© 2012 Ivana Mihanovich

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Imagens internas: fotos do meu Tarô de Marselha, um baralho espanhol que ganhei sem caixa nem indicação da editora. Reproduzo-o aqui,

portanto, sem cores e apenas a título de ilustração.

IVANA MIHANOVICH

TAROT LUMINAR

REFLETINDO SOB AS LUZES

DOS ARCANOS MAIORES

Este livro é dedicado à minha mãe, Alicia, a pessoa mais especial com quem tive o privilégio de conviver e porque

eu tive a imensa sorte de tê-la como guia. Saudades absolutas.

E ao meu irmão, Alexandre, por sua coragem para decifrar a realidade, sua generosidade, seu amor à natureza, seu senso de humor e seus inúmeros exercícios luminares,

todos os dias, diante dos meus olhos.

Agradecimentos especiais

Ao meu pai, Armando, porque um dia finalmente me viu, passeou comigo ao entardecer pela enseada do Guarujá e me contou várias verdades.

À minha terapeuta Dra. Eroy Silva, cujas descobertas em conjunto mantém eco em minha vida, a cada passo, ainda hoje.

À Michele Koralek, querida mestra, por seu ser colorido e delicado e porque me ensinou a aplicar parte do que não se explica logicamente.

À Sueli Ferrari, mestra especial e comprovação do poder da mente, pela sua compaixão por quem ainda tropeça vida afora e por partilhar a si mesma como um porto seguro.

À minha amada Laura Spinosa, minha loira guerreira, por sua incomensurável bravura, seu oásis de afeto incondicional e pela generosidade de ter me apontado tantos caminhos.

Aos amigos queridos em geral, mas em especial à Tina P. Couto, pelas forças de vários tipos, por seu sensacional senso de humor e por me ajudar a manter o pé na realidade; a José Marcos Fogli, pelo empréstimo da mente, orientações psicológicas e pela troca sobre o que vai no dark side de todos, mas que poucos tem a coragem de acessar; à Ana Luiza Assumpção, pela nossa história. Afetuosa e fraternalmente, ao Ronaldo Moreira, simplesmente por tudo.

Ao Yubliss, a Francisco L. Ruiz e amigos virtuais (Leila Míccolis, Tony Almeida, Rosa Pacini, Melissa Dias, Pedro Zeballos, Monik Ornellas, Simone e tantos outros queridos), porque a internet pode ser um espaço inteligente, algo bem além do habitual besteirol virtual

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ÍNDICE

Prólogo 3

Onde tudo começou 6

O que você sabe e em que você acredita 7

Na prática 8

Por onde andamos 9

Pra que tarô, tarô pra que? 10

O jeito certo de ler?? 11

Cartas, tiragens e cuidados com a internet 12

Mas é uma baderna?!... 14

Quem é o herói e o que é a tal jornada 16

Vamos? 17

O Louco, meu Zero 19

O Mago, I 24

A Sacerdotisa, II 30

A Imperatriz, III 37

O Imperador, IV 40

O Papa, V 48

Os Amantes, VI 55

O Carro, VII 61

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A Justiça, VIII 65

O Eremita, VIIII 71

A Roda da Fortuna, X 78

A Força, XI 87

O Enforcado, XII 92

Arcano Sem Nome ou A Morte, XIII 99

A Temperança, XIIII 109

O Diabo, XV 113

A Torre, XVI 122

A Estrela, XVII 128

A Lua, XVIII 132

O Sol, XVIIII 139

O Julgamento, XX 148

O Mundo, XXI 153

Pontos de Partida 158

Soltando a mão 164

Apêndice: sugestão de tiragem 166

Fontes 172

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PRÓLOGO

Muitas perguntas atravessaram a minha mente desde que comecei a escrever este livro. Por que? Para quê? Para quem? E, finalmente, "Quem eu penso que sou, para achar que outros possam ter interesse nos meus pensamentos sobre esse assunto?". Bem, depois de hesitar muito, a verdade é que eu acho. Alguns ao menos, como acontece com o que qualquer um de nós pensa, cria ou tem para contar. É meu primeiro impulso refletir e questionar e, creio, isso acaba levando-me a aprender pequenas coisas que considero interessante partilhar. Como não tenho nem formação, nem "natureza acadêmica", estou bem longe do racionalismo científico e tampouco tenho necessidade de comprovar todas as teorias até os últimos cálculos. Por outro lado, longe de ser deslumbrada por misticismos, sou alguém que exige um mínimo de coerência antes de admitir uma premissa, hipótese ou possibilidade. Embora essa coerência não implique necessariamente em lógica (no sentido lato ou aristotélico, digamos), algo tem que fazer sentido. Como aprendi só agora (interessante e estranhamente depois de ter terminado o texto de cada arcano deste livro), ao tardiamente descobrir "La Via del Tarot", de A. Jodorowsky, "La verdad es lo que es útil", uma máxima de Buda, segundo o autor. Embora passível, na minha opinião, de certas contestações, no caso do tarô penso que essa ideia assenta muito bem. Eu procuro saber como assim, por que assim e quando assim. Tento saber o assim que se esconde por trás do assim aparente; talvez seja um assim psicológico, talvez seja um assim orgânico, um assim intelectual ou um daquela vasta e impalpável categoria, tão difícil de esquadrinhar: o espiritual. Quero entender por que, tantas vezes, a mão direita não sabe o que a esquerda faz. Pesquiso sobre o que faz alguém dizer "I love you", o que o faz pensar que sente isso e o que, depois, o faz agir em total contradição com essa alegação.

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Parece-me tão mais trabalhoso do que escolher com coração e mente alinhados e, no entanto, todos o fazemos - e voltamos a fazê-lo. Procuro decifrar por que, hoje em dia, tantas pessoas tem tal pavor de conflito que preferem agir de forma pusilânime, fugindo do debate por mais básico ou importante que ele seja, e me esforço tentando compreender quando e por que sou eu pusilânime, pois quem sabe assim entenda o que vejo dentro e fora de mim.

De onde vem todo esse medo da individualidade, de perceber-se e mesmo de encantar-se com o fato de ser único? Será resultado do temor da solidão, ou simplesmente estamos meio idiotizados pelo tanto de flúor que há na água e de glutamato monossódico que ingerimos? Vejo jovens cursando faculdades ordinárias, que sequer despertam seu interesse, porque dizem saber, de antemão, que não conseguiriam passar nos exames intelectualmente mais exigentes. Por que se esforçar pouco e aceitar pouco, assim, tão facilmente? Por que ser menos, ou tão menos do que se pode ser, sem sequer tentar algo diferente? Em quê e por que faço eu o mesmo? Tornamo-nos incapazes de fazer escolhas, ou as escolhas é que estão desaparecendo? Perdemos a alegria ou o sentido do próprio viver, aquele algo que nos diz que estarmos vivos é um maravilhoso milagre e que por isso vale a pena seguir nosso bliss, como disse Joseph Campbell?

Tento perceber tudo isso nos outros e em mim; quando ocorre, por que ocorre e como poderia não ocorrer. Questiono qualquer conhecimento, seja acadêmico, esotérico, respeitado ou risível, ao qual porventura tenho acesso e também questiono posturas, atitudes e parâmetros meus e dos outros. Ao contrário do que alegam os que sentem-se incomodados com minha inconveniente mania de apontar o rei nu, a verdade é que eu também aponto os meus reis nus, sim. Por isso sei como é difícil ou por vezes constrangedor lidar com eles, mas ainda sinto a importância de viver o mais próximo da

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realidade, pois o contrário é apenas a insanidade. Poderá ser uma loucura branda, onde a pessoa não morde ninguém, mas ainda assim, é loucura e inconsciência. Eu tento, com os insuficientes recursos de que disponho, colocar-me mais próxima à realidade, mas evidentemente tropeço e recuo inúmeras vezes. Finalmente tropecei o suficiente, creio, para aceitar que não se pode empurrar ninguém para a frente do espelho, ainda que a intenção seja boa. Primeiro, porque enquanto não houver disponibilidade autêntica para enxergar-se, o outro nada verá, o que significa que a experiência não mostrará nada a nosso próprio respeito tampouco; segundo, porque, por ser incapaz de ver-se, o outro angustia-se e fatalmente conclui que a intenção de quem para lá o empurrou, é mera maldade, tornando a coisa toda um exercício híbrido e fadado a terminar entre ofensas infantis.

Compartilho minhas reflexões como um convite para que você passeie comigo por elas e, talvez, algo nelas acabe sendo útil ou interessante para você. Acredito em usarmos a meditação sobre os Arcanos Maiores como um auxiliar lúdico para desenvolver uma nova forma de entender nossas reais motivações, nem sempre facilmente detectáveis, e, assim, abrir espaço a novas posturas para lidar com o que nos parece incompreensível ou com as bifurcações com as quais nos deparamos. No entanto, percebo que este caminho, como toda busca existencial ou de autocompreensão, está em eterno movimento, posto serem caminhos vivos. Talvez mais adiante outras ideias tomem forma em minha mente, talvez algumas das que aqui apresento pareçam-me, então, inexatas ou menos relevantes, mas o que desejo e espero de mais importante é que, assim como os atributos dos arcanos são eternos pontos de partida para mim, este passeio o faça percebê-los dentro de você. Desejo que isso possibilite o acender de novas luzes, para que, por sua vez, você trace o seu caminho, um caminho pessoal, único, especial.

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ONDE TUDO COMEÇOU

Meu primeiro estudo sobre o tarô deu-se nos anos 80, na escola Girassol, do astrólogo e junguiano Maurice Jacoel, quando fiz seu curso básico de Astrologia e, em seguida, o de tarô, com o excepcional professor Valderson de Souza. Os dois foram mestres extremamente perspicazes, interessantes e envolventes e a eles serei sempre grata. Maurice, aliás, é, ainda hoje, além do profissional que respeito imensamente, um amado amigo.

O baralho que usamos foi o chamado Egípcio (ed. Kier), porque para o meu professor esse é o mais adequado ao homem contemporâneo, mas, ainda hoje, confesso que a estética dessas cartas não é a que mais me atrai e, na verdade, me distrai (embora naturalmente também relacione ideias do egípcio ao baralho que estiver usando no momento). No fundo, para mim já não é mais prioritária a imagem em si e a Estrela será a “boa estrela” do Marselha e também a Esperança do egípcio. Bem como a Morte do Marselha falará do fim de ciclos e também da imortalidade, como é chamado no egípcio, porque a questão essencial que se apresenta, de qualquer maneira, é a reflexão sobre a impermanência da matéria e sobre a eternidade do ser essencial, conceitos que se entrelaçam. Nunca consegui, tampouco, interessar-me pelas cores e seus significados meio herméticos, possivelmente uma suprema "heresia tarológica", mas é fato que a mim elas (ainda?) não causam interesse. O livro mais importante que usamos como referência, então, foi o impecável “Jung e o Taro”, da autora Sallie Nichols, até hoje minha “bíblia” fundamental, como será fácil perceber. Gosto muito também da visão de Juliet Scharman-Burke e Liz Greene, autoras do "Tarô Mitológico", uma abordagem leve e ainda assim muito rica. Também passei a admirar profundamente o que até agora li sobre os conceitos psicomágicos de Alejandro Jodorowsky, um pensador que demorei a