crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/revista...2 1969 2019 sioterapia 3...

34

Upload: others

Post on 16-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação
Page 2: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA2 3

Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação da Fisioterapia no país. Ocorrido no dia 13 de outubro de 1969, o fato mudou a história da profissão. Foi aí que nos tornamos profissionais de nível superior, liberais e com finalidades de atuação definidas.

Além desse feito tão importante para a saúde pública nacional, o mês de outubro possui outra marca histó-rica para a nossa sociedade, que foi a refundação do Brasil democrático. No dia 05 de outubro de 1988, foi pro-mulgada a Constituição Cidadã, que completou recentemente 31 anos.

Durante a promulgação, Ulysses Guimarães fez um discurso sobre o passado, mas dialogando com o futuro. “A sociedade sempre acaba vencendo, mesmo ante a inércia ou o antagonis-mo do Estado. O Estado era Tordesi-lhas. Rebelada, a sociedade empurrou as fronteiras do Brasil, criando uma das maiores geografias do Universo”.

Abordo esse tema para relembrar que a Fisioterapia promoveu, nos últimos 50 anos, um avanço semelhante, com mui-to arrojo, ampliando suas fronteiras.

O Decreto-lei nº 938, de outubro de 1969, é o nosso Tratado de Torde-silhas. Um documento do Estado so-

SURGIMENTOCOMO TUDO COMEÇOU NO MUNDO

OS PRIMEIROS PASSOS DA FISIOTERAPIA EM MINAS GERAIS

FORMATURA EM GRANDE ESTILO

ASSOCIAÇÕES DE CLASSE: A FISIOTERAPIA REPRESENTADA

REGULAMENTAÇÃONASCE A FISIOTERAPIA NO BRASIL

CRIAÇÃO DO SISTEMASISTEMA COFFITO/CREFITOs É CRIADO

BELO HORIZONTE RECEBE, PELA PRIMEIRA VEZ, O CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOTERAPIA

FORTALECIMENTO DAS ESPECIALIDADES PROFISSIONAIS

CREFITO-4 CRIAÇÃO DO CREFITO-4

06

14

22

26

30

44

53

57

60

Dr. Anderson Luís CoelhoPresidente do CREFITO-4 MG

CINQUENTENÁRIO DE AVANÇOS

ÍNDICE

PALAVRA DO PRESIDENTE

bre “terras descobertas e terras por descobrir”. Ali estão os limites que os nossos desbravadores souberam alar-gar pelos caminhos da ciência.

Regulamentada em um período difícil do regime militar, a profissão conquistou o seu espaço devido ao esforço conjunto em um processo que começou no seio da sociedade, orga-nizada em associações, e entre seus representantes no Congresso Nacio-nal. Foi isso que levou aos poderes da República a ideia de regulamentação.

Os primeiros 50 anos se passaram. Há muito o que comemorar, mas pensar no futuro também é urgente. Buscar valori-zação, além de união e engajamento da classe em prol das causas da profissão é apenas o co-meço. Nossa gestão irá trabalhar sempre além da sua competência fis-calizadora, incentivando o desenvolvimento da Fisio-terapia em todos os cantos do estado. E que venha o próximo cinquentenário!

Page 3: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA4 5

50 ANOS

13 de outubro de 2019, a Fisioterapia completou meio sécu-lo de sua regulamentação no Brasil. Em um curto espaço

de tempo, os avanços foram concretos. A profissão teve seu mérito assistencial reconhecido - perante o poder público, as demais áreas de saúde e a sociedade - como uma profissão da saúde de nível superior com finalidade de atuação específica e privativa. Com sua autonomia e autoridade científica, o profis-sional passou a ser incluído em todos os projetos assistenciais de saúde do país. Para chegar ao patamar de tal reconhecimento e inúmeras conquistas, foi necessária muita luta e engajamen-to político de profissionais que se dispuseram a doar parte de seu tempo por amor à Fisioterapia. Nas próximas páginas, será possível conhecer os bastidores desse enredo que faz parte da história de 290 mil fisioterapeutas brasileiros. Em especial, os esforços dos pioneiros mineiros que se empenharam para que Minas Gerais viesse a ser reconhecida como referência no ce-nário nacional da profissão. Além disso, serão apresentados os esforços desenvolvidos pela atual geração de profissionais a fim de que novos capítulos de sucesso sejam escritos na história da Fisioterapia. Afinal, a história não para.

FISIOTERAPIABRASILNO

DA

alabamapioneers.com

Page 4: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA6 7

SURGIMENTO

Resgatando a origem da profissão, constata-se que a Fisioterapia é tão antiga quanto a própria humanidade. Já nos primórdios da civilização,

nossos ancestrais utilizavam recursos fisioterapêuticos - cinesioterapia, mecanoterapia, eletroterapia, fototerapia – para o tratamento de suas en-fermidades. Posteriormente, ao longo dos anos, as técnicas fisioterápicas passaram também a fazer parte da terapêutica médica.

Contudo, a Fisioterapia enquanto profissão só passa a se sistematizar no cenário mundial no início do século XX com o advento das guerras - Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e Segunda Guerra Mundial (1939-1945) -, que resultaram em um grande número de vítimas com sequelas físicas. Antes das guerras, as incapacidades físicas eram consideradas irre-versíveis, não havendo tratamentos especializados para seus portadores. As consequências dos conflitos bélicos instalaram uma crise humanitária que permitiu à Fisioterapia mostrar a sua importância na recuperação des-ses incapacitados e reinseri-los no mercado de trabalho e em sua vida cotidiana. Surge, assim, o despertar da profissão voltada para a reabilitação.

“Assim, somente nas primeiras décadas desse século é que surgiram no mundo os primeiros empreendimentos destinados à preparação técnica desses profissionais. A iniciativa de realização de cursos específicos para a área ocorreu, principalmente, em virtude da urgência em arregimentar pessoal habilitado para enfrentamento da situação ocasionada pela Primei-ra Guerra Mundial, quando se verificou um considerável aumento do con-tingente de pessoas lesadas e mutiladas. A sociedade requeria que provi-dências urgentes fossem tomadas no sentido de recuperar os indivíduos prejudicados, tanto para recompor a vida pessoal ativa de cada um, como para suprir os desfalques de mão de obra ocorridos em razão da guerra, e que se refletiam na produção, dentro do novo sistema industrial que vinha despontando como promissor.”

Trecho retirado do livro “Memórias da Fisioterapia”,

autora Regina Maria de Figueirôa.

COMO TUDO COMEÇOU NO

MUNDOA Fisioterapia acompanhou as trans-

formações do século XX. Os países mais desenvolvidos que participaram da Primeira Guerra Mundial criaram políticas de reabilitação para recuperar as vítimas. Tal esforço gerou novas des-cobertas e técnicas, que consolidaram a profissão em um campo específico de

Ocorreu entre 1914 e 1918. Trata-se de um conflito global centrado na Europa, que envolveu grandes potências do mundo. Como conse-quências, gerou aproxi-madamente 10 milhões de mortos, mais de 20 milhões de feridos, além de uma grande destrui-ção dos campos e áreas urbanas.

O conflito ocorrido entre 1939 e 1945 iniciou-se na Europa, mas se espalhou para outros continentes, envolvendo todas as grandes potências mun-diais. A guerra, marca-da por eventos como o Holocausto e o uso de bombas atômicas, resultou em mais de 60 milhões de mortos.

PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

SEGUNDA GUERRAMUNDIAL

atuação. Quando surge a Segunda Guerra Mundial, já existia uma es-trutura para o tratamento fisioterá-pico e a profissão era regulamentada em vários países da Europa. O fisio-terapeuta torna-se, nesses países, um profissional com autonomia na área da saúde.

Imagens:theatlantic.com

Page 5: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA8 9

Como os soldados brasileiros não participaram em número expressivo de contingente na Primeira

Guerra Mundial e na Segunda Guerra Mundial, a Fisiote-rapia passou a ser oficialmente inserida no país somente por volta dos anos 50, por influência do surto viral da poliomielite que resultou em uma grande quantidade de pessoas incapacitadas, em especial crianças, e provocou um enorme apelo social.

Para o tratamento das vítimas de poliomielite, surgem os chamados “pulmões de aço” e outros ventiladores mecânicos que contribuíram para que os pacientes com paralisia dos músculos respiratórios não fossem a óbito. Além do surto da doença, o crescimento do setor indus-trial também fez aumentar no Brasil o número de tra-balhadores vítimas de acidentes de trabalho que neces-sitavam de tratamento para se reintegrarem ao sistema produtivo. Assim, surge um problema de saúde pública sobre como tratar as pessoas que apresentavam seque-las físicas. Começaram, então, a ser criadas nas capitais, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, escolas para a formação dos futuros fisioterapeutas.

Fonte: www.museumofdisability.org

Fonte: independent.co.uk

INÍCIO DA FISIOTERAPIA NO BRASIL

Page 6: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA10 11

A partir da década de 50, surgem as primeiras escolas de Fisioterapia no país, com a fina-lidade da formação de técnicos para auxiliar os médicos na reabilitação dos pacientes.

OS PRIMEIROS

DE FISIOTERAPIA NO BRASILCURSOS TÉCNICOS

SÃO PAULO Na capital paulista, a

formação de técnicos em Fisioterapia originou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de São Pau-lo (FMUSP), no início dos anos 50. A formação des-ses profissionais, patrocina-da pelo Centro de Estudos Raphael de Barros, visava a atender às necessidades do Hospital das Clínicas, per-tencente à Faculdade de Medicina da USP.

FACULDADE DE MEDICINA DA

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

(FMUSP)

MINAS GERAIS Em Minas Gerais, o primeiro curso de

“técnicos de reabilitação” ocorreu ainda du-rante a construção do Hospital Arapiara, na década de 60, em uma clínica de reabilitação de propriedade de médicos provindos do Hospital da Baleia. Posteriormente, o curso

HOSPITAL ARAPIARA

foi formalizado por meio de um convênio firmado entre o Hospital Arapiara e a Facul-dade de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG), em 1961. O curso surgiu da necessidade de mão de obra especializada para trabalhar no Hospital Arapiara.

RIO DE JANEIRO Em 1954, foi criada no

Rio de Janeiro a Associa-ção Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) com o objetivo de pro-mover um tratamento especializado às vítimas de poliomielite e pessoas portadoras de sequelas motoras. Por falta de pro-fissionais capacitados para tal função, a associação

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA

BENEFICENTE DE REABILITAÇÃO

(ABBR)

criou a Escola de Reabi-litação do Rio de Janeiro (ERRJ), que formaria os primeiros fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais do estado. Posteriormen-te, inaugurou-se o Centro de Reabilitação da ABBR, com a participação do en-tão presidente da repúbli-ca, Juscelino Kubitscheck, em 1957.

Paralelo aos primeiros passos da Fisioterapia no Brasil, em 1951, era reconhecido no Reino Uni-do a World Confederation for Physical Therapy (WCPT) - Confederação Mundial de Fisioterapia -, organização não governamental com o objetivo de representar e promover o crescimento da profissão no mundo.

WORLD CONFEDERATION

FOR PHYSICAL THERAPY

Formatura da 1a turma da Escola de Reabilitação em 27/02/1958Fonte: ABBR

Clínica Ortopédica e Traumatológica do Hospital das Clínicas da FMUSP - seção de FisioterapiaFonte: Acervo do Museu Histórico da FMUSP.

Faculdade de Medicina da USP, 1931Fonte: Acervo do Museu Histórico

da FMUSP.

Page 7: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 201912

DOS CURSOS TÉCNICOS AO SUPERIOR:

AS PRIMEIRAS ATUALIZAÇÕES CURRICULARES

A FORMAÇÃO DE FISIOTERAPEUTAS DE NÍVEL SUPERIOR

NOVA ATUALIZAÇÃO CURRICULAR:

Um dos primeiros documentos oficiais que definem a ocupação do fisioterapeuta e orientam para a for-

mação de nível superior da profissão surge em 1963, por meio do Parecer nº388/63, elaborado pelo Conselho Federal de Educação. Contudo, apesar do significativo avanço, o documento reforça a denominação de "Téc-nico de Fisioterapia". O texto do Parecer considerava,

Utilizando-se como base o Parecer nº 388/63, no ano seguinte, a Portaria Ministerial de nº 511/64 esta-

beleceu o primeiro currículo mínimo para formação do

Para adequar-se à nova realidade dos cam-pos assistenciais da Fisioterapia, um novo

documento passou a dirigir a formação do fisioterapeuta no país, cerca de 20 anos de-pois. No dia 28 de fevereiro de 1983, a Re-solução nº 4, do Conselho Federal de Edu-cação, fixou a duração mínima em quatro

GRADUAÇÃO MÍNIMA EM QUATRO ANOS

"[...] A referida Comissão insiste na caracterização desses profissionais como auxiliares médicos que desempenham tarefas de caráter terapêu-tico sob a orientação e responsabilidade do médico. A este cabe dirigir, chefiar e liderar a equipe de reabilitação, dentro da qual são elementos básicos: o médico, o assistente social, o psicólogo, o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional."

A duração dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional será de 3 anos letivos.

Matérias comuns: Fundamentos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Éti-ca e História da Reabilitação, Administração Aplicada. Matérias específicas do curso de Fisioterapia: Fisioterapia Geral, Fisiotera-pia Aplicada.(…)

O currículo mínimo dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional para a forma-ção de Técnico em Fisioterapia e de Técnico em Terapia Ocupacional compreende matérias comuns e matérias específicas, como se segue:

Texto elaborado por uma comissão de peritos médicos nomeados pelo diretor de ensino superior do Ministério da Educação, em 1962, constantes no Parecer nº 388/63 do Conselho Federal de Educação, aprovado em 10 de dezembro de 1963.Fonte: “Fisioterapia no Brasil”, autores José Rubens Rebelatto e Sílvio Paulo Botomé.

Trecho da Portaria Ministerial nº511/64.

ainda, o fisioterapeuta como um integrante da equipe de reabilitação em saúde, porém, sem autonomia para o diagnóstico do paciente e a prescrição do seu trata-mento. Ao profissional cabia o mero exercício da téc-nica recomendada pelo médico. Uma clara intenção de preservar o status médico e desvalorizar a Fisioterapia enquanto conhecimento científico.

“Não compete aos dois últimos o diagnóstico da doença ou da defi-ciência a ser corrigida. Cabe-lhes executar; com perfeição, aquelas téc-nicas, aprendizagens e exercícios recomendados pelo médico, que con-duzem à cura ou à recuperação dos parcialmente inválidos para a vida social. Daí haver a comissão preferido que os novos profissionais para-médicos se chamassem Técnicos em Fisioterapia e Terapia Ocupacional, para marcar-lhes bem a competência e atribuições. O que se pretende é formar profissionais de nível superior, tal como acontece a enfermeiros, obstetrizes e nutricionistas. Diante disso, não há como evitar os nomes de Técnicos em Fisioterapia e Técnicos em Terapia Ocupacional."

1

2curso superior de Fisioterapia, ainda que numa versão tecnicista, o qual definia as matérias a serem desenvolvi-das e o período de duração dos cursos:

Para atender às novas políticas de saúde e ampliação de inserção do fisioterapeuta

no mercado, em 19 de fevereiro de 2002, foi atualizada a grade curricular do curso de Fisioterapia por meio das Diretrizes Curri-culares Nacionais de Fisioterapia, instituída pela Resolução nº 4, da Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educa-ção, a qual define os princípios, fundamen-tos, condições e procedimentos da forma-ção dos egressos.

Apatir da resolução CNE/CES nº 4 de 6 de abril de 2009, a carga horária mínima

DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS SÃO IMPLEMENTADAS

CARGA HORÁRIA MÍNIMA E TEMPO DE INTEGRALIZAÇÃO

No que se refere ao objetivo da formação do estudante de Fisioterapia, o documento reforça a autonomia do futuro profissional quanto às suas competências e habilidades específicas, bem como sua prerrogativa para emitir laudos, pareceres, atestados; estabele-cer o prognóstico do paciente; decidir sobre a alta fisioterapêutica; desempenhar ativida-des de planejamento e gestão de serviços de saúde e prestar consultorias e auditorias no âmbito de sua competência profissional.

do acadêmico de Fisioterapia passa para 4.000 horas no período de integralização de 5 anos.

2002:

2009:

anos de cada curso, com carga horária não inferior a 3.240 horas, definindo a plenitude da atuação do fisioterapeuta. Participaram da elaboração do novo documento professores ligados ao ensino de Fisioterapia e membros da Associação Brasileira de Fisioterapia, por meio de sua Comissão de Ensino.

Art. 1º

Art. 2º

a

b

CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA 13

Page 8: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA14 15

A década de 40 foi um marco para o início da Fi-sioterapia em Minas Gerais. O estado mineiro,

conhecido pelo seu bom clima e boas águas, ficou famoso por suas termas, dentre elas as localizadas em Poços de Caldas e Araxá, onde a massagem e a hidroterapia eram utilizadas para tratamentos di-versos. Os profissionais responsáveis por essas ativi-dades eram nomeados de massagistas, mecanotera-peutas e duchistas.

Ainda nos anos 40, foi criada, em Belo Horizonte, pelo coronel e industrial Ben-jamin Ferreira Guimarães, a Fundação Benjamin Guimarães com o objetivo de tratar crianças com tuberculose. Pou-co tempo depois, inicia-se o serviço de ortopedia da fundação liderado por mé-dicos recém-especializados na área de reabilitação nos Estados Unidos, sendo inaugurado um terceiro prédio da insti-tuição de nome Baeta Viana, desta vez centrado em reabilitação. O serviço foi inicialmente desenvolvido para o atendi-mento à criança com tuberculose óssea. Posteriormente, passou a receber tam-bém crianças com sequelas do surto de poliomielite. Tempos depois, da junção

“As Thermas Antônio Carlos em Poços de Caldas foram inauguradas no ano de 1932. Todo o conjun-to terapêutico das termas foi considerado, durante muitas décadas, o maior centro de recuperação e de promoção de saúde da América Latina. Os apa-relhos vieram da Alemanha com o objetivo de re-cuperar os sequelados, principalmente da Primeira Guerra Mundial. Ao chegar no Brasil, na década de 30, inovaram com relação à biomecânica e à mobi-lidade. Durante muitos anos, a cidade recebeu um número imenso de pacientes que vinham à procura de recuperação por meio da utilização das águas e da mecanoterapia.”

Dra. Teresa Cristina Alvisi, ex-diretora de serviços

termais municipais de Poços de Caldas

OS PRIMEIROS PASSOS DA FISIOTERAPIA EM

MINAS GERAIS

dos prédios da Fundação Benjamin Gui-marães, nasce o Hospital da Baleia.

Na época, devido à ausência de pro-fissionais qualificados para as atividades de reabilitação, as madres da Congre-gação Franciscana Missionárias de Maria eram treinadas e supervisionadas pelos médicos ortopedistas para exercer tal função no Hospital da Baleia. Em razão do aumento da demanda decorrente da epidemia de poliomielite, outras pessoas passaram a ser recrutadas pelos ortope-distas para prestar os cuidados aos pa-cientes, como auxiliares de enfermagem, educadores físicos, além dos massagistas, mecanoterapeutas e duchistas que traba-lhavam nas termas mineiras.

Sala de mecanoterapia no Thermas Antônio Carlos, Poços de Caldas

Thermas Antônio Carlos, Poços de Caldas

Page 9: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA16 17

Os médicos começaram a reconhecer a necessidade de mão de obra qualificada para prestar atendimentos aos pacientes com se-quelas motoras, em especial as decorrentes da poliomielite. Em 1957, alguns médicos or-topedistas do Hospital da Baleia, liderados pelo Dr. Márcio Lima Castro, retornaram ao Brasil, após se capacitarem em fisiatria nos EUA, com a ideia de construir um hospital es-pecífico para reabilitação e formar pessoal ca-pacitado para atuar na área. Nota-se que eles trouxeram para Minas Gerais experiências americanas que estavam atreladas ao proces-so pós-guerra, no qual o foco do trabalho era a recuperação de lesões traumáticas.

O projeto para a construção do hospital de reabilitação, que viria a se chamar Hospital Arapiara, começa a ser implementado. Ainda durante as obras, surgem, por volta de 1960,

em uma clínica de reabilitação em Belo Ho-rizonte, de propriedade da equipe de médi-cos que trabalhavam no Hospital da Baleia, os primeiros cursos de técnicos de reabilitação (futuros Fisioterapia e Terapia Ocupacional). O Hospital Arapiara foi oficialmente inaugu-rado em 24 de novembro de 1962, no bairro Santa Efigênia, com a finalidade de atender aos portadores de deficiência.

“(...) a ideia, desde a criação do curso, já era a de uma parceria com a FCM-MG. Talvez em virtude de questões burocráticas, isto é, da necessidade de o Hospital Arapiara ter uma entidade responsável para estabelecer a par-ceria com a faculdade, fez com que o curso fosse iniciado na clínica de reabilitação. Ao mesmo tempo, os coordenadores trabalha-vam para criar a Fundação Arapiara”, Dra. Ma-ria do Carmo Nascimento.

“Até esse momento, pode-se observar que as atividades desenvolvidas na rea-bilitação em Minas Gerais eram dirigidas para amenizar as sequelas das doenças, e os locais que desenvolviam esse tipo de trabalho estavam, em sua maioria, atre-lados a um serviço de ortopedia ou de reumatologia. Os coordenadores desses serviços geralmente eram ortopedistas, muitos deles também com formação em fisiatria, especialidade médica nova à época. Os recursos mais utilizados eram a hidroterapia, a massagem e alguns exercícios terapêuticos, sendo a termoterapia e a eletroterapia menos empregadas. O Hospital da Baleia era a maior referência, e, valendo-se do seu serviço de reabilitação, foi possível a organização de uma equipe constituída por médicos e alguns práticos. Estes, posteriormente, vieram a ser os primeiros fisioterapeutas de Minas Gerais.”

Dra. Maria do Carmo NascimentoPesquisadora da história da Fisioterapia em Minas Gerais

Hospital da Baleia. Fonte: arquivo do hospital

Faculdade de Ciências Médicas (FCM-MG) em construção Fonte: FCM - MG, acervo Centro de Memória

O convênio firmado entre a Fundação Arapiara e a Faculda-de de Ciências Médicas de Minas Gerais (FCM-MG) ocorreu

oficialmente em 27 de outubro de 1961 para a criação do curso de "Técnico de Reabilitação". Antes de firmado o convênio entre as duas instituições, a FCM-MG solicitou a aprovação do projeto de criação dos cursos à Assembleia Geral da Sociedade Mineira de Ensino Médico, que, reunidos no dia 20 de março de 1961, aprova-ram o parecer com os seguintes dizeres: "apreciando a proposta do Hospital Arapiara feita à Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais para se realizar um convênio, a fim de se criar um curso de formação de Técnicos em Reabilitação, fomos levados à conclusão de que o mesmo é de grande interesse, não só para a faculdade e o hospital, como ainda para todo o meio médico de Minas Gerais. Se considerarmos: 1º) que o funcionamento do referido curso não vem constituir ônus financeiro à nossa entidade e apenas aproveitar as facilidades das instalações de salas de aulas e laboratórios, sem perturbar o curso médico."

Fonte: “A profissão de Fisioterapia em Minas Gerais: uma história oral de suas raízes”, Maria do Carmo Nascimento.

HOSPITAL ARAPIARA E FCM-MG FIRMAM CONVÊNIO

Page 10: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 201918

Em convênio, estabeleceu-se que a orga-nização dos cursos, definições curriculares e todas as providências relacionadas ao ensino seriam de responsabilidade do Hospital Ara-piara, estando a cargo da FCM-MG apenas a chancela do curso. Inicialmente, os cursos mantidos pela Fundação Arapiara eram gra-tuitos, sendo distribuídas 20 vagas comuns para a Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Dra. Heloísa Arantes Formada em 1969 por meio do convênio entre a FCM-MG e o Hospital Arapiara

"A turma era muito entusiasmada e interessada em desenvolver a Fisiotera-pia em Minas Gerais. A gente não tinha fonte de estudo em Belo Horizonte, traduzíamos alguns livros para estudar. Para se ter ideia, nós tínhamos dois professores de ortopedia que nem sabiam qual conteúdo seria exposto sobre ortopedia para fisioterapeuta, isso não existia. Nós fomos juntos com os pro-fessores criando o currículo. Todos os nossos professores vieram da Medicina, porém, nem todos eram formados. Tínhamos aula com médicos e residentes. Nenhum colega da nossa turma quis entrar para a faculdade para fazer Medici-na, todos foram fazer Fisioterapia. Fomos buscar a criação de um currículo para trabalhar com a nossa profissão."

“(...) a primeira seleção da FCM-MG para o curso de Fisioterapia em parceria com a Fun-dação Arapiara seguiu alguns critérios, tais como estar trabalhando na profissão há mais de cinco anos ou ser professor de educação física. O nível de escolaridade aceito foi o pri-meiro grau, apesar de que, no convênio, a es-colaridade exigida era o segundo grau”, conta Dra. Maria do Carmo Nascimento.

FCM-MG ASSUME A RESPONSABILIDADE DO CURSO

A té 1971, houve quatro turmas de técnicos de reabilitação,

com formatura nos seguintes anos: 1963, 1966, 1969 e 1971. Em 1965, em novo convênio entre a FCM-MG e a Fundação Arapiara, a faculdade se torna responsável pelos cursos, que passam a se chamar Fisioterapia e Terapia Ocupacional, ainda cursos técnicos. “Dois anos mais tarde, em 1967, a faculdade me designou para ser o coordenador do curso de Fi-sioterapia e Terapia Ocupacional e criar o primeiro currículo técnico. Como as profissões eram novas e eu não tinha em quem espelhar,

criamos um curso imitando o currí-culo da Medicina, apenas diminuin-do as cargas horárias. A metade das disciplinas eram ministradas pelos fi-siatras do Hospital Arapiara, apenas as cadeiras básicas eram lecionadas na FCM-MG. O curso tinha duração de quatro anos. Nos três primeiros anos, a grade era idêntica para a Fi-sioterapia e Terapia Ocupacional, somente no último ano é que se tinham disciplinas diferentes”, conta Dr. Geraldo Magela, coloprocto-logista e primeiro coordenador do curso de Fisioterapia e Terapia Ocu-pacional da FCM-MG.

Fonte: “50 anos de história”, Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

Em 1º de março de 1969, a FCM-MG pas-sa a assumir a completa responsabilidade da direção e manutenção de todas as atividades administrativas e didático-pedagógicas dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Em 3 de dezembro de 1971, foi promulgado o Decreto-lei nº69.687, que concedeu reconhe-cimento como de nível superior aos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional ministrados pela faculdade.

Após o reconhecimento, os profissionais for-mados anteriormente nos cursos técnicos soli-citaram a revalidação do diploma de nível supe-rior. A primeira turma oficial de formandos de nível superior da FCM-MG ocorreu em 1972.

Primeiro currículo de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Ciências Médicas (FCM-MG). Fonte: FCM - MG, acervo Centro de Memória

Diário Oficial da União: Decreto nº 69.687 de 3 de dezembro de 1971Fonte: FCM - MG, acervo Centro de Memória

CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA 19

Page 11: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA20 21

AS RESISTÊNCIAS ESTUDANTIS

Dr. José LiberatoFormado na turma de

1973 da FCM-MG

Dr. Michel BedranFormado na turma de

1972 da FCM-MG

Dr. Geraldo Magela Coloproctologista e primeiro

coordenador do curso de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional da FCM-MG

Mesmo após a FCM-MG assumir a completa direção dos cur-sos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, ainda havia um

vínculo com o Hospital Arapiara, visto que os estágios continua-ram ocorrendo no hospital e o corpo docente também era com-posto por médicos do Arapiara. Além disso, a grade curricular se espelhava às disciplinas do curso de Medicina. Tais questões desagradavam os alunos da época que passaram a se mobilizar em prol de mudanças.

Foi baixado pelo então presidente Costa e Silva durante o regime da Di-tadura Militar no Brasil. O documento previa a

repreensão de professo-res, alunos e funcionários

de universidades que praticassem subversão ao regime. Na prática,

aqueles considerados cul-pados recebiam severas

punições. Professores e funcionários eram

demitidos e ficavam im-possibilitados de traba-lhar em qualquer outra instituição de ensino do

país por cinco anos. Já os estudantes eram expul-sos e ficavam proibidos de cursarem qualquer universidade por três

anos. A norma vigorou pelos 10 anos seguintes, quando foi revogada, em 1979, pela Lei da Anistia.

Posteriormente renome-ada para Conselho Na-cional de Universitários

de Reabilitação (Conur), era uma entidade nacio-

nal que reunia os estu-dantes de reabilitação.

Os encontros ocorriam em diferentes estados.

EXECUTIVA NACIONAL DOS UNIVERSITÁRIOS

DE REABILITAÇÃO (Enur)

DECRETO-LEI Nº 477 DE 1969

À medida que os estudantes do curso de Fisioterapia se forma-vam, começaram a assumir o comando de algumas disciplinas. Dra. Maria Lúcia Silva e Costa e Dra. Heloísa Arantes estão entre as pri-meiras fisioterapeutas que se tornaram professoras da FCM-MG.

“Durante os anos da graduação, foi um período muito intenso politicamente no Brasil. No primeiro dia que eu entrei na FCM-MG, recebemos uns impressos com os dizeres do Decreto Institucional 477, que regulamentava as atividades estudantis nas universidades. Então, erámos proibidos de fazer reuniões e nos rebelar contra o sistema educacional. Nosso desafio era promover mudanças amar-rados a uma lei rígida. Começamos a atuar de uma maneira velada, propondo reuniões com outro nome. Criamos a Executiva Nacio-nal dos Universitários de Reabilitação (Enur) com a proposta oficial de estudar reabilitação, mas, na verdade, usávamos o espaço para discutir o currículo, inclusive com grupos de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro.”

EMBATE CONTRA A SOBERANIA MÉDICA

Como já visto, os primeiros cursos de Fisioterapia da FCM-MG eram compostos por professores em

sua maioria médicos e a grade curricular com disciplinas correlatas ao curso de Medicina. Nesse período, pouco se sabia sobre o real fazer do fisioterapeuta.

“Ninguém sabia o que era Fisioterapia. Eu fui con-vencido por dois colegas que me perguntaram se eu iria cursar Fisioterapia. Como eu nem sabia do que se tratava, eles me entregaram um panfleto com informações sobre o que era a profissão. Quando li, pensei: é isso que eu quero para minha vida. Foi paixão à primeira vista. Mas os desafios foram mui-tos, ainda durante o curso. Na faculdade, éramos deixados de lado. Lembro-me dos dizeres da nossa camiseta de calouros: ‘somos úteis desconhecidos, não nos deixem à margem’.”

“Visando a mudanças, existia também uma pressão os-tensiva, muitas vezes física, contra a superioridade dos professores médicos do curso. Recordo-me de uma si-tuação na qual um professor fisiatra escreveu na lousa durante a aula 'equipe de reabilitação' e colocou o fisiatra no meio, representando o pilar central, e em sua volta os outros profissionais, tais como fisioterapeutas, terapeu-tas ocupacionais, psicólogos. Sentindo-se provocado, um colega de turma levantou-se e em alto e bom som disse:

“No início, como a profissão era totalmente des-conhecida, comumente os estudantes de Fisiote-rapia eram apelidados de massagistas e uma série de outros nomes. Existia um embate no qual os estudantes de Fisioterapia se sentiam inferiores porque o curso não era reconhecido como de ní-vel superior. Mesmo depois do reconhecimento do curso, na prática, a autonomia profissional ainda não existia. Ortopedistas, fisiatras, reumatologistas e neurologistas se negavam a reconhecer a prescri-ção do fisioterapeuta, tinham em mente que este era um profissional técnico que deveria obedecer aos comandos médicos.”

‘a realidade não funciona assim, professor’. Ele empurrou o professor de lado, apagou a lousa e escreveu no eixo central ‘paciente’,” conta Dr. José Liberato.

Devido à sequência de conflitos e pressão por parte dos alunos, o Hospital Arapiara decidiu pela interrupção do convênio de estágio com o curso de Fisioterapia da FCM-MG no início dos anos 70. Em busca de um novo local para a formação prática dos discentes, surge a par-ceria com a Santa Casa de Misericórdia de Belo Hori-zonte. Em março de 1973, foi criado o estágio curricular do curso de Fisioterapia da FCM-MG na instituição hos-pitalar, sendo estabelecida também a criação do serviço de Fisioterapia da Santa Casa.

Page 12: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA22 23

FORMATURA

EM GRANDE ESTILO

Como um gesto de gratidão ao reconheci-mento das profissões com o Decreto-lei

nº 938/69, a turma de Fisioterapia e Terapia Ocupacional que se formaria em 1972 pela FCM-MG resolveu convidar o vice-presidente da república, Augusto Rademaker, para parti-cipar como paraninfo da colação de grau.

“Nós recolhemos, durante o ano inteiro, dinheiro para a colação de grau. Mas a cor-retora onde aplicamos o dinheiro faliu e ‘fe-chou as portas’. Inclusive, com nosso quadro de formatura lá dentro. Então, ficamos sem dinheiro para fazer a festa. Em uma reunião, alguém teve a ideia de convidar o vice-presi-dente da república. O ministro da educação, Jarbas Passarinho, viria a Belo Horizonte para uma solenidade no Palácio das Artes. Aprovei-tando a oportunidade, fizemos uma carta para ser entregue ao vice-presidente, convidando--o para ser paraninfo da nossa turma e solici-tando uma reunião. Passamos todo o evento do lado de fora com a carta na mão, à espera do ministro. Em meio a um aglomerado de pessoas em sua volta, conseguimos entregar a carta. Ele leu, dobrou, colocou no bolso, e garantiu que faria chegar ao senhor vice-presi-dente”, conta Dr. Michel Bedran.

Formandos 1972 da FCM-MG. Arquivo pessoal.

Colação de grau da turma de 1972 da FCM-MG. Arquivo pessoal.

Formandos 1972 da FCM-MG. Arquivo pessoal.

Desiludida, a turma de Michel Bedran achou que não teria retorno. Estava engana-da. Tempos depois, os formados receberam um telegrama da vice-presidência agendan-do uma reunião, em Brasília, com os repre-sentantes da turma. Eles foram para o Dis-trito Federal, de ônibus, sem a certeza da forma como seriam recebidos. Afinal, o país estava no período do governo Militar.

“Fizemos um convite especial para ele e levamos a cópia do documento de regu-lamentação das profissões. Explicamos a nossa intenção: nós estamos aqui porque o senhor foi responsável pela assinatura do decreto-lei que criou a nossa profissão. En-tão, viemos convidá-lo para ser o paraninfo

da nossa colação que será no Teatro Fran-cisco Nunes, em Belo Horizonte. Imediata-mente, ele confirmou a presença”, recorda Dr. Michel Bedran.

Com a confirmação oficial da participa-ção do vice-presidente, os preparativos do evento passaram a ser de responsabilidade do Governo do Estado de Minas Gerais e da própria Presidência da República, que culminou, inclusive, na reforma do Teatro Francisco Nunes. Também estiveram pre-sentes na colação nomes importantes do cenário político da época. Por meio de um ato político estudantil, a Fisioterapia mineira foi destaque na imprensa e reafirmada no conhecimento popular.

Page 13: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 201924 25CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA

O militar integrou a Junta Militar que presidiu o Brasil durante o afastamento por doença do presidente Costa e Silva, entre 31 de agosto a 30 de outubro de 1969. Posteriormente, foi eleito vice--presidente da república na gestão do general Emílio Garrastazu

Médici, ocupando o cargo entre 30 de outubro do mesmo ano a 15 de março de 1974.

AUGUSTO HAMANN RADEMAKER GRÜNEWALD

Jornal Estado de Minas, 23 de dezembro 1972.

Telegramas do vide-presidente para Michel Bedran.

Jornal Estado de Minas, 22 de dezembro de 1972

Fonte: arquivo pessoal.

Page 14: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA 27CINQUENTENÁRIO 1969 - 201926

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FISIOTERAPIA (ABF)

Com o objetivo de unificar os fisioterapeutas de todo o Brasil e buscar amparo técnico-científico e sociocultural

para o desenvolvimento da profissão, surge, em 1959 na ca-pital São Paulo, a Associação Brasileira de Fisioterapeutas que tempos depois viria a se chamar Associação Brasileira de Fisio-terapia (ABF). A entidade representativa foi fundada e liderada nos primeiros anos pelos fisioterapeutas Dr. Eugênio Lopez Sanchez, Dr. Angel Lopez Sanchez, Dr. Danilo Vicente Define, dentre outros.

ASSOCIAÇÕES DE CLASSE: A FISIOTERAPIA REPRESENTADA

Dr. Sérgio MingronePresidente da ABF

entre 1976-1979

“Por meio da entidade, nós buscamos o reconhecimento do curso, juntamente com outros profissionais atuantes da época, e, posteriormente, a criação do conselho federal e a instala-ção dos conselhos regionais. Era uma época muito difícil, pois as associações proviam de poucos recursos financeiros, muita coisa era financiada com nosso próprio dinheiro. A meu ver, as associações unicamente como entidades não colaboraram para o progresso da profissão. O que existiam eram pessoas que se dispuseram a lutar por todos. Eu costumo dizer que a história da Fisioterapia é bonita, mas é cruel. É bonita porque é feita simplesmente de conquistas, nunca houve uma dádiva. Porém, é cruel porque sempre foram conquistas individuais, nunca foi uma conquista coletiva.”

DR. EUGÊNIO LOPEZ SANCHEZ

O fisioterapeuta foi um dos precursores da Fisioterapia no Brasil. De origem espanhola, Dr. Eugênio ajudou a fun-dar a ABF e foi líder do movimento associativista que resultou na criação da profissão no país. Na ABF, assumiu os cargos de diretor-científico, se-cretário, vice-presidente e presidente. Ele faleceu no dia 27 de junho de 2017.

Ao longo da história da Fisiotera-pia, anteriormente a sua regula-mentação, surgiram dúvidas sobre a denominação que se daria à classe profissional. “Precisávamos nos organizar e definir um nome para o profissional. Por meio da Dra. Sônia Gusman, entramos em contato com a World Con-federation for Physical Therapy (WCPT), sediada na Inglaterra, com o objetivo de normatizar o nome da profissão. A WCPT estabeleceu um conceito sobre o fazer da Fisioterapia e a partir disso pensamos em uma defini-ção de nome. Foram sugeridos alguns: terapeuta físico, cinesió-logo, fisioterapeuta, fisioterapista e a própria fisiatria foi pensada. Em uma reunião da ABF com as outras associações regionais, foi escolhido o termo fisioterapeuta. Na ocasião, também ficou defini-do que utilizaríamos a cor branca como uniforme de trabalho”, explica Dr. Sérgio Mingrone.

SURGIMENTO DO TERMO “FISIOTERAPEUTA”

Dra. Célia CunhaEx-secretária-tesoureira da

ABF e primeira presidente do CREFITO-3 (1978-1985)

“A Associação Brasileira de Fisioterapia agre-gou pessoas de várias partes do país. Foram criadas associações estaduais que reunidas in-tegravam a nacional. Foi a ABF que alavancou a Fisioterapia, porque foram os seus membros que atuaram para a criação do conselho fede-ral. Foi um período de muita doação para a profissão. As reuniões aconteciam inicialmen-te na casa da diretora-secretária da ABF, Dra. Ana Lúcia Rossi. Se não fossem as reuniões do grupo, ocorridas às quintas-feiras, para dis-cutirmos o destino da profissão no Brasil, a Fisioterapia não existiria hoje.”

Page 15: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA28 29

Dr. Marcelo MascarenhasPresidente da AMF em 1980

ASSOCIAÇÃO MINEIRA DE FISIOTERAPEUTAS

Primeira entidade representativa dos profissionais mineiros, a Associação Mineira de Fisioterapeutas

(AMF) foi fundada em 6 de novembro de 1968 e filiada posteriormente à Associação Brasileira de Fisioterapia. Organizada por estudantes e egressos da FCM-MG, a AMF participou ativamente do reconhecimento do curso da FCM-MG e da tramitação do processo que culminou na criação da profissão no país. A primeira presidente da associação foi a fisioterapeuta Dra. Maria Lúcia Machado da Silva.

“O que urgia era conseguir alguma entidade repre-sentativa, já que não existia conselho ou sindicato. Com o início do vestibular da FCM-MG, os alunos passaram a reivindicar mudanças, até que surgiu a ideia da criação da AMF.”

A primeira sede oficial da associação foi em uma sala alugada na rua São Paulo, Centro de Belo Horizonte, após a eleição do fisioterapeuta Dr. Hildeberto Lopes dos Santos como presidente, em 1972. A associação se manteve inativa durante alguns anos, quando em 1980 foi eleito para presidente o fisioterapeuta Dr. Marce-lo Mascarenhas. “Após a posse da nova diretoria, só houve reunião quase três anos depois, em março de 1983, quando acadêmicos e profissionais procuraram a associação preocupados com a desunião da catego-ria, e decidiram pela reativação da entidade. Uma das ações propostas foi a realização da IX Semana de Fisio-terapia, em maio de 1983 (Ata da AMF, 23 de março

Código de Ética da AMF, escrito pelo então presidente Dr. Hildeberto Lopes dos Santos e publicado em 1974.

Dr. Márcio DelanoPrimeiro conselheiro

mineiro do COFFITO e secretário da AMF

entre 1970 e 1972

"Em 1969 (posteriormente reeditado em 1974), a AMF criou o Estatuto da Associação Mineira de Fisioterapeutas e o Código de Ética do Fisioterapeuta, com a finalidade do controle ético social da profissão. A associação travou uma batalha contra os cursos de formação de auxiliares de Fisioterapia. Por falta de ór-gão fiscalizador oficial, a AMF agia como fiscalizadora da profissão. Nós tínhamos voluntários que fiscalizavam irregularida-des pelo estado. Não tínhamos como punir, mas chamávamos a atenção.”

de 1983). O resultado bastante satisfatório desse evento levou profissionais a se mo-bilizarem para trazer o VII Congresso Bra-sileiro de Fisioterapia para Belo Horizonte. O congresso aconteceu em outubro de 1985, juntamente com o I Encontro Brasi-leiro de Docentes de Fisioterapia. (...) com a arrecadação desse congresso, foi possível a compra de uma sala na rua Tupis, 457, no Centro da capital, que passou a ser a sede da AMF”, relata Dra. Maria do Carmo Nascimento, pesquisadora da história da Fi-sioterapia em Minas Gerais.

Page 16: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA30 31

REGULAMENTAÇÃO

NASCE A FISIOTERAPIA NO BRASIL

parlamentares a normatização das profissões.

Durante os anos de 1966 a 1968, alguns deputados apresentaram projetos de lei sobre a matéria, mas não obtiveram sucesso. Dentre os projetos apresentados estão o do deputado Gastone Righi (Projeto nº 1.265-68, que versa sobre a regula-mentação da Fisioterapia), e Nelson Carneiro (Projeto nº 3.768-66, que dispõe sobre o exercício de técnicos em recuperação física). Nesse perío-do, instaura-se o Regime Militar no Brasil (1964-1985). Entre os anos 1966 a 1968, o Congresso Nacio-nal foi fechado por duas vezes (em 20 de outubro de 1966, pelo presi-dente Castelo Branco, e em 13 de dezembro de 1968, pelo presidente Costa e Silva, após a instalação do Ato Institucional nº 5). Tais situa-ções dificultaram as tramitações e possível aprovação da regulamenta-ção pelo legislativo.

Muito engajamento e articulação política foram necessários para

a criação do Decreto-lei 938/69, que regulamentou a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional no Brasil, no dia 13 de outubro de 1969. Data na qual é comemorado o dia nacional de ambos os profissionais.

A busca pela criação da profissão começa anos antes, ainda em 1961, quando o então presidente da repú-blica, João Goulart, regulamenta a profissão de massagista no Brasil. A normatização visava à participação da seleção brasileira na Copa do Mundo no Chile, que ocorreria no ano seguinte. Tendo em vista que os massagistas integravam a equipe da seleção esportiva, objetivava-se che-gar ao mundial com os profissionais legalmente reconhecidos. A regula-mentação causou revolta entre lide-ranças das associações de fisiotera-peutas e terapeutas ocupacionais do país que passaram a articular com

Paralelo à discussão de regulamen-tação da profissão no Congresso

Nacional, surge entre ministros do então governo do presidente Costa e Silva (1967-1969) e na Junta Go-vernativa Provisória (31/08/1969 a 30/10/1969) um debate fechado sobre o tema, protagonizado pelo ministro da Saúde, Leonel Miranda, e o ministro da Educação e Cultura, Tarso Dutra, que culminou na regu-lamentação da Fisioterapia e Terapia Ocupacional no país.

A discussão ministerial teve início em 17 de julho de 1967, quando o então ministro da Saúde, Leonel Miranda, elaborou um parecer dis-pondo sobre o anteprojeto de lei de regulamentação da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional. A redação do texto recomendava a denomina-ção do “técnico em Fisioterapia” e “técnico em Terapia Ocupacional”. Justificava-se que a expressão “te-rapeuta” seria inerente ao médico, portanto, não poderia ser usada por tais profissionais. Além disso, a pro-posta ministerial reduzia e delimitava as atuações do fisioterapeuta e do terapeuta ocupacional, sendo ambos subordinados à Medicina, bem como uma enumeração de atos proibidos ao exercício de tais profissionais.

MINISTROS DISCUTEM A REGULAMENTAÇÃO DA FISIOTERAPIA

EXECUTIVO FEDERAL TOMA À FRENTE:

3'8

h

ldZ00

'au

gl

dã'io

d

hehB0 g'l.

0

UdQ.

0.shQ.

0E0Q.

g0CQ0adUDN080000hQ.

0ã0

d90

dh0

da.90iOrn

d00<

0qa'

g.ã

.gh

8ã©

g0g0Q

'h h0S

0 a0

daa

000

00'g g0rH0e

d0H4Q.

0MgE00ãh0$a0gE00ê

a-{h

d'a80

4d

9ç'd

q00d80Q.

lqa)0~2,k0H©00ENã

dd'aN

0b

U0hadh000

Ü0ld00

0.Q

0g0

dQ.

PB0 d

dh0 Q.

dg80>

g0

Q0'u5

J010

J'Cd

d 0q h

0Q

.d

©08g h0

Ub hdqa)

'ggg.g00o''J

hoo

8d

a00íH

0h 00d

0h.Q

dbÕ0d ãE00

a)Z

'aQ

.g

B0.Q0

E00d0

00g00hP0U

0Q.

0b008ã>

80o

ddha0a

100a0b 0

0aQ gd 0

0 0

d4

8b

ã9

0PUi

dH

md

.H'-'a©

qgo'\q)8

0b0

08dh

0ã0b

000

'8

q0

0dcd

dhdH

0

adc.m

ba0.ae.QUgH

0k©.9

?dB0Nh00h

.s'000Hn

0r->.r-l

00d

g00 qU

00UdNa0

d0

0K0a0\a)

0''bt"l

y á4

d08>

bU8

A regulamentação das profissões, por meio do Decreto-lei 938/69, ocor-reu durante o período mais conturbado da Ditadura Militar: Ato Institucional nº 5 (AI-5), decretado pelo marechal Costa e Silva, em 13 de dezembro de 1968. O AI-5 autorizava o presi-dente da república a decre-tar recesso do Congresso Nacional, das assembleias legislativas e das câmaras de vereadores; cassar man-datos de parlamentares e suspender direitos políticos dos cidadãos. Tal fato histó-rico justifica a ausência de um debate público, inclusive com o poder legislativo, so-bre a matéria que culminou na regulamentação.

AI5: ÁPICE DA DITADURA MILITAR

CINQUENTENÁRIO 1969 - 201930

Page 17: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA32 33

Contrariando Leonel Miranda, o ministro da Educação e Cultura, Tarso Dutra, também en-via um projeto de lei ao ministro extraordiná-rio para Assuntos do Gabinete Civil da Presi-dência da República, Rondon Pacheco, em 18 de agosto de 1969, propondo a regulamenta-ção das profissões. Contudo, ressaltando que tais profissionais deveriam ter nível superior e serem denominados “fisioterapeuta” e “tera-peuta ocupacional”. Além disso, o documento ressaltava também a autonomia profissional e exclusividade no exercício das profissões.

“Daí a característica da profissão liberal, inde-pendente e desvinculada, por natureza, de quais-quer outras profissões, sem prejuízo da associa-ção sistemática e conveniente entre elas, em uma

linha ascendente de atuação e exercício. A fixa-ção de cada profissão lhe dá o conteúdo próprio, balizando, em termos normati-vos, a existência de uma atividade certa, inconfundível, que pode terminar onde a outra deva começar, sem, entretanto, interpenetrações e vínculos de controle, que seriam a negação do próprio sentido profissional da atividade”. Trecho da reda-ção proposta por Tarso Dutra que ratifica sua posição sobre os diferentes fazeres das profis-sões de saúde e as limitações dos seus campos de atuação. Conforme a redação, os fazeres se complementam, não se confundem, estando li-mitada a atuação de uma profissão no término da outra.

âiq.+»ggaBh©80ga)g$0B88H©gg©00gf-{ggqq

.ãin©d0Hg0g©dma0>d0ãgg00-+DÜ$000'd0P0d0gg

gg8U.8aad'a©'ddg©©8dHdU50d80B.ã0g0adH+»dgd050U

mddHE0©Ng80RR©nm0>©hdH08©H&0'r=©aa©0dá©»

.Ag.fq0'ada00g©aql0hn0dP'dÜg0g®a

d.

O&dggd'dd0.8Pm.sdaa0'Üâ08©d®80dgh+)

'giQ.8d60nad+>y0gd0Üa006EQ8H0H&gnr'].EH0a.dg©.Q

&0g06gE©©0Ng0B0d'd.5d0'dd0dH0+)0dH0d0d©8UÜ0HnBd

A00Q)

g0UaãdgsdHN'dg\Q)©i'd

g+)©H-PagdãdÜdHmdh+>gd0'dgêQdyPr'q3a)0Ng8©'d0dH+)©ãH

d'd0.sg'rlga0©m.8Ünd0ãa8B0F-i

ãUgd©'ddN©g.PNq8dgB0adB0d

e0H-l3Hgd1-{PÜ0d.8a©R©d8©cH0q00gg00H0q+>80

0.5aa0

0S6h©088d>HdÜg©g.P©HH®©©0.3g0gm0E(a)E©0'dãag

0hB©0H0aHB8Üdh\a)-+DdBdmn©'dgd.ã0'd0Í®'da80«

Hda!B0&30I'qg8g0.+9q0gd>0E®a80í'q&

8ãrq0g©nd0d

©0+9g®g&©'dãg©,Q0Üa0Hd'd60+3H00gd0dg

8®Rg00gdaSi'qdgg®Ud©Ea00-lJg.sag000d0+»çdB0mm0©H8aad

0dh\oã

ea

.dd8Q

>.+J

0gd.9dll0'at-0a

&

Hd0.rqSHeh0d0©Q0

©!0N©Hd©1000Hd0'dg8g

lãgl60g0gd08R4

N6.Pg

0'ddHB'd0e0N.ãd0Bc)â0dg'a0'ddhg0ã8

08

â8g0

da

d'Ü

lB.PaFIã83l0h00'd0'd00hPI0'd8H

lghP

B0h0d

N0>0H©ad'dldh010q-t0d>0ad'd

'd0ag()g808B00'd0B3dNHagga>S0.Q

0ae0'dga

qH0'a08g0

H50icü

dqg'a0'Ü0

d8dhdd0r!d.gd{Dd'd04->dã0'd

dd

-4

Hd0

g00.D0800g0

Q'd0P0't''D0H0da'9ãag

0-adB

dH0

'a0h0qa0h0

«0

d5

.Qg.+)

0=8

()

c)aãHd

©0a

d800a.g-d©8

0

d0\a)0a)H0'dgg

'd0gH90

gQ

ã.Qee

00'd

0'ag H

0lN0a.50k5

0hH©

.Qdâ

0.ll0030g

050.aaH8a©da€o0g

gc)g'gN

Qg

0N6H

'd0dQ)

R

B.Qq

'd 06H0

'd0ag

d8g

e0Ng'd'ddh©'dÊ

ã0

ã0l0a0

0'dã.+)g0

a0e6yrl5

dE0al0©hdPI

0'd0.Pa.5g©.Pa0

©'a8

e0aQ'R0l0-P

'da

0.+J

,Q.8

QNd-d.Phd

0ddÜ

0'd.Pg8

S030ãE

0'a0'd

'ah

aa)

Bê030

6'a©>

rSe

He

.8

8

ENFIM, A FISIOTERAPIA E A TERAPIA OCUPACIONAL SE TORNAM PROFISSÕES REGULAMENTADAS.

A fundamentação de autonomia das pro-fissões elaborada pelo ministro Tarso Du-tra foi vitoriosa em detrimento da proposta de Leonel Miranda. Sendo aquela escolhida pelo Gabinete Civil. Em 08 de setembro de 1969, o subchefe para assuntos de adminis-tração geral, José Medeiros, encaminha um ofício ao ministro extraordinário para As-suntos do Gabinete Civil, Rondon Pacheco, pondo fim ao embate ministerial. A redação do projeto do Decreto-lei nº 938, aprovado pela Casa Civil, foi assinada pelos dois minis-tros e pela Junta Militar em 13 de outubro, publicada em 14 de outubro de 1969 e re-publicada dois dias depois com retificações.

g0gc)g0ddgi'q0#dUn0d.HPg?Bh#

H00a8a.8aQ0H.

md00gg00Hdt-lã!

8d'dHg0gd

H0g0Ü0EHX8d'dàP©d0dq+3©'d©a&

'HE4

g&0'dg0ma$ã8N0d'dd8âg0amddÜãQdd8daQql0ã

a0.+D

8g0dd0880H®-+3y0dhHgHd0dg'g© ê©5ga0Ndhgd'dmdg00''dê80d68aaQHa0,ad$h80dac)H©=0d

+eHe

r-le0'd<)XgBdd.HaHgdgde0gdi'q0md'd

l©0'dÜ0'ddg-Pa0Ü'd0©gEdaa6

0&0Üg0

g8€0ã0a80ecuí'qe0©'d

(x)a

m0.arq&SgdHd

08

E$E8a©8a$dia080d0HHg0m0E000'a

'gr'qgR®'dÜ:8

0®e0q-l

8d'd'g®ddadg0aÜ0ã'Ü00g'd080

aQay0a0dh8gU0'd0'dd'dn00©adg©00g080dg'd0'd

e0m0B,0hD0Hâg0dggd>0d-Pg'ddd0ed

8

d8g&0dHã9©0'd©g0dH&HUa.gga0dn8a©'d

8H0H$Ü0dE00'd©>d+»8Q®H0850Hy0rq.Ea

0.P©.s.Qd0'da0PgaU«dHd0hgEQgâ0HadHe

R

0h+>aã=8.ag©

8

d0dg'i'T6g

H©0ã0

d0N60®d0aHQgd'ddb()

9

©88ggdddH©-P0'd06.dR

H0ã80dd0H{Q)0384

()gdRã()Mh0B

g0U.d

B

0800

ad0d+sa+r-lH

c+.P

Q\©'ug$0'd

d'g0

l0-Ph8'd

&8c)0NPH0.P

:8d8+

H

ldl

0.Pa©50

8lg:0©rl©Q)

0©H'a:8=0g0dU06gã500'd

aH\Q

).Pag0a0&S-+Jg003g000h0

.dPh©0ga)hd

dH08a d

tddg©

9

6Hgy

Nga0hd

0P©'r'D0H

ãgeN.Pg

dhdd

à0]

0d05

Rh

e0PG0,8006g'd6'd0hdHgeH

0ãPg0q©g000h0

Q

0©0a®'a0d0hd0h.Q>0H

rlSH

dh©

o«h.P

.g8hQ

oo

ãgg

+0

eNQq'd>0HdhSQ'a0dg

Hl41

gNah8g

0d

h8N90Ngh©Eq0'Ü

d>©h0d.+)

6.ad8

\a) H

0'd0hPEgh0ã

®0'a0d.tldN3d09,QN.P0Q

'dl06g6

a0

Na080.+J

.s50d8U3l

Ha>

e0dg©'aNh'dg0â0

ã,s0

.P

8€2'ã0.N

0H.Ph0

ãq'P+

gae

0

g۩0g

+

,Q.íqh6ãa

00ã0

H0

5

-P

d00n

Sa0H

.+Jqah

J

Page 18: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA34 350'u

$q0'd

0©0

0

iMK0Qb.

ã«BUmngH«gg0MbZH0

0tOg.QHPd

0,adC00g.DPUa}q0Pd0U0.0UDy©0090a00U0=0B

DH

©01H

0m,Q0r-laa00©g00©Pg0dH©P

dPg0©y0P

00.aa000y

0D0n0'a©>d-P©>dH0©'uH>dPd0.

g00

g0©H0.P0'a©>d.Pa>H

Ud0.P9dH0U©0a0\Q)

P

-ll0E0U©'a

U0ãU©HP050nda0UU0Hn

U0'aaa>d.Pd

U0tOma0Ha

0HâN0

d

0©ad000H0H©00dy0am©0.I'l

U00nH0.P0U

Hd>90mG00

0.Pa0060

0.0E0U0U©aÊ00©0.PU(0Ud0U0©

HdyBDU0H

00mH500m60UU090nm0dE0aI'd6a00dQ

iS00

U©'d

00ã00a©ad

U©0H9{0UBUn

d.P30aH0.P0U

0©'d

0q00aPai'd0>a0©m©a0UU0H0a

h.U0©

0

d.

od

0>

0'uadUS

0I'd0P©HU©n

©.Pg©dH0P0m0l0.

H0>0g0U0U

0©n©0a0\Q)

P©U00P\a)E

U0'Ü©©r'd©a

r]6PC©EtQ

0d>H.Pd0.

©U00DGHd.PDU0H0

gnH=<UHbêMygH0bU

0.a6a0U3DD©aH

g«b

©©.P90©H04J0Utb0©0iOmn

0Pa©m0Ha0a0Pa0aU©00'0©>

04Ja00©0Ud0at.-l0'ad©dUdQi

©'Üdd0dd0

HdH3d.PU090©0'dd©r'H©a

m009000.©0.('n

ZH

dM

E000.

HH0b 0.P0lH0nU0dg0a0H©rHg00HdS000í'qB

8Ha0d.P©H.P0g©'dm6a0UU0Hm0l0.

dl>©90U00nb.

8H00Ud0aU©'a00.ca0U0HU.Pa0ã©8'u

00m0

©l

Hn0U0trü9©>©'d0.0.Ph©0

0609©H

U0'60g0mg0'00UU0H0NDH0m00.

m0H00l0P0H00n0PE©U0H0'd0td©0gnd©dP©U

0Ua©0P0H'dU5©m0H0.Pm0©0©aa000hU0a9g0g0

>00.Pa000-10'a0N©Ua0aãH©30H0S0'ÜU0U0'adH

0BdP

aÜdH0+0Ui.H

Hmd0PG>00Pa00

N©.P

r'q.Qa,a8mãH0H000P0HU0n0Pa0n0na0©00"©0Ba

q0©

>

0r'q0.QdPa00a0ntOE0U0>9UUHH'0H

©0.P0HU0n0.Pa©n0H&0©0d0B©d.P©©d©nPHda©

HPUda0U'a

50H0H05m

n0agi'dd

a9©aaH.P0ad00U0H0U0aE0rd'a00.P0U0©n0.Pa0U

0'aa.PG090gI'q©gUd0dHgD0UUda

5©UU©H050H0©

©P©0©

da

o0

H0

H3-ida00©rl.

Ud0m0'aH0a00Uga'an00.

h.

0U0gd>y0U.Q00n.PU0h0>HP00a0H0md'd0P

H0

'au

d0

d'a0H\a)PUadH0©

mda0Um0U

d\Q)

.P©05U0{a)SU©U0'u0b0

U©a0H.Png0H00H0K0}-1H

0>a©©

0.0©U0UHD0©na0PadE09Ud©d>d

DECRETO-LEI NO 938DE 13 DE OUTUBRO DE 1969.

Provê sobre as profissões de fisioterapeuta e terapeuta ocupacional, e dá outras providências.

Page 19: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA36 37

DECRETO-LEI NO 938DE 13 DE OUTUBRO DE 1969.

PROFISSÕES FISCALIZADAS PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE

“CONSOLO” MINISTERIAL:

No ofício apresentado por José Medeiros, é possível observar um fato curioso resultante da “briga ministerial”: como uma espécie

de “consolo”, após ter sua proposta derrotada, foi designada ao Mi-nistério da Saúde a atribuição de fiscalizar a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional. Possível motivo pelo qual o decreto-lei não cria os con-selhos das referidas profissões.

Frisa-se que algumas profissões de saúde já eram fiscalizadas pelos seus respectivos conselhos. Na época, todas que não eram normatizadas pelos conselhos profissionais eram fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho, sendo a Fisioterapia e a Terapia Ocupa-cional exceções. Somente em 1975, tais profissões passaram a ser controladas pelo Ministério do Trabalho.

Fonte: as cópias dos documentos ministeriais que resultaram na regulamentação do Decreto-lei 938/69 foram coletadas em 2011 no Arquivo Nacional e na Coordenação de Documentação e Informação (CODIN), ligada à Secretaria Geral da Presidência da República, pela Comissão de Memória do Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO).

A legalização da profissão contribuiu para a delimitação do fazer profissional da Fisio-terapia, atribuindo ao fisio-terapeuta o direito exclusivo de intervenção nessa área. A profissão começa, assim, a escrever um novo capítulo da sua história. A “auto-nomia e privatividade” se tornam palavras de ordem, conforme ressalta a redação do artigo 3º do Decreto-lei nº 938/1969: “Art. 3º É atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas fisio-terápicos com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente.”

AUTONOMIA E PRIVATIVIDADE

“Agora, confrontando as proposições e as ra-zões dos dois ministérios que trataram do as-sunto, nota-se que ambos invocam, cada qual a seu modo, o mesmo pronunciamento do Con-selho Federal de Educação. Todavia, parece-nos mais aceitável, no tocante a nível de formação, o entendimento do MEC (...). Outrossim, nota-se que não foi desdenhada a participação do Minis-tério da Saúde: a ele ficará afeta a fiscalização das novas profissões pára-médicas, na previsão constante do art. 11 do projeto de decreto-lei em apresentação”.

Ofício apresentado por José Medeiros ao ministro extraordinário para Assuntos do Gabinete Civil, Rondon Pacheco.

0a0>Ua0K00PH©0a00U0'000.r]

-il©P.Q0n

E00©

0aNd©H©n0>gHadHg.PSU©0d0g'dH©0H\a)4JUadH

U0©0hPUa=0©0PG0PaaE000H0<r-]

old0da

Udh.Pa6UU010PHda0H

U0H\oPUH0b

í'q©a00dZ0©H0'Ü0a0U

'0>

«

tÜIQ

bUaa0UU0HQ

,i

dh00P©0n©

.dlt.H

E00aU'dU©

©'a©'a>Dd

H0H09

n0.Pa0P0g0

0Pa0U0Ha0©©H.P0g

0ao.i'H

0'aHdRS6dC00agU0d.P30©H0.P©.Pg0©H0.P0U0

H©HPa0

0PHd0PU{Q)0H00H0na56©0G{Q)03U0U©iH0

0hiO+HHa.P

0'Ü

m

0m010.d'ua00a0.PaE0

0h'Ü©gC30©0.0a©.PUa00

0dH0©©h0.P

.dHPnnn0dPUHU0'uU0H0aC00

Ud'a

da00a300

00.P0H0©n

0U0'aa©0>0H0a0rHB

$0aUaH

LQe

LQ'+0.a0r'l0.P©h00n0rH0a0'0d>0H©

©0atQ)UPU

6PãH0H000.Pd0HgQ0g0a>n0g

a0i'dê0M©'Ü0.0©0aa00'daH©0.cO

00©'GH0ma0Q0K0a©U0tOn0nN

U©hUn0>aP©0tOS.PPUaU0Pg'rl

0'a0P09ag0PHdQ

+

U©0a00U©PU0.a

0'adh0©Hn40,

mdU>dn.P©g00Pa©RP0H'ab.

©a

d'a0a5HU0

©dH0.P0'd

0.Pe00U0

0'a0©U0tOUU0hn

0'ah©N©0UH0.Q©0

Page 20: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA38 39

Fonte: “Fisioterapia brasileira: a intencionalidade do legislador”. Autores Rivaldo Rodrigues Novaes Junior e Marcelo Sidney Gonçalves

Fonte da imagem: www1.folha.uol.com.br

A s entidades médicas, especialmente o grupo de fisiatras, não aceitaram a Fi-sioterapia e a Terapia Ocupacional legalmente desvinculadas de sua subordi-

nação. Visando a impedir a autonomia e independência das profissões, surge, em 1970, o Projeto de Lei 2.090, com a finalidade de modificar o Decreto-lei 938/69. Dentre as alterações propostas, destaca-se a intenção de alterar a nomenclatura profissional, retirando a exigência de formação de nível superior, bem como os seguintes destaques:

FISIATRAS PLANEJAM DERRUBAR O DECRETO-LEI

AVC DO PRESIDENTE COSTA E SILVA: LENDA SOBRE A CRIAÇÃO DA

FISIOTERAPIA

Devido ao desconhecimento, até 2011, dos detalhes sobre a tra-mitação ministerial do decreto-lei, criou-se no imaginário popular a lenda que a regulamentação da Fisioterapia estaria relacionada ao acidente vascular cerebral (AVC) sofrido pelo então presidente da república, Costa e Silva. Contudo, troca de documentos ministe-riais daquele período contradizem tal versão. Conta a lenda que após o acidente vascular cerebral sofrido pelo então presidente Costa e Silva, o técnico em Fisioterapia respon-sável por sua recuperação havia convencido a esposa do presi-dente afastado, Iolanda Barbosa, a entregar para a Junta Militar que o substituía documento que regulamentava a profissão. Mas, comprovações documentais apontam que a redação do decreto--lei, após tramitação ministerial, já estava pronta para assinatura presidencial dias antes da enfermidade do presidente. Em 18 de agosto de 1969, o ministro Tarso Dutra enviou ao Gabinete Civil o substitutivo ao projeto apresentado pelo ministro Leonel Miranda. Portanto, dias antes do AVC do presidente Costa e Silva, ocorrido em 31 de agosto de 1969. O presidente faleceu pouco tempo após a regulamentação das profissões, em 17 de dezembro de 1969, devido às consequências do acidente vascular cerebral.

...

Page 21: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA40 41

A tentativa de alguns grupos médicos de re-verter o decreto-lei e coibir a liberdade

profissional dos fisioterapeutas gerou descon-tentamento entre a classe profissional, inclusi-ve da Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF) que não se intimidou ao lobby médico e encaminhou, em 1971, ao ministro da Justiça, professor Alfredo Buzaid, e ao presidente da Câ-mara dos Deputados, deputado Ernesto Pereira Lopes, um manifesto contrário à tramitação do Projeto de Lei nº 2.090/1970, solicitando provi-dências frente aos acontecimentos.

ABF SE OPÕE AOS FISIATRAS

“A Associação Brasileira de Fisioterapeutas (ABF) (...) tem o de-ver de participar a vossa excelência e denunciar os acontecimen-tos que se desenvolvem na Câmara Federal dos Deputados, nas Comissões de Constituição e Justiça, Saúde e Legislação Social, referente ao Substitutivo ao Projeto de Lei nº 2090 –A, de 1970 (anexo B), cuja redação é a mais atentatória e absurda contra a saúde e o bem-estar social do povo brasileiro. O Brasil que precisa, como vossa excelência bem sabe, de profissionais cada vez mais capacitados, não pode ficar a mercê de minorias que por interesses particulares sem o menor escrúpulo, procuram criar intranquilida-de, desassossego e subestimação em uma classe de profissionais que vem lutando sem cessar pelo progresso da Nação, respeitando e admirando a classe médica em geral, da qual são colaboradores, bem como de todos os profissionais da saúde na árdua luta pelo melhor atendimento dos doentes incapacitados.”

O Projeto de Lei nº 2.090 foi declarado inconstitucional e ar-quivado, reforçando a privatividade do exercício das profissões estabelecidas pelo Decreto-lei 938/69.

Trecho do ofício encaminhado pela ABF.

“Como entidade de classe, a gente precisou se manifestar e fomos até o Ministério da Justiça. Já tínhamos uma profissão regulamentada e profis-sionais formados, ou seja, não era possível apagar esse passado. Na nossa regulamentação dizia que o fazer da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional é um ato específico desses profissionais. Eu fui a Brasília e estive em reunião com a Secretaria do Ministério da Justiça. Fiquei aliviado ao ser infor-mado que sobre o ponto de vista legal competia a nós o exercício privativo”, enfatiza Dr. Sérgio Mingrone, presidente da ABF em 1976.

Page 22: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA42 43

NASCEM OS FISIOTERAPEUTAS NO SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

M esmo após a regulamentação da profissão, a de-nominação do fisioterapeuta ainda era motivo de

muitos questionamentos, exemplo disso foi a criação do primeiro concurso em Minas Gerais do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que previa vagas para “técnicos em reabilitação”, com formação em Fi-sioterapia ou Terapia Ocupacional como pré-requisito.

“Foi aberto um concurso público para o INPS, que compreendia fisioterapeuta e terapeuta ocupacional como ‘técnicos em reabilitação’. Então, começamos a trabalhar para mudar essa terminologia. Quando nós conseguimos que transformassem o ‘técnico de reabilitação’ em fisioterapeuta e terapeuta ocu-pacional, saiu no Diário Oficial a criação do termo ‘fisioterapeuta ocupacional’. Em vez de melhorar, piorou. O político que nos ajudou a mudar isso foi o vice-presidente da república, Aureliano Chaves. Um grupo de profissionais mineiros solicitou ao Dr. José Liberato, que tinha sido seu fisioterapeuta, um en-contro com Aureliano Chaves para tal reivindicação. Ele pediu para esperarmos o presidente da república, João Figueiredo, viajar para que essa questão fosse resolvida. E assim foi, após viagem do Figueiredo, Au-reliano Chaves ‘canetou’ e finalmente nasceram os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais do Serviço Público Federal. Foi uma grande vitória para a classe.”

Oficialmente, o Decreto nº 90.640, que regulamentou o fisioterapeuta no INPS, foi sancionado em 10 de de-zembro de 1984.

Dr. Milton MalheirosFormado na turma de

1972 da FCM-MG

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FISIOTERAPEUTAS (ABF).

Page 23: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

SISTEMA COFFITO/CREFITOs É CRIADO

Após a regulamentação da Fisioterapia e da Terapia Ocupacional, houve a neces-

sidade do domínio das profissões, por meio do controle ético, científico e social das ati-vidades. Com esse objetivo, lideranças das profissões e associações brasileiras e estadu-ais iniciaram as articulações para a criação do conselho. Nesse período, foram propostos, por diferentes deputados, projetos de lei na tentativa de implementar a autarquia.

CRIAÇÃO DO SISTEMA

CINQUENTENÁRIO 1969 - 201944

Dra. Veridiana ArbTerapeuta ocupacional eprimeira vice-presidente do COFFITO

“Depois da criação do decreto-lei regulamentador da pro-fissão, nós nos unimos com outros fisioterapeutas e tera-peutas ocupacionais do Brasil e começamos a batalhar pela criação do conselho. Nós percebemos que só ter a profissão não valia muito, precisávamos ter um conselho. Eu e a Dra. Sônia Gusman íamos sempre a Brasília batalhar pela regula-mentação. Voltamos a nos reunir com o então ministro da Educação, Jarbas Passarinho, e também articulamos com o ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro, que nos colocou à dis-posição uma equipe de servidores para estudarmos juntos sobre o assunto.”

CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA 45

Reunião de presidentes do sistema COFFITO e CREFITOsArquivo pessoal

Page 24: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA46 47

Em 1974, o deputado Mário Teles apresenta à Câmara dos De-putados o Projeto de lei nº 2.042, que tem anexado o Projeto de Lei nº 2.059/ 1974, do deputado Anapolino Faria, ambos versam sobre a criação do Conselho Federal e dos Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Foi uma das principais lideranças da Fisiote-rapia no país. Atuou

ativamente para a regulamentação do

Decreto-lei 938/69 e para a criação da Lei

nº 6.316/75, que criou o Conselho Federal

e os Regionais de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional. Ocupou a primeira presidência do COFFITO, na qual permaneceu de 1978

a 1986. Dra. Sônia Gusman faleceu em 07

de maio de 2012.

DRA. SÔNIA GUSMAN Arquivo pessoal

Para aprovação da regulamenta-ção do COFFITO, foi utilizada uma estratégia: "o ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, (jogador amador de vôlei) passou a ser assediado pela ABF, que acompanhava a sua agenda. Em cada estado que ele ia, a associa-ção convocava algum fisioterapeuta para recebê-lo. Ele era convidado para receber assistência e conhecer a importância da profissão. Nesses encontros, eles informavam ao mi-nistro que não conseguiam desen-volver a profissão com qualidade, pois a ausência de um órgão fisca-lizador eficiente facilitava a atuação de leigos”, conta Dr. Rivaldo Nova-

“Lembro que naquela época, an-tes da criação do conselho, tínha-mos conhecimento de cerca de 800 fisioterapeutas no Brasil. Como ABF, nós trabalhávamos para arru-mar recursos para que a Dra. Sô-nia Gusman, Dra. Veridiana Arb e outros integrantes viajassem com mais frequência para Brasília para lutarem pela criação do conselho.” Dra. Célia Cunha, ex-secretária-te-soureira da ABF e primeira presi-dente do CREFITO-3.

FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL EM UM MESMO CONSELHO“Durante o processo de criação do COFFITO, li-derado pela fisioterapeu-ta, Dra. Sônia Gusman, e pela a terapeuta ocu-pacional, Dra. Veridiana Arb, juntamente com a ABF, eu estive com o ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro, que con-firmou a instalação do conselho. Porém, impôs como condição que a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional compu-sessem o mesmo órgão fiscalizador, já que não havia número suficiente de fisioterapeutas para se manter uma autarquia. Recordo-me que na épo-ca ele também sugeriu que a Dra. Sônia Gusman e a Dra. Veridiana Arb fizessem parte da presi-dência e vice-presidência, em função de todo o trabalho realizado por elas”, relata Dr. Sérgio Mingrone.

es, integrante da Comissão de Re-gistro e Memória do COFFITO. Por interferência do ministro, o projeto de lei foi aprovado sem contestação.

Page 25: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA48 49

INICIAM-SE AS PRIMEIRAS AÇÕES DO COFFITO

Em 17 de dezembro de 1975, no gover-no do presidente Ernesto Geisel (1974-

1979), foi sancionada a Lei nº 6.316, criadora do Conselho Federal e dos Conselhos Re-gionais de Fisioterapia e de Terapia Ocupa-cional (COFFITO/CREFITOs), que passaram a ter prerrogativa normatizadora e fiscaliza-dora. Mas as atividades oficiais da autarquia só viriam a funcionar quase dois anos depois, em 15 de agosto de 1977, por meio da Por-taria nº 3.459, na qual foi aprovado o projeto de instalação do Conselho Federal de Fisio-terapia e Terapia Ocupacional e designado pelo ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, o primeiro corpo de conselheiros da nova autarquia: Dra. Abigail Ribeiro Barros, Dra. Dayse Dantas Oliveira, Dra. Hinda Burlama-qui, Dr. Laurentino Pantaleão Neto Costa, Dr. Luciano Castelo Branco Rebouças, Dr.

Márcio Delano Cruz, (indicado pela AMF), Dra. Sônia Gusman, Dra. Veridiana Arb e Dr. Wladimiro Ribeiro de Oliveira.

“A ABF, mediante solicitação do Ministé-rio do Trabalho, pediu que as associações regionais indicassem nomes para compor o primeiro conselho federal. A AMF indi-cou cinco nomes, eu, Dr. Michel Bedran, Dr. Milton Malheiros, Dr. Mário Lúcio Soa e Dr. Wilson Nofre. Posteriormente, re-cebi um telegrama solicitando compareci-mento à Secretaria do Trabalho do estado. O secretário do Trabalho de Minas Gerais comunicou a indicação do nosso nome e informou que deveríamos ir a Brasília to-mar posse. Eu seria o conselheiro efetivo e o Dr. Michel Bedran, meu suplente”, expli-ca Dr. Márcio Delano, primeiro conselheiro mineiro do COFFITO.

Da esquerda para direita em pé: Dr. Márcio Delano Cruz, Dr. Laurentino Pantaleão Neto Costa, Dr. Wladimiro Ribeiro de Oliveira, Dr. Luciano Castelo Branco Rebouças. Da esquerda para direita sentadas: Dra. Dayse

Dantas Oliveira, Dra. Sônia Gusman, Dr. Veridiana Arb, Dra. Hinda Burlamaqui e Dra. Abigail Ribeiro Barros Arquivo pessoal

Dra. Célia Cunha

O fisioterapeuta Dr. Ruy Gallart de Menezes foi um grande entusiasta das lutas em prol da profissão, sendo o primeiro presidente do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 2ª Região (CREFITO-2) e o segundo presidente do COFFITO, pelo período de 1986 a 2004. Ele é reconhecido no sistema COFFITO/CREFITOs pela sua capacidade de escrever nomas.

DR. RUY GALLART DE

MENEZES

"Quando criou o conselho, o ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro, recebeu indicações de vários nomes de profissionais reconhecidos na época. Das indicações, o ministro escolheu nove para serem os conselheiros titulares e os seus respectivos suplentes. A partir daí, começaram as reuniões do COFFITO. O Ministério do Trabalho nos deu uma verba para implementarmos as primeiras estruturas, inclusive de pessoal, compramos nossa primeira sala, em Brasília.”

"Quando se fala em Fisioterapia no Brasil, não se pode deixar de destacar o nome da Dra. Sônia Gusman que foi a primeira presidente do COFFITO e também o do Dr. Ruy Gallart de Menezes, segundo presidente do conselho federal. Grande parte dos feitos, inclusive as primeiras resoluções do COFFITO que foram revolucio-nárias para a profissão, nós devemos a eles.”

Dra. Veridiana Arb

Arquivo pessoal

Page 26: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA50 51

COFFITO ELEGE SUA PRIMEIRA DIRETORIA

SURGEM OS TRÊS PRIMEIROS CONSELHOS REGIONAIS

A primeira reunião do COFFITO ocorreu no dia 30 de agosto de 1977, sob a presidência do Dr. Aluysio Simões de Campos, secretário de Relações do Trabalho, com a finalidade de

eleger a primeira diretoria do conselho. Participaram os nove conselheiros efetivos, que por meio de votação, por escrutínio secreto, elegeram a primeira composição de diretoria. Os eleitos to-maram posse no mesmo dia: Dra. Sônia Gusman, presidente; Dra. Veridiana Arb, vice-presidente; Dr. Wladimiro Ribeiro de Oliveira, secretário; e Dr. Luciano Castelo Branco Rebouças, tesoureiro.

Instalado o Conselho Federal, a eta-pa seguinte foi a instalação e orga-

nização dos primeiros Conselhos Regionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional. Em resolução publicada no dia 11 de dezembro de 1977, o COFFITO institui os três primeiros Conselhos Regionais das profissões. Os estados escolhidos foram delimi-tados por áreas em que geografica-mente existiam os maiores números de profissionais.

Da esquerda para direita: Dr. Wladimiro

Ribeiro de Oliveira, Dra. Sônia Gusman,

Dra. Veridiana Arb e Dr. Luciano Castelo

Branco Rebouças.Arquivo pessoal.

Arquivo pessoal.

CREFITO-1

CREFITO-3

CREFITO-2

Sede: RecifeJurisdição: Acre, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará,

Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia e pelos territórios federais de Rondônia,

Roraima, Amapá e Fernando de NoronhaPresidente: Dr. Geraldo José Rodrigues Barbosa

Vice-presidente: Dra. Anadelia Menezes Bezzera.

Sede: São PauloJurisdição: Mato Grosso, Mato Grosso do

Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Presidente: Dra. Célia Rodrigues CunhaVice-presidente: Dra. Cíntia Peixoto

Sede: Rio de JaneiroJurisdição: Distrito Federal e pelos

estados de Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo

Presidente: Dr. Ruy Gallart de MenezesVice-presidente: Dra. Paula de

Rezende Travassos

OS TRÊS PRIMEIROS CONSELHOS REGIONAIS.

Page 27: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA52 53

Com a criação dos regionais, iniciou-se a procura pelos fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais do país para a realização dos primeiros registros profissionais. “Em Minas Gerais, usamos a sede da AMF para o cadas-tramento dos profissionais mineiros, tanto fisioterapeutas quanto terapeutas ocupacio-nais. Publicamos uma convocação no jornal Estado de Minas”, relembra Márcio Delano.

O COFFITO manteve apenas três cir-cunscrições regionais nos 10 anos iniciais de sua história. Em maio de 1985, a en-tão presidente da autarquia federal, Dra. Sônia Gusman, assinou duas resoluções criando outros dois CREFITOs a partir do desmembramento das antigas regiões. Du-rante a 42ª reunião Plenária do Conselho Federal, realizada no dia 10 de novembro

Convocação publicada no Primeiro Caderno do Jornal Estado de Minas,

no dia 30/10/1977. Arquivo pessoal.

Cadastro de profissional da Associação Mineira de Fisioterapeutas.Arquivo pessoal.

de 1984, no Rio de Janeiro, foi aprovada a criação do CREFITO-4 e do CREFITO-5. As autarquias foram instituídas no ano se-guinte por meio das resoluções 54/85 e 56/85, respectivamente: CREFITO-5 (Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com sede em Porto Alegre) e CREFITO-4 (Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, com sede em Belo Horizonte).

BELO HORIZONTE RECEBE, PELA PRIMEIRA VEZ, O CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOTERAPIA E PROMOVE O I ENCONTRO BRASILEIRO DE DOCENTES MINAS GERAIS REGISTRA SUA MARCA NA FISIOTERAPIA NACIONAL

A capital mineira marcou a história da profissão ao ser sede do VII Congres-

so Brasileiro de Fisioterapia e I Encontro Brasileiro de Docentes de Fisioterapia (com a finalidade de discutir as bases cur-riculares para o curso de graduação). Pela primeira vez, Minas Gerais recebeu um congresso de dimensão nacional da profis-são. O evento, que foi um marco tanto em volume de participantes quanto em relação ao conteúdo técnico-científico apresenta-do, ocorreu entre os dias 13 e 17 de outu-bro de 1985, no recém-inaugurado Centro

de Convenções Minascentro. “A psicodinâ-mica da relação terapeuta-paciente” foi o tema central. Destaca-se que nos anos 80 já se discutia o modelo biopsicossocial uti-lizado atualmente pela profissão.

A realização do congresso partiu da ou-sadia de jovens fisioterapeutas mineiros e do desejo de consagrar Minas Gerais como referência quando o assunto é Fisioterapia. É o que conta o Dr. Marcelo Mascarenhas que na época era presidente da Associação Mineira de Fisioterapeutas (AMF) e foi tam-bém o presidente do congresso.

Arquivo pessoal

Page 28: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA54 55

“Eu participei do Congresso Bra-sileiro de Fisioterapia em Curitiba (1983). Na época, estiveram presen-tes 205 congressistas. No último dia do congresso, durante uma reunião para a escolha do próximo local do evento, eu solicitei que o evento se-guinte ocorresse em Belo Horizonte, com o argumento que já tínhamos toda a estrutura montada, inclusive garanti que o espaço seria o Minas-centro. Todos ficaram espantados com a nossa organização. Mas era tudo mentira, não tínhamos nada pronto, nem mesmo o Minascentro, que na época ainda estava em cons-trução. Lembrei-me que o presidente responsável pela construção do cen-tro de convenções havia me informa-do que em 2 anos ele estaria pronto. Então pensei: ‘vou jogar essa’. Ga-nhamos o direito de sediar o evento.

Ao retornar para Belo Horizonte, procurei o Dr. José Liberato para contar a novidade e o convidei para ser vice-presidente do congresso e responsável pela comissão científica, juntamente com a Dra. Maria Inês de Castro. Ele apavorou, me chamou de doido, mas resolvemos dar vasão a essa loucura. E, assim, começou a or-ganização do congresso que entraria para história da Fisioterapia. Conse-guimos reunir uma média de 2.500 congressistas, entre profissionais, estudantes e docentes”, relembra Dr. Marcelo Mascarenhas.

O congresso contou com a pre-sença de figuras importantes da época, como o ministro de Minas e Energia, Aureliano Chaves, ministro da Educação, Marco Maciel, o gover-nador de Minas Gerais, Hélio Garcia, dentre outros.

Arquivo pessoal

Arquivo pessoal

“Como eu tinha essa relação profissional com o Aureliano Chaves, eu fiz o convite e ele aceitou prontamente. Veio com toda a sua equipe em um aparato oficial muito grande. No salão principal do Minascentro, ele fez um depoimento que foi muito emocionante para todos nós. Em seu discurso, falou do valor da Fisioterapia do ponto de vista de um paciente que sofreu um grave problema de saúde e se recuperou após a intervenção fisioterapêutica”, recorda emocionado Dr. José Liberato.

MINISTRO DE MINAS E ENERGIA ENCERRA O CONGRESSO COM “CHAVE DE OURO”

O ministro de Minas e Energia, Aureliano Chaves, participou, como convidado especial, do encerramento do VII Congresso

Brasileiro de Fisioterapia, a convite do Dr. José Liberato, fisiotera-peuta responsável pela sua recuperação funcional decorrente de um grave problema de saúde ocorrido no ano de 1983, período em que era vice-presidente da república.

ANTÔNIO AURELIANO CHAVES DE MENDONÇA

“Eu trabalhava no mesmo hos-pital em que o vice-presidente Aureliano Chaves foi atendido em Belo Horizonte. Recebi uma ligação em casa do hospi-tal informando que ele estava no CTI pós-cirúrgico e precisa-ria do meu acompanhamento. Na época, a equipe que o atendia era composta por 12 profissionais. Informei à equipe que quando fosse emitido o boletim médico à imprensa sobre o seu estado de saúde eu gostaria de emitir também o meu boletim de evolução da Fisioterapia separado, com a intenção de mostrar à popula-ção o olhar do fisioterapeuta. E assim aconteceu durante todo o processo de recupera-ção do Aureliano Chaves.” Dr. José Liberato.

Foi governador de Minas Gerais entre 1975 e 1978; vice-presidente do Brasil, entre 15 de março de 1979 a 15 de março de 1985, no governo do presidente da república João Figueiredo, último presidente do período do Regime Militar. Aureliano Chaves assumiu o Ministério de Minas e Energia em março de 1985, no gover-no do presidente José Sarney.

FISIOTERAPEUTA TRATA VICE-PRESIDENTE DO BRASIL

Arquivo pessoal

Page 29: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA56 57

CRIAÇÃO DO SINDICATO

CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE PROFISSIONAL POR MEIO DO FORTALECIMENTO DAS INSTITUIÇÕES

Como representante da classe no que tange à mobilização pela defesa dos direitos profis-

sionais e interesses trabalhistas, surge, no dia 3 de agosto de 1989, o Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais do Estado de Minas Gerais (SINFITO-MG), por meio da assembleia de funda-ção realizada no auditório da Faculdade de Ciências

A luta dos fisioterapeutas fez crescer a profissão no aspecto legal, no reconhecimento social e cien-

tífico. Com a consolidação do conselho profissional, sindicato e associações de classe, os fisioterapeutas

Médicas de Minas Gerais. Na ocasião, foram eleitos os membros da primeira diretoria do SINFITO-MG: para presidente, Dr. Fernando Ferreira de Melo, e para vice-presidente, Dr. Júlio César Handam. As primeiras atividades do sindicato ocorreram em uma sala cedida pela Associação Mineira de Fisioterapeu-tas, localizada na rua Tupis, Centro da capital.

mineiros passaram a ser representados oficialmente por três entidades distintas. Contudo, é necessário entender as diferenças e funções de cada uma, dúvida ainda muito recorrente entre os profissionais.

CONSELHO REGIONAL (CREFITO-4)

SINDICATO (SINFITO-MG)

ASSOCIAÇÃO

Sua razão de existir é a fiscalização, regulação e orientação da atividade profissional. Sua atuação deve seguir as resoluções e normas vigentes do Conselho Federal (COFFITO), órgão hierar-quicamente superior. Os Conselhos Regionais têm seu espaço de atuação delimitado por leis constitucionais.

Cumpre a função de defender os interesses dos profissionais no que diz respeito à melhoria das condições de trabalho, remu-neração (piso salarial), defesa da classe e garantia dos demais direitos trabalhistas.

As associações, tal como a AMF, objetivam a divulgação científica e valorização da profissão, visando ao aprimoramento do profis-sional, por meio de promoção de eventos, congressos e cursos.

FISIOTERAPEUTAS CONSOLIDAM O SEU ESPAÇO EM DIFERENTES ÁREAS

FORTALECIMENTO DAS ESPECIALIDADES PROFISSIONAIS:

Com a criação das especialidades, o COFFITO passa a reconhecer a atuação do fisioterapeuta em diferentes áreas da saúde, um caminho que traça o

perfil do profissional em um futuro próximo: cada vez mais a sociedade exigirá ser tratada exclusivamente por um especialista.

A partir de 2010, a Resolução 377 do COFFITO passou a estabelecer a prova de título de especialista profissional com a finalidade de reconhecer e assegurar os direitos desses experts.

Fisioterapia em Acupuntura Resolução nº 219Fisioterapia Aquática Resolução nº 443Fisioterapia Cardiovascular Resolução nº 454Fisioterapia Dermatofuncional Resolução nº 362Fisioterapia Esportiva Resolução nº 337Fisioterapia em Gerontologia Resolução nº 476Fisioterapia do Trabalho Resolução nº 465Fisioterapia Neurofuncional Resolução nº 189Fisioterapia em Oncologia Resolução nº 364Fisioterapia Respiratória Resolução nº 318Fisioterapia em Saúde Coletiva Resolução nº. 363Fisioterapia Traumato-ortopédica Resolução nº 260Fisioterapia em Osteopatia Resolução nº 398Fisioterapia em Quiropraxia Resolução nº 399Fisioterapia em Saúde da Mulher Resolução nº 372Fisioterapia em Terapia Intensiva Resolução nº 402

Page 30: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

UMA TRAJETÓRIA DE CONQUISTAS

FISIOTERAPIA:

BRAZILIAN JOURNAL OF PHYSICAL

THERAPY (BJPT)

Os avanços partilhados entre os profissionais nesse cinquentená-rio constatam o quanto a profissão progrediu e se consolidou

no cenário nacional e mundial em um curto espaço de tempo. Re-lembre alguns dos principais feitos:

RNPFReferencial Nacional de Proce-

dimentos e Honorários.

Implementação da Prática Baseada em Evidências. Fisioterapia se torna responsável por produções

científicas de impacto mundial. Nesse cenário, sur-ge a Brazilian Journal of Physical Therapy (BJPT), atualmente um dos periódicos de Fisioterapia de

maior repercussão internacional.

CINQUENTENÁRIO 1969 - 201958

JORNADA DE TRABALHO

Jornada máxima de trabalho de 30 horas semanais (Lei 8.856/1994).

PROCEDIMENTOS PRÓPRIOS CIF

POLÍTICAS DE SAÚDE

SIMPLES NACIONAL

EXAMES COMPLEMENTARES

Inclusão da consulta com fisioterapeuta no Rol de

Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS.

CONSULTA

PERÍCIA JUDICIAL

LEI DO "ATO MÉDICO"

Identidade profissional e procedimentos pró-prios reconhecidos pela Terminologia Unificada

em Saúde Suplementar (TUSS).

Adoção da Classificação In-ternacional de Funcionalidade,

Incapacidade e Saúde (CIF).

Fisioterapia no Simples Nacional. Regime tributá-rio destinado às micro e pequenas empresas.

Presença da Fisioterapia em equipes mínimas de saúde.

Garantia de autonomia com os vetos presidenciais ao Pro-jeto de Lei do “Ato Médico”.

Legitimidade da atuação do fisio-terapeuta como perito judicial.

Autonomia do fisioterapeuta na solicitação de exames com-plementares.

Page 31: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA60 61

CREFITO-4

CRIAÇÃO DO CREFITO-4

Criado no dia 17 de maio de 1985, as atividades do Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional da 4ª Região

(CREFITO-4 MG) só ganharam desdobramentos práticos a partir do ano seguinte, após a posse do primeiro Colegiado da autarquia, em 18 de março de 1986, sobre a gestão da seguinte diretoria:

Dr. Hildeberto Lopes dos Santos – presidenteDra. Débora Goulart de Carvalho – vice-presidenteDra. Maria de Fátima Milagre – diretora-secretáriaDr. Raymundo de Carvalho Filho – diretor-tesoureiro

Instalado inicialmente em uma sala alugada na rua São Paulo, Cen-tro da capital mineira, o CREFITO-4 inaugurou sua sede própria em 13 de dezembro de 1996. Desde então, o conselho funciona na ala comercial do Edifício Arcângelo Maletta, também região central de Belo Horizonte. A área de abrangência da 4ª Região, que hoje inte-gram exclusivamente os municípios mineiros, sofreu alterações por desmembramentos territoriais. Em 1989, o COFFITO anexou à juris-dição do CREFITO-4 o estado de Tocantins, criado no ano anterior com a divisão de Goiás. Em 2004, o CREFITO-11 absorveu Goiás e o Distrito Federal, e o CREFITO-12, Tocantins.

No decorrer dos seus primeiros 28 anos, a autarquia foi presidi-da por um único presidente, o fisioterapeuta Dr. Hildeberto Lopes dos Santos, ocorrendo mudanças, apenas, na composição dos demais membros da diretoria.

Dr. Anderson Luís Coelho - presidenteDra. Álida Andrade - vice-presidente Dra. Flávia Massa - diretora-secretária Dr. Hermann Rodrigues - diretor-tesoureiro

Da esquerda para a direita: Dra. Flávia Massa, Dr. Anderson Luís Coelho, Dra. Álida Andrade e Dr. Hermann Rodrigues.

No dia 13 de abril de 2014, tomou posse o segundo presidente do CREFITO-4, o fisioterapeuta, Dr. Ander-son Luís Coelho, após eleita a chapa "Renovação e Valo-rização", no dia 13 de outubro de 2013 e empossada no ano seguinte para o quadriênio 2014/2018. Em outubro de 2018, a chapa "Avançar Mais" foi eleita com ampla aprovação dos profissionais mineiros para seguir à frente da autarquia pelo quadriênio 2018/2022. Sendo compos-ta atualmente pela seguinte diretoria:

Page 32: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA62 63

A HISTÓRIA CONTINUA

Com a renovação da gestão do CREFI-TO-4, a Fisioterapia e a Terapia Ocu-

pacional mineiras alcançam novos voos e começam a escrever novos capítulos da sua história. Inspirado nos fisioterapeutas e te-rapeutas ocupacionais que disponibilizaram seu tempo para a consolidação das profis-sões no país, o corpo diretivo do conselho, liderado pelo presidente Dr. Anderson Co-elho, acredita que há muitas outras con-

Demanda latente dos profissionais, os ser-viços implantados objetivam que dúvidas possam ser sanadas em um menor tempo possível. O conselho recebe também ques-tionamentos de profissionais sobre questões administrativas e técnicas que prontamente são encaminhadas a conselheiros fisiotera-peutas e terapeutas ocupacionais, garantin-do uma prestação de serviço mais eficaz aos pacientes mineiros.

quistas a serem alcançadas e partilhadas entre os seus pares. Dando continuidade a esse trabalho, a atual diretoria do CRE-FITO-4, que representa pouco mais de 15% do período de história da autarquia, tem se empenhado ativamente em ações internas e externas de aproximação com os profissionais e de valorização social das profissões. Conheça um pouco do trabalho realizado nos últimos anos:

para conclusão de todos os tipos de processo de regis-tro e para pres-tação dos demais serviços oferecidos pela autarquia.

Com essas ações, o CREFITO-4 se faz pre-sente em todas as regiões de Minas Gerais, garantindo comodidade ao profissional e ce-leridade na prestação dos serviços finalísticos.

AMPLIAÇÃO DO HORÁRIO DE

ATENDIMENTO EM QUASE 60%

CRIAÇÃO DO NÚCLEO DE APOIO A PROFISSIONAIS E DA OUVIDORIA CREFITO-4

COBERTURA DE 100% DAS

MICRORREGIÕES DE MINAS GERAIS

REDUÇÃO DOS PRAZOS

INSTALAÇÃO DE DELEGACIAS

de 28,5 horas sema-nais para 45 horas, tanto na sede quan-to nas delegacias.

Atendimento presencial, telefô-nico e eletrônico com a finalida-de de solucionar dúvidas e rece-ber sugestões.

Gov. Valadares;Montes Claros; Pouso Alegre;Uberlândia;Juiz de Fora.

pela rede de delega-dos de representação política.

A atual gestão do CREFITO-4 revolucionou a política de fiscalização do conselho ao exigir como pré-requisito, a partir de 2014, formação dos agentes fiscais em Fisiote-rapia ou Terapia Ocupacional. Além disso, os fiscais são constantemente treinados para cumprir o princípio de uma fiscalização técnica com perfil educativo e preven-tivo. Com essa ação, o conselho aboliu uma fiscalização de caráter ostensiva, ocorrida até então. Além disso, a aquisição de novos veículos e a modernização tecnológi-ca do setor também são novos diferenciais que resultam em mais efetividade nos trabalhos e mais rapidez nos atendimentos das denúncias. Atualmente, a fiscalização ocorre em 100% dos municípios mineiros. O CREFITO-4 implementou, ainda, ações específicas para o combate ao exercício ilegal das profissões no estado, entre o qual destacam-se parcerias com outros órgãos públicos, como a Defensoria Pública e o Ministério Público.

Cumprindo seu dever de transparência e informação, os canais de comunicação objetivam aproximar o conselho das demandas dos profissionais. A comunicação do CREFITO-4 também cumpre a função de disseminar informação pública e de qualidade à população e à grande mídia sobre o fazer das profissões.

Participação decisiva do CREFITO-4 em conquistas recentes, tais como a inclusão das duas profissões no Simples Nacional; a apresentação dos projetos de lei do piso salarial estadual; repúdio aos projetos de lei do Novo "Ato Médico" e da "Invasão Estética" e à fiscaliza-ção irregular por outros conselhos; combate ininterrup-to ao ensino a distância nos cursos de saúde.

REESTRUTURAÇÃO DO DEPARTAMENTO DE

FISCALIZAÇÃO

IMPLEMENTAÇÃO DA ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO

ATUAÇÃO PERANTE OS TRÊS PODERES EM PROL DAS

PROFISSÕES.

e qualificação dos agentes fiscais.

Publicação semestral da revista CREFITO-4, lançamento do site oficial da autarquia, criação da Rádio Funcional (web rádio do conselho) e do CREFITO-4 Mo-bile (aplicativo), além da presen-ça diária nas redes sociais.

Page 33: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação

CINQUENTENÁRIO 1969 - 2019 CINQUENTENÁRIO F I S IOTERAPIA64 65

O conselho promove diversas atividades institucionais periódicas com a finalidade de contribuir para a capacitação dos profissionais do estado. Dentre as atividades promovidas, destacam-se:

CAPACITAÇÃO DOS FISIOTERAPEUTAS E TERAPEUTAS OCUPACIONAIS.

RODAS DE CONVERSAS E

AUDIÊNCIAS PÚBLICAS

CAPACITAÇÃO DE PRESTADORES DE

SERVIÇOS

ENCONTROS PERIÓDICOS COM

COORDENADORES, PROFESSORES E

NÚCLEOS DOCENTES ESTRUTURANTES

REALIZAÇÃO DE CAPACITAÇÕES

TÉCNICAS

CREFITO PELO ESTADO

EVIDENCE

em todas as mesorregiões do estado, para prestação de contas, coleta de su-gestões e orientação aos profissionais.

fisioterapêuticos e terapêu-ticos ocupacionais (pessoas físicas e jurídicas) em gestão e empreendedorismo.

dos cursos de graduação em Fisiote-rapia e em Terapia Ocupacional de Minas Gerais para elevar a qualidade da formação e ajustá-la às necessida-des de saúde da população.

sobre uso da Classificação Internacional de Funcio-nalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), treinamento funcional, suporte básico de vida, solicitação e inter-pretação de exames, entre outros temas.

Por meio desse projeto, o conselho se faz presen-te em todas as regiões do estado a fim de promover qualificação e levantar as demandas dos profissionais locais para o planejamento de ações específicas.

O CREFITO-4 também realiza o Fó-rum de Prerrogativas e Práticas Cien-tíficas. Evento anual, com capacidade média para mil profissionais, no qual reúne palestrantes referências nacio-nais e internacionais para discussão de temas atuais sobre a Fisioterapia e a Terapia Ocupacional em salas dis-tintas.

Todas as atividades realizadas pelo CREFITO-4 são gratuitas e exclusivas para profissionais regulares com o conselho.

IV EVIDENCE (2019)

Crédito: Henrique Chendes

E X P E D I E N T EREVISTA DO CONSELHO REGIONAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL DA 4ª REGIÃO (CREFITO-4 MG) | ESPECIAL: CINQUENTENÁRIO

Edição: ASCOM/CREFITO-4Jornalista Responsável: Bárbara Machado (MTB: 0020528/MG)Redação: Bárbara MachadoFotos: Raphael JotaDireção de arte e diagramação: Rafaela AlfaiaAnúncio institucional: André Pimenta Impressão: Cromos Editora e Indústria Gráfica Ltda. CNPJ: 82.581.406/0001-70 Tiragem: 29 mil exemplares

DIRETORIADr. Anderson Luís Coelho Presidente Dra. Álida Andrade Vice-presidente Dra. Flávia Massa Diretora-secretária Dr. Hermann Rodrigues Diretor-tesoureiro

CONSELHEIROS EFETIVOSAnadely Silva Magalhães Daniela Rodrigues Villani Fernanda Assunção Santana Hugo Pereira Goretti Marina Viveiros Trajano Cruz

NOSSOS ENDEREÇOSSede Belo Horizonte núcleo de atendimento a profissionais Rua da Bahia, 1.148, sala 816 Centro, Belo Horizonte-MG CEP: 30.160-906 Tel.: (31)3218-7400Subsede de Governador Valadares Rua Peçanha, 800, Loja 12, Centro Governador Valadares-MG CEP: 35.010-161 Subsede de Juiz de Fora Avenida Rio Branco, 2.679, sala 315- Centro, Juiz de Fora-MG CEP: 36.010-908

Subsede de Montes Claros Av. José Corrêa Machado, 1.079, Bloco B - Ibituruna Montes Claros-MG CEP: 39.401-832Subsede de Pouso Alegre Rua Gabriel Baret de Barros, 205 - Jardim Alvorada, Pouso Alegre-MG CEP: 37.550-000Subsede de Uberlândia Rua Rodrigues da Cunha, 49 Martins, Uberlândia-MG CEP: 38.400-362

WEBSÉRIE COMPLETATV CREFITO-4

A HISTÓRIA CONTADA PELOS PIONEIROS DAS PROFISSÕES MEMÓRIA VIVA

www.youtube.com/tvcre� to-4

O RESGATE DE UMAGRANDE TRAJETÓRIA

Um documentário em série com pro� ssionais que ajudaram a construir a trajetória da Fisioterapia no país.

Page 34: crefito4.org.brcrefito4.org.br/site/wp-content/uploads/2020/02/Revista...2 1969 2019 SIOTERAPIA 3 Especial. Assim foi 2019, o ano em que comemoramos o cinquentenário de regulamentação