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Contribuição para a melhoria da eficiência, racionalização e expansão da atividade de resinagem RESIMPROVE

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Contribuição para a melhoria da eficiência, racionalização e expansão da atividade de resinagem

RESIMPROVE

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Título: “Resimprove - Contribuição para a

melhoria da eficiência, racionalização e

expansão da atividade de resinagem”

Coordenação: Maria Emilía Silva, Carlos

Loureiro

Autores: Maria Emilía Silva; Maria João

Gaspar; Jani Pires; Marco Ribeiro; Carlos

Loureiro; João Paulo Coutinho; Elisabete

Santos; Ana Carvalho; José Lima Brito;

António Salgueiro; José Luís Lousada

Editor: UTAD - Universidade de Trás-os-

Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal,

2018

ISBN: 978-989-704-264-5

Design e Impressão: Nuno Costa, Manos

Gráfica, Vila Real - www.manosgrafica.com

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1

. Indice

1.

. 2

. 2.1

.2.2

.3

.3.1

.3.2

.3.3

.3.4

4.

.4.1

.4.2

.4.3

. 5

.6

2

5

6

7

11

11

13

14

16

19

19

19

21

23

29

34

Introdução

Caracterização dos povoamentos

Caracterização da produção

Caracterização genética dos povoamentos

Sistemas alternativos de exploração de resina

Sistema de resinagem contínua

Sistema descendente vs Sistema ascendente

O Período da renova

O estimulante

Influência de modelos silvícolas na produção de resina

Influência do diâmetro da árvore

Influência do fogo controlado

influência da densidade do povoamento

Influência da resinagem na qualidade da madeira

Análise económica da atividade da resinagem

Anexos

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A atividade da resinagem, apesar de bastante antiga no nosso país, nunca foi objeto de atenção na

procura e implementação de soluções inovadoras limitando-se, desde sempre, a utilizar os mesmos

processos, técnicas e utensílios. Terá sido esta uma das razões do seu quase desaparecimento na

década de 80 do século passado, tendo passado de uma produção anual superior a 100 000 ton, para

cerca de 5 000 ton na atualidade.

Apesar de trabalhar com uma matéria-prima natural e renovável, com elevado potencial de criação de

emprego, procurada nos mercados europeu e mundial, com um valor acrescentado importante e da

grande capacidade instalada da indústria nacional de 2ª transformação, que consome cerca de 100.000

ton/ano de colofónia, que é fortemente exportadora (cerca de 174 M€ em 2011, segundo previsões do

INE) mas muito dependente da importação de matéria-prima de mercados externos, nomeadamente

do Brasil, da Indonésia e da China, o sector da resinagem tem sido vítima de uma inércia muito grande

com enormes dificuldades em se desenvolver.

A reduzida produtividade do pinheiro bravo e o elevado peso da mão de obra nos custos finais de

algumas operações, tornam a resinagem uma atividade com rentabilidade baixa, pouco atraente para

novos empresários mais empreendedores, sendo a sua continuidade praticamente garantida por

empresas do tipo familiar cuja capacidade de inovação é bastante limitada. Por outro lado, a legislação

excessiva e cientificamente pouco fundamentada que regulamentou a atividade durante as últimas

décadas também não deu espaço para a experimentação de novas técnicas e processos.

No entanto, a contribuição que esta atividade pode ter na diversificação das atividades económicas em

zonas rurais desfavorecidas, na criação de emprego, no incremento da gestão florestal com

consequências na redução do impacto dos incêndios e na diminuição da importação de matéria-prima

para a indústria nacional, confere-lhe um papel primordial na valorização do pinhal e aumento da

rentabilidade do proprietário florestal.

1. Introdução

2

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O Resimprove, pretende aumentar o conhecimento dos fatores determinantes da produção de resina

pelo pinheiro bravo, da influência da gestão silvícola para o incremento da produção de resina ou para a

produção mista resina/lenho, fornecendo soluções para o aumento da rentabilidade nos povoamentos

e aumentar a competitividade da atividade em Portugal.

À semelhança do projeto Resimprove, esta publicação assenta em quatro vertentes:

- Caracterização das árvores e dos povoamentos de modo a perceber que fatores podem condicionar ou

estimular a produção de resina e de que forma o fazem

- Avaliação de sistemas alternativos de exploração de resina.

- Influência da resinagem nas características tecnológicas da madeira

- Avaliação da produtividade e rentabilidade de diferentes sistemas de resinagem.

Com ela, pretende-se que a informação recolhida ao longo dos três anos em que se desenrolou o projeto

possa chegar ao maior número de pessoas possível e que possa, com o conhecimento que traz,

contribuir para o desenvolvimento da atividade de resinagem, para o aumento da rentabilidade do

pinhal e consequentemente para um maior desenvolvimento rural.

3

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As parcelas do estudo foram instaladas em três concelhos do país, Vila Pouca de Aguiar, Paredes de

Coura e Satão, onde a resinagem é uma atividade com alguma tradição, mas as condições climatológicas

são diferentes. Uma vez que um dos objetivos do projeto era estudar a influência das condições

edafoclimáticas na produção de resina, a escolha destes três locais foi feita de forma a que

climatologicamente existissem diferenças entre eles, nomeadamente a nível da pluviosidade. Desta

forma, Paredes de Coura é o local com maior pluviosidade e Vila Pouca de Aguiar o mais seco. A

temperatura média, pluviosidade média e as coordenadas geográficas das parcelas instaladas são

apresentadas no quadro 1.

Foi feita a avaliação dendrométrica das árvores resinadas e a densidade do povoamento para perceber

quais os fatores ligado ao crescimento da árvore que influenciam a produção de resina (quadro 2).

Dendrometricamente as parcelas de Paredes de Coura são muito homogéneas, enquanto que as de Vila

Pouca apresentam maior variabilidade quer a nível de diâmetro quer de altura das árvores. Satão é o

local com árvores de maiores diâmetros, maiores alturas e menores percentagens de copa. A nível da

densidade dos povoamentos Vila Pouca de Aguiar apresenta as parcelas com densidades mais baixas

enquanto que Paredes de Coura tem as densidades mais elevadas

Quadro 1- Coordenadas geográficas das parcelas instaladas nos três concelhos selecionados, temperatura e

pluviosidade médias de cada local.

Localização dos povoamentos selecionados.

2. Caracterização dos povoamentos

5

(entre parenteses encontram-se os valores mais altos e mais baixos registados ao longo do ano)

ParcelaCoordenadas

XX YY

Temperatura

(ºC)

Pluviosidade

(mm)

Paredes de

Coura

Este

Norte

Oeste

Revel

Vales

Tresminas

160411

161291

163169

248309

251538

250885

233321 233321

545101

544481

544892

501963

498785

501160

13,3

(7,9 - 19,2)

12,4

(5,1 - 20,6)

13,4

(6,3 - 21,3)

1182

(12 - 178)

1131

(15 - 164)

1462

(24 - 220)

Vila Pouca

de Aguiar

Sátão

Paredesde Coura

Braga

Vila Pouca de Aguiar

Bragança

Porto

Satão

Guarda

Castelo Branco

Coimbra

Leiria

Santarém

Portalegre

Évora

Lisboa

Setúbal

Beja

Faro

Aveiro

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18,5± 1,55

18,6± 1,55

17,3± 1,22

17,5± 1,24

19,5± 1,24

16,4± 1,20

22,4± 1,61

36,8± 6,33

42,5± 6,47

37,0± 6,47

34,9± 5,93

37,9± 6,71

40,9± 6,78

28,6± 6,43

Parcela

Paredes de

Coura

Este

Norte

Oeste

Revel

Vales

Tresminas

Vila Pouca

de Aguiar

árvores

120

120

120

120

120

120

30

30,1± 3,74

30,1± 3,58

30,2± 3,84

33,4± 3,74

28,3± 3,62

30,7± 3,09

37,7± 6,43

Altura

(m)

% CopaDiâmetro

(cm)

Sátão

Quadro 2- Número de árvores e valores médios e desvio padrão de diâmetro, altura e percentagem de copa

de cada parcela.

Durante os três anos que decorreu o projeto Resimprove foram feitas pesagens da produção de resina

ao longo de cada uma das campanhas, em intervalos de tempo iguais ao período de renova feito (7, 14

ou 21 dias). No quadro 3 é apresentada a produção média por bica em cada um dos povoamentos

independentemente dos tratamentos a que cada parcela esteve submetida.

2.1. Caracterização da produção

Quadro 3 – Produção média por bica de cada povoamento em estudo nos três anos em análise.

Povoamento2015

1423,29

1209,56 1549,56 1119,31

1200,001200,001496,31

2233,98 1471,95

2016 2017

Paredes de Coura

Vila Pouca de Aguiar

Sátão

Produção (g)

6

As medições dendrométricas caracterizam as

árvores nos parâmetros: diâmetro, altura da

árvore e percentagem de copa.

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Quadro 4 2 – Coeficiente de correlação (r) e coeficiente de determinação (R ) entre a produção de resina de cada

árvore e as suas características dendrométricas.

De referir que a produção de Vila Pouca de Aguiar em 2017 é oriunda de resinagem do 1º ano, que

produz sempre menor quantidade de resina e que as árvores resinadas de Satão, ao possuírem maiores

diâmetros, permitiram ter instaladas 3 bicas por árvore, ou seja, a produção apresentada é o valor

médios por bica.

De forma a averiguar a existência de relação entre a produção de resina e as características

dendrométricas das árvores resinadas, foi feita uma regressão entre estas variáveis. Os resultados

obtidos são apresentados no quadro 4.

Os resultados obtidos permitem afirmar que não existe relação significativa entre a produção de resina

e as características dendrométricas das árvores. O diâmetro da árvore e a percentagem de copa

explicam 4,4% e 2,8% da produção de resina respetivamente, enquanto que a altura da árvore nem

chega a explicar 1% da produção. Isto significa que, ao contrário do que seria desejável, não é possível

escolher as árvores boas ou más produtoras através das suas caraterísticas dendrométricas.

Estudos realizados em diversas espécies do género Pinus indicam que a produção de resina é uma

característica com um elevado controlo genético. Assim, a caracterização genética dos povoamentos e o

conhecimento da variabilidade genética existente permite obter informação acerca da importância do

fator genético na produtividade e sua interação com os outros parâmetros estudados.

750 0,2108

0,0712

0,1670

4,44%

0,51%

2.79%

750

750

Diâmetro

Altura

% Copa

Nº árvores r 2R

2.2. Caracterização genética dos povoamentos

Exemplo de árvores com várias bicas em

Satão.

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Desta forma será possível a definição de estratégias mais eficientes para seleção de genótipos que

apresentem desempenho superior, para que assim se possam estabelecer programas de

melhoramento genético que visem o aumento quer da produtividade quer da qualidade da resina.

Os marcadores moleculares são ferramentas extremamente úteis em programas de melhoramento

genético que visam analisar e explorar a diversidade genética de uma população ou espécie auxiliando

na seleção de indivíduos com elevado potencial de adaptação, de produção e qualidade.

O projecto RESIMPROVE incluiu uma vertente genética com o objetivo de caracterizar ao nível molecular

vários indivíduos pertencentes a duas populações de pinheiro-bravo do Norte do País. Um total de 200

indivíduos foram amostrados em dois povoamentos localizados em Vila Pouca de Aguiar e Paredes de

Coura. Em cada indivíduo foi colhida, acima da ferida de resinagem, uma amostra de câmbio vascular, a

partir do qual se extraiu DNA (Fig. 1).

As amostras de DNA dos diferentes indivíduos foram analisadas através de dois sistemas de marcadores

moleculares: inter-microssatélites (ISSR) e “Start Codon Targeted” (SCoT). Estas metodologias utilizam

sequências de DNA sintéticas e curtas (designadas por “primers”) que se ligam a sequências de DNA

complementares ao longo do genoma do individuo.

Os dados moleculares foram analisados utilizando programas estatísticos adequados, e tendo

evidenciado que: (i) as populações de pinheiro-bravo em estudo são geneticamente distintas; (ii) essas

populações possuem variabilidade genética intra- e inter-populacional. A elevada variabilidade intra-

populacional é característica desta espécie e é expectável em espécies alogâmicas (polinização pelo

vento). Contudo, o polimorfismo intra-populacional foi superior em Vila Pouca de Aguiar com ambos os

marcadores, tendo-se detetado 97,32% de polimorfismo ISSR e 89,47% de polimorfismo SCoT.

Na população de PC, a variabilidade intra-populacional foi inferior à de VP ou seja os indivíduos de PC

apresentaram padrões de bandas mais semelhantes entre si (Fig. 2).

a)

b)

c)

d)

Figura 1 - (a) Ferida de resinagem acima da qual

foi colhido o câmbio vascular (b); (c) Almofariz

utilizado na maceração das amostras; (d)

eluição do DNA em TE

10.00

0.20

0.40

0.60

0.80

1.00

137 3 112 148 4 123 159 5 134 1610 6 145 1 911 7 156 2 1012 8 16

Vila Pouca Paredes de Coura

Figura 2- Representação de análises de estrutura genética com base em marcadores moleculares. Neste

esquema é possível verificar que a população de V. Pouca de Aguiar tem uma estrutura genética mais

complexa (maior variabilidade genética) que a população de P. de Coura. Fonte: Melo (2016).

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Coord. 1 (80,03%)

PC - OestePC -Este

VP - Revel

VP - Vales

VP - Tresminas

Co

ord

. 1

(1

9,9

7%

)

Análise de Coordenadas Principais(ACP)

Figura 3 - ACP baseada em marcadores ISSR que discriminou os indivíduos de cada população, e dentro de cada

população por parcela de amostragem. PC – P. de Coura; VP – V. Pouca de Aguiar.

Comparando os dois sistemas de marcadores moleculares utilizados, considerámos mais

demonstrativos e informativos os resultados obtidos com os marcadores ISSRs, pois com base nestes

marcadores foi possível discriminar os indivíduos de cada população pela sua parcela de amostragem

(Fig. 3).

Os dados genéticos foram integrados com os valores de produção de resina obtidos em 2015 e 2016,

tendo-se verificado que a população de PC que apresentou menor variabilidade genética intra-

populacional correspondeu à população com maior produção de resina (Quadro 3).

Ainda com base nos dados de produção de resina, decidiu-se limitar as análises genéticas aos indivíduos

com elevada produção (árvores +) e reduzida produção (árvores -) com o objetivo de verificar se os

marcadores moleculares utilizados corresponderiam a boas ferramentas de seleção de indivíduos em

situações nas quais a capacidade de produção não é previamente conhecida. Porém, os resultados não

foram inteiramente satisfatórios dada a partilha de bandas/ marcadores comuns entre árvores + e

árvores -.

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No entanto, entre as várias análises de coordenadas principais (ACPs) baseadas em dados ISSR e/ou

SCoT obtidos nas populações e em cada população, verificou-se que alguns grupos de árvores + foram

projetados conjuntamente sugerindo uma menor variação genética entre elas. Estas árvores + poderão

ser selecionadas futuramente para a instalação de novos povoamentos para produção de resina

atendendo à elevada heritabilidade genética desta característica.

Os avanços no desenvolvimento novas ferramentas têm vindo a facilitar o desenvolvimento de novos

métodos de melhoramento e de conservação, oferecendo novas possibilidades para a mais rápida

disponibilização de materiais de reprodução geneticamente melhorados com o fim de aumentar a

capacidade produtiva.

Figura 4 - Plantas de Pinus ellioti e povoamentos melhorados do programa de melhoramento para resinagem

no Brasil.

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3. Sistemas alternativos de exploração de resina

3.1. Sistema de resinagem contínua

Um dos objetivos do Resimprove era estudar alguns dos princípios estabelecidos no setor da resinagem,

quer por força da legislação imposta, quer pelo conhecimento empírico dos resineiros que se vai

transmitindo entre gerações, mas quer num caso quer noutro, sem fundamentação científica.

Pretendia-se igualmente saber se haveria maior produção de resina e consequentemente maior

rentabilidade do pinhal com sistemas de resinagem alternativos. Para isso, foram estabelecidas

parcelas onde havia, lado a lado, árvores resinadas com o método tradicional e árvores resinadas com

métodos alternativos de resinagem. Os resultados obtidos são apresentados nos pontos seguintes.

Como é do conhecimento geral a resinagem não se faz durante todo o ano havendo um período,

normalmente entre outubro e março, onde a atividade pára. Na anterior legislação era mesmo

estabelecido que só se podia resinar a partir de 1 de março e a 30 de novembro todo o material inerente

à operação de resinagem tinha que ter saído do pinhal, a nova legislação não limita a época de

resinagem dando abertura a que esta se possa fazer durante todo o ano.

Para perceber o que se passava ao nível da produção da resina nos meses mais frios, onde normalmente

não é feita a resinagem, instalou-se em Vila Pouca de Aguiar uma parcela com resinagem contínua, ou

seja, entre o dia 18 de março de 2016 a 29 de março de 2017, 30 árvores da parcela estiveram sujeitas a

resinagem tendo sido efetuada a renova de 21 em 21 dias. Ao lado instalou-se uma outra parcela,

também com 30 árvores, onde se fez resinagem de 19 de maio a 4 de outubro de 2017 com o mesmo

período de renova. O gráfico da figura 5 mostra a variação da produção média durante esse período.

Figura 5 - Variação da produção média de resina acumulada ao longo dos 363 dias da resinagem contínua.

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Figura 6 - Variação da produção média de resina acumulada ao longo do período normal de resinagem.

Em termos médios, as árvores sujeitas a resinagem continua produziram em média 2521,83 g enquanto

que as árvores resinadas no período normal produziram 1799,00 g, ou seja menos 40% de resina.

Olhando para o gráfico de variação da produção média de resina acumulada ao longo dos 363 dias da

resinagem contínua (figura 6) podemos ver que a partir de 18/10/2016 há uma diminuição substantiva

na produção de resina, mas não há paragem de produção, desde essa data até 18/03/2017 produziu-se

em média 326 g de resina por árvore. No entanto, a esta produção estão associados custos de mão de

obra na realização de renovas de 21 em 21 dias o que poderá não compensar a sua recolha.

Na figura 6 está representado o gráfico de variação da produção média de resina acumulada para o

período de atividade definido para esse ano. É evidente que na data de interrupção da resinagem (dia 10

de outubro) a tendência de produção ainda é de aumento e não de paragem, ou seja, neste ano dever-

se-ia ter prolongado o período de resinagem por mais dias.

12

Recolha em púcaro.

Recolha em saco plástico.

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7

Quando se estuda a relação entre a produção de resina e alguns parâmetros meteorológicos tais como:

temperatura média, temperatura mínima, temperatura máxima, humidade do ar e precipitação,

verificamos que as relações entre a produção e as diferentes temperaturas são positivas, ou seja, quanto

maior a temperatura maior a produção, explicando a temperatura média, mínima e máxima

respetivamente 62,4%, 52,2% e 58,1% da produção nesse período. A humidade e a precipitação

explicam uma maior variação da produção, respetivamente 75% e 67,1%, mas, nestes casos, a relação é

negativa, ou seja quanto maior for a humidade e a precipitação menor é a produção (quadro 5).

O sistema de resinagem tradicional inicia-se na base da árvore, segundo a legislação a 20 cm do solo, e

progride para cima ao longo de uma fiada até atingir no máximo 2 metros em 4 anos de resinagem. Em

cada ano, as renovas que se vão realizando são feitas uma por cima das outras o que faz com que no fim

da temporada de resinagem se tenha uma fiada de aproximadamente 50 cm de altura.

Na resinagem descendente a primeira incisão é feita a 2m de altura sendo o recipiente colocado a 1 m do

solo. A colocação do estimulante (pasta) é, neste caso, feita na parte de baixo da incisão. As novas

incisões são feitas sempre a baixo da anterior. O objetivo deste tipo de resinagem é ultrapassar a má

produção que normalmente acontece no primeiro ano de resinagem tradicional que acontece junto ao

solo. Desta forma a resinagem descendente só é praticada nos dois primeiros anos sendo nos dois anos

seguintes feita de forma tradicional, ou seja, ascendente.

Quadro 5 - Coeficientes de correlação e determinação entre a produção e parâmetros meteorológicos ao

longo do período de resinagem.

Temperatura média 0,790

0,723

0,762

-0,866

-0,819

62,4%

52,2%

58,1%

75,0%

67,1%

Coef. de Correlação

(r)

Coef. de Determinação2(R )

Temperatura mínima

Temperatura máxima

Humidade do ar

Precipitação

3.2. Sistema descendentes vs sistema ascendente

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Sistema de resinagem ascendente

Sistema de resinagem descendente

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O sistema de resinagem descendente não se mostrou vantajoso relativamente ao sistema tradicional

apresentando algumas desvantagens tais como a impossibilidade de fazer a raspagem da resina que

fica agarrada ao tronco uma vez que neste caso ela está agarrada à casca e se se raspasse as impurezas

seriam muitas o que desvalorizaria a resina na fábrica.

Durante o processo tradicional de resinagem é necessário renovar a incisão inicial e ao mesmo tempo

aplicar um estimulante que tem a função de retardar a cicatrização da lesão, sendo que,

consequentemente, os canais de resina permanecem mais tempo em atividade permitindo que a

extração se prolongue por um período de tempo maior. Esta operação é das mais demoradas de todo o

processo de resinagem consumindo tempo e muita mão de obra. Desta forma, a definição do número

de dias que deve intervalar duas renovas consecutivas é importante na diminuição dos custos da

atividade.

Uma das tarefas realizadas no Resimprove e que teve inicio logo no primeiro ano do projeto, consistia

em fazer renovas com períodos de intervalo diferentes nomeadamente 7 dias, 14 dias e 21 dias.

Tradicionalmente a renova é feita entre 15 a 20 dias no entanto, se esse período for mais curto, por um

lado há maior consumo de mão de obra mas também deverá traduzir-se em mais resina uma vez que a

árvore é estimulada mais frequentemente, caso o período seja mais longo os custos com a mão de obra

diminuirão mas a produção de resina também poderá diminuir.

Assim, em 2015 instalaram-se parcelas em Paredes de Coura e em Vila Pouca de Aguiar com um total de

360 árvores por local onde foram testados os períodos de renova anteriormente referidos. No quadro 7

são apresentadas as produções médias obtidas nesse ano para os três períodos de renova testados.

Quadro 6 – Produção média de resina segundo o sistema tradicional (ascendente) e invertido (descendente).

Sistema de

resinagemNº árvores

30 1178,17 a

30 1295,00 aDescendente

Ascendente

Produção

(g)

*Letras iguais correspondem a valores estatisticamente iguais

3.3. O Período da renova

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Quadro 7 – Produção média de resina para os diferentes períodos de renova.

Quadro 8 – Produção média de resina em três períodos de renova diferentes para Paredes de Coura e Vila

Pouca de Aguiar.

Período de Renova (dias) Nº de Árvores Produção (g)

7

14

21

180

180

360

1472,98 a

1428,27 a

1182,22 b

Independentemente do local a renova a 21 dias é a que, em média, produz menos resina mais

concretamente produz menos 24,6% do que a renova a 7 dias que é a que maior produção de resina dá.

Entre a renova a 7 dias e a 14 dias não foram encontradas diferenças significativas.

No quadro 8 é apresentada a produção média de resina nos diferentes períodos de renova, mas para os

dois locais em estudo.

Período de Renova (dias)

Parede de Coura

Vila Pouca de Aguiar

Nº de Árvores Produção (g)

7

14

21

7

14

21

90

90

180

90

90

180

1447,19

1689,63

1278,18

1498,77

1166,92

1086,26

*Letras iguais correspondem a valores estatisticamente iguais

15

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1

Independentemente do local a renova a 21 dias é a que, em média, produz menos resina mais

concretamente produz menos 32% do que a renova a 14 dias em Paredes de Coura e menos 38% que a

renova a 7 dias em Vila Pouca de Aguiar, sendo estas as renovas mais produtivas nos dois locais.

Graficamente (figura 7) podemos ver que na renova a 7 dias praticamente não existe diferença entre o

dois locais sendo essas diferenças mais marcadas na renova a 14 dias, neste caso em Paredes de Coura

há uma maior produção. Na renova a 21 dias as diferenças voltam a ser pouco significativas.

Como já anteriormente referido durante o processo de resinagem e aquando da realização das renovas

é aplicado um estimulante na zona da incisão com o objetivo de aumentar a taxa de fluxo de resina e o

seu tempo de duração.

Estes estimulantes, normalmente chamados de pastas, tem na base da sua constituição um acído,

sendo o mais comum o ácido sulfúrico, e um inerte que tem por função permitir que o ácido se

mantenha agarrado ao lenho e que dá a consistência de pasta, normalmente uma farinha. No entanto, a

composição química exata das pastas normalmente usadas pelos resineiros é mantida em segredo

surgindo por vezes no meio resineiro novas formulações com “reputação” de serem mais ou menos

eficazes. Neste projeto testaram-se 8 tipos de pastas diferentes, aplicadas ao longo dos 3 anos de acordo

com o esquema apresentado no quadro 9.

Figura 7 – Produção média de resina para Paredes de Coura e Vila Pouca de Aguiar para os três períodos de

renova. (As barras do gráfico representam a variação da produção em torno da média).

3.4. O estimulante

16

2600

2400

2200

2000

1800

1600

1400

1200

1000

800

600

Parede de Coura

Vila Pouca de Aguiar

Renova (dias)

Pro

du

ção

de

re

sin

a (

g)

7 14 21

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Pastas Descrição Ano de aplicação

P01

P02

P03

P04

P05

P06

P07

P08

• Tradicional com ácido sulfúrico a 47%

• Tradicional com ácido sulfúrico a 12%

• Tradicional com ácido sulfúrico a 24%

• Indicada na bibliografia como muito eficaz em

resinagem em povoamentos na Rússia

• Oriunda de Espanha

• Maior concentração de ácido (3 partes de ácido para

1 de pasta tradicional) de aplicação líquida

• Maior concentração de ácido (4 partes de ácido para

1 de pasta tradicional) de aplicação líquida

• Oriunda de Espanha (ácido e gesso)

2015, 2016 e 2017

2015

2015

2015

2016 e 2017

2016 e 2017

2016

2017

Quadro 9 – Tipo de estimulantes (pastas) aplicadas ao longo dos 3 anos de projeto.

Quadro 10 – Produtividades associadas a cada estimulantes (pastas) aplicado nos 3 anos de projeto.

Os resultados mostram que, em todos os anos e independentemente dos locais, as pastas influenciam

de uma forma significativa a produção média de resina (quadro 10).

2015

P02

P04

P03

P01

1134,13 a

1232,50 b

1354,21 b

1544,86 c

2016

P07

P06

P01

P05

1360,67 a

1472,26 a

1812,42 b

1857,67 b

2017

P08

P06

P05

P01

930,08 a

1224,83 b

1273,61 b

1757,30 c

Ano Ano Produção média (g)

17

*Letras iguais correspondem a valores estatisticamente iguais

Aplicação de estimulantes.

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18

Tal como se pode ver no quando 10 e na figura 8 as pastas que tiveram um melhor desempenho foram a

pasta tradicional com ácido sulfúrico a 47% (P01) e a pasta espanhola (P05). A P01 foi aplicada nos anos e

em 2015 e 2017 foi a pasta associada à maior produção nesses anos e em 2016 foi ultrapassada pela

pasta P05.

É notória a grande variabilidade de produção que existe entre árvores, independentemente do local, do

período da renova, ou do estimulante utilizado as árvores são uma fonte de variação muito grande da

produção de resina.

Figura 8 – Produção média de resina para os estimulantes (pastas) utilizadas nos três anos do projeto. (As

barras do gráfico representam a variação da produção em torno da média).

3250

3000

2750

2500

2250

2000

1750

1500

1250

1000

750

Pro

du

çã

o d

e r

esi

na

(g

)

Tipo de Pasta

2016

P05 P06 P07 P01

Tipo de Pasta

2015

2400

2200

2000

1800

1600

1400

1200

1000

800

600

Pro

du

çã

o d

e r

esi

na

(g

)

P02 P03 P04 P01

3000

2750

2500

2250

2000

1750

1500

1250

1000

750

500

Pro

du

çã

o d

e r

esi

na

(g

)

Tipo de Pasta

P06 P08 P01P05

2017

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19

4. Influência de modelos silvícolas na produção de resina

4.1. Influência do diâmetro da árvore

4.2. Influência do fogo controlado

De acordo com a legislação em vigor só é permitido resinar uma árvore se ela tiver no mínimo um

diâmetro à altura do peito (dap) de 20 cm. Esta restrição imposta à resinagem é uma proteção à árvore,

que poderia fazer sentido quando o produto principal do pinhal é a madeira para serração, mas que, nos

dias de hoje, em que grande parte do pinheiro vai para trituração, pode estar a limitar o rendimento do

pinhal impedindo de resinar, por exemplo, as árvores de menor dimensão que irão sair em desbastes.

Para testar se compensa resinar árvores de menores dimensões estabeleceu-se uma parcela com 120

árvores em que 60 tinham diâmetro superior a 20 cm e 60 com diâmetro inferior a 20 cm.

A produção média de resina das árvores de menor diâmetro é significativamente menor do que a

produção das árvores de maior diâmetro (quadro 11).

De acordo com estes resultados é possível afirmar que a resinagem de árvores de menor dimensão,

como por exemplo as árvores que saem mais cedo do povoamento por via de um desbaste, não é viável.

Para que a resinagem destas árvores compensasse os custos inerentes à operação era necessário que,

ou a quantidade de resina produzida fosse maior ou o preço da bica fosse adequado à quantidade

produzida, ou seja, fosse a um preço mais baixo que o normal.

É conhecido o efeito do fogo na redução da competição dentro dos povoamentos, na melhoria do ciclo

de nutrientes do solo e consequentemente no crescimento das árvores. Assim, pretendeu-se estudar se

a aplicação de fogo controlado no pinhal influencia a produção de resina desse pinhal.

Quadro 11 – Produção média de resina de árvores de diâmetro superior a 20 cm e de árvores de diâmetro

inferior a 20 cm

Diâmetro

Superior a 20 cm 60 1148,25 a

703,83 b60Inferior a 20 cm

Nº Arvores Produção (g)

*Letras iguais correspondem a valores estatisticamente iguais

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Para isso, instalaram-se em Vila Pouca de Aguiar duas parcelas, Tresminas e Revel, e cada parcela foi

dividida em duas sub-parcelas, idênticas a nível do subcoberto, tendo sido submetidas a tratamento

com fogo controlado uma das sub-parcela em cada parcela. O período de renova aplicado foi de 14 dias.

Os resultados mostram que, independentemente do local, a sub-parcela submetida a tratamento com

fogo controlado produziu mais resina do que a que não teve tratamento (quadro12), sendo essa

diferença significativa.

No gráfico da figura 9 pode-se ver que em Revel as diferenças de produção entre a sub-parcela

submetida a fogo e a que não teve tratamento são mais evidentes.

Quadro 12 – Produção média de resina de parcelas sujeitas a fogo controlado e sem fogo.

Figura 9 – Produção média de resina em parcelas submetidas a tratamento com fogo controlado e

parcelas sem tratamento. (As barras do gráfico representam a variação da produção em torno da média).

Parcelas

TresminasSem Fogo

Com Fogo

Sem Fogo

Com Fogo

60

60

30

30

1061,83

1234,67

1948,92

2375,25Revel

Tratamento Nº árvores Produção (g)

2600

2400

2200

2000

1800

1600

1400

Com fogo

Sem fogo

Parcelas

Pro

du

çã

o d

e r

esi

na

(g

)

Revel Tresminas

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4.3. Influência da densidade do povoamento

Estes resultados dão a indicação que o tratamento dos povoamentos com fogo controlado será uma

forma a considerar no controlo de vegetação quer em povoamentos resinados quer em povoamentos

que irão ser resinados pela primeira vez e onde é necessário fazer uma limpeza de vegetação para que

os resineiros possam circular mais facilmente no povoamento.

Um dos parâmetros do povoamento que normalmente é objeto de gestão é a sua densidade como

forma do controlar quer a quantidade quer a qualidade da madeira produzida.

Também esta característica foi estudada no Resimprove de forma a perceber-se se o maior ou menor

número de árvores por ha influenciava a quantidade de resina produzida. Para isso, instalaram-se duas

parcelas em Vila Pouca de Aguiar com densidades diferentes tendo-se feito a resinagem em 60 árvores

no povoamento menos denso e 30 árvores no povoamento mais denso. Os resultados apresentados no

quadro 13 permitem concluir não existirem diferenças significativas a nível da produção de resina entre

povoamentos com maior e menor densidade, sendo que os que possuem menor nº de árvores por ha

produzem, em média, maior quantidade de resina por árvore.

Quadro 13 – Produção média de resina de parcelas com densidades diferentes.

Nº árvoresParcelas

Revel 60

60

331,9 1948,92 a

1825,83 a882,3Tresminas

Desnsidade Produção (g)

*Letras iguais correspondem a valores estatisticamente iguais

21

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5. Influência da Resinagem na qualidade da madeira

A resinagem é uma operação que explora a parte do tronco do pinheiro com maior dimensão e maior

valor comercial. Uma das questões que se coloca ao proprietário florestal quando tem que decidir se

resina ou não o seu pinhal é perceber até que ponto a resinagem altera as características e propriedades

da madeira e se essas alterações comportam algum tipo de limitação à sua posterior utilização e,

portanto, se há razão para que essa madeira seja desvalorizada. Com o projeto Resimprove pretendeu-

se esclarecer algumas destas questões pelo que se avaliou o efeito da resinagem na qualidade da

madeira de pinheiro bravo, nomeadamente nas suas características anatómicas, físicas, mecânicas e

químicas.

Relativamente às alterações anatómicas os resultados obtidos permitem-nos afirmar que, apesar dos

anéis de crescimento do lado da incisão serem ligeiramente mais largos que os anéis do lado oposto, o

que pode ser devido ao facto da árvore tentar cicatrizar a “ferida” mais rapidamente, não há diferenças

significativa na largura do anel de crescimento quer entre árvores resinadas e não resinadas quer dentro

das árvores resinadas.

Árvores

Resinadas

Não resinadas

4

4

Incisão

50 cm acima da Inc.

2 m acima da Inc.

Incisão

2 m acima da Inc.1 8

Lado da Inc.

Lado oposto

4 antes da inc.

4 depois da inc.

Nº Níveis Amostras Anéis analisados

Caraterísticas analisadas

Anatómica:

• Largura do anel,

• Nº e área dos canais de resina

• Área dos canais de resina

Físicas:

• Retrações

• Humidades de saturação

• Densidade

Mecânicas:

• Módulo de elasticidade

• Tensão de rutura

Químicas:

•Teor de extrativos

Químicas:

teor de extrativos.

23

Quadro14 - Esquema de amostragem da madeira.

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724

Figura 10 - Número e área média de canais de resina antes e depois do início da resinagem para a amostra que

contém a incisão (rodela A) e para a imediatamente acima (rodela B).

Este facto evidência que a resinagem não provoca uma exsudação anormal da resina já existente na

árvore, mas sim vai estimular a árvore a produzir mais canais o que se traduz numa maior produção de

resina.

Os resultados obtidos ao nível das propriedades físicas estudadas (retrações, humidades de saturação e

densidade) estão apresentados no quadro 15.

O nº de canais de resina aumenta significativamente nas árvores resinadas logo após o primeiro ano de

resinagem. Este aumento verifica-se quer na amostra que contém a incisão quer para a amostra

imediatamente acima, tal como se pode ver no figura 10. Relativamente à área dos canais de resina não

existe nenhuma alteração significativa com a resinagem.

Aspeto microscópico de um canal de resina

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Resinadas

Retrações Totais (%)

Tangencial

Radial

Axial

10,02 (7,92)

8,02 (5,96)

0,48 (8,28)

10,35 (7,73)

7,77 (7,46)

0,50 (8,28)

10,38 (9,76)

7,40 (7,97)

0,53 (33,31)

0,34 (7,07)

0,21 (8,03)

0,02 (79,6)

0,33 (12,08)

0,23 (11,01)

0,02 (57,96)

0,33 (8,49)

0,21 (15,69)

0,03 (36,10)

32,4 (9,45)

29,3 (12,29)

37,6 (10,56)

32,9 (8,12)

31,9 (6,82)

34,6 (13,82)

32,3 (5,02)

31,3 (7,76)

36,1 (10,98)

0,623 (8,78)

0,522 (9,12)

0,666 (11,49)

0,561 (3,83)

0,469 (3,07)

0,589 (3,42)

0,551 (8,57)

0,462 (7,58)

0,576 (7,80)

0,059 (4,28)

0,037 (7,01)

0,059 (13,71)

0,041 (11,16)

0,059 (9,20)

0,037 (16,58)

6,775 (12,72)

3,303 (12,00)

7,209 (7,24)

3,037 (10,38)

6,996 (8,32)

2,941 (7,94)

Coeficiente de retração

Tangencial

Radial

Axial

Humidade de saturação (%)

Tangencial

Radial

Axial

3Densidade (g/cm )

Tangencial

Radial

Axial

Coeficiente de estabilidade

Tangencial

Radial

Diferencial de secagem

Tangencial

Radial

Incisão Oposto

Não

Resinadas

Quadro 15 - Propriedades físicas: retrações, humidades de saturação e densidade (os valores entre parêntesis

dizem respeito aos coeficientes de variação da amostra para cada uma das propriedades).

25

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Resinadas

Módulo de Elasticidade [MOE] (Mpa)

Módulo de Rotunda [MOE] (Mpa)

Carga máxma (N)

Deformação (mm)

11906,44

96,58

1609,69

11,35

11434,09

90,79

1513,23

10,86

11086,38

93,82

1563,76

12,03

Incisão Oposto

Não

Resinadas

Pela análise dos resultados podemos afirmar que, com exceção da densidade, não existem diferenças

significativas das propriedades físicas da madeira de árvores resinadas e não resinadas. Relativamente à

densidade verifica-se que a madeira de árvores resinadas apresenta, em média, densidade mais elevada

principalmente do lado que contem a incisão. Este facto estará certamente relacionado com a maior

concentração de resina que deverá ocorrer nessa região. Estes resultados permitem-nos concluir que a

resinagem não altera a qualidade da madeira no que diz respeito a estas características em análise.

Ao nível do comportamento mecânico das amostras analisadas (quadro 16) e apesar das diferenças não

serem significativas, constata-se que a madeira de árvores resinadas do lado que contem a incisão

apresenta maior Módulo de Elasticidade (MOE) do que a do lado oposto ou do que árvores não resinadas

o que significa que a madeira resinada tem maior capacidade de deformação elástica quando sujeita a

uma força, fica menos quebradiça. Relativamente ao Módulo de Rutura (MOR) ele também é maior nas

mesmas amostras, pelo que podemos dizer que a madeira do lado da incisão é menos rígida e

quebradiça aguentando maior tensão no ponto de carga máxima.

726

Quadro 16- Caracterização mecânica da madeira de arvores resinadas e não resinadas.

Ensaio mecânico de flexão estática em 3

pontos

O MOR (Tensão de Rutura) correspondente à

tensão no ponto de máxima carga atingido

durante o ensaio e o MOE dá-nos uma

indicação sobre o grau de rigidez do material,

quanto maior o MOE (Módulo de Elasticidade)

menor a rigidez, ou seja, maior será a

deformação elástica do material resultante da

aplicação de força.

Foram também realizadas análises químicas de forma a obter o teor de extrativos de cada grupo, ou

seja, de árvores não resinadas, de árvores resinadas do lado da incisão e de árvores resinadas do lado

oposto à incisão. Os resultados apresentados no quadro 6 revelam que a variação dentro de cada grupo

é muito elevada com especial relevo para as árvores não resinadas (CV= 86,98%). O lado da incisão é o

que apresenta um teor de extrativos maior (11,10%) e o lado oposto o menor (6,58%). Desta forma

podemos afirmar que uma árvore resinada apresenta uma maior concentração de resina na zona onde

foi feita a incisão.

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Quadro 17 - Teor de extrativos em madeira de árvores resinadas e não resinadas.

Resinadas

Teor de Extrativos

11,10

52,26

6,58

75,74

9,55

86,98

Média (%)

Coef. Variação

Incisão Oposto

Não

Resinadas

Processo para determinação do teor de

extrativos na madeira

O gráfico da figura 11 mostra que, de facto, o nível que contém a incisão é o nível com maior teor de

extrativos (teor de resina) e que esse teor diminui à medida que subimos na árvore.

Podemos assim concluir que a madeira de árvores resinadas é uma madeira com maior teor de resina na

parte inferior do tronco que esteve sujeito a resinagem o que lhe confere maior resistência à

biodegradação mas que pode trazer alguns problemas nos processos de transformação da madeira

maciça como na secagem e nos acabamentos superficiais das tábuas. No entanto, para produção de

painéis ou papel não se vê nenhum tipo de problema na utilização desta madeira.

Figura 11 – Teor de resina em árvores resinadas três níveis de altura diferentes: A- nível da incisão; B- 50 cm

acima da incisão; C- 2m acima da incisão. (As barras do gráfico representam a variação da produção em torno

da média).

18

16

14

12

10

8

6

4

2

0

B CA

27

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Uma tarefa básica na gestão de qualquer área ou recurso é tomar decisões. Pode dizer-se que a

investigação operacional é uma abordagem científica na tomada de decisões que normalmente envolve

o uso de modelos matemáticos. Os modelos de programação matemática têm como finalidade

maximizar ou minimizar uma determinada função objetivo sujeita a um conjunto de restrições.

Neste trabalho, a utilização desta abordagem, com recurso ao software Xpress IVE, teve por base a

procura da maximização do lucro da atividade da resinagem através da rentabilização dos recursos

existentes em três regiões distintas de Portugal, Paredes de Coura, Vila Pouca de Aguiar e Sátão.

Os dados necessários à execução desta análise foram obtidos através de ensaios instalados em parcelas

selecionadas aleatoriamente, em locais disponibilizados para o efeito, pela empresa responsável pela

atividade no local.

Cada tratamento testado teve no mínimo 30 árvores em cada ano, sendo que na sua instalação, em

2015, os ensaios foram iniciados em árvores que já tinham sido anteriormente resinadas, sendo esse o

terceiro ano da fiada. Em 2016 deu-se ainda continuidade às fiadas instaladas no ano anterior, tendo

chegado ao seu limite, aos 2 metros, pelo que, em 2017 houve a necessidade de fazer a instalação na

base dos pinheiros, aproveitando assim para testar o efeito de menor produção que normalmente está

associado ao primeiro ano de exploração na base do tronco.

Em cada uma das regiões foram tidos em conta fatores como, o preço de mercado do kg da resina, as

produções médias para uma época de resinagem, o número de bicas e os trabalhadores disponíveis

bem como os respetivos alugueres e salários, os meses de trabalho, ferramentas e equipamentos

necessários à atividade e os diferentes sistemas de exploração de resina que podem ser com recurso à

utilização de sacos plásticos e com intervalos de renova mais curtos (14 dias) ou mais longos (21 dias),

alguns dos valores utilizados são apresentados no quadro 17. No fundo, em cada um dos sistemas por

um lado, tendo em conta o preço dos recipientes, pretende-se avaliar o que mais compensa utilizar num

horizonte de 4 anos e por outro lado, saber se no final de cada época a diferença de produção que se

verifica a 14 ou a 21 dias, se justifica atribuir a cada resineiro um maior ou menor número de bicas.

6. Análise económica da atividade da resinagem

29

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7

Custos Gerais (€)

Salário mensal

Agrafador

Sacos plásticos kg

Agrafos (caixa)

Pasta estimulante kg

Alisadeira

Ferro renovar

Riscador

Reciclagem sacos kg

1000

20,6

2,25

4,2

1

20

14

5

0,12

Na Região 1 considerou-se um total de 67000 bicas, na Região 2 41500 bicas e na Região 3 um total de

12600 bicas para 7,5 meses de atividade. Com a aplicação da investigação operacional pretende-se

obter o melhor cenário possível num período de 4 anos, para uma tomada de decisão mais acertada

relativamente ao sistema de exploração a adotar em cada uma das regiões.

A distribuição do número de bicas variou em função do sistema de exploração a adotar, assim, para um

sistema de 14 dias, cada resineiro poderá ter entre 6300 e 6800 bicas e para o sistema de 21 dias, um

resineiro poderá ter entre 8500 e 9500 bicas. A distribuição do material e equipamentos, varia em função

do número de bicas atribuído ao resineiro e é feita automaticamente pelo software.

No quadro 18 são apresentados os valores médios utilizados como referência para os diferentes

cenários posteriormente estabelecidos.

Custos dos fatores contemplados na

análise da atividade.

Preço resina (€/kg)

2015

2016

2017

MÉDIA

1º ANO

1,43

1,92

1,63

1,66

1,63

0,95

1,05

1,15

0,95

1,05

1,15

0,95

1,05

1,15

0,95

1,05

1,15

0,95

1,05

1,15

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

1,30

1,46

1,45

1,40

1,45

Produções resina (kg/bica/ano)

14 dias 21 dias Aluguer da bica (€/bica)

Quadro 18 – Conjunto de variáveis e respetivos valores considerados para os diferentes cenários

estabelecidos.

30

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Tendo por base estes valores, foram então testados os diferentes cenários considerados através do

cruzamento de todas as variáveis em estudo, obtendo no final, para cada uma das regiões o sistema de

exploração que melhor se adequa.

Utilizando como referência os dados da produção média do primeiro ano de exploração, na base do

pinheiro, e fazendo a simulação para apenas 1 ano de atividade (2017), foram obtidos os rendimentos

apresentados no quadro 19.

Quadro 19 – Rendimento obtido para os diferentes cenários testados para o 1º ano de atividade.

Cenários Soluções

Produção kg Região 1: 67000 bicas Região 2: 41500 bicas Região 3: 12600 bicas

Nº de ResineirosNº de ResineirosNº de Resineiros

14 dias

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

3

3

3

3

3

3

3

3

3

5

5

5

5

5

5

5

5

5

2

2

2

2

2

2

2

2

2

3

3

3

3

3

3

3

3

3

2

2

2

2

2

2

2

2

2

-

-

-

-

-

-

-

-

-

37336,8

25226,8

7061,8

55735,1

43625,1

25460,1

74133,4

62023,4

43858,4

1,45

1,45

1,45

1,63

1,63

1,63

0,95

1,05

1,15

21 dias 14 dias 21 dias 14 dias 21 dias

Rendimento

(€)

Esq

ue

ma

A

Esq

ue

ma

B

Alu

gu

er

bic

as

(€)

Pre

ço r

esi

na

(€

)

Em seguida, foram utilizados como referência os resultados da produção média em cada um dos anos

de ensaio 2015, 2016 e 2017. Neste caso, as simulações foram feitas para um horizonte de 4 anos de

atividade. Obtivemos assim distintos cenários, dos quais destacamos os mais negativos, intermédios e

os mais positivos. Os resultados são apresentados no quadro 20.

31

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7

Numa última análise, utilizaram-se como valores de base, o valor médio da produção dos 3 anos de

ensaio, permitindo fazer uma análise mais real a um horizonte de 4 anos de atividade (Quadro 21).

Quadro 20 – Rendimento obtido para os diferentes cenários testados para um horizonte de 4 anos de

atividade.

Cenários Soluções

Produção kg Região 1: 67000 bicas Região 2: 41500 bicas Região 3: 12600 bicas

Nº de ResineirosNº de ResineirosNº de Resineiros

14 dias

0,40

0,40

0,40

0,40

0,15

0,15

1,30

1,30

1,30

1,45

1,46

1,46

1,43

1,43

1,43

1,63

1,92

1,92

2015

2015

2015

2017

2016

2016

0,95

1,05

1,15

1,05

1,05

1,15

3

3

3

3

3

3

5

5

5

5

5

5

2

2

2

2

2

2

3

3

3

3

3

3

2

2

2

2

2

2

-

-

-

-

-

-

-47260,9

18134,3

83529,5

104213,0

322337,0

413777,0

21 dias 14 dias 21 dias 14 dias 21 dias

Rendimento

(€)

Esq

ue

ma

A

Esq

ue

ma

B

Alu

gu

er

bic

as

(€)

An

o

Pre

ço r

esi

na

(€

)

Quadro 21 – Rendimento obtido para os diferentes cenários testados para o 1º ano de atividade.

Cenários Soluções

Produção kg Região 1: 67000 bicas Região 2: 41500 bicas Região 3: 12600 bicas

Nº de ResineirosNº de ResineirosNº de Resineiros

14 dias

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

0,15

0,25

0,40

3

3

3

3

3

3

3

3

3

5

5

5

5

5

5

5

5

5

2

2

2

2

2

2

2

2

2

3

3

3

3

3

3

3

3

3

2

2

2

2

2

2

2

2

2

-

-

-

-

-

-

-

-

-

142878,0

94437,5

21777,5

215540,0

167100,0

94439,9

288202,0

239762,0

167102,0

1,40

1,40

1,40

1,66

1,66

1,66

0,95

1,05

1,15

21 dias 14 dias 21 dias 14 dias 21 dias

Rendimento

(€)

Esq

ue

ma

A

Esq

ue

ma

B

Alu

gu

er

bic

as

(€)

Pre

ço r

esi

na

(€

)

32

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Analisando os resultados, podemos verificar que para qualquer um dos cenários, o sistema de

exploração a adotar indicado em cada uma das regiões foi sempre igual. Para a Região 1 teríamos então

3 resineiros com um sistema de 14 dias e 5 resineiros a 21 dias. Na Região 2 trabalhariam 2 resineiros a

14 dias e 3 num sistema a 21 dias. Por fim, na região 3 teríamos 2 resineiros a trabalhar num sistema de

14 dias.

Quanto ao rendimento obtidos para os diferentes cenários verifica-se que quando o preço pago pelo kg

da resina é baixo (0,95€), as produções são baixas e o aluguer das bicas é médio ou alto, os cenários são

claramente negativos devendo-se evitar. De referenciar que mesmo em cenários onde os preços pagos

pela resina são interessantes (1,05€), com uma produção baixa e um aluguer das bicas alto poderá

também ser um cenário com rendimento negativo.

Por outro lado, cenários onde se consigam alugueres baixos, produções altas e preços pagos pela resina

altos, é claramente onde se podem ter rendimentos mais interessantes.

Na globalidade, podemos então concluir que para as partes interessadas, proprietários dos pinhais e

empresas de exploração de resina, o ideal será sempre tentar chegar a valores intermédios, onde por

um lado, para o proprietário seja atrativo o aluguer dos pinheiros por um valor aceitável e que permita

uma receita antecipada do valor do pinhal e do ponto de vista empresarial seja também um valor

aceitável que permita pagar todos os custos inerentes à exploração da resina e que consiga ter o seu

lucro por forma a manter a atividade ao longo dos anos.

Quanto à tomada de decisão relativamente aos sistemas a adotar, é notório uma tendência pela opção

dos 21 dias em detrimento dos 14, o que permite concluir que o acréscimo de produção final que se

verificou não compensa os custos com a maior intensificação de mão de obra no primeiro caso (21 dias),

existindo apenas essa opção como complemento em casos onde se verifica a indisponibilidade de um

número de bicas maior a atribuir a um resineiro no sistema de 21 dias, cerca de 9000.

33

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Legislação Resinagem

A resinagem deve adotar as boas práticas de gestão florestal, assegurando a vitalidade do pinhal e a

sustentabilidade da exploração. Para isso, existe a legislação que regulamenta a atividade, estando

definida atualmente pelo Decreto-Lei n. º181/2015.

Este decreto veio atualizar e simplificar uma legislação criada há cerca de 50 anos e que até então não

tinha sofrido qualquer alteração, encontrando-se assim desajustada da realidade existente nos dias que

correm.

Além disso, este regulamento visa garantir o acompanhamento e fiscalização de todo o processo, bem

como registar informação fundamental para o desenvolvimento do setor resineiro.

Aplica-se a todos os operadores envolvidos ao longo do ciclo económico da resina, desde a extração, o

transporte, as fábricas de 1ª transformação, os importadores e exportadores.

Condições Gerais

A resinagem está condicionada, seja à vida ou à morte, aos seguintes requisitos:

•Marcação prévia das fiadas (riscagem)

•Profundidade da ferida - inferior ou igual a 1cm.

•Inicia-se a 20 cm do solo.

•No final do 4º ano a fiada não pode exceder os 2 metros.

•Recolha dos equipamentos/materiais usados na resinagem no fim da sua utilização.

Modalidades

- Resinagem à morte

• Não existe dimensão mínima;

• Nº fiadas: Podem ser colocadas

tantas quanto possível, desde que

exista uma distância mínima entre

cada uma de 8 cm, a chamada presa;

• Largura da incisão: 14 cm nos 3

primeiros anos e 12 no 4º ano.

- Resinagem à vida

• DAP mínimo:20 cm;

• Nº fiadas: Uma fiada até um DAP de

25cm e duas fiadas com DAP superior

a 25 cm;

• Largura da incisão: 12 cm nos 3

primeiros anos e 11 cm no 4º ano;

• Distância entre feridas (presa): 10 cm

Anexo

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35

SiResin

Todas as atividades dentro do circuito da resina, desde a sua extração à entrada na fábrica, estão sujeitas

a comunicação prévia obrigatória ao ICNF - Declaração de Resina. Esta declaração é submetida

eletronicamente, através do Sistema de Informação da Resina (SiResin), disponibilizado no site do ICNF.

Declaração de Resina

•Número do registo de operador;

•Identificação da atividade;

•Duração prevista;

•Espécie, modalidade e número de árvores a resinar;

•Resina Nacional - Identificação de prédios, áreas e quantidade;

•Resina importada - Identificação do país de origem e quantidade importada.

Contraordenações

Existe um conjunto de contraordenações tais como, ausência de registo de operador, falta de

comunicação prévia, incumprimento das dimensões estipuladas, entre outras, que deverão ser

evitadas.

No entanto, é admissível uma tolerância até 10%, relativa ao número total de pinheiros a resinar na(s)

parcela(s), superior ou inferior aos limites previstos para os requisitos da resinagem.

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Os promotores,

GiFF LDA, empresa de gestão florestal, com experiência e interesses na recolha de resina, na gestão de

povoamentos florestais e no desenvolvimento de parcerias em I&DT;

A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), com forte tradição em I&DT no sector florestal.

Projeto no âmbito da medida 4.1 “ Cooperação para a inovação” , integrada no subprograma 4 “

Promoção do conhecimento e desenvolvimento de competências” do Programa de Desenvolvimento

Rural do Continente (Proder).

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UTAD

UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista

Laboratório dos Produtos Florestais

Apartado 1013, Quinta de Prados

5001-801 Vila Real

Tel.:259 350 868

www.utad.pt

GIFF

Gestão Integrada e Fomento Florestal Lda.

Rua D. João Ribeiro Gaio, 9B 1E

4480-811 Vila do Conde

Telefone 252 632 022

Regia-Douro Park

5000-033 Andrães - Vila Real

Telefone 259 308 227

www.giff.pt