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© 2002 Franciane Ulaf

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ADEPH Academia de Desenvolvimento e Planejamento Humano

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Para minha mãe

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SUMÁRIO

PARTE I Introdução 07 Reflexão – Auto-percepção 16 Um balanço prévio de sua vida

18

PARTE I 19 1. PEP 20

O que é PEP? 20 Por que você deveria planejar a sua vida 23

2. Os fatores que facilitam e dificultam o sucesso de um PEP 29 Comportamentos que facilitam o sucesso 29 Comportamentos que dificultam o sucesso 31

3. Quais os primeiros passos 42 3.1 Mudança de Paradigma 42 3.2 Postura Proativa 53 3.3 Autoconhecimento 57

Ferramentas para o Autoconhecimento 60 1. Descubra quais são seus valores pessoais 60 2. Identificação dos pontos fortes e fracos 75 3. Identificação de padrões

78

PARTE II 79 4. Projeto de Vida 80

4.1 Foco 82 4.2 Metas X Objetivos 88 4.3 Visões X Objetivos 89

5. Planejamento Estratégico 94 5.1 A Missão e a Visão 94 5.2 Definição de Metas 97 5.3 Estratégia 107

5.3.1 Nível estratégico 110 1. Análise dos Fatores Internos 110

2. Análise dos Fatores Externos 111

3. Análise de Questões Críticas 112

4. Estratégias Alternativas 113

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5.3.2 Nível Tático 116 5.3.3 Nível Operacional 118

1. Suas Metas são Compatíveis ? 118

2. Recursos Externos 118

3. O Recurso Responsabilidade 119

4. Organização 119

5. Recursos Pessoais 119

5.4 Análise Estratégica 126 5.5 Manutenção da Estratégia 129 5.6 Montagem do Planejamento Estratégico

130

PARTE III 134 6. Auto-organização 135 6.1 Organização Física 135 6.2 Organização Psicológica 136 6.3 Organização Mental 138 7. Definição de Limites 140 7.1 Disponibilidade 140 7.2 Pressão 142 7.3 Qualidade 142 7.4 Envolvimento 143 8. Definição de Prioridades 144 8.1 Os 4 Níveis de Prioridades 144 8.2 O mais Importante em Primeiro Lugar 147 8.3 Coerência na Priorização 151 9. Produtividade 155 9.1 Eficiência X Eficácia 155 9.2 Ocupado X Produtivo 156 10. Administração do Tempo 157 10.1 O Tempo 159 10.2 A Administração do Tempo 164 10.3 O que é Administrar o Tempo ? 173 10.4 As 4 Gerações de Administração do Tempo 175 10.5 A Organização do 2º Quadrante 180 11. Objetivos X Felicidade 184 Considerações Finais 187 Referências Bibliográficas 189 Como entrar em contato com Franciane Ulaf 192

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“Tu és o arquiteto do teu próprio destino.Trabalha, espera e ousa.”

Wilcox Wheeler

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INTRODUÇÃO

A idéia de escrever sobre planejamento estratégico pessoal surgiu

durante um curso de autodesenvolvimento em 1997. Dentre as

ferramentas que utilizávamos para alavancar o desenvolvimento pessoal

estava o planejamento. A técnica utilizada era rudimentar: definir metas a

curto, médio e longo prazo. Através de conversas com os demais

participantes, pude perceber que a maioria já estava fazendo o curso pela

2º ou 3º vez, e persistiam as dificuldades para cumprir o planejado. Os

maiores problemas, segundo as pessoas que tive contato, estavam

relacionados à administração do tempo, auto-organização e

autoconhecimento. Deficiências nestas áreas dificultavam a realização das

metas propostas.

A partir deste curso decidi pesquisar os temas relacionados à

organização e planejamento pessoal. Ao longo desse tempo que venho

pesquisando o tema, pude constatar que muitos dos problemas

relacionados ao estresse, depressão, falta de motivação, baixa auto-

estima, dentre outros, estão diretamente ligados à falta de organização e

má administração do tempo e, principalmente, à ausência de objetivos

pessoais de longo prazo.

Constatei que a maioria das pessoas não precisa de um manual de

planejamento ou um guia de administração do tempo, se antes não se

conhecerem o suficiente para saberem onde estão e onde querem chegar.

Isso envolve autoconhecimento, saber onde está significa conhecer seus

pontos fortes e fracos, seus objetivos de vida, seus valores pessoais, seus

mecanismos de defesa, enfim, só um conhecimento claro, objetivo e

realista sobre você mesmo é que poderá determinar onde você quer

chegar. Isso é manifestado através de um projeto de vida, definição de

metas realistas, priorização coerente.

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Cheguei à conclusão de que a motivação é uma questão de

objetivos, sem saber para onde está indo, a pessoa sente que tudo o que

faz é inútil. Atividades isoladas, desconectadas de um objetivo maior não

são motivadoras pois não têm “significado”. O significado é o porque, a

razão. Se não houver esse porquê, a desmotivação é uma conseqüência

natural. Quem gosta de fazer algo sem saber porque está fazendo?

Muitas pessoas acreditam que não possuem poder de decisão sobre

a própria vida, que devem aceitar passivamente o que lhes acontece. As

evidências nos mostram que a realidade é bem diferente. Os grandes

sucessos foram conquistados em cima de muito suor e determinação. As

pessoas que conseguem o que querem têm um sonho e o perseguem até

realizarem o que desejam, não esperam que a vida, o destino, Deus, ou

algo externo determine seu rumo. Estudos demonstram que a maioria das

pessoas não sabe o que quer da vida, ou se sabe, não tem idéia de como

realizar seus sonhos. Não me refiro a sonhos como algo abstrato, irreal,

mas como objetivos que podem ser realizados, mas ainda não “tomaram

forma”, não foram planejados.

A literatura na área de planejamento e administração do tempo é

muito vasta, no entanto, é comum ouvirmos comentários de pessoas que

“já tentaram de tudo” e não conseguiram mudar velhos hábitos negativos

e aplicar as técnicas propostas. Se as pessoas não estão obtendo êxito

aplicando o que há disponível no mercado é porque algo está errado. As

técnicas em si são boas e “parecem” aplicáveis. Então por que as pessoas

não conseguem segui-las e administrar suas vidas da forma como

desejam? O planejamento é a ponta do iceberg. A administração do tempo

é apenas uma ferramenta. É preciso cuidar muito bem da base pra que

esse planejamento de fato reflita realidade, ou seja, para que você não

planeje um monte de coisas que não vai cumprir pelo simples fato das

metas serem ilusões, ou você não estar preparado para cumprí-las. Você

também precisa cuidar da base do iceberg para que esse planejamento

seja realmente o que você precisa, as pessoas às vezes planejam

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baseando-se em hobbies, ilusões passageiras, sem saber o que elas

precisam de verdade.

Aqui você não encontrará somente técnicas para aplicação imediata,

mas uma oportunidade de reflexão profunda e contínua, através de

ferramentas de autoconhecimento, desenvolvimento pessoal e reavaliação

de hábitos, conceitos e paradigmas.

A 1º parte é destinada a esclarecer o tema “planejamento

estratégico pessoal”, analisar os fatores que facilitam e dificultam o

sucesso de um planejamento, e também propor os primeiros passos e as

mudanças interiores necessárias para que você seja bem sucedido ao

planejar seus objetivos.

A 2º parte trata do planejamento estratégico em si. Como elaborar

um projeto de vida, como definir metas e objetivos e como planificar

detalhadamente cada meta, traçando caminhos, prevendo obstáculos,

levantando recursos.

A 3º parte apresenta algumas ferramentas de administração pessoal

que podem auxiliar e até garantir o sucesso de um planejamento, como

auto-organização, administração do tempo, definição de limites e

prioridades.

A era do desenvolvimento pessoal

"Daqui a alguns séculos, quando a história da nossa era for escrita de uma

perspectiva bem distante, eu acho que é muito provável que o evento

mais importante que esses historiadores irão retratar não será a

tecnologia, não será a Internet e nem mesmo o comércio via e-mail (e-

commerce). O que verão é uma mudança sem precedente na condição

humana. Pela primeira vez, literalmente, há um substancial e rápido

crescimento no número de pessoas que tem escolhas. Pela primeira vez,

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eles terão que gerenciar a eles mesmos. E deixe-me dizer, nós estamos

totalmente despreparados para isso." Peter Drucker

A evolução da história humana pode ser compreendida em eras.

Após alguns milhares de anos tentando compreender e controlar o mundo

e a natureza, o homem chegou ao século XXI com um conhecimento

razoável a cerca do seu ambiente e das ferramentas, oportunidades,

insumos que este proporciona.

Fechamos a era industrial, entramos na era da informação onde

tudo parece mais rápido, mais fácil, mais barato. No entanto, era após

era, os problemas básicos do homem permanecem os mesmos. Nenhuma

nova descoberta conseguiu encontrar a fórmula da felicidade, da

motivação, da auto-realização, embora as livrarias estejam abarrotadas

de livros de auto-ajuda e gurus cobrem fortunas por uma "palestra

motivacional".

Essa incessante busca pelo equilíbrio interno sempre esteve

presente na natureza humana, entretanto, é agora, na era da informação

que essa necessidade se faz notar de forma explícita. Ouvimos muito dizer

que nós estamos no início da era da informação. Sim estamos, mas

também estamos vivenciando o início da era do desenvolvimento pessoal.

Nunca na história humana nós tivemos tanta necessidade de buscarmos

um significado para as nossas vidas.

O porquê não é difícil de entender. Durante toda a sua trajetória, o

homem teve quem o liderasse, não precisava pensar muito, bastava

"seguir o rumo da vida", como seus pais haviam feito, como seus irmãos,

amigos e vizinhos estavam fazendo. Não havia, para a grande maioria,

nem sequer o que questionar, era esse o caminho a seguir, a vida era

uma seqüência de fatos previsíveis. Se o pai era fazendeiro, os filhos

também seriam fazendeiros, iriam se casar com uma mulher da

comunidade e ter vários de filhos, esses filhos também seriam fazendeiros

e assim por diante. Até metade do século XX, se você não nascesse na

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alta sociedade provavelmente nunca faria parte dela, a não ser por

casamento, ou se você tivesse uma brilhante idéia e criasse um império

industrial como Henry Ford, John Rockfeller, Thomas Edison.

Até a década de 80 ainda existia um certo determinismo, a presença

de muitos governos autoritários, a forte influência da religião,

principalmente antes dos anos 60 fazia com que as pessoas sempre

tivessem alguém que as liderasse. Elas sentiam que não eram livres, que

não podiam fazer as escolhas que quisessem, pois o governo as proibia, a

religião não permitia, o trabalho era uma coisa totalmente maçante e

necessária para o próprio sustento. Poucos pensavam em realização

pessoal quando se tratava de trabalho. As mulheres começaram a

trabalhar por quê? Primeiro por necessidade, depois por uma questão de

libertação, de conquistar a liberdade de poder ter uma profissão, mas não

era por realização pessoal. Nessa época quem pensava em realização

pessoal eram cientistas, escritores, filósofos, pessoas que passavam fome

mas faziam o que gostavam, não abriam mão da realização pessoal. Mas

essas pessoas eram raras, o sistema não permitia que todo mundo fosse

assim, a situação mundial requeria pessoas-máquinas que produzissem

sem pensar e não questionassem as regras.

Quando as oportunidades de realização pessoal começaram a

aparecer, as pessoas se voltaram para a busca de status e dinheiro. No

final dos anos 70 até começo dos anos 90 as empresas incharam seus

quadros de funcionários, criaram cargos absurdos numa hierarquia cada

vez mais vertical onde as oportunidades de promoção eram imensas. Foi a

era yuppie, aqueles executivos que trabalhavam sem parar em busca de

mais dinheiro, de promoções, de status. O que aconteceu quando vieram

as novas teorias de administração? A reengenharia e o downsizing diziam

para achatar a hierarquia, reorganizar a empresa, enxugar o quadro de

pessoal que era excessivo, cortar custos. As empresas entenderam que

cortar custos era só demitir o pessoal. Foi aquela enxurrada de gente na

rua, sem perspectiva de encontrar um novo emprego porque todas as

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empresas estavam fazendo downsizing. Isso coincidiu com o início da era

da informação. Em 94, a internet começou a funcionar comercialmente

nos EUA, em 95, em praticamente todo o resto do mundo. Nessa mesma

época, ou um pouco antes, outras teorias começaram a se destacar,

começaram a falar de qualidade de vida, inteligência emocional, de

autodesenvolvimento.

De repente as pessoas começam a perceber que elas eram muito

mais livres do que jamais foram, do que seus antepassados jamais

puderam sonhar em ser. E essa liberdade trouxe com ela toda uma gama

de escolhas. Não há mais ninguém para dizer o que você tem que fazer,

ou como você deve agir. No entanto o que se percebe é que as pessoas

temem essa liberdade, tentam achar que ainda existe determinismo, que

elas não têm escolha, que um problema pequenininho é capaz de bloquear

todo o caminho da vida. Agarram-se à pessoas, religiões, ideologias que

digam pra elas “isso é certo, isso é errado”, “Você tem que fazer deste

jeito”. Isto dá a segurança que elas precisam para que não tenham que

olhar para dentro de si mesmas e procurar as próprias respostas. Por

incrível que pareça, as pessoas têm um medo enorme de olhar para

dentro de si. Então buscam falsas verdades fora de si. Necessitam

desesperadamente que alguém lhes diga qual o caminho certo a seguir. A

insegurança proporcionada pela liberdade, diversas escolhas, diversos

caminhos a seguir, desperta o medo. Esse processo é inconsciente, muitas

vezes, inclusive, a pessoa sente tanto medo, que está cheia de caminhos

a sua frente, mas acha que está sem saída, que a vida empacou, que seus

problemas não têm mais solução. Nas palavras de Peter Drucker: “Nós

teremos que aprender primeiro quem nós somos. Nós não sabemos.

Quando eu pergunto aos meus alunos - pessoas bem-sucedidas, “Você

sabe em que você é bom?” – quase nenhum sabe responder. “Você sabe o

que você precisa aprender para utilizar 100% as suas forças?” Nenhum

deles nunca, sequer, questionou-se sobre isso. Do contrário, a maioria

deles está muito orgulhosa da sua ignorância.” Há um tempo atrás, o

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assunto ‘autoconhecimento’ era tido como místico, alternativo, para quem

gostava de ficar filosofando, pensando na vida. A visão era de que

autoconhecimento era “coisa de quem não tem o que fazer”. Hoje, o

maior guru de administração e economia da atualidade está dizendo que o

autoconhecimento é fundamental.

No mundo de hoje já não há mais a figura da autoridade a quem se

deve obedecer sem questionar, seja política, religiosa ou familiar. O

homem é mais livre do que jamais pode imaginar, no entanto, não sabe

lidar com essa liberdade. A oportunidade, talvez a primeira na história, de

se encontrar a auto-realização, está presente em todos os momentos de

nossas vidas, e não está em livros de auto-ajuda ou conselhos de um

grande guru motivador, mas na capacidade de autogerenciamento da

própria vida.

Estamos vivendo o início da era do desenvolvimento pessoal. Agora,

é mais do que necessário conhecer-se bem e escolher um caminho a

seguir. Nunca tivemos tantas oportunidades de encontrar a auto-

realização, o aproveitamento destas chances depende unicamente de cada

um de nós.

Objetivos

“Estabelecer um objetivo é como plantar uma semente. Você a enterra,

depois rega, expõe à luz do sol e fertiliza. Em algum momento do futuro

surge um brotinho. Você dá continuidade ao processo de cuidados, até ter

uma planta robusta e forte com brotos e frutos. Você não planta uma

semente e fica só olhando para a terra, esperando resultados imediatos.”

Chérie Carter-Scott

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A falta de objetivos de longo prazo é o grande responsável por

estados depressivos, sensação de vazio, desperdício de tempo e falta de

motivação. Se a pessoa não sabe porquê faz as coisas, qual o resultado

final, se não tem motivos, a sensação de estar sendo inútil é inevitável. A

sensação de que a vida não tem sentido, a falta de perspectiva a longo

prazo causa depressão e falta de motivação.

Muitas pessoas dizem que não podem planejar a vida porque esta

muda tanto que não cumpririam o planejado de qualquer maneira.

Imagine um viajante. Ele pega o carro, sai de São Paulo sem destino, pois

“acha melhor e mais divertido sair por aí sem rumo”. No fundo, tem uma

vaga idéia de que quer chegar em Fortaleza, mas não sabe muito bem

para onde tem vontade de ir. Sem mapa e sem objetivo, pega a estrada.

Ao longo do caminho, vai parando, conhecendo outras pessoas, fica um

tempo em algumas cidades, passa rapidamente por outras... Em algum

ponto do caminho entre o Rio e Vitória, ele encontra uma pessoa que o

convence a ir a Cuiabá. Depois de passar um tempo nesta cidade, ele

decide partir, outra vez sem rumo. Desta vez, ele acaba em Brasília, após

muitas paradas. De repente, ele se lembra que gostaria de conhecer

Fortaleza e que sua idéia inicial, apesar de vaga, era seguir para essa

cidade. Mas a essas alturas, ele percebe que suas economias acabaram e

que ele terá que voltar para São Paulo, pois já não tem condições de ficar

viajando sem rumo por aí.

A vida de muitas pessoas é como a do viajante sem rumo. Sem um

planejamento, sem um objetivo e suas respectivas metas, o indivíduo

acaba sendo governado pelas circunstâncias e pelas decisões de terceiros.

Aí, é claro que a vida vai mudar bastante, quando não há um controle e

um foco, para onde o vento soprar a pessoa segue. E isso não envolve

somente pessoas sem personalidade ou submissas, desde que não se

saiba para onde está indo, o que o controlará são as forças externas. A

vida segue sempre em frente, e é preciso ter alguém no comando, se na

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sua vida essa pessoa não é você, tome cuidado, tem alguém tomando

decisões em seu lugar!

Entretanto, esse controle não pode ser total, a intenção não pode

ser de controle absoluto, pois não somos oniscientes, não temos

conhecimento das variáveis externas que atuam sobre nós, não podemos

controlar as pessoas ao nosso redor nem as ocorrências do ambiente

externo. Cada dia que vivemos é um território desconhecido, na qual

podemos prever o que “queremos” fazer, mas não podemos ter certeza do

que iremos de fato fazer. Querer controlar o tempo cronologicamente por

exemplo, é ineficaz, pois as circunstâncias externas não vão deixar de

acontecer porque você resolveu organizar-se. Também não podemos

buscar sermos eficientes com as pessoas, não podemos dizer “agora não

posso escutar seus problemas, volte outra hora.” Há quem faça isto, estas

pessoas estão acabando com seus relacionamentos mais preciosos.

Da mesma forma, não podemos escolher baseando-se somente em

uma liberdade individual independente. Não vivemos isolados, o ambiente

influencia nossas decisões. Há pessoas que em nome de uma liberdade

utópica escolhem plantar no outono, o inverno vem e mata suas

sementes, e elas ainda ficam se perguntando o que foi que deu errado.

Todas estas questões serão profundamente analisadas a diante para

que você tenha todo um embasamento ideológico para compreender o

processo de planejamento e gerenciamento de vida como um processo

complexo, integrado e interdependente e não como um conjunto de

técnicas isoladas de efeito imediato, porém inúteis a longo prazo.

O que você encontrará aqui então, transcende a simples

transmissão de técnicas de gerenciamento do tempo e planejamento de

vida. A determinação de um foco, o autoconhecimento, a eliminação de

hábitos negativos e aperfeiçoamento de qualidades como autodisciplina e

organização são também abordadas para que o seu processo de

planejamento de vida não seja somente um maço de papéis esquecido em

alguma gaveta.

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Reflexão

AUTOPERCEPÇÃO

Esse exercício tem o objetivo de identificar o nível de autoconhecimento

prévio ao início do processo de auto-estudo. As respostas à estas

perguntas serão utilizadas em outros exercícios posteriormente. Muitas

vezes nem paramos para pensar em questões como estas e não

percebemos influências negativas provenientes de nosso próprio

comportamento. O mais importante neste exercício é o auto-

questionamento, é forçar-se a pensar nestas questões, por mais difícil que

seja.

1. Quem sou eu? (Qual a imagem que você faz de si mesmo? Imagine-se

como outra pessoa descrevendo você. Que características ela salientaria,

como o descreveria como pessoa, profissional, membro de uma família,

etc.)

2. Como eu acho que os outros me vêem? (essa pergunta é importante

para identificar características como arrogância, insegurança, humildade,

etc. Provavelmente as outras pessoas não o enxergam como você

imagina!)

3. Quais são meus pontos fortes?

4. Quais são meus pontos fracos?

5. Sou o que gostaria de ser? Se não, consigo identificar o porquê?

6. Quais são meus maiores medos?

7. Quais são os valores que norteiam a minha vida?

8. Qual o meu nível de receptividade à mudanças? (Sou uma pessoa

aberta à mudanças ou procuro deixar as coisas sempre do jeito que estão,

pois me sinto mais seguro?)

9. Como é minha relação com minha família?

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10. Como é minha relação com a sociedade? (sou uma pessoa aberta,

sociável, ou tímida, retraída? Evito ou procuro o contato com as pessoas?)

11. Qual o meu nível de satisfação profissional? (gosto do que faço, ou

trabalho só pela necessidade do dinheiro? O trabalho que tenho me

satisfaz totalmente?)

12. Qual o meu nível de satisfação financeira? (ganho o que gostaria ou

imaginava ganhar nesta etapa da vida, ou minha situação financeira é

sempre fruto de insatisfação e preocupação?)

13. Qual o meu nível de satisfação pessoal? (minhas experiências, meus

contatos, minhas conquistas são satisfatórias?)

14. O que constitui um desafio para mim? (o que é um desafio difere de

pessoa para pessoa, o que eu encaro como desafio? Procuro ou evito

desafios em minha vida?)

15. Quais são meus objetivos de vida? (objetivos gerais de longo prazo)

16. Quais são as qualidades que mais admiro em outras pessoas? Quem

são as pessoas que mais admiro e por quê?

17. Quais são os defeitos que mais abomino em outras pessoas? Quais

são as pessoas que não gosto e por quê?

18. Se dinheiro e tempo não fossem problemas para você, o que faria em

sua vida?

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UM BALANÇO PRÉVIO DE SUA VIDA

1. Como está sua vida, suas realizações neste momento atual?

2. Quais são os valores que estão balizando a sua vida neste momento?

3. Qual foi a última ação significativa que você teve?

4. Quais foram os grandes desafios que você superou em sua vida?

5. Que características pessoais foram alavancadas para esse sucesso?

6. Que características, habilidades e qualidades você gostaria de

preservar por toda a vida?

7. Que características você precisa abandonar?

8. Quais são seus objetivos para os próximos 3 anos?

9. Que fatores impulsionam a realização desses objetivos?

10. Que fatores restringem a concretização desses objetivos?

11. Como você pode reduzir a força desses fatores restritivos?

12. Qual o objetivo mais significativo para você nesse momento?

13. Qual o primeiro passo que você deve dar em direção à ele?

14. "Nós somos o resultado de nossas escolhas" ; O que você fez no seu

passado para ser o que é hoje? Você é hoje o que imaginava que seria no

passado?

15. O que você está fazendo hoje para ter o futuro que deseja para você?

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PARTE I

O que é Planejamento Estratégico Pessoal

Quais os fatores que dificultam e quais os que facilitam o sucesso de um planejamento

Quais os primeiros passos – As mudanças interiores necessárias

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1 – PEP

O que é PEP?

O PEP, abreviação para Planejamento Estratégico Pessoal,

apresenta-se como um conjunto de técnicas, conceitos e

ferramentas que visa dinamizar a auto-organização, a

administração do tempo e a busca da realização de objetivos

pessoais e profissionais, através do autoconhecimento e

desenvolvimento pessoal e planejamento.

Planejar a vida estrategicamente não envolve somente a criação de

estratégias para a realização de metas específicas. A simples aplicação de

técnicas isoladas, desvinculadas de um processo de autoconhecimento, ou

com um fim específico, tem se demonstrado ineficaz. As mais recentes

pesquisas na área de comportamento humano concluíram que o processo

de desenvolvimento não ocorre isoladamente, mesmo de uma habilidade

específica. É preciso prestar atenção no todo para que a pequena parte

em questão se desenvolva adequadamente. O simples fato de se estar

mudando uma pequena parte em si mesmo já afeta o todo de alguma

forma. É o equilíbrio natural da vida, se dermos atenção demais a uma

determinada parte em detrimento das outras, o desequilíbrio se fará notar

em algum ponto.

A técnica PEP foi desenvolvida com base em observação e

questionamento quanto à alguns fatos:

A maior parte do material disponível para auxiliar pessoas a

administrarem melhor o seu tempo, planejarem suas vidas, obterem

maior produtividade ou organizarem-se melhor, quando suas

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Planejamento Estratégico Pessoal

técnicas funcionam, “quebram a pessoa em partes”, ou seja, o

trabalho é muito bem administrado, mas as outras dimensões de

sua vida são deixadas de lado. Ou olham para a vida como

“departametada” e organizam a agenda para conseguir “atender” as

demandas de cada uma das partes para que se consiga um

“equilíbrio”, que na verdade acaba sendo uma forma de conseguir

um tempinho na agenda para a família, para o lazer, para a saúde,

sem se descuidar do trabalho. Assim, tem-se a sensação de ser uma

pessoa “preparada” para o mercado do 3º milênio, uma pessoa que

consegue administrar carreira, família e lazer com equilíbrio.

Observando estas pessoas que se intitulam bem-sucedidas e

atualizadas, pude perceber que na verdade, o que elas conseguiram

foi atingir um alto grau de “automação pessoal”, conseguem realizar

várias atividades, delegam com sucesso, muitas trabalham bem em

equipe, realizam alguma atividade física, possuem uma família

equilibrada e conseguem dar alguma atenção à ela. Ou seja,

conseguem ser perfeitos “robôs”, fazendo tudo o que é defendido

em artigos e livros como qualidades e comportamentos desejáveis

em um bom profissional. “Aparentemente” representam o ideal de

profissional a ser seguido, mas no fundo não se sentem felizes, o

tipo de vida que levam não representa qualidade de vida em si.

Muitos profissionais que se enquadram neste perfil relatam que

possuem “tudo o que uma pessoa pode querer”, um bom emprego,

uma família equilibrada, saúde e conseguem dar conta de tudo, ou

seja, são vistos como bem sucedidos, como exemplos. No entanto,

dizem que apesar de tudo sentem um vazio muito grande, não

sentem-se motivados como gostariam. A sensação é de que algo

está faltando em suas vidas.

A motivação, apesar de estar sendo pesquisada há muito tempo,

ainda representa um mistério. A maioria das pessoas não consegue

permanecer motivada por um longo tempo e acabam procurando-na

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Franciane Ulaf

nos “lugares errados”. Valores distorcidos podem fazer a pessoa

acreditar que o que a motiva é algo que somente a faz fugir de uma

realidade da qual ela não gosta, por exemplo. Empresas investem

pesado em programas motivacionais onde palestrantes animados

tentam transmitir “seus motivos” aos funcionários e fazê-los ver a

vida como eles vêem de forma a tornarem-nos motivados. O

resultado é alguns dias de motivação intensa e depois tudo volta ao

normal.

Há pessoas que insistem em definir as próprias “regras de vida” e às

vezes, mesmo sob fracassos seguidos, não percebem que o jogo da

vida possui suas próprias regras e que estas não podem ser

mudadas para satisfazer vontades egoístas.

Estes são os fatos. A técnica PEP então propõe que:

Não adianta organizar-se, administrar muito bem o tempo para

realizar atividades diárias, rotineiras, sem conexão com algo maior,

pois desta forma a pessoa sente-se desmotivada.

A motivação surge justamente quando as atividades realizadas no

dia-a-dia têm um porquê, um significado, estão interligadas com

objetivos de médio e longo prazo.

Para saber o que o motiva, você deve conhecer-se bem e eliminar

as influências externas e valores distorcidos.

Os valores adotados devem passar por um processo de

questionamento visando buscar qualquer incompatibilidade com as

leis naturais da vida - “não adianta querer criar suas próprias leis,

se plantar no inverno, suas sementes morrerão de qualquer jeito”. A

natureza nos ensina que tudo na vida é interdependente e segue leis

que estão fora do nosso limite de controle. Não é possível ser

totalmente independente, vivendo sob regras próprias, quem insiste

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acaba sentindo na prática que a força da natureza é mais forte que

a vontade individual.

Por que você deveria planejar a sua vida?

Algumas pessoas apresentam uma certa resistência quando o

assunto é planejamento de vida. Dizem que isso não dá certo, que suas

vidas estão nas mãos de Deus, que não podem controlar o destino, etc...

Planejar a vida não significa controlar cada passo e viver como um

robozinho autoprogramado. Planejar significa saber onde se está, onde se

quer ir e como chegar lá. Não são poucas as pessoas que passam a vida

reclamando que nunca conseguem o que querem, que seus sonhos nunca

se realizam. São estas mesmas pessoas que adotam uma postura reativa

com relação à vida. Esperam que as soluções para seus problemas caiam

do céu, reclamam da vida e do destino, não raro pedem para terceiros –

sejam santos, parentes, amigos, políticos – resolverem seus problemas e

cruzam os braços. Nada fazem por si mesmas, não tomam atitude alguma

para saírem da situação da qual reclamam tanto, mas que elas próprias

criaram. Nós somos a soma de nossas escolhas. Se o resultado não nos

agrada, devemos nos questionar e descobrir quais foram as ações do

passado que trouxeram esse resultado indesejado, e não reclamar e

colocar a culpa em terceiros ou na má sorte, no destino ou na vontade de

Deus.

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Eis alguns motivos pelas quais você deveria levar à sério a idéia de

planejamento de vida:

Preparação

Nem tudo na vida pode ser feito de uma hora para outra, a maioria

das metas a que nos propomos realizar requerem um tempo de

preparação até que possam ser realizadas. A construção de uma casa, a

compra de um bem, uma viagem longa, grandes mudanças, são alguns

exemplos bem comuns da necessidade de planejamento. O navegador

Amyr Klink passa anos planejando suas viagens. Podemos encarar nossas

metas como uma viagem. Não é possível decidir de um dia para o outro

partir sem antes planejar. Há metas que exigem dedicação durante anos

para que ao final possa ser concretizada.

A não realização de muitos sonhos se deve ao fato de que as

pessoas têm seus objetivos em mente, mas não se preparam para eles,

não tomam atitudes no presente para que no futuro possam realizar seus

sonhos. Para que um jovem consiga passar no vestibular, é preciso meses

de dedicação, onde a cada dia há algo a ser feito para que a meta de

passar seja alcançada, não é possível estudar tudo de um dia para o

outro. Também com nossos objetivos, devemos saber o que fazer a cada

dia ou mês para que no final do prazo estabelecido possamos ver os

sonhos realizados.

Empregabilidade

Os empregos estão acabando, e isso não é novidade. Desde o início

dos anos 80, quando a informática e a robótica começaram a tomar o

lugar das pessoas nas empresas, fala-se em empregabilidade. No início

dos anos 90, as enxurradas de demissões tiveram ainda outro motivo,

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novas técnicas administrativas diziam para enxugar as organizações.

Downsizing e reengenharia viraram moda e a estabilidade no emprego

virou história.

É importante entender que empregabilidade não envolve somente a

capacidade de se manter num emprego, ou de conseguir outro

rapidamente. Essa mentalidade está com os dias contados. Com o

crescente número de profissionais autônomos, freelancers, e a

popularização do teletrabalho, a idéia limitada de “conseguir emprego”

está sendo substituída pela idéia de “ser capaz de realizar”. E “ser capaz

de realizar” não depende de estar formalmente empregado numa

organização. Envolve qualidades como espírito empreendedor, iniciativa,

postura proativa, boa comunicabilidade, inteligência emocional. E o que

isso tem a ver com planejamento? A pessoa que não possui objetivos

definidos, que não possui as qualidades acima, se apega à condição de

empregado. Teme perder o emprego, não consegue vislumbrar a idéia de

trabalho fora de uma organização, da forma como está acostumado. O

nível de empregabilidade então, é medido pela capacidade de se manter e

realizar bons trabalhos estando empregado formalmente ou não, em

qualquer situação.

Um profissional com um alto nível de empregabilidade pensa em

primeiro lugar em seus objetivos pessoais, principalmente os ligados ao

seu desenvolvimento pessoal. Não entra em uma empresa pensando em

fazer carreira, mas em desenvolver suas próprias habilidades fazendo o

melhor possível para a empresa, até que seu objetivo pessoal ali dentro

seja atingido. Diferente de um profissional com baixo nível de

empregabilidade que já entra na empresa com medo de ser demitido, e

pensa em ficar ali até que esse dia chegue. Geralmente está sempre

desmotivado, suas preocupações resumem-se a resolver as urgências do

dia-a-dia, que surgem por negligências passadas (pois no passado não

havia tempo para pensar no futuro), e assim seguem contando os anos

para a aposentadoria. A motivação do profissional com alto nível de

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empregabilidade vem de seus próprios objetivos, ele consegue vislumbrar

o futuro e planeja sua vida em cima daquilo que ele quer para si mesmo.

O outro aciona o mecanismo de defesa chamado “sempre ocupado”, assim

não há tempo para pensar no futuro, pois se parasse durante alguns

segundos para refletir sobre o próprio destino, o que surgiria seria o medo

de um futuro incerto.

Desenvolvimento Pessoal

De que adianta desenvolver a habilidade de fazer cálculos integrais

se você é um artista plástico? Muitas vezes para realizar nossos objetivos,

precisamos desenvolver algumas habilidades necessárias. Demóstenes, o

famoso orador grego, era gago e passou muitos anos isolado da civilização

desenvolvendo a oratória e vencendo a gagueira. Desenvolver habilidades

específicas só porque parecem interessantes ou porque são

“características desejáveis” em profissionais, tornam-se inúteis se não

estiverem ligadas aos seus objetivos.

O conhecimento em planejamento também é útil para desenvolver

as habilidades em si. Determinar “quero desenvolver a oratória” é muito

vago. Como você vai fazer isso? Que recursos vai utilizar? Quanto tempo

vai demorar? As respostas envolvem planejamento e dão vida ao objetivo.

Este deixa de ser “um sonho” e passa a ser algo que será realizado em

um período de tempo determinado. A visualização do caminho a seguir

através do planejamento elimina a “aura de sonho” envolta em muitos

objetivos que deixam de ser realizados, pois a pessoa não sabe o que

fazer para chegar lá.

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Autoconhecimento

Este, na verdade, é um pré-requisito para um bom processo de

planejamento pessoal. Só se pode planejar quando se sabe exatamente

onde se quer chegar e esse conhecimento, sem uma percepção clara de si

mesmo torna-se ilusório, não reflete a realidade e a longo prazo causa

depressão e desmotivação, pois as metas, sendo ilusórias, não são

realizadas. À medida que a pessoa busca um melhor gerenciamento de

seus recursos básicos, é natural que aumente também o seu nível de

autoconhecimento. Gerenciar somente através de técnicas, como já foi

dito, não surte efeito a longo prazo, é preciso conhecer-se, saber para

onde se quer ir e como chegar lá. O autoconhecimento acaba sendo

desenvolvido à medida que se adquire o hábito de planejar, organizar e

administrar o tempo.

Realização de metas

Como já foi dito, um dos maiores causadores de estados depressivos

é a falta de objetivos de longo prazo e a não realização das metas, que

sem um planejamento acabam não passando de sonhos. Planejar a sua

vida significa traduzir seus sonhos para uma linguagem realista e

compreensível. Não é possível realizá-los enquanto forem apenas sonhos,

idéias vagas.

Diminuição do estresse

O estresse surge da falta de planejamento e da má administração do

tempo. Há uma preocupação desproporcional com as coisas que vão

surgindo inesperadamente, e nem sempre são importantes, ou trarão

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algum resultado no futuro, e uma negligência, às vezes sem intenção

consciente, para com as coisas que realmente importam na vida. Aos

poucos, uma boa administração do tempo leva a pessoa a se organizar,

compreender a vida e as pessoas e priorizar o que é de fato importante de

tal forma que o estresse negativo acaba sendo uma simples lembrança de

uma época tumultuada.

Mas administrar o tempo somente através de técnicas e planilhas

acaba piorando as coisas, montar uma agenda com dezenas de

compromissos e atividades cronometradas causa mais estresse do que o

esquecimento do um compromisso ou outro devido à falta da agenda.

Qualidade de Vida

Assim como a diminuição do estresse é uma conseqüência natural

proveniente de uma vida mais refletida, equilibrada, organizada, a

qualidade de vida é priorizada e aumenta consideravelmente.

O aumento da qualidade de vida é o objetivo desta abordagem de

planejamento pessoal. Toda a teoria e técnicas propostas aqui têm como

compromisso maior o bem estar de quem as aplica, ao contrário de

muitas teorias da área que tentam transformar as pessoas em robozinhos

autoprogramados.

Auto-estima

A concretização das metas propostas, naturalmente aumenta a auto-

estima, pois o indivíduo percebe que é capaz de realizar o que se propõe.

Com a auto-estima, a autoconfiança também aumenta e

conseqüentemente cresce a capacidade de realizar metas cada vez mais

complexas.

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2 – O que facilita e o que dificulta o sucesso de um PEP

COMPORTAMENTOS QUE FACILITAM O SUCESSO DE UM PEP

Comprometimento com o planejado

Definir objetivos, planejar metas e elaborar estratégias pelo simples

gosto e prazer de planejar, para alívio de consciência ou para satisfazer

terceiros pouco adianta, pois não há o fator comprometimento. Há

pessoas que adoram planejar, mas não possuem responsabilidade para

com o planejado. Esquecem-no pouco tempo depois de o terem feito. Um

exemplo muito comum é o planejamento de ano novo. Faz-se promessas,

define-se metas ousadas, que uma semana depois são esquecidas e

renovadas no próximo 1º de Janeiro.

Auto-estima e Autoconfiança

Sem essas duas características, é possível que a pessoa não

acredite que possa realizar o que planejou, que não confie em si mesma o

suficiente para enfrentar os desafios do caminho. Ambas aumentam à

medida que as metas vão sendo cumpridas, mas uma pessoa que não

possua previamente um nível básico de auto-estima e autoconfiança

dificilmente conseguirá começar a executar um planejamento.

Desapego

O apego a idéias, pessoas, instituições pode ser tão nocivo que a

ponto de ser capaz de prejudicar a concretização de suas metas. Não me

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refiro a um desapego total, a eliminação de vínculos, à vida solitária.

Refiro-me àquele apego patológico, sem razão de ser, que impede que

você siga em frente. Esse apego pode ser o ciúme de um cônjuge, que

impede que você se afaste muito ou faz com que você perca muita

energia controlando-o. Pode ser o apego a uma ideologia sectarista e

limitadora, seja religiosa, mística, filosófica, política. O desapego é a

capacidade de colocar de uma forma ética as suas metas em primeiro

lugar e racionalmente eliminar ou não se apegar ao o que estiver

impedindo.

Auto-organização

É uma condição básica para que se consiga planejar e executar,

cumprindo prazos e seguindo os caminhos traçados. A falta de

organização causa entropia e acaba desmotivando, pois a confusão é

tanta, que a pessoa acaba se perdendo e não conseguindo realizar o que

planejou.

A auto-organização é muito mais do que a simples organização

física. Este tema será analisado em outro capítulo, explicando que a

organização ainda se divide, além do nível físico, em psicológica e mental,

e que desorganização nestes dois níveis pode atrapalhar um planejamento

muito mais que o nível físico.

Postura Proativa

Ter uma postura proativa é muito mais do que simplesmente ter

iniciativa, como muitos pensam. Significa romper com o determinismo e

aceitar a responsabilidade sobre a própria vida, sobre os erros e acertos.

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Esse tema será analisado mais adiante, quando tratarmos dos passos

necessários para que um planejamento seja bem sucedido.

Flexibilidade

Achar que podemos seguir planos exatamente como imaginamos

sem nunca realizar uma mudança, sem nunca questionar o planejamento

já elaborado pode impedir que ele seja realizado. A flexibilidade facilita a

concretização das metas na medida em que permite que, sem dramas,

sejam feitas alterações no plano, ou até mesmo ele seja eliminado ou

adiado, devido às circunstâncias. Estabelecer datas é importante, mas é

fundamental não prender-se a elas caso seja necessário modificá-las.

COMPORTAMENTOS QUE DIFICULTAM O SUCESSO DE UM PEP

Perfeccionismo

“São muitas as pessoas que, por alguma razão planejam, planejam,

planejam por anos e nunca partem. Com as mais curiosas explicações: ou

procurando aperfeiçoar cada vez mais um plano, uma viagem, ou

aguardando o momento apropriado. Certamente, as âncoras imaginárias

acabam prendendo muita gente, e isso faz com que seus projetos nunca

sejam realizados.”

Amyr Klink

Se há um defeito que pode boicotar o melhor planejamento é o

perfeccionismo.

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Em primeiro lugar, é preciso definir e situar o perfeccionismo. O

perfeccionismo em si é uma doença, patologia, muitas vezes ligada à

arrogância e ao medo de errar. Então tudo deve ser perfeito, não admite-

se erro, mudança. O perfeccionista geralmente defende sua posição

analisando somente o binômio perfeição-displicência. Para ele não existe

meio termo, ou se é perfeito em tudo o que se faz, ou se é totalmente

displicente, negligente e despreocupado. A questão não é nem o meio

termo, é a situação saudável e equilibrada, que é o detalhismo. Neste

caso, não se é displicente, mas também não há a doentia preocupação em

não errar. O perfeccionista está mais preocupado em manter as

aparências, em se mostrar superior do que com o resultado em si. O

detalhista analisa a fundo todas as variáveis e procura diminuir ao

máximo as possibilidades de falhas, mas não entra em processo de

autoculpa caso algo não saia como planejado.

Outro aspecto negativo legado ao perfeccionismo é a

procrastinação. Milhares de desculpas e explicações lógicas são criadas

para adiar algo que já está pronto para começar. O que acaba

acontecendo é que os planos nunca saem da gaveta. Ou quando saem, já

passou a sua hora de ser executado. A oportunidade já se foi.

O perfeccionista jamais admitirá que sua verdadeira preocupação é

com a opinião alheia, há um medo inconsciente de que suas falhas sejam

expostas, de que “descubram” que ele é tão normal quanto qualquer ser

humano. Portanto, a solução para trabalhar com esse defeito é analisar e

questionar a sua relação com a opinião alheia. Essa é uma tarefa difícil

porque caso você seja muito perfeccionista, além de considerar isto uma

qualidade, você dificilmente admitirá que seu problema é a falta de

autoconfiança. Entretanto, se você realmente deseja ser bem sucedido em

seus planejamentos considere a possibilidade de ser detalhista, e

principalmente, de descer do pedestal de ser superior e perfeito.

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Imediatismo: O inimigo número 1 das realizações

Pode-se dizer que o imediatismo é o inimigo número 1 do sucesso,

da felicidade e da realização de seus objetivos. O consultor americano

Stephen Covey define felicidade como sendo o fruto da habilidade e do

desejo de sacrificar o que queremos agora em função do que queremos

futuramente. Se você não for capaz de fazer isto, é porque não se sente

feliz. Pode parecer estranho a primeira vista, mas se você refletir um

pouco, também chegará a esta conclusão.

A pessoa imediatista precisa satisfazer seus desejos como um vício,

se quer viajar tem que ser hoje, se quer tomar um sorvete, tem que ser

agora, se não tem dinheiro para comprar um carro no momento, nem

sequer pensa em planejar a compra de um. A única realidade do

imediatista é o presente, mesmo que a utilização de certos recursos ou

algumas ações se apresentem explicitamente como prejudiciais no futuro.

A pessoa imediatista ignora este fato e segue em frente, só pensando em

realizar seus desejos imediatos. Age desta forma porque não possui

objetivos nem de médio, nem de longo prazo, não sabe o que fará da vida

no próximo mês, quanto mais no próximo ano. Essa condição torna o

imediatismo um vício, pois para que a pessoa não caia na real e se dê

conta de que sua vida é vazia, ela precisa constantemente ser estimulada

por novidades, emoções fortes, realização imediata das vontades, quando

isto não é possível, a pessoa sente-se mal, incapaz, ou culpa alguém ou

uma condição externa pela não realização de seus desejos.

Por outro lado, quando a pessoa é capaz de abdicar da realização

imediata de seus desejos, quando entende que poderá ter repercussões

negativas no futuro, é porque sente-se tranqüila quanto aos seus

objetivos. Sabe que se realizar uma vontade do momento, no futuro não

poderá realizar seu objetivo e abre mão de seu desejo imediato sem

autoculpa. Por exemplo, se eu estou planejando comprar um carro no

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próximo ano e para isto preciso economizar mensalmente uma certa

quantia, sei que não poderei comprar tudo o que tiver vontade neste

período. Uma pessoa imediatista não respeita esse objetivo, gasta o

dinheiro e conseqüentemente não sobrará nada para comprar o carro, isso

trará uma sensação de infelicidade. Ao passo que uma pessoa que abre

mão de pequenas coisas durante um período e chega a comprar o carro,

sentirá a satisfação de ter conseguido cumprir um objetivo traçado, essa

sensação dá a motivação necessária para estabelecer outros objetivos

futuros. Esse comportamento gera a sensação de felicidade.

Falta de Objetividade

Quando tratarmos da definição de metas essa questão ficará mais

clara. Há pessoas que planejam ilusões, sonhos, sem objetividade alguma.

Definir como meta, por exemplo, “ser feliz” é o cúmulo da falta de

objetividade. Ninguém faz nada contra a própria felicidade de caso

pensado, portanto “ser feliz” não é uma meta.

É fácil identificar uma pessoa que não possui objetivos claros de

vida. Basta perguntar-lhe quais são seus planos para o futuro. Excluindo

os que não têm idéia alguma, que alegam serem guiados pelo destino, ou

que simplesmente dizem que fazer planos não dá certo; encontramos os

que se utilizam da generalização para referir-se aos seus planos e da

abstrata idéia de futuro. São os eternos sonhadores, romantizam seu

destino, imaginando o melhor dos mundos, mas não conseguem enxergar

o futuro com clareza. Com freqüência dizem “um dia chegarei lá”; “quero

ser um vencedor”, “um dia realizarei meus sonhos”; “um dia ainda

fazer/terei/conquistarei isto”; “no futuro pretendo fazer tal coisa”; “meu

sonho é ter/fazer/ser qualquer coisa”; “quando tiver tempo, vou fazer

isto”... E não é raro encontrar pessoas que se consideram determinadas,

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com objetivos, que dizem saber onde querem chegar, mas na realidade

não conseguem conceber a idéia de futuro.

Nada é mais falso e enganoso, até perigoso, do que um futuro vago.

Quem diz que um dia fará tal coisa, provavelmente nunca fará, não por

falta de vontade de realizar, mas por não enxergar o futuro com clareza.

Não há nada mais vago do que a expressão “no futuro...”, pois sem a

determinação de tempo, sem o “quando”, o futuro dura para sempre e

nunca acontece.

Na maioria das vezes, esse comportamento serve como mecanismos

de defesa contra defeitos como falta de objetividade, falta de perspectiva,

desorganização e o terrível desconhecimento quanto aos próprios

objetivos reais.

Grande parte das pessoas tem medo de não ter objetivos, temem

tornar-se pessoas sem perspectiva, sem destino certo. No entanto, não

percebem que já se tornaram, seguem a trilha da vida “empurrando com

a barriga”, pisando somente no terreno conhecido por onde outros já

passaram. Numa tentativa inconsciente e desesperada de esconder a

verdade de si mesmas, criam “sonhos”, objetivos fantasiosos, às vezes

até realizáveis, mas como possuem aquela “aura mágica”, utópica dos

sonhos, permanecem nos planos do futuro eternamente.

“Não há caminho certo para quem não sabe aonde vai”, diz o ditado.

Sonhos por si só são vagos, irreais. Se você um dia pretende realizá-los,

coloque os pés no chão, defina bem o que quer da vida e comece a

planificar seus objetivos; só assim sua aparência utópica passará a ser

vista com clareza e objetividade. A organização é fundamental. Colocar

tudo no papel é a garantia de que você não vai se perder em meio à

fantasias novamente. Após definir qual o seu norte, para onde você quer

ir, trace o caminho, a estratégia para chegar lá.

Esse procedimento fará com que você, se é o seu caso, saia do

grupo dos eternos sonhadores que vêem o futuro como uma miragem no

deserto, e passe ao grupo dos que sabem o que querem da vida e

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enxergam o futuro como um lugar definido que pode ser alcançado de

forma clara e objetiva.

Esse processo de definição de metas claras e estratégias para atingi-

las será explicado a diante.

Desorganização

Você pode elaborar um planejamento perfeito, claro, objetivo,

detalhado, no entanto se for uma pessoa desorganizada corre o risco de

perder-se no meio do caminho ou nem sequer começar a execução do

plano. Pessoas desorganizadas acabam tendo que se preocupar tanto com

a entropia que provocam (esquecem compromissos, perdem papéis

importantes, demoram na execução de tarefas simples), que passam a

maior parte do dia consertando os erros de ontem, ao mesmo tempo em

que vão cometendo outros erros hoje para consertar amanhã.

Postura Reativa

O contrário da postura proativa. O indivíduo reativo espera que o

mundo resolva seus problemas, que seus sonhos se realizem como um

passe de mágica, culpa terceiros ou condições externas por suas falhas e

omissões e não assume a responsabilidade por suas escolhas. Este quadro

parece realmente muito pessimista, retratando um indivíduo covarde, sem

iniciativa, irresponsável. Aposto que muitos sujeitos reativos, lendo este

parágrafo, não se identificariam. Aliás, esta é uma característica desta

postura. Quem é reativo não assume a responsabilidade por nada, nem

por sua condição. Ainda são capazes de identificar outras pessoas que

possuem essas características sem perceberem que eles mesmos são

assim. Este é um dos defeitos mais difíceis de serem trabalhados

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justamente por esse motivo. Uma pessoa desorganizada sabe de seu

problema e deseja organizar-se, uma pessoa com baixa auto-estima

também identifica o problema, mas uma pessoa reativa, assim como

alguns perfeccionistas não conseguem perceber seu próprio defeito, assim

tornando o processo de mudança muito mais penoso e lento.

Acomodação

A acomodação geralmente é uma conseqüência da falta de

objetivos. Perde-se a vontade da agir, pois não vislumbra-se nenhuma

recompensa pelo esforço.

O psiquiatra vienense Viktor Frankl identificou como acomodadas as

pessoas que perderam o sentido da vida, sentindo-se inúteis e sem poder

de escolha frente à um destino incontrolável. O dr. Frankl foi um judeu

sobrevivente da 2º guerra, que viu toda a sua família morrer nas mãos

dos nazistas e viveu durante anos em campos de concentração. Mesmo

tendo passado pelos horrores da guerra, ele conseguia manter sua mente

isenta de influências e observar o desenrolar de sua própria história,

imaginando para si um futuro que mais tarde veio a se tornar realidade,

ao final da guerra quando tornou-se professor e escritor. Apesar da

humilhação e das condições subumanas vividas pelos prisioneiros de

guerra, Frankl concluiu que mesmo nas condições mais desumanas é

possível ter uma vida com finalidade e sentido. Ele transmitia essa

mensagem aos seus companheiros que se acomodavam com sua situação

e ficavam à espera da morte. “Se um prisioneiro não lutasse contra essa

destruição espiritual com um esforço determinado de preservar seu amor

próprio, perdia a noção de individualidade, de constituir um ser pensante

com liberdade interior e com valor pessoal. Sua existência se degradava

ao nível da vida animal, lançando-o em uma depressão tão profunda que

ele se tornava incapaz de agir.” Viktor Frankl, apesar de tudo o que

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passou conseguiu superar o que de pior pode acontecer a um ser humano

e ainda ajudar muitos outros a encontrarem um sentido para a vida.

Apesar disso, podemos observar milhões de pessoas acomodadas e sem

vontade de viver por motivos tão insignificantes comparados aos horrores

da guerra como pequenas brigas amorosas, desavenças familiares ou até

mesmo a situação econômica do país, o desempenho do futebol, o mau

tempo,... Há pessoas que se acomodam ao se depararem com o menor

obstáculo, desistem de seguir em frente, acabam por perder o sentido da

vida.

Auto-sabotagem

Nós mesmos possuímos mecanismos internos para sabotar nossos

próprios planos, abaixo estão algumas das mais comuns desculpas que

damos à nós mesmos para não cumprir uma meta, cada uma delas é uma

barreira que nós mesmos levantamos para derrotar nossos esforços:

- Não vou conseguir, não sou tão bom

É a dúvida quanto à própria capacidade. É claro que se a meta

envolve algo da qual você não domina, não sabe fazer essa é uma dúvida

normal. No entanto, acabamos duvidando da nossa capacidade

justamente nas coisas que mais sabemos fazer. Quando há algo muito

importante ou valioso em risco, temos medo da responsabilidade de

assumir o erro e colocamos a culpa na capacidade. Por isso o

autoconhecimento é tão importante, quando você conhece bem sua

capacidade, não há margem de dúvida, não há espaço para fingir que

você “não é tão bom quanto parece.”

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- Tenho medo de falhar

O perfeccionismo é o grande vilão da auto-sabotagem, pelo medo de

errar deixamos de agir. Os grandes sucessos da história são marcados por

tentativas de acerto que incluem fracassos. Thomas Edison e Abraham

Lincoln são bons exemplos. Se tivessem medo de errar, nunca teriam

chegado aonde chegaram. Os fracassos podem, muitas vezes servir de

aprendizado. Há um ditado que diz que tudo o que lhe acontece na vida é

para o seu próprio bem, veja sempre as suas experiências com bons olhos

e procure aprender com elas.

- Não me sinto seguro

Mudar nem sempre é fácil. Quando estabelecemos uma meta, às

vezes temos que adotar novas posturas, explorar novos terrenos, viver

novas experiências, e isso gera insegurança. No entanto, o que menos

temos na vida é segurança. Hoje, você pode ter uma boa casa, uma

família, um emprego, um carro, mas tudo isso é efêmero, você sente

segurança nisso, mas esteja certo de que a vida pode lhe tirar tudo isso a

qualquer momento sem aviso prévio. Estar consciente deste fato é bom

para nos desligarmos da necessidade de nos sentirmos seguros e

abrirmos mão de metas ousadas em nome desta segurança.

Um analista financeiro, funcionário de um grande banco, enfrentava

o dilema de ter que sustentar a família ao preço de executar um trabalho

que ele não gostava, conviver com pessoas das quais ele não simpatizava

e receber um salário muito inferior à sua formação acadêmica e

capacidade. A segurança deste emprego o impediu durante muitos anos

de tentar algo melhor. A imensa insatisfação no entanto venceu a

insegurança e ele pediu demissão. Depois de 8 meses de procura, ele

conseguiu finalmente um emprego que se encaixasse em seus requisitos.

Um cargo melhor, um ambiente menos hostil e mais agradável, um

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Franciane Ulaf

salário maior, um chefe menos autoritário. Logo que assumiu o novo

emprego, soube através de amigos que o banco havia passado por

processo de reengenharia e que muitos funcionários foram demitidos e

cargos foram eliminados, inclusive a sua antiga função. Se ele tivesse se

agarrado à segurança do emprego que tinha, hoje estaria desempregado.

Nada na vida é seguro, tudo pode mudar de uma hora para outra. Não

deixe de tomar uma decisão ousada e enfrentar o desconhecido por

causa da aparente segurança do que você já conhece. Faça as mudanças

que você quer antes que a vida o obrigue a mudar coisas que você não

quer.

- Não tenho tempo suficiente

Essa é a campeã das desculpas para você não fazer o que sabe que

tem que fazer. O grande problema da “falta de tempo” é a dificuldade em

priorizar o que é mais importante. A má priorização leva à

desorganização, então você só faz as coisas que vão aparecendo, as

coisas urgentes, que já estão explodindo ou que já explodiram. O

resultado é que você está sempre ocupado com essas coisas urgentes e

não sobra tempo para mais nada. A síndrome da urgência gera um ciclo

vicioso, pois enquanto você está preocupado apagando os incêndios, as

coisas que ainda estavam em tempo de serem resolvidas “antes da

explosão”, são deixadas para depois até que se inicie um novo incêndio.

Essa questão será aprofundada quando falarmos da administração do

tempo.

- Não tenho as habilidades necessárias

Talvez sua meta exija algo que seja difícil para você como liderança,

iniciativa, comunicabilidade, negociação. Nada melhor que uma

oportunidade para desenvolvermos nossas habilidades precárias na

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prática. Muitas pessoas definem habilidades a serem desenvolvidas no

papel, mas fogem de qualquer situação que as teste na prática. A não ser

que seja algo que não seja do seu interesse ou que você realmente veja

que não é possível o desenvolvimento, não diga que não tem as

habilidades necessárias, e sim que esta é uma ótima oportunidade para

você aprender e se desenvolver.

Algo a ser levado em conta porém, é a aptidão. Se você sente que

não tem talento para determinada coisa e não tem vontade de

desenvolver, não imponha a si mesmo um desafio da qual você não sente-

se motivado a realizar. Não precisamos desenvolver todas as habilidades

humanas, não temos que encarar como desafio tudo o que aparece a

nossa frente, mas apenas o que é do nosso interesse.

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3 – Quais são os primeiros passos?

Antes de pensar em planejar alguma coisa, algumas mudanças

interiores são necessárias para que este processo não seja apenas mais

uma tentativa de aplicação de técnicas isoladas que acabam não surtindo

efeito.

3.1 Mudança de Paradigma

“O que somos comunica com muito mais eloqüência do que fazemos

ou o que dizemos. Nós todos sabemos disso. Existem pessoas em quem

cofiamos de forma absoluta, pois conhecemos seu caráter. Não importa se

são eloqüentes ou se conhecem as técnicas de comunicação ou não.

Confiamos nelas e trabalhamos com elas de modo proveitoso”.

Stephen Covey

“O que você é ecoa em meus ouvidos com tanta força que não consigo

ouvir o que diz”. Ralph Waldo Emerson

Não enxergamos o mundo como ele realmente é. O que vemos é o

resultado da interpretação que nosso próprio mundo interior faz dos

estímulos, informações e percepções que recebe do mundo exterior.

Enxergamos através de uma lente que deforma a realidade de acordo com

sua própria conveniência, sejam valores, condicionamentos, cultura,

tradições, hábitos e informações adquiridas ao longo da vida. Através

desta lente, formamos os mapas que seguimos. Esses mapas nos dizem

como é a realidade. Mas mapas não são o território, são apenas

interpretações, e não raro, estas interpretações estão equivocadas.

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Quando nos deixamos guiar pelas lentes para interpretar a realidade, não

podemos esperar obter um retrato fiel.

O território existe independente de existirem mapas e essa é a

primeira percepção que temos que mudar e aceitar se quisermos agir com

o mínimo de influências errôneas provenientes de mapas poluídos por

ruídos e deformados por preconceitos e idéias cristalizadas. No entanto, é

natural do ser humano “interpretar as coisas” e isso dificilmente pode ser

mudado. Observar imparcialmente sem julgar ou tirar conclusões com

base nos “próprios mapas” é quase impossível, e também não é

desejável, pois a pessoa que adota essa postura acaba tornando-se

passiva, recebe informações e estímulos e não é capaz de formar a

própria idéia sobre o assunto. O objetivo aqui não é atingir um estado de

imparcialidade, conseguir observar sem julgar, mas aprender a questionar

nossas percepções de forma que possamos evitar as influências mais

negativas provenientes de nossas lentes, que às vezes se manifestam

através de preconceitos, idéias fixas, valores extremados, objetivos

irreais, etc. Fatos são fatos, não são passíveis de mudarem de acordo com

a conveniência, ponto de vista ou vontade de alguém. O território é

constituído por fatos, você pode no máximo adotar uma posição em

relação à esse fato baseado no seu raciocínio, valores, crenças, etc.

Nossos comportamentos, atitudes e hábitos externos refletem a

percepção que nossas próprias lentes têm da realidade. Tentar mudá-los

sem analisar essas percepções é como usar uma maquiagem, a mudança

é apenas externa e pouco duradoura. Utilizar técnicas de

condicionamentos, baseadas na repetição, ou na adoção de novas

posturas na intenção de tornar-se bem-sucedido em determinada área é

tão inútil quando tentar modificar a aparência à longo prazo com a

utilização de recursos de maquiagem. O paradigma que deve ser

modificado é justamente esse, de que as coisas podem mudar

rapidamente, de que a solução é a utilização de técnicas milagrosas, de

efeito rápido e duradouro. O pesquisador norte-americano Stephen Covey

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realizou uma pesquisa sobre desenvolvimento pessoal e sucesso que

abrangeu 200 anos de literatura na área. A conclusão a que ele chegou foi

de que os estudos sobre sucesso e desenvolvimento pessoal podem ser

divididos em “ética da personalidade” e “ética do caráter”. A ética do

caráter ensina que “existem princípios básicos para uma vida proveitosa, e

que as pessoas só podem conquistar o verdadeiro sucesso e a felicidade

duradoura quando aprendem a integrar estes princípios a seu caráter

básico.” A ética da personalidade se baseia em soluções rápidas para

problemas complexos. O sucesso tornou-se uma decorrência da

personalidade, da imagem pública, atitudes e comportamentos,

habilidades e técnicas que lubrificam o processo de interação humana. Ou

seja, a ética da personalidade diz que o ser humano vale por aquilo que

pode apresentar exteriormente, o quanto consegue convencer terceiros de

suas idéias, o quanto consegue ser carismático, adorado por todos, o

quando consegue apresentar de status exterior, enquanto a ética do

caráter valoriza o que o ser humano é por dentro, independente de

quanto sucesso possa apresentar “por fora”. A ética da personalidade

“encanta” por oferecer soluções rápidas e fáceis para problemas

complexos, de desenvolvimento ou resolução que demandariam longo

tempo e esforço. As referências ao caráter passam a ter um efeito

ilustrativo, “demonstre ter caráter para adquirir credibilidade”. Essa

abordagem tem ocupado um lugar de destaque na literatura de

desenvolvimento pessoal desde a 2º metade do século XX. E apesar das

tentativas claramente manipuladoras e enganosas de se obter sucesso,

que são facilmente identificadas e evitadas por quem percebe o engodo,

há ainda uma face da ética da personalidade infiltrada em nossa cultura,

em nosso modo de pensar e agir. Um pai, por exemplo, que tenta impor

seus valores ao filho e não respeita sua própria individualidade está

agindo de acordo com a ética da personalidade e não do caráter – é mais

importante que seu filho seja bem sucedido aos olhos da sociedade do que

feliz interiormente. Essa visão, por mais que não seja explicitamente

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aceita, é o que ocorre com a maioria das famílias. Inconsciemente, as

pessoas internalizaram os conceitos da ética da personalidade e vivem sob

esse paradigma. A interpretação que fazem do mundo tem como base

valores externos, os valores tidos como “corretos”, esses valores somente

mapeiam o território. A ética do caráter procura “perceber” o território e

adequar princípios e valores de acordo com a realidade. Viver segundo

esse paradigma não é “tão fácil” quanto viver segundo a ética da

personalidade, no entanto, a longo prazo, a auto-realização, os inter-

relacionamentos, a motivação constante justificam o esforço e tempo

empenhado em realizar os objetivos baseados em princípios reais e não

ilusórios.

A proposta de planejamento pessoal descrita aqui, pretende

portanto, conciliar o processo de planejamento, administração do tempo,

autoconhecimento e autodesenvolvimento com a ética do caráter,

mapeando o território da forma mais precisa possível, sem soluções

“rápidas e infalíveis”, mas processos contínuos, que exigirão dedicação e

mudanças profundas.

A percepção correta da realidade não é tão difícil de ser encontrada.

A maioria de nós consegue enxergá-la, mas devido aos ruídos, às

influências das lentes que usamos, preferimos ver a realidade da forma

que nos for mais conveniente. Da mesma forma que para plantar,

precisamos observar as estações e condições ambientais, apesar da

possibilidade de desrespeitar essas variáveis. “Teoricamente”, podemos

tomar a decisão que quisermos, temos autonomia para isto, quem vai

reclamar se plantarmos no inverno? Essa é a visão da ética da

personalidade, “faça o que você quiser, independente da vontade de

terceiros”. A ética da personalidade é cega para os fatores ambientais e

princípios que guiam a vida humana. O frio é capaz de destruir as

sementes plantadas, e uma pessoa com o foco na ética da personalidade

pode encontrar todas as desculpas, menos a óbvia para justificar o

fracasso. Os inter-relacionamentos vistos sob esta ótica, são encarados

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como “utilidades”. Os contatos são necessários para subir na carreira,

conseguir um “favorzinho”, obter maior status. O sucesso é medido

através de posses, posição social, profissional e reputação familiar. A

felicidade é algo utópico, eternamente perseguido pelos adeptos desta

ética.

Uma mudança de paradigma só ocorre quando há humildade e

compreensão suficiente para admitir que a percepção que se tem da

realidade pode estar errada. Há pessoas que por natureza já adotam a

ética do caráter como filosofia de vida, outras estão tão inseridas na ética

da personalidade que nem sequer percebem que precisam mudar. A

reação a um texto como esse é de que é mais uma “baboseira de auto-

ajuda” que não traz resultados. Não há humildade alguma, só a

arrogância se manifesta. Esses resultados, procurados por estas pessoas,

são imediatos, se algo não se mostra eficiente de forma rápida e

facilmente compreensível, então é descartado. Não é à toa que são estas

mesmas pessoas que lotam os consultórios de terapeutas em busca de

uma solução para sua depressão, falta de motivação, falta de perspectiva

de vida, insatisfação geral com tudo, família, amigos, trabalho... O que

encontram são remédios de efeito de curto prazo, ou terapias que se

estendem por anos, sem se mostrarem eficientes, mesmo após longos

períodos de tempo. Por outro lado, vemos pessoas que baseiam suas

vidas na ética do caráter e sempre procuram agregar conhecimento às

suas vidas, não reagindo a idéias como esta, mas procurando

compreender ainda mais e aplica-las em suas vidas. Também não é à toa

que estas pessoas estão sempre motivadas, têm relacionamentos sólidos

e desinteressados, pensam nos resultados a longo prazo antes da

satisfação imediata.

A compreensão necessária é o entendimento de que nem todos

precisam ver as coisas da mesma forma. A idéia contrária leva aos

preconceitos. “Se alguém não pensa como eu, então esse alguém tem

algum problema e não deve ser levado à sério”. Quanto mais

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compreendermos o mundo e as pessoas à nossa volta, mais condições

teremos de interpretar de forma correta a realidade. Como isso nem

sempre é possível, (às vezes as informações de que dispomos não são

suficientes para analisar corretamente a situação) o ideal é adotar uma

postura o mais imparcial possível, procurando ver as situações com

isenção, mantendo em mente que cada julgamento que aparecer em seu

quadro mental é proveniente das lentes que estão filtrando as percepções

e emitindo seu parecer de acordo com a bagagem de informações

existentes, os valores, crenças, cultura, etc. Você tem o direito de formar

a sua opinião sobre as coisas, até deve fazer isto, mas também tem que

estar consciente de que é apenas a sua opinião, a sua percepção dos

fatos. Estar consciente desta influência já é um grande passo, pois no

momento em que um preconceito ou um julgamento surgir, você saberá

que ele não condiz com a realidade, mas à sua percepção pessoal da

situação.

O objetivo desta mudança de paradigma é passar a viver segundo

os próprios princípios naturais que regem a vida humana. Estes princípios,

que serão aprofundados adiante, existem independente de fronteiras

físicas, culturais, filosofia, religião, ideologia. Não são novidade, nem

foram criados por alguém. Nas palavras de Stephen Covey: “Os princípios

não são valores. Os princípios são o território. Os valores são os mapas.

Quando valorizamos os princípios corretos, temos a verdade – o

conhecimento das coisas como elas são”.

Você pode estar se perguntando, e o que tudo isso tem a ver com

planejamento pessoal? Bem, se você planejar suas metas em direção a

objetivos que contrariam os princípios naturais, os objetivos fundamentais

humanos que são a busca da felicidade e auto-realização não serão

atingidos. Há um consenso em torno destes dois objetivos magnos.

Obviamente ninguém faz nada de caso pensado para a própria

infelicidade. Apesar de este ser muitas vezes o resultado atingido, a

intenção era buscar satisfação, bem-estar, realização. O porquê da não

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realização destes objetivos está na priorização das coisas erradas,

baseadas em princípios não naturais. Apoiar a escada na parede errada

levará ao fracasso apesar das “intenções serem boas”.

O processo de mudança de paradigma exige tempo, mudança de

hábitos, atenção e percepção quanto às próprias reações, idéias,

preconceitos, atitudes e intenções. Não é uma tarefa fácil e às vezes

chega a ser incômoda, irritante. É muito difícil admitir os próprios erros de

julgamento, preconceitos, más intenções. O mais comum durante esse

processo, é surgirem diversos mecanismos de defesa do ego para

justificarem cada posição apontada “pela consciência” como equivocada.

Mais uma vez, sem a humildade e compreensão, dificilmente velhos

conceitos arraigados no comportamento do dia-a-dia poderão ser

questionados. Como uma pessoa extremamente egoísta conseguirá

questionar seu egoísmo sem essas duas posturas? Provavelmente, tentará

justificar para si mesma o fato de ser egoísta e acabará acreditando que

na “verdade este não é um defeito tão grave”, afinal todos são assim. Ou

tentará se convencer de que precisa ser assim para se defender das

“ameaças externas”,... No processo de questionamento, procure prestar

atenção em cada justificativa quer der para seus atos, idéias, hábitos, etc.

Princípios não precisam “se justificar”, pois sua autenticidade e validade

falam por si mesmas. Se você está precisando usar muita lábia para

justificar determinado comportamento ou idéia, pode ser que você esteja

tentando enganar a si próprio para proteger-se de algo que você

inconscientemente não quer ver.

Uma forma de organizar esse processo de análise de paradigma, é

manter um diário pessoal, onde você registra as decisões que tomou e o

porquê, as percepções que teve de informações recebidas, pessoas que

encontrou, textos que leu, enfim, tudo o que provocou em você algum

tipo de julgamento, positivo, negativo ou neutro. Após um tempo será

possível identificar se você está baseando suas reações em valores que

mapeiam corretamente o território ou se são mapas ilusórios, que

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refletem uma realidade que só existe em sua cabeça. Essas conclusões

podem ser obtidas questionando se os valores que você acionou referem-

se a princípios naturais, ou seja, aplicáveis a todos os serem humanos e

capazes de gerar bem-estar e realização ou referem-se à idéia pré-

concebidas, valores de um grupo restrito, interesses pessoais, espelho

social ou valores geradores de satisfação apenas imediatas, mas nocivas a

médio e longo prazo.

Interdependência

“O ponto culminante de nossas vidas tem a ver com nosso relacionamento

com os outros, pois a vida humana se caracteriza pela interdependência.”

Stephen Covey

A maior parte da literatura de auto-ajuda e desenvolvimento

pessoal atual defende uma idéia de independência ilusória. Prega-se que

as pessoas podem se dar ao luxo de escolher o rumo da própria vida sem

respeitar as leis naturais. É como dizer que você não precisa observar as

estações do ano, ou a situação do solo para plantar, pois a qualidade da

colheita dependerá somente do seu esforço pessoal no plantio e cuidado

com a plantação. As metas a que nos propomos realizar são de certa

forma como uma pequena planta que aos poucos cresce e toma forma,

mas não depende somente de nós. Quem tem valores somente

relacionados ao ganho financeiro e ao reconhecimento profissional, em

certo ponto de sua vida, perceberá a falha que cometeu ao longo do

caminho. Da mesma forma, uma pessoa que não possui preocupações

financeiras e pensa que é possível “viver de amor”, também sentirá o

desequilibro em algum ponto. Todos os aspectos da vida requerem a

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devida atenção e enquanto um estiver sendo negligenciado, não haverá

equilíbrio.

Vivemos em um mundo interdependente, tanto entre uns com os

outros, como com o ambiente e as leis naturais. Aprender a viver dentro

desta interdependência, de forma equilibrada é um grande desafio. Já não

precisamos ser egoístas a ponto de nos protegermos do mundo, não

precisamos mais nos auto-afirmar e ficar repetindo “eu posso”, “eu sou

capaz”, “eu sou o melhor”, “na minha vida ninguém manda”. Esses são

mecanismos de defesa apenas, dentro de um sistema interdependente,

não é preciso “se proteger”, as partes colaboram umas com as outras,

sem um interesse oculto de ganhar acima de tudo.

Os princípios naturais

“É impossível quebrar a lei, no máximo quebramos a nós mesmos contra

a lei.”

Cecil DeMille

“Plante um pensamento, colha uma ação; plante uma ação, colha um

hábito; plante um hábito; colha um caráter; plante um caráter, colha um

destino.” Ditado popular

“Não adianta se preparar fazendo uma meditação zen para pular do

viaduto, porque você vai virar meleca de qualquer jeito.” Amyr Klink

“O sucesso na vida pode ser definido como a expansão contínua da

felicidade e a realização progressiva de objetivos compensadores.”

Deepak Chopra

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“O agricultor pode cometer um erro e semear suas ervilhas

desalinhadamente; as ervilhas não cometem erros, apenas nascem e

exibem sua forma.” Ralph Waldo Emerson

Os princípios são as leis naturais as quais todos nós estamos

submetidos, são “o território”, a realidade objetiva. Não pertencem a

alguma filosofia, religião ou código moral, neles estão presentes por

serem universais, por serem evidentes em si mesmos. Não dependem de

opinião, ponto de vista ou filosofia de vida. Há quem insista em tentar

quebrá-los por achar que pode definir as próprias regras, mas como um

motorista procurando um lugar tendo o mapa da cidade errada em mãos,

só acelerará o processo, chegando mais rápido ao lugar errado.

Estes princípios não são novidade, sempre existiram pois são o

“território da vida humana” e muitos filósofos, pensadores, escritores,

inventores, religiosos já os identificaram ao longo da história humana. São

princípios naturais a imparcialidade, a honestidade, a integridade, a

qualidade, a educação, etc. Viver segundo estes princípios não pode ser

uma questão de opção, pois a conduta contrária, se não causar problemas

imediatos, causará a longo prazo. Quem contraria estes princípios, na

maioria das vezes sabe que está agindo errado e tem consciência de que

sua atitude pode trazer conseqüências indesejáveis.

“Uma das melhores maneiras de entender como somos

governados por essas realidades extrínsecas é analisar a “Lei da

Fazenda”. Na agricultura, podemos ver e concordar facilmente que

as leis e os princípios naturais governam o trabalho e determinam

a colheita. Mas, nas culturas social e empresarial, pensamos que

podemos nos livrar do processo natural, tapear o sistema, dando

um “jeitinho” e ainda assim ganhar o dia. Você pode se imaginar

dando um jeitinho na fazenda?” Stephen Covey

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A literatura moderna em desenvolvimento pessoal tenta convencer

os seus adeptos de que existe uma maneira rápida e fácil para se obter

qualidade de vida. Os slogans geralmente referem-se à tempo (pouco

tempo para aprender ou desenvolver algo complexo) e à maneiras pouco

éticas de se obter sucesso rápido. Segundo Stephen Covey, esta

abordagem baseia-se na “ética da personalidade”. “Trata-se de uma

forma sem conteúdo, de um esquema para se “ficar rico depressa”, por

meio de promessas de “fortuna sem fazer força”. Pode até ser que dê

certo, mas a picaretagem é inegável. A ética da personalidade é ilusória e

enganosa. Tentar aumentar a qualidade de vida utilizando suas técnicas e

receitas rápidas equivalente a uma tentativa de ir a um ponto de Chicago

tendo como base um mapa de Detroit.”

O processo de crescimento e amadurecimento é natural à vida

humana. Um pianista não consegue tornar-se virtuoso com apenas 1 ano

de estudo, e além do crescimento, o domínio da técnica, precisará de

muito tempo para desenvolver a capacidade de interpretação, a

sensibilidade musical, o amadurecimento não ocorre por meio de técnicas

de atalho.

Os princípios podem ser vistos como “as regras do jogo da vida”. Se

você concorda com eles ou não, pouco importa, assim como a lei da

gravidade, os princípios existem como leis absolutas que governam a vida

humana. A única opção que você têm é dar-se conta de que eles

realmente existem e viver conforme seus preceitos, ou insistir em fazer

suas próprias regras e ficar à mercê da força da natureza que operará

contra você. Nas palavras de Phillip McGraw: “Você pode ignorá-los ou

topar com eles, surpreso porque você parece nunca ter sucesso; ou você

pode estudá-los, adaptar-se à eles, moldar suas escolhas e

comportamentos por eles, e viver bem.” Aprender a viver segundo os

princípios naturais é a chave para o sucesso de uma estratégia de vida.

Erich Fromm retrata bem esta questão: “Hoje em dia nos

deparamos com indivíduos que se comportam como autômatos, que não

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conhecem ou compreendem a si mesmos, e a única pessoa que conhecem

é a que pensam ser, alguém cuja conversa vazia substituiu a comunicação

real, alguém em quem o sorriso sintético tomou o lugar do riso genuíno e

a sensação de desespero total ocupou o vazio deixado pela dor autêntica.

Duas coisas podem ser ditas a tais indivíduos. A primeira é que sofrem de

defeitos aparentemente incuráveis, como a falta de espontaneidade e

caráter. Ao mesmo tempo, podemos dizer que eles não diferem de

milhões de pessoas que, como nós, caminham pela face da Terra.”

3.2 Postura Proativa

O hábito da proatividade foi proposto por Viktor Frankl, psiquiatra

judeu sobrevivente da segunda guerra, criador da logosofia. Frankl

defendia que a liberdade de opção humana é a única que nunca pode ser

retirada, a menos que a própria pessoa permita que isso aconteça. Seus

carrascos podiam controlar completamente a situação e o ambiente,

podiam fazer o que quisessem com seu corpo, mas o próprio Viktor era

um ser dotado de autoconsciência, e podia atuar como observador de seu

próprio destino, sua identidade básica estava intacta. Ele podia decidir,

dentro de si, como tudo aquilo iria afeta-lo. “Entre o estímulo e a resposta

encontra-se a liberdade de escolha do ser humano”.

Adotar uma postura proativa é muito mais do que simplesmente ter

iniciativa. Significa acima de tudo reconhecer a própria responsabilidade

sobre a própria vida, deixando de culpar terceiros, seja outra pessoa,

Deus ou o destino por nossas falhas, omissões, incapacidades.

A palavra responsabilidade – respons-abilidade – significa a

habilidade para escolher a sua resposta. Ao falar em proatividade, a

reação de alguns ouvintes é dizer que por não podermos controlar as

circunstâncias externas, somos levados pelo rumo da vida e não pela

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nossa vontade. Esses são os chamados "reativos", esperam que as coisas

aconteçam e então reagem, não conseguem sequer vislumbrar a

possibilidade de decidir sobre o próprio destino. As pessoas reativas são

afetadas por situações físicas, circunstâncias, sentimentos, condições,

outras pessoas. Se o tempo está bom, se o cônjuge está de bom humor,

sentem-se felizes, se o pneu furou, o tempo está chuvoso, o vizinho

reclamou do barulho do som do filho, então sentem-se insatisfeitos,

reclamam da vida. As pessoas reativas são capazes de se deixarem afetar

por coisas tão pequenas e insignificantes que perdem um tempo precioso

da vida, perdem oportunidades, deixam de realizar sonhos, chegam até a

destruir relacionamentos de tanto se concentrarem em detalhes

irrelevantes. As pessoas proativas são guiadas por valores, não se

importam com as circunstâncias, com as variáveis, escolhem responder

aos estímulos externos com base nesses valores e não com base em

reações momentâneas, emoções, como raiva, ódio, orgulho, ciúmes.

Um planejamento só pode ser levado a diante por uma pessoa

proativa. Uma pessoa reativa encontra tantos obstáculos no caminho que

acaba desistindo antes mesmo de começar a colocar o plano em prática.

Esses obstáculos podem ser desde um dia chuvoso até uma briga

conjugal. As lentes que filtram a realidade para pessoas reativas vêem

obstáculos onde as proativas vêem oportunidades, as reativas perdem

tempo e energia se defendendo e lutando contra coisas das quais não

possuem a menor influência, enquanto as proativas concentram-se em

seus objetivos somente e não desperdiçam seus recursos tentando mudar

pessoas, manipular situações, criar uma realidade externa ilusória.

O problema não é o que acontece conosco, mas como respondemos

ao acontecimento. O que importa não é o que somos, mas o que fazemos

para mudar o que somos. O que diferencia uma pessoa proativa de uma

reativa é a atitude em relação às circunstâncias, pessoas, oportunidades e

desafios. A pessoa proativa sabe que só pode contar consigo mesmo para

vencer, o apoio de terceiros é uma conseqüência. A pessoa reativa espera

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que terceiros a apóiem antes mesmo de tomar alguma atitude. Portanto,

iniciativa não é a única característica das pessoas proativas, acaba sendo

mais uma conseqüência do seu modo de ver as coisas e agir em resposta

às situações, do que a própria definição de proatividade.

Postura proativa diante dos problemas

“Não lidamos muito com os fatos quando estamos nos contemplando.”

Mark Twain

Não há como encarar problemas, autoconhecer-se, encontrar

soluções e caminhos se alguns mecanismos de defesa e hábitos negativos

estiverem operando em você. Insistir em estar sempre certo, achar que

tudo o que acontece com você é culpa de terceiros ou injusto, desculpar

os próprios defeitos dizendo que tem gente muito pior ou que seus

problemas são pequenos perto dos problemas de outras pessoas, enfim,

são muitos os mecanismos que afastam as pessoas da realidade: Seus

problemas são só seus, foram causados de alguma forma por você

mesmo, e se você ignorá-los eles se tornarão maiores até que você não

tenha mais controle algum e sofra as conseqüências de sua negligência.

Os casos mais comuns são de pessoas que ao invés de tomarem a

iniciativa para resolverem seus problemas, adotam uma postura de pena

para consigo mesmas, consideram sua situação injusta e a única coisa que

fazem é reclamar. Há quem se auto-engane a ponto de repetir

infinitamente “eu não acredito que isto está acontecendo”, “isso não

poderia acontecer comigo”. Além de não fazerem nada para resolver o

problema, nem sequer absorvem o fato. Há ainda os que bloqueiam os

problemas, não admitem a existência deles, como uma mãe que não

percebe que o filho está se envolvendo com drogas apesar de todos a

alertarem.

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Franciane Ulaf

Como diz a frase de Mark Twain “Não lidamos muito com os fatos

quando estamos nos contemplando”, enquanto estivermos achando que o

que nos acontece é injusto, que não merecemos o que de ruim nos

ocorre, enquanto estivermos numa condição de negação da realidade,

tentando proteger uma condição pessoal “segura”, onde tudo é conhecido,

não poderemos lidar com os fatos.

Outro hábito negativo é tentar escapar da responsabilidade de

resolver os próprios problemas comparando-os a outros muito piores. Os

seus problemas são só seus e se você ficar de braços cruzados, ninguém

mais se importará e o problema crescerá. Não importa se você quebrou o

pé e o sujeito ao seu lado não tem uma perna, a dor é sua e você

continuará sentindo mesmo estando consciente da situação do outro. Com

os problemas ocorre o mesmo, sempre terá alguém que tem problemas

maiores que os seus, mas isso não é motivo para deixar de resolvê-los.

Seu problema pode ser muito pequeno perante outros que você pode

enxergar em outras pessoas, mas ele é seu e isso é suficiente para torná-

lo grande o suficiente para atrapalhar a sua vida.

Um hábito que pode bloquear totalmente a mente e impedir a

resolução de certos problemas é querer estar sempre certo, apegar-se tão

firmemente aos próprios valores e conceitos aa ponto de não ser capaz de

compreender que para resolver certos problemas é preciso ter a

humildade de admitir a possibilidade de estar errado. Esse hábito interfere

com maior força em relacionamentos conjugais e situações de trabalho. As

partes consideram seu modo de pensar, idéias, valores como absolutos e

não admitem que o outro não aceite seu ponto de vista. Esse hábito afeta

também réus inocentes em julgamentos. Eles estão tão convencidos de

que sabem a verdade, que alguém a descobrirá e a justiça será feita que

não se importam muito em serem convincentes perante o juiz ou o júri,

acham que por estarem falando a verdade, todos irão acreditar em suas

palavras. Isso aconteceu com Oprah Winfrey quando foi acusada por

pecuaristas do Texas a incitar as pessoas a não comerem carne em seu

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Planejamento Estratégico Pessoal

programa. Ela estava tão convencida de que a acusação era injusta e que

não tinha fundamento algum que durante um bom tempo durante o

julgamento ela mantinha uma postura reativa, ficava deprimida, irritada

com a situação, esperando que o júri fizesse justiça porque “ela” sabia

que estava certa. Seus advogados e estrategistas convenceram-na de que

se continuasse a acreditar inocentemente na verdade seria derrotada. As

pessoas não sabem o que você sabe, mesmo que você saiba que está

certo, ninguém é obrigado a aceitar isso. Oprah ganhou o processo após

virar o jogo, argumentando e defendendo sua posição com respeito ao júri

que não tinha “obrigação” de saber que era ela quem estava certa. Sua

atitude mudou de reativa, sentindo mal e deprimida, decepcionada e

evitando dar-se conta de que realmente estava sendo julgada, não

importando quão injusto pudesse parecer a situação para uma posição

proativa, tornando-se autoconfiante, defendendo-se sem pena de si

mesma, argumentando sua posição com segurança. Se esta mudança não

tivesse ocorrido, seus estrategistas garantem: ela teria perdido o

processo.

3.3 Autoconhecimento

“Conhece-te a ti mesmo”. Sócrates

“Pior que o simples desconhecimento, contudo, é a ignorância

potenciada de uma falsa certeza – o acreditar convicto de quem está

seguro de que sabe o que desconhece.” Eduardo Gianetti

“Se você não conhecer a sua identidade, irá correr o risco de tentar ser

tudo e fazer tudo de maneira aleatória e casual.” Jim Cairo

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Um dos maiores obstáculos encontrados por quem pretende fazer

um projeto de vida, ou mesmo planejar o próximo ano está ligado à falta

de autoconhecimento. As pessoas em geral, pensam que se conhecem

bem, mas quando se encontram cara-a-cara consigo mesmas e precisam

definir planos, percebem que não sabem exatamente quem são e o que

querem. Há quem restrinja seus planos à carreira, numa tentativa de fuga

à vida pessoal. Planejar somente a vida profissional dá a sensação de que

se está crescendo, progredindo, no entanto todos conhecemos histórias

que relatam os males que a entrega total ao trabalho pode fazer na vida

de uma pessoa. Autoconhecer-se envolve entender quem você é e no que

deseja se transformar.

A necessidade de autoconhecimento para o planejamento também

está ligada à realidade. Alguém que não se conhece bem é capaz de

determinar metas ilusórias das quais não poderá cumprir. Essa questão

está ligada à autopercepção, quem não tem um bom nível de

autoconhecimento pode achar que tem características que na verdade não

possui e ignorar habilidades importantes.

O principal entrave para o autoconhecimento não é ignorar que é

preciso conhecer-se, mas sim permanecer na arrogância de achar que isto

não é preciso, que já se conhece muito bem. Se observarmos a história,

podemos notar que os mais ilustres pensadores e filósofos admitiam

humildemente que mal sabiam sobre si mesmos e frisavam a importância

do autoconhecimento. Como as frases famosas de Sócrates “só se que

nada sei” e “conhece-te a ti mesmo”. No entanto, hoje podemos encontrar

indivíduos que negam essa necessidade e alegam conhecer-se muito bem.

Não raro, muitas destas pessoas têm conflitos familiares, sofrem de

problemas de saúde (com ênfase para problemas cardíacos e

hipertensão).

Dentre os diversos mecanismos de defesa que bloqueiam o

autoconhecimento, esse tipo de arrogância é o pior obstáculo, pois há

uma negação da necessidade de olhar para dentro de si próprio. Presume-

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se que não há mais nada a saber, a descobrir. Similar a alguns cientistas

que dizem que a ciência chegou ao fim, que não há nada mais a ser

inventado.

Grande parte dos conflitos e problemas entre as pessoas decorre do

fato de que elas não conhecem a si mesmas. Quanto mais um indivíduo

sabe sobre si mesmo, mais ele conhece suas fraquezas, seus mecanismos

de defesa, mais ele percebe que não é melhor do que o outro, daí nasce o

respeito. Quem conhece a si mesmo, compreende melhor o mundo à sua

volta, sabe que como ele as pessoas ao seu redor também são

imperfeitas, têm medos, limitações, e também consegue perceber o valor

de cada um, assim como conhece o seu. Não fica procurando defeitos nas

pessoas, para julgá-las, mas procura ver suas qualidades. Quanto mais

uma pessoa mergulha em seu universo interior, mas ela vê os outros

como seres em evolução. Passa a centrar-se em seu crescimento pessoal,

não se importando com os comportamentos alheios. A maioria dos

conflitos humanos ocorre porque um não aceita o jeito de ser do outro e

tenta impor suas verdades, ou seja considera-se melhor e julga o outro

por suas limitações e diferenças, ao invés de notar o seu valor intrínseco e

aproveitar a oportunidade de convivência para ensinar e aprender, pois é

através de trocas que evoluímos.

Não há autoconhecimento sem disponibilidade pessoal. O primeiro

passo é sempre a conscientização, é aceitar que você nada sabe sobre si

mesmo e enfrentar o desafio da jornada interior.

O processo de autoconhecimento é uma eterna busca interior e não

uma técnica que aplicada revelará todas as facetas e segredos sobre você

mesmo. Quem inicia este processo não deve esperar resultados imediatos,

mas estar preparado para descobrir coisas desagradáveis sobre si mesmo

e se auto-enfrentar para conseguir mudar aquilo que precisa ser mudado

para que os objetivos sejam atingidos.

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“A importância de analisar sua verdadeira identidade antes de

determinar um objetivo não pode ser subestimada. Falta de identidade

resulta em falta de direção na definição do objetivo. A incapacidade de

analisar sua verdadeira identidade causa confusão e resulta na

determinação de um objetivo inconsistente com o que você gostaria de

ser. Por isso, a pergunta-chave é: Quem sou eu?”

Jim Cairo

FERRAMENTAS PARA O AUTOCONHECIMENTO

1. Descubra quais são seus valores pessoais

“Buscar um significado abstrato para nossas vidas é abdicar de nossa

responsabilidade proativa, colocando nosso destino nas mãos das

circunstâncias e das outras pessoas.”

Stephen Covey

“Nunca trabalhe em uma organização cujos valores são inaceitáveis para

você. Ignore esse princípio e você condenará a si mesmo à frustração a ao

não desempenho.”

Peter Drucker

Valores e conceitos constituem o seu paradigma pessoal.

Funcionam como base para as escolhas que você faz na vida,

orientam a sua bússola interior na hora de tomar decisões.

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Identificação dos valores pessoais

Os valores são os conceitos que você têm sobre as coisas, situações,

idéias. O que você pensa ser certo ou errado, o que pesa quando você

está indeciso está ligado aos valores pessoais. Nós os utilizamos a todo

momento quando tomamos decisões ou fazemos julgamento de situações,

idéias ou pessoas, no entanto, não os identificamos com tanta facilidade.

Colocar os valores no papel não é tão fácil quanto tomar uma decisão com

base neles. Eles estão tão enraizados em nosso modo de agir e de pensar

que mal notamos sua influência. Por isso, essa fase levará algum tempo e

exigirá um certo esforço para que sua lista de valores reflita de fato a

realidade.

Pode parecer um absurdo dizer que não os conhecemos, mas é a

realidade. Grande parte das pessoas ao serem questionadas a cerca de

seus valore pessoais não sabem o que dizer, no máximo conseguem

relatar uns 3 ou 4 provenientes da moral ou da religião, mas os valores

mais profundos, reais responsáveis pelas nossas escolhas ficam

escondidos por trás de uma série de condicionamentos ideológicos. De

fato muitas pessoas possuem valores reais morais e religiosos, a maioria

os tem. O problema é que os condicionamentos nos fazem dizer que

“temos valores que na realidade não são nossos”. No fundo podem até ser

verdadeiros, mas para que se considere um valor real, devem passar por

um processo de questionamento, livre de preconceitos e baseado na

lógica.

Questionar valores é complicado porque entram em questionamento

questões como religiosidade, moral, valores transmitidos pela família,

cultura, tradições, etc. Estamos tão inseridos dentro da sociedade e

cultura em que vivemos, que não percebemos que a maioria dos valores

que temos como nossos, foram na verdade absorvidos do meio e não

refletem a realidade, ou contrariam os princípios naturais e não produzem

qualidade de vida. Às vezes, quando tomamos uma decisão, a base é um

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valor que desconhecemos e só um programa de questionamentos e

análise profunda é capaz de retirá-lo do lado oculto de nossa mente.

No entanto, apesar da dificuldade para descobrir os verdadeiros

valores intrínsecos, isto é possível através de uma postura sincera para

consigo mesmo, o afastamento de preconceitos e condicionamentos

sociais e culturais e o questionamento profundo. Questionar profunda e

sinceramente significa não dar respostas simplistas e óbvias, procurar os

porquês através da reflexão, não reagir às perguntas de forma agressiva,

não ter pena de si mesmo e, principalmente, procurar afastar ao máximo

a tendência natural do auto-engano. O que acontece normalmente numa

primeira tentativa de encontrar os próprios valores, é que alguns destes

mecanismos de defesa acabam sendo utilizados. Por isso, essa lista de

valores deve estar sendo constantemente revisada e questionada. Quanto

mais você se conhecer, mais vai perceber a atuação de um mecanismo ou

outro para disfarçar algo que você não estava preparado para enxergar

naquele momento.

Reflexão e mudança dos valores pessoais

Identificar os valores somente não basta. À medida que você vai

tomando conhecimento de seus valores reais, pode perceber que alguns

não se adaptam à realidade que você quer, ou seja, você busca uma

coisa, mas toma decisões que o levam para a direção contrária, ou que os

valores que tem como “certos” contrariam os princípios naturais e causam

decepção, frustração e fracasso ao invés de levarem ao sucesso e

proporcionarem qualidade de vida.

Após colocar no papel seus valores, questione se eles não ferem os

princípios naturais da vida. Muitos de seus fracassos no passado podem

ter sido causados por valores distorcidos. Acreditar egoisticamente que

todos devem sempre te escutar, fazer tudo o que você quer e nunca o

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contradizer, por exemplo, pode afastar as pessoas que mais poderiam

ajudar na concretização de seus objetivos. Este é um valor distorcido que

muitas pessoas têm e nem sequer desconfiam que este seja um dos

motivos de seus fracassos. Como este, existe uma série de valores que

não levam ao sucesso, muito menos à felicidade, pelo contrário, só trazem

discórdia, fracasso, desilusões.

Valores não são necessariamente “coisas boas”, se você é

extremamente egoísta, são valores para você tudo o que se relaciona com

o seu bem estar, os seus bens e o que você preza mais. Mesmo coisas

extremamente negativas podem ser valores, se são levados em conta na

tomada de decisão. Há pessoas que gostam de prejudicar os outros a

qualquer custo, isso é um valor, mesmo que a pessoa não saiba, ou não

admita. Mesmo um psicopata que “mata por gosto”, matar é um valor

para ele. Portanto, quando estiver fazendo sua lista de valores, evite a

hipocrisia de colocar somente “coisas bonitas e nobres”, todos temos

muitos defeitos e estes influem diretamente quando precisamos tomar

uma decisão. Só podemos mudar um defeito a partir do momento que

sabemos que ele existe em nós. Após definir os valores, sem considerar

se eles ferem ou não os princípios naturais, você deve questionar ao

máximo o que o leva a ativar este valor, se eles o prejudicam ou ajudam,

se o levam ao sucesso ou ao fracasso, e se decidir que este é um valor

prejudicial, pode determinar que irá se esforçar para excluí-lo de seu

paradigma pessoal. Isso pode levar muito tempo, talvez anos, mas se

você não se der conta do valor prejudicial, ou se negar a mudar, pode não

conseguir atingir os objetivos que deseja.

A mudança dos valores pessoais é um processo que ocorre quando

você se torna consciente do modo como toma suas decisões e busca

eliminar valores que contrariem os princípios naturais. A maioria das

pessoas diz estar em busca da felicidade, mas quando são levantados

seus valores pessoais, podem descobrir que muitos contrariam estes

princípios e conseqüentemente estão levando a pessoa a qualquer lugar,

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menos aonde quer chegar. A felicidade, um estado que reflete o nível da

qualidade de vida, só pode ser obtida quando todas as suas decisões

foram tomadas com integridade, isto é, sem ferir os princípios naturais.

Para compreender a necessidade de se adotar valores que não contrariem

esses princípios, é preciso entender que eles não dependem de opinião,

gosto, filosofia de vida ou religião, não foram criados por alguém,

simplesmente existem. São prioridades que independem de nossos

valores.

“Muitas pessoas acreditam que, pelo fato de darem valor a alguma

coisa, basta alcançá-la para obterem qualidade de vida. Pensam:

“Serei feliz e satisfeito quando tiver mais dinheiro... quando meu

talento for reconhecido... quando comprar um carro novo...”

Stephen Covey

Os valores constituem o paradigma pessoal. Isto representa aquilo

que acredita ser certo ou errado. O paradigma é o conjunto de mapas que

você construiu ao longo dos anos para decifrar a realidade. No entanto, o

paradigma não é a realidade, apesar de muitas pessoas "terem certeza"

de que é. O mapa não é o território. Este existe independente de qualquer

opinião ou ponto de vista. A Terra é redonda, independente de um dia

terem pensado que ela era plana. Os princípios naturais representam o

território e nossos valores representam os mapas. Insistir em manter

valores que ferem estes princípios, só o levará mais rápido ao lugar

errado. Valorizar coisas que contrariam os princípios que regem toda a

natureza pode trazer um sucesso efêmero, mas nunca trará felicidade e

qualidade de vida. Estas só são alcançadas quando suas ações são

baseadas nos valores que mapeiam corretamente o território.

1.1 A importância de conhecer os próprios valores e adequá-los à

realidade dos princípios naturais:

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Autoconhecimento

O início do processo de autoconhecimento é procurar conhecer quais

são os próprios valores e conceitos pessoais. Todas as decisões que

tomamos na vida são baseadas em valores, sejam nossos ou de outras

pessoas, sejam verdadeiros ou “mascarados”. Muitas pessoas acabam

tomando a decisão errada porque acreditam em “valores distorcidos” que

não trarão felicidade.

Na intenção de “estar fazendo a coisa certa”, muitas pessoas

ignoram seus verdadeiros valores e tomam atitudes que terminam por

desviá-las do caminho que tinham como certo em suas vidas. É como um

viajante no deserto que tem uma bússola e um mapa. De repente alguém

chega e diz que ele está indo no caminho errado, este acredita e

realmente passa a achar que seu mapa está errado e sua bússola

estragada. A pessoa tira-lhe os instrumentos e diz: “Vá naquela direção.”

O viajante segue em frente sem questionar. Depois de muito tempo

andando sem rumo, já numa situação precária, o viajante chega a

conclusão de que pegou o caminho errado, mas aí já é tarde demais, o

tempo perdido não pode ser recuperado. Diz um antigo provérbio chinês:

“Se não mudarmos nossa direção, acabaremos por chegar ao nosso

objetivo inicial.” As pessoas em quem confiamos, na tentativa de nos

ajudar, com a melhor das intenções, julgam o nosso caminho e nos

indicam direções contrárias a que estamos seguindo. Quem não conhece

os próprios valores e não tem convicção no caminho que está seguindo,

acaba mudando de direção. Dependendo do tempo que passam seguindo

o caminho errado, acabam se tornando pessoas tristes, deprimidas, que

não foram capazes de ouvir a própria voz ou contradizer uma pessoa

próxima. Entram em becos sem saída, ou chegam a lugares onde não

gostariam de estar. O autoconhecimento evita estes desvios porque

fornece a autoconfiança necessária para seguir um caminho, mesmo que

só você acredite nele.

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Definição de limites

Os limites estão intrinsecamente ligados aos valores. Referem-se

não só aos limites físicos do seu corpo e da sua mente, mas aos limites

"invisíveis" relacionados à ética, moral, amizade, comprometimento, etc.

Esta é a questão mais delicada relacionada a valores, pois quando não os

conhecemos bem, facilmente ultrapassamos nossos próprios limites e isto

a longo prazo tem um efeito devastador na integridade, auto-estima e

auto-confiança. A diante trataremos a fundo a questão do estabelecimento

de limites.

Tomada de decisões pessoais

Falamos sobre isto na introdução do capítulo. Conhecer os valores é

essencial para que possamos tomar a decisão correta e seguir o caminho

que de fato desejamos. Se os valores que temos como certos, não são os

que refletem o nosso real mundo interior e contrariam os princípios

naturais, corremos o risco de tomar a decisão errada e nos arrependermos

depois.

Ajustamento social e profissional

Muitas pessoas que desconhecem os próprios valores pessoais, ou

adquirem valores externos e contrários aos princípios, acabam se

envolvendo com atividades profissionais ou grupos sociais que não

refletem de fato sua vontade interior. Realizam atividades que não

aproveitam seus talentos e aptidões, mantêm amizades com pessoas das

quais não gostam e não se identificam, às vezes por interesse, por

necessidade de fazer parte de um "grupo", seja ele qual for, ou até

mesmo por falta de opção.

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Promover mudanças profundas

Não há como realizar mudanças internas sem conhecer os próprios

valores. Há quem tente, mas só consegue mudar pequenos detalhes

externos. Aliás, o primeiro passo no caminho do autoconhecimento é

descobrir quais são os verdadeiros valores pessoais e determinar os

conceitos de vida relevantes. Não é possível buscar o “sucesso”, se você

não sabe o que essa palavra significa para você. Cada um dos conceitos

fundamentais da vida, felicidade, sucesso, crescimento profissional, etc,

podem significar coisas totalmente diferentes para cada um. Se você não

parar para refletir, corre o risco de passar um bom tempo buscando algo

que na verdade não queria para você.

1.2 Como descobrir seus valores e conceitos

Em primeiro lugar é preciso adotar uma postura de sinceridade para

consigo mesmo e evitar todo o tipo de influências externas e hipocrisia,

que geralmente está relacionada a valores falsos.

Essa é uma questão delicada, pois as pessoas tendem a absorver

valores do meio e se negam a questioná-los, como se fossem verdades

absolutas. Isso acontece muito com valores religiosos e morais. Um valor

é de fato um valor quando tem o poder de influenciar suas decisões, o que

acontece na maioria das vezes com esses tipos de valores é que a pessoa

fala uma coisa, mas faz outra; e não admite questionar. Por exemplo, um

marido que diz ter o valor da fidelidade porque se considera uma pessoa

religiosa e digna, mas trai a mulher, não possui aquele valor na realidade.

Esse é um exemplo explícito, fácil de se identificar. No entanto, em nossa

vida diária, acabamos por contradizer a maioria dos valores que dizemos

que temos. Mesmo sem perceber, temos atitudes inconscientes, bem

menos perceptíveis que a do marido infiel e é por isso que uma lista de

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valores demora algum tempo, tem que ser refeita várias vezes, até que

consiga de fato refletir a realidade.

São exemplos de valores pessoais: Fama, assistencialidade, sucesso

profissional, busca espiritual, família, liberdade, conhecimento, boa saúde,

boa forma física, honestidade, sinceridade, altruísmo, ceticismo, trabalho

árduo, etc...

Stephen Covey identificou os centros nas quais as pessoas baseiam

suas vidas. Ele denomina de "centro de influência" o centro na qual

residem nossos paradigmas mais básicos, as lentes que usamos para

observar o mundo. Dentro deste centro de influência, existem centros

alternativos a que a maioria das pessoas está "amarrada", são centros

que são fontes de valores anti-naturais, cuja permanência neles acaba por

trazer conseqüências indesejadas. São eles:

CENTRADO NO CÔNJUGE: É a dependência emocional em sua

manifestação mais básica. Na fase de crescimento, o indivíduo depende da

família, mais precisamente dos pais, se não passar pela transição da

independência-interdependência, ou se pelo menos não atingir um nível

de independência básica, buscará a dependência emocional que tinha com

os pais em um parceiro(a). Dominada por esse tipo de dependência, a

pessoa torna-se vulnerável aos humores e sentimentos, reações e

opiniões do cônjuge e teme qualquer evento externo que possa ameaçar a

união, sejam filhos, parentes, sucesso profissional, dificuldades

econômicas, etc. "Quando dependemos da pessoa com quem entramos

em conflito, tanto a necessidade quanto o conflito se exacerbam. -

Reações exageradas de amor ou ódio, tendência para a briga ou o

afastamento, distanciamento, agressividade, amargura, ressentimento e

competição calculista são alguns dos resultados freqüentes."

A orientação, as vontades e os valores da pessoa centrada no

cônjuge tornam-se um espelho do outro quando as coisas estão indo bem,

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mas ao menor sinal de desentendimento, a pessoa vai ao extremo oposto

só para contradizer e ter argumentos para humilhar e brigar com o outro.

CENTRADO NA FAMÍLIA: “As pessoas centradas na família obtêm

seu senso de segurança ou o amor-próprio da tradição, cultura ou

reputação familiar. Sendo assim, tornam-se sensíveis a qualquer mudança

nesta tradição, cultura ou a influências que possam afetar a reputação.” A

harmonia dentro de uma família só existe quando há respeito mútuo e

liberdade de ação e expressão entre seus membros. Pais que tentam

educar seus filhos com enfoque na família não conseguem compreender a

individualidade de cada pessoa, obrigando os filhos a seguir os passos que

eles acham corretos, com medo de que a reputação da família possa ser

afetada. Pais que agem desta forma tentam mostrar seu amor impondo

condições aos filhos, fazendo com que se tornem emocionalmente

dependentes ou refratários e rebeldes.

A segurança, valores e orientação desta pessoa dependem da

aprovação familiar. O critério de decisão encontra-se no que é melhor

para a família ou no que esta deseja.

CENTRADO NO DINHEIRO: O que importa para as pessoas

centradas no dinheiro é a segurança econômica, qualquer ameaça a esta

situação causa estresse, ansiedade e medo. Como a maioria das pessoas

não possui uma certeza de segurança financeira para toda a vida, essas

sensações acabam tomando conta da vida de quem centra-se no dinheiro.

Qualquer decisão tomada leva em conta em primeiro lugar a segurança

financeira. Pessoas centradas no dinheiro vivem aterrorizadas pelo

fantasma do desemprego, fazem seguro de tudo o que possuem e

costumam economizar muito. Por mais que todos se preocupem com a

segurança financeira, esse caso é patológico, a necessidade de segurança

acaba fazendo com que a pessoa abra mão da liberdade pessoal em nome

da estabilidade. Podem por exemplo se sujeitar a realizar um trabalho da

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qual não gostam ou deixar de adquirir bens ou aproveitar melhor a vida,

porque temem perder o dinheiro que conseguiram economizar.

CENTRADO NO TRABALHO: A pessoa passa a acreditar que o

trabalho é o sentido de sua vida e ignora todos os demais setores da vida.

Geralmente, este centro representa uma fuga, quando algo não vai bem,

relacionamentos, família, vida social, a pessoa se enterra no trabalho. No

entanto, isto não é uma regra, muitas pessoas centradas no trabalho

fazem da famosa frase de Adam Smith "O trabalho dignifica o homem" a

sua única lei. Apaixonam-se pelo que fazem e parecem esquecer que a

vida não é só trabalho. "Considerando que seu senso de valor está

vinculado ao trabalho, a segurança é vulnerável a qualquer coisa que ao

acontecer o impeça de continuar. Sua orientação é resultado das

exigências do trabalho. A segurança e o poder limitam-se às áreas ligadas

ao trabalho, tornando-o ineficiente em outros setores da vida."

CENTRADO NOS BENS: Por bens entendemos não somente bens

materiais, mas principalmente bens intangíveis como fama, sucesso,

posição social. Assim como acontece com as pessoas centradas no

dinheiro, o centro nos bens causa um estado constante de ansiedade e

medo de que algo possa acontecer e tirar-lhes os bens tanto tangíveis

quanto intangíveis. "Na presença de alguém com menos renda status ou

fama, sinto superioridade. Meu senso de valor flutua constantemente. Não

tenho constância, tranqüilidade ou personalidade marcante. Tento

permanentemente proteger e garantir meus bens, propriedades,

investimentos, posição ou reputação. Todos nós já ouvimos histórias de

gente que comete suicídio depois de perder suas fortunas, em uma queda

brusca da bolsa, a fama, ou uma derrota política."

CENTRADO NO PRAZER: A pessoa vive para satisfazer suas

vontades imediatas, geralmente busca emoções cada vez mais fortes, pois

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vai cansando à medida que se acostuma com a sensação. Buscam uma

vida fácil e agradável e não estão dispostas a fazem esforço algum, a não

ser para conseguirem "mais sensações prazerosas". Geralmente são

pessoas que não possuem grandes responsabilidades e também não estão

dispostas a mudar esta situação, não são necessariamente jovens, pois

encontramos muitos adultos acomodados, trabalhando para "financiar o

fim de semana", vendo na vida uma fonte inesgotável de adrenalina e

fortes sensações. "Férias que não acabam nunca, filmes em excesso, TV o

dia inteiro, abuso indisciplinado dos momentos de lazer, nos quais a

pessoa adota a lei do mínimo esforço, desperdiçam pouco a pouco uma

vida. Fazem com que o potencial de alguém permaneça adormecido, que

os talentos continuem sem ser desenvolvidos. Onde estão a segurança, a

orientação, a sabedoria, o poder de escolha? No limite, estão no prazer de

um momento fugaz."

CENTRADO NOS AMIGOS: Ocorre muito com as pessoas jovens,

mas isso não é uma regra. O espelho social torna-se o centro da vida, as

pessoas de um mesmo grupo tornam-se parecidas em seu modo de vestir,

pensar, falar. As escolhas são baseadas nos valores e na aprovação deste

grupo. "A aceitação e a sensação de pertencer a um grupo distinto torna-

se importante, quase supremo. O espelho social, distorcido e instável,

transforma-se na fonte dos fatores que sustentam a vida, criando um alto

grau de dependência dos humores, sentimentos, atitudes e

comportamentos inconstantes dos outros."

CENTRADO NO INIMIGO: Pode parecer um absurdo dizer que

alguém poderia centrar sua vida em um inimigo, mas isso acontece, e

muito, principalmente quando não há alteração constante entre as

pessoas que estão em conflito real. "Quando alguém acha que foi tratado

com injustiça por uma pessoa, social ou emocionalmente representativa,

fica muito mais fácil se preocupar com a injustiça, e fazer da outra pessoa

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Franciane Ulaf

o centro de sua vida. Em vez de cuidar proativamente de sua vida, a

pessoa centrada no inimigo reage impulsivamente aos comportamentos e

atitudes de quem considera inimigo."

Esse fato é facilmente percebido nas campanhas políticas. Enquanto

alguns candidatos de concentram em apresentar suas propostas, outros

se dedicam inteiramente a falar mal do outro candidato, sem sequer falar

de suas próprias intenções. Também é comum em casos de divórcio

recente. Uma das partes (ou ambos) torna o ex-cônjuge um inimigo

constante e faz de tudo para prejudicá-lo.

CENTRADO NA IGREJA: "Acredito que pessoas seriamente

envolvidas com qualquer crença admitirão que ir à igreja não é sinônimo

de espiritualidade interior. Existem pessoas que se ocupam tanto com

rezas e projetos da igreja que ficam insensíveis para as necessidades

humanas prementes que as rodeiam, contradizendo os próprios preceitos

em que dizem acreditar tão profundamente." As pessoas centradas na

igreja se preocupam demasiadamente com as aparências e com a

reputação, vivem em "compartimentos ideológicos", tendendo a

discriminar quem pensa de forma diferente. Vivem de justificativas

"decoradas", todos os "porquês" em sua vida são os revelados pela igreja.

CENTRADO NO EU: São as pessoas "independentes", ainda não

atingiram a compreensão da interdependência. São egoístas e pensam

que podem definir as próprias regras e viver do jeito que bem

entenderem, nem que pra isso tenham que prejudicar outra pessoa.

"Existe pouca segurança, orientação, sabedoria ou poder de escolha no

centro limitado pelo EU. Assim como o mar morto, ele aceita, mas nunca

dá. Está estagnado. Na maioria das abordagens do amadurecimento e

satisfação pessoal, encontramos, muitas vezes, o EU em seu centro."

Esta condição não é de todo negativa, pois é uma etapa a ser vivida

antes de atingir a interdependência. Não é possível pular direto da

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Planejamento Estratégico Pessoal

dependência emocional, a independência individualista e egoísta precisa

ser vivida para que se possa compreender a interdependência.

Stephen Covey apresenta estes 10 centros e propõe que

coloquemos os princípios naturais em nosso centro de influência, eis seus

argumentos: "Os princípios não reagem a nada. Eles não ficam irritados,

nem nos tratam mal. Eles nunca pedem divórcio ou fogem com nosso

melhor amigo. Eles não tentam nos passar a perna. Eles não enchem

nosso caminho de atalhos e milagres. Eles não dependem do

comportamento dos outros, do meio, ou da última moda para ter

validade. Mesmo em meio a pessoas ou ocasiões que parecem ignorar os

princípios, podemos nos consolar com a certeza de que estes são maiores

do que as pessoas ou as circunstâncias, e que de milhares de anos de

história assistiram ao seu triunfo, repetidas vezes."

Há 5 motivos importantes que você deveria levar em conta ao

pensar em colocar os princípios como centro de seus valores.

1. Você não está agindo levado por outras pessoas ou

circunstâncias. Você escolhe proativamente o que considera a melhor

alternativa.

2. Você sabe que sua decisão é mais eficaz porque se baseia em

princípios, com resultados a longo prazo previsíveis.

3. O que você escolhe fazer reforça seus valores fundamentais da

vida. As experiências que você tem quando leva adiante suas decisões

ganham em termos de qualidade e significado, no contexto de sua vida

como um todo.

4. Você pode se relacionar com seu cônjuge ou o seu chefe a partir

de vínculos profundos que criou em seus relacionamentos

interdependentes. Como você é independente, pode ser interdependente

com eficácia.

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5. Na condição de uma pessoa centrada em princípios, você vê as

coisas, pensa, age diferentemente. Como possui um grau mais elevado de

segurança, orientação, sabedoria e poder, que fluem de um centro mais

sólido e imutável, você conta com a base de uma vida altamente proativa

e eficaz.

1.3 Conceitos de Vida

São temas que determinam o modo com que você buscará o

equilíbrio, tomará decisões e determinará os caminhos que seguirá em

sua vida.

O que você pensa sobre “o que é ser feliz”, “o que é ser bem

sucedido”, o valor do trabalho, acumulação de riquezas, motivação,

qualidade de vida, família, etc... tem impacto direto sobre suas decisões,

mesmo que inconscientemente. Você recebe uma proposta de emprego

fora do país e não poderá levar sua família. Essa decisão acionará seus

valores e conceitos sobre essas questões essenciais em que você baseia

suas decisões. Se você é uma pessoa que preza o bem estar pessoal, os

momentos de lazer com a família, os contatos com os amigos, é provável

que você não aceite o convite. Caso você seja uma pessoa que coloca o

trabalho em primeiro lugar, não hesitará em aceitar, mesmo que tenha

que passar meses sem ter contato direto com a família ou os amigos e

tenha que trabalhar de modo a não ter tempo algum para o lazer. Você

também pode levar em consideração o quanto vai ganhar, mesmo que

seja um sacrifício enorme trabalhar longe da família. Tudo vai depender

do que você "valoriza", do que você pensa sobre essas questões que são

levantadas quando você precisa tomar uma decisão. E esse processo não

acontece somente quando temos que tomar uma decisão desta grandeza,

a cada momento em nossas vidas estamos decidindo algo, somos a soma

de nossas escolhas. Portanto, se você não está satisfeito com o

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Planejamento Estratégico Pessoal

"resultado", talvez esteja fazendo as escolhas erradas, traindo seus

valores, fazendo coisas para satisfazer terceiros, mesmo que isso

represente um sacrifício para você.

2. Identificação dos pontos fortes e fracos

Essa é uma lista que também pode demorar algum tempo até que

reflita a realidade. Num primeiro momento, a tentativa de se definir

qualidades e defeitos pode ir desde a ausência de conhecimento sobre si

mesmo e o conhecimento deste fato, a pessoa não consegue definir suas

características, permanece atônita em frente ao papel em branco ao dar-

se conta de que de fato, nada sabe sobre si mesma até a arrogância dos

que preenchem rapidamente o papel com suas características, mas depois

de algum tempo, talvez meses, nenhuma daquelas características é

constatada como verdadeira na observação das atitudes do dia-a-dia. Ou

seja, a primeira tentativa de definição de pontos fortes e fracos pode ir da

total falta de percepção sobre si mesmo, até uma percepção distorcida.

Utilize a tabela na próxima página para identificar seus pontos fortes e

fracos. Abaixo estão algumas perguntas que podem ajuda-lo a ser mais

sincero consigo mesmo.

Tente se lembrar de situações em que teve sucesso. Quais

características de destacaram? Houve algum comentário positivo

das pessoas envolvidas que pode dar uma pista destas

características?

Faça o mesmo com situações de fracasso. Que defeitos foram os

responsáveis? (Evite ao máximo colocar a culpa em terceiros!) - Se

você fracassou, mesmo que por influência de outra pessoa, seu erro

então foi ter se deixado influenciar.

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PONTOS FORTES PONTOS FRACOS

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Planejamento Estratégico Pessoal

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3. Identificação de Padrões

Boa parte do nosso comportamento é constituída por padrões.

Agimos em determinadas situações de forma automática, e acabamos não

percebendo. Esse padrão pode ser de um mecanismo de defesa, reagimos

sempre da mesma forma à uma determinada ameaça ou ataque; uma

estratégia, utilizamos sempre o mesmo artifício para conseguir

determinadas coisas; um hábito, certas atividades rotineiras que fazemos

sempre da mesma forma.

A identificação destes padrões é muito útil, pois são coisas das quais

não temos consciência – todos à nossa volta enxergam, com exceção de

nós mesmos. E, diga-se de passagem, não é muito bom mantermos

comportamentos inconscientes.

Para descobrir estes padrões, a ajuda de pessoas próximas pode ser

muito útil. Peça-lhes para observá-lo durante um período e anotar coisas

que você fez ou falou, que provavelmente você nem se deu conta. A auto-

observação também pode ser utilizada, no entanto, é preciso muita

atenção e sinceridade para consigo mesmo para notar e assumir

comportamentos automáticos.

Muitos dos nossos hábitos negativos que acabam levando ao

fracasso em determinados objetivos é decorrente de um comportamento

sistemático, algo que você faz e não percebe, mas que acaba

prejudicando o resultado esperado.

O filósofo Kierkegaard disse certa vez que a vida é vivida para

frente, mas compreendida pelo retrocesso. Observando suas atitudes,

comportamentos, sucessos e fracassos do passado, você pode

compreender melhor quais os mecanismos que o levam a acertar ou errar.

Somente ao compreender os padrões que se formam em seu próprio

comportamento é que você pode conhecer suas capacidades e descobrir o

seu potencial.

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PARTE II

Projeto de Vida

A elaboração do Planejamento Estratégico

Missão e Visão

Definição de Metas

Detalhamento Estratégico

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4 – Projeto de Vida

“Se você não tem uma estratégia de vida, você simplesmente não é

competitivo. Há um monte de cães atrás dos ossos aí fora e sair

tropeçando neles não é o caminho para o sucesso. Os vencedores nessa

vida conhecem as regras do jogo e têm um plano, uma vez que sua

eficiência é comparativamente exponencial às pessoas que não o

possuem. Não há mistério, apenas fatos.” Phillip McGraw

A vida não é longa o suficiente para fazermos tudo o que

gostaríamos de fazer. Sem um foco você acaba tentando fazer muitas

coisas sem ser realmente bom em nada. Para ser bem sucedido é preciso

antes de tudo saber para onde você está indo: “ser bem sucedido em

quê?” E sucesso não significa somente carreira profissional. Se você

ignorou seus velhos amigos até perdê-los alegando falta de tempo, se

você deixou com que seu casamento se deteriorasse, se você só consegue

se “manter funcionando” à base de antidepressivos, você é um

fracassado, não importa se sua carreira é um “sucesso”. Muitas pessoas

quando fazem projetos e planos para o futuro pensam somente na vida

profissional, o resultado é o fracasso na vida pessoal, pois as prioridades

estão todas na carreira e “não há tempo a perder com o resto”.

Um projeto de vida garante que você não vai chegar no meio do

caminho para algum lugar que você nem mesmo sabe onde é e se

perguntar: “O que estou fazendo aqui?”, sentir-se perdido, sem rumo, à

mercê das circunstâncias externas da vida. Os planos de longo prazo

criam um pano de fundo psicológico e uma estrutura informativa sobre o

futuro, na qual você pode basear suas decisões de curto prazo. O projeto

de vida é a trilha por onde você irá percorrer ao executar os diversos

planejamentos que tem e terá. São as diretrizes básicas que determinam

o rumo da sua vida. Indica para onde você deve seguir, quais são suas

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Planejamento Estratégico Pessoal

prioridades, habilidades, o que precisa ser conquistado, aprendido,

realizado.

Um projeto de vida revela o seu propósito. Encontrar um propósito

para a vida pode não ser muito fácil, e é preciso ficar claro que não

estamos falando de questões filosóficas “porque vivemos”, qual o

“significado da vida”, etc. Devido a essa dificuldade, o processo de

autoconhecimento é fundamental para que se estabeleça objetivos

realistas e que serão seguidos até o fim. Objetivos irreais podem ser

desde sonhos utópicos até aspirações ligadas à fases, modismos,

influências externas. Um adolescente pode dizer que seu objetivo é ser

vocalista de uma banda de rock aos 16 anos, provavelmente aos 23 já

terá esquecido este sonho. Um advogado que seguiu a carreira por

influência da família, mas não se sente adaptado à profissão deve pensar

em mudar de carreira e não em ser um grande profissional, pois se não

gosta do que faz dificilmente terá sucesso. Parece óbvio, mas não é tão

evidente assim quando é a sua vida. As pessoas possuem uma facilidade

enorme para identificar erros e acharem as coisas óbvias na vida de

outras pessoas, mas não conseguem ver que os mesmos casos se aplicam

às suas próprias vidas. Só o autoconhecimento propicia o contato com as

informações sobre você mesmo que serão importantes para encontrar o

seu propósito e fazer um projeto de vida.

Não há tempo suficiente para que possamos fazer tudo o que temos

vontade. A vida é feita de escolhas, no momento em que você faz uma

escolha, está abrindo mão de todos os outros "futuros" pertencentes às

opções recusadas. A interligação e a seqüência desses caminhos é que faz

um projeto de vida ser bem sucedido ou não.

Portanto, de nada adianta planejar cada ação, se não houver

direcionamento, pois os resultados serão aleatórios dentro do contexto

geral da vida. Quando se tem um projeto de vida, cada planejamento, por

mais específico que seja, está relacionado com as metas principais e

gerais definidas neste projeto.

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A vantagem é que evita-se o desperdício de tempo executando

planos inúteis (do ponto de vista dos objetivos principais da pessoa), e

que muitas vezes consomem grande quantidade de tempo, recursos e

energia que poderiam estar sendo aplicados em algo mais significativo e

relevante. Sem um projeto de vida ainda corre-se o risco de só identificar

essa "inutilidade" do plano depois de já realizado.

4.1 Foco

“Não adianta ter paciência e persistência sem ter um rumo definido.”

Amyr Klink

“Uma forte paixão, por qualquer objetivo que seja, garantirá o sucesso,

pois o desejo pelo fim apontará os meios.” William Hazlit

Se você não sabe para onde está indo, não chegará a lugar nenhum.

A premissa básica para o sucesso de um planejamento é conhecer o alvo

por traz dele, a intenção maior por traz de um objetivo menor.

De que adianta realizar inúmeros objetivos pequenos, se não há

interligação entre eles?

O foco direciona o planejamento de acordo com o projeto de vida. É

o destino onde você pretende chegar através do caminho percorrido com

o planejamento. É o motivo maior que guia a realização das metas.

O foco serve principalmente para aquelas horas em que você acha

que tudo o que está fazendo não tem sentido, que todo esforço dedicado

na concretização dos objetivos é vão. Estar consciente do foco é um fator

motivador, nessas horas, você se lembra que o que está fazendo no

momento não tem fim em si mesmo, mas no alvo que você pretende

conquistar ao completar o planejamento.

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“É muito triste passar a vida inteira cumprindo as suas

obrigações sem nunca ter construído algo de fato.” Amyr Klink

A maioria das pessoas vive em piloto automático, faz as coisas sem

saber ao certo o porquê. O trabalho é só uma forma de se sustentar, o

lazer a válvula de escape dos problemas e do trabalho, o estudo, obtenção

de conhecimento e desenvolvimento de habilidades é visto somente como

uma forma de manter-se vivo no mercado. Não é raro vermos pessoas

idosas, ou mesmo um pouco mais jovens se lamentando por não terem

construído nada em suas vidas, só fizeram o que tinham que fazer para

continuar vivos e desperdiçaram um tempo imensurável com atividades

de pouca utilidade, assistindo TV, jogando conversa fora, dormindo mais

do que o necessário,... Viveram suas vidas sem grandes objetivos, além

dos imediatos e impostos pelas próprias condições da vida ou por

terceiros. Se você não quer estar nesta condição quando estiver velho e

resolver parar para pensar de que valeu a sua vida para chegar a

conclusão de que foi uma vida inútil, que não deixou rastros e não

contribuiu com nada para outras pessoas, recomendo que faça com

sinceridade este exercício:

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Imagine-se no final de sua vida. Um jornal decide publicar uma matéria sobre

você. O que estaria escrito nesta reportagem? Quais os feitos, realizações,

frases seriam atribuídos à você? Você seria lembrado como que tipo de

pessoa? Quais as qualidades e defeitos seriam ressaltados sobre você neste

artigo? Ou você não seria lembrado? Sua vida é tão medíocre que ninguém

seria capaz de lembrar sequer o seu nome? Se este é o seu caso, o que você

pode fazer para reverter esse quadro? Como você quer ser lembrado? (não

me refiro à fama ou reconhecimento público, um cientista que fez muitas

descobertas pode ser lembrado numa reportagem mesmo que tenha sido

anônimo por toda a vida.) As pessoas geralmente são lembradas por seu

caráter, integridade, realizações, qualidades. Se o que domina em sua

personalidade são seus defeitos e as pessoas, em sua maioria, preferem não

estar perto de você, sua família só o suporta por obrigação, você não constrói

nada de útil, provavelmente não haverá nada a ser lembrado no final de sua

vida. É difícil que alguém admita que se encontra nesta condição, mas ela

existe, há muitas pessoas assim. A sinceridade neste exercício é muito

importante, pois a tendência é a pessoa vislumbrar um futuro utópico, ela

quer ser lembrada por algo que nunca fará ou será. Considere a sua idade e a

sua condição atual, o que você sabe, o que pode aprender, desenvolver, os

recursos a que tem acesso e o que pode conseguir, com os pés no chão, sem

sonhar com uma realidade tão distante que não pode sequer ser planejada.

As informações obtidas neste exercício devem ser revistas anualmente, você

deve verificar se está indo em direção à concretização do que estabeleceu

com “realizado” em seu artigo, ou se seus interesses mudaram, a reportagem

após 5, 6 ou 10 anos pode mudar completamente. O ideal é que não mude,

mas devido a falta de autoconhecimento de grande parte das pessoas que

fazem esse exercício é muito difícil os interesses, valores e prioridades

manterem-se constantes por muito tempo, principalmente se a pessoa é

muito jovem. A maioria das pessoas escreve baseando-se em suas

prioridades e valores do momento. Pessoas muito jovens não escrevem sobre

caráter, integridade, honestidade, mas sobre fama, status, dinheiro e

geralmente criam ilusões fantásticas sobre o futuro. Pessoas com depressão

ou crises familiares, escrevem sobre paz, tranqüilidade, união. Procure, ao

fazer esse exercício, olhar para você como ser humano, independente de

seus interesses e problemas momentâneos, pense em como isso tudo muda

ao longo dos anos, tente identificar os valores universais e buscar seus

objetivos magnos, aqueles que provavelmente não serão afetados pelo

tempo.

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Com esse texto em mãos, você já tem condições de ter uma idéia

de quais as diretrizes básicas de seu projeto de vida. Selecione os

principais pontos destacados, entre realizações, qualidades, frases,

estórias e planifique como o que deve ser feito para que no final de sua

vida o resultado seja o desejado por você. Esse projeto deve reunir os

principais pontos a serem desenvolvidos por você ao longo da vida, são os

objetivos principais. Não se preocupe com detalhes agora, estes serão

explorados adiante.

A primeira tabela é um exemplo de como você pode planificar a

definição de seus principais objetivos, sempre questionando o porquê de

querer realizá-los e definindo prazos. Muitas vezes mantemos sonhos

“desatualizados” em nossa mente e nem sabemos o porquê. Questionar-

se é importante tanto para verificar se você ainda deseja realizar um

objetivo, quanto para registrar seus porquês. Quantas vezes você já não

se perguntou sobre os motivos de querer realizar algo no passado que

agora já nada significam? Se não “atualizarmos” nossos motivos,

corremos o risco de lutar por um objetivo cujas razões já não são mais

importantes.

Quanto à definição de prazos, pode ser um pouco complicado lidar

com datas, principalmente se você ainda não tem uma idéia clara do

objetivo. Mas lidar com prazos pode fazer com que você se force a pensar

no seu objetivo com mais clareza e objetividade, sendo um ótimo

exercício para que você vá descobrindo e definindo detalhes, metas e

comece a se direcionar ao seu objetivo. Você não precisa definir

exatamente em quanto tempo realizará a meta, mas é importante definir

a proximidade (curto, médio e longo prazo) e estimar datas.

A tabela “status de realizações” deve registrar quantas e quais

foram as metas já realizadas, quais você deixou a oportunidade passar e

quais ainda podem ser realizadas.

Por fim, você registrará os seus objetivos gerais no projeto de vida.

Não se preocupe com detalhes aqui. Recomendo que você mantenha seu

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projeto separado por objetivo, ou área de vida e por data, de preferência

anual. Em “fase” você deve indicar em que estágio se encontra ou se

encontrará no futuro seu objetivo (início, preparação, continuidade,

manutenção, etc)

Objetivos, como já foi dito, são gerais, representam um marco a ser

atingido, um passo, uma etapa a ser galgada. As metas são específicas,

são meios para se atingir os objetivos. No projeto de vida, você deve

registrar objetivos. Você não precisa saber exatamente o que vai estar

fazendo daqui a 10, 20 anos, principalmente se você for muito jovem,

mas se tiver alguma idéia, isso já poderá ser um passo importante para

que você possa definir rumos e prioridades em sua vida. Você pode definir

primeiramente os objetivos principais que tem em mente para realizar e

depois ir encaixando dentro de uma grade que representa os anos para

realização.

Muitas pessoas utilizam o ano como unidade máxima de

planejamento. Definem no início do ano que farão nos próximos 12

meses. Desta forma, perde-se a visão de conjunto. Boa parte dos nossos

objetivos de vida não podem ser concretizados em apenas 1 ano. Sem um

projeto de vida que abranja vários anos, a pessoa não consegue visualizar

a necessidade de tomar atitudes agora para realizar projetos que só serão

concretizados daqui alguns anos. Há objetivos que requerem dedicação e

ações durante um longo prazo para que possam ser realizados. Se você

define que pretende fazer um mestrado dentro de 2 anos, terá que se

preparar para isso, não pode ficar esperando os 2 anos passarem sem

tomar determinadas atitudes (estudar o tema escolhido, realizar os testes

necessários, economizar dinheiro, procurar realizar uma atividade

profissional que permita dedicação ao curso, etc). Esse mesmo raciocínio

pode ser aplicado à compra de bens que estão além das suas capacidades

econômicas. Os “planejadores anuais” não incluem uma viagem cara em

seu plano se não forem capazes de arcar com as despesas no momento,

pensam “o dia que eu tiver dinheiro vou viajar para tal lugar”, um

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planejamento mais amplo pode incluir a viagem como um objetivo,

“economizar uma certa quantia todo mês durante 3 anos”. Grades

realizações exigem tempo, dedicação e programação. 1 ano só permite

que você realize pequenos projetos e não consiga enxergar o todo, a

interligação entre os diversos projetos a que você se propõe a realizar.

Um projeto de vida permite que você programe grandes objetivos e saiba

o que tem que fazer ao longo dos anos para chegar até eles.

Os níveis (pessoal, profissional, saúde, etc) podem mudar conforme

o que você considera importante, pode-se incluir por exemplo, os níveis

mental, familiar, espiritual, social, esportivo, .... A pergunta que segue

cada objetivo deve ser respondida com muita sinceridade. Com freqüência

determinamos objetivos as quais não nos identificamos, não possuem

ligação com a nossa missão de vida, que posteriormente será tratada, ou

contrariam os princípios naturais.

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4.2 Metas X Objetivos

“O ato de estabelecer objetivos fornece dois bens valiosos para você:

sentido de causalidade e marcas para iluminar o caminho. Os objetivos o

põem ao timão da sua vida; persegui-los é reconhecer a causalidade sobre

a situação. Eles permitem determinar o curso, em vez de simplesmente

ficar à deriva e deixar que a vida aconteça para você.”

Chérie Carter-Scott

Há muita confusão entre estes dois conceitos. Metas não são a

mesma coisa que objetivos. Estes são generalistas, representam “um alvo

a ser atingido”, “algo a ser conquistado”, “onde se quer chegar”. As metas

referem-se aos objetivos como os meios para se conquistá-los. Você irá

chegar aos seus objetivos através da concretização de metas. Se o seu

objetivo é ser arquiteto, suas metas provavelmente serão algo como

“fazer uma faculdade de arquitetura”, “desenvolver um estilo pessoal de

design”, “conhecer lugares com arquitetura diferenciada”, etc. O objetivo

é sempre o fim, as metas representam o que você terá que fazer,

desenvolver, criar, para atingir o objetivo.

Como um primeiro passo, você pode começar definindo seus

objetivos, “os alvos que você deseja atingir como fim”. Não determine

como objetivos atividades diárias, compromissos, responsabilidades a

cumprir. Objetivos são gerais, representam um fim e não um meio. Seus

objetivos podem ser formar-se em um curso universitário, fazer uma pós-

graduação, abrir um negócio próprio, mudar-se de cidade, aprender uma

língua estrangeira, desenvolver habilidades, etc. Antes de começar a

definir seus objetivos, leia os tópicos abaixo. É imprescindível determinar

objetivos com base em seus valores pessoais e à sua missão de vida. Sua

vida deve seguir uma linha reta, se você começar a definir objetivos

contrastantes entre si, que o levem para caminhos contrários, você estará

fadado ao fracasso. Há objetivos que são tão conflitantes quanto querer

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Planejamento Estratégico Pessoal

ser médico e advogado ao mesmo tempo, mas devido à sutiliza, você

pode não perceber. Se prestar atenção aos seus valores pessoais e nunca

definir objetivos que não se encaixem em sua missão, tem grandes

chances de evitar erros assim. A missão de vida será tratada no capítulo

5.

4.3 Visões X Objetivos

Uma grande armadilha na determinação de objetivos são as visões,

as intenções. Muitas pessoas determinam como objetivos “ser feliz”, “ter

saúde”, “ficar milionário”, “conhecer um grande amor”. Estes não são

objetivos. Em primeiro lugar, porque são coisas das quais ninguém

determinará o contrário. “Quero ser muito infeliz e acabar com a minha

saúde até morrer”, ou “quero ser pobre para o resto da vida”, a pessoa

pode não desejar se tornar milionária, mas definir que quer ser sempre

pobre também não vai. Quanto à conhecer um grande amor, um desejo

muito comum, não pode ser determinado como objetivo, pois não

depende somente da pessoa. Você não pode determinar “em dois meses

vou conhecer uma pessoa maravilhosa”, não é algo que esteja dentro do

seu limite de controle, pelo contrário, você pode passar a vida inteira sem

conhecer “um grande amor”, isso absolutamente, não depende de você.

As intenções que temos para nossa vida são sempre as melhores, é claro,

portanto não precisamos determinar intenções como objetivos, pelo

simples fato de serem questões óbvias.

Digo que objetivos são gerais quando os comparo com metas, mas

comparando com visões e intenções, digo que os objetivos são muito

específicos, indicam claramente um lugar a ser atingido, e não algo tão

amplo, genérico e de difícil constatação quanto “ser feliz”. Objetivos são

indicações de resultados calculáveis a serem atingidos. São os objetivos

que transformam os sonhos em realidade. Através deles é que as visões

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Franciane Ulaf

abstratas são realizadas. Você se sente feliz quando atinge seus objetivos,

mantém-se saudável quando estipula objetivos e metas para manter o

corpo, a alimentação e a mente sadias. Visões como ficar rico podem ser

definidas em objetivos mais específicos, dentro das suas possibilidades.

Se você já não está mais em idade de juntar uma boa fortuna e chega à

conclusão de que a única forma de “ficar rico” é ganhando na loteria, é

melhor colocar os pés no chão e determinar objetivos realistas, do

contrário você corre o risco de se decepcionar, pois verá que não

consegue atingir os objetivos que determina.

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5 – Planejamento Estratégico

5.1 A Missão e a Visão

“Todo mundo possui uma vocação ou missão específica na vida; todo

mundo deve realizar uma atividade em particular para se sentir satisfeito.

Nisso, ele não pode ser substituído, nem sua vida pode ser repetida. Por

essa razão, a tarefa de todas as pessoas é tão particular quanto sua

oportunidade específica de implementá-la.” Viktor Frankl

“Todo ser humano tem um trabalho a fazer, responsabilidades a realizar,

influências para exercer, que são suas e tão-somente suas, e que

nenhuma consciência a não ser a sua pode ensinar.” William Ellery

Channing

A declaração de missão de George Bernard Shaw:

“Minha vida pertence a toda a comunidade e enquanto viver tenho o

privilégio de fazer por ela tudo que estiver ao meu alcance. Só quero

morrer depois de ter dado o máximo de mim. Quanto mais me empenhar,

mais viverei. O que me dá prazer é a própria vida. Esta é uma espécie de

tocha suntuosa que herdei para conduzi-la e quero mantê-la o mais

radiante possível antes de legá-la para as futuras gerações.”

Há algum tempo as empresas descobriram o poder de definir uma

missão para que todos os funcionários seguissem o mesmo rumo e

compartilhassem da mesma visão da empresa. Mas uma declaração de

missão não é útil somente para guiar empresas. Os indivíduos podem se

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Planejamento Estratégico Pessoal

beneficiar muito do conhecimento de planejamento estratégico, antes

aplicado somente nas organizações.

Uma declaração de missão descreve o que você é e de que forma

você contribui com o mundo à sua volta. A missão pessoal diz de forma

mais específica o que as suas ações e intenções representam de fato. Não

é onde você quer chegar, mas onde você está agora, o que você é. Reflete

seus talentos, o que você faz que repercute em sua vida e na de outros. O

verdadeiro motivo da nossa existência é fornecer algo singular, que

contribua de alguma forma para alguma coisa. Quando você descobrir o

que é que você fornece de único às demais pessoas, descobrirá sua

missão. Observe que a definição de missão aqui não é a mesma

encontrada em algumas religiões, onde o significado é de algo que “deve

ser feito” no futuro. A missão aqui não tem ligação com o tempo,

representa o que você é, e com o que e como você contribui.

“Se você não sabe para onde está indo, provavelmente acabará em

algum outro lugar. Como você pode saber para onde está indo ou como

fará para chegar lá se não tiver um destino bem claro em mente?”

Ioki Berra

Uma declaração de missão possui muitas utilidades, mas talvez a

mais importante delas seja o poder de mantê-lo dentro dos seus

propósitos de vida. Na confusão do dia-a-dia, muitas pessoas acabam se

distanciando daquilo que consideram realmente importante. Uma missão

evita esses desvios, até porque na maioria das vezes eles ocorrem porque

a pessoa não sabe ao certo qual o seu caminho, sente-se perdida, então

envolve-se com qualquer coisa que possa parecer interessante. A missão

delimita o seu campo de ação, faz com que você se preocupe com o que é

realmente importante para você e descarte o resto.

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A composição de uma declaração de missão

Sua declaração de missão deve conter todos os aspectos de sua vida

interligados. Quem é você? O que você representa para as outras

pessoas? Qual o significado da sua vida? Qual o legado que você gostaria

de deixar no mundo? Essas perguntas são fundamentais para que você

tenha uma declaração clara. Não adianta construir um texto bonito,

filosófico, com ares poéticos se ele não refletir a realidade, se ele não

puder ajudar na determinação de seus objetivos. É melhor fazer um texto

simples e objetivo, mas que você entenda e possa se lembrar sempre dele

quando estiver indeciso quanto à uma questão importante. Sua missão

pode ser composta de algumas linhas escritas ou de uma página inteira, o

tamanho não é importante, mas sim o conteúdo, que deve expressar o

que você é, o que você representa e o que você quer deixar de legado

para o mundo.

A declaração de visão

Viktor Frankl descobriu através da observação de seus colegas de

campo de concentração que os que sobreviviam eram os que tinham uma

visão do futuro, uma convicção de que tinham algo a realizar depois que

saíssem daquele lugar. Sobreviventes de campos vietnamitas e outros

lugares relataram experiências semelhantes, a força que leva uma pessoa

a lutar no presente é saber que há algo melhor no futuro à espera dela.

A visão é a idéia que você tem do futuro. Onde você quer chegar?

No campo profissional, a visão de ser diretor da empresa pode leva-lo à se

esforçar, motivá-lo a enfrentar os mais difíceis desafios e dificuldades,

enquanto uma pessoa que não tem uma visão pode desmotivar-se ao se

deparar com o menor obstáculo, deixar de perceber o sentido do que está

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Planejamento Estratégico Pessoal

fazendo e acabando por não crescer profissionalmente. A visão não se

restringe à vida profissional. Você deve estabelecer pontos de referência

em todos os setores de sua vida, e à medida que for alcançando, renovar

suas visões.

5.2 Definição de Metas

“Nenhum vento é favorável para quem não sabe em que porto quer

chegar.” Sêneca

“Não há meio de decidir que medidas adotar até que saibamos o que

estamos tentando realizar.” Robert Mager

“Ação é algo fácil. O que não é fácil é ligar as ações aos resultados. O que

não é fácil é agir com um propósito, agir de forma a chegar aonde você

quer.” Robert Mager

As metas são as ações necessárias para que você atinja seus

objetivos. Para cada área de sua vida, você definiu vários objetivos

quando fez seu projeto de vida. Agora, chegou a hora de definir como

você irá atingir cada um desses objetivos.

Sem metas, de que adianta você trabalhar com todo o seu

empenho, tornar-se organizado, controlar muito bem o seu tempo? Dar

um duro danado para fazer tantas tarefas rotineiras ou urgentes que não

trazem resultado futuro nenhum é muito frustrante. É preciso ter metas

pessoais, profissionais e também conhecer as metas da empresa ( caso

você trabalhe em uma ) para que você sinta que o que faz no presente faz

parte de um contexto muito maior que se manifestará no futuro.

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Muito se fala em motivação, e a maioria das pessoas ainda continua

“em busca da motivação perdida”, sem saber que para sentir-se motivado

é preciso saber para onde está indo. Quem não tem metas, acaba não

vendo razão para fazer as coisas. Motivação vem de motivo, qual o motivo

pela qual você faz o que faz? Se a resposta não lhe agrada ou você não

sabe respondê-la, você não se sentirá motivado. E isso não tem

necessariamente a ver com um trabalho cheio de desafios e novidades.

Conheço uma história contada pelo consultor americano Zig Ziglar,

em que um faxineiro de uma grande empresa norte-americana certa vez,

assistiu a uma de suas palestras na companhia e resolveu seguir seus

conselhos. Este homem continuou como faxineiro na mesma empresa,

mas alguns anos depois comprou uma bela casa. Ele havia estabelecido

como meta investir mensalmente uma quantia do seu salário e ía para o

trabalho motivado todos os dias pois sabia que o fruto daquele trabalho

lhe compensaria com seu maior sonho.

Portanto, se você está em busca da “motivação perdida”, descubra

quais são os seus motivos e diga “eu quero chegar lá”, onde este “lá” é

um lugar determinado por você. A única verdadeira motivação é a interna,

ninguém é capaz de motivá-lo e vice-versa. E é só através do

conhecimento de seus próprios objetivos é que você pode encontrá-la.

CARACTERÍSTICAS DAS METAS

1. METAS SÃO REALISTAS – Metas não são sonhos, não as baseie em

um ideal que você criou como situação perfeita. Metas não precisam ser

somente coisas grandiosas. Não extrapole seus limites ao estabelecê-las.

Não adianta colocar como meta perder 10Kg em 1 semana ou fazer 2hs

de exercícios por dia se a sua consciência lhe diz que você não vai fazer

isso. É preciso se conhecer bem para estabelecer metas. Desde os

conceitos de felicidade, sucesso, qualidade de vida, trabalho, etc até saber

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qual a sua forma de agir e reagir. Não adianta dizer “A partir de hoje...”,

eu serei mais perseverante, mais responsável, etc, etc... Há pessoas que

criam metas irreais e dizem para si mesmas que a partir daquele dia

mudarão seu jeito de ser para poder cumpri-las. E isso, claro, não

acontece. As pessoas podem até mudar hábitos, desenvolver habilidades,

mas ao longo de um período de tempo e não de um dia para outro.

Portanto, se você sabe que suas características não lhe permitem realizar

a meta, primeiro se proponha a desenvolver as habilidades necessárias

(se isto for possível).

2. METAS SÃO MENSURÁVEIS – Você consegue medir a evolução da

meta enquanto a realiza ? Não, então elas correm o risco de se tornarem

vagas demais. Por exemplo, ao invés de estabelecer uma meta “parar de

fumar”, prefira “reduzir o número de cigarros para 6 ao dia” e

gradativamente diminuir o número em novas metas, assim que esta for

cumprida. Se sua meta for parar de fumar e você conseguir reduzir de 20

para 2 ao dia, poderá ficar frustrado pois não conseguiu atingir a meta,

mesmo tendo feito um grande avanço. Metas financeiras podem ser

definidas como aumentar em 50% meu valor de mercado em 2 anos,

conseguir um aumento de salário para “tanto” ao mês ou mudar para um

emprego que proporcione o salário que desejo.

“Diminuir em 30% o tempo gasto com interrupções durante o

expediente.” “Diminuir para 40 minutos diários o tempo gasto com correio

eletrônico”. Enfim, quanto mais você puder mensurar suas metas, mais

fácil será a verificação da concretização.

3. METAS SÃO DESAFIOS – Metas são desafios que exigirão uma

estratégia para serem cumpridas. Tome cuidado com metas fáceis, pois

elas podem desestimular, assim como metas acima da própria capacidade

de realização. A maioria dos seres humanos é movido à desafios,

descubra o que o motiva e crie suas metas em cima disso.

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4. METAS SÃO ADMINISTRÁVEIS – De que adianta estabelecer uma

meta na qual a concretização não depende somente de você? Ganhar uma

competição é um bom exemplo. Por mais que você se esforce, seus

adversários podem estar melhores que você e não há nada que você

possa fazer para determinar o potencial deles. Portanto, nunca determine

uma meta quando o resultado não depende exclusivamente de você. Uma

derrota nestas circunstâncias pode gerar frustração, dúvida quanto à

própria capacidade e desmotivação sem necessidade.

MÉTODO DE DEFINIÇÃO E ANÁLISE DE METAS

1. Diagnóstico da situação atual

As seguintes tabelas visam mapear a situação atual de pontos

positivos e negativos com relação à concretização de metas propostas.

Utilize estes modelos e aplique a cada meta que você conseguiu atingir e

as que você falhou.

Tabela de metas concretizadas

Tem o objetivo de levantar qualidades e fatores que contribuem com

a concretização das metas propostas, assim como identificar se as metas

estavam de acordo com o projeto de vida e com a missão pessoal. Note

que pouco adianta cumprir diversas metas dentro do prazo esperado se

elas nada tem a ver com as prioridades em sua vida, que estão ligadas ao

projeto de vida.

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Tabela de metas não concretizadas

Tem o objetivo de levantar os motivos da não realização das metas

propostas. Procure evitar culpar terceiros ou fatores externos por suas

falhas. Muitas vezes, estes fatores externos realmente atrapalham e

dificultam, mas não são os únicos responsáveis. Procure ver aonde você

errou em primeiro lugar.

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Determinação de Metas

Determinar uma meta precisa pode não ser tão fácil quanto parece.

Para verificar esse fato, antes de ler este capítulo, escreva quais são as

metas que deseja realizar num período de 24 meses. Você verá quanta

imprecisão é capaz de escrever!

Alguém poderia, por exemplo, ter escrito as seguintes metas:

- Melhorar minha atitude com relação aos meus filhos;

- Ter orgulho do meu trabalho;

- Melhorar as relações familiares;

- Estar no lugar certo na hora certa;

- Aumentar a auto-estima;

- Ter mais motivação no trabalho;

- Desenvolver um sendo de equipe para melhorar as relações no

trabalho;

- Tomar decisões mais acertadas;

- Ter mais confiança em minhas habilidades.

Você consegue identificar o que há de errado com essas metas?

Metas como essas na verdade são armadilhas, pois são genéricas

demais, representam abstrações e são impossíveis de serem medidas,

qualificadas ou reconhecidas quando atingidas.

Metas devem identificar performances a serem realizadas, de forma

que possam ser medidas ao longo do tempo em que estão sendo

concretizadas e reconhecida a sua finalização.

O que quer dizer a meta “ter mais orgulho do meu trabalho”? Todos

sabemos o que é ter orgulho do trabalho, mas isso não pode ser definido

como meta pelo simples fato de ser abstrato demais. Como você medirá a

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Planejamento Estratégico Pessoal

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evolução da meta? Hoje meu orgulho no trabalho está 10% melhor que

ontem? E como você identificará o cumprimento desta meta?

“Melhorar minha atitude com relação a alguém” – o que é atitude?

Como alguém pode medir atitude? O fato de determinar metas assim, já

indica que a pessoa pouco sabe o que fazer para resolver o problema.

Dizer “pretendo melhorar minha atitude com relação ao meu filho” é o

mesmo que dizer: “Não faço idéia do que fazer, então vou escrever essa

meta para aliviar minha consciência.” No próximo capítulo, você

aprenderá a planejar estrategicamente suas metas e se não souber

escrever metas claras, precisas e quantificáveis, encontrará muita

dificuldade.

O estabelecimento de metas é realmente um processo complexo,

que exigirá que você reescreva-as diversas vezes até que consiga atingir o

objetivo – uma lista de metas realistas e mensuráveis.

Você pode estar se perguntando, por que toda essa insistência em

mensurar, quantificar e especificar tanto as metas? Primeiro, porque,

como já dissemos, o processo de planejamento exigirá detalhamento, e

metas abstratas não podem ser detalhadas. Segundo, porque metas

irreais ou pouco claras geralmente não são realizadas, e a não realização

leva conseqüentemente à desmotivação, à falta de confiança no próprio

potencial, à baixa auto-estima, e até à problemas mais graves. Alguém

que determine uma meta “tomar uma atitude para melhorar meu

casamento”, provavelmente não saberá o que “fazer” à nível de ações

para melhorar o casamento e no dia-a-dia nem se lembrará da meta, o

que fará a situação piorar ainda mais, pois nenhuma “atitude” será

tomada e meta não será realizada.

Ao escrever suas metas, questione-se sobre o significado de cada

palavra que compõe a meta. O sentido é abstrato? Pode ter várias

interpretações? Há como ser mensurado? Você seria capaz de identificar

alguém que tenha atingido esta meta? Talvez o ponto mais importante a

ser analisado na definição de metas é pensar em sua identificação. A meta

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“sorrir toda vez que cumprimentar alguém” é verificável, pois você “vê”

quando alguém está sorrindo. A meta consertar a TV é verificável, pois

representa uma ação, você é capaz de dizer quando alguém está

consertando uma TV, ou se uma TV estragada foi consertada, ao passo

que a meta “tomar decisões mais acertadas” não pode ser identificada ou

medida, além disso, é um tipo de meta que representa a ponta do

iceberg, decisões erradas são tomadas por outros motivos que não o

simples ato de “tomar uma decisão”.

Uma boa técnica para verificar se a sua meta é realista ou não é

listar as performances que a identificam. Quando alguém está realizando

esta meta, que ações identificam que ela está de fato fazendo isto? Quais

são as performances que identificam quando alguém está ou não

cumprindo a meta? Se houver dificuldade nesta tarefa, você pode utilizar

o processo inverso, tentar identificar o que uma pessoa que

definitivamente não está cumprindo a meta faz. Faça também uma lista

dos resultados alcançados. Como você sabe que alguém atingiu a sua

meta? Quais são os resultados visíveis que você pode identificar e dizer

“essa pessoa atingiu a meta”? Note que aqui você deve descrever

resultados e não processos.

Se mesmo após muito questionamento, você ainda achar que a

meta deverá ser abstrata, pois ela em si possui este caráter, as

performances listadas é que dirão se ela foi ou não cumprida. Por

exemplo:

- Ter orgulho no trabalho

(É uma meta abstrata, mas pode ser verificável se você explicar o que

você quer dizer com “ter orgulho no trabalho”)

- Realizar tarefas no prazo;

- Falar bem da profissão;

- Levar trabalho para casa se for preciso;

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- Manter relações amigáveis com colegas e superiores;

- Vestir-se de maneira adequada.

Essas performances podem ser facilmente verificadas e tornam a

meta verificável, mas note que para outra pessoa, “ter orgulho no

trabalho” pode gerar uma lista de performances totalmente diferente, por

isso é tão importante explicar o que você quer dizer com a meta, até para

você mesmo. Muitas pessoas definem metas abstratas e não sabem o que

querem dizer com ela, tem apenas um sentido vago de que querem

realizá-la, mas não sabem como fazê-lo, nem como identificar quando a

meta for atingida.

O que você quer dizer quando define em uma meta que precisa ter

mais iniciativa?

Digamos que para você ter iniciativa é assumir responsabilidades,

tomar boas decisões, ser pontual, não esperar que outros digam o que

fazer.

O próximo passo será, então, identificar pessoas e resultados que

identificam a concretização da meta. Que pessoas em sua opinião atingem

ou atingiram a meta proposta? O que faz você acreditar que essa pessoa

atingiu a meta? Que performances ou ações desta pessoa justificam a

concretização da meta?

5.3 Estratégia

“O que você está fazendo nunca é significativo, a menos que você possa

dizer ou sugerir por que você o está fazendo: a qualidade da ação e a

motivação que lhe dá poder não podem ser avaliadas sem conhecer o

relacionamento de propósito.”

Kenneth Andrews

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O planejamento estratégico é um plano unificado, abrangente e

integrado com a finalidade de assegurar a concretização dos objetivos. As

estratégias definem as ações a serem tomadas para a realização das

metas. Formam um conjunto de diretrizes que traçam o caminho a seguir,

as sub-metas (os marcos do caminho), definem os recursos necessários,

prevêem obstáculos e oportunidades e esboçam as ações.

As metas e objetivos ditam quais e quando os resultados precisam

ser alcançados, mas não dizem como devem ser conseguidos. As

estratégias servem justamente para guiá-lo rumo a concretização de seus

objetivos e metas.

As maiores preocupações das pessoas que pensam em planejar são

as mudanças ambientais capazes de alterar os planos feitos. A estratégia

lida com o desconhecido, não o incerto. Não é possível prever todos os

eventos. A flexibilidade é essencial no trato com os fatores desconhecidos

do ambiente. A essência da estratégia é construir uma postura que seja

tão forte e potencialmente flexível, que a pessoa possa alcançar suas

metas, apesar das maneiras imprevisíveis que as forças externas possam

interagir, quando a situação chegar.

A estratégia divide-se em 3 níveis: Estratégico, tático e operacional.

É nesta fase que você traçará o caminho a ser seguido para a realização

de cada uma de suas metas. Estes 3 níveis especificam o que precisa ser

feito, como e o que será preciso para que a meta seja cumprida.

O gráfico ao lado demonstra como deve ser montado seu

planejamento estratégico pessoal. O ideal é que, para uma melhor

organização, você monte seu planejamento num computador, organizando

cada caixa “área da vida” como uma pasta e suas sub-pastas. As áreas da

vida correspondem às áreas “pessoal”, profissional”, “saúde”, “familiar”,

etc. Cada área possui seus objetivos, que possuem várias metas, que por

sua vez são detalhadas em níveis de estratégia, que serão explicados a

seguir.

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Características de uma estratégia eficiente:

Metas claras, decisivas e diretas

Impacto motivacional

Compatibilidade com o meio

Adequação à luz dos recursos

Horizonte de tempo coerente com a sua capacidade

Praticabilidade

Flexibilidade

Segurança

Adequação aos valores pessoais

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5.3.1 Nível Estratégico

O nível estratégico do planejamento define o que precisa ser feito

para que a meta seja concretizada. Neste nível também são definidos

prazos e especificações mais abrangentes.

Neste nível você irá formular as estratégias propriamente ditas para

que possa atingir cada uma das metas propostas dentro de cada objetivo.

Para uma única meta, pode existir diversas opções de caminhos para

atingi-la. A estratégia indica qual o caminho a ser escolhido para chegar a

uma determinada meta.

É preciso ter em mente que nenhuma das estratégias cogitadas para

a escolha final pode ser a “certa” ou a “errada” no sentido absoluto;

ambas podem estar certas ou erradas para a pessoa. A avaliação,

portanto, precisa repousar em um tipo de lógica circunstancial que não dê

enfoque a uma “melhor maneira”, mas que possa ser personalizada para

cada tipo de problema enfrentado.

Para chegar à conclusão de qual caminho escolher, você deve

analisar algumas questões:

1. Análise dos fatores internos

Você deve levar em conta suas aptidões, suas habilidades e

tendências na escolha da estratégia ideal. Se não fizer esta análise, corre

o risco de escolher um caminho que aparentemente é mais fácil, ou que já

funcionou para outras pessoas, mas que para você exige um esforço

extra, desnecessário, pois você não domina certas habilidades

necessárias, ou não é a estratégia adequada para você, por mais que

tenha dado certo para outra pessoa.

Veja a meta como uma música que deve ser tocada, e a estratégia,

a escolha do instrumento a ser utilizado. Se você toca violão e não piano,

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é óbvio que escolherá tocar a música no violão. Você deve fazer o mesmo

com suas metas. Olhar só pelo lado do desafio pode fazer com que você

acabe não cumprindo suas metas. Adotar uma linha de raciocínio do tipo:

“vou escolher tocar a música no piano pois assim eu aprendo um novo

instrumento” pode dificultar e até impossibilitar a realização da meta. O

foco do desafio deve ser na meta (uma música difícil) e não na estratégia

(um instrumento da qual não se tem domínio). O foco de desafio na

estratégia só deve ser levado em conta quando houver uma possibilidade

coerente de enfrentar o desafio.

2. Análise dos fatores externos

A determinação de uma estratégia adequada começa pela

identificação das oportunidades e riscos em seu ambiente. Mapear as

oportunidades e ameaças de cada caminho pode ser decisivo para a

escolha da estratégia. Em um determinado caminho podem surgir

oportunidades que representam um benefício maior ou poderão ser

aproveitadas em outras metas, o que pode não ocorrer se outro caminho

for escolhido. Assim como certas ameaças, obstáculos que existem em

uma certa estratégia, podem não existir em outra, ou podem ser

menores, ou mais intensificadas. Você deve pesar os prós e os contras de

cada estratégia possível, comparando com a análise interna. Por exemplo,

se você fosse escolher entre duas estradas para chegar em outra cidade,

poderia levantar todos os pontos fortes e fracos e as características de

cada uma e escolher dentre a que apresenta o melhor conjunto de

benefícios, e os obstáculos menos perigosos “para o seu caso”. É

imprescindível estudar bem o seu caso e escolher a estratégia adequada.

Uma estrada pode ser ótima para uma pessoa, e terrível para outra.

Digamos que uma estrada permita chegar na outra cidade dentro de um

menor tempo, mas não possua restaurantes para que você possa parar

para alimentação. Em compensação, a outra não permite que você chegue

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tão rápido, mas possui diversas opções de restaurantes. Você deve

primeiramente analisar o que você prefere, o tempo é importante? Ou

você prefere fazer paradas e se alimentar, mesmo chegando horas mais

tarde? Uma das estradas pode apresentar um asfalto corroído e muitos

buracos, o que pode não ser bom para o seu carro, cuja suspensão não

está muito boa (fator interno). A outra estrada pode apresentar um

volume muito intenso de caminhões, o que facilita a propensão para

acidentes, estressa o motorista, e pode causar congestionamentos. Cada

uma destas características pode ou não fazer com que você decida

escolher entre uma estrada ou outra. Tudo vai depender da comparação

com os seus fatores internos, numa balança entre prós e contras.

3. Análise de questões críticas

As questões críticas compreendem detalhes que podem afastá-lo

dos objetivos principais de seu projeto de vida, de sua missão. A adoção

de uma estratégia específica pode, por exemplo, impossibilitar a

concretização de outra meta, ou ir contra o estabelecido em sua missão.

Essa análise pode ser feita através de algumas perguntas que devem ser

aplicadas a cada estratégia possível de ser escolhida.

Esta estratégia de adapta ao meu projeto de vida?

Esta estratégia fere algum de meus valores pessoais?

Adotar esta estratégia me afasta, de alguma forma, de minha

missão de vida?

Há algum objetivo que será afetado negativamente se eu adotar

esta estratégia?

De que vou ter que abrir mão caso adote esta estratégia?

Terei que enfrentar fatores ambientais das quais não estou

preparado?

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Analisando minha lista de pontos fortes e fracos, percebo que

minhas habilidades são suficientes para conseguir cumprir a meta

através desta estratégia?

4. Estratégias alternativas

Nem sempre acertamos ao escolher uma estratégia, ou algum fator

ambiental impede que continuemos a aplicá-la. As estratégias alternativas

são os planos de contingência, caso algo na estratégia adotada der

errado. Geralmente, adota-se como estratégia alternativa, a 2º opção,

que “concorreu” com a 1º para ser aplicada. Caso seja uma meta

importante, esta 2º opção deve também ser planejada como a 1º,

seguindo os passos descritos a seguir. Você pode precisar dela quando

menos esperar, e pode não ter tempo, nem cabeça para fazer um outro

planejamento.

Para cada meta planejada, utilize uma tabela como esta para melhor

visualização das oportunidades, ameaças e das respostas à questões

críticas. Depois questione-se sobre a adequação ao seu caso específico

para encontrar a estratégia ideal.

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TOMADA DE DECISÃO

Escolher a estratégia mais adequada pode não ser muito fácil.

Dentre muitas, pode-se eliminar as que não se enquadram no seu perfil,

mas quando sobram 3, 2 estratégias a serem escolhidas, é preciso muito

equilíbrio, liberdade, coerência e foco para saber qual a estratégia mais

adequada para o seu caso. Essas 4 habilidades funcionam juntas e tomar

uma decisão sem uma delas pode fazer com que você faça a escolha

errada.

Equilíbrio é saber pesar os prós e contras de cada estratégia de

forma justa. A tendência num momento de escolha é dar demasiada

ênfase à algum ponto forte da qual se quer muito, ou eliminar uma

estratégia devido à um único ponto fraco da qual se quer evitar a

qualquer custo. É como uma pessoa que descarta uma estratégia

excelente porque se recusa a falar com uma pessoa da qual teve um

desentendimento no passado. Um simples ponto fraco é capaz de estragar

toda uma estratégia caso a pessoa não faça a escolha utilizando essas 4

habilidades. Essa pode ser uma ótima forma de reconciliar-se com o

antigo desafeto, por exemplo. A liberdade é não ficar preso ao passado,

não apegar-se à coisas insignificantes. Deixar de escolher um caminho

porque terá que falar com uma determinada pessoa é apegar-se ao

passado, dessa forma, não há liberdade na decisão. Da mesma forma, não

é coerente eliminar uma estratégia devido a um detalhe tão insignificante.

A coerência é questionar a decisão em busca da lógica. Tem lógica deixar

de adotar uma estratégia que apresenta muitas vantagens em relação às

outras por causa de uma única pessoa da qual você se recusa a falar? O

foco é manter-se dentro dos seus propósitos de vida. Uma estratégia pode

não contrariar seus princípios, ou a sua missão, mas pode não ter nada a

ver com os objetivos que você persegue. Uma estratégia pode até passar

pelos questionamentos da análise crítica – pode não ferir sua missão e

seus objetivos, pode não exigir habilidades da qual você não possui – mas

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deve passar pelo teste do foco antes de ser escolhida. Uma estratégia que

foge muito dos seus propósitos de vida pode representar uma grande

perda de tempo, recursos e energia, enquanto você poderia decidir por

uma estratégia que auxilia a realização de outras metas distintas.

5.3.2 Nível Tático

O nível tático especifica como as ações definidas no nível estratégico

serão realizadas. Após escolher a estratégia, é aqui que você terá que

“desenhar” o caminho das pedras. O que terá que ser feito? Como fará

isso? O nível tático traça a rota que deverá ser seguida para a

concretização da meta.

Após a escolha da estratégia no nível anterior, chegou a hora de

especificar de que forma ela será executada. Se você optou por uma

determinada estrada no nível estratégico, agora terá que especificar

detalhes como: a que horas pretende sair, se vai passar antes no posto

para fazer uma revisão e abastecer o carro, quantas paradas vai fazer

durante o percurso, a que velocidade média pretende andar (resultando

na hora de chegada), entre outros detalhes.

O nível tático também envolve a especificação de como você

aproveitará as oportunidades geradas pela estratégia escolhida, assim

como, de que forma enfrentará os obstáculos.

As tabelas propostas servem apenas para uma melhor visualização

da estratégia. Você deve montar seu planejamento da forma como for

mais conveniente, seja um documento em Word com informações

detalhadas, ou tabelas diferentes. O importante é que a forma utilizada

seja útil para você.

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5.3.3 Nível Operacional

O nível operacional faz um levantamento dos recursos necessários

para que a meta possa ser realizada. Será preciso tempo extra? Dinheiro?

Apoio de alguém? Desenvolvimento de alguma habilidade? Enfim, tudo o

que você precisar a nível de recursos será determinado no nível

operacional.

Fatores a serem analisados:

1. Suas metas são compatíveis?

Se você possui duas metas que exigirão uma grande quantidade de

tempo despendida no mesmo período, uma das duas terá que ser adiada,

ou você corre o risco de não concretizar nenhuma delas. Você deve

determinar o nível de recursos de que dispõe e analisar as metas em

busca de incompatibilidades.

2. Recursos externos

Faça um levantamento de pessoas, empresas, organizações que

pode auxiliá-lo na concretização de suas metas, assim como (se for

necessário) uma estratégia de como conseguir esta ajuda. Estes recursos

não são necessariamente monetários. Podem ser o tempo de outra

pessoa, as habilidades, o conhecimento, o apoio de uma empresa, enfim,

recursos podem ser qualquer forma de insumo utilizado para

concretização de suas metas.

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3. O recurso responsabilidade

Estabelecer metas, de certa forma, é bem simples, cumpri-las é

outra estória. Quando as coisas começam a dar errado, a tendência é

culpar terceiros, obstáculos do caminho, ou qualquer outra força externa.

Assumir e determinar bem, registrando, a responsabilidade pela aplicação

de cada recurso é um passo importante para que você não caia nessa

armadilha. É sua responsabilidade também administrar os obstáculos, eles

estarão lá de qualquer forma, negar a sua existência ou desistir por causa

deles é não assumir a responsabilidade pela concretização da meta.

4. Organização

A auto-organização é um recurso imprescindível para o controle

operacional. Se você não conseguir administrar os recursos de que dispõe

ordenadamente, provavelmente não conseguirá aplicá-los da forma como

havia planejado. Para alcançar um nível desejável de auto-organização é

preciso muita disciplina. Se separou 2hs por dia para se dedicar à uma

meta, precisará de disciplina; se programou poupar uma quantia de

dinheiro por mês, precisará de disciplina para se policiar e não gastar.

5. Recursos pessoais

Os recursos pessoais são aqueles insumos que você tira de dentro

de si para a concretização de seus planos. É bom sempre estar consciente

deles e medindo seu nível, pois em meio a tempestades, acabamos

esquecendo nossas forças interiores e só enxergando as dificuldades

externas. Todos estes recursos podem ser treinados e desenvolvidos.

Nenhuma dessas habilidades é privilégio de “quem já nasceu assim”, pelo

contrário, a maioria são habilidades desenvolvidas ao longo da vida,

exigidas pelas experiências que passamos.

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A seguir você encontrará uma tabela que deverá ser preenchida

para cada meta que você determinar, numa base de tempo que você

escolher, pode ser diária, semanal, mensal, dependendo de sua dedicação

à meta. O importante é a sinceridade para consigo mesmo, dizer que você

foi muito persistente quando no fundo você sabe que isso não é verdade,

pode criar uma idéia falsa do seu desempenho, o que não trará nenhum

benefício para você. Quanto ao nível, você pode escolher uma escala

própria, de 1 a 5 de 1 a 10. É importante especificar separadamente o que

significa cada nível para tornar a verificação o mais técnica possível.

Flexibilidade

A flexibilidade é um recurso muito importante para a concretização

de metas. Tanto fatores externos quanto internos podem fazer com que

os planos tenham que ser revistos para serem finalizados. A falta de

flexibilidade leva a pessoa a achar que não pode mudar os planos, que se

planejou uma coisa, deve seguir à risca até o fim. A mudança é vista

como um fracasso. A pessoa inflexível, quando muda, sente-se frustrada

pois a mudança foi o último recurso quando tudo mais não funcionou. Ela

sente que “traiu seus planos”, pois não fez como havia planejado. Não

podemos prever o futuro, podemos no máximo imaginar alguns obstáculos

que podem surgir e nos preparar para enfrentá-los. As mudanças e

revisões de planos fazem parte do caminho.

Persistência

A persistência é o recurso mais importante na concretização de um

planejamento. Raramente o desenrolar de um planejamento ocorre da

forma como foi idealizado. A dificuldade é intrínseca a um bom desafio, e

metas são desafios, do contrário acabam desestimulando antes mesmo de

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começar a concretizá-las. Portanto, a persistência deve ser o seu maior

aliado na busca de suas realizações.

Autoconfiança e auto-estima

A dúvida quanto à própria capacidade pode fazer com que você

desista de um plano muito bem elaborado, na qual você possuía plena

capacidade de realização. O medo do desconhecido, o perfeccionismo, a

insegurança podem fazer você acreditar que não pode concluir o

planejado. Por outro lado, esta sensação pode estar sendo gerada por um

planejamento irreal, onde você superestimou sua capacidade, neste caso,

a flexibilidade deve entrar em ação e você deve questionar se realmente

deve seguir em frente, mudar os planos para se adaptar à sua realidade,

ou abandonar a meta. Mas esta decisão não deve ser tomada num

momento de crise, de depressão, quando a auto-estima está baixa e

achamos que não somos capazes de realizar nada. A decisão de desistir só

deve ser tomada se de fato, você constatar que as metas são irreais, que

está além da sua capacidade e condições realizá-la.

Coragem

A coragem é um insumo que pode ser muito útil, mas também pode

ser muito prejudicial. A coragem para realizar uma meta deve ser

coerente e sensata, pois do contrário, pode superestimar a sua

capacidade, subestimar o ambiente e os obstáculos e levá-lo à uma

condição desagradável.

Um bom exemplo de coragem sensata é o navegador Amyr Klink. A

princípio pode-se dizer que ele é um aventureiro muito corajoso que

arrisca a vida em suas jornadas, mas após estudar sua história, chegamos

á conclusão de que ele não é um aventureiro, mas um grande planejador.

Suas viagens são meticulosamente planejadas com anos de antecedência,

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todos os obstáculos são previstos, ele só parte quando os riscos são

praticamente todos conhecidos e há preparação suficiente para enfrentá-

los. Sua declaração antes de partir da África para o Brasil na travessia do

Atlântico foi “o mais difícil já foi feito, agora qualquer um pode sentar

neste barco e remar em direção ao Brasil”. Sua coragem não é

desmedida, é calculada e planejada.

Liberdade

O apego ou submissão à idéias, pessoas, organizações pode frustrar

o melhor planejamento. Se uma pessoa tem poder sobre você suficiente

para impedir que você tome atitudes, o seu planejamento pode ser

boicotado.

A liberdade a que me refiro, na maioria dos casos é a liberdade

emocional, se você é psicologicamente dependente de alguma coisa, seja

pessoa, idéia, organização, seu grau de ação é muito limitado. Por um

apego psicológico, você pode decidir tomar uma atitude contrária aos seus

planos ou deixar que algo externo conduza suas ações. A liberdade

emocional é o estado de sentimento natural de uma pessoa amadurecida.

Como a liberdade emocional nasce da auto-aceitação, quando você está

livre emocionalmente, não tem nada a provar a ninguém, não depende do

consentimento de outros para agir e não se prende a ideologias

castradoras. Essas ideologias são, por exemplo, uma religião que impede

que a pessoa aja de uma determinada forma, uma filosofia de vida que

dita modos de viver. Se a pessoa deixa que algo externo diga como ela

deve fazer as coisas em sua vida, ela não tem liberdade suficiente para

realizar metas ousadas, grandes desafios. Até a submissão à um cônjuge

ou parente pode atrapalhar a realização de um plano. Liberdade

emocional é agir com assertividade e determinação, levando em conta os

próprios sentimentos e as pessoas em volta. Liberdade emocional é seguir

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em primeiro lugar a própria vontade, sem desrespeitar o ambiente e as

outras pessoas, mas ao mesmo tempo, sem seguir as vontades delas.

Na tabela de planejamento operacional, determine os recursos

necessários para o cumprimento de cada estratégia e suas especificações.

Por exemplo, para o recurso tempo de uma determinada estratégia, você

deve determinar além da quantidade, como irá conseguir esse tempo,

como irá utilizá-lo, de que recursos terá que abrir mão para conseguí-lo

ou utilizá-lo, enfim, quanto mais especificações você colocar, mais fácil se

tornará a compreensão posterior e a utilização desta tabela. No momento

em que escrevemos algo, temos a idéia clara em mente, mas após um

tempo, podemos não compreender o que queríamos dizer com nossas

próprias palavras, se estas não forem claras o suficiente.

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Recurso Especificações

PLANEJAMENTO OPERACIONALEstratégia : Data : ___/___/_____

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RECURSO NÍVEL Estratégias para melhorar o nívelNível dos Recursos Pessoais Data : ___/___/_____

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5.4 Análise Estratégica

Após escolher as diversas estratégias para atingir suas metas, você

deverá submetê-las a um processo de análise. Você não executará uma

meta de cada vez obviamente. A cada período, você terá muitas metas a

realizar competindo pelas mesmas 24hs diárias, pelos mesmos recursos

operacionais, por uma atenção bem dividida. O problema é que você

definiu as estratégias até agora de forma isolada, sem levar em conta as

demais metas. Esta análise visa procurar por incompatibilidades,

incoerências e inconsistências entre as estratégias escolhidas.

A estratégia não pode ser formulada nem ajustada sem um processo

de avaliação estratégica. A avaliação é uma tentativa de olhar além dos

fatos óbvios relacionados à saúde de curto prazo e avaliar os fatores e as

tendências mais fundamentais que governam o sucesso no campo de ação

escolhido.

Fatores a serem analisados :

Consistência

A consistência na estratégia não é simplesmente uma falha na

lógica. Uma das funcões-chave da estratégia é proporcionar coerência à

ação. Um conceito claro e explícito pode facilitar muito o desenrolar da

meta, uma coisa pode ser teoricamente feita de uma determinada forma,

mas na prática pode não funcionar, ou pode não sair como você esperava.

Um questionamento crítico quando às possibilidades de aplicação da

estratégia pode excluí-la caso apresente inconsistências. É muito fácil

escrever num papel quais ações devem ser tomadas para a realização de

uma meta, mas colocar em prática pode não ser tão simples. É preciso,

antes de tudo, pensar em como você executará cada ação que determinar

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e registrar da forma mais clara possível. Dizer que no próximo ano você

fará um MBA no exterior e que para isso basta enviar o material

requerido, fazer os testes preliminares e fazer uma entrevista é uma

forma muito simplista e arriscada de formular uma estratégia, aliás,

somente isto não forma uma estratégia. Você não pode saber se irá

passar nos testes nem se será aceito pela faculdade. Uma estratégia

detalhada pode facilitar as coisas: Determinar um roteiro de estudos,

entrar em contato com uma empresa especializada em treinar e orientar

alunos que querem entrar em MBAs fora do Brasil, além do mais é preciso

muita autocrítica para saber se você realmente pode concorrer a um MBA

de porte. É muito comum pessoas superestimarem suas capacidades ou

nem sequer pensarem na possibilidade de estarem tentando algo da qual

está muito acima de seu nível. Isto ocorre também com estratégias que

exigem ações que requerem determinadas habilidades ou pontos fortes

das quais a pessoa não possui, mas “pensa” que possui. Essa falta de

autoconhecimento exclui, inclusive, a possibilidade de aprendizado ou

desenvolvimento da habilidade em questão, pois a pessoa já pressupõe

que não precisa aprender.

A consistência também envolve adequação aos valores e missão

pessoal. Essa inconsistência pode surgir, não na formulação da estratégia,

onde esse cuidado já é tomado, mas nas mudanças de direção que podem

exigir alterações que conflitem com os valores. Ao longo da aplicação da

estratégia, você deve estar sempre atento para que novos rumos estejam

de acordo com seus valores, sua missão e seus limites, que serão

aprofundados no capítulo 7.

Consonância

A estratégia precisa representar ações adaptáveis ao ambiente

externo e às mudanças críticas que nele ocorrem. Se o ambiente em que

você está inserido não permite determinadas ações, exige certos recursos

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ou atitudes de sua parte, você deve adaptar suas estratégias à ele. Se

você trabalha 8hs por dia, não pode comprometer o recurso tempo de

forma a prejudicar seu desempenho, se você mora numa cidade pequena

e as possibilidades dentro do que você quer realizar são limitadas, caia na

real e defina estratégias aplicáveis. Se o ambiente oferece muitos

obstáculos, você deve criar estratégias específicas para superá-los. Os

recursos necessários também precisam de estratégias específicas, pode

ser difícil conseguir determinados insumos.

Viabilidade

É aqui que uma estratégia pode ser decisivamente descartada ou

definitivamente escolhida. Pode a estratégia ser tentada dentro dos

recursos físicos, psicológicos e financeiros disponíveis? A estratégia pode

ser muito boa, pode já ter levado outras pessoas ao sucesso, mas pode

não ser aplicável ao seu caso. Uma estratégia que requeira tarefas a

serem realizadas fora do âmbito das habilidades e conhecimentos

existentes, ou que serão de difícil aprendizado não podem ser aceitas.

Além disso, as estratégias não podem sobrecarregar os recursos

disponíveis nem criar subproblemas de difícil solução.

Para cada estratégia, você definiu no nível operacional, quais

recursos e em que quantidade precisariam ser utilizados. Agora você deve

analisar juntas todas as estratégias que “concorrerão” no mesmo período

de tempo e ver se não há recursos que ultrapassam a sua capacidade, ou

os exigirão em um nível capaz de causar estresse. Dedicação e

persistência não significam entregar-se totalmente até a exaustão a um

determinado projeto. Desta forma você estará desperdiçando seus

recursos mais preciosos que são sua saúde, a capacidade de raciocinar

com coerência (num momento de estresse, as decisões raramente são

coerentes) e até seus relacionamentos que ficam desgastados devido à

sua falta de atenção.

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5.5 Manutenção da Estratégia

Então você fez seu projeto de vida, definiu suas metas, elaborou as

estratégias para atingi-las e começou a colocar em prática seus planos.

Mas o processo ainda não terminou. Iniciar uma estratégia e “deixá-la ao

relento” pode fazer com que você acabe não tendo sucesso em seus

projetos, apesar de todos os esforços feitos até aqui.

Toda estratégia precisa ser acompanhada e monitorada de perto

durante sua execução. Eis algumas dicas para que não perca de vista o

rumo de sua estratégia.

Crie um senso de urgência

Se você determinar um objetivo que será concretizado em 2 anos, há a

possibilidade de que você tenha a sensação de que ainda tem muito

tempo pela frente, de que não precisa se apressar. Essa despreocupação

pode ser fatal para o fracasso da meta. Algumas metas exigem dedicação

constante para que os resultados desejados sejam atingidos.

Uma forma de criar esse senso de urgência é incluir pequenas

atividades relacionadas à meta em questão em seu planejamento semanal

ou mensal. Desta forma, você sentirá que se não cumprir aquela tarefa

reservada para aquela semana ou mês, o resultado final pode ser

prejudicado. O ideal é logo ao fazer o planejamento estratégico, já

determinar quais são as pequenas tarefas necessárias ao longo do tempo

para que a meta seja atingida e alocá-las no planejamento semanal de

acordo com as prioridades.

Estabeleça marcos claros

Ao fazer o planejamento, você deve determinar marcos que devem ser

atingidos dentro de um determinado período de tempo. Como numa

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competição longa, sua meta será a concretização de várias pequenas

tarefas a serem completadas ao longo do caminho.

Estes marcos devem estar claramente determinados para que quando

você os atinja, saiba identificar e partir rumo ao próximo alvo.

Monitore sua evolução

Você deve além de manter um controle sobre o desenrolar do

planejamento, observando se os marcos estão sendo atingidos dentro do

prazo determinado, monitorar a sua própria evolução ao longo do

caminho. Como está o nível dos recursos? Você está desenvolvendo

alguma habilidade pessoal? Quais estão sendo os ganhos e as perdas? O

esforço está valendo a pena? Você sente-se motivado? Quais são as

oportunidades e obstáculos que estão aparecendo pelo caminho, estou

aproveitando as primeiras e lidando bem com as “pedras”?

Mantenha um registro das vantagens de se atingir a meta e

seu objetivo

Nos momentos de maior dificuldade e estresse, temos a tendência de

pensar que a luta não está valendo a pena, que é melhor desistir de tudo

e voltar à tranqüilidade anterior ao início da jornada. Nestes momentos,

geralmente temos dificuldade para enxergar as coisas com clareza e não

raro, nos deixamos levar por emoções negativas e opiniões de terceiros.

Acabamos nos esquecendo dos motivos que nos levaram a querer realizar

aquele objetivo e determinar a concretização daquela meta.

Manter um registro bem claro das vantagens que você vislumbrou

quando estava definindo seus objetivos e metas e do porquê da escolha

de cada uma, inclusive das estratégias pode além de afastar pensamentos

negativos, garantir a motivação, pois faz você voltar a pensar da mesma

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Planejamento Estratégico Pessoal

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forma que pensava quando estava planejando, momento em que

provavelmente você estava motivado.

5.6 Montagem do planejamento estratégico

Você pode montar o seu planejamento estratégico de diversas

formas. Aqui, proponho que você mantenha o registro de seu

planejamento tanto por metas, como por prazo. O ideal é montar primeiro

o planejamento por metas e depois encaixar dentro da cronologia, de

acordo com sua disponibilidade e capacidade produtiva.

Planejamento por meta

No planejamento por metas, você deve separa-las por áreas

(profissional, desenvolvimento pessoal, família, saúde, etc). Outros tipos

de metas podem ser incluídos, além destas citadas dependendo de suas

prioridades, como metas esportivas ou relacionadas à projetos específicos.

Planejamento por prazo

No planejamento por prazo, você pode determinar metas de curto,

médio e longo prazo ou separando por períodos. Esses períodos podem

variar de pessoa para pessoa. Curto prazo para você pode ser 3 meses,

para outra pessoa 6 meses. É importante definir isto. O planejamento por

prazo só deve ser feito após o planejamento por meta estar bem

detalhado quanto aos níveis de controle.

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PARTE III

Ferramentas de apoio para o sucesso de um PEP

Auto-organização

Definição de Limites

Definição de Prioridades

Produtividade

Administração do Tempo

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Planejamento Estratégico Pessoal

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6 – Auto-organização

“Todas as coisas devem ser feitas da forma mais simples possível, porém

não mais simples que o possível”

Albert Einstein

“O fanatismo consiste em redobrar seus esforços quando você esqueceu o

seu objetivo.”

George Santayana

“Os planos fazem você entrar nas coisas, mas você precisa encontrar a

saída.”

Will Rogers

Defina auto-organização. Você provavelmente deve ter pensado

num conceito ligado à “arrumação de papéis”, “metodologia para realizar

ações” ou algo semelhante. Organização para você e para a maioria das

pessoas compreende a ponta do iceberg do que venha a ser de fato “auto-

organização”. Há ainda 2 outros níveis de auto-organização, cujo

desenvolvimento pode ser muito útil. A organização psicológica, que está

relacionada ao controle emocional, ao equilíbrio entre os diversos papéis

desempenhados na vida. E há também a organização mental, relacionada

à capacidade de concentração, de raciocínio lógico, concatenação de idéias

e outras habilidades mentais.

6.1 Organização Física

“Treine-se para perceber e coletar o que está a muito tempo no lugar

errado.”

David Allen

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A denominação “organização física” compreende tudo o que envolve

arrumação, metodologia, planificação, esquematização do ambiente físico,

das “coisas” em geral. A organização física à nível individual, apesar de

ser encarada por muitos como difícil de ser alcançada, é a mais fácil e

simples comparando-se com os 2 outros níveis. A maioria das pessoas que

se considera organizada atingiu um certo equilíbrio nesta área. No

entanto, como já foi dito, a organização física é somente a ponta do

iceberg. Uma pessoa, por exemplo, que se considera organizada devido ao

seu aspecto físico de organização bem desenvolvido, mas não consegue

cumprir prazos, não consegue ser pontual, não consegue conciliar vida

profissional e pessoal, está sempre estressada, na verdade não pode ser

considerada uma pessoa integralmente organizada.

Um livro que recomendo para o desenvolvimento da organização

física é “Produtividade Pessoal” de David Allen (Editora Campus). Allen

propõe uma técnica de organização que combina prioridades, objetivos e

métodos de organização com a capacidade de relaxar e manter a mente

calma e organizada, evitando, assim, o estresse, a síndrome da urgência e

a falsa produtividade (fazer muitas coisas sem estar de fato produzindo

algo importante). Livros de administração do tempo também podem ser

muito úteis.

6.2 Organização Psicológica

“A diferença entre uma pessoa feliz e uma infeliz não é o fato de a pessoa

infeliz ter mais sentimentos negativos, mas de a pessoa feliz lidar mais

efetivamente com seus sentimentos negativos, resolvendo-os no

momento em que eles ocorrem.”

David Viscott

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Ligada ao controle emocional, à capacidade de gerenciar emoções e

utilizá-las adequadamente. Pode parecer estranho, à primeira vista,

associar inteligência emocional com organização, mas estes dois conceitos

estão intrinsecamente ligados. Qual a definição mais próxima de

organização? Controle. A falta de controle, em todos os níveis, representa

falta de organização. Não controlar as emoções, não discernir sobre a

hora de ter certas reações emocionais, não colocar cada sentimento em

seu devido lugar e não saber demonstrá-lo na ocasião certa, da forma

correta representa uma desorganização psicológica.

Nem é preciso dizer que este nível de desorganização é

extremamente nocivo para o sucesso de um planejamento. A falta de tato

nas relações interpessoais, falta de sensibilidade, o excesso de

emocionalismo, um temperamento desajustado, pode boicotar suas metas

até mesmo sem que você perceba.

Pessoas desorganizadas emocionalmente dão demasiada ênfase às

emoções em sua vida. Nossas metas geralmente são objetivas. O que

acontece na maioria das vezes é que estas pessoas preferem realizar seus

desejos imediatos, a abrir mão de algo hoje para realizar uma meta no

futuro. Quando a emoção fala mais alto que a razão, não há muita

coerência, as decisões são insensatas, priorizando o momento e o lado

pessoal, de forma egoísta. Inteligência emocional não é colocar as

emoções acima da razão, mas utilizar estas de forma coerente, lado a

lado com a razão.

Saber equilibrar os diversos papéis desempenhados na vida também

faz parte da organização psicológica. Conseguir dar a devida atenção à

família, ao mesmo tempo em que se administra uma carreira em

ascensão, uma vida social ativa e tempo para o lazer pode não ser muito

fácil e requer equilíbrio emocional para não desencadear um rolo

compressor de compromissos importantes e urgentes que se mal

administrados, geram estresse.

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Os livros que recomendo para o desenvolvimento da organização

psicológica são “Inteligência Emocional” e “Trabalhando com a Inteligência

Emocional” de Daniel Goleman, (Objetiva),“Liberdade Emocional” de David

Viscott (Summus Editorial), “Inteligência Emocional no Trabalho” de

Hendrie Weisinger (Objetiva) e “Estratégias de Vida” de Phillip McGraw

(Alegro).

6.3 Organização Mental

“Pensar é a verdadeira essência do negócio e da vida, e ao mesmo tempo

é a coisa mais difícil de fazer em meio a ambos. Os construtores de

impérios passam horas no trabalho mental... enquanto os outros

festejam. Se você não está inteiramente consciente da importância de

empreender o esforço de exercer uma reflexão integrada e auto-guiada,

então está se entregando à preguiça, e não controla mais a própria vida.”

David Kekich

Relaciona-se com o raciocínio, a destreza mental. É a capacidade de

organizar idéias e transmiti-las de maneira ordenada e lógica. Passar

idéias para um papel, falar em público, concentrar-se, desenhar um

projeto arquitetônico são alguns exemplos de habilidades que exigem

organização mental. Dependendo das metas que você pretende atingir

poderá precisar mais ou menos dela. Por ser um nível de organização

muito difícil de atingir, pode até representar uma meta em si.

Para o desenvolvimento da organização mental, recomendo os livros

“Pense Diferente, Viva Criativamente” de John Chafee (Campus) e

“Mantenha o seu Cérebro Vivo” de Lawrence C. Katz e Manning Rubin e

“Além da Inteligência Emocional” de Roberto Lira Miranda (Campus). A

organização mental é dividida em diversas áreas, portanto é necessário

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que você defina especificamente o que deseja desenvolver, ex. raciocínio

lógico, memória, concentração, inteligência espacial, etc, e buscar

material na área escolhida.

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7 – Definição de Limites

“O sábio é aquele que experimenta sua alma durante a vida. Ele segue

sua vontade e se atém à sua verdade quando todas as indicações

exteriores lhe dizem que não pode estar certo... Ele é sábio para si

mesmo antes de o ser para outros”.

Ana Claudia Domene

Ultrapassar os próprios limites depende muito dos valores pessoais.

Há quem se sinta atraído por desafios e se sacrifica física, emocional e

mentalmente para atingir certos objetivos. Mas também há os que se

sacrificam mesmo sem disposição para tanto, mas pela necessidade de

obter resultados, sejam profissionais, pessoais, familiares, esportivos, etc,

mas não conseguem organizar-se de forma a “dar conta do recado” dentro

de um tempo previsto, exigindo de si mesmo muitos esforços extras para

concretizar os objetivos.

Uma boa administração pessoal é, antes de tudo, ter a capacidade

de priorizar dentre o que se quer e o que se deve fazer, o que é mais

importante e excluir o resto, executando essas atividades de forma

organizada.

Em cada planejamento realizado, você precisará estabelecer os

limites, tanto necessários para a própria organização e eficácia no

trabalho, como os seus limites pessoais.

Analise a sua vida, os seus conceitos de sucesso, de qualidade de

vida, de felicidade. É com base nestes princípios, que são os valores que

guiam a sua vida, que você poderá determinar os limites que irá impor em

cada um dos itens abaixo.

7.1 DISPONIBILIDADE – Se você está mais disponível para os outros

do que gostaria, é melhor colocar um limite em sua disponibilidade. Por

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exemplo, se o seu ritmo pessoal e seus valores permitem que você

trabalhe 8hs por dia com no máximo 1hs extra, e seu trabalho anda

exigindo que você trabalhe 12hs, e isto faz com que você se sinta

estressado, sua família anda reclamando da sua ausência e você se sente

explorado, estabeleça um limite. Há pessoas que suportam longas

jornadas de trabalho sem sentirem-se esgotadas, outras quase não

agüentam as horas normais. Isso depende muito dos seus valores e

motivações. Há quem coloque toda a sua motivação no trabalho e faça

com gosto inúmeras horas extras. Outras pessoas priorizam a vida com a

família, ou ainda, trabalham somente pelo dinheiro e rezam para que

chegue logo a sexta feira para que possa sair da cidade, descansar. Cada

um tem um ritmo, uma motivação, um conjunto de valores. Se você

desrespeitá-los pode colocar o seu bem estar em risco. É claro que hoje

em dia não é todo mundo que pode se dar ao luxo de escolher quantas

horas irá trabalhar, mas se você pode, não hesite em respeitar os seus

limites. Organize-se melhor, delegue ou divida o trabalho com colegas

para que você consiga realizar todas as tarefas dentro do limite que seu

ritmo suporta.

QUALIDADE DE VIDA x AMBIÇÃO – Nem sempre as conquistas na vida

são fáceis. Muitas vezes, sacrifícios são necessários para que possamos

atingir os nossos objetivos. Aí está a importância de se analisar não só o

ritmo pessoal, mas os conceitos de sucesso, felicidade, qualidade de vida

e as metas pessoais e profissionais. Se o crescimento profissional for um

valor para você, é claro que você não se importará com o estresse, com a

diminuição da qualidade de vida, com a distância da família, ou qualquer

situação que possa causar desgaste. Às vezes é preciso desrespeitar os

limites do corpo para conseguir se superar e crescer, mas isto deve ser

um valor para você, do contrário seu sacrifício será vão. Uma pessoa, por

exemplo, que não tem perspectiva nem vontade de crescer

profissionalmente, preza a vida com a família e os momentos de lazer,

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mas precisa trabalhar “para pagar as contas”, pode se beneficiar muito

estabelecendo limites nas horas trabalhadas. Quem tenta equilibrar uma

carreira em ascensão, mas não abre mão da qualidade de vida, precisa

analisar muito bem seus conceitos e valores para não colocar em risco

nem a carreira (por estar trabalhando pouco), nem a qualidade de vida

(por estar trabalhando demais)! Não é nem um pouco simples, é claro,

por isso é que o autoconhecimento é fundamental, é preciso além de

saber bastante sobre si mesmo, conhecer muito bem suas metas pessoais

e suas motivações.

7.2 PRESSÃO – Da mesma forma que ocorre com a disponibilidade, você

precisa saber qual o nível de pressão que suporta no ambiente de trabalho

e caso este nível esteja fora de seus padrões pessoais, considere mudar

de cargo ou até de emprego. Há pessoas que só produzem sobre pressão,

com tendência a serem preguiçosas e sem iniciativa se estiverem em um

ambiente onde não há alguém as pressionando constantemente. Outras

pessoas encaram a pressão como um fator motivador, quanto mais

estresse externo, mais se sentem estimuladas a buscarem resultados. Há

ainda os que sucumbem ao primeiro sinal de pressão e se estressam

facilmente. Identifique qual a sua necessidade: alta, média ou baixa

pressão e procure adequar o seu trabalho a esse limite pessoal.

7.3 QUALIDADE – Cada um tem um nível de qualidade na qual se auto-

exige dentro das coisas que faz. Determine qual o nível de qualidade que

você deseja em cada atividade que faz e trabalhe dentro deste parâmetro.

Isto evita trabalhos mal-feitos, mas principalmente, combate o

perfeccionismo. Na ânsia de ser eficiente, dentro de um padrão artificial

de qualidade, acaba-se deixando a eficácia de lado, muitas vezes

comprometendo o cronograma de um trabalho. As coisas não precisam

ser perfeitas, bastam que sejam bem feitas. Analise o seu padrão e veja

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se ele é coerente, você não está exigindo demais de você mesmo

desnecessariamente?

7.4 ENVOLVIMENTO – Algumas atividades são mais empolgantes e

satisfatórias que outras. Muitas vezes, tendemos a nos comprometer

demasiadamente com as coisas que nos motivam mais e damos pouca

importância para as outras, mesmo quando são relevantes e a sua

negligência para com elas é capaz de causar problemas.

Tanto na vida profissional quanto na pessoal, a tendência do ser

humano é evitar as tarefas desagradáveis, difíceis, demoradas,

complicadas,... Essas atividades, no entanto, não deixam de ter o seu

valor, sendo às vezes, muito importantes. Por outro lado, é também

natural nos envolvermos muito com atividades que gostamos. Assim, não

sobra tempo para fazer as outras coisas agradáveis, importantes ou não,

e muito menos para as desagradáveis, porém importantes.

Quando comecei a trabalhar na Internet, na época em não era uma

furada investir na rede, me envolvi tanto com minha atividade que

passava todo o tempo disponível trabalhando, só pensava em aprender

mais, produzir mais, obter melhores resultados dentro daquele trabalho.

Não demorou muito para que eu começasse a ter problemas de visão, as

notas da faculdade baixassem, a família começasse a cobrar mais

atenção, e é claro, o estresse me fazia companhia dia e noite. Isso

costuma acontecer freqüentemente com quem trabalha por projetos ou

metas. De repente, você tem em mãos um trabalho extremamente

excitante para realizar, que além de ser agradável, desafiador, trará

resultados profissionais e pessoais muito satisfatórios. A primeira reação é

esquecer tudo o mais e se dedicar exclusivamente àquilo. Essa reação é

natural e pode trazer benefícios, mas tem um alto preço. O ideal é se

dedicar bastante sim, com coerência. Mas como não perder a sensatez em

meio à empolgação inicial que a nova atividade proporciona? Em primeiro

lugar, é preciso limitar o tempo gasto diariamente na atividade e limitar o

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envolvimento. Se o trabalho é em equipe, procure delimitar bem a sua

parte para não arriscar fazer o trabalho alheio ou sobrecarregar o grupo

com a sua empolgação. Em segundo lugar, é preciso ter as atividades

priorizadas e planificadas, para que você “não se esqueça” que tem muito

mais coisas para se preocupar. Sem uma agenda organizada, você

provavelmente deixará passar compromissos e atividades importantes,

mas que não são tão empolgantes para você.

Se não estabelecermos limites de acordo com o nosso ritmo

pessoal, valores e conceitos, acabaremos “engolidos pelo tempo”.

Essa é a síntese da priorização, só podemos priorizar de forma

coerente quando nos conhecemos bem, do contrário acabaremos

desperdiçando nosso tempo fazendo coisas das quais não precisamos, não

são necessárias para ninguém, ou perderemos tempo demais em

atividades pouco importantes, com as urgências do dia-a-dia que

consomem nosso tempo, nossa motivação e nosso potencial criativo.

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8 – Definição de Prioridades

8.1 Os 4 níveis de prioridade

“Aquele que tem um “porquê” para viver pode enfrentar todos os

“comos”. Nietzsche

URGENTE x IMPORTANTE

Fazer a distinção entre urgência e importância é crucial para que

estabelecer prioridades coerentes.

A falta de organização e de determinação das prioridades corretas

faz com que se perca a maior parte do tempo “apagando incêndios”, ou

seja, fazendo as coisas urgentes. No entanto, estas coisas urgentes, nem

sempre o foram. É a negligência de alguém, que, na maioria das vezes,

faz com que alguma coisa seja postergada até que sua resolução se torne

urgente. (excluindo-se, claro, situações inesperadas, acidentes, etc.)

É preciso prestar muita atenção às coisas importantes, mas não

urgentes, pois são elas que, se não forem “bem tratadas” e resolvidas por

completo, se tornarão urgentes no futuro, e provavelmente não serão

“bem tratadas”, o que compromete a credibilidade de quem executou. Por

exemplo, um arquiteto se comprometeu de entregar um projeto a um

cliente no prazo de 3 meses. Mas como isso é “muito tempo” na

concepção dele, ele resolveu engavetar a idéia e “pensar nisso depois”. O

projeto era importante, mas como não tinha urgência, o arquiteto

resolveu não se preocupar com ele. Eis que faltando 1 semana para o

prazo final, ele lembrou do compromisso e resolveu fazer o projeto. Mas

aí, o importante se tornou urgente também e esse trabalho pode exigir

que ele trabalhe muitas horas além do normal para que consiga cumprir o

prazo, causando estresse e atrasando outros trabalhos, além da qualidade

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estar comprometida devido à pressa. Esse tipo de situação é muito

comum, principalmente em empresas. Tudo o que não é urgente, tende a

ser deixado para depois. Essa relação, importância X urgência, é

importante também na vida pessoal. Se você não tratar uma pequena

cárie, um dia, quando não agüentar mais de dor, terá que fazer um

tratamento de canal. Se ignorar o colesterol alto, poderá ter sérios

problemas cardíacos. Se não tratar de pequenos conflitos familiares

quando eles surgem, terá grandes problemas no futuro.

A tabela abaixo separa as prioridades em 4 quadrantes:

URGENTE NÃO URGENTE

IMPORTANTE I – Problemas imediatos

e de resolução

imprescindível; crises;

acidentes; compromissos

com data marcada.

II – Prevenção,

planejamento; manutenção;

identificação de novas

oportunidades;

relacionamentos, saúde,

família, objetivos de vida,

sonhos, etc.

NÃO

IMPORTANTE

III – Interrupções,

telefonemas;

correspondência;

urgências de terceiros;

compromissos com data

marcada, mas sem

importância.

IV – Detalhes; atividades

agradáveis; passatempos;

conversas inúteis, atividades

que não trarão resultados

futuros.

A maior parte das pessoas vive entre o 1º e o 4º quadrante.

Justamente os que mais devemos evitar. Isso se dá devido à falta de

organização, o que torna a pessoa escrava das urgências do dia-a-dia e

quando consegue um tempo de folga, ao invés de ir para o quadrante II

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se dedicar às coisas realmente importantes, fogem para o IV procurando

uma sensação de alívio, pois sabem que em breve retornarão para o

quadrante I.

As atividades urgentes do 1º quadrante não podem ser

negligenciadas, pois podem nos causar problemas se não forem

solucionadas. Uma dúvida freqüente de pessoas que vivem neste

quadrante é como sair dele, se cada vez que se tenta priorizar e realizar

as “coisas mais importantes” surge algo inesperado para atrapalhar. É

também muito comum confundir o 1º e o 3º quadrante, há quem pense

que algo é importante por ser urgente. Para saber em qual quadrante se

encontra a atividade, pergunte se a atividade urgente contribui para a

realização de algum objetivo importante, se a resposta for não, ela

pertence ao 3º quadrante. O aproveitamento do tempo é bem sucedido

quando há um bom gerenciamento pessoal. Não há como administrar algo

que “está fora” quando não se tem conhecimento e controle sobre o que

“está dentro”.

8.2 O mais importante em primeiro lugar

“Para poder colocar as coisas mais importantes em primeiro lugar, é

fundamental deixar de reagir ao que é urgente e passar a entender e fazer

o que é importante.”

Stephen Covey

A urgência tem o poder de nos controlar. O telefone toca, o prazo

termina, alguém entra na sala. Torna-se uma rotina, dia após dia, nos

concentramos em resolver o que vai aparecendo e o que está para

explodir, ou já explodiu. Há pessoas que se tornam “viciadas em

urgência”, passam a gostar da sensação de adrenalina, de euforia, da

tensão gerada pela correria. A urgência dá uma sensação de

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responsabilidade, de poder, a pessoa está ocupada o tempo todo, então

tem a falsa sensação de que está sendo muito produtiva, de que é

importante por ter tantas coisas para fazer. Stephen Covey identificou 6

características da urgência que causam a dependência:

1. Cria sensações previsíveis, confiáveis;

2. Absorve toda a atenção;

3. Alivia temporariamente o sofrimento e outras sensações negativas;

4. Proporciona uma sensação artificial de auto-estima, poder,

plenitude, controle, segurança, intimidade, realização;

5. Exacerba os problemas e sentimentos para os quais se está

procurando uma solução;

6. Compromete o rendimento, provoca perda nos relacionamentos.

A síndrome da urgência, como é chamada a dependência na

sensação da urgência, é causada por uma má priorização. Considera-se

como prioridade as coisas urgentes e não as coisas importantes. Utiliza-se

o relógio e não a bússola – mais importante do que a velocidade com que

está andando, é a direção que você está tomando. Antes de aprender a

administrar e tempo de forma eficaz, é preciso antes de tudo, saber

priorizar o que é de fato importante, aprender a usar a bússola.

Ao contrário da urgência, que nos controla, a importância é

controlada por nós, por esse motivo acabamos, no estresse do dia-a-dia

nos deixando controlar pela urgência, abrindo mão do controle que

poderíamos ter para realizar as coisas importantes. Você deve eliminar

por completo da sua vida o 3º e 4º quadrante. As urgências sempre

existirão, mas devem pertencer ao 1º quadrante, serem importantes,

contribuírem para a realização de algum objetivo do 2º quadrante para

serem atendidas. Urgências como ligações telefônicas inúteis, pedidos de

terceiros, algumas reuniões, podem ser importantes para outras pessoas,

mas não para você. Se você se concentrar neste quadrante perderá muito

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tempo resolvendo os problemas e realizando os objetivos dos outros e

deixará de lado os seus. O quarto quadrante também deve ser eliminado,

é o quadrante do desperdício. Não é o lazer em si, que faz parte do

segundo quadrante, mas a perda de tempo excessiva com um descanso

que nunca acaba, programas inúteis de televisão, conversas improdutivas,

leituras que não acrescentam nada. Para quem vive na síndrome da

urgência, o 4º quadrante acaba sendo uma válvula de escape, é um alívio

fugir para o 4º quadrante quando se vive apagando incêndios e não se faz

nada concreto de fato. A sensação do 4º quadrante é de que se está

“aproveitando a vida” depois de um período de intenso estresse, quando

na verdade, está perdendo um tempo precioso, que não poderá ser

utilizado novamente.

Um instrutor de um seminário sobre administração do tempo, a

certa altura, disse: “Tudo bem, agora vamos fazer um teste.” Ele abaixou-

se e pegou uma jarra embaixo da mesa. Ele a colocou em cima da mesa,

próximo a uma vasilha na qual havia algumas pedras do tamanho do

punho. “Vocês acham que podemos colocar quantas pedras dentro da

jarra?” perguntou.

Ele ouviu alguns palpites e em seguida disse que só na prática

podíamos saber a resposta. Ele colocou uma pedra na jarra... em seguida

outra... e mais outra, até que ficasse cheia até a boca. Então ele

perguntou: “Será que ainda cabe mais alguma coisa dentro da jarra?” As

pessoas olharam para a jarra e disseram que não. Depois de dizer que

estavam enganados, ele apanhou um balde de cascalho em baixo da

mesa. Em seguida, colocou-o dentro da jarra e deu uma chacoalhada de

modo que o cascalho se acomodasse nos pequenos espaços deixados

pelas pedras grandes. Em seguida perguntou mais uma vez: “Cabe mais

alguma coisa na jarra?”

Dessa vez, o público resolveu embarcar na brincadeira e disse que

sim. “Bom!” respondeu ele. E tirou de baixo da mesa um balde de areia.

Começou a colocar areia dentro da jarra, que se acomodou em todos os

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pequenos espaços deixados pelas pedras e pelo cascalho. Mais uma vez,

ele olhou para a platéia e perguntou: “Cabe mais alguma coisa dentro da

jarra?” – “Sim!” – responderam.

“Bom!” disse ele, pegando um copo d’água e derramando dentro da

jarra. Por fim, perguntou: “Que conclusão podemos tirar dessa

experiência?”

Alguém disse: “Bem, os espaços existem, basta um pouco de

esforço e jeito para colocar mais coisas em sua vida.”

“Não!” – respondeu ele, não é essa a conclusão. “O que a

experiência nos prova é que, se eu não tivesse colocado essas pedras

grandes primeiro, jamais teria conseguido colocar todas essas coisas aí

dentro.”

As prioridades em nossa vida são as pedras grandes, são as coisas

que de fato importam, não as urgências passageiras, prioridades de

terceiros, interrupções. Se priorizarmos as coisas importantes, as

urgências se ajustaram naturalmente e não ocuparão o espaço das pedras

grandes.

“A tarefa importante dificilmente precisa ser feita hoje ou mesmo essa

semana... A tarefa urgente implica uma ação instantânea. O apelo

imediato dessas tarefas parece irresistível e fundamental, e ele consome

nossa energia. Mas à luz da perspectiva do tempo, sua enganosa

notoriedade desaparece gradualmente; com um sentido de perda,

lembramos a tarefa vital que adiamos. Percebemos que nos tornamos

escravos da tirania da urgência.”

Charles Hummel

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8.3 A Coerência na Priorização

Quantas pessoas em seu leito de morte desejariam ter passado mais

tempo trabalhando?

Você consegue identificar quais são as coisas que realmente

importam em sua vida? Você dá o devido valor e atenção à elas? Sua

resposta deve ter variado entre um “bem que gostaria, mas não tenho

tempo”, “bem que eu tento, mas não consigo” ou “nessa etapa da minha

vida, tenho que me dedicar inteiramente ao trabalho”. Se você respondeu

que sim, parabéns, você já consegue colocar as pedras grandes primeiro

lugar. Mas se você respondeu que não e deu alguma desculpa, leia com

atenção este capítulo, a sua felicidade pode depender da sua capacidade

de dar o devido valor às pedras grandes.

O Futuro do Trabalho

Já está acontecendo uma revolução na forma como as pessoas vêem

o trabalho. Como já foi discutido no início do livro, as pessoas, hoje,

tentam buscar no trabalho a auto-realização. Mas, ao meu ver, a maioria

das pessoas apenas fala sobre isto, não pratica. As condições econômicas

do país, é claro, não são as mais favoráveis para a busca da realização

pessoal, mas exemplos não faltam de que um pouquinho de esforço vale a

pena para fazer o que se gosta e não subordinar-se a um trabalho

somente pelo salário no final do mês.

As pessoas que não buscarem realizar-se com o trabalho, num

futuro próximo serão eliminadas do mercado. A tendência para as

próximas décadas é o crescimento das atividades autônomas, da

terceirização e dos serviços em geral. As empresas aos poucos vão deixar

de contratar funcionários para trabalhar por projetos com profissionais

autônomos. A moral da estória é que só consegue sobreviver num

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mercado assim o profissional empreendedor, dono da própria carreira,

capaz de planejar, gerenciar e vender o próprio serviço. Não há mais lugar

para “empregados”. A capacidade de planejamento pessoal será essencial,

e para que isso seja possível é preciso saber priorizar com coerência.

Quando fui procurar material para pesquisar sobre planejamento

pessoal, não encontrei muita coisa. A maior parte dos livros e artigos se

referia à administração do tempo e organização no trabalho, como se a

pessoa não tivesse vida pessoal, ou como se só precisássemos organizar e

administrar o tempo em que estamos trabalhando. Procurar a realização

no trabalho não significa dedicar-se inteiramente à ele. Dar o devido valor

aos demais setores da vida não significa marcar um horário na agenda

para atender à família, fazer uns exercícios e colaborar com uma

instituição de caridade só para ser “politicamente correto”. Priorizar as

pedras grandes é antes de tudo “seguir o coração”, dar valor às coisas

que realmente você sente prazer em fazer. Se você não sente vontade

nenhuma de praticar um esporte, não o faça somente porque é bom para

a saúde, se você odeia o seu chefe e não vê a hora do fim do expediente

para ir para casa, considere mudar de emprego, ou até de profissão.

Encontre as suas pedras grandes e as coloque em primeiro lugar em sua

vida, não faça nada que é tido como “recomendável” se isto não lhe

agradar. As pessoas são diferentes, o que é bom e agradável para mim,

pode ser chato e cansativo para você. Os livros de auto-ajuda estão

repletos de dicas de como viver melhor, mas só você pode realmente

saber o que pode aumentar sua qualidade de vida. Exercitar a coerência

na priorização é escolher o que você quer e o que te faz bem e não o que

um guru da auto-ajuda diz que você deve fazer para sentir-se feliz.

Integridade no momento de escolha

A essência da vida baseada em princípios é assumir o compromisso de

ouvir a consciência e viver de acordo com ela. Por quê? Porque, dentre

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todos os fatores que nos influenciam no momento da escolha, esse é o

fator que sempre apontará para o norte verdadeiro. Ele inevitavelmente

produz qualidade de vida. Stephen Covey

Imagine que você tenha o dia todo planejamento e de repente surja

uma urgência. Como você saberá o que é prioritário?

O segredo da priorização coerente é a integridade no momento da

tomada de decisão. Você já conhece os princípios naturais, já sabe os

benefícios de seguir a vida com base neles, também sabe que as pedras

grandes – as verdadeiras prioridades em sua vida – devem ficar em

primeiro lugar. Diante desta conscientização pessoal, qualquer escolha

será feita com integridade, qualquer que tenha sido a prioridade (a

urgência ou o seu planejamento), o objetivo de todo esse processo

aprendido é que você sinta-se bem com a decisão tomada. Eis algumas

dicas para você exercitar a integridade no momento de escolha:

Se a urgência pertencer ao 3º quadrante, considere não atendê-la,

ela não é importante. Pode ser para outra pessoa, mas para você

não é. Assumir responsabilidades que não são suas pode colocar em

risco a sua integridade, baixar a sua auto-estima e fazer com que as

outras pessoas se acostumem com essa sua “bondade”.

Lembre-se da sua missão e visão. A urgência está dentro da direção

que você está tomando ou vai requerer um desperdício de tempo,

sem apresentar resultados futuros? A urgência está ligada à alguma

pedra grande?

Veja o seu planejamento mensal. Resolver a urgência vai

comprometer o andamento das metas? (às vezes parar um

pouquinho para resolver uma urgência não vai trazer maiores

danos, além de um dia corrido)

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Quais serão as conseqüências da postergação ou não resolução da

urgência? (Dependendo da conseqüência, é realmente melhor parar

e resolver a urgência)

Quais os valores ligados à essa urgência? Ela está ligada à algum

dos centros de influência descritos anteriormente? Se sim, considere

colocar os princípios como centro e conscientizar-se da influência a

que você está se submetendo.

E finalmente, o que é mais importante agora? Às vezes as urgências

que aparecem em nosso caminho podem esperar um pouquinho,

não são tão urgentes assim, se o que você estiver fazendo for de

fato mais importante, deixe a urgência para depois.

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Planejamento Estratégico Pessoal

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9 – Produtividade

9.1 Eficiência X Eficácia

“É melhor fazer a coisa certa do que fazer certo as coisas.”

Peter Drucker

Eficiência – Fazer bem as coisas, foco na atividade

Eficácia – Fazer as coisas certas, foco no resultado

Algumas das mais recentes teorias em administração pregam que a

qualidade deve estar acima de tudo. A interpretação de alguns foi de que

levasse o tempo que fosse, a tarefa deveria ser feita da melhor forma

possível. Esse perfeccionismo, no entanto, acaba levando a uma distorção

da realidade. Quando o único foco é na qualidade, corre-se o risco de se

dedicar um tempo enorme melhorando algo que já está bom, ou pior,

fazendo algo que não precisa ser feito ou esquecendo das características

realmente importantes para o resultado. De que adianta fazer um

relatório perfeito e entregá-lo quando já não precisam mais dele?

O foco da eficiência é na atividade, preocupa-se com o

procedimento, os métodos, a seqüência, os detalhes. O foco da eficácia é

nos resultados, a preocupação é com o que é realmente importante.

Colocar o foco na eficácia não significa que a qualidade fique

relegada a segundo plano e que as coisas devam ser feitas de qualquer

jeito; mas que deve se preocupar em primeiro lugar em fazer as “coisas

certas” e descartar todo o mais. Na verdade, quando a eficácia se torna

um princípio pessoal, o lema se torna “fazer bem feito as coisas certas”, a

qualidade está implícita em cada ação, mas sem se prender aos detalhes

irrelevantes, ao perfeccionismo de quem só se preocupa com a eficiência.

Focar-se na eficiência é seguir um mapa, enquanto ser eficaz é guiar-se

por uma bússola. O mapa pode estar errado ou até mesmo pode ser o

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mapa errado. A bússola indicará somente a direção, o caminho pode ser

indicado por um planejamento, que pode ser alterado. Se você ignorar a

bússola e mudar a direção, chegará em outro lugar, mas se mantiver a

direção, poderá adotar uma infinidade de caminhos, pois todos levarão de

uma forma ou de outra ao lugar desejado. Há muito mais liberdade, a

chance de se identificar erros conseqüentemente é maior, a correção

torna-se mais rápida, os desafios muito mais estimulantes.

O foco na eficiência seria algo como uma equipe de demolição que

chega para instalar as dinamites num prédio e de repente um gerente

aparece e diz “Este é o prédio errado” e alguém responde: “Ah, cara, não

seja pessimista, deixa a gente trabalhar em paz.” Tente se lembrar de

situações focadas na eficiência ocorridas em seu trabalho, casa, faculdade.

Provavelmente foram muitas, pois as pessoas têm uma tendência natural

de não pensar no resultado, somente na atividade, fazer “o que está

determinado”. Quanto esforço você já fez que não trouxe resultado

algum? Quanta atenção você já desperdiçou com assuntos irrelevantes?

Quanto tempo você já perdeu por focar-se na eficiência?

9.2 Ocupado X Produtivo

Trabalhar mais e mais horas para fazer mais e mais significa que nos

cansamos e, logo, cometemos mais erros e trabalhamos mais lentamente.

Como um hamster que anda sem parar indo a lugar nenhum, trabalhamos

direto, produzindo cada vez menos, em um padrão cada vez mais baixo.

Julie Ann-Amos

O fato de alguém estar sempre ocupado, não quer dizer

necessariamente que esteja sendo produtivo. Muitas pessoas que

trabalham demais e dizem estar sempre ocupadas, “sem tempo para mais

nada”, na verdade podem estar desorganizadas, o que as faz perder

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Planejamento Estratégico Pessoal

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tempo “apagando incêndios” causados pela negligência passada, ou até

mesmo fazendo coisas inúteis, que pela falta de questionamento, acabam

sendo feitas e consomem boa parte do tempo que poderia estar sendo

utilizado de outra forma.

Essa é a característica principal do terceiro quadrante. Inúmeras

urgências que não precisam ser resolvidas por você. Considerando

algumas coisas urgentes e não produtivas que temos que fazer por

obrigação (1º quadrante), tudo o mais que não trouxer resultados futuros

deve ser eliminado de sua agenda. Os “focos de incêndio” não poderão

simplesmente deixar de existir da noite para o dia, pois são resultados de

erros e negligências no passado. O que você pode fazer é cuidar do

presente para que no futuro tenha mais tempo para pensar nas coisas que

são realmente importantes.

Quanto às atividades inúteis, você precisará questionar tudo o que

faz. Estas perguntas o ajudarão a descobrir a importância e a real

necessidade das tarefas que realiza:

• Isto é realmente importante? Por quê? (Acostume-se a sempre

analisar o porque de tudo o que faz, você descobrirá que faz muitas

coisas sem razão alguma)

• Se eu não fizer isto quais serão as conseqüências?

• Será que já não há alguém que fez ou faz isto? (Grande parte das

atividades em empresas são desnecessárias pois já estão feitas,

mas devido à má comunicação interna são repetidas inúmeras

vezes, principalmente relatórios e levantamento de dados.)

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10 – Administração do Tempo

“Que insensatez temer o pensamento de desperdiçar a vida de uma só vez

mas, por outro lado, não ter nenhuma preocupação em jogá-la fora aos

poucos...” John Howe

“A arte de administrar o tempo está no equilíbrio e propósito do que você

considera importante para a sua vida”.

Stephen Covey

Quando falamos em administrar o tempo, a primeira reação do

ouvinte, na maioria das vezes é negativa. “Não sei administrar meu

tempo”, “Isso é muito difícil”, “Duvido que alguém consiga aplicar essas

técnicas que falam em cursos”, “Não posso administrar meu tempo, pois o

dia pra mim é cheio de imprevistos e nunca consigo fazer o que me

proponho”, “Meu dia devia ter mais de 24hs”, “Meu chefe não me deixa

livre para administrar meu tempo da forma como eu gostaria”... Enfim,

dificilmente encontramos respostas positivas e otimistas quando tocamos

neste assunto, no máximo, um “Eu quero muito aprender”. Realmente, a

maioria das pessoas possui uma grande dificuldade em administrar o

próprio tempo, e as razões são as mais variadas.

No intuito de auxiliar essas pessoas, chovem livros e cursos na área,

abordando as mais variadas técnicas que prometem solucionar de uma

vez por todas o dilema da administração do tempo. Na realidade, a

simples aplicação de técnicas desta forma é uma medida paliativa, pois o

mau gerenciamento do tempo não provém da falta de conhecimento

técnico, mas de hábitos, tendências, valores, características pessoais e

comportamentos que levam a um estilo de vida onde o conjunto de

variáveis faz com a pessoa perca, ou nem tenha consciência da noção de

administração do seu tempo pessoal.

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Planejamento Estratégico Pessoal

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A boa administração do tempo é muito mais uma questão de

autoconhecimento, gerenciamento pessoal e priorização “das coisas

certas”, do que a simples aplicação de técnicas. As técnicas funcionam

melhor para quem tem um alto grau de autoconhecimento e exerce um

bom controle sobre si mesmo, sabe se autogerenciar. Além disso, é

imprescindível possuir valores pessoais que não contrariem os principais

princípios que norteiam a vida. Se o equilíbrio é fundamental para que

possamos ter uma vida harmoniosa e feliz, sem estresse e realizando as

metas propostas, é sensato dizer que não podemos priorizar coisas que

contrariem a própria natureza humana.

10.1 O Tempo

“O tempo é o único recurso comum a todas as pessoas”.

Geralmente fazemos referência à algumas pessoas que parecem ter

mais tempo que o resto dos “simples mortais”. Conseguem fazer tudo o

que planejam, nunca estão atrasadas, nunca reclamam da falta de tempo,

conseguem conciliar muito bem família, trabalho e lazer. É natural nos

perguntarmos: “Qual o segredo destas pessoas?”, “O que elas têm que eu

não tenho?”, “Como elas conseguem fazer tantas coisas da forma certa

sem ficarem estressadas?”, “Como elas conseguem conciliar família e

trabalho e ainda ter tempo para lazer, se possuem uma grande

responsabilidade e fazem muitas coisas no trabalho?”

Quebramos a cabeça tentando descobrir “qual o segredo destas

pessoas”, sem nos darmos conta de que o recurso que elas utilizam – o

tempo – é igual “a todos os mortais”. O que as diferencia é a habilidade

em administrar este recurso. E digo mais uma vez, que administrar o

tempo pouco tem a ver com a aplicação de técnicas. Provavelmente, a

maioria destas pessoas nunca fez um curso de administração do tempo e

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nunca leram livros na área. As técnicas que aplicam são próprias, criadas

a partir da necessidade de adequação aos hábitos já existentes. Além

disso, a qualidade de vida que muitos buscam não provém só da boa

administração do tempo, mas do equilíbrio entre todos os fatores

importantes da vida e de ações que não contradizem os princípios básicos

da natureza. Por exemplo, se uma pessoa “mestre” na arte da negociação

sempre tem a intenção de ganhar em cima dos que com ela negociam,

mesmo que isso signifique uma enorme perda para a outra parte, por

mais que durante um tempo esta pessoa esteja obtendo vantagem, cada

um que negocia com ela o faz uma única vez e sai com uma péssima

impressão. Há ainda a possibilidade de não obter sucesso em algum tipo

de negociação onde a outra parte não esteja disposta a perder. Muitos

autores da área de negociação já estão se baseando no modelo “ganha-

ganha”, onde o negociador faz de tudo para que as duas partes saiam

satisfeitas da negociação, se isto não for possível, nada feito. Um aluno

que durante todo o seu período escolar e universitário apelava para o

“jeitinho” para passar de ano, pode sentir dificuldade na aplicação de

conceitos elementares de matemática, raciocínio lógico e redação quando

estiver envolvido com um problema no trabalho. O princípio da causa e

efeito não pode ser desrespeitado, a não ser que você esteja disposto a

arcar com as conseqüências.

“É o único recurso que não pode ser acumulado, guardado,

emprestado, vendido ou comprado”.

É comum nos referirmos ao tempo como um bem quantitativo.

Costumamos nos referir a ele com frases do tipo: “Preciso economizar

tempo”, “Gastei tempo demais com essa atividade”,... O tempo é o único

recurso da qual não podemos ter controle algum, não podemos parar,

acumular, vender, etc. Portanto precisamos nos adequar a ele e conseguir

administrar nossas vidas dentro do período que temos disponível, sem

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Planejamento Estratégico Pessoal

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reclamar, pois de nada adiantará, seu dia nunca terá mais que 24 horas!

Pra que gastar energia se preocupando com “a quantidade” de tempo de

que você possui? Vai mudar alguma coisa?

Tom Peters faz referência à elasticidade do tempo – “Numa crise,

um instante vira 1 mês. Se você duvida, experimente ver-se trancado

dentro de um banheiro público do Rio de Janeiro.” – Pensar no tempo em

termos de quantidade provoca estresse, cada segundo “perdido” numa

concepção quantitativa – quanto mais coisas fizer dentro do menor tempo

possível melhor – causa uma sensação de perda, insegurança, uma

sensação de que algo mais poderia estar sendo feito naquele período

“vazio”. Essa sensação causa preocupação, estresse.

Administrar o tempo cronologicamente traz mais dor de cabeça do

que a total desorganização. Tentar controlar todos os minutos do seu dia

certamente o tornará escravo do tempo. Por mais que você realmente

consiga realizar tudo o que está programado, não terá mais liberdade

pessoal nenhuma, pois todos os seus passos já estarão pré-determinados.

O enfoque dado ao tempo aqui, pouco tem a ver com a organização

cronológica de agendas, já que esta tem se mostrado ineficaz. Portanto,

pensar em tempo como “recurso” quantitativo é um hábito que deverá ser

eliminado a fim de se obter maior qualidade na aplicação do que for aqui

proposto.

“Você acorda todos os dias com 86.400 segundos para serem

utilizados, a forma como você os aproveitará é única e se não

aproveitar, nada poderá ser recuperado.”

O tempo é o mesmo para todos. Reclamar não vai adiantar nada. Ao

invés de reclamar, procure se preocupar em descobrir como aplicar da

melhor forma possível os 86.400 segundos de saldo diário na qual você

possui. E aplicar da melhor forma não significa fazer muitas coisas, mas

fazer as coisas certas, que realmente são importantes, e com qualidade. O

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que importa de fato é quão bem você aplica o seu tempo e não quantas

coisas você consegue fazer no menor tempo possível. Existem 2 tipos de

pessoas “Cronos e Kairos”, as pessoas do tipo cronos estão preocupadas

com quantidade, ficam malucas quando tem que esperar, numa fila, no

trânsito, numa sala de espera. As pessoas do tipo kairos preocupam-se

com a qualidade do tempo gasto. Fazer algo que trará benefícios futuros,

que é importante ou que simplesmente torna aqueles minutos

“aparentemente inúteis”, como a espera num consultório ou no trânsito,

em um momento especial. Este artigo aborda bem esta questão. Muitos já

o conhecem pois circula na Internet há muito tempo, seu autor é

desconhecido.

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O Banco

Imagine que você tenha uma conta corrente e a cada manhã você

acorde com um saldo de R$ 86.400,00.

Só que não é permitido transferir o saldo para o dia seguinte. Todas as

noites seu saldo é zerado, mesmo que você não tenha conseguido gastá-

lo durante o dia.

O que você faz? Você iria gastar cada centavo, é claro!

Todos nós somos clientes deste banco que estamos falando. Este banco

se chama TEMPO.

Todas as manhãs são creditados, para cada um de nós, 86.400

segundos. Todas as noites o saldo é debitado como perda. Não é

permitido acumular este saldo para o dia seguinte. Todas as manhãs a

sua conta é reinicializada e todas as noites as sobras do dinheiro se

evaporam. Não há volta. Você precisa gastar no presente o seu depósito

diário. Invista então no que for melhor: na saúde, na felicidade, no

sucesso. O relógio está correndo. Faça o melhor do seu dia-a-dia.

O aproveitamento destes 86.400 segundos não significa quebrá-lo no

maior número de pedaços possível e utilizar cada segundo (tempo

cronológico), mas sim aproveitar esta cota diária para fazer o melhor

possível de acordo com o que é mais importante para você.

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10.2 A Administração do Tempo

“A arte de administrar o tempo está no equilíbrio e propósito do

que você considera importante para a sua vida.”

Esta frase resume o porquê de algumas pessoas conseguirem

gerenciar o tempo de forma exemplar e outras, mesmo aplicando

técnicas, encontrarem muitas dificuldades. O que você faz com o seu

tempo está intrinsecamente ligado aos seus propósitos e objetivos,

principalmente a longo prazo. Mais especificamente ao seu projeto de vida

e prioridades. Se você não tem um projeto de vida, ou não possui

objetivos a longo prazo, é provável que encontre dificuldade em

administrar o seu tempo. E a qualidade de vida proveniente da boa

administração do tempo, só pode ser obtida quando são priorizadas “as

coisas certas”. De que adianta anular a vida pessoal para trabalhar “mais

e melhor”, se no tempo livre você não tem o que fazer, nem com quem

dividir suas conquistas? Quem se encontra nesta situação geralmente

trabalha “nas horas de folga”.

Quem só se preocupa com as atividades rotineiras acaba não

encontrando motivação para fazer as coisas. As coisas importantes

geralmente referem-se a questões ligadas ao longo prazo ou permanentes

(atemporais) como família, amigos, lazer. O equilíbrio entre todas as

variáveis que são importantes para você, como trabalho, família, bens,

dinheiro, contatos, amigos, esportes, reconhecimento, etc, unido a um

bom planejamento a longo prazo constituem o cerne da administração do

tempo e proporcionam qualidade de vida se bem gerenciados.

Administrar o dia-a-dia sem uma visão de longo prazo não faz muito

sentido. E geralmente quem se preocupa só com o aqui e agora se

preocupa à toa, pois não está construindo nada para o futuro. Isto dá uma

sensação de vazio, de que tudo o que se faz é vão, inútil, faz-se porque

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precisa fazer e pronto, não haverá frutos das atividades realizadas. Essa

ausência de perspectivas deixa a pessoa desmotivada, pois ela não

encontra razões para o que faz no presente. A realização de atividades

visando somente o dinheiro ou crescimento profissional proporciona uma

motivação efêmera. Não que essas duas coisas não sejam importantes,

mas se não houver uma integração equilibrada entre todos os setores da

vida direcionados a objetivos de longo prazo, respeitando os princípios da

natureza e os limites do próprio corpo, a motivação tende a durar pouco e

as atividades passam a ser feitas por pura necessidade de curto prazo.

Trabalha-se para ganhar o salário no final do mês, cumpre-se as

obrigações domésticas, familiares, sociais mecanicamente, e assim por

diante, não há ligação nenhuma com algo maior do que a satisfação de

desejos e necessidades imediatas.

“Ocupamos mais tempo buscando razões pelas quais não

realizamos algo que desejamos do que para planejar aonde

queremos chegar.”

Uma desculpa comum das pessoas que não costumam planejar é de

que estas não têm tempo para planejar. Na verdade, estão mascarando

uma realidade da qual não querem enxergar. Não sabem nem o que

planejar, não se conhecem o suficiente para tanto. Possuem uma vaga

idéia de onde querem chegar (como o homem que queria ir a Fortaleza),

mas não têm muita convicção, e muito menos sabem qual o caminho a

seguir. Parar para planejar significa parar para pensar na própria vida,

em seus valores, princípios, sonhos, fracassos, sucessos, aspirações,

objetivos, qualidades e defeitos. Nem todos estão preparados para esta

auto-análise profunda. Peter Drucker diz que para cada 1 minuto de

planejamento, economiza-se 5 em execução. Quem não planeja, além de

perder muito mais tempo com as atividades, acaba caindo na armadilha

de buscar razões exteriores para a não realização. Culpa-se a família, o

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governo, a falta de dinheiro, o destino, a má sorte... Os motivos estão

sempre dentro de você, a responsabilidade é sempre sua, tentar encontrar

desculpas externas para justificar os erros pessoais, a falta de ação, a

negligência, só consomem um tempo precioso que poderia estar sendo

mais bem utilizado tanto para planejar, quanto para desfrutar do “tempo

extra” proveniente de uma boa administração do tempo. Analisar o

passado é importante para entender o presente e planejar o futuro, mas

preocupar-se com ele é perda de tempo.

“Sempre existiram e continuarão a existir motivos que poderão

limitar nossas ações. São dificuldades íntimas que se

transformaram em desculpas verdadeiras, e escondem as reais

razões pelas quais abandonamos os desafios”.

O ser humano é perito em encontrar desculpas. Sempre há um

motivo para justificar o porquê de seus erros, sejam causados pela ação

errada ou pela falta de ação, sempre "há uma explicação". Geralmente, a

base dessa justificativa é externa para isentá-los da culpa. A vida não é

fácil para a maioria das pessoas e os desafios estão presentes em cada

esquina. Fugir da responsabilidade por seus próprios atos, ou tentar evitar

desafios não tornará a vida mais fácil. Justificar a falta de ação pelos

obstáculos que seriam necessários transpor, é como dizer que quer

plantar rosas, mas não quer que nasçam os espinhos. As dificuldades que

encontramos são os espinhos do caminho e eles sempre estão lá. Onde

não há desafios, há pouca recompensa, pouco esforço, pouca “graça”.

Evitar os desafios naturais da vida é pedir para ter uma existência “sem

sal”.

Não são poucos os que reclamam que em sua vida “nada acontece”,

tudo é “sem graça”, a rotina os consome. Freqüentemente são estes

mesmos que fogem dos desafios, que acham tudo difícil, que procuram

sempre fazer as coisas pelo caminho mais fácil. Os desafios e obstáculos

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sempre existiram e sempre existirão, deixar de fazer o que você quer

porque terá que enfrentá-los só contribuirá para tornar a vida ainda mais

sem sal, se não insuportável.

Os problemas na verdade, estão nos defeitos mais íntimos da

pessoa, não nos obstáculos em si. Uma pessoa que apresenta

características como perfeccionismo, insegurança e neofobia (medo do

novo), provavelmente encontrará diversas razões externas para justificar

o porquê de não seguir em frente, por exemplo, num projeto que exige

alta responsabilidade, inovação, contato com diversas pessoas e

comprometimento a longo prazo. Dificilmente admitirá os próprios

defeitos como “culpados”, pois isto significaria assumir a culpa para si e

responsabilizar-se consigo mesmo com a mudança interior. Acaba sendo

muito mais fácil colocar a culpa nos fatores externos e isentar-se da

responsabilidade.

"De nada adianta conceber o futuro sem determinação para

atingi-lo”.

Fazer um planejamento por fazer de nada adianta. Há muitas

pessoas que passam a vida planejando, adoram planejar, na hora de

colocar em prática, mudam de idéia e fazem outro planejamento e assim

por diante, acabam nunca realizando algo de fato. O exemplo do regime é

clássico. Diz-se que quer emagrecer, determina-se um período, mas a

maioria não persiste após os primeiros dias. Sem determinação, pouca

coisa pode ser feita. É a determinação que define o nível de motivação

que você terá na atividade determinada e sem motivação, é muito difícil

levar adiante qualquer meta.

Também não adianta pensar no futuro como um sonho distante e

ficar esperando que as situações imaginadas ocorram como por mágica. O

simples fato de querer que algo aconteça não é suficiente. Toda criança

vive de vontades, quer tudo, mas como não tem a capacidade ativa de

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conseguir o que quer, pede a terceiros e fica na dependência destes

atenderem ou não o seu pedido. Muitos adultos ainda mantêm essa

característica, querem muitas coisas, mas nada fazem para atingir seus

objetivos, e quando vêem que não conseguiram o que queriam, culpam

terceiros, como se a responsabilidade por suas vidas não estivesse em

suas mãos.

“Mais importante do que aprender a administrar o relógio é saber

utilizar a bússola”.

A simples aplicação de técnicas que têm o objetivo de “administrar o

relógio” não resolvem o problema do tempo da maioria das pessoas que

tentam aplicá-las. Isso ocorre porque poucos são os que sabem “utilizar a

bússola”. Aplicar técnicas somente para administrar o dia-a-dia, as

atividades rotineiras, resolver os problemas de última hora, pode ser útil

para organizar a vida presente, mas não traz resultados, pois não há

preocupação alguma com o futuro. Isso também elimina qualquer

motivação, pois esta nasce justamente quando existem metas a serem

atingidas, quando há algo a ser conquistado.

Utilizar a bússola é, além de saber a direção, saber muito bem para

onde está indo. Saber que está na direção certa não basta quando você

não sabe o que irá encontrar quando chegar lá. Por isso, planejar o futuro

é tão importante. Ter a certeza de que suas ações no presente resultaram

em frutos gratificantes no futuro, saber que cada atividade que você faz

hoje está interligada com algo maior, que é um projeto de vida, traz uma

motivação real, que não pode ser encontrada em livros de auto-ajuda,

palavras de um grande guru motivador, incentivos de terceiros ou

treinamentos da empresa.

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“Pessoas estressadas se recusam a reformular seus

compromissos”.

As causas do estresse são as mais variadas, entretanto, seja qual

for o caso, ele sempre nasce dentro da pessoa. Várias pessoas podem

passar pelas mesmas experiências, estar sob o mesmo tipo de pressão e

cada um lidar com isso de uma forma diferente, inclusive umas se

sentirem extremamente estressadas e outras lidarem de forma tranqüila

com a situação. Portanto, não são os fatores externos que causam o

estresse, mas a forma individual de cada um lidar com as situações.

A maioria das pessoas estressadas coloca a culpa por sua situação

em fatores externos. É o trânsito, o cônjuge, o chefe, a pressão do

trabalho,... Dizem que querem muito se livrar do estresse a que são

submetidos, mas se negam a reformular seus compromissos dizendo que

“não têm saída”, “que a vida é assim mesmo”, que se deixarem alguns

compromissos de lado terão sérios problemas, e assim por diante. Se o

que causa o estresse são problemas internos, podemos concluir que estas

pessoas não querem rever suas atividades pois terão que olhar para

dentro de si e resolver seus problemas a partir da fonte. É claro que todo

esse processo ocorre inconscientemente, ninguém que sofre de estresse,

vai admitir de “livre e espontânea vontade” que na realidade seus

problemas são internos, eles nem mesmo têm consciência disso.

“Levar uma vida complicada é uma ótima maneira de evitar

mudanças.”

Ocorre com os estressados, analisados acima e também com

pessoas que têm aversão à mudança, seja por comodismo, medo ou falta

de iniciativa. Fazer tantas coisas que não se consegue tempo “nem para

pensar” é um mecanismo de defesa. Passa-se a maior parte do tempo

preocupando-se com as atividades rotineiras, em administrar os próprios

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bens, em manter um estilo de vida sofisticado, assim acaba não sobrando

tempo para pensar na própria vida, nos próprios problemas, e se isso não

ocorre, a idéia que se tem é de que não há necessidade de mudança. O

que também pode ocorrer pelo mesmo motivo é a pessoa que leva uma

vida muito complicada, geralmente como mecanismo para “fugir de si

mesmo”, de um auto-enfrentameto, dar a desculpa de que não tem tempo

para pensar em mudanças, apesar de sua vida não estar boa, ela se nega

a pensar, refletir sobre a sua situação, alegando falta de tempo.

“Você não conseguirá arrumar tempo se não parar para reavaliar o

que está fazendo.”

A solução para os estressados e para os levam uma vida complicada

é parar, e refletir sobre rumo que estão tomando, questionar se a vida

que estão levando é aquela que gostariam de ter, se esta está de acordo

com seus valores e princípios, planejar o futuro, enfim, dar aquela parada

necessária que todos precisamos para fazer um balanço geral da vida e

dos planos para o futuro.

O problema é que quem se encontra em situação muito crítica,

simplesmente diz que “não tem tempo para arranjar tempo”. Se estas

pessoas reservassem alguns poucos minutos em determinado momento

só para avaliar os estragos que estão fazendo em suas vidas, certamente

elas se assustariam e decidiriam parar imediatamente para uma

reavaliação da vida.

A vida exige de nós equilíbrio em tudo o que fazemos, é a lei da

natureza. Quem chega ao ponto de não ter tempo para pensar em si

mesmo, provavelmente está em desequilíbrio em algum setor de sua vida.

Hoje em dia, o que encontramos em maior quantidade são pessoas que se

dedicam demasiadamente ao trabalho, apesar de a “onda workaholic” já

ter ficado para traz nos anos 80. Quando isto acontece, a família, o lazer,

a saúde, os amigos são deixados de lado e com isso a qualidade de vida

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vai por água abaixo e com ela o bem estar e a tranqüilidade de uma vida

equilibrada. O estresse se instala, a saúde piora, a família reclama da

ausência e falta de atenção e os momentos de lazer são raros. Mesmo

assim, ainda escutamos estas pessoas dizerem que precisam arrumar

tempo, precisam melhorar a qualidade de vida, precisam dar mais atenção

à família, precisam cuidar da saúde, mas por mais que “tentem”, não

conseguem o tempo desejado.

Se este é o seu caso, experimente parar durante uns poucos

minutos para imaginar a conseqüência do estilo de vida que está levando.

Não são poucas as histórias de pessoas, principalmente homens, que

tinham vidas altamente atribuladas e estressadas e de repente, por

negligência ao próprio corpo, tiveram um enfarte, um derrame, um

câncer. A saúde é a primeira a ser deixada de lado por esse tipo de

pessoa. A família é a segunda. Muitas vezes a pessoa só percebe o

desequilíbrio em sua vida quando algum ente querido sofre um acidente

grave, o cônjuge pede divórcio, os filhos têm problemas com drogas,

depressão, álcool,...

“A compreensão de velocidade e tempo depende de como você

está em matéria de opções sobre ações. O quanto você é dono do

seu próprio tempo?”

Enfim chegamos à compreensão do tempo em si. Por que para

algumas pessoas o tempo parece passar tão devagar, e para outras

sempre falta tempo para concluir suas atividades?

A resposta não está na quantidade de coisas que cada uma faz, mas

em quanto cada uma é dona de seu próprio tempo. Quem vive segundo o

tempo dos outros não tem a opção de escolher o próprio caminho, e isso é

muito mais comum do que imaginamos.

Nem tudo o que é urgente é importante, seguir o fluxo das

urgências do dia-a-dia é viver sem a opção de ações. Você escolhe agir,

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mas alguém lhe pede para resolver um problema urgente, o que tem

prioridade? Essa resposta vai depender dos seus valores e do quanto você

exercita a integridade em cada situação. Não existem respostas certas, a

compreensão do tempo é justamente saber distinguir as prioridades e agir

com integridade em todas as situações. Dependendo das circunstâncias é

mais coerente resolver a urgência do outro, em outras, pedir desculpas e

dizer que naquele momento não pode atendê-lo, (mesmo sendo o seu

chefe!), em qualquer decisão tomada, você deve se sentir bem com o seu

posicionamento, se isso não ocorrer, você ainda não atingiu a integridade

na tomada de decisões. Essa questão deriva do autocontrole:

O autocontrole desacelera as coisas:

AUTOCONTROLE: Meu próprio tempo. Meu próprio horário.

ACELERADO: Viver segundo os horários dos outros.

LENTO: Viver segundo meu próprio horário.

A compreensão de velocidade e tempo depende de como você

está em matéria de opções sobre ações – Você é dono do seu

próprio futuro?

Ser dono do próprio tempo não significa ter um negócio próprio e

não trabalhar para ninguém, significa ter um controle sobre as ações que

o levam em direção ao seu futuro. Obedecer a ordens de um chefe,

quando aquela atividade está dentro de um plano de carreira (feito por

você), quando você está interessado no aprendizado que aquela tarefa

proporcionará, e você compreende o resultado daquela ação no futuro,

você está no controle. Mas se sua atividade profissional o chateia, você

não encontra motivação para trabalhar onde está e aquilo nada tem a ver

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com os seus objetivos de longo prazo, você não está no controle, além de

estar perdendo tempo fazendo algo que não trará frutos no futuro.

Quem escolhe o que fazer com o seu tempo é você mesmo, este

controle lhe dá a autoconfiança para seguir em frente e conquistar os seus

objetivos. Aí novamente caímos na questão: Quem não tem objetivos, não

administra bem o tempo, pois não tem controle sobre suas próprias ações,

não é dono do seu próprio futuro.

10.3 O que é administrar o tempo?

É equilibrar as atividades, metas, sonhos, obrigações,

sentimentos, valores e motivações de forma coerente e

dinamizada, mantendo o foco “no que é mais importante”.

Administração do tempo basicamente significa equilibrar a vida. A

maioria dos cursos e livros nesta área ainda não chegaram a esta

conclusão. Transmitem dezenas de técnicas e métodos visando a melhoria

da qualidade de vida através de um bom gerenciamento do tempo, mas o

máximo que conseguem é transformar indivíduos em “robozinhos”

autoprogramáveis, que seguem à risca seus planejamentos e acabam

ficando neuróticos se perdem alguns segundos de seu precioso tempo com

um filho ou cônjuge “pouco compreensivo”.

Não há como atingir este objetivo, ou seja, equilibrar a vida, dando

atenção somente a um determinado setor da vida, que geralmente acaba

sendo o trabalho e a geração de riquezas. Normas, procedimentos,

técnicas não devem ser aplicados com fim em si mesmo, devem fazer

parte de algo muito maior, devem ser a conseqüência natural de uma

organização geral da vida como um todo. Tudo o que é realmente

importante para a pessoa deve estar interligado quando se fala em

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administrar o tempo. Quando o foco está no trabalho, a idéia central é

produzir o máximo possível, no menor tempo, com qualidade. Não se

pode perder um minuto sequer. A lista de prioridades da pessoa pende só

para um lado. Na verdade, ela só consegue enxergar as coisas urgentes,

que estão saltando aos olhos, que precisam ser resolvidas imediatamente,

e quando se permite uma folga, corre para o lado oposto, o da inutilidade,

ficar sem fazer nada, perdendo um tempo precioso com a idéia de que

está descansando, recuperando forças. Enquanto isso, as coisas realmente

importantes para esta pessoa são negligenciadas e colocadas de lado,

mesmo sem que ela perceba conscientemente.

Isso ocorre porque a tendência é separar as áreas da vida como se

fossemos pessoas diferentes e não um único indivíduo que possui vários

papéis. Separa-se o trabalho, a vida pessoal, a vida social, a vida familiar

como se a pessoa que chega em casa às 18:30 fosse a mesma que saiu às

8:30 para ir ao trabalho e não a que saiu do escritório às 18:00 para

voltar pra casa. Se você se estressou no trabalho, chegará irritado em

casa, se tem problemas em casa, isso vai refletir em seu trabalho, não há

como dissociar os papéis que vivemos (profissional, pai, mãe, filho,

marido, esposa, vizinho, etc). A vida é um todo constituído pelos papéis

que vivemos e estes influem diretamente uns sobre os outros.

Administrar o tempo, portanto, é conhecer as suas reais prioridades

em todos os setores de sua vida e conseguir equilibrar tudo de forma que

nada seja negligenciado. Impossível? Eu garanto que não! Mas para

compreender isto, é preciso estar disposto a questionar seus hábitos e

conceitos mais profundos e principalmente ter a coragem de mudá-los se

for necessário.

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10.4 As 4 Gerações de Administração do Tempo

“Desmembrar os problemas e tentar resolve-los por partes é como tentar

montar os fragmentos de um espelho quebrado para enxergar um reflexo

verdadeiro. Depois de algum tempo, acabamos desistindo de ver o todo.”

David Bohm

“As pessoas com alto nível de domínio pessoal conseguem concretizar os

resultados mais importantes para elas – na verdade, vêem a vida como

um artista veria uma obra de arte. Fazem isso comprometendo-se com

seu próprio aprendizado ao longo da vida.”

Peter Senge

O estudo da administração do tempo sofreu um grande avanço no

século XX. Com a crescente complexidade das rotinas de trabalho e

aumento dos compromissos, tanto profissionais, como pessoais, o

gerenciamento do tempo tornou-se uma necessidade. Cada geração de

pesquisas complementava e enriquecia a anterior, mas até a 3º geração,

os melhores métodos e técnicas pareciam não funcionar para a maioria

das pessoas. Os grandes pensadores da área de administração, como

Peter Drucker, Tom Peters e Stephen Covey, começaram a criticar as

técnicas propostas e apontar suas falhas, propondo uma nova abordagem

para a administração do tempo, a 4º geração, que mais tem a ver com

autoconhecimento e gerenciamento pessoal do que com técnicas e

métodos impessoais.

A 1º GERAÇÃO

A 1º geração de administração do tempo, na verdade não referia-se

à alguma “administração”, mas uma preparação e monitoração das

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atividades diárias através de listas de afazeres, bilhetes e lembretes.

Apesar de ser um método “arcaico” e básico, muitas pessoas ainda

utilizam-se dele para “administrar” sua vida. A famosa lista ABC de

prioridades é usada por muitas pessoas como a única técnica de

administração do tempo.

Apesar de a 1º geração apresentar algumas vantagens em relação

às outras 2 que vieram na seqüência, como maior flexibilidade, maior

adaptabilidade às circunstâncias e às mudanças, menor nível de

“escravização” às agendas e planilhas, as desvantagens ainda são muitas.

As coisas estão sempre dando errado, as pessoas vivem desmotivadas,

não são pontuais, não possuem prioridades, nem objetivos a médio ou

longo prazo.

A 2º GERAÇÃO

A segunda geração ampliou a organização das listas e lembretes

para as agendas e utilização de calendários para previsões e

planejamentos. É possível ser pontual e não se perder em meio a tantas

urgências do dia-a-dia dentro da segunda geração. A preparação aumenta

a eficiência e a eficácia. A definição de metas aumenta o desempenho e os

resultados. Essa geração já conseguia “prever o futuro”, não deixando a

pessoa à mercê das ocorrências diárias, no entanto criou a ditadura da

agenda. As pessoas que seguem a 2º geração tornam-se escravas de seus

compromissos e tudo o que é externo ao “não programado” é visto como

uma ameaça, inclusive as outras pessoas, que são vistas como um

recurso para ajudar a atingir os resultados desejados, se não

“funcionarem” desta forma, não servem, são “interrupções”, e portanto

devem ser evitadas. As prioridades da segunda geração são definidas por

metas externas, geralmente profissionais.

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A 3º GERAÇÃO

Para a maioria das pessoas, é o que há de mais avançado em

administração do tempo. Apesar de a 4º geração já estar sendo

pesquisada há mais de 10 anos, alguns autores ainda defendem a 3º

geração como solução para os problemas de gerenciamento de tempo, em

parte também por desconhecerem as inovações na área.

Essa geração promoveu um enorme avanço nas pesquisas em

administração do tempo por conciliar a organização da 2º geração à

valores pessoais. Estabelece metas de curto, médio e longo prazo

baseando-se nestes valores, que ditam as prioridades. Outros avanços

foram em busca da eficiência e da responsabilidade pelos resultados, além

de haver uma preocupação com o gerenciamento pessoal.

As falhas desta geração não estão nos métodos, mas nos próprios

princípios em que se baseia. Dá a sensação de que a pessoa tem o

controle total da situação e pode tomar a decisão que quiser,

independente de princípios naturais ou forças externas. É como o

indivíduo que insiste em plantar no inverno. Essa geração cega a pessoa

para o ambiente externo. Ela se fecha e passa a acreditar que pode criar

suas próprias leis, perde o poder de visão. Stephen Covey faz uma

analogia interessante, ele diz que os paradigmas em que se baseiam

nossas idéias, concepções e valores são como mapas. Não são o território,

apenas descrevem-no. “E se o mapa estiver errado? E se quisermos ir a

algum lugar em Detroit com um mapa de Chicago? Certamente vai ser

muito difícil chegarmos ao local desejado. Podemos mudar nosso

comportamento, dirigindo com mais eficiência, conseguindo um carro mais

econômico, aumentando a velocidade, mas no final das contas tudo o que

conseguiremos será chegar mais rápido ao lugar errado. Podemos mudar

nossas atitudes – ficamos tão compenetrados tentando chegar a algum

lugar que sequer percebemos que estamos no lugar errado. Mas o

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problema nada tem a ver com comportamento ou atitude. O problema é

que estamos usando o mapa errado.”

A terceira geração também erra por ignorar as pessoas. Como o

paradigma básico é o controle, tenta-se controlar as pessoas e quando

isso não é possível, estas são ignoradas pois constituem problemas e

interrupções. Essa geração não consegue compreender a interdependência

da vida, prega uma independência utópica, onde tudo o que for externo e

não colaborar com os resultados deve ser afastado e encarado como uma

ameaça à eficiência.

Os valores também são muito individualizados, não há compromisso

com os princípios básicos, com o território. Nas palavras de Stephen

Covey: “Quando o que valorizamos vai de encontro às leis naturais que

governam a paz de espírito e a qualidade de vida, baseamos nossa vida

em uma ilusão e estamos fadados ao fracasso. Apesar das mais modernas

teorias sobre administração do tempo prometerem produtividade total, as

pessoas começaram a perceber que a elaboração de agendas eficientes e

o controle do tempo com freqüência são improdutivos. A concentração na

eficiência gera expectativas que conflitam com as oportunidades de

desenvolver relacionamentos mais ricos, de satisfazer as necessidades

humanas, e de desfrutar momentos espontâneos diariamente.”

Essa geração induz a uma hiperatividade e desequilibra tanto as

prioridades, quanto os valores e relacionamentos. O estresse de muitas

pessoas não se deve a falta de administração do tempo, mas a um

excesso de controle. A pessoa passa a não ser mais dona do próprio

tempo, vive em função de seus compromissos. Tom Peters comenta esse

assunto com um exemplo pessoal: “Quando eu tinha 23 anos, estava

sempre com pressa. Fazia questão de nunca chegar a um aeroporto mais

de 15 minutos antes do horário do avião decolar. (sempre correndo =

sentimento de importância pessoal). Eu tinha pressa, mas os aviões eram

lentos e as viagens curtas. Hoje, os vôos são mais longos, os aviões mais

velozes. Agora, porém, faço questão de chegar ao aeroporto 1 hora antes

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do vôo. Resultado: vou mais longe. Vou mais rápido. Mas o fato de chegar

cedo, significa que estou no comando de minha vida, o autocontrole faz

com que eu tenha meu próprio tempo.”

A 4º GERAÇÃO

“Uma das definições de insanidade é fazer sempre a mesma coisa e

esperar resultados diferentes. – Se a solução fosse o gerenciamento do

tempo, certamente a profusão de idéias brilhantes já teria operado

grandes mudanças.”

Stephen Covey

A quarta geração utiliza-se do que há de melhor das 3 gerações

anteriores, mas transcende a simples administração do tempo e passa a

abordar a liderança de vida. Baseada num paradigma que respeita os

princípios universais, busca a qualidade de vida e não o controle sobre as

atividades e metas. Isto torna-se secundário quando o foco desvia-se do

controle e passa a buscar eficácia e bem estar. O desafio da 4º geração

não é administrar o tempo, mas a pessoa, em vez de focalizar a atenção

nas coisas e no tempo, as atenções se voltam para a preservação e

melhoria dos relacionamentos e na obtenção de resultados.

A quarta geração focaliza o que é realmente importante, respeitando

os princípios naturais e diminuindo a incidência das urgências que

consomem a maior parte do tempo de quem vive na terceira geração.

Dentro desta perspectiva, torna-se impensável definir a velocidade e os

detalhes técnicos antes da direção, economizar minutos quando podemos

estar desperdiçando anos seguindo o caminho errado.

Tudo o que você viu neste livro está embasado na 4º geração. Se

você administrar sua vida priorizando os princípios naturais, considerando

a interdependência da vida, e organizando seu tempo de modo a viver no

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2º quadrante, sua qualidade de vida dará um salto e você poderá

desfrutar do prazer e da felicidade de administrar bem o seu tempo.

10.5 A organização do 2º quadrante

O segundo quadrante é onde se encontram as suas verdadeiras

prioridades, as coisas que de fato importam em sua vida, as pedras

grandes, que devem ser colocadas primeiro, para que depois você possa

acomodar o resto sem cair na síndrome da urgência.

Em primeiro lugar, é preciso definir bem qual o conteúdo do seu 2º

quadrante. Se você já não fez isso no capítulo em que falamos sobre

prioridades, reflita agora sobre o que é importante em sua vida. Esqueça

tudo o que é urgente, quando estiver trabalhando na definição do 2º

quadrante, finja que o tempo parou e pense somente nas coisas que são

importantes para você. Nada no 2º quadrante é urgente, as coisas

importantes, mas urgentes devem ser colocadas no 1º quadrante.

Esqueça delas por enquanto.

Após ter definido o 2º quadrante, é possível que você queira mudar

alguns detalhes de seu projeto de vida ou suas metas, por ter uma visão

mais clara agora. Utilize o planejamento anual feito no projeto de vida e

sua planilha de metas. A organização do 2º quadrante deve ser feita de

trás para frente. Tendo em mãos o planejamento anual, faça os

planejamentos mensais (se achar que não é necessário fazer os 12 de

uma só vez, faça pelo menos dos 3 meses seguintes para ter uma visão

ampla do que terá pela frente). A partir das metas definidas

mensalmente, faça uma planilha semanal. O planejamento diário é

limitado, fechado, a urgência e a eficiência ocupam o lugar da importância

e da eficácia. Se você só consegue enxergar um dia em sua agenda, perde

a visão de conjunto, perde o elo entre suas metas e acaba sucumbindo à

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síndrome da urgência. Sua missão e visão devem estar sempre à vista

para que nas atividades do dia-a-dia você não perca o foco que definiu

para sua vida.

Caso você tenha muitas atividades diárias e não possa abrir mão da

utilização de uma agenda diária, imprima uma planilha semanal e

mantenha dentro de sua agenda, o resultado pode ser muito mais útil do

que a simples visão de conjunto. Muitos executivos perdem reuniões pela

manhã porque ao olharem o planejamento do dia, o horário da reunião já

passou, se utilizassem a planilha semanal veriam no dia anterior a reunião

marcada para o dia seguinte.

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Área da Vida Metas Especificações

PLANEJAMENTO MENSALMÊS/ANO :

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DO

MSA

BSE

XQ

UI

QU

ATE

RSE

GH

oras

PLA

NIL

HA

SEM

AN

AL

Prioridades

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11. Objetivos X Felicidade

O pesquisador David Niven, PhD, autor do livro “Os 100 segredos

das pessoas felizes – Descobertas simples e úteis dos estudos científicos

sobre a felicidade” levantou 100 características e comportamentos

relacionados à felicidade e à realização pessoal. Destas, 15% relacionam-

se com a determinação de objetivos e estratégias e mais de 40%

confirmam os argumentos defendidos neste livro. Dentre elas:

1. Use uma estratégia para alcançar a felicidade

Qual a primeira condição para que um negócio dê certo? Um plano de

negócios bem feito. Cada negócio precisa definir seu objetivo e em

seguida criar uma estratégia para alcançá-lo. O mesmo acontece com as

pessoas. Defina o que você quer e então use uma estratégia para

consegui-lo.

2. Concentre-se naquilo que é realmente importante para você

Não há nenhum sentido em disputar um jogo que você não está

interessado em vencer. Faça com que sua vida e suas expectativas sejam

reflexos profundamente pessoais daquilo que é realmente importante para

você. O que é que você realmente deseja? Qual a meta pela qual vale a

pena lutar e que está de acordo com o seu modo de ser? Não invista num

objetivo por mera competição, pela expectativa que os outros têm em

relação à você, ou por um modelo que lhe impuseram. Os objetivos são

essenciais para que as pessoas se orientem no mundo e para que

alcancem a satisfação na vida.

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3. A sua vida tem um propósito e um sentido

Você não está aqui apenas para preencher um espaço ou para ser

um figurante no filme de outra pessoa. Os estudos realizados com

americanos mais idosos descobriram que um dos fatores mais importantes

para a felicidade é saber profundamente que sua vida tem um propósito.

Sem um propósito claramente definido, 7 entre 10 indivíduos sentem-se

inseguros em relação a suas vidas.

4. Faça algo todos os dias

As vezes os dias vão embora sem nos darmos conta do que

pensamos e do que fizemos. Como se o tempo nos carregasse e não

fossemos donos de nós mesmos. Assegure-se todos os dias de fazer algo,

por menor que seja, em busca de seus objetivos – “uma viagem de mil

milhas começa com um único passo”.

5. Tenha um objetivo

Sem um objetivo, tudo perde o sentido. Você pode trabalhar 40

horas por semana, arrumar a casa, brincar com os filhos, divertir-se,

tomar resoluções para o ano novo. Entretanto, se você não tiver uma

razão para estar fazendo tudo isso, nenhuma dessas coisas terá qualquer

sentido.

Em uma pesquisa realizada com estudantes universitário fez-se uma

comparação entre os estudantes que gostavam da vida que levavam e de

seus estudos e os estudantes que sentiam-se insatisfeitos. Constatou-se

uma diferença significativa: os estudantes do primeiro grupo tinham

consciência do que desejavam da vida, enquanto os outros iam

simplesmente tocando.

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6. Os objetivos devem estar alinhados entre si

Os quatro pneus do seu carro precisam estar adequadamente

alinhados. Se não for assim, os pneus esquerdos estarão voltados para

uma direção diferente daquela dos pneus direitos e o carro não vai

funcionar. Os objetivos também são assim. Precisam estar todos voltados

para a mesma direção. Se seus objetivos estiverem em conflito uns com

os outros, é possível que sua vida não funcione.

7. Não deixe que outras pessoas definam os seus objetivos

Há muitas pessoas que escolhem seus objetivos com base naquilo

que outros pensam. Para ser feliz, não é preciso ter sucesso em

absolutamente tudo o que se faz. mas é essencial acreditar que se tem

controle sobre a própria vida. Aqueles que sabem que são responsáveis

por sua própria situação e por suas decisões sentem-se mais satisfeitos do

que aqueles que têm a sensação de não segurar as rédeas da própria

vida.

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Planejamento Estratégico Pessoal

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Considerações Finais

O planejamento hoje está tomando novas formas e ampliando seu

leque de aplicação. Já não planeja-se somente a carreira, tornou-se

necessário também planejar a vida como um todo.

Pesquisas com pessoas das mais variadas nacionalidades revelam

que os objetivos de vida são fundamentais para que o indivíduo sinta que

sua vida tem significado, o que conseqüentemente, traz motivação e

felicidade. Uma pessoa que acorda todas as manhãs ciente de seus

objetivos e de que a cada dia faz alguma coisa por eles tem uma sensação

e uma motivação diferente para com a vida do que uma pessoa que vai

levando a vida nas costas, ao sabor do vento. Talvez seja este o segredo

da felicidade que estes últimos buscam desesperadamente, pulando de

galho em galho, buscando algo fora de si, enquanto os primeiros tiram os

objetivos de dentro, seguindo em linha reta, com a convicção de que

chegarão lá. A insegurança de um futuro incerto é substituída pela

tranqüilidade de compreender o sentido da vida e saber que a cada

momento se chega mais perto dos objetivos conhecidos.

No entanto, ter objetivos somente não basta. É preciso planejá-los

para saber o que se deve fazer ao longo do tempo para que no final do

prazo estabelecido realize-se o objetivo. É preciso traçar o caminho das

pedras, saber quais são os obstáculos, oportunidades, levantar os

recursos necessários, criar uma estratégia.

Pessoas motivadas, com objetivos de vida, com a convicção de

seguir o caminho que lhes trará realização estão sendo valorizadas como

ouro pelas empresas. Estas pessoas são capazes de trazer resultados,

criar soluções, fazer a diferença, enquanto as que “apenas vivem” só

executam o seu trabalho. As empresas que investirem no

desenvolvimento pessoal de seus funcionários, e principalmente, levá-los

a descobrirem seus objetivos de vida terão um capital inestimável.

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Funcionários automotivados, proativos e empreendedores, que sabem

aproveitar seu potencial da melhor forma, poderão contribuir de forma

fantástica com os objetivos da empresa.

A humanidade está começando a vivenciar a era do

desenvolvimento pessoal. Um tempo onde sucesso significa auto-

realização, e as prioridades não são mais ditadas pelo meio, mas por cada

um de nós. Um tempo onde as oportunidades e escolhas são infinitamente

maiores do que as disponíveis aos nossos antepassados e a liberdade já

não é mais uma utopia ou privilégio de poucos, mas algo na qual ainda

temos que aprender a lidar e utilizá-la da melhor forma possível para

atingirmos nosso objetivo maior que é a felicidade.

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Planejamento Estratégico Pessoal

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