao produto, já que
o mercado procura produtos altamente sustentáveis. Finalmente, as respostas apontam que as
abordagens de sustentabilidade deveriam ser bastante exploradas e divulgadas talvez através de
outro posicionamento competitivo, uma vez que priorizam o meio ambiente, diminuem custos
e possuem responsabilidade social corporativa.
Com o objetivo de analisar como se encontra o conhecimento das ferramentas de
sustentabilidade escolhidas para serem integradas no PDP (vide Capítulo 4) utilizando a opinião
dos respondentes (APÊNDICE E), realizou-se uma análise com a ferramenta TOPSIS.
Nesta análise, considera-se as onze ferramentas descritas no Capitulo 2 como variáveis,
e é usado como critério de classificação das respostas o porte (tamanho) das empresas, em que
são atribuídos diferentes pesos: (0,1) para microempresas, (0,2) para pequenas empresas, (0,3)
para médias empresas e (0,4) para grandes empresas também foram considerados os valores de
0 - não conheço, 1 - nunca aplicou, 2 - pouco aplicou, 3 - eventualmente aplicou, 4 -
frequentemente aplicou e 5 - sempre aplicou, para as avaliações dos especialistas. Com a
análise TOPSIS surge um ranking das ferramentas, apresentado na Tabela 4.
82,93%
17,07%
Sim
Não
85
Tabela 4. Aplicação das ferramentas de sustentabilidade escolhidas para serem integradas no PDP.
Ferramenta Ranking Logística reversa 0,99744011 Análise de Ciclo de Vida (ACV) 0,95880178 Responsabilidade Social Corporativa (RSC) 0,89355986 Quality Function Deployment for Environment (QFDE)
0,51558053
Ecodesign 0,47391658
Design for Environment (DFE) 0,42602545
Cadeia de Suprimentos Verde 0,41722889 Sustainable Value Stream Mapping (Sus-VSM) 0,32972303 Sustainability Balanced Scorecard (SBSC) 0,24215124 Developing the Sustainable Value Analysis Tool (SVAT)
0,06692879
Berço ao berço 0,05962523
Fonte: elaborado pela autora.
Segundo as análises fornecidas pela ferramenta TOPSIS, a Tabela 4 apresenta uma
classificação ou ranking no qual se percebe que as ferramentas como alternativas mais ideais à
solução, ou de maior aplicação, são: Logística reversa, ACV e RSC, podendo ser posicionadas
como as mais conhecidas por parte dos profissionais e das empresas. Em contrapartida, as
ferramentas de sustentabilidade menos destacadas são: SBSC, SVAT e berço ao berço.
Em opinião, as três primeiras ferramentas são mais conhecidas pelas empresas porque o
conceito de logística reversa está vinculado ao cumprimento das normas e regulamentos
obrigatórios emitidos pelo governo brasileiro (Ministério do Meio Ambiente), por meio da
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei Nº 12,305, de 2 de agosto de 2010, e seu
regulamento, Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010.
Além disso, no Brasil, existe a Associação Brasileira do Ciclo de Vida (ABCV), criada
em 2002, e desde 2010 está implementando o Programa Brasileiro de Avaliação do Ciclo de
Vida (PBACV), que é uma iniciativa que engloba diversas entidades, incluindo órgãos de
governo, instituições acadêmicas, pesquisas e associações e entidades industriais.
A partir do questionário, as informações sobre o conhecimento dos temas de
sustentabilidade e PDP são levantadas com o objetivo destes serem integrados. Dessa forma,
no próximo tópico é apresentada a proposta de integração e adaptação do modelo de PDP.
86
5.2 Proposta de integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP
Considerando os contextos da estrutura do processo de desenvolvimento de produtos e as
diretrizes de sustentabilidade, por meio de análises teóricas nesta pesquisa propõe-se sugestões
incrementais que podem contribuir e facilitar a estrutura de processos de apoio pertinentes ao
modelo PDP. Para tanto, foram detalhados os conceitos e possíveis aplicações das onze
abordagens e ferramentas que podem possibilitar o reforço do aspecto de sustentabilidade no
desenvolvimento de produtos.
Logística reversa
Esta ferramenta de sustentabilidade deverá ir do princípio ao fim no ciclo de vida do
produto. Neste modelo adaptado, consegue-se observar que logística reversa auxilia todo o
processo de desenvolvimento do produto desde a etapa de planejamento estratégico de produtos
até a etapa de descontinuar produto no mercado.
Com a utilização desta ferramenta os produtos passam por uma etapa de reciclagem e
voltam à cadeia até ser finalmente ser descartado, percorrendo o “ciclo de vida do produto”,
que envolve desde a escolha dos materiais a serem utilizados nos produtos e em suas
embalagens sejam estes ambientalmente adequados, passando pela manufatura limpa que
reduza consumo de materiais, energia e produção de resíduos, pela distribuição que busque
economizar combustível e reduzir a emissão de poluentes, e por último, no controle das cadeias
de retorno do pós-venda e pós-consumo que atendam no mínimo as legislações aplicáveis, e
participe na conscientização do consumidor em seu papel dentro deste sistema sustentável
(SHIBAO; MOORI; DOS SANTOS, 2010).
Berço ao berço
É uma abordagem baseada nos produtos que resultam de materiais que já vão ser
descartados como resíduos, esta é integrada nas etapas da fase de desenvolvimento e pós-
desenvolvimento, ou seja, desde a etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar o
produto no mercado.
Segundo a abordagem do berço ao berço, muitas ações se concentram na escolha dos
materiais utilizados e na busca de materiais renováveis e recicláveis, juntamente com ações de
fim de vida relacionadas ao design para desmontagem e reciclagem de produtos. Estes
87
envolvem não apenas técnicas de reprocessamento de material, mas também parcerias com
fornecedores, interesse e disponibilidade de empresas (para estabelecer redes de retomada) e,
talvez principalmente, a cooperação com o consumidor. O nível de restrições que os
desenvolvedores de produtos tratam durante o design do produto e seleção de materiais pode
variar consideravelmente, dependendo do uso pretendido e do desempenho exigido para um
determinado produto, incluindo força e durabilidade. Esses parâmetros devem corresponder aos
requisitos de uso reais para evitar o excesso de design e aumentar desnecessariamente o
consumo de material.
Já para a fase de pós-desenvolvimento, os usuários finais desempenham um papel
fundamental porque determinarão o fim de vida, como o período entre a compra e o retorno
após o uso. Como exemplo, o retorno de itens de vestuário após o uso para reciclagem não é
uma prática comum, e as iniciativas de retomada nesta área atingiram apenas um sucesso
limitado, indicando que uma estrutura de incentivos poderia ser implementada para incentivar
a participação dos consumidores (JACQUES; AGOGINO; GUIMARAES, 2010;
MCDONOUGH; BRAUNGART, 2002).
Developing the Sustainable Value Analysis Tool (SVAT)
É uma ferramenta que auxilia as etapas de todo o ciclo de vida, segundo a autora (YANG
et al., 2013), a análise de formas de valor em cada etapa é demorada e repetitiva, especialmente
em algumas etapas adjacentes com alta conexão entre si.
Recomenda-se que é difícil analisar os elementos de valor na etapa de projeto conceitual
e na etapa de projeto detalhado separadamente. Isso geralmente resulta em dados semelhantes
de duas etapas, desta maneira nesta proposta se apresenta a partir da etapa do projeto detalhado
até a etapa de descontinuar produto no mercado com o propósito de apoiar a integração da
sustentabilidade no desenvolvimento de produtos e ter aspetos de decisão de valor do produto
(YANG et al., 2013).
Design for Environment (DFE)
Esta ferramenta destaca-se pelo diagnóstico que realiza de reciclagem no decorrer do
PDP. A integração das práticas DFE no PDP pode criar algum nível de complexidade em termos
de informações adicionais e recursos que devem ser superados.
Desta maneira, propõe-se esta ferramenta para ser adotada nas etapas de projeto
conceitual, projeto detalhado e preparação da produção do produto, devido serem etapas que
auxiliam no PDP com o Bill of Materials (BOM), com o propósito de minimizar o impacto
88
ambiental na produção por intermédio dos materiais utilizados, gerando uma estrutura final do
produto amigável com o meio ambiente (AGUIAR et al., 2016).
Ecodesign
Sendo uma abordagem correlacionada e para alguns autores como sinônimo do DFE
(BRONES e DE CARVALHO, 2015). O Ecodesign utiliza ferramentas para sua aplicação,
sendo apresentada nesta proposta nas etapas da fase de desenvolvimento, desde a etapa projeto
informacional até a etapa de lançamento do produto.
O Ecodesign auxilia como modelo para atender os requisitos do cliente e conhecer o
mercado, já que visa satisfazer as estratégias do projeto do produto. Esta abordagem também
ajuda na definição dos materiais das etapas inicias do PDP a serem utilizados no produto, além
de envolver o pessoal da produção com os aspectos ambientais com o propósito fornecer
segurança, qualidade, legislação e regulamentos de normas que reduzem o impacto negativo.
Finalmente, com o ecodesign se encontra relação dos aspectos ambientais desejados pelos
clientes que são atendidos com o produto, estudando a aceitação deste no mercado (BOKS,
2006; PIGOSSO; MCALOONE; ROZENFELD, 2015).
Quality Function Deployment for Environment (QFDE)
Sendo uma ferramenta tradicionalmente utilizada para melhorar a qualidade nos produtos
a partir dos desejos dos clientes, foi avançada para que suas análises possam também contribuir
com a questão ambiental (MASUI et al., 2003). Esta ferramenta envolve as etapas da fase de
desenvolvimento, encontrando-se desde a etapa de projeto informacional até a etapa de
lançamento do produto. Substituindo o uso de um QFD tradicional, o QFDE engloba o cenário
ambiental no qual o produto está inserido.
No entanto, destaca-se que os dados obtidos com o QFDE propiciarão uma visão holística
sem dados técnicos detalhados do produto, apenas é facilitada uma priorização das
características mais relevantes e estratégicas em uma abordagem mais realista, visto que este
processo amplia o contexto das partes interessadas. Identificam-se os requisitos do projeto a
partir do QFDE para gerar a concepção do produto, através das especificações dos clientes.
Com as especificações dos produtos e a concepção do produto, se realiza a produção piloto, se
entende o mercado conseguindo preparar o QFDE para ser revisado e melhorado no
acompanhamento do produto, melhorando as etapas anteriores (MASUI et al., 2003).
89
Cadeia de suprimentos verde
Esta ferramenta considerando a direção de matérias primas durante o processo de ciclo
de vida do produto, encontra-se desde a etapa de planejamento do projeto até a etapa de
lançamento do produto.
A cadeia de suprimentos verde, inicialmente aproveita a experiência dos setores em suas
áreas de competência e os relacionamentos com fornecedores. Os critérios ambientais e sociais
são tomados para complementar a avaliação econômica dos fornecedores, os quais contribuem
com especificações de regulamentações no projeto (SEURING; MÜLLER, 2008).
Definido como o produto será desenvolvido e as decisões de produzir ou comprar partes
do produto, esta ferramenta pode influenciar o aspecto logístico, englobando a produção do lote
piloto, a definição dos processos de produção e manutenção, objetivando à obtenção do produto.
E finalmente se identifica a colocação do produto no mercado ao mercado.
Análise de Ciclo de Vida (ACV):
Na ferramenta de ACV, realiza-se conhecimento de entradas e saídas durante o ciclo de
vida com o propósito de avaliar impactos, interpretá-los e procurar melhorias, desta forma a
ACV se identifica em todas as etapas do PDP, desde a etapa de planejamento estratégico de
produtos até descontinuar o produto no mercado.
Faz-se a consideração e esboço dos requisitos, indicadores e métricas da ferramenta de
ACV com o propósito de identificar e avaliar o novo produto. Desta maneira, identifica-se as
especificações por parte do mercado a fim de encontrar melhorias para a concepção do produto.
Esta ferramenta auxilia na realização dos conceitos do produto e avaliação dos impactos
produzidos por estes. Realiza-se o ACV na etapa produção, e assim é possível interpretar os
impactos ocorridos no processo. Por intermédio do cliente e de estudos de marketing, há a
possibilidade de encontrar possíveis soluções aos impactos detectados para ser melhorados na
produção. A partir do ACV, também é possível definir as ações de descontinuidade do produto
(CHEHEBE, 1997; NBR ISO 14040 2009).
Sustainable Value Stream Mapping (Sus-VSM)
O Sus-VSM é uma ferramenta de análises de desperdícios ambientais, sociais e
econômicos, com o propósito de ver impactos atuais, mapear a produção atual e futura,
procurando melhorias. Assim, esta ferramenta auxilia antes da fabricação, na fabricação e no
pós-uso da vida útil do produto, promovendo a fabricação sustentável. Encontra-se nas etapas
90
do PDP, desde a etapa de projeto detalhado até a etapa de descontinuar o produto no Mercado
(FAULKNER; BADURDEEN, 2014).
Sus-VSM foca nos 6Rs de reduzir, reutilizar, reciclar, recuperar, redesenhar e
remanufaturar, pode ser utilizada como ferramenta para análises preliminar na qual se define
os processos de fabricação e as especificações dos recursos de fabricação (máquinas,
equipamentos e ferramentas). Objetiva a obtenção do produto por meio da definição dos
processos de produção e manutenção, englobando desta maneira a produção do lote pilote. Com
esta ferramenta, avalia-se métricas de agregação de valor por parte dos clientes nos produto,
conseguindo ter decisões e melhorias sobre o produto (FAULKNER; BADURDEEN, 2014).
Sustainability Balanced Scorecard (SBSC)
Esta ferramenta possibilita análises de estratégias sociais e ambientais que gerem
pensamentos sob as perspectivas, financeira, cliente, interna do processo, aprendizagem e
crescimento, e não comercial, sendo apresentada em todas as etapas do PDP, desde a etapa de
planejamento estratégico de produtos até a etapa de descontinuar o produto no mercado.
No PDP, esta ferramenta permite estabelecer a direção estratégica a ser seguida pela
organização com base nas necessidades para a linha de produtos e trabalho sustentável. É de
importância durante a realização desta ferramenta, conhecer mais estratégias dos clientes e do
mercado em geral para a inserção destas no desenvolvimento de produtos, identificando
necessidades ou oportunidades de melhorias que garantam que a retirada do produto cause o
menor impacto possível aos consumidores, empresa e meio ambiente. Por último, para
descontinuar o produto no mercado deveria ser aplicado um SBSC, e assim tomar melhores
decisões sobre as vantagens e importância do ponto de vista econômico financeiro do produto
(FIGGE et al., 2002).
Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
Esta abordagem é caracterizada pelos relacionamentos de aspectos sociais e ambientais
para o melhoramento econômico nas organizações.
O RSC pode ser aplicado em todas as etapas do PDP, já que o pensamento de
responsabilidade corporativo deve ser abordado por todos os membros da empresa incluindo os
stakeholders. Assim com a abordagem RCS, definem-se as estratégias organizacionais na
empresa para conciliar interesses organizacionais, expectativas sociais e preservação ambiental,
definindo os interessados no projeto, que são os indivíduos e as organizações envolvidos
diretamente e também aqueles que, de alguma forma, serão afetados por sua existência.
91
Seguindo com a realização do produto, definem-se informações importantes para o
produto a fim de atender o cliente, de entender o produto a partir de um desenvolvimento
sustentável utilizando requisitos ambientais e sociais, e de encontrar novos projetos para os
parceiros desenvolvidos no planejamento do processo de fabricação dos componentes
(STEURER et al., 2005).
O RSC no PDP deve garantir a integridade e atualização das informações do produto para
serem utilizadas por todos os interessados durante o seu ciclo de vida, incentivando uma
consciência com aspectos relacionados ao meio ambiente para descontinuar o produto, deste
modo, pode encontrar os impactos econômicos e estratégicos que o produto deixou, analisando
projetos sociais que contribuam com as partes interessadas e toda a organização em geral
(MUNCK; SOUZA, 2009)
Com o propósito de mostrar a relação existente entre as onze ferramentas analisadas
anteriormente com cada etapa do PDP, utiliza-se uma ferramenta do Microsoft Excel que
proporciona um fácil entendimento, denominada NodeXL. Esta ferramenta gera o gráfico da
Figura 37, no qual, identifica-se as etapas do PDP por meio dos círculos pretos, e os círculos
coloridos correspondem as abordagens e ferramentas de sustentabilidade.
Figura 37- Panorama geral do relacionamento entre a sustentabilidade e o PDP. Fonte: Elaborado pela autora
92
Esta visão possibilita entender o relacionamento entre a sustentabilidade e o PDP em
forma de mapa, mostrando a participação das ferramentas de sustentabilidade nas diferentes
etapas do PDP. Analisando a Figura 37, as etapas com mais enlaces de ferramentas e
abordagens de sustentabilidade, são etapas de projeto detalhado e preparação da produção.
Também foi estruturada uma representação, ilustrada na Figura 38, que possibilita a
visualização destas ferramentas e abordagens na estrutura base do PDP, sendo está adaptada ao
modelo identificado de ROZENFELD et al. (2006) e tendo uma base de estruturação para
apresentar as ferramentas a partir do modelo de Back et al. (2008), o qual foi apresentado na
Figura 7 do Capítulo 2 da revisão de literatura. Desta maneira, na Figura 38 apresenta-se a
proposta de modelo adaptado do PDP com a integração das ferramentas e abordagens de
sustentabilidade. Nessa figura se relacionam, utilizando a mesma cor de fundo, o início e o fim
da aplicação de cada uma das diferentes ferramentas com a respectiva etapa pertencente ao
PDP.
Figura 38- Integração dos aspectos de sustentabilidade no PDP Fonte: Elaborado pela autora.
93
Na sequência, por meio das análises da relação das abordagens/ferramentas no PDP, foi
possível identificar que a fase de planejamento estratégico de produtos é a que possui menos
aplicações das abordagens/ferramentas mapeadas. Um ponto positivo da classificação e o
relacionamento estruturado no PDP, é que este assegura que a sustentabilidade pode ser
aplicada ao longo de todo o PDP, demostrando como as ferramentas e abordagens podem ser
inseridas no contexto dos processos de apoio da sua estrutura.
Com a finalidade de avaliar a proposta apresentada neste item, realiza-se uma entrevista
a especialistas de diferentes áreas de atuação (acadêmica e industrial), a qual fomenta uma
análise deste contexto que está presente no item a seguir.
5.3 Entrevista
Esta etapa do levantamento da pesquisa foi realizada com o propósito de conhecer a
opinião de especialistas da área de sustentabilidade e PDP, sobre a proposta de integração
de ferramentas e abordagens de sustentabilidade apresentada no item 5.2 deste capítulo.
A realização da entrevista foi consecutiva à aceitação do projeto por parte do comitê
de ética em pesquisa, o qual forneceu um TCLE específico para aplicação desta etapa.
A entrevista foi levantada a partir de uma amostra dos respondentes do questionário,
sendo selecionados dez especialistas entre a indústria e a academia, dos quais com cinco
respondentes foi possível estabelecer contato por meio e-mail, permitindo a realização da
mesma.
Quando os especialistas aceitavam realizar a entrevista era enviado para eles
resultados do questionário da pesquisa, o roteiro de entrevista apresentado no apêndice G e
o TCLE mostrado no apêndice F. As entrevistas foram realizadas por meio eletrônico Skype,
telefone e presencial.
O Quadro 10, estruturado a seguir, apresenta as características dos participantes das
entrevistas com suas respetivas descrições
94
Quadro 10- Informações dos especialistas participantes da entrevista.
Participante Área de trabalho Anos de experiência
Setor da empresa
Meio de realização
da entrevista Especialista
A Desenvolvimento simultâneo de produtos – Supervisão de desenvolvimento de produtos
6 anos Aeroespacial
Skype
Especialista B
Engenharia de desenvolvimento do produto
6 anos Autopeças Telefone e presencial
Especialista C
Doutor em engenharia mecânica, atuando em recursos naturais e energia, mudança tecnológica, análise de insumo-produto, mudança da estrutura física, tecnológica e económica para uma bio-economia.
10 anos Educação Presencial
Especialista D
Doutor em Engenharia de Produção, atuando em gestão do desenvolvimento de produtos, processos de projeto (design), manufatura avançada, manufatura aditiva e ensino de engenharia.
17 anos Educação Skype
Especialista E
Doutor em Engenharia de Produção, atuando em modelos de negócio para sustentabilidade e competitividade
3 anos Educação Skype
Fonte: elaborado pela autora.
Sendo realizadas as entrevistas aos especialistas apresentados no Quadro 10, prosseguiu-
se com as análises destas, as quais foram feitas utilizando o software de análise qualitativa
NVivo 11, que permitiu uma análise sólida e completa dos dados.
Com o software foi realizado uma codificação a partir de nodos. A codificação foi feita
lendo cada entrevista e ao mesmo tempo realizando uma consulta de palavras-chave, com o
intuito de conhecer o que era o mais relevante segundo as opiniões dos especialistas.
Esta codificação considerou o objetivo da pesquisa, que consiste em é integrar
ferramentas e conceitos de sustentabilidade no PDP para facilitar o processo. A partir deste
aspecto, foram definidos como códigos os seguintes termos: Dimensão econômica, Dimensão
ambiental, Dimensão social, Dimensões, Normas e indicadores de sustentabilidade, Processo
de desenvolvimento de produtos e facilitar o processo.
95
As perguntas da entrevista também originaram os seguintes códigos: Opinião das
ferramentas avaliadas, Aplicação das ferramentas de sustentabilidade no PDP, Aplicação de
modelo de desenvolvimento de produtos que insere ferramentas de sustentabilidade, Benefícios
da proposta do método e Limitação da proposta do método.
Diante destas informações, na Tabela 5 são apresentados os códigos levantados na análise
qualitativa feita usando o software Nvivo 11 e como estes se distribuem a partir das fontes
(entrevistas que possuem esse código) e referências (número de vezes que esse código foi
encontrado nas diferentes entrevistas).
Tabela 5- Codificação das respostas dos especialistas
Nome do código Fontes Referências
Aplicação das ferramentas de sustentabilidade no PDP
5 15
Aplicação de modelo de desenvolvimento de produtos que insere ferramentas de sustentabilidade
4 6
Benefícios da proposta do método 5 7 Dimensão econômica 1 2 Dimensão ambiental 4 6 Dimensão social 2 6 Dimensões 3 3 Facilitar o processo 3 3 Limitação da proposta do método 5 8 Normas e indicadores de sustentabilidade 1 2 Opinião das ferramentas avaliadas 5 8 Processo de desenvolvimento de produtos 1 1
Fonte: Elaborado por meio do Software NVivo 11.
Observando a Tabela 5, os códigos com maior número de referências são: a aplicação das
ferramentas de sustentabilidade no PDP, a opinião das ferramentas avaliadas, a limitação da
proposta do método e os benefícios da proposta do método.
Com a finalidade de detalhar as opiniões dos especialistas, o software permite a criação
de mapas mentais para obter uma visão das ideias emergentes das entrevistas ficando mais perto
dos dados, localizadas nas referências dos nodos. Para a realização dos mapas mentais foram
considerados os códigos relacionados às perguntas da entrevista. Com os códigos baseados no
objetivo, realizou-se uma ligação de códigos que busca captar as opiniões a partir das perguntas
da entrevista.
96
Para sustentar as perguntas, obtiveram-se cinco mapas mentais apresentados da Figura 39
até a Figura 43.
Figura 39- Mapa metal de opiniões sobre ferramentas e conceitos de sustentabilidade, relacionado à pergunta 1 da entrevista.
Fonte: Elaborado por meio do Software NVivo 11.
Na Figura 39 é apresentado o mapa mental que analisa as opiniões dos especialistas na
pergunta 1 da entrevista, a qual foca no que os respondentes pensam sobre as ferramentas e
conceitos de sustentabilidade escolhidas para a proposta desta pesquisa.
Neste mapa mental, levou-se em consideração as referências do código de opinião das
ferramentas avaliadas; como código principal subsequente se realizou a ligação e envolvimento
das referências dos códigos que tiveram relação com a sustentabilidade, para este caso, foram
utilizados os seguintes cinco códigos: dimensões, incluindo dimensão econômica, social,
ambiental; normas e indicadores de sustentabilidade.
A partir do mapa mental apresentado na Figura 39, as ferramentas e os conceitos de
sustentabilidade avaliados apresentam diferenças umas das outras, podendo obter um meio ou
longo prazo para sua aplicação. As ferramentas e abordagens levantadas atingem aos impactos
ambientais, econômicos e sociais, conseguindo observar como estas têm normas e
regulamentações de ação para a realização do produto, destacando-se neste caso, as ferramentas
e abordagens direcionadas ao aspecto ambiental.
97
Na atualidade a sociedade vem cada vez mais se relacionando com o que acontece com o
desenvolvimento do produto, conhecendo as instalações de produção e sendo mais exigentes
no momento de adquiri-lo. Assim, para o desenvolvimento de produtos estas ferramentas e
abordagens são de grande utilidade, considerando em sua aplicação o objetivo e direcionamento
que a empresa pode ter.
O mapa mental relacionado à pergunta 2 da entrevista, a qual consistiu em conhecer a
opinião dos especialistas sobre se eles inseririam as ferramentas e abordagens de
sustentabilidade escolhidas para esta pesquisa, se apresenta na Figura 40. Para obter uma síntese
desta pergunta, analisou-se as referências do código da aplicação das ferramentas de
sustentabilidade no PDP, relacionando com as referências do código de facilitar o processo.
Figura 40- Mapa metal de opiniões sobre as ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP, relacionado à pergunta 2 da entrevista.
Fonte: Elaborado por meio do Software NVivo 11.
98
Com base no mapa mental representado na Figura 40, pode ser afirmado que existe
concordância com o fato de que as ferramentas e abordagens devem ser integradas no PDP, já
que o auxiliam e o complementam, realizando esta inserção de acordo as características e
função do produto, dando à empresa um crescimento de oportunidades no mercado. Alguns dos
especialistas adotariam estas ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP, mas não
existem pessoas capacitadas, podendo assim ser encontrada uma lacuna de conhecimento.
Verifica-se nesta análise da Figura 40 opiniões das ferramentas e abordagens, como: (1)
a abordagem berço ao berço cada vez mais está sendo utilizada, podendo estar por cima de
outras abordagens, como o DFE; (2) poderia se juntar e complementar as ferramentas Sus -
VSM e SVAT. Outros especialistas deram opiniões sobre quais dessas ferramentas e
abordagens eles inseririam no PDP: (1) SBSC, ACV, DFE, SVAT e Sus -VSM; (2) berço ao
berço, logística reversa e SBSC; e (3) Sus -VSM, QFDE e SBSC.
Na Figura 41 é apresentado o mapa mental de opiniões sobre a aplicação da proposta de
integração de ferramentas e conceitos de sustentabilidade no PDP, sendo a pergunta 3 da
entrevista e realizado a partir das referências do código de aplicação de modelo do
desenvolvimento de produtos que insere ferramentas de sustentabilidade.
Figura 41 - Mapa metal de opiniões sobre a proposta de integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP, relacionado à pergunta 3 da entrevista.
Fonte: Elaborado por meio do Software NVivo 11.
99
Conforme às opiniões dos especialistas mostradas na na Figura 41, todos aplicariam o
método proposto que foi apresentado na Figura 38 deste mesmo capitulo. Estes profissionais
aplicariam, já que não se vê muito esta integração de ferramentas e abordagens de
sustentabilidade em um PDP normal das empresas, sendo esta uma proposta de modelo
adaptável, clara, completa e não muito complexa de aplicar, dando assim, um entendimento à
cadeia do produto.
Junto à proposta do modelo, seria indicável escolher algumas ferramentas e abordagens,
que poderiam, dependendo do objetivo e do projeto da empresa, também adaptar suas fases e a
nomenclaturas das etapas do modelo de acordo a questões internas pelas empresas para o
desenvolvimento dos produtos.
Com a realização da pergunta 4 da entrevista, obteve-se conhecimento sobre as vantagens
e desvantagens que tem a proposta do modelo de integração de ferramentas e abordagens de
sustentabilidade no PDP. Desta maneira foram utilizadas as referências dos códigos: benefícios
da proposta do modelo, para analisar as vantagens da proposta, e limitação da proposta do
método, para analisar as desvantagens da proposta, sendo apresentadas estas análises nas Figura
42 e Figura 43, respectivamente.
Figura 42- Mapa metal de opiniões sobre os benefícios da proposta, relacionado à pergunta 4 da entrevista.
Fonte: Elaborado por meio do Software NVivo 11.
100
Baseado na Figura 42, a proposta do modelo é para produtos em geral, a qual tem uma
facilidade de entendimento a partir do relacionamento encontrado pelas cores e divisão de cada
etapa do PDP, apresentado no fundo da inserção de ferramentas e abordagens (ver Figura 38).
Com esta proposta de integração, consegue-se obter uma visão panorâmica e estruturada que
possibilita às equipes das empresas ampliar o conhecimento da cadeia do produto, garantindo
também que estas empresas insiram conceitos de sustentabilidade para o desenvolvimento de
produtos buscando minimizar os impactos deste.
Figura 43- Mapa metal de opiniões sobre as limitações da proposta, relacionado à pergunta 4 da entrevista.
Fonte: Elaborado por meio do Software NVivo 11.
Conforme a Figura 43, observam-se as limitações que os especialistas encontram na
proposta apresentada nesta pesquisa. Segundo o mapa mental apresentado, as ferramentas e
abordagens de sustentabilidade inseridas no modelo da proposta têm objetivos diferentes, sendo
muitas ferramentas dispostas simultaneamente (juntas), e nem todas podem ser implementadas
ao mesmo momento.
A recomendação é que a proposta seja adaptada aos diferentes projetos da empresa, desta
maneira no modelo deveria encontrar uma estruturação adaptada das funções de cada
ferramenta. Vale ressaltar que a inserção de muitas ferramentas pode levar a uma carga de
trabalho e acrescenta um tempo, já que é necessário ter um planejamento elaborado e todo um
escopo de treinamento das equipes que compõem a empresa.
101
Na opinião de alguns dos especialistas, a existência de outras ferramentas e abordagens
de sustentabilidade para o PDP que não foram incluídas no modelo proposto pode ser apontada
como uma desvantagem.
A partir da análise dos mapas mentais fornecidos pelo software NVivo 11 sobre a proposta
do modelo de integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP, objetiva-se
entender a importância que tem a aplicação desta proposta.
Sendo esta proposta adaptável e com propósitos de mudanças, foi obtida a opinião dos
especialistas de como eles localizariam as diferentes ferramentas e abordagens de
sustentabilidade no PDP. Dessa forma, o Quadro 11 apresenta estas opiniões dos respondentes.
102
Quadro 11- Opiniões de especialistas da distribuição das ferramentas e abordagens de sustentabilidade nas etapas do PDP.
Ferramentas/ abordagens
Especialista A Especialista B Especialista C Especialista D
Logística reversa
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar produto no mercado
Berço ao berço Da etapa de planejamento do projeto até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico do produto até etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar produto no mercado
Developing the Sustainable Value Analysis Tool (SVAT)
Da etapa de projeto detalhado até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa projeto informacional até a etapa de lançamento do produto
Da etapa de planejamento estratégico do produto até etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto detalhado até a etapa de descontinuar produto no mercado
Design for Environment (DFE)
Da etapa de projeto detalhado até a etapa de acompanhar o produto e processo
Não aplica Da etapa de planejamento estratégico de produtos até preparação da produção
Da etapa de projeto informacional até a etapa de preparação da produção
Ecodesign Da etapa de projeto informacional até a etapa de acompanhar o produto e processo
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até lançamento do produto
Da etapa de projeto informacional até a etapa de lançamento do produto
Quality Function Deployment for Environment (QFDE)
Da etapa de projeto informacional até a etapa de acompanhar o produto e processo
Não aplica Da etapa de projeto informacional até a etapa de acompanhar o produto e processo
Da etapa de projeto informacional até a etapa de lançamento do produto preparação da produção
Cadeia de suprimentos verde
Da etapa de planejamento do projeto até a etapa de projeto detalhado
Da etapa de planejamento do projeto até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico do produto até etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar
103
Ferramentas/ abordagens
Especialista A Especialista B Especialista C Especialista D
produto no mercado
Análise de Ciclo de Vida (ACV)
Da etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Sustainable Value Stream Mapping (Sus-VSM)
No meio da etapa de projeto detalhado até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa projeto informacional até a etapa de lançamento do produto
Da etapa de projeto detalhado até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto detalhado até a etapa de descontinuar produto no mercado
Sustainability Balanced Scorecard (SBSC)
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de projeto informacional até a etapa de descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Responsabilidade Social Corporativa (RSC)
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até a etapa de lançamento do produto
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Da etapa de planejamento estratégico de produtos até descontinuar produto no mercado
Fonte: elaborado pela autora.
O Quadro 11 apresenta como os especialistas pensam que as ferramentas e abordagens de
sustentabilidade poderiam ser distribuídas nas diferentes etapas do modelo de PDP. Observa-
se que se comparando com a Figura 38, na qual mostra a proposta de integração, muitas
ferramentas e abordagens mudam sua posição no modelo de PDP. Também o especialista B
sugere a não inserção no PDP de ferramentas e abordagens como DFE e QFDE. Pode-se
observar que o especialista E não realizou sua contribuição para esta localização de ferramentas
e abordagens no PDP, já que não está diretamente trabalhando com desenvolvimento de
produtos até o presente momento.
104
5.4 Sínteses dos Resultados
A partir do questionário, um 53.63 % dos profissionais apontam que nas empresas existe um
modelo de PDP formal e próprio por parte delas. Não obstante a maioria das empresas não
estabelecem um modelo especifico do PDP similar aqueles estudados e deduzidos da revisão
bibliográfica, assim se apresenta no Quadro 7, observando que algumas possuem um modelo
PDP próprio, além disso, se encontra entre os respondes o pouco conhecimento do PDP com o
qual se trabalha nas empresas. Analisando o Quadro 8, existem algumas normas que são usadas
nas empresas para guiar o PDP, segundo a necessidade particular, entre elas: ISO 14001, ISO
18001, ISO 9001, NBR 7195, normas internas, etc., que não são normas direcionadas
especificamente para desenvolvimento de produtos.
Analisa-se que a maioria das empresas consideram a sustentabilidade no desenvolvimento
de produtos, mas na Tabela 3 com o resultado das análises TOPSIS, é possível conhecer que
ainda as empresas seguem com ausência na gestão de conceitos da avaliação de
sustentabilidade, tais como, os índices, indicadores, normas e Triple Bottom Line. Deste modo
na Figura 34, observa-se que 65,85% dos respondentes não sabem, nem possuem conhecimento
de algum índice ou indicado com o qual a empresa avalie a sustentabilidade.
Sendo analisados os temas relacionados neste trabalho no questionário, consegue-se
analisar que 82,93% dos respondentes estão de acordo com que as empresas se interessariam
pela inclusão de ferramentas e abordagens de sustentabilidade, assim com uma análise TOPSIS,
conforme à Tabela 4, se identifico que as ferramentas e abordagens pare serem integradas no
PDP mais conhecidas e usadas pelas empresas são: Logística Reversa, ACV e RSC, encontrado
que as menos aplicadas são: SVAT e Berço ao Berço.
Considerando as análises do questionário e encontrando ainda pouca relação entre as
ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP, levanta-se uma proposta de integração,
na qual a partir da revisão bibliografia surge uma descrição e distribuição das ferramentas e
abordagens de sustentabilidade selecionadas nas etapas do modelo de PDP identificado.
Apresentando na Figura 37 um mapeamento de rede, o qual permite uma visualização de
relação existente entres as diferentes ferramentas e abordagens de sustentabilidades e as etapas
do modelo de PDP. Seguindo com a localização destas ferramentas e abordagens na estrutura
sugerida pelo autor do modelo, assim se apresenta na Figura 38.
105
Esta proposta de integração de ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP é
apresentada a especialistas escolhidos através do questionário, os quais manifestam opiniões
qualitativas, sendo analisadas e sintetizadas por meio de mapas mentais fornecidos através do
software NVIVO, permitindo assim considerar esta proposta fundamental, a qual seria aplicável
nas empresas que desenvolvem produtos, sendo uma proposta para ser modificada e adaptada
a partir dos propósitos de cada empresa.
Com a síntese dos resultados deste Capitulo, seguindo com a estrutura deste trabalho,
segue a apresentação de conclusões, limitações e trabalhos futuros que oferece esta pesquisa.
106
6 CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E TRABALHOS
FUTUROS
Conclusões da pesquisa
A presente pesquisa realizou uma análise sobre a adoção de ferramentas e conceitos de
sustentabilidade no processo de desenvolvimento de produtos. Para tal, foram feitas pesquisas
bibliográficas, levantamento de dados através de questionários enviados para profissionais de
empresas e entrevistas a especialistas do setor industrial e acadêmico.
Os resultados obtidos e as associações realizadas permitem afirmar que, embora o tema
seja relevante nas pesquisas acadêmicas e exista interesse por parte das empresas analisadas em
incluir a sustentabilidade no desenvolvimento de produtos, essa relação ainda é fraca e não
existe um processo ou modelo de desenvolvimento de produtos estruturado que permita tal
integração.
Da mesma forma, apresenta-se neste trabalho uma proposta de integração de ferramentas
e abordagens de sustentabilidade em um modelo de PDP específico. Nas entrevistas realizadas
com os especialistas sobre com relação ao modelo, eles opinam que essa proposta é viável e
pode ser adaptada, conseguindo escolher alguns das ferramentas e não todas a partir do objetivo
ou projeto do produto nas empresas. É uma proposta que tem o potencial de que novos conceitos
e conhecimentos sejam aplicados pelas diferentes equipes na empresa.
Desta maneira este trabalho responde à pergunta de pesquisa e objetivo geral proposto, a
partir dos seguintes resultados ou objetivos específicos alcançados:
1) Com o questionário identifica-se que na maioria das empresas existe um modelo de
PDP formal e próprio. Não obstante, a maioria das empresas não estabelecem um
modelo específico de PDP similar àqueles apresentados na revisão da literatura. Além
disso, se encontra entre os respondes o pouco conhecimento do PDP com o qual se
trabalha nas empresas. Todavia, existem algumas normas que são usadas nas
empresas para guiar o PDP, segundo a necessidade particular, que não são normas
direcionadas especificamente para desenvolvimento de produtos.
107
2) Por meio das respostas obtidas no questionário, obtém-se que 82,93% das empresas
se interessam pela inclusão de sustentabilidade em seu processo de desenvolvimento
de produtos. Assim mesmo, que as ferramentas e abordagens de sustentabilidade mais
utilizadas pelas empresas respondentes são logística reversa, análise de ciclo de vida
(ACV), responsabilidade social corporativa e QFDE.
3) A maioria de pesquisas acadêmicas argumentam a grande preocupação ambiental e a
vantagem competitiva que a sustentabilidade traz para as empresas que trabalhem
com produtos amigáveis com o meio ambiente e com impacto social. A pesquisa
vinculando temas relativos ao TBL começou a aumentar recentemente. Desse modo,
se confirma a necessidade de escolher ferramentas e abordagens de sustentabilidade
relacionadas ao TBL e estas serem integradas em um modelo específico de PDP.
4) Obteve-se o levantamento da proposta de integração de ferramentas e abordagens de
sustentabilidade no PDP, adaptando e inserindo a sustentabilidade no modelo
existente de Rozenfeld et. al., (2006), permitindo deduzir que é possível esta inserção
com o propósito de melhorar e facilitar o processo de desenvolvimento de produtos
mais sustentáveis na sociedade.
5) A partir das análises levantadas por meio dos mapas mentais fornecidos pelo software
NVivo 11 das entrevistas realizadas, se logra observar que os entrevistados opinam
que as ferramentas e abordagens integradas no PDP tem diferentes objetivos, mas que
conseguem minimizar os impactos que pode ter um processo de desenvolvimento de
produtos que não considere aspectos de sustentabilidade.
Apresentadas as conclusões, durante o desenvolvimento da pesquisa foram encontra das
algumas limitações e identificadas possibilidades de trabalhos futuros que são destacados a
continuação.
108
Limitações da pesquisa e trabalhos futuros
Como fator limitante nesta pesquisa pode ser mencionada a dificuldade para obtenção de
respostas através do questionário eletrônico, tanto em tempo como em número de respondentes,
uma vez que a especificidade de atuação definida para os respondentes (desenvolvimento de
produtos ou sustentabilidade) limitou a participação de um número maior de profissionais.
Nesse mesmo sentido, na segunda etapa de levantamento através das entrevistas com
especialistas, foi difícil receber a aceitação por parte dos especialistas para realização da
entrevista.
Apesar das limitações neste trabalho, podem ser feitas algumas sugestões para trabalhos
futuros. Primeiramente, aplicar um estudo de caso em ambiente real, em uma empresa que
desenvolva produtos, a proposta do método de integração de ferramentas e abordagens de
sustentabilidade obtida neste trabalho, para desta forma analisar as vantagens ou desvantagens
que oferece o modelo.
Outro incentivo como trabalho futuro é a inserção de outras ferramentas e abordagens de
sustentabilidade existentes, conseguindo encontrar um equilíbrio do TBL no desenvolvimento
de produtos.
Como terceira sugestão, se poderia realizar uma comparação das propostas de estrutura
dos especialistas apresentada no Quadro 11 do capitulo 5 com a proposta geral apresentada
nesta pesquisa. Esta comparação poderia ser por meio de uma entrevista de opiniões com outra
amostra de profissionais ou por meio de uma aplicação de cada proposta em empresas do
mesmo setor industrial.
109
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126
APÊNDICE C- Dados iniciais das perguntas 12, 15, 17 e 18 do
questionário, para análise com a técnica TOPSIS
Tabela 6- Dados de respostas os profissionais para as perguntas 12, 15, 17 e 18 do questionário
Setor da
Empresa
Numero de
Funcionarios
12. A empresa
incorpora o conceito de
sustentabilidade no
desenvolvimento de
produtos?
15. Leva em conta
algum indicador ou
índice para avaliar a
sustentabilidade?
17. A empresa tem em
conta alguma dimensão
baseada no Triple bottom
Line (Ambiental, social
ou economica)?
18. Os indicadores ou
índices aplicados na
empresa são baseados
nas dimensões do triple
bottom Line (Ambiental,
social ou economica)?
Cosméticos 500 ou mais (grande) 4 5 5 4
Moveleira 20 - 99 (pequena) 1 2 1 1
Educação 500 ou mais (grande) 5 1 5 1
Química 500 ou mais (grande) 3 1 1 1
BENS DE
CONSUMO500 ou mais (grande) 1 1 1 1
Eletrônico 500 ou mais (grande) 3 1 1 1
Educação 100 – 499 (média) 4 1 3 1
Equipamentos 100 – 499 (média) 5 1 5 1
Equipamentos de
Proteção contra
incêndio
500 ou mais (grande) 5 3 1 1
Alimentício Até 19 (micro) 3 1 1 4
Elétrico 20 - 99 (pequena) 2 1 1 1
Eletroeletrônico 20 - 99 (pequena) 5 5 5 5
Metal mecânico 100 – 499 (média) 1 1 4 4
Químico 500 ou mais (grande) 5 5 5 5
Autopeças 500 ou mais (grande) 1 1 1 1
Aeroespacial 100 – 499 (média) 3 3 2 2
Autopeças 100 – 499 (média) 5 3 3 3
Automobilistica 500 ou mais (grande) 5 5 5 5
Agricola 500 ou mais (grande) 4 4 3 3
Maquinas
Agricolas500 ou mais (grande) 5 4 1 1
Autopeças 500 ou mais (grande) 4 4 4 4
prestação de
serviçosAté 19 (micro) 5 5 1 3
Autopeças 100 – 499 (média) 4 1 1 1
Alimenticio 500 ou mais (grande) 2 3 2 2
Bens de consumo 500 ou mais (grande) 5 4 4 4
Autopeças 500 ou mais (grande) 4 3 3 3
Aeroespacial 20 - 99 (pequena) 4 5 4 4
Automotiva 500 ou mais (grande) 5 5 5 5
Quimica 500 ou mais (grande) 5 5 4 4
Quimico 500 ou mais (grande) 4 5 4 4
Autopeças 500 ou mais (grande) 3 3 1 1
Consultoria 20 - 99 (pequena) 5 1 1 1
Aeroespacial 500 ou mais (grande) 5 5 5 5
Autopeças 500 ou mais (grande) 4 3 3 3
Cosméticos 500 ou mais (grande) 5 5 4 5
Agronegócio/
Metalúrgica500 ou mais (grande) 5 5 1 1
Autopeças 100 – 499 (média) 4 4 4 4
madeireira e
moveleira / 500 ou mais (grande) 4 5 5 5
Construções 100 – 499 (média) 2 3 3 3
Educação 500 ou mais (grande) 1 2 2 2
Aeroespacial 20 - 99 (pequena) 3 2 3 2
Média 3.73 3.10 2.88 2.73
Nome da Variável v1 v2 v3 v4
127
APÊNDICE D- Opiniões dos respondentes sobre a pergunta 20 do
questionário
Quadro 12- Opiniões dos profissionais sob o porquê incluiriam ferramentas e abordagens de sustentabilidade no PDP.
Tamanho da
empresa Setor da empresa Respostas dos profissionais
Até
19
(m
icro
) Alimentício Para agregar valor ao franqueado. Prestação de serviços Sim, porque o desenvolvimento de produtos cria um diferencial
diante do mercado de tal forma que agiliza o trabalho do contratante.
20 -
99
(peq
uena
)
Moveleira Para aumentar a vantagem competitiva, as abordagens de sustentabilidade deveriam ser bastante exploradas e divulgadas talvez através de outro posicionamento competitivo. Os clientes atuais da empresa não atentavam à esta questão em relação aos concorrentes.
Elétrico Atualmente a empresa foi comprada por uma multinacional que presa pelos valores de sustentabilidade.
Eletroeletrônico Por usar ferramentas que priorizam o meio ambiente. Aeroespacial Necessidade atual Consultoria Pois o mercado visa produtos altamente sustentáveis e com isso
a empresa conseguiria usar essa vantagem como um chamativo para que o produto tenha uma vantagem competitiva.
Aeroespacial Além de agregar valor ao produto, a inclusão viabiliza a criação de grupos de pesquisa e inserção de novas tecnologias no produto.
100
– 49
9 (m
édia
)
Educação Ensinar os alunos com uma visão voltada a sustentabilidade contribui para a formação de profissionais mais preparados e conscientes com os impactos que o produto ou processo podem acarretar para o meio ambiente. Além de fortalecer a linha de pesquisa de sustentabilidade na universidade, podendo torná-la referência na área.
Equipamentos Por ter necessidade de correspondência ao transporte de produtos perigosos.
Metal mecânico Pois, desperdícios ambientais/sociais poderiam diminuir o custo de processo.
Aeroespacial
Aspectos ambientais estão cada vez mais em evidencias, a utilização de ferramentas de sustentabilidade pode se tornar um marketing muito forte para a organização no mercado interno e externo.
Autopeças Sim, pois, o produto está diretamente ligado ao meio ambiente Autopeças Não existe Autopeças Trata-se de empresa de serviços, trabalhamos basicamente
atendendo os requisitos ambientais da ISO 14001. Construções Grande parte dos clientes são multinacionais e atuam com um
elevado grau de responsabilidade sócio ambiental
500
ou
mai
s (g
rand
e) Cosméticos Este processo já é feito.
Educação Internamente não utiliza esse tipo de indicador Química Acredito que seria indiferente pelo posicionamento da empresa
hoje que trabalha nos quesitos ambientais apenas para cumprir o necessário.
128
Bens de consumo A sustentabilidade é importante pois desenvolve-se produtos melhores (de acordo com normas ambientais) e isso gera valor agregado no produto.
Eletrônico Sim aumentaria, pois, várias empresas desses segmentos não utilizam essas informações em suas campanhas de marketing.
Equipamentos de Proteção contra incêndio
Sem dúvidas, os agentes usados para combate ao incêndio, seja ele por gases (FM200, Novec) ou agua com mistura de LGE (Líquido Gerador de Espuma) vão direto para o ambiente e devem ter um fator de sustentabilidade muito forte.
Químico Ajuda a identificar atributos de sustentabilidade e mitigar riscos para o meio ambiente, saúde e segurança (EHS).
Autopeças Os clientes são empresas e sua visibilidade no mercado consumidor não é importante.
Automobilística Para auxiliar no indicador de controle e atendimento a norma Agrícola Reduziria custos, , agregar valor a marca, ganho competitivo Maquinas agrícolas .. Autopeças Porque daria sustentabilidade ao negócio e visibilidade perante
a sociedade Alimentício Mercado não exige Bens de consumo Respeito à legislação nacional e padrão ético internacional
(Social). Manutenção da lucratividade (Econômico). Redução de impactos ambientais e sanções ambientais
Autopeças Agregaria o valor de que a empresa é uma empresa verde Automotiva Redução Custos, melhoria imagem marca, reciclagem e reuso
materiais Química O mercado está se conscientizando quanto a necessidade do
desenvolvimento sustentável em começando a priorizar fornecedor que já possuem uma integração mais avançada a esta questão.
Químico Especialmente no setor químico Sustentabilidade é muito importante, tanto para a proteção da marca, quanto para o desenvolvimento de novos produtos que proporcionem diferenciação e gerem valor para a indústria.
Autopeças Agregar valor aos produtos Aeroespacial Percepção do cliente e diferencial no produto percebido pelos
clientes Autopeças É uma tendência mundial. Fator que está com grande peso na
decisão de compra do cliente. Cosméticos Clientes estão cada dia mais interessados no tema Agronegócio/ Metalúrgica
Hoje de acordo com o tipo de produto entre nossos concorrentes muito acirrada, portanto a vantagem seria o atendimento
Madeireira e moveleira / Já algo assim. Educação A maior parte da produção da "empresa" (Unicamp) não são
produtos, mas conhecimento. Não sei se todo esse conhecimento poderia se beneficiar de tais ferramentas e abordagens. O problema é o que se define como produto no caso da Unicamp.
129
APÊNDICE E- Dados iniciais da pergunta 22 do questionário, para
análise com a técnica TOPSIS Tabela 7- Dados das respostas dos especialistas à pergunta 22 do questionário
APÊNDICE F- Termo de consentimento livre e esclarecido para a
realização da entrevista
Setor da EmpresaNumero de
FuncionariosBerço à berço
Logística
reversa
Quality
Function
Deployment for
Enviroment
(QFDE)]
Ecodesign
Design for
environment
(DFE)
Cadeia de
Suprimentos
Verde
Análise de Ciclo
de vida (ACV)
Cosméticos 500 ou mais (grande) Sempre Frequentemente Eventualmente Frequentemente Não Conheço Não Conheço Sempre
Moveleira 20 - 99 (pequena) Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca
Educação 500 ou mais (grande) Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço
Química 500 ou mais (grande) Não Conheço Não Conheço Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca
BENS DE CONSUMO500 ou mais (grande) Não Conheço Pouco Nunca Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço
Eletrônico 500 ou mais (grande) Nunca Eventualmente Pouco Nunca Nunca Nunca Nunca
Educação 100 – 499 (média) Pouco Nunca Nunca Eventualmente Frequentemente Não Conheço Nunca
Equipamentos 100 – 499 (média) Nunca Sempre Nunca Nunca Nunca Nunca Sempre
Equipamentos de Proteção contra incêndio500 ou mais (grande) Não Conheço Pouco Não Conheço Não Conheço Não Conheço Pouco Frequentemente
Alimentício Até 19 (micro) Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca
Elétrico 20 - 99 (pequena) Nunca Pouco Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca
Eletroeletrônico 20 - 99 (pequena) Não Conheço Sempre Sempre Nunca Nunca Sempre Sempre
Metal mecânico 100 – 499 (média) Nunca Eventualmente Pouco Pouco Eventualmente Nunca Eventualmente
Químico 500 ou mais (grande) Sempre Pouco Não Conheço Pouco Pouco Nunca Pouco
Autopeças 500 ou mais (grande) Não Conheço Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca
Aeroespacial 100 – 499 (média) Não Conheço Pouco Pouco Nunca Nunca Eventualmente Pouco
Autopeças 100 – 499 (média) Não Conheço Frequentemente Não Conheço Pouco Não Conheço Frequentemente Eventualmente
Automobilistica 500 ou mais (grande) Sempre Sempre Sempre Sempre Sempre Frequentemente Sempre
Agricola 500 ou mais (grande) Não Conheço Pouco Não Conheço Nunca Não Conheço Nunca Eventualmente
Maquinas Agricolas 500 ou mais (grande) Não Conheço Nunca Pouco Nunca Nunca Nunca Frequentemente
Autopeças 500 ou mais (grande) Não Conheço Frequentemente Sempre Frequentemente Frequentemente Frequentemente Frequentemente
prestação de serviços Até 19 (micro) Nunca Eventualmente Pouco Pouco Nunca Eventualmente Eventualmente
Autopeças 100 – 499 (média) Não Conheço Nunca Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço
Alimenticio 500 ou mais (grande) Pouco Frequentemente Eventualmente Não Conheço Não Conheço Não Conheço Eventualmente
Bens de consumo 500 ou mais (grande) Frequentemente Pouco Frequentemente Frequentemente Eventualmente Eventualmente Eventualmente
Autopeças 500 ou mais (grande) Não Conheço Frequentemente Eventualmente Pouco Frequentemente Eventualmente Frequentemente
Aeroespacial 20 - 99 (pequena) Não Conheço Frequentemente Frequentemente Frequentemente Frequentemente Frequentemente Frequentemente
Automotiva 500 ou mais (grande) Não Conheço Frequentemente Sempre Sempre Sempre Frequentemente Sempre
Quimica 500 ou mais (grande) Não Conheço Frequentemente Frequentemente Frequentemente Frequentemente Não Conheço Frequentemente
Quimico 500 ou mais (grande) Frequentemente Frequentemente Não Conheço Eventualmente Nunca Pouco Frequentemente
Autopeças 500 ou mais (grande) Não Conheço Frequentemente Eventualmente Nunca Eventualmente Pouco Pouco
Consultoria 20 - 99 (pequena) Não Conheço Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca
Aeroespacial 500 ou mais (grande) Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Sempre
Autopeças 500 ou mais (grande) Não Conheço Frequentemente Não Conheço Não Conheço Não Conheço Não Conheço Eventualmente
Cosméticos 500 ou mais (grande) Nunca Sempre Nunca Frequentemente Frequentemente Frequentemente Sempre
Agronegócio/ Metalúrgica500 ou mais (grande) Sempre Sempre Sempre Não Conheço Eventualmente Sempre Não Conheço
Autopeças 100 – 499 (média) Eventualmente Eventualmente Frequentemente Pouco Pouco Nunca Pouco
madeireira e moveleira / construção civil500 ou mais (grande) Não Conheço Pouco Frequentemente Eventualmente Eventualmente Sempre Frequentemente
Construções 100 – 499 (média) Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca Nunca
Educação 500 ou mais (grande) Sempre Pouco Não Conheço Pouco Pouco Não Conheço Pouco
Aeroespacial 20 - 99 (pequena) Eventualmente Eventualmente Eventualmente Sempre Frequentemente Frequentemente Sempre
Média 1.08 2.52 1.86 1.77 1.60 1.95 2.48
Perspectiva Não Conheço Nunca Pouco Eventualmente frequentemente sempre
Pontuação 0 1 2 3 4 5
134
APÊNDICE G- Roteiro da entrevista
Roteiro de Entrevista- Avaliação da Proposta de integração de sustentabilidade no Processo de
Desenvolvimento de Produtos
O participante não precisa responder a todas as perguntas, caso se sinta desconfortável ou tenha dúvidas
se as respostas afetam a sua relação de confidencialidade com a empresa onde trabalha.
Não fornecer informações e dados que estejam em desacordo com as políticas internas da empresa onde
trabalha. Em caso de dúvida, o participante deve ser orientado a consultar o departamento jurídico da
empresa, o seu superior imediato ou outra autoridade pertinente.
Caso deseje receber uma síntese dos resultados obtidos, em seguida, insira seus dados, informações
sobre sua empresa e seu e-mail.
Declaração de participação
O participante declara que recebeu o TCLE (Número do CAAE: 71276717.7.0000.5404), leu o mesmo
e concordou em participar como voluntário na pesquisa.
Sim
Não
O participante permite a realização de uma gravação de áudio no transcurso da entrevista:
Sim
Não
Assinatura: __________________________________________
Informações gerais
Nome do participante:
E-mail do participante:
Setor da empresa:
Produto realizado:
Área de trabalho na empresa:
Perguntas norteadoras para a entrevista semiestruturada
Com base nos resultados obtidos das informações coletadas através do questionário eletrônico (primeira
parte da pesquisa):
1. O que você pensa das ferramentas de sustentabilidade avaliadas? 2. Você aplicaria essas ferramentas de sustentabilidade no processo de desenvolvimento de
produtos na sua empresa?
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3. Se existisse um modelo (ver Figura 1) para o processo de desenvolvimento de produtos no qual se inserissem ferramentas de sustentabilidade, você aplicaria esse modelo?
4. Quais as vantagens ou desvantagens você pensa que pode apresentar o modelo proposto na Figura 1?
Figura 1. Proposta do modelo de PDP integrando ferramentas e abordagens de sustentabilidade. Adaptado de: ROZENFELD, H. ET AL., 2006.