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Saber ler e escrever numa dada sociedade

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Saber ler e escrever numa dada sociedade

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A invenção da escrita, na Mesopotâmia, em 3.400 a.C, marca a fronteira entre pré-história e história;

A importância da escrita na história: pode ser considerada por diversos pontos de vista: cognitivo, modo de produção, transmissão dos saberes, organização social das atividades econômicas, organização política e jurídica, vida religiosa;

A prática da escrita pertencente aos eruditos e escrivãos;

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A generalização da escrita, é utilizada para o trabalho, a comunicação, a gestão da vida pessoal e doméstica;

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Massificação do ensino, a evolução no mundo do trabalho faz repensar as normas e as exigências.

A complexificação dos meios de comunicação e o uso das novas tecnologias, contribui para modificar nossos usos da escrita.

As evoluções da sociedade

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Europa: a escolarização obrigatória dos seis anos até os dezesseis anos na maioria dos países.

A escolarização pré-primária tente a se generalizar;

Significativo aumento de estudantes do sexo feminino;

Evoluções que ocorreram nos últimos 25 anos, tais evoluções acompanharam as modificações da população ativa: empregos qualificados = diplomas mais qualificados.

A massificação do ensino

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Números de desemprego em função do nível de estudo, constituem um indicador pertinente;

O ensino da comunicação escrita, constitui um dos eixos fundamentais da instrução primária, e que prossegue de formas variadas no secundário e na universidade;

Oficinas de escrita: empresas propõem essa atividade a seus empregados, destinada a todos, inclusive aos executivos.

Rumo a novas exigências para o emprego

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A complexificação das comunicações, o surgimento de novas tecnologias, mudam nossa relação com a linguagem e com a comunicação escrita em particular.

Há possibilidade do desaparecimento da escrita, por causa da internet?

Segundo uma pesquisa, a internet parece ter apenas uma incidência limitada sobre as práticas limitadas sobre as práticas culturais dos jovens;

A escrita em desenvolvimento

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A leitura, “pelo prazer” é a prática cultural menos afetada, seja qual for o sexo e a idade dos jovens. Os jovens parecem querer continuar a ler o que apreciam.

As novas tecnologias, ao contrário do que pensaram, torna o uso da escrita ainda mais necessário, multiplicam e complexificam seu uso.

Aumento crescente das possibilidades de trabalho do texto e retorno a ele, em relação com a evolução dos suportes e ferramentas de escrita.

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Definição de ler e escrever ampliadas por três correntes de pesquisa, de três campos diferentes:

Contribuições da antropologia e da etnologia: hipótese que os novos meios de comunicação transformam a natureza dos processos de conhecimento, que funda a obra de Goody(1979) sobre a razão gráfica.

Três aspectos dos trabalhos de Goody alimentam a reflexão teórica e impulsonam as investigações empíricas; a questão do vínculo entre as escrita e os modos de pensamento, a abordagem das práticas gráficas, e o interesse pelas práticas de escritas ditas “ordinárias”.

No plano da pesquisa

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A escrita está estreitamente ligada ao desenvolvimento da lógica, ao aumento do saber e, mais geralmente, à progressão da ciência. Esta hipótese antropológica, incidindo portanto sobre a filogênese, combina-se a hipótese desenvolvida, por exemplo por Olson (1994) numa perspectiva ontogenética, de psicologia desenvolvimental e influencia as novas opções didáticas.

A escrita não é mais considerada apenas como uma ferramenta de transcrição dos saberes, mas sim como um príncipio de elaboração e de constituição dos saberes.

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Termos utilizados para designar as práticas estudadas pelos etnólogos.

Plano teórico, a escrita é marca social de duas maneiras:

1. Os escreventes pensam em relação a ela;2. A passagem à leitura e escrita introduz

uma distinção social e aparece como um posto de observação para estudar a função simbólica na história;

Escritas cotidianas ou escritas ordinárias

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Nas investigações empíricas: cartas, documentos administrativos, rascunhos,

listas, diários íntimos, correspondênciasprivadas ou públicas, registros de

nascimento, etc. P. Albert estuda a escrita em sua função

afetiva, em sua função cognitiva, em sua função social;

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Lahire pratica uma sociologia da educação enriquecida com uma parte de antropologia e da história.

Trata-se de interrogar as formas sociais assumidas pelas práticas de escrita para dar conta do fracasso escolar.

A hipótese que Lahire vai então pôr à prova, a partir das observações minuciosas de seqüências de classe, e em particular de seqüências de produção escrita na escola fundamental, é a de que o fracasso escolar está ligado a

A imbricação do antropológico e do sociológico

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uma contradição entre uma relação letrada-escolar com o mundo, caracterizando a forma escritural da escola, e uma relação oral-escrita com o mundo. Em nossas sociedades, as formas sociais escriturais são dominantes e as formas sociais orais são dominadas.

Definição: escritural-escolar; oral-prática; A mudança de vocabulário em relação às

denominações clássicas de cultura oral e da cultura escrita tem o objetivo de insistir na necessidade de levar em conta conjuntamente, e não separadamente,

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segundo as disciplinas concernidas: os aspectos cognitivos, lingüísticos e organizacionais das práticas de linguagem.

O êxito escolar das crianças saídas de meios desfavorecidos se deve a lógica de conjunto dessas três dimensões.

Certas famílias pouco ou não alfabetizadas, parece que se constrói um saber implícito das exigências da instituição escolar. Contrariamente ao que se poderia esperar, este saber incide menos sobre as técnicas da leitura e da escrita do que sobre as coerções práticas e éticas que seu uso impõe na vida diária.

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A partir do momento em que existe uma cultura escrita, as sociedades tem se preocupado com a transmissão dos conhecimentos e instituíram situações formais de aprendizagem.

Segundo Brossard, os alunos devem efetuar um duplo trabalho: “Eles tem de construir os conhecimentos transmitidos, mas também conhecimentos ligados às situações escolares, às finalidades delas, a seus modos de funcionamento”. Ou seja, as aprendizagens só

No cruzamento do cultural e do psicológico

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podem se efetuar se o contexto em que são

transmitidos os conhecimentos for objeto de um tratamento cognitivo pelo aprendiz.

O socioconstrutivismo iniciado por Vigotsky, põe no centro a atividade mental do sujeito, dando a linguagem um papel fundador, de ferramenta.

A noção de ferramenta,é fundamental, pois é a linguagem que introduz uma mediação entre o homem e sua ação sobre o ambiente. Trata-se de uma mediação semiótica.

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De acordo com Brossard, o desenvolvimento humano escapa da psicogênese estrita, na medida que cada nova geração herda e, portanto, se beneficia das ferramentas criadas pelas gerações anteriores, pode melhorá-las e até enxertar nelas ferramentas novas.

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O estudo das representações constitui um meio de aprender a maneira como são interiorizadas pelos aprendizes as formas de uso e de transmissão da escrita numa dada sociedade.

Dabène introduz a questão das motivações-representações no campo da didática da escrita, este propõe um modelo de competência que compreende três conjuntos:

A representação: um meio de pensar as relações entre o cognitivo, o simbólico e o social

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Elementos constitutivos dos saberes; Elementos constitutivos do saber-fazer; Elementos constitutivos de motivações-

representações. Este último como novidade, porque pela

primeira vez, se coloca explicitamente , a hipótese teórica de que as representações seriam um elemento plenamente constitutivo das competências.

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As investigações de Bernadim e Chauveau e Rogovas-Chauveau, convergem em que as investigações se organizam em torno de dois conjuntos de representações:

1. As concepções de que as crianças pequenas fazem do ato de ler

2. Os aspectos mais propriamente culturais das representações, aspectos atinentes aos suportes e às finalidades da leitura.

O que se deve fazer para aprender a ler? Esta pergunta foi feita por Bernadin, para crianças que entraram na pré-escola.

As representações da leitura

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Os resultados se organizam em torno de três conjuntos de constatações:

1. Uma confusão entre ler e imaginar;2. Uma confusão entre ler e se lembrar de

uma história ouvida;3. Uma crença freqüente de que saber ler

resulta de um desenvolvimento normal; Os resultados de Chauveau e Rogovas-

Chauveau confirmam globalmente esses resultados, e acrescentam outro interessante: ler e repetir ou ler é uma confusão entre o oral e o escrito.

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Ler serve para quê?

Respostas tautológicas: ler serve pra ler; Uma focalização do contexto escolar; serve

para aprender palavras, para escrever palavras, para passar para a primeira série;

Os resultados indicam uma ruptura entre as representações do docente e as dos alunos. Para os alunos elas são organizadas em torno de finalidades muito longínquas ( ter êxito na escola) e de objetps didáticos muito precisos.

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A escrita é um objeto de representação isolável, tendo uma estrutura própria, ou deve se considerar que as representações vinculadas à escrita constituem um elemento periférico de um outro objeto e qual?

O modelo teórico desenvolvido por Abric, o núcleo central de uma representação é a evolução muito lenta, ao passo que os elementos periféricos autorizam um certo movimento da representação.

As representações da escrita

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Saber ler e escrever são competências que não podem ser definidas no absoluto, como competências cognitivas independentes das condições sociais e culturais de seu desenvolvimento e de sua implementação.

O ler/escrever não é mais tratado apenas sob o ângulo do ensino/aprendizagem, mas também em termos de práticas e de contextos de uso. Já não é somente a escrita linear que é investigada, mas todas as formas de traços, reflexos e ferramentas de atividades reflexivas .

Conclusão

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O estudo das representações do ler/escrever é um meio de apreender a articulação entre os aspectos cognitivos da aprendizagem da escrita e as variáveis sociais e culturais associadas às práticas de escrita e de transmissão desta.