· 1ª sessÃo preparatÓria da 3ª sessÃo legislativa da 3ª legislatura em 10 de marÇo de 1957...

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ANO DE 1829 LIVRO 1 ANAIS DO SENADO Secretaria Especial de Editoração e Publicações - Subsecretaria de Anais do Senado Federal TRANSCRIÇÃO SENADO FEDERAL

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ANO DE 1829LIVRO 1

ANAIS DO SENADO

Secretaria Especial de Editorao e Publicaes - Subsecretaria de Anais do Senado Federal

TRANSCRIO

SENADO FEDERAL

1 SESSO PREPARATRIA DA 3 SESSO LEGISLATIVA DA 3 LEGISLATURA EM 10 DE MARO DE 1957

(Extraordinria)

PRESIDNCIA DOS SENHORES APOLNIO SALLES E VIVALDO LIMA

s 14 horas e 30 minutos acham-se presentes

os Senhores Senadores: Vivaldo Lima Mouro Vieira Cunha Mello

Prisco dos Santos Alvaro Adolpho Sebastio Archer Victorino Freire Assis Chateaubriand Ara Leo Olmpio de Mello Mendona Clark Onofre Gomes Fausto Cabral Fernandes Tvora Kerginaldo Cavalcanti Georgino Avelino Reginaldo Fernandes Ruy Carneiro Octacilio Jurema Argemiro de Figueiredo Apolnio Salles Nelson Firmo Ezechias da Rocha Freitas Cavalcanti . Rui Palmeira Jlio Leite Maynard Gomes Lourival Fontes Neves da Rocha Juracy Magalhes Lima Teixeira Carlos Lindenberg Attilio Vivacqua Ary Vianna S Tinoco Paulo Fernandes Arlindo Rodrigues Alencastro Guimares Caiado de Castro Gilberto Marinho Benedicto Valladares Lima Guimares Lineu Prestes Lino de Mattos Moura Andrade Domingos Vellasco Coimbra Bueno Sylvio Curvo Joo Villasbas Filinto Mller Othon Mder Al Guimares Gaspar Velloso Gomes de Oliveira Francisco Gallotti.

O SR. PRESIDENTE: A lista de presena

acusa o comparecimento de 55 Srs. Senadores. Havendo nmero legal, declaro aberta

a 1 sesso preparatria da 3 sesso legislativa da 3 legislatura.

De acrdo com o que dispem o artigo 3 e seu pargrafo nico do Regimento Interno, vai-se proceder eleio do Vice-Presidente do Senado.

E' o seguinte o artigo acima referido: "Art. 3 Nas sesses legislativas ordinrias

subseqentes inicial de cada legislatura, realizar-se- no dia 10 de maro, s 14 hora e 30 minutos, com a presena, pelo menos, de dezesseis Senadores, a primeira sesso preparatria, sob a direo da Mesa eleita para a sesso legislativa anterior.

Pargrafo unico. Verificado o "quorum" referido no art. 33 dste Regimento, proceder-se- eleio do Vice-Presidente do Senado e, em seguida sesso preparatria, no dia seguinte, a dos demais membros da Mesa".

Vou suspender a sesso por cinco minutos, para que os nobres Senadores possam munir-se da cdulas. Os trabalhos sero reabertos sob a direo do Sr. 1 Secretrio.

Est suspensa a sesso. A sesso suspensa de 14 horas e 40

minutos e reaberta s 14 horas e 45 minutos, sob a Presidncia do Sr. Vivaldo Lima.

O SR. PRESIDENTE: Est reaberta a sesso. Vai-se proceder chamada para votao.

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RESPONDEM CHAMADA E VOTAM OS SRS. SENADORES:

Vivaldo Lima Mouro Vieira Cunha Mello Prisco dos Santos Alvaro Adolpho Sebastio Archer Victorino Freire Assis Chateaubriand Ara Leo Olympio de Mello Mendona Clark Onofre Gomes Fausto Cabral Fernandes Tvora Kerginaldo Cavalcanti Georgino Avelino Reginaldo Fernandes Ruy Carneiro Argemiro de Figueiredo Apolnio Salles Nelson Firmo Ezechias da Rocha Freitas Cavalcanti Rui Palmeira Jlio Leite Maynard Gomes Lourival Fontes Neves da Rocha Juracy Magalhes Lima Teixeira Carlos Lindenberg Attilio Vivacqua Ary Vianna Paulo Fernandes Arlindo Rodrigues Alencastro Guimares Caiado de Castro Gilberto Marinho Benedicto Valladares Lima Guimares Csar Vergueiro Lino de Mattos Moura Andrade Domingos Vellasco Sylvio Curvo Joo Villasbas Filinto Mller Othon Mder Al Guimares Gaspar Velloso Gomes de Oliveira Francisco Gallotti (52).

O SR. PRESIDENTE: Responderam

chamada 52 Senhores Senadores. Vai-se proceder apurao.

Procede-se apurao. So recolhidas 52 cdulas, que, apuradas, do o seguinte resultado:

Para Vice-Presidente:

Senador Apolnio Saltes.......................... 50 votos Senador Filinto Mller............................... 1 voto Senador Juracy Magalhes...................... 1 voto

O SR. PRESIDENTE: Proclamo eleito

Vice-Presidente do Senado o nobre Senador Apolnio Salles. Convido S. Exa. a ocupar a presidncia.

(Sob aplausos, o Senador Apolnio Salles assume a Presidncia).

O SR. PRESIDENTE (movimento geral de ateno): Senadores, cumpro, desvanecido, o grato dever de externar perante Vossas Excelncias

meu agradecimento pela insigne honra que me acabam de conceder.

Sei bem a alta significao do psto, que por imperativo da vontade soberana de Vossas Excelncias, vou assumir. Dirigir o Senado interpretar, na mais alta cmara legislativa do Pas, o pensamento dos mais legtimos e elevados representantes do povo brasileiro.

Vossas Excelncias, que vm dando Nao um exemplo to nobre de dedicao causa pblica; Vossas Excelncias, que traduzem de modo to edificante as aspiraes dos Estados que representam, honrando-me com a escolha do meu nome neste pleito livre que acabamos de presenciar, conferem-me mais do que as responsabilidades do cargo. Cativam-me pelo reconhecimento de um gesto tanto mais desvanecedor quanto de mais levantada e independente origem.

Os meus agradecimentos aos companheiros de Partido.

Um agradecimento cheio de emoo e cordialidade.

E ao dignos Senadores de outras agremiaes partidrias dirijo a minha palavra emocionada de renovado apro e gratido.

Nesta hora, mais uma vez peo permisso para elevar meu pensamento minha terra, qual considero dirigidas tdas as homenagens que se tributam ao modesto orador, hoje Vice-Presidente do Senado.

Meus agradecimentos a esta grande Casa da Repblica. (Muito bem; multo bem. Palmas).

O SR. JURACY MAGALHES: Sr. Presidente, peo a palavra, para explicao pessoal.

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra, para explicao pessoal, o nobre Senador Juracy Magalhes.

O SR. JURACY MAGALHES *: Sr. Presidente, sei bem que o objetivo desta sesso foi exclusivamente renovarmos V. Exa. o nosso voto de confiana para continuar dirigindo os trabalhos do Senado.

Habituado, porm, a fazer da vida pblica a continuao da minha vida privada e sem deixar que, nem ao de leve, paire qualquer suspeita sbre minha conduta de homem pblico, julguei

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de meu dever pedir Mesa retificao do que est publicado no "Dirio do Congresso" de hoje, sbre os debates ontem travados neste Plenrio.

No solicitei essa correo imediatamente, confesso, por no ter ouvido o aparte do ilustre Senador Filinto Mller, que, se verdadeiro, seria, alm do mais, de extremo mau gsto.

Em revide afirmao minha de que "no Govrno do Sr. Juscelino Kubitschek, ningum iria para a cadeia por ser ladro", teria dito o ilustre Lder da Maioria: "Experimente V. Exa. roubar, para ver se ir ou no".

Conheo a nobreza dos sentimentos de S. Exa., muitas vzes reiterada em relao ao seu humilde colega; e no iria supor houvesse o nimo ofensivo, aparentemente caracterizado no aparte. Se assim fsse eu teria retrucado com o pedido de explicao, pois no deixaria figurasse nos Anais insinuao de tal natureza, partisse de quem partisse, sem protesto imediato altura da agresso recebida.

Peo, portanto, a S. Exa. que me d a honra de esclarecer qual era a sua inteno naquele instante.

O SR. FILINTO MLLER: Ocuparei a tribuna, logo V. Exa. termine sua orao.

O SR. JURACY MAGALHES: Sr. Presidente, o Senador Filinto Mller prefere falar depois que eu conclua e, assim, encerro estas consideraes, porque desejo ouvir S. Exa. sbre o publicado no "Dirio do Congresso" de hoje. (Muito bem).

O SR. FILINTO MLLER: Sr. Presidente, peo a palavra para explicao pessoal.

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra, para explicao pessoal, o nobre Senador Filinto Mller.

O SR. FILINTO MLLER (para explicao pessoal) *: Sr. Presidente, tive conhecimento, atravs da leitura do "Dirio do Congresso", do aparte a que alude o nobre Senador Juracy Magalhes, tal qual registrado pela Taquigrafia. J havia deliberado __________________ * No foi revisto pelo orador.

ocupar a tribuna, logo ao incio dos nossos trabalhos ordinrios, para pedir Mesa o cancelamento nos Anais daquelas expresses. Havendo entretanto, o eminente Senador Juracy Magalhes considerado o caso nesta sesso, destinada, pelo Regimento Interno, exclusivamente, eleio do Vice-Presidente do Senado e julgo que S. Exa, fz bem sinto-me vontade nesta, explicao pessoal, para pedir Mesa retificao do aparte a mim atribudo.

Sr. Presidente, sabe V. Exa. que, ontem, quando falava o eminente Senador Paulo Fernandes, houve momentos em que o debate se acalorou. E' bem possvel houvesse eu emitido o aparte nos trmos registrados pela Taquigrafia; possvel, tambm, que a Taquigrafia o houvesse entendido mal.

Assim, acentuo que minha inteno foi declarar: "Experimente algum roubar os dinheiros pblicos e ver se ser ou no processado".

No tenho o direito de pronunciar, intencionalmente, um aparte que possa ofender o eminente Senador Juracy Magalhes, a quem me ligam mais de trinta anos de velha e, para mim, honrosa amizade.

Sr. Presidente, creio que S. Exa, h de estar satisfeito com a retificao que ora fao e com o pedido que dirijo Mesa, no sentido de mandar cancelar dos Anais o incriminado aparte.

Valho-me da oportunidade de ocupar a tribuna, para dizer que o aparte foi provocado por outro do eminente Senador Juracy Magalhes e para declarar que repto qualquer cidado brasileiro a apontar roubo de dinheiros pblicos, praticado no atual Govrno, por funcionrio que no tenha sido castigado.

E' de honra o repto que lano, porque o Govrno da Repblica est no firme propsito de se exercer dentro da mais alta lisura, da mais absoluta correo e do respeito mais rigoroso em bens da Fazenda Nacional.

Tudo que depender do Govrno da Repblica ser devidamente esclarecido. Comprometo-me, outrossim, a trazer ao Senado quaisquer explicaes julgadas necessrias e a apontar os responsveis, sejam quais forem, pelo desvio dos dinheiros pblicos. (Muito bem,

4 Muito bem! Palmas o orador cumprimentado).

O SR. JURACY MAGALHES: Sr. Presidente, peo a palavra, para explicao pessoal.

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra, para explicao pessoal, o nobre Senador Juracy Magalhes.

O SR. JURACY MAGALHES (para explicao pessoal) *: Sr. Presidente, agradeo ao nobre Senador Filinto Mller pela retificao feita; alis, j a esperava porque conheo o carter de S. Exa.

Evidentemente, se o ilustre colega no me deu outros conselhos, no iria depois de velho, aconselhar-me e que comeasse a roubar.

Estou certo de que o episdio servir para reforar ainda mais os laos de camaradagem e manter o alto nvel dos debates, no Senado.

Desde, porm, que o nobre Senador Filinto Mller aproveitou a oportunidade para reptar qualquer cidado a apontar fatos concretos desabonadores do procedimento de funcionrio, declaro que das acusao por mim formuladas ao Govrno, no retiro uma linha. As frases assinaladas pela Taquigrafia refletem rigorosamente meu julgamento.

Sr. Presidente, no acredito, como brasileiro, que, decorridos um ano e tanto do Govrno Juscelino Kubitschek no tenha havido, neste Pas, infelizmente to corruto nos dias que correm, __________________ * No foi revisto pelo orador.

um s Chefe de Seo, um Contnuo ou Servente merecedor de punio a bem do servio pblico. At agora, entretanto, ao meu conhecimento no chegou um s ato moralizador, praticado pelo Executivo em abono da boa causa ou do bom cumprimento dos deveres dos funcionrios pblicos.

Ao tempo do Govrno do Sr. Washington Luis retruquei ao nobre Senador Francisco Gallotti, nos debates de ontem o Presidente da Repblica timbrava em trazer ao conhecimento pblico todos os escndalos ocorridos na administrao, para pun-los, a seguir, exemplarmente. No Govrno atual eu pelo menos, ainda no vi uma s notcia da demisso sequer, repito de Chefe de Seo, Contnuo ou Servente a bem do servio pblico, por descumprimento dos seus deveres.

Com estas palavras Sr. Presidente, ratificado o que tinha de ratificar e retificado o que devia ser retificado, peo desculpas ao Senado por ter quebrado uma praxe. Creio, porm, que minha atitude vem elevar, cada vez mais, esta Casa, que todos procuramos honrar. (Muito bem! Muito bem! Palmas. O orador cumprimentado).

O SR. PRESIDENTE: Antes de levantar a sesso, lembro aos nobres Senadores que amanh, s 14 hora e 30 minutos se proceder eleio dos demais membros da Mesa.

Est encerrada a sesso. (Encerra-se a sesso s 15 horas e 10

minuto.)

2 SESSO PREPARATRIA DA 3 SESSO LEGISLATIVA DA 3 LEGISLATURA EM 11, DE MARO DE 1957

PRESIDNCIA DOS SENHORES APOLNIO SALLES E LIMA TEIXEIRA

As 14 horas e 30 minutos acham-se presentes

os Srs. Senadores: Vivaldo Lima Mouro Vieira Cunha Mello

Prisco dos Santos Alvaro Adolpho Sebastio Archer Victorino Freire Ara Leo Olmpio de Mello Mendona Clark Onofre Gomes Fausto Cabral Fernandes Tvora Kerginaldo Cavalcanti Georgino Avelino Reginaldo Fernandes Ruy Carneiro Octacilio Jurema Argemiro de Figueiredo Apolnio Salles Nelson Firmo Ezechias da Rocha Freitas Cavalcanti Rui Palmeira Jlio Leite Maynard Gomes Lourival Fontes Neves da Rocha Juracy Magalhes Lima Teixeira Carlos Lindenberg Attlio Vivacqua Ary Vianna S Tinoco Paulo Fernandes Arlindo Rodrigues Alencastro Guimares Caiado de Castro Gilberto Marinho Benedicto Valladares Lima Guimares Lineu Prestes Lino de Mattos Moura Andrade Domingos Vellasco Coimbra Bueno Sylvio Curvo Joo Villasbas Filinto Mller Othon Mder Al Guimares Gaspar Velloso Gomes de Oliveira Francisco Gallotti Saulo Ramos Mem de S (56).

O SR. PRESIDENTE: A lista de presena

acusa o comparecimento de 56 Srs. Senadores. Havendo nmero legal, declaro aberta a 2

sesso preparatria da 3 sesso legislativa da 3 legislatura para eleio dos membros componentes da

Mesa Diretora do Senado para o exerccio de 1957. Esta sesso tem por finalidade precpua a

eleio dos demais Membros da Mesa, de acrdo com o art. 3 do Regimento Interno, assim expresso:

Nas sesses legislativas ordinrias subseqentes inicial de cada legislatura, realizar-se- no dia 10 de maro, s 14 horas e 30 minutos, com a presena, pelo menos de dezesseis Senadores, a primeira sesso preparatria, sob a direo da Mesa eleita para a sesso legislativa anterior.

Pargrafo nico. Verificado o "quorum" referido no art. 33 dste Regimento, proceder-se- a eleio do Vice-Presidente do Senado e, em segunda sesso preparatria, no dia seguinte, a dos demais Membros da Mesa".

Tendo-se verificado ontem a eleio do Vice-Presidente, vai-se proceder eleio dos demais Membros da Mesa, de acrdo com o art. 33, que assim dispe:

"A eleio do Vice-Presidente, dos Secretrios e Suplentes de Secretrio far-se- por escrutnio secreto e maioria de votos dos Senadores presentes.

1 Na composio da Comisso Diretora, ser observado, tanto quanto possvel, o princpio de representao proporcional dos partidos com assento no Senado.

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2 Para sse efeito, a eleio se far em quatro cdulas, sendo, uma para Vice-Presidente; outra para 1 e 2 Secretrios; outra para 3 e 4 Secretrios e uma, finalmente, para Suplentes".

Haver, portanto, trs cdulas, para a eleio de hoje.

Suspendo a sesso por cinco minutos, a fim de que os nobres Senadores possam munir-se das cdulas para o primeiro escrutnio.

A sesso suspensa s 14 horas e 40 minutos, e reaberta s 14 horas e 45 minutos.

O SR. PRESIDENTE: Est aberta a sesso. Vai-se proceder chamada. RESPONDEM CHAMADA E VOTAM OS

SRS. SENADORES: Vivaldo Lima Mouro Vieira Cunha

Mello Prisco dos Santos Alvaro Adolpho Sebastio Archer Victorino Freire Ara Leo Mendona Clark Onofre Gomes Fausto Cabral Fernandes Tvora Kerginaldo Cavalcanti Reginaldo Fernandes Ruy Carneiro Octacilio Jurema Argemiro de Figueiredo Nelson Firmo Ezechias da Rocha Freitas Cavalcanti Rui Palmeira Jlio Leite Maynard Gomes Lourival Fontes Neves da Rocha Juracy Magalhes Lima Teixeira Carlos Lindenberg Attillo Vivacqua Ary Vianna Arlindo Rodrigues Alencastro Guimares Caiado de Castro Gilberto Marinho Lima Guimares Lineu Prestes Lino de Mattos Moura Andrade Domingos Vellasco Sylvio Curvo Joo Villasbas Filinto Mller Othon Mder Al Guimares Gomes de Oliveira Francisco Gallotti e Mem de S (47).

O SR. PRESIDENTE: Responderam

chamada 47 Senhores Senadoras. Vai-se proceder apurao.

O SR. PRESIDENTE: So recolhidas 47 cdulas que, apuradas, do o seguinte resultado:

PARA 1 SECRETRIO

Votos Senador Lima Teixeira.................................. 44 Senador Sylvio Curvo.................................... 1 Em branco..................................................... 2

PARA 2 SECRETRIO Votos Senador Freitas Cavalcanti........................... 39 Em branco..................................................... 8

O SR. PRESIDENTE: Proclamo eleitos 1 e 2

Secretrios, respectivamente, os Senhores Senadores Lima Teixeira e Freitas Cavalcanti. Convido S. Exas. a ocuparem seus lugares na Mesa do Senado. (Palmas prolongadas).

Passa-se eleio dos 3 e 4 Secretrios. Como acredito que os nobres Senhores

Senadores j estejam munidos de cdulas, deixo de suspender a sesso para sse fim.

Vai-se proceder chamada para votao. RESPONDEM CHAMADA E VOTAM OS SRS.

SENADORES: Mouro Vieira Cunha Mello Prisco dos

Santos Alvaro Adolpho Sebastio Archer Victorino Freire Ara Leo Olympio de Mello Mendona Clark Onofre Gomes Fausto Cabral Fernandes Tvora Kerginaldo Cavalcanti Reginaldo Fernandes Ruy Carneiro Octacilio Jurema Argemiro de Figueiredo Nelson Firmo Ezechias da Rocha Freitas Cavalcanti Rui Palmeira Julio Leite Maynard Gomes Lourival Fontes Neves da Rocha Juracy Magalhes Lima Teixeira Carlos Lindenberg Attilio Vivacqua Ary Vianna Arlindo Rodrigues Alencastro Guimares Caiado de Castro Gilberto Marinho Benedicto Valladares Lima Guimares Lineu Prestes Lino de Mattos Moura Andrade Domingos Vellasco Coimbra Bueno Sylvio Curvo

7 Joo Villasbas Filinto Mller Othon Mder Gaspar Velloso Al Guimares Gomes de Oliveira Francisco Gallotti e Mam de S. (50).

O SR. PRESIDENTE: Responderam

chamada 50 Senhores Senadores. Vai-se proceder apurao.

So recolhidas 50 cdulas que, apuradas, do o seguinte resultado:

PARA 3 SECRETRIO

Votos Senador Victorino Freire............................... 49 Senador Carlos Lindenberg.......................... 1

PARA 4 SECRETRIO Votos Senador Kerginaldo Cavalcanti..................... 41 Senador Prisco dos Santos........................... 1 Senador Mouro Vieira................................. 1 Em branco..................................................... 7

Convido os Senhores Senadores Victorino

Freire e Kerginaldo Cavalcanti a tomarem seus lugares Mesa. (Palmas prolongadas).

Passa-se eleio dos dois suplentes. Vou suspender a sesso por cinco minutos, a

fim de que os Senhores Senadores possam munir-se das cdulas.

(Suspende-se a sesso s 15 horas e 10 minutos e reabre-se s 15 horas e 15 minutos).

O SR. PRESIDENTE: Est reaberta a sesso.

Vai-se proceder chamada. RESPONDEM CHAMADA E VOTAM OS

SRS. SENADORES: Vivaldo Lima Mouro Vieira Cunha Mello

Prisco dos Santos Alvaro Adolpho Sebastio Archer Victorino Freire Ara Leo Olympio de Mello Mendona Clark Onofre Gomes Fausto Cabral Fernandes Tvora Kerginaldo Cavalcanti Reginaldo Fernandes Ruy Carneiro Octacilio Jurema

Argemiro de Figueiredo Nelson Firmo Ezechias da Rocha Freitas Cavalcanti Rui Palmeira Jlio Leite Maynard Gomes Lourival Fontes Neves da Rocha Juracy Magalhes Lima Teixeira Carlos Lindenberg Attilio Vivacqua Ary Viana Arlindo Rodrigues Alencastro Guimares Caiado de Castro Gilberto Marinho Benedicto Valadares Lima Guimares Lineu Prestem Lino de Mattos Moura Andrade Domingos Vellasco Coimbra Bueno Sylvio Curvo Joo Villasbas Filinto Mller Al Guimares Gomes de Oliveira Othon Mder Gaspar Velloso Francisco Gallotti Mem de S. (51).

O SR. PRESIDENTE: Responderam

chamada 51 Senhores Senadores. Vai-se proceder apurao. O SR. PRESIDENTE: So recolhidas 51

cdulas, que, apuradas, do o seguinte resultado:

PARA 1 SUPLENTE Votos Senador Mouro Vieira................................. 49 Em branco..................................................... 2

PARA 2 SUPLENTE Votos Senador Prisco dos Santos........................... 33 Senador Sylvio Curvo................................... 15 Em branco..................................................... 3

Proclamo eleitos, respectivamente, 1 e 2

Suplentes, os Senadores Mouro Vieira e Prisco dos Santos. (Palmas prolongadas).

Tem a palavra o nobre Senador Vivaldo Lima. O SR. VIVALDO LIMA (l o seguinte

discurso): Senhor Presidente O mandato, que nos foi confiado, como titular da 1 Secretaria desta Casa, chegou ao seu trmo. O rodzio, a que se imps a bancada do P.T.B., fez que se sufragasse, na eleio de hoje, o nome de outro nobre companheiro, que j se investe nas rduas funes, com o propsito de corresponder, tambm, expectativa.

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Tal mudana imperativa de um critrio que se estabeleceu e se firma inexorvelmente, esperando-se, assim, sem surprsa, a cada ano nesta data, o surgimento de novos valores, em continuao nos postos da Mesa do Senado, que couberam agremiao partidria a que perteno.

Exibe e demonstra, dsse jeito, uma bancada com, talvez, indito exemplo, firme disposio de executar um rodzio, substituindo. representantes peridicamente, sem que, de tal modo supe-se se verifique qualquer soluo de continuidade na rotina ou nas instituies realizadoras.

Concluimos dsse modo, de nossa parte, o perodo que nos foi destinado, de precisamente um ano.

A princpio, como sempre acontece, tateamos o terreno, apenas sondando-o cautelosamente.

Idias fascinantes de um palcio corporificavam-se em perspectivas de fachadas soberbas, acompanhadas de pranchetas esclarecedoras de um interior to vistoso quo funcional que envaideceria como ornamento prprio, a Capital da Repblica.

Idias, j arrefecidas de todo o entusiasmo, constituindo pilhas de material custoso, fruto de um concurso, a que concorrem idneos e prestigiados artfices da arquitetura moderna.

Agora, a criao faustosa, afugentada pelo espectro de Braslia, jaz nos angustiados espaos do Arquivo desta Casa.

Outra e muitas outras inhumaram-se tambm naquela necrpole de papis, espera de curiosos historiadores.

A Mesa, reconstituda ento, examinou os problemas em pauta, traando novas diretrizes. Sugere-se enquanto se aguarda a realidade do planalto, que os lustros prximos acenam credulidade de uma nao lograda desde a fundao desta Repblica, modificao de porte no Monroe tradicional, que, sem alterar-lhe sensivelmente as linhas originais, lhe desse ambiente e confrto, sobretudo, interior reajustado e austero, atribuindo-lhe, de fato, dentro das possibilidades, a destinao histrica de Senado da Repblica, sem esquecer, a igual, das reas circundantes

urbanizadas e aliviadas de controlado estacionamento.

Eis por que, em sntese, tanto se trabalhou e se movimentou em todos os recantos do imponente edifcio j cinqentenrio.

Transmuda-se, interna e externamente, sem, contudo, prejudicar-se em seu aspecto arquitetnico, que lhe emprestou o artista renomado a servio do inesquecvel engenheiro militar Souza Aguiar, nos idos de 1906.

A alvenaria, em volta do torro, diz bem do alcance da idia em marcha.

Prossegue at ao cair da tarde, dia a dia, a faina de obreiros esperanosos de concluir, dentro da vontade de uma Comisso Diretora, impaciente e vigilante, com Apolnio Sales frente, em meiados do ano em curso, tudo que foi delineado no intersse do bom funcionamento de uma Casa Legislativa de mbito nacional.

O recinto, entre outras dependncias, ostenta-se melhor com a aparncia e instalao adequadas a um setor de debates.

Dentro de quatro ou cinco meses, repito, de acrdo com as previses, estaro concludos todos os empreendimentos programados, com os quais passar a funcionar, em condies mais satisfatrias esta Casa, aguardando, sem inquietao, a sua transferncia para a definitiva sede na nova Capital da Repblica.

O SR. ALVARO ADOLPHO: Permite V. Exa. um aparte?

O SR. VIVALDO LIMA: Com especial satisfao.

O SR. ALVARO ADOLPHO: Corroboro os apartes que V. Exa. acaba de receber de vrios colegas, louvando-lhe a ao como 1 Secretrio desta Casa.

A passagem de V. Exa. pela Primeira Secretaria, assinalou-se pelas obras de reforma do Senado, a que se associou o Dr. Luiz Nabuco, ilustre Diretor Geral da Secretaria desta Casa. Esperamos que essas obras, planejada e em parte realizadas, continuem e sejam ultimadas, para que o Senado venha a ter instalaes compatveis com o lugar que ocupa na vida brasileira. Receba, portanto, V. Exa., as congratulaces da bancada do Par, que se associa s ho-

9 menagens que lhe so prestadas na hora em que deixa a 1 Secretaria.

O SR. VIVALDO LIMA: Agradeo as palavras de V. Exa., que cativam o ex-titular que aqui est, apenas, fazendo sucinta exposio, na qual em seus derradeiros trmo, se reconhece a atuao diligente e excepcional de homens de direo, como o infatigvel Dr. Luiz Nabuco, na obra em desenvolvimento.

O SR. CUNHA MELLO: V. Exa. d licena para um aparte? (assentimento do orador) A bancada do Amazonas e todos os companheiros do Partido Trabalhista Brasileiro congratulam-se com V. Exa. pelas homenagens que recebe no momento, em retribuio operosidade com que se conduziu no momento na 1 Secretaria desta Casa.

O SR. VIVALDO LIMA: Muito obrigado a V. Exa., digno representante do meu Estado e do Partido a que ambos pertencemos. Responderei ao aparte do meu nobre correligionrio, declarando que tudo fiz, tambm, para aquela terra que me outorgou o mandato e me deu oportunidade de, gerindo a 1 Secretaria do Senado, deixar igualmente, seu nome ligado a esta Casa.

O SR. RUI PALMEIRA: O nobre orador d licena para um aparte? (assentimento do orador) A bancada da Unio Democrtica Nacional, associa-se, com a maior satisfao, s manifestaes de apro e justia a atuao de V. Exa. como 1 Secretrio desta Casa. Todos somos testemunhas da maneira eficiente com que V. Exa. se conduziu, e de esperar que, aqule que ora o substitui, prossiga nessa obra de tanto intersse para a Casa, o que deu oportunidade de V. Exa.

O SR. VIVALDO LIMA: Tambm agradeo Unio Democrtica Nacional a manifestao do seu nobre intrprete Senador Rui Palmeira, que muito me cativou. Declaro ao nobre colega, repetindo o que Renan certa vez afirmou: "Os mais belos pensamentos so os que no se escrevem".

Queira aceitar, Senador Rui Palmeira, minha gratido ao modo do meu corao.

Prossigo, Sr. Presidente. Eis o que possvel dizer nestas

poucas e desataviadas palavras, guisa de suscinta exposio de atividades de uma Secretaria prestigiada pelas demais figuras esclarecidas da Comisso Diretora e por um plenrio altamente representativo.

Outrossim, cumprimos o grato dever de expressar nosso reconhecimento pela colaborao emprestada por todos os dedicados servidores desta Casa, sem exceo, em particular no tocante esfera legislativa, ou administrativa, aos consagrados e dinmicos Isaac Brown e Lus Nabuco, extensivo tambm brilhante e combativa equipe de jornalistas, que compem a chamada bancada de Imprensa do Senado.

Era, Senhor Presidente, o que tinha a fazer com, de outro lado, as nossas saudaes e votos de feliz xito nova Comisso Diretora, que tambm se aproveitar, pela merecida reconduo, das luzes, do tirocnio e do esprito pblico de V. Exa. testa dos seus trabalhos. (Muito bem. Palmas prolongadas).

O SR. PRESIDENTE: Tem a palavra o nobre Senador Mendona Clark, para explicao pessoal.

O SR. MENDONA CLARK (para explicao pessoal) *: Sr. Presidente, do meu colega de representao do Estado do Piau, Deputado Jos Victorino Corra, recebi, hoje, a incumbncia de falar, nesta Casa, a respeito dos debates aqui travados, na semana passada, em relao Mtua Parlamentar.

Pede-me o Deputado Victorino Corra, na impossibilidade de usar imediatamente a tribuna da Cmara, devido a dificuldades regimentais, que eu leia a nota da Diretoria da Mtua Parlamentar, da qual Presidente, em esclarecimento s dvida levantadas, nesta Casa do Congresso, no dia 9 do corrente.

E' o seguinte o texto da carta firmada pelo Deputado Jos Victorino Corra: (l)

"Na sesso do Senado Federal do dia 9 do corrente, os ilustres Senadores Gilberto Marinho, Juracy Magalhes, Caiado de Castro, Victorino Freire, Filinto Ml- __________________ * No foi revisto pelo orador.

10 ler e Ruy Carneiro levaram seus protestos contra o atraso no pagamento do peclio Exma. Viva do General Ges Monteiro, por parte da Mtua Parlamentar, ao mesmo tempo que se criticava a suposta falta de providncias por parte da Diretoria da referida Sociedade e relativas ao caso. Cumpre-nos, pois, esclarecer a uns e reesclarecer a outros que o Presidente da Mtua Parlamentar, ao ter conhecimento das graves ocorrncias ali verificadas, oficiou imediatamente ao Senhor Presidente da Cmara, pondo-o a par do acontecido, psto que o funcionrio acusado pertence ao seu quadro de servidores. Ao mesmo tempo solicitou que fssem postos disposio da Diretoria da Mtua Parlamentar, trs funcionrios de ilibada reputao para, sob a presidncia do meu Secretrio Deputado Ostoja Roguski proceder ao necessrio inqurito e levantamento da situao financeira da entidade".

O SR. VICTORINO FREIRE: Permite V. Exa. um aparte?

O SR. MENDONA CLARK: Com todo o prazer.

O SR. VICTORINO FREIRE: Alis, eu ignorava ser o Sr. Victorino Corra o Presidente da Mtua. Conheo o Deputado Victorino Corra pela sua operosidade e honradez, h muitos anos. Trata-se de um grande amigo meu, e de homem da mais alta categoria moral. No teria eu feito reclamaes, nem pediria que se interpelasse a Direo da Mtua, caso o soubesse quem era seu Presidente, porque no teria dvida de que S. Exa. estaria tomando as necessrias providncias para a elucidao dos fatos.

O SR. MENDONA CLARK: Agradeo o aparte de V. Exa.

(Lendo) "Designados, no mesmo dia, pela Presidncia

da Cmara, os Senhores Angelo Lazary de Souza Guedes, Francisco Sebastio Maestralli e Miguel Gonalves de Ulha Cintra, foi pelo Presidente da M-

tua, baixada a necessria portaria de constituio da Comisso, entrando ela no exerccio de suas funes.

Tendo em conta a existncia de muitos associados pertencentes ao Senado Senadores e funcionrios, o Presidente da Mtua Parlamentar, entrou poucos dias aps, em entendimentos com o ilustre Vice-Presidente do Senado Senador Apolnio Salles, pondo-o a par dos acontecimentos e solicitando que designasse um funcionrio daquela Casa do Congresso para acompanhar o inqurito.

O Sr. Vice-Presidente Apolnio Salles designou, posteriormente, o Sr. Franklin Palmeira, que me apresentou Comisso de Inqurito, entrando logo em atividade".

O SR. CAIADO DE CASTRO: Permite V. Exa. um aparte?

O SR. MENDONA CLARIK: Com satisfao. O SR. CAIADO DE CASTRO: Fui citado

nominalmente e desejo dar esclarecimento. No ponho em dvida a honestidade da Comisso Diretora da Mtua e, muito menos, a do seu Presidente, meu velho companheiro e amigo. O que disse, e pedi ao nobre Senador Gilberto Marinho que repetisse, para constar dos Anais, foi que estranhava que at a presente data a Polcia no tivesse tido conhecimento do caso. O funcionrio que furtou o dinheiro das vivas, no furtou como funcionrio da Cmara. Se houve furto e falo pelo que li nos jornais aqule cidado furtou como simples empregado da Mtua Parlamentar. Assim, parece-me que a Polcia devia ser cientificada do fato a fim de tomar as devidas providncias. Causou-me surpresa os reiterados pedidos das vivas, particularmente o da do meu querido chefe e amigo, General Ges Monteiro, que at agora no haviam recebido os respectivos peclios. Quero tambm deixar bem claro, nobre Senador, que no tenho a menor dvida sbre a honestidade dos ilustres Deputados, dois ou trs dos quais conheo pessoalmente. O aparte por mim dado h poucos dias ao Senador Gilberto Marinho no importa

11 qualquer restrio honestidade deles. Pedi apenas que se pusesse o apito na boca e gritasse "Polcia! Polcia"! Desejo que esta apure devidamente o fato e tome as providncias necessrias.

O SR. VICTORINO FREIRE: As providncias j foram tomadas pelo Deputado Victorino Corra, conforme acaba de afirmar o Senador Mendona Clark.

O SR.CAIADO DE CASTRO: J nos foi sugerido que entrssemos com outra prestao, de maneira que a viva de um nosso colega no fsse prejudicada. Fao questo de frisar que fiquei ciente dos fatos, pelo que li nos jornais. Na realidade, porm, no faltam apenas dois, mas, sim, trs peclios. Quando ingressamos na Mtua Parlamentar pagamos adiantadamente uma quota, de modo a existir sempre saldo. Se, porm, ste no existe, juntaram-se mais dois outros, h falta de trs saldos, digamos. No duvido, absolutamente, repito da honestidade dos nossos colegas da Cmara nem tive a menor inteno de lanar qualquer suspeita, sbre os mesmos; apenas colaborando com o meu nobre companheiro de bancada, Senador Gilberto Marinho, pedi a S. Exa: acrescentasse que havia necessidade de se colocar o apito na boca a gritar: "Polcia! Polcia!". O simples fato de conseguir a restituio do dinheiro se que isto chegou a realizar-se no justifica o ocorrido nem isenta o funcionrio da Mtua do crime praticado; do contrrio estaramos estimulando a todos que praticam desfalque.

O SR. VICTORINO FREIRE: No poda ser punido de plano. Foi instituda uma Comisso de Inqurito, da qual fazem parte um funcionrio do Senado e o Deputado Victorino Corra, alis General, grande amigo meu e homem da mais alta probidade, como reconhecemos.

O SR. CAIADO DE CASTRO: De acrdo com V. Exa.

O SR. VICTORINO FREIRE: Nem pode haver punio antes de terminado o inqurito e apurada a responsabilidade. Os culpados, ento, sero punidos.

O SR. CAIADO DE CASTRO: Discordo de V. Exa. No meu ponto de vista

o inqurito administrativo se instaura para apurar ato praticado por um funcionrio da Cmara, e o Inqurito Policial sbre um funcionrio da Mtua.

O SR. VICTORINO FREIRE: Outras providncias j foram tomadas, segundo afirma o Deputado Victorino Corra.

O SR. JURACY MAGALHES: Permite o nobre orador um aparte?

O SR. MENDONA CLARK: Pois no. O SR. JURACY MAGALHES: No que

concerne s minhas apreciaes em aparte ao discurso do nosso ilustre colega Senador Gilberto Marinho, de nenhuma forma pensei, sequer, em suspeitar da lisura e honestidade dos nossos companheiros que, dirigindo a Mtua Parlamentar, tomaram a responsabilidade de zelar pelo peclio dos companheiros falecidos. Na sua prpria carta, o ilustre Deputado Victorino Correia, no declara haver uma culpa. Admite o fato de forma condicional, quando est farto de saber que houve desfalque. Sinto que o tom blandicioso para com os homens que desviaram o dinheiro da Mtua, o mesmo tom geral da administrao pblica, de que falei. A respeito de ladro, fala-se soft, suavemente, como se no se pudesse ofender essas vestais que so os ladres doe dinheiros pblicos. Peo a Vossa Excelncia tomar em considerao o aspecto moral, que eu ressalvo, de qualquer acusao honestidade dos companheiros que dirigem a Mtua. Quanto desdia administrativa perdoe-me V. Exa. se fr necessrio prov-la, eu o farei.

O SR. MENDONA CLARK: Sr. Presidente, desejaria apenas em resposta aos apartes dos nobres Senadores Caiado de Castro e Juracy Magalhes, reafirmar que da parte da comisso que est investigando o caso, na Cmara, no h nenhum intuito de ocultar responsabilidade; smente ainda no foram terminadas as investigaes.

O SR. JURACY MAGALHES: Vossa Excelncia d licena para outro aparte?

12

O SR. MENDONA CLARK: Pois no. O SR. JURACY MAGALHES: Figuremos

esta hiptese: um funcionrio da casa comercial de V. Exa. depositrio de determinada quantia, a qual obrigado a recolher a um banco. Se V. Exa. pedisse a sse empregado prestao de contas e le no as pudesse prestar imediatamente, no concluria V. Exa. pela existncia de um desfalque?

O SR. MENDONA CLARK: De fato, no posso, de modo algum, deixar de reconhecer a existncia do desfalque. Houve, talvez demasiada confiana por parte da Diretoria da Mtua nesse velho servidor da Cmara, mas no se pode culpar, sem provas concretas, um funcionrio com mais de 40 anos de servio, como verifiquei no "Dirio do Congresso Nacional".

O SR. CAIADO DE CASTRO: Mais grave ainda a situao.

O SR. JURACY MAGALHES: A sse respeito, eu disse aqui ontem que, mesmo depois de 40 anos de bons servios, ningum pode roubar, pelo menos impunemente.

O SR. MENDONA CLARK: De qualquer maneira, o que desejo dizer ao Senado, conforme carta da Mtua Parlamentar que estou lendo, que as autoridades constitudas da Comisso de Inqurito esto apurando os fatos, e os responsveis certamente sero punidos.

Posso adiantar, mais que de uns dez dias para c, antes mesmo dos discursos proferidos no Senado crca de trezentos mil cruzeiros retornaram aos cofres daquela associao. Isto no isenta de responsabilidade aqules que praticaram o furto, mas, de qualquer maneira, a Comisso est agindo de modo enrgico e com habilidade, facilitando a volta aos cofres da Mtua do dinheiro do peclio legado pelos parlamentares falecidos.

O SR. CAIADO DE CASTRO: Permite V. Exa. mais um aparte?

O SR. MENDONA CLARK: Com todo o prazer.

O SR. CAIADO DE CASTRO: Embora a Comisso esteja agindo com inten-

es de apurar o fato, est procedendo com muita lentido. As vivas precisam do dinheiro. Quando um de ns torna-se scio da Mtua Parlamentar, o faz na base da confiana. Logo aps nosso falecimento, os herdeiros devem receber a importncia devida, muitas vzes indispensvel para saldar os primeiros compromissos. De modo geral, ns, funcionrios, senadores e deputados, somos pobres. H um grupo de ricos aos quais no far diferena o no recebimento dsse pagamento. Eu me incluo, por infelicidade minha, no grupo dos pobres, e, para meus herdeiros, creio que faria muita falta o no recebimento do peclio. Segundo j ouvi aqui no Senado, a falta do cumprimento dessa Obrigao, por parte da Mtua, est prejudicando os herdeiros das duas famlias, que tiveram a desventura de perder seus chefes. Acho, nobre Senador, que o inqurito est sendo muito lento.

So como sses projetos de cuja apresentao nos encarregaram as Comisses. Aconteceu comigo; mandaram-me apresentar determinada proposio. Apresentei-a. Considerada projeto parte, vem rolando pelos arquivos. No nos interessa, solucione a Comisso o caso daqui a um ou dois anos. Se no me falha a memria, j decorreram seis meses do falecimento do primeiro muturio e quatro ou cinco do Ex-Senador Ges Monteiro. Se juntei meu protesto ao do nobre colega, Senador Gilberto Marinho, foi sobretudo, por ste motivo. Continuo na convico de que se o crime fsse praticado pelos funcionrios no exerccio das suas funes de servidores da Cmara dos Deputados, o inqurito administrativo teria prioridade. Os responsveis, porm pelo crime crime que, alis, no posso afirmar, at agora, hoje sido praticado porquanto dle apenas tenho informao de jornais agiram na qualidade de funcionrios da Mtua. Nesse caso, o inqurito policial deve correr paralelamente ao administrativo. ste o ponto que fao questo de ressaltar. Queria ver o apito na boca chamando a polcia: que esta examinasse o caso para verificar se houve realmente desfalque, e quais os responsveis, para le-

13 v-los, no s perante a Comisso de inqurito da Cmara dos Deputados, como tambm Polcia.

O SR. MENDONA CLARK: Agradeo ao nobre Senador Caiado de Castro os esclarecimentos. Reafirmo, entretanto, a V. Exa., que um dos membros da Comisso de Inqurito homem de responsabilidade, funcionrio altamente categorizado da Cmara dos Deputados, j tendo, inclusive, ocupado, inteiramente, a Pasta da Fazenda. No podemos deixar de reconhecer que, entregue a sse homem a presidncia da Comisso de Inqurito, certamente colheremos os melhores resultados. A primeira providncia, alis, dsse rgo, foi o recolhimento, quase sem alarde policial, dos depoimentos, embora, mais tarde, se fr o caso, v o processo para o mbito policial, depois de concludo administrativamente. Uma das habilidades da Comisso foi de reaver, em parte, o dinheiro da Mtua para, depois, aplicar a penalidade que o Inqurito determinar.

O SR. GILBERTO MARINHO: Permite V. Exa. um aperta?

O SR. MENDONA CLARK: Pois no, com prazer.

O SR. GILBERTO MARINHO: Quando tomei a iniciativa de pedir a ateno dos dirigente da Mtua Parlamentar para a demora na satisfao do pagamento do peclio devido digna famlia do grande e saudoso brasileiro. General Ges Monteiro, no me ocorreu o mais remoto propsito de atingir de forma alguma o meu eminente correligionrio e honrado colega Deputado Victorino Corra.

O SR. MENDONA CLARK: Agradeo o aparte de V. Exa. Prossigo, Sr.Presidente, na leitura da carta: (Lendo):

"Antes que a Comisso proceda ao seu trabalho de apurao de responsabilidades e apresente seu relatrio, pensamos no nos caber novas providncias, salvo as que temos tomado no sentido de serem pagos, dentro do menor tempo possvel os beneficirios dos dois pe-

clios em atraso e cujos montantes esto sendo apurados pela Comisso de Inqurito.

Posteriormente ser convocada uma Assemblia da Mtua para os devidos fins. At ento a Diretoria da Mtua Parlamentar continuar disposio dos Sra. Associados para quaisquer esclarecimentos que possam pretender.

Rio de Janeiro, 11 de maro de 1957. a) Victorino Corra, Presidente; Ostoja Roguski, Secretrio, Benedito Vaz, Tesoureiro".

Sr. Presidente, Srs. Senadores: com estas explicaes, julgo haver-me desincumbido da misso que me delegou o companheiro de representao do Estado, Deputado Victorino Corra, impossibilitado, em virtude do Regimento da Cmara de prestar stes esclarecimentos Nao. (Muito bem).

O SR. JURACY MAGALHES (para explicao pessoal):* Sr. Presidente, volto a cata tribuna, em explicao pessoal, para iniciar um dilogo com o eminente colega, Senador Filinto Mller, em cuja sinceridade confio plenamente.

O SR. FILINTO MULLER: Obrigado a V. Exa.

O SR. JURACY MAGALHES: Sei que S. Exa. porfiar, com o mesmo vigor por que o farei, em eliminar da Administrao aqules que no tm a probidade indispensvel para lidar com a coisa pblica.

Quando, desta tribuna, afirmei que, no atual Govrno, nenhum ladro iria para a cadeia, afirmei uma verdade da qual estou totalmente convencido e espero levar ao conhecimento da Casa e da Nao.

O SR. FILINTO MULLER: Permite V. Exa. um aparte?

O SR. JURACY MAGALHES: Pois no. O SR. FILINTO MULLER: Divergimos

fundamentalmente de V. Exa. Consideramos a afirmao do nobre colega inteiramente pessoal e dela divergimos. Tive oportunidade, ontem, de __________________ * No foi revisto pelo orador.

14 lanar desta tribuna, um repto, no s a V. Exa., mas a todo o Senado, e a todos os cidados brasileiros, no sentido de que no faam acusaes vagas e sim crticas concretas, porque o Govrno da Repblica, empenhado como est na moralizao dos servios pblicos e em cumprir, com rigorosa honestidade, o seu dever, punir os que praticarem deslises no exerccio de cargos pblicos.

O SR. JURACY MAGALHES: Creio, nobre Senador Filinto Mller, que o nosso dilogo ser frutuoso para a Nao, desde que confio na sinceridade de V. Exa. para cobrar do Govrno as providencias indispensveis moralizao administrativa do Pas.

O SR. FILINTO MLLER: Agradeo a confiana que V. Exa. manifesta em relao a mim, qual, no tenha dvidas, hei de corresponder. Quero, porm, declarar que no serei eu quem v cobrar do Govrno da Repblica as medidas que V. Exa. aponta; o prprio Govrno as tomar, interessado, como est, torno a acentuar no cumprimento de seu dever, com absoluta honestidade e rigor, a respeito aos dinheiros pblicos.

O SR. JURACY MAGALHES: J vejo, Sr. Presidente, que o nobre Senador Filinto Mller no me prestar a colaborao que de S. Exa. eu esperava, cobrando do Govrno, cuja palavra traduz nesta Casa, as providncias indispensveis soluo dos caso concretos que hei de trazer a esta tribuna.

Para melhor compreenso do Senado do que esta rdua luta contra os ladres dos dinheiros pblicos e para justificar minha atitude, intimorata e intemerata, preciso fazer um pouco de histria.

O SR. MENDONA CLARK: V. Exa. d licena para um aparte?

O SR. JURACY MAGALHES: Com todo o prazer.

O SR. MENDONA. CLARK: H de V. Exa. lembrar-se de que, em maro de 1956, o nobre colega, numa atitude que muito me confortou, apoiou-me quando denunciei, nesta Casa, vrios

fatos graves que se passavam em meu Estado, relativamente a associaes de benemerncia.

O SR. JURACY MAGALHES: Lembro-me perfeitamente.

O SR. MENDONA CLARK: V. Exa. nessa ocasio, deu-me seu apoio, pelo qual, desde ento, sou-lhe grato.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. o ter sempre que o quiser. Espontneamente, estarei pronto a ser-lhe til.

O SR MENDONA CLARK: Naquela ocasio, pediu-me V. Exa. no ficasse, apenas na denuncia, mas cobrasse do Govrno as providncias necessrias. Julgo oportuno o momento, em face da acusaes que o nobre colega faz ao Govrno Federal!, para informar a V. Exa. que, em despacho enrgico, se no me engano de 5 de janeiro de 1957, o Sr. Ministro da Justia, atendendo quelas reclamaes, aps diligncias para apurar os fatos denunciados ao Senado naquela ocasio, mandou restituir o dinheiro recebido indevidamente.

Por isso, quero em primeiro lugar, cumprir, para com V. Exa., um compromisso que tenho, de no deixar smente em palavras as minhas acusaes; em segundo lugar, demonstrar ao nobre colega que, com relao s acusaes por mim formuladas e provadas, o Govrno Federal tomou as providncias cabveis.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. traz, neste instante o seu depoimento Nao mas provarei ao meu nobre aparteante que a falha fundamental do atual Govrno exatamente, esta: quando h que coibir um abuso contra a honestidade no trato dos dinheiros pblicos, em vez do Govrno proceder como autoridade zelosa do seu bom nome perante a opinio pblica, em vez de agir com a energia e vigor indispensveis, o Govrno chega e sussura, no ouvido dos funcionrios faltosos: "Fulano, pea sua demisso porque as acusaes contra voc so gravssimas".

O SR. FILINTO MLLER: Permite V. Exa. um aparte?

15

O SR. JURACY MAGALHES: Concedo, com prazer.

O SR. FILINTO MLLER: Perece-me que o nobre colega est criando um romance, que seria literrio e muito bonito, se fsse exato o que V. Exa. assevera; mas o Govrno nunca fz isso, nunca sussurou a ningum.

O SR. JURACY MAGALHES: Nobre Senador Filinto Mller, fiz, ontem, uma pergunta a V. Exa. e a repito, agora, da tribuna do Senado: Poder o meu eminente colega citar o nome de um s funcionrio demitido a bem do servio pblico, pelo atual Govrno?

O SR. FILINTO MLLER: Cabe a V. Exa. cit-lo para no ser acusado de leviano perdoe-me a expresso na sua afirmativa, que no estaria bem com o passado, a tradio poltica e valor do nobre colega.

O SR. JURACY MAGALHES: No farei acusaes levianas, pois nunca pautei minha vida na prtica de atos levianos. Qualquer suposio nesse sentido, portanto, inteiramente gratuita e no a admito.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. no pode pretender que eu decline nomes de funcionrios aos quais o Govrno haja sussurado que pedissem demisso quando o nobre colega no concretiza sua acusao.

O SR. JURACY MAGALHES: Vou concretizar, nobre Senador Filinto Mller, pois nosso dilogo ser longo.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. dirigiu a Petrobrs e durante sua gesto na presidncia daquela Companhia, no l notcia alguma de que houvesse demitido a bem do servio pblico qualquer funcionrio desonesto.

O SR. JURACY MAGALHES: Em uma companhia em organizao como poderia eu demitir algum?

O SR. FILINTO MLLER: Dai no se infere que V. Exa. no quisesse fazer na Petrobrs uma administrao honesta. O fato de V. Exa. no fazer demisso, a bem do servio pblico, deve significar que naquela repartio

havia funcionrios exemplares e merecedores de todo apro.

O SR. JURACY MAGALHES: Vou esclarecer, nobre Senador, o fato a que me referi h poucos instantes: Quando dizia eu a V. Exa. no haver, por parte do Govrno, um s ato praticado ostensivamente em benfcio do Pas, o nobre colega retrucou alegando que o Executivo acabava de demitir o Diretor do SAMDU por no considerar tal nomeao condizente com as normas do Govrno. Mas, ao que estou informado, sse Diretor saiu, tranqilamente, do seu psto para, no outro dia, desempenhar nova funo neste mesmo Govrno.

sse o clima de impunidade a que me referi, clima que cria nos ladres, a convico de que tero, sempre, na palavra do Govrno um advogado para as roubalheiras que pratiquem.

O SR. FILINTO MLLER: No apoiado! E' uma acusao injusta que Vossa Exa. faz: Trouxe eu o exemplo do Diretor do SAMDU, porque quando acabava de lanar da tribuna do Senado um repto aos homens de conscincia, para que no fizessem acusaes vagas e as concretizassem o nobre Senador Alencastro Guimares, cuja ausncia, no momento, lamento, me declarou, logo a seguir, que h bem pouco tempo havia sido dispensado o Diretor do SAMDU, no por dilapidao dos dinheiros pblicos, mas porque tivera procedimento irregular na administrao. Quando V Exa. se dirigiu a mim e perguntou se eu conhecia o fato, respondi que havia tido conhecimento da dispensa do funcionrio que dirigia aqule departamento pblico atravs da informao, naquele momento dada pelo nobre Senador Alencastro Guimares.

O SR. JURACY MAGALHES: sse, exatamente, o gnero de atitudes que condeno no Govrno: chega ao Diretor do SAMDU e lhe pede que se afaste do cargo porque a "onda" contra a sua vida pbica insuportvel e irremovivel.

O Govrno no tem elementos para defender os funcionrios e, ento, afasta-os, tranqilamente, como se fssem cidados prestantes.

16

O SR. FILINTO MLLER: No exata a informao de V. Exa.

No posso me aprofundar quanta questo do SAMDU, porque dela tomei conhecimento atravs do nobre Senador Alencastro Guimares. Desconhecia eu quem fsse o Diretor dessa Repartio. Posso afirmar a V.Exa., entretanto, no houve, no h nem haver caso de dilapidao dos dinheiros pblicos que tenha ficado ou fique impune na atual Administrao.

O SR. JURACY MAGALHES: Devo mostrar a origem do dilogo que pretendo manter com V. Exa. No Dirio do Congresso de 14 de maio de 1955, fiz Nao brasileira a mais estarrecedora denncia contra um homem pblico brasileiro. Acusei o ex-Governador Regis Pacheco de se haver apropriado de dez milhes de cruzeiros dos dinheiros pblicos, depositados em conta particular em seu nome e pagos em cheques ao portador, a correligionrios de V. Exa. e correligionrios de outros partidos polticos, at extinguir aquela soma. A essa acusao ouvi do nobre lder do Partido Social Democrtico, nosso eminente Vice-Presidente Senador Apolnio Salles:

O SR. APOLNIO SALLES: Permite V. Exa. um aparte (Assentimento do orador) Os fatos que V. Exa. est expondo ao Senado revestem-se sem dvida, de alta gravidade, em face da autoridade moral da V. Exa., que todos reconhecemos. Desconheo os pormenores das acusao que V. Exa. faz da alta tribuna do Senado: mas estou certo de que o ex-Governador Regis Pacheco h de trazer ao Senado e ao Pas os motivos de defesa, com que justifique, perante a opinio geral, os atos de que V. Exa o acusa.

O SR. FILINTO MLLER: Muito bem. O SR. JURACY MAGALHES: No

acredito que o Governador Regis Pacheco possa encontrar justificativa para a acusao que ora lhe fao; mas gostaria que V. Exa. se investisse na con-

dio de defensor pblico para apresentar a esta Casa quaisquer justificativas que le oferea. Os fatos tm gravidade, no, como V. Exa. declarou, pela minha autoridade moral afirmao que agradeo a V. Exa., mas porque so hediondos e sem precedentes na vida pblica brasileira.

O SR. APOLNIO SALLES: Os fatos tero gravidade se realmente provados, como acreditamos que V. Exa. de boa f os esteja tomando como verdadeiros.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. ver que estou denunciando ao Senado fatos documentados. Comecei meu discurso, exatamente, declarando que essa indiscriminao de ataques injustos aos polticos constitui um desservio democracia.

Trago ao Senado um libelo acusatrio contra o Sr. Regis Pacheco e no acredito que le se defenda de qualquer forma. Acusaes muito menos graves e menos documentadas nunca foram por le desmentidas. Sempre se encastela numa mudez tumular. No creio que, mesmo sse aparte de V. Exa. dado com o proposito generoso de salvar a reputao do homem pblico, encontre ressonncia em seu esprito. Se zelasse pelo respeito de seu nome, seria o primeiro a querer depor perante a Comisso de Inqurito da Assemblia Legislativa Baiana.

O SR. APOLNIO SALLES: Continuo a acreditar que o Senhor Regis Pacheco tenha o maior intersse em trazer ao Senado argumentaes que sirvam para a defesa do seu nome, sem dvida duramente acusado pelas adues que V. Exa. faz nesta tribuna.

O SR. JURACY MAGALHES: Infelizmente no posso participar do otimismo de V. Exa."

E por a foi o debate, Sr. Presidente. O SR. LIMA GUIMARES: Permite V. Exa.

um aparte?

17

O SR. JURACY MAGALHES: Concede-lo-ei com muito prazer, em seguida, quando terminar a narrao dsse trecho.

Dois meses exatamente depois consta do Dirio do Congresso de 14 de julho de 1955 voltava eu a esta mesma tribuna para relembrar o episdio e cobrar alguma coisa que no fra cumprida.

Dizia eu: "Lembro-me muito bem que o

honrado Senador Apolnio Salles, a cujas virtudes cvicas rendo as minhas homenagens o qual, por isto mesmo se estarrecera com a extrema gravidade de meu libelo-crime acusatrio, aparteou o meu discurso para declarar que estava certo que seu correligionrio, o ex-Governador Regis Pacheco, haveria de trazer ao Senador e ao Pas os motivos de defesa que justificassem, perante a opinio geral, os atos de que eu o acusava. Disse mais Sua Excelncia que os fatos teriam "gravidade se realmente provados" acreditando que eu, de boa f, os tivesse considerando como verdadeiros. Declarou, ainda, S. Exa. acreditar "que o Sr. Regis Pacheco tenha maior intersse em trazer ao Senado, argumentaes que sirvam para a defesa do seu nome", sem dvida, duramente acusado por mim. Manifestei ao Senador Apolnio Salles e antecipei ao Senado o meu ceticismo sobre a remota possibilidade de que o ex-Governador Regis Pacheco viesse a proferir qualquer defesa, pois a mesma seria impossvel diante da evidncia e da gravidade das acusaes por mim formuladas".

(Interrompendo a leitura) Senhor Presidente, peo aos nobres colegas da Maioria aguardem um pouco, para que eu possa chegar comprovao da minha tese.

O clima de impunidade dos ladravazes o clima reinante no Brasil.

O SR. FILINTO MLLER: No apoiado!

O SR. JURACY MAGALHES: Desgraadamente, esta a verdade.

O SR. FILINTO MLLER: Esperarei que V. Exa. conclua; mas deixo consignado o meu no apoiado em relao s afirmativas injustas que est fazendo.

O SR. JURACY MAGALHES: Vou mostrar a V. Exa.

Quem acusei, duramente, desta tribuna, com provas indiscutveis? Por mais corajoso que seja, algum elemento poltico do Partido Social Democrtico ousar contestar a fra daquela acusao?

A quem acusei, seno ao Presidente da Seo do Partido Social Democrtico da Bahia quele tempo?

O SR. FILINTO MLLER: No lhe competia tom-las.

O SR. JURACY MAGALHES: No as podia tomar porque o PSD era usufrutrio dos cheques emitidos pelo Sr. Regis Pacheco.

O SR. FILINTO MLLER: No apoiado. No podia o PSD tom-las, repito, porque no lhe competia.

O SR. JURACY MAGALHES: Vou mostrar a V. Exa. Acalme-se, contenha-se, aguarde, porque as decepes de V. Exa. sero muito profundas.

O SR. FILINTO MLLER: No sero profundas; e no posso deixar de protestar contra essas afirmaes injustas, inclusiva porque. V. Exa, est no Senado com o voto de parte do PSD da Bahia.

O SR. JURACY MAGALHES: Exatamente a parte honrosa do PSD da Bahia.

O SR. FILINTO MLLER: Porque votou em V. Exa.?

O SR. JURACY MAGALHES: No! Porque procedeu com correo no trato dos dinheiros pblicos. No estou satisfeito com o Governador Antnio Balbino na sua conduta poltica com o meu partido; mas estou satisfeito com a honradez que tem demonstrado no trato dos dinheiros pblicos da Bahia.

18

Sr. Presidente, continuo, porm, a provar o clima da impunidade.

A acusao foi feita ao Presidente da Seo baiana do Partido Social Democrtico. E', no entanto, justamente o Lder da Maioria, na Cmara dos Deputados, o Deputado Vieira de Mello, um dos advogados qua assinam a petio de agravo para libertar o Sr. Regis Pacheco da ameaa de cadeia! E' sse homem, vingado liderana da Maioria e prestigiado pelo Presidente da Repblica, quem defende a causa de um dilapidador dos dinheiros pblicos e hoje, num jornal do Govrno, vem declarar em nome do Chefe da Nao que S. Exa. aceita o repto, nos seguintes trmos:

"Em primeiro lugar, a increpao injuriosa no atinge ao Govrno, mas, Justia, porque a ela compete prender, processar e condenar os ladres".

Sr. Presidente, vm V. Exa, e os Srs. Senadores e a Nao que ao Govrno da Repblica no cabe qualquer providncia contra os ladres. A Justia, se quiser, que os processe, que os prenda, que os puna, porque graas aos sortilgios do nobre Lder da Maioria o Sr. Presidente da Repblica se considera inteiramente estranho s obrigaes fundamentais do seu cargo preservar a dignidade da vida administrativa do Pas.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa, est levando a debate para um terreno absolutamente sem base.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. deveria ficar feliz se isto fsse verdade.

O SR. FILINTO MLLER: Estou feliz, porque, apesar da grande inteligncia e habilidade com que V. Exa. faz o ataque, le fraco.

O SR. JURACY MAGALHES: Sente o nobre colega que estou atacando exatamente os fundamentos morais, para mostrar que o clima de impunidade foi criado pelo Govrno do Sr. Juscelino Kubitschek para proteger os ladres dos dinheiros pblicos.

O SR. FILINTO MLLER: O ataque de V. Exa. fraco; no destroi os fundamentos morais do Govrno. Estou

muito satisfeito de verificar como est conduzindo o seu ataque e a sua oposio, pretendendo estender ao Senhor Presidente da Repblica a responsabilidade de fato que tem que ser apurado precipuamente na Bahia e pelo Govrno do Estado.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. vai ver que estou aludindo a ste fato apenas para dar o trco ao Deputado Vieira de Mello.

O SR. FILINTO MLLER: A questo de V. Exa. com o Sr. Vieira de Mello prende-se ao Govrno da Bahia.

O SR. JURACY MAGALHES: Minha conversa com V. Exa. outra; minha conversa com V. Exa, bem concretazinha; a minha conversa com V. Exa. bem particular. V. Exa. aguarde, no se exaspere, no se apoquente, no se exalte.

O SR. FILINTO MLLER: No estou exasperado, absolutamente; ao contrrio, estou muito satisfeito pelo modo como V. Exa. conduz sua critica.

O SR. JURACY MAGALHES: Sr. Presidente, prossegue a declarao do Lder da Maioria:

"Mas, nem por isso deixando de apanhar a

luva to grosseiramente atirada pelo Senador Magalhes, manifesto a minha estranheza frente ao contraste que se estabelece entre a ousada afirmativa e o desafio at hoje sem resposta feito por mim da tribuna da Cmara, para que os nonos adversrios apontassem fatos que demonstrassem qualquer deslize do Govrno em sua notria preocupao de realizar administrao de cunho moral inatacvel".

Sr. Presidente, ao Sr. Deputado Vieira de

Mello eu responderia apenas com as seguintes palavras: Se S. Exa. quer que eu aponte no um ladro, mas, vinte e trs ladres Nao, publique a lista dos beneficirios dos cheques ao portador emitidos pelo ex-governador da Bahia, Sr. Regis Pacheco. Basta isso e eu darei logo a contribuio valiosa dsse magote de ladres, para o rol que S. Exa. deseja guardar nalgum recanto espe-

19 cial de um museu do Estado pois, de certo, de S. Exa. no espero qualquer providncia contra os ladres do dinheiro pblico.

Sr. Presidente, o clima da impunidade dos desonestos, foi criado desde o dia em que o Chefe da Nao, forado por uma oposio dramtica, no concordou fossem investigados os bens que relacionou como conquistados custa do suor do seu rosto.

O SR. FILINTO MLLER: No apoiado! O SR. JURACY MAGALHES: Desde

aquele instante criou-se o clima da impunidade para o seu futuro Govrno.

O SR. FILINTO MLLER: No! O SR. JURACY MAGALHES: E S. Exa.

ainda hoje alimenta sse clima da impunidade coram populo at pela palavra de homens como o Senador Filinto Mller.

O SR. FILINTO MLLER: No apoiado. O Presidente da Repblica nada tem a recear quanto investigao dos seus bens. A maioria da Cmara dos Deputados que no permitiu se fizesse uma investigao cujo objetivo era levar ao pelourinho, para desmoralizar, um homem que vinha agindo corretamente e defendendo o seu direito democrtico de candidatar-se a Presidncia da Repblica. A acusao profundamente injusta e, permita-me V. Exa., profundamente indelicada, pois dirigida a um homem que sempre o respeitou e o teve na mais alta considerao.

O SR. JURACY MAGALHES: Devo dizer a V. Exa. que, at ste instante, no proferi uma palavra descorts ao Presidente da Repblica.

O SR. FILINTO MLLER: A acusao que V. Exa. lhe faz terrivelmente descorts e profundamente injusta.

O SR. JURACY MAGALHES; Se V. Exa. conseguir provar que pratiquei qualquer ato de indelicadeza, que infrigi as boas normas da vida parlamentar, pedirei ao Presidente desta Casa o cancelamento de qualquer expresso indevidamente empregada.

O SR. FILINTO MLLER: A descortesia e a injustia de V. Exa. esto na acusao de que o Sr. Presidente da Repblica cobre com o manto da sua responsabilidade os que dilapidam os dinheiros pblicos e se acobertou na impunidade para evitar se averiguasse a maneira pela qual houve os bens que possui. Sabe V. Exa., perfeitamente, que o Sr. Juscelino Kubitschek fz a declarao dos seus bens, e no poderia, jamais, se prestar a um inqurito programado ou sugerido pelos golpistas de 1955, para apoiar, sua candidatura Presidncia da Repblica.

O SR. JURACY MAGALHES: Senador Filinto Mller, no me agasto por V. Exa. deturpar as minhas palavras; alis, no creio que o tenha feito intencionalmente. Afirmei que sse clima de impunidade para os ladres dos dinheiros pblicos havia sido criado desde que o Presidente da Repblica no conseguiu fossem investigados os bens relacionados por S. Exa., como obtidos...

O SR. LIMA GUIMARES: Que Sua Exa. no permitiu V. Exa. que o est afirmando.

O SR. JURACY MAGALHES: A maneira de no consentir pode ser atravs do Partido de V. Exa., que muito ama os sentimentos generosos da maioria.

O SR. LIMA GUIMARES: No houve manifestao de Partido, mas pronunciamento da maioria da Cmara.

O SR. JURACY MAGALHES: No afirmei que o Sr. Juscelino Kubitschek procurava impunidade, negando a investigao dos seus bens, isso fica por conta do nobre Senador Filinto Mller.

O SR. FILINTO MLLER: Tenha pacincia, o nobre Senador Juracy Magalhes! O atual Presidente da Repblica no se negou; fez a declarao de bens. Apenas, um grupo de exploradores da opinio pblica, no intuito de envenenar a opinio pblica brasileira e enfraquecer a candidatura do Sr. Juscelino Kubitschek, lanou a idia de se descrer daquela declarao de S. Exa., para conseguir seus objetivos, mas a maioria dos

20 Deputados no se prestou a essa manobra.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. me perda, mas o homem que chefiava essa campanha contra o ento candidato, o Sr. Juscelino Kubitechek, era o nobre Deputado Adauto Lucio Cardoso, uma das figuras mais ntregas da representao do povo no Parlamento Nacional.

O SR. MEM DE S: Permite Vossa Excelncia um aparte?

O SR. JURACY MAGALHES: Com prazer, to logo conclua meu pensamento.

No seria justificvel que o Senhor Presidente da Repblica se negasse, atravs do voto ou da manifestao dos seus companheiros de campanha poltica, quela investigao, que um dever moral de todo homem pblico.

O SR. FILINTO MLLER: O Presidente nunca se negou; fz a declarao dos seus bens.

O SR. JURACY MAGALHES: Se V. Exa., qualquer Senador, qualquer jornalista ou Deputado quiser conhecer os bens que possuo, os apresentarei em cinco minutos e deixarei investigar tudo o que quiserem, com a maior tranquilidade.

Acredito que V. Exa., Senador Filinto Mller, homem de grande probilidade, interpelado sbre como adquiriu a casa, ou apartamento ou outros bens que possui, imediatamente se submeteria a tdas as investigaes, porque considera isso um ponto de honra na sua vida pblica.

O SR. FILINTO MLLER: O Presidente da Repblica fz sua declarao de bens; a investigao que era capciosa.

O SR. LIMA GUIMARES: Eu no aceitaria a investigao.

O SR. JURACY MAGALHES: No me interessa a considerao subjetiva se seria ou no humilhao para S. Exa. O que fato que o Sr. Juscelino Kubitschek no permitiu a investigao.

O SR. LIMA GUIMARES: Com sse sentido, tambm eu no a permitiria.

O SR. FILINTO MULLER: O Sr Juscelino Kubitschek no se recusou.

O SR. JURACY MAGALHES: Sr. Presidente, no vim tribuna para retornar acusao, mas, apenas, para cit-la como um dos fundamentos morais para sse clima de impunidade, a que me referi, o que resultou do pronunciamento dos prprios elementos da Maioria.

O SR. FILINTO MLLER: No apoiado! V. Exa. no pode dizer que em nossa manifestao houvesse propsito de criar clima de impunidade.

O SR. JURACY MAGALHES: Nossa conversa vai ser longa, prezado Senador Filinto Mller...

O SR. FILINTO MLLER: Espero por ela tranquilamente.

O SR. JURACY MAGALHES: ... e virei tribuna, dia a dia, para conversar com V. Exa., por exemplo, sbre a importao de uisque a meio dlar; para saber como o Sr. Presidente da Repblica indulta um contrabandista condenado a um ano de cadeia; virei tribuna para perguntar a V. Exa. como o Sr. Presidente da Repblica nomeia um indivduo absolutamente idneo para posto de representao do nosso pas no exterior.

O SR. FILINTO MLLER: Enumere V. Exa. os fatos, e ter resposta a todos les.

O SR. JURACY MAGALHES: Por enquanto, s desejo fixar que h no Brasil, infelizmente, sse clima de impunidade para os dilapidadores dos dinheiros pbicos.

O SR. FILINTO MLLER: Quanto a esta afirmativa, levando desde j meu protesto, e quantas vzes V. Exa. vier tribuna, tantas estarei nela para responder, seno imediatamente, por desconhecimento dos fatos, to logo obtenha, sbre o que V. Exa. argir, os devidos esclarecimentos. Se eu no vier, aqui estar um dos elementos da Maioria, pronto a desfazer as acusaes injustas levantadas contra o senhor Presidente da Repblica.

O SR. JURACY MAGALHES: Estou pronto a ouvir, agora, o aparte

21 h pouco solicitado pelo nobre Senador Mem de S.

O SR. MEM DE S: Embora trdiamente, apresento meu protesto s palavras do nobre Senador Filinto Mller. S. Exa. est sendo cioso a respeito de acusaes injustas, mas usou de duas expresses profundamente injustas e descorteses em relao. aos membros da Oposio que requereram a Comisso de Inqurito para averiguar os bens do Sr. Juscelino Kubitschek. O nobre lder da Maioria no deveria apod-los de golpistas e exploradores, quando estavam apenas cumprindo seu dever parlamentar, principalmente havendo entre les muitas. figuras dignas e relevantes do cenrio nacional, como o Deputado Adauto Lucio Cardoso, o apoio de golpista ou explorador, a quem no admissvel lanar.

O SR, JURACY MAGALHES: Devo dizer que citei apenas o nome do nobre Deputado Adauto Lucio Cardoso, exatamente por ser o mais atacado pela campanha de difamao da imprensa governista.

O SR. FILINTO MLLER: Permita-me o nobre Senador Juracy Magalhes um aparte, a fim de esclarecer o nobre Senador Mem de S. Declarei que o inqurito requerido na Cmara do Deputados teria, como conseqncia. servir de pasto a golpistas e exploradores, que queriam desmoralizar a candidatura do Partido Social Democrtico, impedindo-lhe, assim, a marcha vitoriosa para o Cateto. No retiro tal expresso, porque o inqurito tinha apenas essa finalidade, essa conseqncia de servir manobra de golpistas e exploradores, que procuravam lanar a dvida, sbre a honorabilidade de um homem de bem, que se candidatara Presidncia da Repblica.

O SR. MEM DE S: V. Exa. agora modificou o aparte anterior.

O SR. FILINTO MLLER: No tenho porque modificar essa minha afirmativa.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. retificou o aparte, e fico muito feliz com isso, porque diz bem da sua nobreza de atitudes.

O SR. MEM DE S: A verdade, porm, que os signatrios daquele requerimento no eram nem golpistas, nem exploradores.

O SR. FILINTO MLLER: Se no o eram, no poderiam ignorar que a conseqncia final da atitude ento assumida era alimentar o golpismo, Sr. Presidente, tenho declarado, em diversas oportunidades, que cuido mais da realidade brasileira do que...

O SR. JURACY MAGALHES: Perde-me V. Exa. a interrupo regimental, mas desejo lembrar que deve-se dirigir ao orador que, neste momento, ocupa a tribuna.

O SR. FILINTO MLLER: Dirijo-me a V. Exa., ao Senador Mem de S, aos dois nobres colegas que o aperteavam e ao Senado. Dizia eu: tenho afirmado sempre, nesta Casa, que me preocupo principalmente com a realidade, com os fatos a partir de 31 de janeiro de 1956, quando tomou posse o atual Govrno da Repblica. O que se passou em agsto de 1954, ou em novembro de 1955, deixo Histria, para julgamento futuro. Neste momento, porm, no posso deixar de voltar os olhos ao passado, para afirmar que a conseqncia nica do inqurito ento tentado, era exclusivamente lanar fogo fogueira e procurar manchar um nome digno e limpo como o do Sr. Juscelino Kubitschek.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: Muito bem. O SR. MEM DE S: O Senador Filinto Mller

faz previses temerrias. O SR. JURACY MAGALHES: Sr.

Presidente, minha inteno, ao ocupar hoje esta tribuna, era referir-me a sse clima de impunidade para os ladres dos dinheiros pblicos. Provei, com os recursos modestos de minha inteligncia, que os fatos existem, e a prova mais provada que, tda vez que se pronunciam as palavras 'ladro pblico", parece que se est ofendendo um grupo muito grande de indivduos que participam da vida pblica. E no a realidade.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. provou alguma coisa.

22

O SR. JURACY MAGALHES: Provei que h no Brasil, no momento, um clima de impunidade.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. afirmou; no provou coisa nenhuma.

O SR. JURACY MAGALHES: Provei com fatos, com atitudes.

O SR. FILINTO MLLER: No provou nada. O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. quer

prova mais concreta do que essa? O SR. FILINTO MLLER: No conhecesse

a V. Exa., como conheo, eu sairia daqui espantado com a afirmativa que est fazendo de que provou alguma coisa.

O SR. JURACY MAGALHES: Perdi-me, mas V. Exa. est-se tornando engraado.

O SR. FILINTO MLLER: Ambos, talvez V. Exa., com a sua prova.

O SR. JURACY MAGALHES: Talvez. Procurarei, por minha vez, tornar-me engraado, para amenizar o calor do debate.

A declarao do Lder da Maioria Deputado Vieira de Mello, de que "ao Govrno no compete prender, processar e condenar os ladres", seria por si s, suficiente, perante minha inteligncia, para demonstrar o clima de impunibilidade para os ladres. Em todos os lugares onde administrei, sempre procurei implantar o clima de terror para os ladres, mostrando iniciativas para puni-los. Se o nobre Lder da Maioria na Cmara dos Deputados, em entrevista retumbante, em nome do Sr. Presidente da Repblica e digo a V. Exa. sem nenhum propsito de intriga, que o chefe do Executivo deveria contentar-se com o repto de V. Exa. que se acha altura de defend-lo nesta Casa. o lder da Maioria na Cmara declara que o Govrno no tem o dever de prender, processar e condenar os ladres; les podem continuar passando muito bem e agradecer a S. Exa.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: V. Exa. permite um pequeno aparte?

O SR. JURACY MAGALHES: Pois no.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: Tenho para mim que as acusaes concretas feitas por V. Exa. nesta Casa em sesses passadas, e na de hoje, repisando o assunto, foram dirigidas ao Governador da Bahia, Dr. Rgia Pacheco. V. Exa. ao ler parte do seu discurso de agsto de 1955...

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. est com a memria um pouco fraca.

O SR. FILINTO MLLER: So de 14 de maio e 14 de julho de 1955.

O SR. JURACY MAGALHES: Um discurso dois meses depois do outro.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: Com efeito, foi um lapso de memria.

O SR. JURACY MAGALHES: Na nossa idade, isso normal.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: Sou mais velho do que V. Exa. Pergunto ao nobre colega se as providncias do Govrno Federal contra o Governador da Bahia que V. Exa. acusa to gravemente caberiam ao Govrno da Repblica.

O SR. JURACY MAGALHES: No caberiam, nem estou pedindo ao Govrno da Repblica que as tome. Peo sim, que o Presidente da Repblica no fortalea oa ladravazes, fazendo com que seu Lder da Maioria na Cmara, subscreva a petio de agravo em benefcio de um ladro, perante o Tribunal de Justia do Estado da Bahia. V. Exa., Senador Francisco GalIotti, h de convir em que o Presidente da Repblica quando d autoridade a um desviados dos dinheiros pblicos, Senhor Rgis Pacheco, est fortalecendo classe dos dilapidadores dos cofres da Nao. Essa a tese que procuro provar para os homens que estiverem de boa f, aqueles que quiserem, realmente, encontrar o caminho para afastar da vida pblica todos ssos mestres da rapinagem.

O SR. FILINTO MLLER: Permita-me V. Exa. uma interrupo (Assentimento do orador) O nobre Senador Francisco Gallotti adiantou-se sbre tese que eu procuraria desenvolver oportunamente quando respondesse ao discurso de V. Exa. Perguntou o nosso

23 colega a V. Exa. se competia ao Govrno da Repblica tomar providncias em relao a um fato criminoso praticado no Govrno da Bahia, e V. Exa. respondeu para confirmar as provas que vem trazendo ao Senado que o Sr. Presidente da Repblica, com seu manto de responsabilidade, acobertou declaraes do Lder da Maioria na Cmara dos Deputados, Senhor Vieira de Melo. Ontem porm, quando V. Exa. acusou o Govrno de estar criando impunidades em relao ao Senhor Rgia Pacheco o Sr. Vieira de Melo ainda no havia falado.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: Ia justa-mente atacar sse ponto.

O SR. FILINTO MLLER: Se S. Exa. falou, o fz smente hoje.

O SR. JURACY MAGALHES: O Sr. Presidente da Repblica pratica uma seqncia de atos em benefcio do prestgio do Sr. Vieira de Melo na poltica baiana.

O SR. FILINTO MLLER: No se desvie. V. Exa. apanhado em flagrante em afirmaes que no tm fundamentos e foge a essa declarao.

O SR. JURACY MAGALHES: Perdo. Apanhado em flagrante, no. V. Exa. no pode acusar-me de improbidade.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. hoje afirma que o Sr. Presidente da Repblica se acoberta com as declaraes do Sr. Vieira de Melo.

O SR. JURACY MAGALHES: Estou afirmando...

O SR. FILINTO MLLER: Se S. Exa. fz tal declarao dela nada sei, nada vi, nem li os jornais S. Exa. a fz hoje. Ontem entretanto, V. Exa j acusava o Govrno. Isso faz-me lembrar a fbula do lobo e do cordeiro.

O SR. JURACY MAGALHES: O argumento de V. Exa. no passa de balo de ensaio; pueril, e no est altura dos debates desta Casa.

O SR. FILINTO MLLER: Perdo. J tenho bastantes cabelos brancos para no ser pueril, e tenho uma vida e um passado de muita serenidade e equilbrio. V. Exa. no pode chamar-me de pueril porque, ento, eu chamaria de

leviana a acusao do nobre colega, e no quero faz-lo, para no descer ao terreno pessoal.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. tem o direito de faz-lo. Vou mostrar-lhe como seu argumento pueril. Pueril coisa de criana. Pois bem. V. Exa. neste instante, apresenta um argumento que no est altura de sua inteligncia.

O SR. FILINTO MLLER: Est, porque ela no to brilhante quanto a de V. Exa. Est altura da minha inteligncia.

O SR. JURACY MAGALHES: Oua, Senador Filinto Mller.

O SR. FILINTO MLLER: Com muito prazer.

O SR. JURACY MAGALHES: Sr. Presidente, o Sr. Senador Filinto Mller, na sua inteligncia, quis encontrar contradio entre a minha resposta ao aparte do Senador Francisco Gallotti e as acusaes que fiz ontem, desta tribuna, ao Govrno da Repblica. No h contradio alguma; o Sr. Presidente da Repblica, na prtica de atos que criam um clima de impunidade, to prdigo que os torna sucesaivos. Hoje, tomo conhecimento de mais um, com que respondo ao aparte do nobre Senador Francisco Gallotti, o que no invlida minha afirmao anterior, de ontem, nesta tribuna; ao contrrio, confirma-a. E' um fato novo. E eu no declarei que era s um fato.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. s citou sse, at agora.

O SR. JURACY MAGALHES: O seu balo de ensaio, portanto, poderia ser dissolvido com um simples spro.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. s citou sse fato, e o faz desde ontem.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. me perdoe, mas est descambando para a ilgica absoluta, ao dizer que desde ontem eu citava sse fato do Sr. Vieira de Melo. Na realidade, eu s o citei hoje, porque smente hoje tive conhecimento dle.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. fala em seqncia de fatos, e no cita nenhum.

24

O SR. JURACY MAGALHES: Citei vrios fatos, desta tribuna.

O SR. FILINTO MLLER: Vrios? Quais? O SR. JURACY MAGALHES: Se V. Exa,

tem ouvidos moucos, que adianta eu repetir outras tantas vzes as acusaes?

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. est equivocado; estou ouvindo com muita ateno o discurso do nobre colega, que apenas citou ste fato, e no pode afirmar que o Sr. Presidente da Repblica fz essa declarao nem que o Deputado Vieira de Melo a tenha feito.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa, me perdoe. Ento, o Brasil est mais gravemente atingido do que eu poderia supor, porque o jornal que fala sempre pelo Sr. Presidente da Repblica, quem publica a informao.

O SR. FILINTO MLLER: No fala pelo Presidente da Repblica; S. Exa. no tem jornal porta-voz.

O SR. JURACY MAGALHES: Ento, eu ficarei contente se V. Exa. declarar que o jornal "Utima Hora" foi leviano em transmitir a notcia.

O SR. FILINTO MLLER: As palavras so de V. Exa. Eu no li o jornal, e o nobre colega no pode afirmar que o Sr. Presidente da Repblica tenha feito tais declaraes.

O SR. JURACY MAGALHES: Pronto. Ento V. Exa, no concede nada. Afinal, que quer V. Exa.? Confirmar ou contestar as afirmaes do Sr. Vieira de Melo?

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. de incio, no Pode afirmar que o Sr. Presidente da Repblica tenha feito a declarao que lhe atribuda.

O SR. JURACY MAGALHES: At que S. Exa. venha com desmentido perante o Senado, pelas palavra de V. Exa. ou perante, a opinio pblica, por intermdio da imprensa ou do rdio, tenho de continuar a considerar verdadeiras as palavras do Lder da Maioria na Cmara dos Deputados, diatribudas atravs de um jornal que um dos maiores usufruturios da corrupo na vida pblica brasileira.

O SR. FILINTO MLLER: No estou aqui para defender os pontos de vista do Sr. Vieira de Melo, porque ignoro se S. Exa. fez declaraes, nem para defender o jornal "Ultima Hora". O que no posso aceitar, que V. Exa., baseado em declarao de um jornal, que a teria atribudo ao Lder da Maioria da Cmara que, por sua vez, a teria atribudo ao Presidente da Repblica, venha afirmar que, com isso, S. Exa. cria, no Brasil, um clima de impunidade.

O SR. JURACY MAGALHES: Sr, Presidente, considero inteiramente provada a existncia do clima de impunidade contra os ladres dos dinheiros pblicos, o que uma lstima.

O SR. CUNHA MELLO: V. Exa. d licena para um aparte?

O SR. JURACY MAGALHES: Pois no. O SR. CUNHA MELLO: Concordo com V.

Exa. em que, de h muito, existe um clima de impunidade para oe ladres dos dinheiros pblicos; mas, o nobre colega, com seu alto esprito de justia, h de reconhecer que essas irregularidades se as h, porque eu as desconheo no surgiram no Govrno do Sr. Juscelino Kubitechek. Ao contrrio; comparado com os anteriores, ste Govrno tem procurado, muito mais, reprimir os abusos.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa. tem razo. O ilustre Chefe da Nao no o aambarcador dos escndalos ocorridos na vida pblica brasileira. Em todos os Governos existiram ladres; mas, conforme acentuei em resposta, a aparte do Senador Francisco Gallotti, houve Presidentes da Repblica que sempre timbraram em punir os responsveis pelos roubos dos dinheiros pblicos, para que figurassem nos anais da vida pblica brasileira como um escarmento, como um atestado de probidade dos que zelaram pelo bom nome de seus governos.

No foram, portanto, privilgio do Sr. Juscelino Kubitechek, os escndalos administrativos que pululam na atual administrao pblica brasileira.

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. diz que pululam escndalos; est no dever, pois, de cit-los.

25

O SR. JURACY MAGALHES: Exatamente, nobre Senador Filinto Mller. Quando digo que o Presidente da Repblica concedeu indulto a um contrabandista, que havia sido condenado fato denunciado, desta tribuna, pelo nobre Senador Mem de S estou citando um dsses escndalos que pululam por a. Se no so vistos por V. Exa., que hei de fazer para convenc-lo?

O SR. FILINTO MLLER: V. Exa. conhece o instituto do indulto; sabe como se processa. Ignoro o fato, mas esteja V. Exa. certo de que trarei esclareci-mentos sbre sse ato do Presidente da Repblica, que V. Exa. denuncia, sem dizer a quem se refere, nem como se deu. Como ste, todos os fatos que V. Exa. apontar, sero esclarecidos. Este o sentido do repto que lancei, ontem, e mantenho.

O SR. JURACY MAGALHES: Ainda bem que V. Exa., afinal, encontra um fato na minha orao.

O SR. FILINTO MLLER: No encontro um fato; o que ocorre que no posso contestar essa afirmao de V. Exa., sem saber se houve ou no o fato. Fio-me na sua palavra, e trarei aqui os esclarecimentos oportunamente.

O SR, JURACY MAGALHES: V. Exa. no aceita fato algum, de tda a argio que fiz.

O SR. FILINTO MLLER: Aceito um fato, que sobressai de todos; que V. Exa. procura, de qualquer maneira, envolver o Presidente da Repblica numa acusao que no o atinge absolu-temente, porque S. Exa. est acima de suspeio.

O SR. JURACY MAGALHES: Oxal. O SR. MEM DE S: Permita-me o nobre

orador contrapartear. A respeito do caso do indulto do contrabandista, o fato foi denunciado, com publicao de documentos oficiais, que deu origem a pedido de informaes do Deputado Coelho de Souza.

O Govrno est com sse pedido de informaes, mas, ao que eu saiba, ainda no o respondeu. Era esta a oportunidade de justificar-se, atravs das informaes solicitadas, explicando por

que o contrabandista foi indultado, como o foi e por interferncia de quem.

O SR. JURACY MAGALHES: Obrigado pelo aparte de V. Exa., em abono de minhas afirmaes.

Sr. Presidente, o trabalho da Oposio rduo. Nestes dias de frias, j organizei crca de seis requerimentos de informaes, para ajudar os dirigentes de certos rgos da administrao pblica a fazer uma autocrtica e a aperfeioar sua conduta no trato da coisa pblica. No me move qualquer propsito demolidor contra o atual Govrno, pois a linha sustentada pelo meu Partido perante a opinio pblica do Pas a de oposio rigorosa, mas sempre dentro da legalidade.

No quero retirar do Sr. Presidente da Repblica um s dia do mandato que o povo brasileiro, enganosamente, lhe conferiu.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: Enganosamente porque?

O SR. JURACY MAGALHES: Enganosamente, no meu julgamento.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: No julgamento udenista, no; no julgamento de todos os que no foram beneficirios da eleio do Presidente da Repblica.

O SR. JURACY MAGALHES: O mesmo direito que V. Exa. tinham de trabalhar para o candidato A, tnhamos ns de trabalhar pelo candidato B.

O SR. MEM DE S: B, no! J. (Riso). O SR. FRANCISCO GALLOTTI: O de

V.Exa. tambm era J. Quis, apenas, distingu-los. O SR. JURACY MAGALHES: Reconheo

a V. Exas. o mesmo direito. Porque no o nego, que estou contestando suas declaraes.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: V. Exa. disse que votamos enganados.

O SR. JURACY MAGALHES: V. Exa., no! V. Exa. votou conscientissimamente... O povo que foi enganado.

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: Como os que votaram no outro.

26

O SR. JURACY MAGALHES: Sr. Presidente, quero pedir a colaborao do nobre Senador Filinto Mller para um fato concreto, pelo qual se vai provar se h, realmente, no nimo do Sr. Presidente da Repblica, o propsito de evitar que seu nome seja chafurdado em acusaes de improbidade no trato da coisa pblica: um Deputado da Maioria no udenista, Senador Francisco Gallotti...

O SR. FRANCISCO GALLOTTI: V. Exa. vai declinar o nome?

O SR. JURACY MAGALHES: Vou. Um Deputado da Maioria, o nobre Sr. Jos Guimares, do Partido Republicano, seo da Bahia, trouxe Cmara dos Deputados a denncia de que teria sido nomeado para chefe de um servio de alta relevncia, em seu Estado, um cidado chamado a restituir dinheiros pblicos de que se teria apropriado indevidamente. S. Exa. fz esta acusao no dia 8 de fevereiro de 1957, conforme est publicado no "Dirio do Congresso Nacional". At ste instante no tive notcia de qualquer providncia do Sr. Presidente da Repblica. Acredito, at, tenha S. Exa. dito no ouvido do aludido funcionrio que est na hora de se demitir, como vem fazendo em todos sses casos em que fica provada a acusao da Oposio.

O SR. FILINTO MLLER: No apoiado! Agora fico sem saber se V. Exa. est fazendo graa ou falando srio. Disse V. Exa. que procuraria amenizar os debates. Agora, diante desta afirmativa to grave, fico na dvida se V. Exa. est querendo amenizar os debates ou falando srio.

O SR. JURACY MAGALHES: Se V. Exa. est to cansado, a ponto de no distinguir o que graa do que srio, esclareo ao nobre colega: estou falando srio.

O SR. FILINTO MLLER: Pois, ento, contra essa afirmao de V. Exa. levanto, mais uma vez, o meu protesto. O Presidente da Repblica no tem por que segredar ao ouvido de quem quer que seja que deva pedir demisso. Provada uma acusao, o Govrno tomar as devidas providncias.

O SR. JURACY MAGALHES: Oua, Senador Filinto Mller, que divertido: o Deputado Jos Guimares disse, da tribuna da Cmara dos Deputados, o seguinte:

"Sr. Presidente, com a vitria do Presidente Juscelino Kubitschek foram indicados na Bahia, de acrdo com os compromissos assumidos pelos que o apoiaram..."

Olhem, aqui, como h razo para conscincia no apoio.

"... vrios Chefes de Servios Federais, entre os quais, por certo grupo poltico, foi designado para o cargo de Engenheiro Chefe do Distrito do Departamento Nacional de Obras Contra as Scas o engenheiro Desildo Menezes Pereira, ex-Prefeito do Municpio de Cip, nomeado em virtude de ser aquela Prefeitura uma estncia hidromineral e assim o exigir a Constituio do Estado.

Sucede que o referido engenheiro est sendo chamado pelo Tribunal de Contas do Estado para prestao de contas de vrias importncias conforme consta do Dirio Oficial de minha terra. Pelo edital n 152, d-se-lhe o prazo de 90 dias para repor a importncia de Cr$ 4.500,00; pelo de n 160, igual prazo para pagamento da importncia de Cr$ 200.000,00; pelo de n 220, convida-se o referido funcionrio que pertence Secretaria da Viao e Obras Pblicas, a recolher a importncia de Cr$ 150.000,00 ao Tesouro do Estado; pelo de n 223, concede-se-lhes o prazo de 90 dias para recolher a importncia de Cr$ 21.000,00.

Nestas condies, Sr. Presidente, mister se faz, reveja S. Exa., o Sr. Presidente da Repblica, o ato e providencie a respeito, a fim de que a zona sca do Estado no fique ainda mais sca com o fato ora apontado.

So, na ntegra, do teor que se segue, os editais":

E publica ipsis litteris virgulisgue o texto do "Dirio Oficial do Estado".

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Agora, pergunto ao nobre Senador Filinto Mller se est disposto a considerar essa denncia como um fato concreto e a pedir ao Sr. Presidente da Repblica as razes por que nomeou para a direo de um servio pblico um homem cuja honestidade contestada pelos rgos oficiais do Govrno de um Estado.

O SR. VICTORINO FREIRE: Permite V. Exa. um aparte? (Assentimento do orador) A responsabilidade da autoridade s comea a correr quando tem cinc